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VII SEMINÁRIO NACIONAL DE PREVENÇÃO AO HIV/AIDS
Prevenção: Perspectivas e desafios na resposta da Igreja

                              Brasília, 09 a 12 de outubro de 2009.




   •   Sexta-Feira, 09 de outubro de 2009.

8h – Espiritualidade
       O encontro iniciou motivando todos a integrarem uma corrente de oração por
todos, sobretudo pelas pessoas que sofrem com a doença da AIDS. Posteriormente, os
presentes foram convidados a contemplar o ambiente preparado para a acolhida e
momento de oração inicial. Acolhidos e imbuídos de um espírito de partilha, unidade,
amor e paz, o Salmo 46 foi recitado em dois coros, seguido do canto A palavra de Deus
vai chegando, vai, aclamando a Palavra de Deus que está no Evangelho de Lucas 4,
14-21. O momento seguinte convidou à interiorização e partilha das leituras ouvidas. A
oração da manhã foi encerrada com uma oração final, entoada em dois coros, seguida da
oração do Pai Nosso e canto final.

8h30min – Apresentação dos Presentes
       Frei Bernardi motivou a dinâmica de acolhida dos presentes, subdivididas pelos
regionais da CNBB: Nordeste 1, Nordeste 2, Nordeste 3, Noroeste, Norte 1, Norte 2, Leste
1, Leste 2, Sul 1, Sul 2, Sul 3, Oeste 1, Oeste 2, Centro-Oeste, ONG de Minas Gerais e
Nelson Ramos (Ministério da Saúde).

9h – A sexualidade na perspectiva cristã
      Frei Rubens Nunes Mota – psicólogo pós-graduado em Terapia da Família.
        Quando trazemos presente a dimensão da sexualidade numa perspectiva cristã,
enquanto linguagem eclesial e pastoral, trazemos também uma bagagem. Para iniciar o
diálogo, o assessor motivou para uma técnica de aquecimento, que consiste na formação
de uma família composta por pai, mãe e filho (s) e fez o seguinte questionamento: Quais
as principais dificuldades na abordagem do tema AIDS na relação pais e filhos. Num
primeiro momento os pais falam e os filhos escutam. Posteriormente, os filhos fazem
perguntas sobre a temática, mesmo que tenham vergonha de fazê-las. O assessor lançou
novo questionamento para os pais: Quais são os principais medos em relação às
perguntas que os filhos podem fazer e que eles podem não saber responder por
desconhecer o assunto. Para encerrar a técnica, escolheu três dessas questões que foram
dialogadas nas famílias para fazer a outra família. Os presentes puderam partilhar suas
percepções sobre o diálogo na família. Destaque: como a Aids entrou na vida do casal,
uma vez que eles tinham uma união estável; questões do preconceito de gênero; reação
dos pais em relação à vida sexual ativa dos filhos; porque uma criança de cinco anos,
portador do vírus HIV, precisa tomar remédios que os colegas não precisam; ouvir que o
filho ou a filha são homossexuais.
        Diante das impressões, de fato, precisamos nos colocar na pele de um pai, de uma
mãe, de um filho ou filha, pois assim fazemos a reflexão sobre a temática acontecer. O
processo pedagógico que Jesus nos ensinou traz a misericórdia, a compaixão, o colocar-
se no lugar do outro. Somos imbuídos das realidades do HIV/AIDS e assim somos
convidados a fazer o que Jesus fez. Qualquer pessoa pode trabalhar em prol da vida,
sobretudo da vida ameaça pelo vírus HIV. Somos chamados por Deus para estar nesse
meio. Como é o trabalho com o portador HIV tendo como principal referencial DEUS.
        Erotismo, sexualidade, casamento e infidelidade (slides) - é muito comum
falarmos de um histórico e isso faz com que sejamos saudosistas, trazemos tabus,
medos. Percebemos que estamos em outro tempo, em outro contexto. A sexualidade
está dentro da história e é preciso que nos inculturemos para que sejamos menos
preconceituosos, no diálogo com o outro. Não somos nós que temos a sexualidade é ela
que nos tem. Isso pressupõe um rito de passagens sexuais que se apresentam nos
padrões típicos experimentados pela maioria dos homens e mulheres de nossa
sociedade. Emergem as crises que passam na família, pelo fato de muitas das pessoas
terem descoberto muito tempo depois de casados a sua soropositividade. Hoje os índices
mostram que a maioria dos portadores são homens e mulheres casados e não mais os
homossexuais, como se acreditava. Nesse contexto há também as forças sociais e
psicológicas que dificultam a vida dos portadores.
        Sendo assim, como fica a dimensão social dos portadores. Há oito estágios
sexuais: a) infância: desde a gestação, conhecimento, masturbação; b) adolescência:
grande influência hormonal, com diferenciação entre adolescência e puberdade, conflitos,
influenciáveis e mutáveis pelas questões culturais. Apesar da liberdade sexual não se fala
nessa questão no contexto familiar; c) 20 aos 30 anos: emocionalmente mais
desajustados entre si do que em qualquer outra fase, há processo de crise natural,
porque tem projetos de vida diversos, um período de mudanças onde a dimensão da
sexualidade é muito acentuada; d) até 40 anos: fase de revisão de vida, desajustes
sexuais, rotina na vida do casal, ocorre muita separação, há uma maior definição sexual;
e) depois dos 40 anos: pode ocorrer uma certa segurança, fase das experiências; f) 50
aos 60 anos: homens e mulheres se combinam sexualmente e emocionalmente,
pressupondo valores pré-construídos, dependendo de uma co-construção; g) depois dos
60 anos: homens e mulheres escolhem relacionamentos com parceiros mais jovens, em
nome de um prolongamento sexual, a etapa pode ser sensual; h) 70, 80 anos:
cognitivamente permanece no estágio da colheita, colhendo tudo o que foi construído
durante a vida.
        A maioria dos desejos sexuais e emocionais pode ser relacionada às questões
cognitivas. Somos o que pensamos. A questão cognitiva tem a capacidade de nos reger.
O inconsciente nos rege e sobre ele não temos controle. Segundo Morin, podemos nos
disciplinar, mas não controlar. Na leitura bíblica do Ex 3, Moisés fala da sarça ardente e
do ato de tirar as sandálias em solo santo. Falar de sexualidade é falar de um campo
sagrado, onde para entrar nesse tema é preciso tirar as sandálias do preconceito.
        Gênero e sexualidade conjugal – herdamos uma moralidade culturalmente
machista, e isso nos faz sermos mais vulneráveis ao HIV. O dominar se sobressai ao
cuidar. Homens e mulheres são submetidos às verdades do padrão normativo. Nosso
comportamento tem a ver com o lugar de onde viemos. Todas as pessoas precisam
avaliar seus comportamentos sexuais para minimizar o risco de contração do vírus HIV.
Somos frutos de um processo histórico, cultural e por isso devemos ajudar as pessoas às
quais acompanhamos diante da realidade do vírus HIV/AIDS. Sou co-contructo social,
precisamos não rotular as pessoas, não pensar que as pessoas são HIV ambulantes.
        A energia que existe no prazer e na harmonia sexual nos seres humanos gera
força para mover seu mundo nas relações e nos desafios existenciais. O exercício de
nossa sexualidade deve ser uma decisão e de responsabilidade de cada um, desde que
não gere danos. Numa linguagem eclesial precisamos compreender que o universo da
sexualidade é muito delicado. Numa linguagem psicológica a dimensão da sexualidade é
fornecedora de afeto. Afetar é a capacidade de afetar e ser afetado. A afetividade é o
movimento do afeto e o complemento dele. É diferente do sexo e do ato sexual. Sexo é o
movimento do sexo, somos seres sexuados. Compreendendo isso, seremos agentes
pastorais mais cuidadosos conosco e com os outros.
        Perspectiva cristã da sexualidade – Moral: como nós, enquanto Igreja, pessoas de
fé podemos compreender essa questão. Moral: constituída a partir da moral sexual, é tida
como um conjunto de reflexões teológico-moral (como Deus olha para essa questão e
como se normaliza essa mesma questão). Tem como referenciais a Sagrada Escritura e
as Ciências Antropológicas. A relação afetivo-sexual é vista a partir da Palavra de Deus.
Isso é construído, a partir de um lugar teológico que se dá na revelação das escrituras e
da encarnação desse Deus, em Jesus Cristo. Falamos desse Jesus que nos inspira e ao
qual nós seguimos. Além disso, baseia-se na questão antropológica, reconhecendo a
dimensão ético-social.
        Temos traços do criador, pois o criador está presente na criatura. A Sagrada
Escritura oferece elementos para uma ética-cristã diferenciada, é ela que nos rege a
partir da nossa fé. Não olhamos o outro apenas como diferente, mas como irmãos,
percebendo no outro a essência. Somos filhos do mesmo Pai. Os valores específicos
cristãos nos fazem ter a capacidade de conviver com o outro, independente das
diferenças e dos conflitos que possam existir. A concretude do compromisso traz a
oportunidade de exercer um ministério, com olhar divino, pois desenvolvemos nossa
missão em nome de Deus. Assim, na época de Jesus, com o olhar divino Ele
acompanhava e cuidava dos leprosos, por exemplo, hoje nós somos convidados a realizar
essa prática moral-cristã com os portadores de HIV.
        A dimensão da sexualidade tem uma inspiração divina. A criatura é ser individual
no anonimato, percebida como imagem e semelhança de Deus e isso nos torna coletivos.
Atendemos a todos e todas porque somos imagem de Deus e é por causa dele que nos
dispomos a despir de alguns preconceitos, por exemplo. Deus não depende de nossa fé,
nós é que dependemos Dele, independente de nossa religião, inclusive ateu. Destacamos
a essência de cada ser: imagem de Deus. Como agentes pastorais que desenvolvem seu
trabalho em nome de Deus não temos o direito de escolher a quem vamos acompanhar.
A partir das relações, mantemos um diálogo inter-humano. A erotização e o amor agápico
(dar sem esperar nada em troca) estão andando lado a lado na Bíblia, como no Cântico
dos Cânticos, por exemplo. Somos herdeiros da aliança que Deus fez com Moisés, somos
continuadores do projeto do Reinado de Deus em nosso meio. Nossa aliança é o
diferencial que uma pastoral da AIDS tem em relação a outros grupos que desenvolvem
trabalhos com os portadores.
        A Moral Cristã também nos mostra que é importante a dimensão escatológica.
Nossa fé diz que a vida não acaba aqui, precisamos ter uma visão de passagem dessa
vida terrena para a vida eterna. Quando ressuscitamos o fazemos por completo,
integralmente, inclusive com nossa sexualidade e afetividade. Sempre existe uma
esperança, mesmo quando o portador acredita que sua vida acabou ao descobrir sua
condição. Essa dimensão escatológica acontece através da tradição cristã, evidenciada
pelos documentos da Igreja em caráter sacramental de amor responsal.
        A virgindade e a castidade têm dimensões próprias. Essa prática significa
fidelidade a um projeto. Castidade não é ausência do ato sexual e sim fidelidade diante
de uma aliança, de um compromisso. O homem deve ser casto a sua mulher e vice e
versa. A Sexualidade é dimensão humana para edificação da pessoa, consiste na
personalização do sujeito humano. Integração do comportamento sexual ao conjunto da
pessoa. Inclui as categorias de atitude e de opção fundamental X centralidade nos atos.
Não podemos centrar nossa vida nos atos e comportamentos sexuais. Assim como
também não podemos escolher ser ou não homossexuais, mas podemos e devemos
escolher comportamentos adequados. A Igreja condena os comportamentos sexuais e
não as pessoas.
        Podemos comparar o HIV com um animal que está hibernando. A doença que
nasceu com os homossexuais e toxicodependentes, hoje, revela através das estatísticas
que os heterossexuais estão sendo muito mais afetados por conta dos relacionamentos
sexuais esporádicos, com múltiplos parceiros.

Trabalho de Grupo

Texto-Base:
AIDS é doença dos outro
(Fr. Rubens Nunes da Mota)

Questões:
  1. Como trabalhamos a imagem de Deus em nossa pastoral.
  2. Não escolhemos nossa orientação sexual, mas podemos escolher nossos
     comportamentos sexuais. Como lidamos com essa responsabilidade social.
  3. Como trabalhamos a inclusão social e a dignidade da pessoa na pastoral.
Partilha do Trabalho de Grupo

   •   Questão 01 - Como trabalhamos a imagem de Deus em nossa pastoral.
       É preciso trabalhar em cada um de nós a imagem de um Deus solidário,
misericordioso, verdadeira, que une que não cria doenças, que é compassivo e bondoso.
Deus está na pessoa que vivem com HIV/AIDS, está presente naquele que sofre. Quando
falamos do aspecto moral, a imagem que temos de Deus é fundamental, pois somos a
sua imagem e semelhança.

   •   Questão 02 - Não escolhemos nossa orientação sexual, mas podemos
       escolher nossos comportamentos sexuais. Como lidamos com essa
       responsabilidade social.
       Somos sabedores que existem orientações sexuais diferenciadas e por isso
precisamos ter uma visão holística do ser humano, compreendendo-a como pessoa
integral e não apenas sua condição de portador do vírus HIV/AIDS. A conduta sexual é
uma escolha, por vezes inconseqüente e por isso é importante estarmos informados para
que possamos também informar as pessoas sobre as conseqüências de suas escolhas.
Será que estamos preparados para responder às grandes questões que a sexualidade
humana apresenta, hoje. Um dos maiores desafios do agente de pastoral é como lidamos
com a escolha de cada ser humano, afinal não escolhemos a orientação, mas os
comportamentos. Exemplo: grupos de redução de danos. Além disso, como conviver, por
exemplo, com a questão das adoções em casos homossexuais.


   •   Questão 03 - Como trabalhamos a inclusão social e a dignidade da
       pessoa na pastoral.
       Sendo solidários, tornando a pessoa participativa, incluída, trazendo-a para junto,
tornando-a parte integrante, centro da roda. Para isso existem os grupos de auto-ajuda, o
incentivo à capacitação, as oficinas de artesanato que promovem trabalho e renda, a
presença ativa dos movimentos, distribuição de cestas-básicas, o movimento para a
inclusão religiosa, a promoção de festas comemorativas, o desenvolvimento de
atividades que trabalhem a auto-estima dos portadores, a capacitação dos soropositivos
para atuação nos órgãos de controle social. Além disso, procuramos acolher as opções
em sua totalidade, com prevenção e acolhimento; trabalhar para diminuir as condições
de risco; prevenir com orientações específicas e gerais, inclusive na Igreja; incluir a
pessoa, reconhecendo seus direitos enquanto cidadãos; apontar novos caminhos diante
das realidades que conhecemos, acolher e respeitar os irmãos e as irmãs, não distinguir a
pessoa por conta da sua vivência religiosa, desenvolver a espiritualidade e eliminar os
preconceitos. A humanização deve estar em todas as instâncias e deve aproximar as
pessoas. Por isso, somos diferentes, enquanto agentes de pastoral precisamos ter um
olhar cristão, assumindo um compromisso individual e coletivo, tendo a mesma
compaixão que Deus tem por cada pessoa.


       Algumas impressões do assessor: alegria de ver a representatividade das regiões
do país e o comprometimento da Igreja nessas mesmas regiões, através da Pastoral HIV/
AIDS. A dimensão do ministério que inclui Deus é um trabalho voluntário, sem
remuneração, sem cumprimento de horários, mas nos percebermos portador e portadora
desse serviço que é um chamado de Deus. Essa é a nossa identidade, o nosso
referencial. Não somos apenas trabalhadores, funcionários, mas missionários e
missionárias, pois desenvolvemos nosso ministério.

       Desafios: Como a partir de nós, fazemos esse caminho. Quais são os valores
cristãos que nos guiam. Duas grandes dimensões: conseguir evitar a instrumentalização
das pessoas, não podemos coisificar a pessoa, como um objeto de prazer, sobretudo
diante de um contexto capitalista que nos torna hedonistas. Nesse sentido a ética e a
moral cristã vem trazer outro sentido. Quando tiramos o prazer por prazer do centro,
quando abolimos o esvaziamento começamos a nos relacionar, caso contrário colocamos
apenas o EU no centro. No contexto atual, tudo aquilo que é perpétuo está em crise:
casamento, vida religiosa, etc. Estamos remando contra a maré. Percebemos essas
inquietações da coisificação da pessoa, sem perceber que ela é um todo, que tem uma
bagagem e que merece respeito. Precisamos estabelecer parcerias, redes de ações.
Percebemos-nos servidores no ministério como instrumentos que precisam de parcerias
que somem forças e que possibilitem fazer a diferença diante dessa realidade.
Há certa inquietação quando falamos de uma exacerbação da sexualidade na
atualidade. Precisamos relativizar as coisas. Não devemos culpabilizar a
contemporaneidade por isso, pois as coisas acontecem há mais tempo, talvez com menos
visibilidade. Quando falamos do universo adolescente percebemos que há informação,
mas não há tempo para processá-la. Já com os idosos, há um agravante na questão
biológica, pois o uso do preservativo está diretamente ligado ao tempo de ereção, que
nos idosos apresenta um período diminuído.


14h – Painel – Situação da Epidemia do HIV: Perspectivas e desafios da prevenção
Significado da Igreja na tarefa de prevenção – Ivo Brito, Frei Luiz Carlos Lunardi e Beatriz
Pacheco.

IVO BRITO – Coordenador da Unidade de Prevenção
        A faixa de incidência vem aumentando na região norte e nordeste, permanecendo
muito acentuada na região Sul e Sudeste. A taxa de mortalidade permanece
inaceitavelmente alta em alguns estados (RS, MT e RJ). A sobrevida aumentou
significativamente, assim como os efeitos adversos decorrentes da terapia de longo
prazo. As pessoas vivem mais, mas isso acarreta outros problemas de saúde que também
merecem cuidados. Além disso, houve um aumento expressivo da busca pela testagem
do vírus HIV, até porque há um acesso mais facilitado, sobretudo com campanhas que
promovem a informação e o conhecimento a toda a sociedade.
        A categoria de exposição mais freqüente é a heterossexual, mas o risco relativo é
diferente em relação a outras categorias, ou seja, alguns grupos são mais afetados por
estarem na zona de risco diferencial. Dentro desse cenário, é preciso compreender
melhor a epidemia. A população está mais informada sobre as formas de transmissão e
de prevenção com o uso do preservativo, sendo reconhecido pela maioria das pessoas
(99%) como melhor maneira de se prevenir. É preciso ter um sistema de informação mais
sensível, evitando assim, o atraso na atualização do sistema de notificação ocorrida
depois da constatação da infecção do vírus HIV.
        Não sabemos o que de fato está acontecendo no Norte e Nordeste. Tampouco o
que está acontecendo no Sul e Sudeste para apresentar os números que vem sendo
evidenciados estatisticamente. É preciso desenhar estratégias de prevenção mais
eficazes. As pessoas estão vivendo mais com o tratamento, porém estão envelhecendo e
essa nova fase traz efeitos adversos que não são tão conhecidos quanto deveriam. Como
trabalhar o estigma e a discriminação quando a população ainda permanece num cenário
de desconhecimento, embora haja informação. Além disso, não sabemos onde estão
ocorrendo as novas infecções, tampouco porque 40% da população fez pelo menos um
teste de HIV, além das gestantes. Quem são esses sujeitos.
        A assistência tem endereço certo. Mas não sabemos qual o endereço da
prevenção. Precisamos cada vez mais procurar fazer da prevenção uma abordagem
equilibrada com o tratamento. Existem vários tipos de epidemia, sobretudo no norte,
nordeste e sul que exigem estratégias diferenciadas. Também precisamos fazer uma
reflexão sobre quem faz prevenção no Brasil. É preciso romper o mito de que a
prevenção dos serviços de saúde são diferentes da prevenção realizada pelas ONGs.
Precisamos fazer com que essa rede de atendimento e prevenção seja integrada e
capacitada para responder à demanda dos portadores do vírus HIV.
        Um paradoxo se estabelece, pois a prevenção não olha a realidade dos que já
vivem com o HIV como deveria da mesma forma que a assistência não olha a realidade
de quem não vive com o vírus. Há uma compreensão de que só procuramos o serviço de
saúde quando já estamos infectados. Temos que superar a situação da informação, da
distribuição do material informativo. A prevenção deve ser um processo continuado,
contendo estratégias de abordagem, pois a conversa aproxima, cria vínculos, estabelece
relações. Temos que superar a idéia de distribuir folheto sem uma ação concreta
continuada. Precisamos incluir a discussão sobre a DST/AIDS em outras agendas, em
outras esferas de governo. É preciso trabalhar com as redes, tendo ações com a maior
cobertura possível, para que possamos chegar onde as pessoas estão e para isso é
preciso que se façam ações ampliadas e de alcance. O trabalho em rede é facilitado e
promove a troca de experiências, chegando onde o governo não atinge.
A relação com o movimento social em DST/AIDS – Grandes são os nós existentes
nesse aspecto, por não haver reconhecimento das agendas específicas por parte dos
governos locais. Além disso, há a fragilização do movimento, onde as disputas por
espaços e financiamento, bem como a concorrência local e a ausência de outros recursos
são acentuados. Vivemos dificuldades gerenciais nos projetos, rotatividade,
profissionalização das ONGs e outras agendas que competem com a DST/AIDS. Quando
você não consegue organizar a agenda, um movimento enfraquece o outro.

FREI LUIZ CARLOS LUNARDI – Assessor Pastoral da AIDS
       A AIDS e o HIV, a partir do momento que surgiu foi nos pautando e nos forçando a
construir determinadas respostas, pois desde então vem causando sofrimento e exigindo
sustentabilidade das ações do cuidado. A Igreja foi vista como uma instituição que teria
uma contribuição na área da assistência, e de fato, acolheu as pessoas no cuidado com
os portadores. No Brasil, são aproximadamente 300 instituições que desenvolvem
trabalhos com os portadores do HIV. No início, ninguém tinha a idéia clara do que era
doença, do que fazer, de como fazer e de quem iria fazer. A situação estava posta e era
preciso tomar a decisão. A igreja se posicionou de forma, a além da assistência, trabalhar
na área da prevenção.
       Optou pela prevenção porque é preciso cuidar dos soropositivos, mas também
evoluir para a discussão na sua contribuição na área da prevenção, já que 98% da
população ainda não está acometida pela doença. Quando se iniciou a discussão sobre a
prevenção, encontrou-se um contexto com alguns dificultadores, havendo um conflito
entre governo-igreja, sociedade civil-igreja, sociedade civil-governo. Desde o início não
tivemos chance de ampliar a visão, porque não conseguíamos fugir do chavão: vocês são
contra e nós somos a favor. Esse conceito foi paralisador. Isso impedia qualquer
possibilidade de mostrar as iniciativas. Não queríamos ser visto como meros agentes de
assistência, e por isso trabalhávamos outros elementos. No fundo, a Igreja fazia isso por
missão, já os órgãos governamentais têm isso por obrigação, pois devem prover a saúde
de todos os cidadãos como direito.
       Sendo assim, a Pastoral da AIDS começou a focar nas práticas de base dos
agentes, onde não há a preocupação institucional. E essa evidencia mostrou a beleza do
trabalho realizado pelos diversos agentes que tem consciência dessa realidade e que
garante espaço e meios para dar respostas às demandas relacionadas a esse tema. Essa
foi a resposta que a Igreja deu ao enfrentamento dos questionamentos que eram
evidenciados.
       Mais do que as divergências, fomos aprendendo com as fragilidades e hoje é um
grande sucesso. Uma das grandes conquistas foi o espaço conquistado pela Pastoral na
ONG/AIDS como organização da sociedade civil. E mesmo com opiniões diferentes e
aprendendo com as diferentes metodologias e pensamentos, conciliando diferenças e
aproveitando oportunidades, hoje, estamos realizando o VII Seminário Nacional de
Prevenção ao HIV/AIDS, que nunca partiu de respostas prontas, mas de uma indagação,
de questionamentos, de interrogações sobre tudo que ainda não se tem clareza quando o
assunto é HIV/AIDS. No entanto, nossas ações ainda não são suficientes, pois a epidemia
continua. Esse seminário traz a oportunidade de aprofundamento, de contribuição na
construção dessa resposta que visa responder a essa interrogação. O que temos que
fazer para a nossa resposta seja mais eficiente. O que fazer para que nossas ações sejam
eficazes. Nesse espaço de insuficiente da nossa resposta, não só da Igreja, mas de toda a
sociedade, percebemos que discutir a prevenção da doença não é suficiente, pois ela é a
conseqüência, já é o fim do processo. É preciso evitar que cheguemos nesse estágio.
       No caso do HIV/AIDS precisamos levar em consideração a pessoa na sua
integralidade. Precisamos voltar a conversar sobre o corpo e os relacionamentos, iniciar
nossas conversa sobre as orientações sexuais e comportamentos, é preciso aprofundar e
clarear as questões de genitalidade. Enquanto não aprofundarmos esses temas as
pessoas continuarão morrendo não só por AIDS, mas pelas DST também. Nesse sentido, o
uso e a disponibilização do preservativo é importantíssimo, mas não deve ser o único
meio de prevenção, pois se assim o for torna-se insuficiente. É preciso, acima de tudo, ter
um comportamento adequado, um comportamento de cuidado, um comportamento de
prevenção. As pessoas possuem a informação, mas tem dificuldades de 6ecodifica-la, ou
seja, transformar o seu comportamento em atitude segura, porque as pessoas
compreendem intelectualmente, mas não se previnem.
Além da Pastoral da AIDS ter a missão de dialogar sobre os temas, deve descobrir
alternativas que incidam sobre as relações das pessoas e isso significa que precisamos
achar a resposta para a extinção do vírus. Como manter uma ação permanente
prevenção. É preciso buscar respostas diversificadas, não é possível uma estratégia
única, é preciso alternativas novas. Como pastoral e agentes de pastoral o desafio é
aperfeiçoar a resposta no campo da prevenção. Precisamos trabalhar espaços para
vermos e iluminarmos a realidade para que a resposta ideal chegue até as pessoas que
precisam dela.

BEATRIZ PACHECO – Representante Legal da ONG RNP – Porto Alegre (RS)
       O HIV é para todos nós. Todos têm direitos, sobretudo ao respeito e ao amor.
Quando trazemos a AIDS pra dentro de nossas casas percebemos o quanto somos
preconceituosos. A exclusão existe, ainda que seja disfarçada. Assistência sem prevenção
é exclusão, pois o amor inclui amar as pessoas que não tem vírus também. É possível
amar uma pessoa com HIV sem risco. Morte é pra quem está vivo e não pra quem tem
AIDS. Teríamos a condição de eliminarmos essa epidemia se cada um cuidasse de si, se
não procurássemos culpados e responsáveis. A prevenção é muito mais do que
camisinha, é preciso cuidar do corpo que temos. Na realidade, o preconceito é que está
matando. Quando falarmos da pessoa, falemos em nós mesmos.
       O vírus é terrível, mas ele não pode ter o tamanho maior do que ele realmente é.
O corpo que nós temos foi um presente de Deus e um dia ele vai cobrar o cuidado que
nós tivemos com ele. Viver com HIV não é fácil, mas é possível ser feliz com o vírus. É
importantíssimo falar sobre AIDS nas escolas.

Fila do Povo

       Por que notificar somente a AIDS e não o HIV? Destaque para o Projeto da Saúde
do Homem, que vem encontrando dificuldades na identificação dos casos em homens.
Além disso, questiona-se por que não realizar mais testes rápidos. Por que não investir
mais em tratamentos menos agressivos.
       No dia 1° de dezembro será realizada uma campanha contra o preconceito. É
importante incluir outras regiões nas campanhas. Foi realizado um levantamento
nacional do total de casas de apoio ao HIV/Aids, talvez seja importante colocar mais
projetos específicos, como investimento em casas de apoio. Para os profissionais de
saúde o diferencial é a Pastoral da Aids: pois somos vistos como uma pessoa não
somente profissional. Investir em formação dos religiosos em relacionamentos,
sexualidade e relação: Aids e sociedade. Quando assunto é preservativo, a igreja não
quer falar somente nele, quer algo mais além, por isso é importante oferecer uma ação
mais continuada.
       A Pastoral da Aids está mais aberta para discutir alguns temas, basta observarmos
a sua trajetória. O governo foca a questão da prevenção em datas comemorativas, o
ideal seria um programa de educação continuada, com uma linha de prevenção
sistemática. Destacou-se o fato da campanha do MS de prevenção ser relacionada
somente ao uso do preservativo.
       Diagnóstico precoce e o pré-natal é uma importante fonte de descoberta. Existe
um protocolo para outras patologias e seria importante que os serviços de saúde
estivessem ofertando o teste para um protocolo que já existe. Existe município que já
está colocando o pré-natal do homem. Em São Paulo já existe um movimento na Frente
Parlamentar para os homens terem direito a 2 dias de folga para acompanhamento do
pré-natal. Existe um projeto de lei que quem transmite o vírus passa a ser um crime, que
tramita na Câmara, que criminaliza a patologia. Foi sugerido que desse seminário se
elabore um documento que se posicione junto ao Projeto de Lei.
       A mortalidade é alta hoje porque os efeitos colaterais são muito acentuados. No
Rio de janeiro morreram 6 pessoas porque não tomaram, ou porque não tem
medicamento. Hoje muitas pessoas estão aguardando na fila, inclusive na justiça o
acesso ao medicamento. Algumas pessoas preferem morrer sem saber que estavam
soropositivas. Tem gente que escolhe a morte.
       Destaque para a cartilha “Viva Mulher”, uma vez que é um instrumento muito
interessante e tem surtido muito efeito nos trabalhos desenvolvidos junto aos grupos de
mulheres. Sugestão para que se publique a Cartilha do Jovem. Além disso, foi citado o
caso de municípios que recebem o recurso do PAM e não desenvolvem nenhum trabalho
efetivo sobre a prevenção da AIDS. Precisamos nos conscientizar de que somos
multiplicadores e devemos ter cuidado com nosso discurso. Se somos multiplicadores
precisamos capacitar jovens e que desenvolvam trabalhos junto aos jovens.
Repercussão dos Assessores

        Devemos aumentar as oportunidades de diagnóstico de HIV. E experiências como
a Saúde do Homem, Fique Sabendo, além de experiências localizadas com a testagem,
sendo possível dentro de uma ONG, com apoio dos serviços de saúde. Então qualquer
medida que amplie a oportunidade de testagem com protocolos seria bem-vinda. E a
decisão de notificar o HIV ainda não é uma prioridade para os governos, porque existem
mecanismos técnicos que podem dar com fidelidade a estimativa da população infectada.
Tem alguns países que fazem a notificação com HIV, mas também tem muitos países que
também não notificam. Quanto a questão das campanhas, o nó crítico são as regiões...
Se fizermos uma campanha segmentada sairá muito mais cara (custo muito elevado), no
entanto deveria ser feito uma decisão contrária, ou seja, os estados e municípios
deveriam fazer suas campanhas a nível local, não com o mesmo dimensionamento do
MS. Não estamos fazendo campanhas somente no carnaval e 1° de dezembro, pois falar
isto é negar o trabalho da pastoral. Necessitamos de fato é fazer com que a qualidade do
que tem sido feito em alguns locais sejam extensivos a todo o país. Não acho que
deveríamos fazer prevenção baseada no medo, pois esta história já conhecemos e não foi
bom, acho que o trabalho que é dialógico, feita por pares, com respeito as diferenças tem
um poder de fazer com que as pessoas possam agir baseadas em comportamentos
seguros.
        O medicamento não faz somente aumentar o tempo de vida, e sim melhorar a
vida das pessoas. São feitas várias ações tipo protocolos... Garantir o direito sexual e
reprodutivo das mulheres soropositivas a ter filhos com protocolos bem estabelecidos.
Avançamos muito nesta área. As pessoas estão envelhecendo com o HIV e estão
surgindo novos problemas e precisamos lidar com esta temática.
        Os efeitos colaterais dos medicamentos veiculados pelos meios de comunicação
fazem com que as pessoas que estão infectadas não queriam fazer o tratamento. Não
podemos colocar estas estratégias, pois assim a população não vai querer nem levantar
na cama. Nós temos que fazer uma campanha de amor, porque assim podemos melhorar
o mundo. De tragédias a televisão está cheia e as crianças estão aprendendo a ser
violentas. Não estamos conseguindo ouvir nossas crianças, estamos nos prevenindo,
chega de discursos vazios. Vamos assumir nossa responsabilidade, parar de colocar culpa
nos governos, vamos começar a revolução em nossa casa. Temos que mudar o foco do
nosso discurso e ter uma atitude de amor. Não precisaríamos de campanha o ano inteiro
se começássemos a campanha dentro de casa.
     Devemos ter prudência em falar, não temos respostas prontas que vão resolver a
situação. Precisamos avançar em falar em nós e pararmos de falar nos outros. Temos que
ter cuidados com os chavões paralisantes.
     Na assembléia do ano passado, nas capacitações realizadas pela Pastoral da AIDS,
iniciou-se um trabalho, perguntando para os participantes das atividades quantos eram
agentes de pastoral e quantos eram agentes de saúde. O resultado surpreende, mas nas
capacitações tem um número muito mais acentuado de agentes de saúde, de outras
pastorais e outras igrejas do que os próprios agentes da Pastoral da DST/AIDS.

         Lançamento da Campanha em defesa da saúde e dos direitos humanos
               1 de dezembro – Dia Mundial de luta contra a AIDS 2009.


   •   Sábado, 10 de outubro de 2009.

A realidade da Pastoral da AIDS nos regionais: Perspectivas e Desafios

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  • 1. VII SEMINÁRIO NACIONAL DE PREVENÇÃO AO HIV/AIDS Prevenção: Perspectivas e desafios na resposta da Igreja Brasília, 09 a 12 de outubro de 2009. • Sexta-Feira, 09 de outubro de 2009. 8h – Espiritualidade O encontro iniciou motivando todos a integrarem uma corrente de oração por todos, sobretudo pelas pessoas que sofrem com a doença da AIDS. Posteriormente, os presentes foram convidados a contemplar o ambiente preparado para a acolhida e momento de oração inicial. Acolhidos e imbuídos de um espírito de partilha, unidade, amor e paz, o Salmo 46 foi recitado em dois coros, seguido do canto A palavra de Deus vai chegando, vai, aclamando a Palavra de Deus que está no Evangelho de Lucas 4, 14-21. O momento seguinte convidou à interiorização e partilha das leituras ouvidas. A oração da manhã foi encerrada com uma oração final, entoada em dois coros, seguida da oração do Pai Nosso e canto final. 8h30min – Apresentação dos Presentes Frei Bernardi motivou a dinâmica de acolhida dos presentes, subdivididas pelos regionais da CNBB: Nordeste 1, Nordeste 2, Nordeste 3, Noroeste, Norte 1, Norte 2, Leste 1, Leste 2, Sul 1, Sul 2, Sul 3, Oeste 1, Oeste 2, Centro-Oeste, ONG de Minas Gerais e Nelson Ramos (Ministério da Saúde). 9h – A sexualidade na perspectiva cristã Frei Rubens Nunes Mota – psicólogo pós-graduado em Terapia da Família. Quando trazemos presente a dimensão da sexualidade numa perspectiva cristã, enquanto linguagem eclesial e pastoral, trazemos também uma bagagem. Para iniciar o diálogo, o assessor motivou para uma técnica de aquecimento, que consiste na formação de uma família composta por pai, mãe e filho (s) e fez o seguinte questionamento: Quais as principais dificuldades na abordagem do tema AIDS na relação pais e filhos. Num primeiro momento os pais falam e os filhos escutam. Posteriormente, os filhos fazem perguntas sobre a temática, mesmo que tenham vergonha de fazê-las. O assessor lançou novo questionamento para os pais: Quais são os principais medos em relação às perguntas que os filhos podem fazer e que eles podem não saber responder por desconhecer o assunto. Para encerrar a técnica, escolheu três dessas questões que foram dialogadas nas famílias para fazer a outra família. Os presentes puderam partilhar suas percepções sobre o diálogo na família. Destaque: como a Aids entrou na vida do casal, uma vez que eles tinham uma união estável; questões do preconceito de gênero; reação dos pais em relação à vida sexual ativa dos filhos; porque uma criança de cinco anos, portador do vírus HIV, precisa tomar remédios que os colegas não precisam; ouvir que o filho ou a filha são homossexuais. Diante das impressões, de fato, precisamos nos colocar na pele de um pai, de uma mãe, de um filho ou filha, pois assim fazemos a reflexão sobre a temática acontecer. O processo pedagógico que Jesus nos ensinou traz a misericórdia, a compaixão, o colocar- se no lugar do outro. Somos imbuídos das realidades do HIV/AIDS e assim somos convidados a fazer o que Jesus fez. Qualquer pessoa pode trabalhar em prol da vida, sobretudo da vida ameaça pelo vírus HIV. Somos chamados por Deus para estar nesse meio. Como é o trabalho com o portador HIV tendo como principal referencial DEUS. Erotismo, sexualidade, casamento e infidelidade (slides) - é muito comum falarmos de um histórico e isso faz com que sejamos saudosistas, trazemos tabus, medos. Percebemos que estamos em outro tempo, em outro contexto. A sexualidade
  • 2. está dentro da história e é preciso que nos inculturemos para que sejamos menos preconceituosos, no diálogo com o outro. Não somos nós que temos a sexualidade é ela que nos tem. Isso pressupõe um rito de passagens sexuais que se apresentam nos padrões típicos experimentados pela maioria dos homens e mulheres de nossa sociedade. Emergem as crises que passam na família, pelo fato de muitas das pessoas terem descoberto muito tempo depois de casados a sua soropositividade. Hoje os índices mostram que a maioria dos portadores são homens e mulheres casados e não mais os homossexuais, como se acreditava. Nesse contexto há também as forças sociais e psicológicas que dificultam a vida dos portadores. Sendo assim, como fica a dimensão social dos portadores. Há oito estágios sexuais: a) infância: desde a gestação, conhecimento, masturbação; b) adolescência: grande influência hormonal, com diferenciação entre adolescência e puberdade, conflitos, influenciáveis e mutáveis pelas questões culturais. Apesar da liberdade sexual não se fala nessa questão no contexto familiar; c) 20 aos 30 anos: emocionalmente mais desajustados entre si do que em qualquer outra fase, há processo de crise natural, porque tem projetos de vida diversos, um período de mudanças onde a dimensão da sexualidade é muito acentuada; d) até 40 anos: fase de revisão de vida, desajustes sexuais, rotina na vida do casal, ocorre muita separação, há uma maior definição sexual; e) depois dos 40 anos: pode ocorrer uma certa segurança, fase das experiências; f) 50 aos 60 anos: homens e mulheres se combinam sexualmente e emocionalmente, pressupondo valores pré-construídos, dependendo de uma co-construção; g) depois dos 60 anos: homens e mulheres escolhem relacionamentos com parceiros mais jovens, em nome de um prolongamento sexual, a etapa pode ser sensual; h) 70, 80 anos: cognitivamente permanece no estágio da colheita, colhendo tudo o que foi construído durante a vida. A maioria dos desejos sexuais e emocionais pode ser relacionada às questões cognitivas. Somos o que pensamos. A questão cognitiva tem a capacidade de nos reger. O inconsciente nos rege e sobre ele não temos controle. Segundo Morin, podemos nos disciplinar, mas não controlar. Na leitura bíblica do Ex 3, Moisés fala da sarça ardente e do ato de tirar as sandálias em solo santo. Falar de sexualidade é falar de um campo sagrado, onde para entrar nesse tema é preciso tirar as sandálias do preconceito. Gênero e sexualidade conjugal – herdamos uma moralidade culturalmente machista, e isso nos faz sermos mais vulneráveis ao HIV. O dominar se sobressai ao cuidar. Homens e mulheres são submetidos às verdades do padrão normativo. Nosso comportamento tem a ver com o lugar de onde viemos. Todas as pessoas precisam avaliar seus comportamentos sexuais para minimizar o risco de contração do vírus HIV. Somos frutos de um processo histórico, cultural e por isso devemos ajudar as pessoas às quais acompanhamos diante da realidade do vírus HIV/AIDS. Sou co-contructo social, precisamos não rotular as pessoas, não pensar que as pessoas são HIV ambulantes. A energia que existe no prazer e na harmonia sexual nos seres humanos gera força para mover seu mundo nas relações e nos desafios existenciais. O exercício de nossa sexualidade deve ser uma decisão e de responsabilidade de cada um, desde que não gere danos. Numa linguagem eclesial precisamos compreender que o universo da sexualidade é muito delicado. Numa linguagem psicológica a dimensão da sexualidade é fornecedora de afeto. Afetar é a capacidade de afetar e ser afetado. A afetividade é o movimento do afeto e o complemento dele. É diferente do sexo e do ato sexual. Sexo é o movimento do sexo, somos seres sexuados. Compreendendo isso, seremos agentes pastorais mais cuidadosos conosco e com os outros. Perspectiva cristã da sexualidade – Moral: como nós, enquanto Igreja, pessoas de fé podemos compreender essa questão. Moral: constituída a partir da moral sexual, é tida como um conjunto de reflexões teológico-moral (como Deus olha para essa questão e como se normaliza essa mesma questão). Tem como referenciais a Sagrada Escritura e as Ciências Antropológicas. A relação afetivo-sexual é vista a partir da Palavra de Deus. Isso é construído, a partir de um lugar teológico que se dá na revelação das escrituras e da encarnação desse Deus, em Jesus Cristo. Falamos desse Jesus que nos inspira e ao qual nós seguimos. Além disso, baseia-se na questão antropológica, reconhecendo a dimensão ético-social. Temos traços do criador, pois o criador está presente na criatura. A Sagrada Escritura oferece elementos para uma ética-cristã diferenciada, é ela que nos rege a partir da nossa fé. Não olhamos o outro apenas como diferente, mas como irmãos,
  • 3. percebendo no outro a essência. Somos filhos do mesmo Pai. Os valores específicos cristãos nos fazem ter a capacidade de conviver com o outro, independente das diferenças e dos conflitos que possam existir. A concretude do compromisso traz a oportunidade de exercer um ministério, com olhar divino, pois desenvolvemos nossa missão em nome de Deus. Assim, na época de Jesus, com o olhar divino Ele acompanhava e cuidava dos leprosos, por exemplo, hoje nós somos convidados a realizar essa prática moral-cristã com os portadores de HIV. A dimensão da sexualidade tem uma inspiração divina. A criatura é ser individual no anonimato, percebida como imagem e semelhança de Deus e isso nos torna coletivos. Atendemos a todos e todas porque somos imagem de Deus e é por causa dele que nos dispomos a despir de alguns preconceitos, por exemplo. Deus não depende de nossa fé, nós é que dependemos Dele, independente de nossa religião, inclusive ateu. Destacamos a essência de cada ser: imagem de Deus. Como agentes pastorais que desenvolvem seu trabalho em nome de Deus não temos o direito de escolher a quem vamos acompanhar. A partir das relações, mantemos um diálogo inter-humano. A erotização e o amor agápico (dar sem esperar nada em troca) estão andando lado a lado na Bíblia, como no Cântico dos Cânticos, por exemplo. Somos herdeiros da aliança que Deus fez com Moisés, somos continuadores do projeto do Reinado de Deus em nosso meio. Nossa aliança é o diferencial que uma pastoral da AIDS tem em relação a outros grupos que desenvolvem trabalhos com os portadores. A Moral Cristã também nos mostra que é importante a dimensão escatológica. Nossa fé diz que a vida não acaba aqui, precisamos ter uma visão de passagem dessa vida terrena para a vida eterna. Quando ressuscitamos o fazemos por completo, integralmente, inclusive com nossa sexualidade e afetividade. Sempre existe uma esperança, mesmo quando o portador acredita que sua vida acabou ao descobrir sua condição. Essa dimensão escatológica acontece através da tradição cristã, evidenciada pelos documentos da Igreja em caráter sacramental de amor responsal. A virgindade e a castidade têm dimensões próprias. Essa prática significa fidelidade a um projeto. Castidade não é ausência do ato sexual e sim fidelidade diante de uma aliança, de um compromisso. O homem deve ser casto a sua mulher e vice e versa. A Sexualidade é dimensão humana para edificação da pessoa, consiste na personalização do sujeito humano. Integração do comportamento sexual ao conjunto da pessoa. Inclui as categorias de atitude e de opção fundamental X centralidade nos atos. Não podemos centrar nossa vida nos atos e comportamentos sexuais. Assim como também não podemos escolher ser ou não homossexuais, mas podemos e devemos escolher comportamentos adequados. A Igreja condena os comportamentos sexuais e não as pessoas. Podemos comparar o HIV com um animal que está hibernando. A doença que nasceu com os homossexuais e toxicodependentes, hoje, revela através das estatísticas que os heterossexuais estão sendo muito mais afetados por conta dos relacionamentos sexuais esporádicos, com múltiplos parceiros. Trabalho de Grupo Texto-Base: AIDS é doença dos outro (Fr. Rubens Nunes da Mota) Questões: 1. Como trabalhamos a imagem de Deus em nossa pastoral. 2. Não escolhemos nossa orientação sexual, mas podemos escolher nossos comportamentos sexuais. Como lidamos com essa responsabilidade social. 3. Como trabalhamos a inclusão social e a dignidade da pessoa na pastoral. Partilha do Trabalho de Grupo • Questão 01 - Como trabalhamos a imagem de Deus em nossa pastoral. É preciso trabalhar em cada um de nós a imagem de um Deus solidário, misericordioso, verdadeira, que une que não cria doenças, que é compassivo e bondoso.
  • 4. Deus está na pessoa que vivem com HIV/AIDS, está presente naquele que sofre. Quando falamos do aspecto moral, a imagem que temos de Deus é fundamental, pois somos a sua imagem e semelhança. • Questão 02 - Não escolhemos nossa orientação sexual, mas podemos escolher nossos comportamentos sexuais. Como lidamos com essa responsabilidade social. Somos sabedores que existem orientações sexuais diferenciadas e por isso precisamos ter uma visão holística do ser humano, compreendendo-a como pessoa integral e não apenas sua condição de portador do vírus HIV/AIDS. A conduta sexual é uma escolha, por vezes inconseqüente e por isso é importante estarmos informados para que possamos também informar as pessoas sobre as conseqüências de suas escolhas. Será que estamos preparados para responder às grandes questões que a sexualidade humana apresenta, hoje. Um dos maiores desafios do agente de pastoral é como lidamos com a escolha de cada ser humano, afinal não escolhemos a orientação, mas os comportamentos. Exemplo: grupos de redução de danos. Além disso, como conviver, por exemplo, com a questão das adoções em casos homossexuais. • Questão 03 - Como trabalhamos a inclusão social e a dignidade da pessoa na pastoral. Sendo solidários, tornando a pessoa participativa, incluída, trazendo-a para junto, tornando-a parte integrante, centro da roda. Para isso existem os grupos de auto-ajuda, o incentivo à capacitação, as oficinas de artesanato que promovem trabalho e renda, a presença ativa dos movimentos, distribuição de cestas-básicas, o movimento para a inclusão religiosa, a promoção de festas comemorativas, o desenvolvimento de atividades que trabalhem a auto-estima dos portadores, a capacitação dos soropositivos para atuação nos órgãos de controle social. Além disso, procuramos acolher as opções em sua totalidade, com prevenção e acolhimento; trabalhar para diminuir as condições de risco; prevenir com orientações específicas e gerais, inclusive na Igreja; incluir a pessoa, reconhecendo seus direitos enquanto cidadãos; apontar novos caminhos diante das realidades que conhecemos, acolher e respeitar os irmãos e as irmãs, não distinguir a pessoa por conta da sua vivência religiosa, desenvolver a espiritualidade e eliminar os preconceitos. A humanização deve estar em todas as instâncias e deve aproximar as pessoas. Por isso, somos diferentes, enquanto agentes de pastoral precisamos ter um olhar cristão, assumindo um compromisso individual e coletivo, tendo a mesma compaixão que Deus tem por cada pessoa. Algumas impressões do assessor: alegria de ver a representatividade das regiões do país e o comprometimento da Igreja nessas mesmas regiões, através da Pastoral HIV/ AIDS. A dimensão do ministério que inclui Deus é um trabalho voluntário, sem remuneração, sem cumprimento de horários, mas nos percebermos portador e portadora desse serviço que é um chamado de Deus. Essa é a nossa identidade, o nosso referencial. Não somos apenas trabalhadores, funcionários, mas missionários e missionárias, pois desenvolvemos nosso ministério. Desafios: Como a partir de nós, fazemos esse caminho. Quais são os valores cristãos que nos guiam. Duas grandes dimensões: conseguir evitar a instrumentalização das pessoas, não podemos coisificar a pessoa, como um objeto de prazer, sobretudo diante de um contexto capitalista que nos torna hedonistas. Nesse sentido a ética e a moral cristã vem trazer outro sentido. Quando tiramos o prazer por prazer do centro, quando abolimos o esvaziamento começamos a nos relacionar, caso contrário colocamos apenas o EU no centro. No contexto atual, tudo aquilo que é perpétuo está em crise: casamento, vida religiosa, etc. Estamos remando contra a maré. Percebemos essas inquietações da coisificação da pessoa, sem perceber que ela é um todo, que tem uma bagagem e que merece respeito. Precisamos estabelecer parcerias, redes de ações. Percebemos-nos servidores no ministério como instrumentos que precisam de parcerias que somem forças e que possibilitem fazer a diferença diante dessa realidade.
  • 5. Há certa inquietação quando falamos de uma exacerbação da sexualidade na atualidade. Precisamos relativizar as coisas. Não devemos culpabilizar a contemporaneidade por isso, pois as coisas acontecem há mais tempo, talvez com menos visibilidade. Quando falamos do universo adolescente percebemos que há informação, mas não há tempo para processá-la. Já com os idosos, há um agravante na questão biológica, pois o uso do preservativo está diretamente ligado ao tempo de ereção, que nos idosos apresenta um período diminuído. 14h – Painel – Situação da Epidemia do HIV: Perspectivas e desafios da prevenção Significado da Igreja na tarefa de prevenção – Ivo Brito, Frei Luiz Carlos Lunardi e Beatriz Pacheco. IVO BRITO – Coordenador da Unidade de Prevenção A faixa de incidência vem aumentando na região norte e nordeste, permanecendo muito acentuada na região Sul e Sudeste. A taxa de mortalidade permanece inaceitavelmente alta em alguns estados (RS, MT e RJ). A sobrevida aumentou significativamente, assim como os efeitos adversos decorrentes da terapia de longo prazo. As pessoas vivem mais, mas isso acarreta outros problemas de saúde que também merecem cuidados. Além disso, houve um aumento expressivo da busca pela testagem do vírus HIV, até porque há um acesso mais facilitado, sobretudo com campanhas que promovem a informação e o conhecimento a toda a sociedade. A categoria de exposição mais freqüente é a heterossexual, mas o risco relativo é diferente em relação a outras categorias, ou seja, alguns grupos são mais afetados por estarem na zona de risco diferencial. Dentro desse cenário, é preciso compreender melhor a epidemia. A população está mais informada sobre as formas de transmissão e de prevenção com o uso do preservativo, sendo reconhecido pela maioria das pessoas (99%) como melhor maneira de se prevenir. É preciso ter um sistema de informação mais sensível, evitando assim, o atraso na atualização do sistema de notificação ocorrida depois da constatação da infecção do vírus HIV. Não sabemos o que de fato está acontecendo no Norte e Nordeste. Tampouco o que está acontecendo no Sul e Sudeste para apresentar os números que vem sendo evidenciados estatisticamente. É preciso desenhar estratégias de prevenção mais eficazes. As pessoas estão vivendo mais com o tratamento, porém estão envelhecendo e essa nova fase traz efeitos adversos que não são tão conhecidos quanto deveriam. Como trabalhar o estigma e a discriminação quando a população ainda permanece num cenário de desconhecimento, embora haja informação. Além disso, não sabemos onde estão ocorrendo as novas infecções, tampouco porque 40% da população fez pelo menos um teste de HIV, além das gestantes. Quem são esses sujeitos. A assistência tem endereço certo. Mas não sabemos qual o endereço da prevenção. Precisamos cada vez mais procurar fazer da prevenção uma abordagem equilibrada com o tratamento. Existem vários tipos de epidemia, sobretudo no norte, nordeste e sul que exigem estratégias diferenciadas. Também precisamos fazer uma reflexão sobre quem faz prevenção no Brasil. É preciso romper o mito de que a prevenção dos serviços de saúde são diferentes da prevenção realizada pelas ONGs. Precisamos fazer com que essa rede de atendimento e prevenção seja integrada e capacitada para responder à demanda dos portadores do vírus HIV. Um paradoxo se estabelece, pois a prevenção não olha a realidade dos que já vivem com o HIV como deveria da mesma forma que a assistência não olha a realidade de quem não vive com o vírus. Há uma compreensão de que só procuramos o serviço de saúde quando já estamos infectados. Temos que superar a situação da informação, da distribuição do material informativo. A prevenção deve ser um processo continuado, contendo estratégias de abordagem, pois a conversa aproxima, cria vínculos, estabelece relações. Temos que superar a idéia de distribuir folheto sem uma ação concreta continuada. Precisamos incluir a discussão sobre a DST/AIDS em outras agendas, em outras esferas de governo. É preciso trabalhar com as redes, tendo ações com a maior cobertura possível, para que possamos chegar onde as pessoas estão e para isso é preciso que se façam ações ampliadas e de alcance. O trabalho em rede é facilitado e promove a troca de experiências, chegando onde o governo não atinge.
  • 6. A relação com o movimento social em DST/AIDS – Grandes são os nós existentes nesse aspecto, por não haver reconhecimento das agendas específicas por parte dos governos locais. Além disso, há a fragilização do movimento, onde as disputas por espaços e financiamento, bem como a concorrência local e a ausência de outros recursos são acentuados. Vivemos dificuldades gerenciais nos projetos, rotatividade, profissionalização das ONGs e outras agendas que competem com a DST/AIDS. Quando você não consegue organizar a agenda, um movimento enfraquece o outro. FREI LUIZ CARLOS LUNARDI – Assessor Pastoral da AIDS A AIDS e o HIV, a partir do momento que surgiu foi nos pautando e nos forçando a construir determinadas respostas, pois desde então vem causando sofrimento e exigindo sustentabilidade das ações do cuidado. A Igreja foi vista como uma instituição que teria uma contribuição na área da assistência, e de fato, acolheu as pessoas no cuidado com os portadores. No Brasil, são aproximadamente 300 instituições que desenvolvem trabalhos com os portadores do HIV. No início, ninguém tinha a idéia clara do que era doença, do que fazer, de como fazer e de quem iria fazer. A situação estava posta e era preciso tomar a decisão. A igreja se posicionou de forma, a além da assistência, trabalhar na área da prevenção. Optou pela prevenção porque é preciso cuidar dos soropositivos, mas também evoluir para a discussão na sua contribuição na área da prevenção, já que 98% da população ainda não está acometida pela doença. Quando se iniciou a discussão sobre a prevenção, encontrou-se um contexto com alguns dificultadores, havendo um conflito entre governo-igreja, sociedade civil-igreja, sociedade civil-governo. Desde o início não tivemos chance de ampliar a visão, porque não conseguíamos fugir do chavão: vocês são contra e nós somos a favor. Esse conceito foi paralisador. Isso impedia qualquer possibilidade de mostrar as iniciativas. Não queríamos ser visto como meros agentes de assistência, e por isso trabalhávamos outros elementos. No fundo, a Igreja fazia isso por missão, já os órgãos governamentais têm isso por obrigação, pois devem prover a saúde de todos os cidadãos como direito. Sendo assim, a Pastoral da AIDS começou a focar nas práticas de base dos agentes, onde não há a preocupação institucional. E essa evidencia mostrou a beleza do trabalho realizado pelos diversos agentes que tem consciência dessa realidade e que garante espaço e meios para dar respostas às demandas relacionadas a esse tema. Essa foi a resposta que a Igreja deu ao enfrentamento dos questionamentos que eram evidenciados. Mais do que as divergências, fomos aprendendo com as fragilidades e hoje é um grande sucesso. Uma das grandes conquistas foi o espaço conquistado pela Pastoral na ONG/AIDS como organização da sociedade civil. E mesmo com opiniões diferentes e aprendendo com as diferentes metodologias e pensamentos, conciliando diferenças e aproveitando oportunidades, hoje, estamos realizando o VII Seminário Nacional de Prevenção ao HIV/AIDS, que nunca partiu de respostas prontas, mas de uma indagação, de questionamentos, de interrogações sobre tudo que ainda não se tem clareza quando o assunto é HIV/AIDS. No entanto, nossas ações ainda não são suficientes, pois a epidemia continua. Esse seminário traz a oportunidade de aprofundamento, de contribuição na construção dessa resposta que visa responder a essa interrogação. O que temos que fazer para a nossa resposta seja mais eficiente. O que fazer para que nossas ações sejam eficazes. Nesse espaço de insuficiente da nossa resposta, não só da Igreja, mas de toda a sociedade, percebemos que discutir a prevenção da doença não é suficiente, pois ela é a conseqüência, já é o fim do processo. É preciso evitar que cheguemos nesse estágio. No caso do HIV/AIDS precisamos levar em consideração a pessoa na sua integralidade. Precisamos voltar a conversar sobre o corpo e os relacionamentos, iniciar nossas conversa sobre as orientações sexuais e comportamentos, é preciso aprofundar e clarear as questões de genitalidade. Enquanto não aprofundarmos esses temas as pessoas continuarão morrendo não só por AIDS, mas pelas DST também. Nesse sentido, o uso e a disponibilização do preservativo é importantíssimo, mas não deve ser o único meio de prevenção, pois se assim o for torna-se insuficiente. É preciso, acima de tudo, ter um comportamento adequado, um comportamento de cuidado, um comportamento de prevenção. As pessoas possuem a informação, mas tem dificuldades de 6ecodifica-la, ou seja, transformar o seu comportamento em atitude segura, porque as pessoas compreendem intelectualmente, mas não se previnem.
  • 7. Além da Pastoral da AIDS ter a missão de dialogar sobre os temas, deve descobrir alternativas que incidam sobre as relações das pessoas e isso significa que precisamos achar a resposta para a extinção do vírus. Como manter uma ação permanente prevenção. É preciso buscar respostas diversificadas, não é possível uma estratégia única, é preciso alternativas novas. Como pastoral e agentes de pastoral o desafio é aperfeiçoar a resposta no campo da prevenção. Precisamos trabalhar espaços para vermos e iluminarmos a realidade para que a resposta ideal chegue até as pessoas que precisam dela. BEATRIZ PACHECO – Representante Legal da ONG RNP – Porto Alegre (RS) O HIV é para todos nós. Todos têm direitos, sobretudo ao respeito e ao amor. Quando trazemos a AIDS pra dentro de nossas casas percebemos o quanto somos preconceituosos. A exclusão existe, ainda que seja disfarçada. Assistência sem prevenção é exclusão, pois o amor inclui amar as pessoas que não tem vírus também. É possível amar uma pessoa com HIV sem risco. Morte é pra quem está vivo e não pra quem tem AIDS. Teríamos a condição de eliminarmos essa epidemia se cada um cuidasse de si, se não procurássemos culpados e responsáveis. A prevenção é muito mais do que camisinha, é preciso cuidar do corpo que temos. Na realidade, o preconceito é que está matando. Quando falarmos da pessoa, falemos em nós mesmos. O vírus é terrível, mas ele não pode ter o tamanho maior do que ele realmente é. O corpo que nós temos foi um presente de Deus e um dia ele vai cobrar o cuidado que nós tivemos com ele. Viver com HIV não é fácil, mas é possível ser feliz com o vírus. É importantíssimo falar sobre AIDS nas escolas. Fila do Povo Por que notificar somente a AIDS e não o HIV? Destaque para o Projeto da Saúde do Homem, que vem encontrando dificuldades na identificação dos casos em homens. Além disso, questiona-se por que não realizar mais testes rápidos. Por que não investir mais em tratamentos menos agressivos. No dia 1° de dezembro será realizada uma campanha contra o preconceito. É importante incluir outras regiões nas campanhas. Foi realizado um levantamento nacional do total de casas de apoio ao HIV/Aids, talvez seja importante colocar mais projetos específicos, como investimento em casas de apoio. Para os profissionais de saúde o diferencial é a Pastoral da Aids: pois somos vistos como uma pessoa não somente profissional. Investir em formação dos religiosos em relacionamentos, sexualidade e relação: Aids e sociedade. Quando assunto é preservativo, a igreja não quer falar somente nele, quer algo mais além, por isso é importante oferecer uma ação mais continuada. A Pastoral da Aids está mais aberta para discutir alguns temas, basta observarmos a sua trajetória. O governo foca a questão da prevenção em datas comemorativas, o ideal seria um programa de educação continuada, com uma linha de prevenção sistemática. Destacou-se o fato da campanha do MS de prevenção ser relacionada somente ao uso do preservativo. Diagnóstico precoce e o pré-natal é uma importante fonte de descoberta. Existe um protocolo para outras patologias e seria importante que os serviços de saúde estivessem ofertando o teste para um protocolo que já existe. Existe município que já está colocando o pré-natal do homem. Em São Paulo já existe um movimento na Frente Parlamentar para os homens terem direito a 2 dias de folga para acompanhamento do pré-natal. Existe um projeto de lei que quem transmite o vírus passa a ser um crime, que tramita na Câmara, que criminaliza a patologia. Foi sugerido que desse seminário se elabore um documento que se posicione junto ao Projeto de Lei. A mortalidade é alta hoje porque os efeitos colaterais são muito acentuados. No Rio de janeiro morreram 6 pessoas porque não tomaram, ou porque não tem medicamento. Hoje muitas pessoas estão aguardando na fila, inclusive na justiça o acesso ao medicamento. Algumas pessoas preferem morrer sem saber que estavam soropositivas. Tem gente que escolhe a morte. Destaque para a cartilha “Viva Mulher”, uma vez que é um instrumento muito interessante e tem surtido muito efeito nos trabalhos desenvolvidos junto aos grupos de mulheres. Sugestão para que se publique a Cartilha do Jovem. Além disso, foi citado o
  • 8. caso de municípios que recebem o recurso do PAM e não desenvolvem nenhum trabalho efetivo sobre a prevenção da AIDS. Precisamos nos conscientizar de que somos multiplicadores e devemos ter cuidado com nosso discurso. Se somos multiplicadores precisamos capacitar jovens e que desenvolvam trabalhos junto aos jovens. Repercussão dos Assessores Devemos aumentar as oportunidades de diagnóstico de HIV. E experiências como a Saúde do Homem, Fique Sabendo, além de experiências localizadas com a testagem, sendo possível dentro de uma ONG, com apoio dos serviços de saúde. Então qualquer medida que amplie a oportunidade de testagem com protocolos seria bem-vinda. E a decisão de notificar o HIV ainda não é uma prioridade para os governos, porque existem mecanismos técnicos que podem dar com fidelidade a estimativa da população infectada. Tem alguns países que fazem a notificação com HIV, mas também tem muitos países que também não notificam. Quanto a questão das campanhas, o nó crítico são as regiões... Se fizermos uma campanha segmentada sairá muito mais cara (custo muito elevado), no entanto deveria ser feito uma decisão contrária, ou seja, os estados e municípios deveriam fazer suas campanhas a nível local, não com o mesmo dimensionamento do MS. Não estamos fazendo campanhas somente no carnaval e 1° de dezembro, pois falar isto é negar o trabalho da pastoral. Necessitamos de fato é fazer com que a qualidade do que tem sido feito em alguns locais sejam extensivos a todo o país. Não acho que deveríamos fazer prevenção baseada no medo, pois esta história já conhecemos e não foi bom, acho que o trabalho que é dialógico, feita por pares, com respeito as diferenças tem um poder de fazer com que as pessoas possam agir baseadas em comportamentos seguros. O medicamento não faz somente aumentar o tempo de vida, e sim melhorar a vida das pessoas. São feitas várias ações tipo protocolos... Garantir o direito sexual e reprodutivo das mulheres soropositivas a ter filhos com protocolos bem estabelecidos. Avançamos muito nesta área. As pessoas estão envelhecendo com o HIV e estão surgindo novos problemas e precisamos lidar com esta temática. Os efeitos colaterais dos medicamentos veiculados pelos meios de comunicação fazem com que as pessoas que estão infectadas não queriam fazer o tratamento. Não podemos colocar estas estratégias, pois assim a população não vai querer nem levantar na cama. Nós temos que fazer uma campanha de amor, porque assim podemos melhorar o mundo. De tragédias a televisão está cheia e as crianças estão aprendendo a ser violentas. Não estamos conseguindo ouvir nossas crianças, estamos nos prevenindo, chega de discursos vazios. Vamos assumir nossa responsabilidade, parar de colocar culpa nos governos, vamos começar a revolução em nossa casa. Temos que mudar o foco do nosso discurso e ter uma atitude de amor. Não precisaríamos de campanha o ano inteiro se começássemos a campanha dentro de casa. Devemos ter prudência em falar, não temos respostas prontas que vão resolver a situação. Precisamos avançar em falar em nós e pararmos de falar nos outros. Temos que ter cuidados com os chavões paralisantes. Na assembléia do ano passado, nas capacitações realizadas pela Pastoral da AIDS, iniciou-se um trabalho, perguntando para os participantes das atividades quantos eram agentes de pastoral e quantos eram agentes de saúde. O resultado surpreende, mas nas capacitações tem um número muito mais acentuado de agentes de saúde, de outras pastorais e outras igrejas do que os próprios agentes da Pastoral da DST/AIDS. Lançamento da Campanha em defesa da saúde e dos direitos humanos 1 de dezembro – Dia Mundial de luta contra a AIDS 2009. • Sábado, 10 de outubro de 2009. A realidade da Pastoral da AIDS nos regionais: Perspectivas e Desafios