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Ser e não ser
ilustrador
em Portugal
O mercado do livro infantil expandiu-se.
Há mais e melhores títulos e novas editoras.
Mas os ilustradores portugueses ainda são
também professores, designers, pintores.
Uma exposição que percorre a Europa mostra
o trabalho de 13 autores. Texto de Rita Pimenta
José Miguel Ribeiro
60 • 18 Maio 2008 • Pública
André Letria
CHAPEUZINHOAMARELO,EDIÇÕESQUASI
Pública • 18 Maio 2008 • 61
A
oferta do livro ilus-
trado aumentou
nos últimos dez
a 15 anos, a quali-
dade também. A
relação das edito-
ras com os ilustra-
dores melhorou
bastante. Já há
contratos dignos,
devoluçãodeoriginaisepagamentodedireitosde
autor — até na mesma proporção de quem assina
otexto(cincoaseisporcentodopreçoparacada
um). Isto se o escritor aceitar. O nome de quem
ilustratambémjáaparecenacapa,mesmosepor
vezes em letra mais pequena.
Mas não é fácil ser ilustrador profissional em
Portugal. Do grupo de ilustradores que fazem
parte da exposição “Ilustrações.pt — Ilustração
Portuguesa Contemporânea para a Infância”
— actualmente na Feira Leer de León, Espanha
—,apenasAndréLetriaé“só”ilustrador.Emtom
brincalhão, diz não ser “pobrezinho”, mas ter
de conviver com “uma gestão difícil”.
Vale-lheaquantidadeapreciáveldetítulosque
já tem no mercado e para os quais negociou
contratosqueprevêemaatribuiçãodedireitos
de autor. E explica como estes se processam
actualmente: há um pagamento “à cabeça”,
calculado sobre 30 por cento de uma tiragem
inicialde3000exemplares,oquepodesignifi-
car “qualquer coisa como 500 ou 600 euros”.
Depois, aguarda-se a entrega de direitos de
autor sobre as vendas. O mais comum é haver
uma divisão equitativa para o autor do texto e
para o autor das imagens. Ou seja, se a editora
prevê 12 por cento do preço de capa para os
autores, seis por cento serão para o escritor e
seisporcentoparaoilustrador.“Quandocorre
bem, é assim.”
E quando não corre? “Há escritores que não
aceitam, mesmo se sabemos que alguns livros
não seriam o êxito que são sem as imagens. Aí
aeditoraéquedecidecomopagar.”MasAndré
Letria já não prescinde dos direitos de autor
que lhe são devidos, normalmente num inter-
valo entre os quatro e os seis por cento.
Duas vezes por ano há informações da Socie-
dade Portuguesa de Autores sobre as vendas
doslivros,“masseeufizerumlivroparasairno
Natal deste ano, nem no Natal seguinte recebo
aindaorestododinheiroporaqueletrabalho”.
Daí “a gestão difícil dos rendimentos”.
No momento em que falou à Pública tinha
acabado de receber uma proposta como “não
recebia há algum tempo” e que ia recusar. Pre-
texto para recordar como dantes, depois de
concluído o trabalho, “se afastava o ilustrador
do resto da vida do livro”. Era um pagamento
único e, mesmo com reedições, o ilustrador
nadamaisrecebia.Tambémhouvetemposem
que era difícil recuperar os originais.
Dois trabalhos recentes permitiram-lhe algum
fôlegofinanceiro:“Ascolecçõesdelivrosinfantis
para o ‘Expresso’ e para o ‘Sol’ facultaram-me
umbomrendimentoe,sobretudo,eusabiaoque
ia receber e quando”, realçando que a irregula-
ridade de pagamentos é o principal problema.
Até porque as colaborações periódicas com os
jornais diminuíram nos últimos tempos.
AndréLetria:“Nem
todososescritores
aceitampartilhar
osdireitosdeautor
comosilustradores”
João Vaz de Carvalho
62 • 18 Maio 2008 • Pública
Bernardo Carvalho
Pública • 18 Maio 2008 • 63
“Não tenho ordenado”, mas esse aspecto
tambémtemoutrolado,queàsvezesépositivo:
“De vez em quando sabe bem receber direitos
de livros que já fiz há muito tempo, que corre-
rambemecontinuamavender.”Edáoexemplo
de dois trabalhos que assina com o seu pai, José
Jorge Letria, e de que recebeu recentemente
“três mil e tal euros”: “Versos de Fazer Ó-Ó”
(PrémioNacionaldeIlustração1999)e“Lendas
doMar”(1998),ambosdaTerramarecomsuces-
sivas reedições. Quando assim é, há uma mar-
gem para “apostar em projectos que rendem
menos em termos financeiros, mas são experi-
ências artisticamente mais interessantes”.
Todososoutrosilustradorespresentesnamos-
tra acumulam essa actividade com a de desig-
ners(casosdeMadalenaMatoso,BernardoCar-
valho,DanutaWojciechowskaeMartaTorrão),
comadeprofessores(TeresaLima,GémeoLuís
e José Manuel Saraiva), com a de pintura (João
Vaz de Carvalho e Cristina Valadas) e, final-
mente, com a de cinema de animação (José
Miguel Ribeiro).
Os progressos recentes no mercado editorial
“nãogarantem,noentanto,acontinuidadenos
trabalhos”, diz João Caetano, que começou a
ilustrar livros escolares (1981) e só chegou aos
títulos infanto-juvenis em 1993. É professor de
Educação Visual (8.º ano) e de História da Cul-
tura e das Artes (11.º ano), mas gostava de ser
“só” ilustrador. “Apesar do dinamismo actual
domercadodolivroinfanto-juvenil,aslivrarias
privilegiam as novidades, por isso se um livro
nãosevendenumanooudois,nuncamaisnin-
guémovê”,dizCaetano,premiadoem1995na
Bienal de Ilustração de Bratislava e em 2001
com o Prémio Nacional de Ilustração.
Alain Corbel, bretão que escolheu ser também
português e recebeu o Prémio Nacional de
Ilustração 2005, acabou por mudar-se para os
Estados Unidos da América, ainda que proviso-
riamente.Édeláquenosenvia,porcorreioelec-
trónico, a sua história: “Sim eu era ilustrador a
tempo inteiro. Nunca fiz outra coisa em Portu-
gal(deialgumashorasdecursodeilustraçãono
IADE, mas poucas). Quando recebi um convite
para dar aulas durante um semestre nos EUA,
não pensava ficar. Mas, depois de ter ganho um
concursoparaserprofessoratempointeiro,era
difícil recuar e voltar para Lisboa. Ou seja, se
fiquei aqui, é precisamente porque, apesar de
ter alguma fama em Portugal, nunca, economi-
camente, consegui ultrapassar uma meta: ser
rico e pagar as facturas no prazo certo!”
Assim sendo, Corbel divide-se entre as activi-
dades de professor, autor e ilustrador: “Isso
quer dizer que, depois das aulas (três dias por
semana), trabalho para mim. Também foi por
isso que fiquei nos Estados Unidos. Em Portu-
gal trabalhava sete dias por semana, quase 365
dias por ano, sem nunca conseguir realmente
realizar os meus projectos, mesmo se tive
AlainCorbel:“Fiquei
nosEUAporqueapesar
dafamaemPortugal
nuncaconsegui
pagarasfacturas
noprazocerto”
Alain Corbel
64 • 18 Maio 2008 • Pública
Danuta Wojciechowska
Pública • 18 Maio 2008 • 65
a sorte de publicar bons livros com bons
autores. Acabei por publicar só na Caminho,
porque gosto das condições e das pessoas e
porque tive alguns desgostos com outras edi-
toras portuguesas.”
TemmaisdoisanosdecontratocomoDeparta-
mentodeIlustraçãodoMarylandInstituteCol-
lege of Art, mas gostava de se dedicar também
à banda desenhada: “Tenho como parceiros o
RichardCâmara,ilustradorportuguêsquevive
em Madrid, o John Hallinan (para uma história
sobre Lisboa) e a Sue Kelly (para uma história
sobreSãoTomé),doisjovensamericanos.Além
de projectos que desejo realizar sozinho.”
Corbel não desiste, no entanto, de regressar:
“Não sei muito bem o que fazer a seguir. Portu-
gal é de certeza um lugar para voltar (mais do
que a Bretanha), mas se pudesse ia viver desde
já em terras quentes onde também se fala por-
tuguês, na Guiné ou em São Tomé.”
A “Ilustrações.pt — Ilustração Portuguesa Con-
temporânea para a Infância” (design de Rui
Mendonça) esteve em Bolonha na Feira Inter-
nacional do Livro Infantil, numa organização
daIlustrarte,comoapoiodaDirecção-Geraldo
Livro e das Bibliotecas (DGLB). Durante o mês
de Maio, esta mostra do trabalho de 13 ilustra-
doresportuguesesvaiestaremLeón(Espanha)
eseguirádepoisparaParis.Aoscomissáriosda
mostra,JuGodinhoeEduardoFilipe,chegaram
também pedidos para Roma, EUA e Japão.
A escolha, dizem por “e-mail”, foi difícil:
“Critérios como qualidade e originalidade
são subjectivos e difíceis de definir. Antes de
mais,éumaescolhapessoal,porissoassinada.
Tivemoscontudoematençãoalgunsaspectos:
dado tratar-se de uma exposição também de
livros, privilegiámos autores com obra publi-
cada; a participação da DGLB como entidade
promotora fez-nos ter em atenção autores dis-
tinguidoscomoPrémioNacionaldeIlustração;
procurámos conseguir uma selecção em que
estivessem presentes autores consagrados e
novas gerações e que apresentasse uma boa
variedade de linguagens estéticas, estilos e
técnicas.” a
As imagens foram retiradas do catálogo
de “Ilustrações.pt”
João Caetano
Aspecto geral
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JoãoCaetano:“Gostava
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  • 1. Ser e não ser ilustrador em Portugal O mercado do livro infantil expandiu-se. Há mais e melhores títulos e novas editoras. Mas os ilustradores portugueses ainda são também professores, designers, pintores. Uma exposição que percorre a Europa mostra o trabalho de 13 autores. Texto de Rita Pimenta José Miguel Ribeiro
  • 2. 60 • 18 Maio 2008 • Pública André Letria CHAPEUZINHOAMARELO,EDIÇÕESQUASI
  • 3. Pública • 18 Maio 2008 • 61 A oferta do livro ilus- trado aumentou nos últimos dez a 15 anos, a quali- dade também. A relação das edito- ras com os ilustra- dores melhorou bastante. Já há contratos dignos, devoluçãodeoriginaisepagamentodedireitosde autor — até na mesma proporção de quem assina otexto(cincoaseisporcentodopreçoparacada um). Isto se o escritor aceitar. O nome de quem ilustratambémjáaparecenacapa,mesmosepor vezes em letra mais pequena. Mas não é fácil ser ilustrador profissional em Portugal. Do grupo de ilustradores que fazem parte da exposição “Ilustrações.pt — Ilustração Portuguesa Contemporânea para a Infância” — actualmente na Feira Leer de León, Espanha —,apenasAndréLetriaé“só”ilustrador.Emtom brincalhão, diz não ser “pobrezinho”, mas ter de conviver com “uma gestão difícil”. Vale-lheaquantidadeapreciáveldetítulosque já tem no mercado e para os quais negociou contratosqueprevêemaatribuiçãodedireitos de autor. E explica como estes se processam actualmente: há um pagamento “à cabeça”, calculado sobre 30 por cento de uma tiragem inicialde3000exemplares,oquepodesignifi- car “qualquer coisa como 500 ou 600 euros”. Depois, aguarda-se a entrega de direitos de autor sobre as vendas. O mais comum é haver uma divisão equitativa para o autor do texto e para o autor das imagens. Ou seja, se a editora prevê 12 por cento do preço de capa para os autores, seis por cento serão para o escritor e seisporcentoparaoilustrador.“Quandocorre bem, é assim.” E quando não corre? “Há escritores que não aceitam, mesmo se sabemos que alguns livros não seriam o êxito que são sem as imagens. Aí aeditoraéquedecidecomopagar.”MasAndré Letria já não prescinde dos direitos de autor que lhe são devidos, normalmente num inter- valo entre os quatro e os seis por cento. Duas vezes por ano há informações da Socie- dade Portuguesa de Autores sobre as vendas doslivros,“masseeufizerumlivroparasairno Natal deste ano, nem no Natal seguinte recebo aindaorestododinheiroporaqueletrabalho”. Daí “a gestão difícil dos rendimentos”. No momento em que falou à Pública tinha acabado de receber uma proposta como “não recebia há algum tempo” e que ia recusar. Pre- texto para recordar como dantes, depois de concluído o trabalho, “se afastava o ilustrador do resto da vida do livro”. Era um pagamento único e, mesmo com reedições, o ilustrador nadamaisrecebia.Tambémhouvetemposem que era difícil recuperar os originais. Dois trabalhos recentes permitiram-lhe algum fôlegofinanceiro:“Ascolecçõesdelivrosinfantis para o ‘Expresso’ e para o ‘Sol’ facultaram-me umbomrendimentoe,sobretudo,eusabiaoque ia receber e quando”, realçando que a irregula- ridade de pagamentos é o principal problema. Até porque as colaborações periódicas com os jornais diminuíram nos últimos tempos. AndréLetria:“Nem todososescritores aceitampartilhar osdireitosdeautor comosilustradores” João Vaz de Carvalho
  • 4. 62 • 18 Maio 2008 • Pública Bernardo Carvalho
  • 5. Pública • 18 Maio 2008 • 63 “Não tenho ordenado”, mas esse aspecto tambémtemoutrolado,queàsvezesépositivo: “De vez em quando sabe bem receber direitos de livros que já fiz há muito tempo, que corre- rambemecontinuamavender.”Edáoexemplo de dois trabalhos que assina com o seu pai, José Jorge Letria, e de que recebeu recentemente “três mil e tal euros”: “Versos de Fazer Ó-Ó” (PrémioNacionaldeIlustração1999)e“Lendas doMar”(1998),ambosdaTerramarecomsuces- sivas reedições. Quando assim é, há uma mar- gem para “apostar em projectos que rendem menos em termos financeiros, mas são experi- ências artisticamente mais interessantes”. Todososoutrosilustradorespresentesnamos- tra acumulam essa actividade com a de desig- ners(casosdeMadalenaMatoso,BernardoCar- valho,DanutaWojciechowskaeMartaTorrão), comadeprofessores(TeresaLima,GémeoLuís e José Manuel Saraiva), com a de pintura (João Vaz de Carvalho e Cristina Valadas) e, final- mente, com a de cinema de animação (José Miguel Ribeiro). Os progressos recentes no mercado editorial “nãogarantem,noentanto,acontinuidadenos trabalhos”, diz João Caetano, que começou a ilustrar livros escolares (1981) e só chegou aos títulos infanto-juvenis em 1993. É professor de Educação Visual (8.º ano) e de História da Cul- tura e das Artes (11.º ano), mas gostava de ser “só” ilustrador. “Apesar do dinamismo actual domercadodolivroinfanto-juvenil,aslivrarias privilegiam as novidades, por isso se um livro nãosevendenumanooudois,nuncamaisnin- guémovê”,dizCaetano,premiadoem1995na Bienal de Ilustração de Bratislava e em 2001 com o Prémio Nacional de Ilustração. Alain Corbel, bretão que escolheu ser também português e recebeu o Prémio Nacional de Ilustração 2005, acabou por mudar-se para os Estados Unidos da América, ainda que proviso- riamente.Édeláquenosenvia,porcorreioelec- trónico, a sua história: “Sim eu era ilustrador a tempo inteiro. Nunca fiz outra coisa em Portu- gal(deialgumashorasdecursodeilustraçãono IADE, mas poucas). Quando recebi um convite para dar aulas durante um semestre nos EUA, não pensava ficar. Mas, depois de ter ganho um concursoparaserprofessoratempointeiro,era difícil recuar e voltar para Lisboa. Ou seja, se fiquei aqui, é precisamente porque, apesar de ter alguma fama em Portugal, nunca, economi- camente, consegui ultrapassar uma meta: ser rico e pagar as facturas no prazo certo!” Assim sendo, Corbel divide-se entre as activi- dades de professor, autor e ilustrador: “Isso quer dizer que, depois das aulas (três dias por semana), trabalho para mim. Também foi por isso que fiquei nos Estados Unidos. Em Portu- gal trabalhava sete dias por semana, quase 365 dias por ano, sem nunca conseguir realmente realizar os meus projectos, mesmo se tive AlainCorbel:“Fiquei nosEUAporqueapesar dafamaemPortugal nuncaconsegui pagarasfacturas noprazocerto” Alain Corbel
  • 6. 64 • 18 Maio 2008 • Pública Danuta Wojciechowska
  • 7. Pública • 18 Maio 2008 • 65 a sorte de publicar bons livros com bons autores. Acabei por publicar só na Caminho, porque gosto das condições e das pessoas e porque tive alguns desgostos com outras edi- toras portuguesas.” TemmaisdoisanosdecontratocomoDeparta- mentodeIlustraçãodoMarylandInstituteCol- lege of Art, mas gostava de se dedicar também à banda desenhada: “Tenho como parceiros o RichardCâmara,ilustradorportuguêsquevive em Madrid, o John Hallinan (para uma história sobre Lisboa) e a Sue Kelly (para uma história sobreSãoTomé),doisjovensamericanos.Além de projectos que desejo realizar sozinho.” Corbel não desiste, no entanto, de regressar: “Não sei muito bem o que fazer a seguir. Portu- gal é de certeza um lugar para voltar (mais do que a Bretanha), mas se pudesse ia viver desde já em terras quentes onde também se fala por- tuguês, na Guiné ou em São Tomé.” A “Ilustrações.pt — Ilustração Portuguesa Con- temporânea para a Infância” (design de Rui Mendonça) esteve em Bolonha na Feira Inter- nacional do Livro Infantil, numa organização daIlustrarte,comoapoiodaDirecção-Geraldo Livro e das Bibliotecas (DGLB). Durante o mês de Maio, esta mostra do trabalho de 13 ilustra- doresportuguesesvaiestaremLeón(Espanha) eseguirádepoisparaParis.Aoscomissáriosda mostra,JuGodinhoeEduardoFilipe,chegaram também pedidos para Roma, EUA e Japão. A escolha, dizem por “e-mail”, foi difícil: “Critérios como qualidade e originalidade são subjectivos e difíceis de definir. Antes de mais,éumaescolhapessoal,porissoassinada. Tivemoscontudoematençãoalgunsaspectos: dado tratar-se de uma exposição também de livros, privilegiámos autores com obra publi- cada; a participação da DGLB como entidade promotora fez-nos ter em atenção autores dis- tinguidoscomoPrémioNacionaldeIlustração; procurámos conseguir uma selecção em que estivessem presentes autores consagrados e novas gerações e que apresentasse uma boa variedade de linguagens estéticas, estilos e técnicas.” a As imagens foram retiradas do catálogo de “Ilustrações.pt” João Caetano Aspecto geral da exposição em Bolonha JoãoCaetano:“Gostava deser‘só’ilustrador, masnãohágarantia decontinuidade nostrabalhos”