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1  sur  66
“Os olhos de
um animal
têm o poder
de falar
uma grande
linguagem.”
Martin Buber
4 MUNDO DOS ANIMAIS
20
OS GATOS DE
As ruínas de
de Roma, são
para os aman
30
A TELEPATIA
Como é que o
connosco e co
mos as respo
42
O REINO AME
Estão entre o
neta, mas ser
Conheça melh
Fotografia de capa: Liv Unni Sødem / via Flickr
Todas as ediçõe
www.mundodos
E ROMA
Torre Argentina, no centro histórico
o um verdadeiro paraíso de gatos
ntes dos pequenos felinos.
CANINA
os cães se conseguem sintonizar
ompreender-nos tão bem? Explora-
ostas neste artigo.
EAÇADO DOS GRANDES FELINOS
os animais mais carismáticos do pla-
riamente ameaçados de extinção.
hor os grandes felinos.
BEM-VINDO(A)
Nesta edição falamos de felinos
de todos os tamanhos. Começa-
mos por uma comunidade muito
especial de pequenos felinos, os
gatos de Roma, que dão vida às
ruínas onde Júlio César foi assas-
sinado no ano 44 antes de Cristo
(a.C.) e são hoje o grande atrativo
turístico do centro histórico da ci-
dade - mais do que os monumen-
tos (pág. 20).
Também bastante atrativos, mas
infelizmente ameaçados, estão os
grandes felinos. Fazem parte dos
animais mais carismáticos do pla-
neta e dificilmente conseguimos
imaginar um mundo sem eles, um
mundo sem tigres, leões, leopar-
dos, jaguares ou chitas, mas essa
pode vir a ser uma realidade.
Conheça melhor cada um deles
e saiba o que pode fazer para os
ajudar (pág. 42).
Felinos à parte, leia também um
artigo que procura explicar como
os cães parecem ter a capacida-
de de nos ler a mente, saber o
que sentimos e como estamos,
melhor que qualquer outro animal
(pág. 30).
Carlos Gandra
es disponíveis gratuitamente em:
sanimais.pt/revista
6 WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT
7EDIÇÃO Nº 30
Um gatinho abandonado
dá uma deliciosa turrinha
no imã Mustafa Efe,
que abriu as portas da
mesquita Aziz Mahmud
Hüdayi em Istambul,
na Turquia, para
abrigar os gatos de rua
— cujo número está
descontrolado na cidade.
O gesto e o exemplo de
solidariedade têm corrido
o mundo. Uma mãe gata
sentiu-se tão confortável
na mesquita que levou
os seus bebés, um a um,
para o seu interior.
Fotografia: Mustafa Efe /
via Facebook
8 MUNDO DOS ANIMAIS
Uma pequena preguiça perdida enquanto
tentava atravessar uma estrada no Equador,
que decidiu segurar-se a um poste até chegar
ajuda. As autoridades socorreram a pequena
preguiça, que foi observada por um veterinário
antes de ser devolvida ao seu habitat natural.
Não apresentava qualquer problema ou
ferimento.
Fotografias: Comisión de Tránsito del Ecuador /
via Facebook
9WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT
A fantástica albatroz Wisdom, a ave mais velha
do mundo de que há registo, volta a deixar a
sua marca com a sua mais recente cria. Com
65 anos, a Wisdom viu nascer o seu mais novo
rebento no início deste mês (Fevereiro) no
Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Atol de
Midway, no Hawai, onde milhares de albatrozes
regressam todos os anos para nidificar.
Fotografia: Kiah Walker / Voluntária do USFWS
12 MUNDO DOS ANIMAIS
13WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT
Um abraço profundamente
humano entre o chimpanzé
Ponso e a conservacionista
Estelle Raballand, numa
ilha da Costa do Marfim.
A vida tem sido dura com
o chimpanzé Ponso, que
passou anos como cobaia
de um laboratório até ser
abandonado, juntamente
com outros chimpanzés
cobaias, em ilhas que não
têm recursos naturais para
sequer se alimentarem —
ficando dependentes da boa
vontade das pessoas. Em
2013 a família do Ponso
morreu com poucos dias
de intervalo, o que o deixou
sozinho e isolado nos
últimos três anos. Os outros
chimpanzés cobaias também
já tinham morrido. Por
tudo isto, não deixa de ser
emocionante que receba um
ser humano de forma tão…
humana.
Fotografia: Estelle Raballand
/ via Facebook
Uma família de refugiados
oriunda de Mossul, no Iraque,
encontra finalmente o seu gato
Kunkush, que tinha desaparecido
quando o barco que os
transportava aportou na ilha
grega de Lesvos. Foi encontrado
dias depois por voluntários que
tinham participado na busca logo
no primeiro dia, mas o paradeiro
da família era entretanto incerto
e por isso foi enviado para uma
família de acolhimento temporário
em Berlim, na Alemanha (para
onde muitos refugiados foram
realojados), que ficou com ele
por alguns meses. Os voluntários
não desistiram de procurar os
donos e criaram um site com
fotos do gato, que chegou aos
media. A família entretanto já
estava na Noruega, quando viu a
notícia do gato num jornal local.
O reencontro foi organizado e a
imagem descreve tudo o que se
pudesse escrever mais sobre o
momento.
Fotografia: via reddit
Uma corajosa cachorrinha
chamada Chi Chi brinca na sua
nova casa, no Arizona, depois
de ver as suas quatro patas
serem amputadas. A história da
Chi Chi não é fácil de contar.
Nasceu numa fazenda de carne
de cão, na Coreia do Sul. A
dada altura, amarraram-lhe as
quatro patas e penduraram-na de
cabeça para baixo, dia e noite.
A tortura provocou-lhe feridas,
que rapidamente infetaram e
literalmente apodreceu carne
e osso. Como a carne já não
prestava, foi atirada para o lixo
dentro de um saco preto, onde
foi encontrada. As patas não
tinham salvação, mas felizmente
a menina teve, e agora também
tem uma casa, mas ainda são
precisos muitos cuidados. A Chi
Chi tem uma página no Facebook
onde pode acompanhar as
novidades e oferecer algum
apoio: https://www.facebook.com/
chichigreat/
Fotografia: Chi Chi The Great / via
Facebook
19EDIÇÃO Nº 30
Um texuguinho bebé
encontrado sozinho
e a morrer de frio no
jardim de uma família
em Inglaterra. A família
ainda aguardou algum
tempo por um sinal da
progenitora, até acabar
por decidir acolhe-lo
antes que fosse tarde
demais para lhe salvar
a vida. Levaram então o
pequeno texugo para o
centro de recuperação
de vida selvagem Secret
World Wildlife Rescue
(SWWR), onde foi
tratado e alimentado.
Fotografia: Secret World
Wildlife Rescue
Veja mais fotos no Mundo dos Animais:
- www.mundodosanimais.pt/fotos
A
s ruínas de Torre Argentina,
no centro histórico de Roma,
onde Júlio César foi assassi-
nado no ano 44 antes de Cris-
to (a.C.), são um verdadeiro paraíso de
gatos para os amantes dos pequenos
felinos. Trata-se de um santuário mile-
nar onde muitos gatos encontram abri-
go e comida.
Os voluntários da associação Torre Ar-
gentina Roman Cat Sanctuary cuidam
diariamente da alimentação, higiene e
cuidados de saúde dos mais de 250
gatos que habitam nas ruínas. Também
esterilizam os animais e promovem a
sua adoção.
A relação histórica entre nós e os gatos
está marcada por altos e baixos e com
os gatos de Roma não tem sido dife-
rente.
A admiração dos romanos pelos gatos
terá começado com o contributo dos
felinos para a exterminação da peste,
ao consumirem os ratos portadores da
doença. Durante a Segunda Guerra
Mundial, a escassez de comida levou
os romanos a consumir gatos para so-
breviverem e quando a guerra termi-
nou, os romanos ter-se-ão dedicado a
Os Gatos de Roma
20 MUNDO DOS ANIMAIS
Fotografia: Heather F / via Flickr
21WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT
Fotografia: spezz / via Flickr
Fotografia: Alan Sheffield / via Flickr
Fotografia: Brett Davis / via Flickr
Fotografia: Wknight94 / via Wikimedia Commons
Fotografia: Andou / via Wikimedia Commons
28 MUNDO DOS ANIMAIS
“As pessoas interessam-se
mais por gatos do que por
monumentos (…) os dois em
conjunto formam uma com-
binação fantástica, porque
os monumentos parecem
ganhar vida se você vir um
gato deitado neles ou a sal-
tar de um lado para o outro.”
- Lia Dequel, co-fundadora
da Torre Argentina Cat Shel-
ter Association, via npr
alimentar os gatos como forma
de compensar o que lhes ti-
nham feito. Mais recentemente,
em 2001, os gatos foram consi-
derados “património biocultural”
da cidade, mas a associação
que cuida dos gatos de Torre
Argentina enfrenta a forte opo-
sição dos arqueólogos italia-
nos, referindo que a ocupação
do espaço é incompatível com
a preservação dos monumen-
tos.
A presença dos gatos, contudo,
nunca foi posta em causa e Um-
berto Broccoli, superintendente
cultural de Roma, afirmou em
2012 que “os gatos de Roma
são, por definição, tão antigos
quanto os monumentos de már-
more da cidade (…) portanto a
colónia não será movida”.
Apesar da colónia de Torre Ar-
gentina ser a mais famosa entre
os turistas e os amantes dos fe-
linos, estima-se que em Roma
existam no total cerca de 250
mil gatos nas ruas, distribuídos
por cerca de 2 mil colónias. A
associação conseguiu, na últi-
ma década, vacinar e esterilizar
27 mil gatos, bem como concre-
tizar a adoção de uma média de
125 gatos por ano.
Visite a página da Torre Ar-
gentina Roman Cat Sanctuary
(http://www.romancats.com/in-
dex_eng.php) para conhecer
melhor o trabalho dos seus vo-
luntários e, se achar por bem,
oferecer-lhes um donativo.
Descubra mais sobre gatos em:
- www.mundodosanimais.pt/gatos
29WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT
Q
ualquer pessoa que já tinha
convivido com um cão sabe
que os cães, entre todos os
animais, parecem ter uma
sintonia especial connosco. Quantas
e quantas histórias lemos sobre o cão
que deu uma atenção muito especial ao
dono quando este estava a passar por
um momento menos bom (mais triste,
mais desiludido ou stressado), ou até
quando se encontrava doente ou com
alguma dor ou mal-estar.
Quando o cão parecia saber coisas so-
bre o nosso estado de espírito que em
princípio não teria como saber — e nós
não teríamos como lhe contar.
Neste artigo, vamos olhar para alguns
estudos científicos que visam entender
aquilo a que, não oficialmente, chama-
mos de telepatia canina. Os mecanis-
mos que levam um cão a compreender-
-nos melhor que qualquer outro animal.
Qual o alcance das suas capacidades,
e qual o limite das mesmas.
No fundo, descobrir o melhor amigo do
Homem.Fotografia: Tal Atlas / via Flickr
A Telepatia Canina
31A TELEPATIA CANINA
32
Podem os cães ler a nossa
mente?
O
s cães estão tão sin-
tonizados connos-
co que podem ler as
nossas mentes, de
acordo com um estudo publi-
cado na Learning & Behavior.
O mesmo estudo indica que os
cães, provavelmente, já nas-
cem com essa habilidade.
À medida que os cães se en-
contram junto dos seres huma-
nos, mais habilidosos se tornam
em telepatia canina, que resulta
da hipersensibilidade dos senti-
dos.
Todos aqueles que têm ou já
tiveram cães em casa duran-
te algum tempo, com certeza
repararam na forma como os
cães nos entendem de uma
forma particularmente bem, de-
tetando sinais do nosso cansa-
ço, stress, dores de cabeça ou
outros problemas antes de nós,
conscientemente, os exibirmos.
Os cães são também conheci-
dos por conseguirem detetar se
uma pessoa tem cancro. Pare-
cem igualmente sentir quando
estamos felizes e/ou de ótima
saúde.
Monique Udell e a sua equipa,
da Universidade da Florida, re-
fletiram sobre o porquê de os
cães serem tão perspicazes a
ler a nossa mente, e como o
conseguem fazer. A questão é,
os cães nascem com essa ha-
bilidade, ou vão aprendendo
com a experiência do contacto
humano?
Para explorar estas e outras
questões, Udell e a sua equipa
planearam duas experiências,
envolvendo tanto lobos como
cães domésticos. Nas expe-
riências, foi dada a oportunida-
de aos dois animais de pedirem
comida, a uma pessoa atencio-
sa e a uma pessoa indiferente.
Os investigadores observaram
pela primeira vez que os lobos,
tal como os cães domésticos,
são capazes de ir pedir comi-
da à pessoa atenciosa, aproxi-
mando-se dela.
Isto demonstra que ambas as
espécies, domesticadas ou não
domesticadas, têm a capacida-
dedeproduzirumcomportamen-
to mediante a atenção que uma
MUNDO DOS ANIMAIS
Fotografia: @dihpardal Diogo Fernando / via Flickr
pessoa demonstra, consciente
ou inconscientemente, por eles.
Uma vez que os lobos não têm
experiência no contacto com
seres humanos, é assim muito
provável que esta habilidade já
nasça com eles.
Os cães, além de nascerem
com a habilidade, podem aper-
feiçoar à medida que mantém o
contacto com seres humanos,
pelo que um cão que viva com
pessoas desde bebé, terá em
adulto uma capacidade supe-
rior de ler a mente dos seus do-
nos, do que um cão que, por al-
gum motivo, como o abandono
ou o nascimento na rua, não
conviva de perto com pessoas
durante bastante tempo.
Segundo a investigação, “os re-
sultados sugerem que a capa-
cidade dos cães para seguir as
ações humanas deriva de uma
vontade de aceitar as pessoas
como companheiros sociais,
combinada com o condiciona-
mento de seguir os gestos e
as ações dos seres humanos
e adquirir reforço. Os tipos de
sinais, o contexto em que são
apresentados e a experiência
prévia, são todos importantes”.
34
comunicação humana de uma
forma que, anteriormente, es-
tava atribuída apenas a bebés
humanos de 6 meses de idade”
explicou o co-autor de um novo
estudo, Jozsef Topal, à Disco-
very News. “Eles leem as nos-
sas intenções de comunicação
de uma forma pré-verbal, uma
forma semelhante aos bebés”
acrescentou Topal. A comunica-
ção pré-verbal é a forma que os
bebés nos interpretam e se ex-
primem sem usar as palavras,
pois não aprendemos logo a fa-
lar.
Os investigadores afirmam que
Ler a nossa mente? Não exa-
tamente
O segredo dos cães parece es-
tar nos nossos próprios olhos:
os cães seguem os movimen-
tos dos nossos olhos, que lhes
dão sinais das nossas inten-
ções. Os bebés humanos tam-
bém possuem esta habilidade,
descrita na publicação Current
Biology. Esta revelação talvez
explique porque motivo os do-
nos costumam tratar os seus
animais de estimação como se
fossem crianças.
“Os cães estão recetivos à
Fotografia: Peer / via Flickr
WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT
35A TELEPATIA CANINA
de anos, nos quais muitos dos
atributos selvagens (como os
lobos) foram transformados e
adaptados pelos desafios de
uma vida em conjunto com os
seres humanos.
Topal e a sua equipa suspeitam
que os cavalos e os gatos do-
mésticos também sejam capa-
zes de ler as nossas intenções,
uma vez que vivem de forma
próxima a nós há também mui-
tos anos.
Num estudo à parte, publicado
na Animal Behavior, os inves-
tigadores descobriram que os
os atributos sociais dos cães
atingem o nível de uma criança
com dois anos de idade, uma
vez que o único talento que lhes
falta é a linguagem. “Estes atri-
butos dos cães ajudam a forta-
lecer a ligação cão-humano,
que é atualmente única tendo
em consideração as diferenças
biológicas entre as duas espé-
cies”.
Os cães foram os primeiros
animais a ser domesticados e
aparentemente sem benefícios
diretos, como alimento ou pas-
toreio. A cognição social dos
cães evoluiu durante milhares
Fotografia: Ricardo Mangual / via Flickr
Fotografia: brando.n / via Flickr
cães comunicam com as pes-
soas para pedir, mas não para
informar. Seja como for, fazem-
-no de forma bastante concen-
trada e intensa. Juliane Kamins-
ki, líder deste segundo estudo,
indicou que “fica demonstrado
como os cães estão sintoniza-
dos de forma intencional com a
comunicação humana e quão
importante determinados sinais
são para eles, de forma a per-
ceber quando é que a comuni-
cação é relevante e direcionada
para eles”.
Topal pensa ser possível que
os cães, por vezes, sejam até
superiores aos seres humanos
adultos no que diz respeito a
interpretar intenções, uma vez
que estão atentos a todos os
sinais como odores, sons e ou-
tras pistas que possam indicar
algo. “Os cães aprendem facil-
mente a associar até os com-
portamentos inconscientes dos
seus donos com as respetivas
intenções. Desta forma, um cão
adquire a habilidade de anteci-
par o comportamento seguinte
do seu dono, e isto em deter-
minados casos dá a sensação
de que o cão acabou de ler a
nossa mente” concluiu Topal.
Os cães compreendem-nos
melhor que qualquer outro
animal
Apesar dos chimpanzés serem
os nossos parentes mais próxi-
mos, nenhum animal nos com-
preende tão bem como os cães.
É isto que sugere um novo es-
tudo, publicado na revista cien-
tifica PLOS One, ao concluir
que os chimpanzés podem não
ligar muito quando uma pessoa
aponta para um objeto, mas os
cães prestam atenção e sabem
exatamente o que essa pessoa
quer.
“Penso que estamos a olhar
para uma adaptação muito es-
pecial dos cães, para serem
sensíveis ás várias formas de
comunicação dos seres huma-
nos” disse a co-autora do estu-
do, Juliane Kaminski, psicóloga
da Max Planck Institute for Evo-
lutionary Anthropology, citado
pela Discovery News. “Existem
múltiplas evidências a sugerir
que as pressões seletivas du-
rante a domesticação alteraram
os cães de tal modo, que eles
ficaram perfeitamente adapta-
dos ao seu novo nicho, que é a
companhia humana”.
38 WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT
É mesmo possível que esta ha-
bilidade já nasça com os cães,
uma vez que cachorros de ape-
nas seis semanas e sem qual-
quer treino específico, já a pos-
suem.
Para realizar este estudo, Ka-
minski e os seus colegas com-
pararam quão bem os chim-
panzés e os cães conseguem
compreender o apontamento
humano. Uma pessoa apontou
para um objeto visível que se
encontrava fora do seu alcance,
mas dentro do alcance do ani-
mal. Se um chimpanzé ou um
cão pegassem no objeto, se-
riam recompensados com um
petisco adequado (fruta para o
chimpanzé e ração seca para o
cão).
Os chimpanzés mostraram-se
entusiasmados pela recompen-
sa, mas ignoraram os gestos
humanos. Os cães passaram o
teste. Os chimpanzés não com-
preenderam a intenção da pes-
soa, ou seja, não viram o apon-
tamento como algo importante
e por isso, decidiram ignorar
esse gesto.
“Sabemos que os chimpanzés
têm uma compreensão muito
flexível dos outros; sabem quan-
do os outros podem ou não po-
dem ver, quando os outros po-
dem ou não vê-los a eles, etc”
explicou Kaminski.
Não são, por isso, de alguma
forma ignorantes, apenas não
evoluíram a tendência de pres-
tar atenção aos seres huma-
nos, pois não necessitam disso
no seu habitat natural. Os pró-
prios lobos não possuem esta
habilidade: “Os lobos, mesmo
quando criados no seio de um
ambiente humano, não são fle-
xíveis com a comunicação das
pessoas como são os cães”
disse.
E os gatos?
Investigações anteriores de-
monstraram que os gatos do-
mésticos também prestam
atenção ás pessoas e com-
preendem os gestos humanos.
Kaminski, no entanto, men-
cionou que “os investigadores
precisaram de os selecionar
de entre mais de uma centena
de gatos” sugerindo assim que
apenas alguns gatos se colo-
cam a par dos cães no que diz
respeito a compreender as pes-
soas.
39A TELEPATIA CANINA
Os cães sentem mesmo os
nossos problemas
Confortar pessoas angustia-
das, por exemplo, pode estar
mesmo implementado no cére-
bro canino. Um recente estudo,
publicado na Animal Cognition,
concluiu que os cães podem
ser realmente os melhores ami-
gos do Homem, sobretudo se a
pessoa estiver de alguma for-
ma angustiada. Essa pessoa
angustiada nem precisa de ser
alguém que o cão conheça pre-
viamente.
“Eu penso que existem bons
motivos para suspeitar que os
cães são mais sensíveis ás
emoções humanas que qual-
quer outra espécie” disse a co-
-autora Deborah Custance à
Discovery News. “Nós domes-
ticamos os cães por um longo
período de tempo e fizemos
uma criação seletiva para eles
se comportarem como nossos
companheiros. Assim, os cães
que responderam de forma sen-
sível ás nossas pistas emocio-
nais tiveram maiores chances
de serem os escolhidos como
animais de estimação e de cria-
ção” concluiu.
Custance e a colega Jennifer
Mayer, ambas do departamen-
to de psicologia da University
of London Goldsmiths Colle-
ge, expuseram 18 cães a qua-
tro encontros separados de 20
segundos cada com humanos,
entre os quais se encontravam
tanto os donos como estranhos.
Numa das experiências, as
pessoas emitiram sons a simu-
lar aflição e fizeram de conta
que estavam a chorar. A maio-
ria dos cães tentou confortar
a pessoa, independentemente
de ser o próprio dono ou um
estranho. Os cães atuaram de
forma submissa, aninhando-se
e lambendo as pessoas. As in-
vestigadoras afirmam que este
comportamento é consistente
com empatia, preocupação e
tentativa de dar conforto.
Sobre o que irá dentro da ca-
beça de um cão, existe outro
estudo recente, publicado na
PLOS One, que demonstra que
o cérebro dos cães reage assim
que eles observam pessoas.
Neste caso, os investigadores
treinaram os cães para respon-
der a sinais gestuais que indi-
cavam se iriam receber comida
ou não.
40 MUNDO DOS ANIMAIS
Fotografia: Jelly Dude / via Flickr
O núcleo caudado do cérebro
dos cães, uma área associada
à recompensa nos humanos,
mostrou ativação quando os
cães sabiam que iam receber
comida.
“Estes resultados indicam que
os cães prestam muita atenção
aos gestos humanos” disse o
líder da investigação Gregory
Berns, diretor do Emory Cen-
ter for Neuropolicy. Apesar de
este último estudo ter tido como
amostra de recompensa a comi-
da, Custance e Mayer pensam
que os cães, ao longo de milha-
res de anos de domesticação
foram tantas vezes recompen-
sados pela sua aproximação a
pessoas angustiadas que isso
pode ter ficado implementado
nos seus cérebros.
O fenómeno pode ter um ele-
mento do subconsciente. “Os
cães bocejam contagiados pelo
bocejo humano” disse Matthew
Campbell, professor assistente
do departamento de psicolo-
gia da universidade da Geór-
gia. “Nós selecionamos os cães
para estar sintonizados con-
nosco emocionalmente”.
Descubra mais sobre cães em:
- www.mundodosanimais.pt/caes
O Reino
Ameaçado
dos
Grandes
Felinos
Estão entre os animais mais carismáticos do
planeta e damos a sua presença como adquirida,
mas correm risco elevado de desaparecer.
Fotografia: Alias 0591 / via Flickr
A
s populações dos
maiores felinos, como
leões, tigres, chitas,
leopardos e jaguares,
estão em declínio acentuado
e algumas em perigo critico de
extinção.
Carismáticos, predadores de
topo, de semblante imperturbá-
vel, damos por adquirida a sua
presença, sem desconfiar que
um mundo sem nenhum destes
animais pode ser uma realida-
de no futuro próximo.
As razões para o crescente
risco de extinção dos grandes
felinos são evidentes e bem
conhecidas – mas este conhe-
cimento não tem impedido que
as más práticas continuem a
ser praticadas.
A desflorestação e consequen-
te perda de habitat é um factor
crítico para qualquer animal,
mas facilmente pode imaginar
o que isso significa quando es-
tamos a falar de animais destas
dimensões, que necessitam de
muito espaço e de clima, tanto
para eles próprios como tam-
bém para as presas das quais
se alimentam.
Basta referir que um dos mo-
tivos que levou ao acentuado
declínio do lince ibérico foi o
desaparecimento da maior par-
te das populações de coelhos
bravos. Todos os animais de-
pendem uns dos outros para a
sua sobrevivência. Os conflitos
com populações humanas, a
44 MUNDO DOS ANIMAIS
caça furtiva e o tráfico também
contribuem grandemente para
que existam cada vez menos
grandes felinos na natureza. A
sua extraordinária beleza tam-
bém tem funcionado contra
eles, pois as suas peles exóti-
cas e vistosas são muito procu-
radas no mercado negro.
Fotografia: Arno Meintjes / via Flickr
A população selvagem de
leões sofreu um decrésci-
mo de 43% em apenas 21
anos, entre 1993 e 2014.
LeãoPanthera leo
Estado de conservação:
Vulnerável
Desde crianças que estamos
habituados a ouvir falar dos
leões como os Reis da Selva
– e confesse, emocionou-se
ao ver o Simba perder o pai no
«Rei Leão».
O facto de os leões serem pos-
santes, terem uma majestosa
juba e um estilo de vida “de
Rei” certamente contribuiu para
que fossem assim chamados,
embora seja interessante notar
que nem sequer vivem na selva,
pois não gostam de ambientes
húmidos e com vegetação alta,
preferindo savanas, quentes e
com a vegetação mais rasteira.
Os leões são os segundos
maiores felinos do mundo, fi-
cando apenas atrás dos tigres.
São também os felinos mais
sociais que existem e os únicos
que se organizam em grupos
para caçar.
Fotografia: Terence T.S. Tam / via Flickr
TigrePanthera tigris
Estado de conservação:
Em perigo
O tigre é o maior felino do mun-
do. São animais de hábitos so-
litários e reconhecidos pelas
suas espantosas listas negras.
As listas dos tigres são tão úni-
cas para cada um deles como
as impressões digitais são para
nós. Estas listas não desapare-
cem se o pêlo, por alguma ra-
zão, cair ou for cortado.
Os tigres, bem como os leo-
pardos, têm o hábito de limpar
primeiro as presas antes de co-
meçarem a alimentar-se. Desta
forma não ingerem pêlos que
lhes possam afectar a digestão.
São também um dos felinos
que não tem qualquer problema
em entrar dentro de água para
perseguir uma presa, chegando
a ficar totalmente submerso. Já
foram observados tigres a per-
seguir crocodilos na reserva de
Ranthambore, no Noroeste da
Índia.
Fotografia: Doug Brown / via Flickr
LeopardoPanthera pardus
Estado de conservação:
Quase ameaçado
Os leopardos são os mais ver-
sáteis e os trepadores de exce-
lência entre os grandes felinos.
Como são mais pequenos que
os leões, protegem as suas ca-
çadas levando-as para o topo
de árvores bem altas, onde ou-
tros predadores não se atrevem
a tentar roubá-los.
É fascinante como conseguem
carregar grandes presas para
cima das árvores, o que de-
monstra grande força, robustez
e agilidade.
A grande versatilidade dos leo-
pardos permite-lhes ocupar
habitats diversos e alimenta-
rem-se de um variado número
de presas, incluindo dentro de
água onde são excelentes na-
dadores. Por consequência,
são a espécie de grande felino
mais dispersa em todo o mun-
do.
Fotografia: Arno Meintjes / via Flickr
Leopardo
das Neves
Panthera uncia
Estado de conservação:
Em perigo
Os leopardos das neves, tam-
bém chamados de irbis, estão
excecionalmente adaptados ao
frio. Pêlo espesso cobre todo o
corpo, incluindo as patas, com
uma coloração cinzenta es-
branquiçada que os camufla
em plena neve.
Com patas musculadas, os leo-
pardos das neves têm uma ca-
pacidade incrível de salto, con-
seguindo saltar com segurança
uma distância de 15 metros de
comprimento.
A longa cauda dá-lhes o balan-
ço necessário para se equili-
brarem entre as montanhas do
continente asiático. Chegam a
habitar montanhas a 6.700 me-
tros de altitude.
Fotografia: Mark Dumont / via Flickr
JaguarPanthera onca
Estado de conservação:
Quase ameaçado
O terceiro maior felino do mun-
do (apenas atrás de tigres e de
leões) e o maior felino do con-
tinente americano, é também
chamado de pantera ou onça
pintada.
Habita nos três continentes
americanos e prefere viver per-
to de água, em pântanos, flo-
restas ou regiões que sejam
frequentemente inundadas,
onde caçam veados, tapires e
também tartarugas, peixes ou
rãs.
Apesar de ser muito pareci-
do com o leopardo, é maior e
com comportamento mais pa-
recido com os tigres. O jaguar
tem a mordida mais forte entre
todos os felinos, capaz de per-
furar carapaças de tartaruga e
até couraças de crocodilos, que
ocasionalmente caçam.
Fotografia: Eddy Van 3000 / via Flickr
ChitaAcinonyx jubatus
Estado de conservação:
Vulnerável
Também conhecida como gue-
pardo, a chita é a grande velo-
cista entre os felinos e o animal
terrestre mais veloz do mundo.
São felinos com características
únicas e especializadas e os
que mais divergem em relação
às outras espécies de felinos
selvagens.
As chitas têm uma fisionomia
aerodinâmica e um organismo
totalmente adaptado à veloci-
dade. Conseguem acelerar dos
0 aos 100 quilómetros por hora
em apenas 3 segundos e che-
gar à velocidade máxima de
120 quilómetros por hora pouco
depois.
No entanto, a quantidade de
energia que gasta nessas cor-
ridas é enorme e a temperatu-
ra corporal sobe rapidamente,
pelo que necessita de descan-
sar largos minutos depois de
um sprint.
Fotografia: Arno Meintjes / via Flickr
PumaPuma concolor
Estado de conservação:
Pouco preocupante
O puma é um grande felino
americano, conhecido por uma
panóplia de nomes tais como
leão da montanha, cougar,
onça parda, suçuarana e ou-
tros. Acredita-se que existam
mais de 40 nomes para este
mesmo animal.
As patas traseiras dos pumas
são maiores que as dianteiras,
especialmente adaptadas a
grandes saltos. Caçam as suas
presas através de emboscadas
e escondem-nas, para se irem
alimentando delas durante vá-
rios dias.
São animais tímidos e solitários,
no entanto não se dão bem em
habitats pequenos.
Apesar dos pumas adultos te-
rem uma coloração uniforme,
os bebés têm uma pelagem
malhada e, tal como os nossos
gatos, olhinhos azuis.
Fotografia: Julian Wellbrock / via Flickr
Pantera
Nebulosa
Neofelis nebulosa
Estado de conservação:
Em perigo
Também conhecido como leo-
pardos nebulosos, tem, propor-
cionalmente, os maiores dentes
caninos entre todos os carní-
voros terrestres e são a nossa
visão atual mais aproximada
(embora ainda muito diferente)
com os já extintos tigres-den-
tes-de-sabre.
Apesar de não estarem rela-
cionados com os restantes leo-
pardos, partilham com estes a
excelente habilidade de subir
às árvores, conseguindo até
pendurar-se nos ramos presos
apenas pelas patas.
A maior parte da informação
que temos sobre as panteras
nebulosas advém da observa-
ção em cativeiro. A vida destes
felinos em ambiente selvagem
é algo misteriosa e pouco se
sabe sobre eles.
Fotografia: Gary Brigden / via Flickr
O mundo sem estes animais
não seria a mesma coisa. Não
poderia. A boa notícia é que não
é tarde demais para ajudar.
Um dos principais movimentos
globais focados na conserva-
ção dos grandes felinos é a Big
Cats Initiative. Fundada pela
National Geographic em con-
junto com os conservacionis-
tas Dereck e Beverly Joubert,
trabalha em conjunto com as
populações locais para minimi-
zar conflitos humano-animal e
proporcionar uma co-habitação
pacífica com os animais. Pode
conhecer mais sobre o traba-
lho deles e apoiar em http://ani-
mals.nationalgeographic.com/
animals/big-cats/
Conheça e considere apoiar
também a Big Cat Rescue, um
dos maiores santuários de gran-
des felinos do mundo (http://bi-
gcatrescue.org/) e o programa
Big Cats da WCS (http://www.
wcs.org/our-work/wildlife/big-
-cats).
Juntos podemos contribuir para
que estes fantásticos animais
continuem a rugir livremente
pelo mundo dos animais.Fotografia: Ali Arsh / via Flickr
Descubra mais sobre grandes felinos em:
- www.mundodosanimais.pt/mamiferos/felinos
Inspirar pessoas a
melhor dos ani
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Produção e Conteúdos:
Carlos Gandra
Data da Edição:
Fevereiro de 2016
Contacto geral
geral@mundodosanimais.pt
Colaboração
editor@mundodosanimais.pt
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uma publicação gratuita. Sinta-se
livre para a distribuir por email,
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  • 3.
  • 4. 4 MUNDO DOS ANIMAIS 20 OS GATOS DE As ruínas de de Roma, são para os aman 30 A TELEPATIA Como é que o connosco e co mos as respo 42 O REINO AME Estão entre o neta, mas ser Conheça melh Fotografia de capa: Liv Unni Sødem / via Flickr Todas as ediçõe www.mundodos
  • 5. E ROMA Torre Argentina, no centro histórico o um verdadeiro paraíso de gatos ntes dos pequenos felinos. CANINA os cães se conseguem sintonizar ompreender-nos tão bem? Explora- ostas neste artigo. EAÇADO DOS GRANDES FELINOS os animais mais carismáticos do pla- riamente ameaçados de extinção. hor os grandes felinos. BEM-VINDO(A) Nesta edição falamos de felinos de todos os tamanhos. Começa- mos por uma comunidade muito especial de pequenos felinos, os gatos de Roma, que dão vida às ruínas onde Júlio César foi assas- sinado no ano 44 antes de Cristo (a.C.) e são hoje o grande atrativo turístico do centro histórico da ci- dade - mais do que os monumen- tos (pág. 20). Também bastante atrativos, mas infelizmente ameaçados, estão os grandes felinos. Fazem parte dos animais mais carismáticos do pla- neta e dificilmente conseguimos imaginar um mundo sem eles, um mundo sem tigres, leões, leopar- dos, jaguares ou chitas, mas essa pode vir a ser uma realidade. Conheça melhor cada um deles e saiba o que pode fazer para os ajudar (pág. 42). Felinos à parte, leia também um artigo que procura explicar como os cães parecem ter a capacida- de de nos ler a mente, saber o que sentimos e como estamos, melhor que qualquer outro animal (pág. 30). Carlos Gandra es disponíveis gratuitamente em: sanimais.pt/revista
  • 7. 7EDIÇÃO Nº 30 Um gatinho abandonado dá uma deliciosa turrinha no imã Mustafa Efe, que abriu as portas da mesquita Aziz Mahmud Hüdayi em Istambul, na Turquia, para abrigar os gatos de rua — cujo número está descontrolado na cidade. O gesto e o exemplo de solidariedade têm corrido o mundo. Uma mãe gata sentiu-se tão confortável na mesquita que levou os seus bebés, um a um, para o seu interior. Fotografia: Mustafa Efe / via Facebook
  • 8. 8 MUNDO DOS ANIMAIS Uma pequena preguiça perdida enquanto tentava atravessar uma estrada no Equador, que decidiu segurar-se a um poste até chegar ajuda. As autoridades socorreram a pequena preguiça, que foi observada por um veterinário antes de ser devolvida ao seu habitat natural. Não apresentava qualquer problema ou ferimento. Fotografias: Comisión de Tránsito del Ecuador / via Facebook
  • 10.
  • 11. A fantástica albatroz Wisdom, a ave mais velha do mundo de que há registo, volta a deixar a sua marca com a sua mais recente cria. Com 65 anos, a Wisdom viu nascer o seu mais novo rebento no início deste mês (Fevereiro) no Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Atol de Midway, no Hawai, onde milhares de albatrozes regressam todos os anos para nidificar. Fotografia: Kiah Walker / Voluntária do USFWS
  • 12. 12 MUNDO DOS ANIMAIS
  • 13. 13WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT Um abraço profundamente humano entre o chimpanzé Ponso e a conservacionista Estelle Raballand, numa ilha da Costa do Marfim. A vida tem sido dura com o chimpanzé Ponso, que passou anos como cobaia de um laboratório até ser abandonado, juntamente com outros chimpanzés cobaias, em ilhas que não têm recursos naturais para sequer se alimentarem — ficando dependentes da boa vontade das pessoas. Em 2013 a família do Ponso morreu com poucos dias de intervalo, o que o deixou sozinho e isolado nos últimos três anos. Os outros chimpanzés cobaias também já tinham morrido. Por tudo isto, não deixa de ser emocionante que receba um ser humano de forma tão… humana. Fotografia: Estelle Raballand / via Facebook
  • 14. Uma família de refugiados oriunda de Mossul, no Iraque, encontra finalmente o seu gato Kunkush, que tinha desaparecido quando o barco que os transportava aportou na ilha grega de Lesvos. Foi encontrado dias depois por voluntários que tinham participado na busca logo no primeiro dia, mas o paradeiro da família era entretanto incerto e por isso foi enviado para uma família de acolhimento temporário em Berlim, na Alemanha (para onde muitos refugiados foram realojados), que ficou com ele por alguns meses. Os voluntários não desistiram de procurar os donos e criaram um site com fotos do gato, que chegou aos media. A família entretanto já estava na Noruega, quando viu a notícia do gato num jornal local. O reencontro foi organizado e a imagem descreve tudo o que se pudesse escrever mais sobre o momento. Fotografia: via reddit
  • 15.
  • 16. Uma corajosa cachorrinha chamada Chi Chi brinca na sua nova casa, no Arizona, depois de ver as suas quatro patas serem amputadas. A história da Chi Chi não é fácil de contar. Nasceu numa fazenda de carne de cão, na Coreia do Sul. A dada altura, amarraram-lhe as quatro patas e penduraram-na de cabeça para baixo, dia e noite. A tortura provocou-lhe feridas, que rapidamente infetaram e literalmente apodreceu carne e osso. Como a carne já não prestava, foi atirada para o lixo dentro de um saco preto, onde foi encontrada. As patas não tinham salvação, mas felizmente a menina teve, e agora também tem uma casa, mas ainda são precisos muitos cuidados. A Chi Chi tem uma página no Facebook onde pode acompanhar as novidades e oferecer algum apoio: https://www.facebook.com/ chichigreat/ Fotografia: Chi Chi The Great / via Facebook
  • 17.
  • 18.
  • 19. 19EDIÇÃO Nº 30 Um texuguinho bebé encontrado sozinho e a morrer de frio no jardim de uma família em Inglaterra. A família ainda aguardou algum tempo por um sinal da progenitora, até acabar por decidir acolhe-lo antes que fosse tarde demais para lhe salvar a vida. Levaram então o pequeno texugo para o centro de recuperação de vida selvagem Secret World Wildlife Rescue (SWWR), onde foi tratado e alimentado. Fotografia: Secret World Wildlife Rescue Veja mais fotos no Mundo dos Animais: - www.mundodosanimais.pt/fotos
  • 20. A s ruínas de Torre Argentina, no centro histórico de Roma, onde Júlio César foi assassi- nado no ano 44 antes de Cris- to (a.C.), são um verdadeiro paraíso de gatos para os amantes dos pequenos felinos. Trata-se de um santuário mile- nar onde muitos gatos encontram abri- go e comida. Os voluntários da associação Torre Ar- gentina Roman Cat Sanctuary cuidam diariamente da alimentação, higiene e cuidados de saúde dos mais de 250 gatos que habitam nas ruínas. Também esterilizam os animais e promovem a sua adoção. A relação histórica entre nós e os gatos está marcada por altos e baixos e com os gatos de Roma não tem sido dife- rente. A admiração dos romanos pelos gatos terá começado com o contributo dos felinos para a exterminação da peste, ao consumirem os ratos portadores da doença. Durante a Segunda Guerra Mundial, a escassez de comida levou os romanos a consumir gatos para so- breviverem e quando a guerra termi- nou, os romanos ter-se-ão dedicado a Os Gatos de Roma 20 MUNDO DOS ANIMAIS
  • 21. Fotografia: Heather F / via Flickr 21WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT
  • 22.
  • 23. Fotografia: spezz / via Flickr
  • 24.
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  • 27. Fotografia: Brett Davis / via Flickr
  • 28. Fotografia: Wknight94 / via Wikimedia Commons Fotografia: Andou / via Wikimedia Commons 28 MUNDO DOS ANIMAIS
  • 29. “As pessoas interessam-se mais por gatos do que por monumentos (…) os dois em conjunto formam uma com- binação fantástica, porque os monumentos parecem ganhar vida se você vir um gato deitado neles ou a sal- tar de um lado para o outro.” - Lia Dequel, co-fundadora da Torre Argentina Cat Shel- ter Association, via npr alimentar os gatos como forma de compensar o que lhes ti- nham feito. Mais recentemente, em 2001, os gatos foram consi- derados “património biocultural” da cidade, mas a associação que cuida dos gatos de Torre Argentina enfrenta a forte opo- sição dos arqueólogos italia- nos, referindo que a ocupação do espaço é incompatível com a preservação dos monumen- tos. A presença dos gatos, contudo, nunca foi posta em causa e Um- berto Broccoli, superintendente cultural de Roma, afirmou em 2012 que “os gatos de Roma são, por definição, tão antigos quanto os monumentos de már- more da cidade (…) portanto a colónia não será movida”. Apesar da colónia de Torre Ar- gentina ser a mais famosa entre os turistas e os amantes dos fe- linos, estima-se que em Roma existam no total cerca de 250 mil gatos nas ruas, distribuídos por cerca de 2 mil colónias. A associação conseguiu, na últi- ma década, vacinar e esterilizar 27 mil gatos, bem como concre- tizar a adoção de uma média de 125 gatos por ano. Visite a página da Torre Ar- gentina Roman Cat Sanctuary (http://www.romancats.com/in- dex_eng.php) para conhecer melhor o trabalho dos seus vo- luntários e, se achar por bem, oferecer-lhes um donativo. Descubra mais sobre gatos em: - www.mundodosanimais.pt/gatos 29WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT
  • 30.
  • 31. Q ualquer pessoa que já tinha convivido com um cão sabe que os cães, entre todos os animais, parecem ter uma sintonia especial connosco. Quantas e quantas histórias lemos sobre o cão que deu uma atenção muito especial ao dono quando este estava a passar por um momento menos bom (mais triste, mais desiludido ou stressado), ou até quando se encontrava doente ou com alguma dor ou mal-estar. Quando o cão parecia saber coisas so- bre o nosso estado de espírito que em princípio não teria como saber — e nós não teríamos como lhe contar. Neste artigo, vamos olhar para alguns estudos científicos que visam entender aquilo a que, não oficialmente, chama- mos de telepatia canina. Os mecanis- mos que levam um cão a compreender- -nos melhor que qualquer outro animal. Qual o alcance das suas capacidades, e qual o limite das mesmas. No fundo, descobrir o melhor amigo do Homem.Fotografia: Tal Atlas / via Flickr A Telepatia Canina 31A TELEPATIA CANINA
  • 32. 32 Podem os cães ler a nossa mente? O s cães estão tão sin- tonizados connos- co que podem ler as nossas mentes, de acordo com um estudo publi- cado na Learning & Behavior. O mesmo estudo indica que os cães, provavelmente, já nas- cem com essa habilidade. À medida que os cães se en- contram junto dos seres huma- nos, mais habilidosos se tornam em telepatia canina, que resulta da hipersensibilidade dos senti- dos. Todos aqueles que têm ou já tiveram cães em casa duran- te algum tempo, com certeza repararam na forma como os cães nos entendem de uma forma particularmente bem, de- tetando sinais do nosso cansa- ço, stress, dores de cabeça ou outros problemas antes de nós, conscientemente, os exibirmos. Os cães são também conheci- dos por conseguirem detetar se uma pessoa tem cancro. Pare- cem igualmente sentir quando estamos felizes e/ou de ótima saúde. Monique Udell e a sua equipa, da Universidade da Florida, re- fletiram sobre o porquê de os cães serem tão perspicazes a ler a nossa mente, e como o conseguem fazer. A questão é, os cães nascem com essa ha- bilidade, ou vão aprendendo com a experiência do contacto humano? Para explorar estas e outras questões, Udell e a sua equipa planearam duas experiências, envolvendo tanto lobos como cães domésticos. Nas expe- riências, foi dada a oportunida- de aos dois animais de pedirem comida, a uma pessoa atencio- sa e a uma pessoa indiferente. Os investigadores observaram pela primeira vez que os lobos, tal como os cães domésticos, são capazes de ir pedir comi- da à pessoa atenciosa, aproxi- mando-se dela. Isto demonstra que ambas as espécies, domesticadas ou não domesticadas, têm a capacida- dedeproduzirumcomportamen- to mediante a atenção que uma MUNDO DOS ANIMAIS
  • 33. Fotografia: @dihpardal Diogo Fernando / via Flickr pessoa demonstra, consciente ou inconscientemente, por eles. Uma vez que os lobos não têm experiência no contacto com seres humanos, é assim muito provável que esta habilidade já nasça com eles. Os cães, além de nascerem com a habilidade, podem aper- feiçoar à medida que mantém o contacto com seres humanos, pelo que um cão que viva com pessoas desde bebé, terá em adulto uma capacidade supe- rior de ler a mente dos seus do- nos, do que um cão que, por al- gum motivo, como o abandono ou o nascimento na rua, não conviva de perto com pessoas durante bastante tempo. Segundo a investigação, “os re- sultados sugerem que a capa- cidade dos cães para seguir as ações humanas deriva de uma vontade de aceitar as pessoas como companheiros sociais, combinada com o condiciona- mento de seguir os gestos e as ações dos seres humanos e adquirir reforço. Os tipos de sinais, o contexto em que são apresentados e a experiência prévia, são todos importantes”.
  • 34. 34 comunicação humana de uma forma que, anteriormente, es- tava atribuída apenas a bebés humanos de 6 meses de idade” explicou o co-autor de um novo estudo, Jozsef Topal, à Disco- very News. “Eles leem as nos- sas intenções de comunicação de uma forma pré-verbal, uma forma semelhante aos bebés” acrescentou Topal. A comunica- ção pré-verbal é a forma que os bebés nos interpretam e se ex- primem sem usar as palavras, pois não aprendemos logo a fa- lar. Os investigadores afirmam que Ler a nossa mente? Não exa- tamente O segredo dos cães parece es- tar nos nossos próprios olhos: os cães seguem os movimen- tos dos nossos olhos, que lhes dão sinais das nossas inten- ções. Os bebés humanos tam- bém possuem esta habilidade, descrita na publicação Current Biology. Esta revelação talvez explique porque motivo os do- nos costumam tratar os seus animais de estimação como se fossem crianças. “Os cães estão recetivos à Fotografia: Peer / via Flickr WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT
  • 35. 35A TELEPATIA CANINA de anos, nos quais muitos dos atributos selvagens (como os lobos) foram transformados e adaptados pelos desafios de uma vida em conjunto com os seres humanos. Topal e a sua equipa suspeitam que os cavalos e os gatos do- mésticos também sejam capa- zes de ler as nossas intenções, uma vez que vivem de forma próxima a nós há também mui- tos anos. Num estudo à parte, publicado na Animal Behavior, os inves- tigadores descobriram que os os atributos sociais dos cães atingem o nível de uma criança com dois anos de idade, uma vez que o único talento que lhes falta é a linguagem. “Estes atri- butos dos cães ajudam a forta- lecer a ligação cão-humano, que é atualmente única tendo em consideração as diferenças biológicas entre as duas espé- cies”. Os cães foram os primeiros animais a ser domesticados e aparentemente sem benefícios diretos, como alimento ou pas- toreio. A cognição social dos cães evoluiu durante milhares Fotografia: Ricardo Mangual / via Flickr
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  • 38. cães comunicam com as pes- soas para pedir, mas não para informar. Seja como for, fazem- -no de forma bastante concen- trada e intensa. Juliane Kamins- ki, líder deste segundo estudo, indicou que “fica demonstrado como os cães estão sintoniza- dos de forma intencional com a comunicação humana e quão importante determinados sinais são para eles, de forma a per- ceber quando é que a comuni- cação é relevante e direcionada para eles”. Topal pensa ser possível que os cães, por vezes, sejam até superiores aos seres humanos adultos no que diz respeito a interpretar intenções, uma vez que estão atentos a todos os sinais como odores, sons e ou- tras pistas que possam indicar algo. “Os cães aprendem facil- mente a associar até os com- portamentos inconscientes dos seus donos com as respetivas intenções. Desta forma, um cão adquire a habilidade de anteci- par o comportamento seguinte do seu dono, e isto em deter- minados casos dá a sensação de que o cão acabou de ler a nossa mente” concluiu Topal. Os cães compreendem-nos melhor que qualquer outro animal Apesar dos chimpanzés serem os nossos parentes mais próxi- mos, nenhum animal nos com- preende tão bem como os cães. É isto que sugere um novo es- tudo, publicado na revista cien- tifica PLOS One, ao concluir que os chimpanzés podem não ligar muito quando uma pessoa aponta para um objeto, mas os cães prestam atenção e sabem exatamente o que essa pessoa quer. “Penso que estamos a olhar para uma adaptação muito es- pecial dos cães, para serem sensíveis ás várias formas de comunicação dos seres huma- nos” disse a co-autora do estu- do, Juliane Kaminski, psicóloga da Max Planck Institute for Evo- lutionary Anthropology, citado pela Discovery News. “Existem múltiplas evidências a sugerir que as pressões seletivas du- rante a domesticação alteraram os cães de tal modo, que eles ficaram perfeitamente adapta- dos ao seu novo nicho, que é a companhia humana”. 38 WWW.MUNDODOSANIMAIS.PT
  • 39. É mesmo possível que esta ha- bilidade já nasça com os cães, uma vez que cachorros de ape- nas seis semanas e sem qual- quer treino específico, já a pos- suem. Para realizar este estudo, Ka- minski e os seus colegas com- pararam quão bem os chim- panzés e os cães conseguem compreender o apontamento humano. Uma pessoa apontou para um objeto visível que se encontrava fora do seu alcance, mas dentro do alcance do ani- mal. Se um chimpanzé ou um cão pegassem no objeto, se- riam recompensados com um petisco adequado (fruta para o chimpanzé e ração seca para o cão). Os chimpanzés mostraram-se entusiasmados pela recompen- sa, mas ignoraram os gestos humanos. Os cães passaram o teste. Os chimpanzés não com- preenderam a intenção da pes- soa, ou seja, não viram o apon- tamento como algo importante e por isso, decidiram ignorar esse gesto. “Sabemos que os chimpanzés têm uma compreensão muito flexível dos outros; sabem quan- do os outros podem ou não po- dem ver, quando os outros po- dem ou não vê-los a eles, etc” explicou Kaminski. Não são, por isso, de alguma forma ignorantes, apenas não evoluíram a tendência de pres- tar atenção aos seres huma- nos, pois não necessitam disso no seu habitat natural. Os pró- prios lobos não possuem esta habilidade: “Os lobos, mesmo quando criados no seio de um ambiente humano, não são fle- xíveis com a comunicação das pessoas como são os cães” disse. E os gatos? Investigações anteriores de- monstraram que os gatos do- mésticos também prestam atenção ás pessoas e com- preendem os gestos humanos. Kaminski, no entanto, men- cionou que “os investigadores precisaram de os selecionar de entre mais de uma centena de gatos” sugerindo assim que apenas alguns gatos se colo- cam a par dos cães no que diz respeito a compreender as pes- soas. 39A TELEPATIA CANINA
  • 40. Os cães sentem mesmo os nossos problemas Confortar pessoas angustia- das, por exemplo, pode estar mesmo implementado no cére- bro canino. Um recente estudo, publicado na Animal Cognition, concluiu que os cães podem ser realmente os melhores ami- gos do Homem, sobretudo se a pessoa estiver de alguma for- ma angustiada. Essa pessoa angustiada nem precisa de ser alguém que o cão conheça pre- viamente. “Eu penso que existem bons motivos para suspeitar que os cães são mais sensíveis ás emoções humanas que qual- quer outra espécie” disse a co- -autora Deborah Custance à Discovery News. “Nós domes- ticamos os cães por um longo período de tempo e fizemos uma criação seletiva para eles se comportarem como nossos companheiros. Assim, os cães que responderam de forma sen- sível ás nossas pistas emocio- nais tiveram maiores chances de serem os escolhidos como animais de estimação e de cria- ção” concluiu. Custance e a colega Jennifer Mayer, ambas do departamen- to de psicologia da University of London Goldsmiths Colle- ge, expuseram 18 cães a qua- tro encontros separados de 20 segundos cada com humanos, entre os quais se encontravam tanto os donos como estranhos. Numa das experiências, as pessoas emitiram sons a simu- lar aflição e fizeram de conta que estavam a chorar. A maio- ria dos cães tentou confortar a pessoa, independentemente de ser o próprio dono ou um estranho. Os cães atuaram de forma submissa, aninhando-se e lambendo as pessoas. As in- vestigadoras afirmam que este comportamento é consistente com empatia, preocupação e tentativa de dar conforto. Sobre o que irá dentro da ca- beça de um cão, existe outro estudo recente, publicado na PLOS One, que demonstra que o cérebro dos cães reage assim que eles observam pessoas. Neste caso, os investigadores treinaram os cães para respon- der a sinais gestuais que indi- cavam se iriam receber comida ou não. 40 MUNDO DOS ANIMAIS
  • 41. Fotografia: Jelly Dude / via Flickr O núcleo caudado do cérebro dos cães, uma área associada à recompensa nos humanos, mostrou ativação quando os cães sabiam que iam receber comida. “Estes resultados indicam que os cães prestam muita atenção aos gestos humanos” disse o líder da investigação Gregory Berns, diretor do Emory Cen- ter for Neuropolicy. Apesar de este último estudo ter tido como amostra de recompensa a comi- da, Custance e Mayer pensam que os cães, ao longo de milha- res de anos de domesticação foram tantas vezes recompen- sados pela sua aproximação a pessoas angustiadas que isso pode ter ficado implementado nos seus cérebros. O fenómeno pode ter um ele- mento do subconsciente. “Os cães bocejam contagiados pelo bocejo humano” disse Matthew Campbell, professor assistente do departamento de psicolo- gia da universidade da Geór- gia. “Nós selecionamos os cães para estar sintonizados con- nosco emocionalmente”. Descubra mais sobre cães em: - www.mundodosanimais.pt/caes
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  • 43. O Reino Ameaçado dos Grandes Felinos Estão entre os animais mais carismáticos do planeta e damos a sua presença como adquirida, mas correm risco elevado de desaparecer. Fotografia: Alias 0591 / via Flickr
  • 44. A s populações dos maiores felinos, como leões, tigres, chitas, leopardos e jaguares, estão em declínio acentuado e algumas em perigo critico de extinção. Carismáticos, predadores de topo, de semblante imperturbá- vel, damos por adquirida a sua presença, sem desconfiar que um mundo sem nenhum destes animais pode ser uma realida- de no futuro próximo. As razões para o crescente risco de extinção dos grandes felinos são evidentes e bem conhecidas – mas este conhe- cimento não tem impedido que as más práticas continuem a ser praticadas. A desflorestação e consequen- te perda de habitat é um factor crítico para qualquer animal, mas facilmente pode imaginar o que isso significa quando es- tamos a falar de animais destas dimensões, que necessitam de muito espaço e de clima, tanto para eles próprios como tam- bém para as presas das quais se alimentam. Basta referir que um dos mo- tivos que levou ao acentuado declínio do lince ibérico foi o desaparecimento da maior par- te das populações de coelhos bravos. Todos os animais de- pendem uns dos outros para a sua sobrevivência. Os conflitos com populações humanas, a 44 MUNDO DOS ANIMAIS
  • 45. caça furtiva e o tráfico também contribuem grandemente para que existam cada vez menos grandes felinos na natureza. A sua extraordinária beleza tam- bém tem funcionado contra eles, pois as suas peles exóti- cas e vistosas são muito procu- radas no mercado negro. Fotografia: Arno Meintjes / via Flickr A população selvagem de leões sofreu um decrésci- mo de 43% em apenas 21 anos, entre 1993 e 2014.
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  • 47. LeãoPanthera leo Estado de conservação: Vulnerável Desde crianças que estamos habituados a ouvir falar dos leões como os Reis da Selva – e confesse, emocionou-se ao ver o Simba perder o pai no «Rei Leão». O facto de os leões serem pos- santes, terem uma majestosa juba e um estilo de vida “de Rei” certamente contribuiu para que fossem assim chamados, embora seja interessante notar que nem sequer vivem na selva, pois não gostam de ambientes húmidos e com vegetação alta, preferindo savanas, quentes e com a vegetação mais rasteira. Os leões são os segundos maiores felinos do mundo, fi- cando apenas atrás dos tigres. São também os felinos mais sociais que existem e os únicos que se organizam em grupos para caçar. Fotografia: Terence T.S. Tam / via Flickr
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  • 49. TigrePanthera tigris Estado de conservação: Em perigo O tigre é o maior felino do mun- do. São animais de hábitos so- litários e reconhecidos pelas suas espantosas listas negras. As listas dos tigres são tão úni- cas para cada um deles como as impressões digitais são para nós. Estas listas não desapare- cem se o pêlo, por alguma ra- zão, cair ou for cortado. Os tigres, bem como os leo- pardos, têm o hábito de limpar primeiro as presas antes de co- meçarem a alimentar-se. Desta forma não ingerem pêlos que lhes possam afectar a digestão. São também um dos felinos que não tem qualquer problema em entrar dentro de água para perseguir uma presa, chegando a ficar totalmente submerso. Já foram observados tigres a per- seguir crocodilos na reserva de Ranthambore, no Noroeste da Índia. Fotografia: Doug Brown / via Flickr
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  • 51. LeopardoPanthera pardus Estado de conservação: Quase ameaçado Os leopardos são os mais ver- sáteis e os trepadores de exce- lência entre os grandes felinos. Como são mais pequenos que os leões, protegem as suas ca- çadas levando-as para o topo de árvores bem altas, onde ou- tros predadores não se atrevem a tentar roubá-los. É fascinante como conseguem carregar grandes presas para cima das árvores, o que de- monstra grande força, robustez e agilidade. A grande versatilidade dos leo- pardos permite-lhes ocupar habitats diversos e alimenta- rem-se de um variado número de presas, incluindo dentro de água onde são excelentes na- dadores. Por consequência, são a espécie de grande felino mais dispersa em todo o mun- do. Fotografia: Arno Meintjes / via Flickr
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  • 53. Leopardo das Neves Panthera uncia Estado de conservação: Em perigo Os leopardos das neves, tam- bém chamados de irbis, estão excecionalmente adaptados ao frio. Pêlo espesso cobre todo o corpo, incluindo as patas, com uma coloração cinzenta es- branquiçada que os camufla em plena neve. Com patas musculadas, os leo- pardos das neves têm uma ca- pacidade incrível de salto, con- seguindo saltar com segurança uma distância de 15 metros de comprimento. A longa cauda dá-lhes o balan- ço necessário para se equili- brarem entre as montanhas do continente asiático. Chegam a habitar montanhas a 6.700 me- tros de altitude. Fotografia: Mark Dumont / via Flickr
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  • 55. JaguarPanthera onca Estado de conservação: Quase ameaçado O terceiro maior felino do mun- do (apenas atrás de tigres e de leões) e o maior felino do con- tinente americano, é também chamado de pantera ou onça pintada. Habita nos três continentes americanos e prefere viver per- to de água, em pântanos, flo- restas ou regiões que sejam frequentemente inundadas, onde caçam veados, tapires e também tartarugas, peixes ou rãs. Apesar de ser muito pareci- do com o leopardo, é maior e com comportamento mais pa- recido com os tigres. O jaguar tem a mordida mais forte entre todos os felinos, capaz de per- furar carapaças de tartaruga e até couraças de crocodilos, que ocasionalmente caçam. Fotografia: Eddy Van 3000 / via Flickr
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  • 57. ChitaAcinonyx jubatus Estado de conservação: Vulnerável Também conhecida como gue- pardo, a chita é a grande velo- cista entre os felinos e o animal terrestre mais veloz do mundo. São felinos com características únicas e especializadas e os que mais divergem em relação às outras espécies de felinos selvagens. As chitas têm uma fisionomia aerodinâmica e um organismo totalmente adaptado à veloci- dade. Conseguem acelerar dos 0 aos 100 quilómetros por hora em apenas 3 segundos e che- gar à velocidade máxima de 120 quilómetros por hora pouco depois. No entanto, a quantidade de energia que gasta nessas cor- ridas é enorme e a temperatu- ra corporal sobe rapidamente, pelo que necessita de descan- sar largos minutos depois de um sprint. Fotografia: Arno Meintjes / via Flickr
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  • 59. PumaPuma concolor Estado de conservação: Pouco preocupante O puma é um grande felino americano, conhecido por uma panóplia de nomes tais como leão da montanha, cougar, onça parda, suçuarana e ou- tros. Acredita-se que existam mais de 40 nomes para este mesmo animal. As patas traseiras dos pumas são maiores que as dianteiras, especialmente adaptadas a grandes saltos. Caçam as suas presas através de emboscadas e escondem-nas, para se irem alimentando delas durante vá- rios dias. São animais tímidos e solitários, no entanto não se dão bem em habitats pequenos. Apesar dos pumas adultos te- rem uma coloração uniforme, os bebés têm uma pelagem malhada e, tal como os nossos gatos, olhinhos azuis. Fotografia: Julian Wellbrock / via Flickr
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  • 61. Pantera Nebulosa Neofelis nebulosa Estado de conservação: Em perigo Também conhecido como leo- pardos nebulosos, tem, propor- cionalmente, os maiores dentes caninos entre todos os carní- voros terrestres e são a nossa visão atual mais aproximada (embora ainda muito diferente) com os já extintos tigres-den- tes-de-sabre. Apesar de não estarem rela- cionados com os restantes leo- pardos, partilham com estes a excelente habilidade de subir às árvores, conseguindo até pendurar-se nos ramos presos apenas pelas patas. A maior parte da informação que temos sobre as panteras nebulosas advém da observa- ção em cativeiro. A vida destes felinos em ambiente selvagem é algo misteriosa e pouco se sabe sobre eles. Fotografia: Gary Brigden / via Flickr
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  • 63. O mundo sem estes animais não seria a mesma coisa. Não poderia. A boa notícia é que não é tarde demais para ajudar. Um dos principais movimentos globais focados na conserva- ção dos grandes felinos é a Big Cats Initiative. Fundada pela National Geographic em con- junto com os conservacionis- tas Dereck e Beverly Joubert, trabalha em conjunto com as populações locais para minimi- zar conflitos humano-animal e proporcionar uma co-habitação pacífica com os animais. Pode conhecer mais sobre o traba- lho deles e apoiar em http://ani- mals.nationalgeographic.com/ animals/big-cats/ Conheça e considere apoiar também a Big Cat Rescue, um dos maiores santuários de gran- des felinos do mundo (http://bi- gcatrescue.org/) e o programa Big Cats da WCS (http://www. wcs.org/our-work/wildlife/big- -cats). Juntos podemos contribuir para que estes fantásticos animais continuem a rugir livremente pelo mundo dos animais.Fotografia: Ali Arsh / via Flickr Descubra mais sobre grandes felinos em: - www.mundodosanimais.pt/mamiferos/felinos
  • 64. Inspirar pessoas a melhor dos ani www.mundodosanimais.p
  • 65. a cuidar imais pt Produção e Conteúdos: Carlos Gandra Data da Edição: Fevereiro de 2016 Contacto geral geral@mundodosanimais.pt Colaboração editor@mundodosanimais.pt A Revista Mundo dos Animais é uma publicação gratuita. Sinta-se livre para a distribuir por email, twitter, blog ou qualquer outro meio, desde que nenhum dos conteúdos seja de alguma forma alterado. Todas as edições podem ser ace- didas gratuitamente em: www.mundodosanimais.pt/revista Visite-nos em: © 2016 Mundo dos Animais www.mundodosanimais.pt /mundodosanimais @mundodosanimais +MundodosanimaisPt