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2. CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS


2.1 Generalidades
O solo tem sido estudado por diversos ramos da ciência e tecnologia como a
agricultura, a geologia, a engenharia; sendo que cada uma dessas áreas tem
desenvolvido classificações próprias para finalidades científicas ou pragmáticas.
Na área de Engenharia civil, objetivando-se uma otimização na utilização do solo, tem-
se aproveitado classificações que podem ser divididas em genéticas e geotécnicas.
No que se refere às classificações genéticas, pedológicas e geológicas, pode-se dizer
que são essencialmente científicas, preocupando-se com a origem e evolução dos
solos.
Entre as classificações geotécnicas, destacam-se o Sistema Unificado de Classificação
dos Solos (U.S.C.S. – Unified Soil Classification System) e a classificação para
finalidades rodoviárias, mais conhecida como HRB (Highway Research Board).
No entanto, ao se utilizar esta ou aquela classificação, é importante que se conheça as
suas limitações para não incorrer em interpretações e aplicações errôneas. Com essa
finalidade, dar-se-á uma rápida visão de algumas dessas classificações, bem como
suas limitações quando empregadas para solos tropicais.
2.2 Classificações Tradicionais
2.2.1 Classificações Genéticas
2.2.1.1 Generalidades
São as classificações pedológicas e geológicas, empregadas pela geotecnia visando
melhor orientar na localização de ocorrências promissoras, e no plano de sondagem e
amostragem.
2.2.1.2 Classificações Pedológicas
Os mapas e dados pedológicos tem sido utilizados sobretudo para orientar o emprego
das camadas de solos superficiais (ou pedogenéticas) no estado natural. No entanto,
para camadas mais profundas (horizonte C e subjacentes) de natureza transportada ou
residual, muitas vezes não trazem informações suficientes.
Os mapas pedológicos do Brasil ainda são insuficientes tanto na escala (menor que
1:100.000), como nas características dos horizontes superficiais A e B, nas quais se
baseiam, pois essa camada é quase totalmente removida nas obras civis. Uma das
maiores dificuldades é ressaltada por Nogami e Villibor (1988) e consiste em que um
solo que integra um perfil pedologicamente laterítico pode apresentar comportamento
geotécnico não laterítico e vice-versa.
2.2.1.3 Classificações Geológicas
Os mapas geológicos existentes no Brasil são essencialmente do bedrock, o que cria
dificuldade quanto a sua utilização para fins geotécnicos pois que, além de não
existirem mapas com escala apropriada, muitas camadas de solos residuais ou
transportados nem constam dos mapas. Há ainda a dificuldade de se identificar os
solos saprolíticos, pois que uma mesma rocha matriz, sob a ação do intemperismo
tropical, pode dar origem a grande variedade de tipos geotécnicos de solos que se
apresentam de maneira complexa e características mecânicas e hidráulicas diversas.
2.2.2 Classificações Geotécnicas
2.2.2.1 Generalidades
Das classificações geotécnicas, duas são as que mais se salientam: a classificação
HRB - AASHTO e o Sistema Unificado de Classificação de Solos (USCS), que se
baseiam nos limites de Atterberg (LL e LP) e na granulometria.



                                                                     Rita Moura Fortes
                                                                                   1/1
2.2.2.2 Classificação Highway Research Board (HRB)
Essa classificação tem sido mais empregada em finalidade rodoviárias, sendo ela
adotada pela maioria dos órgãos públicos nacionais.
Além de se basear nas propriedades índice do solo: limites de Atterberg (LL e LP) e
granulometria, a classificação HRB-AASHTO utiliza o índice de grupo (IG) onde entram
os valores de porcentagem passada na peneira de malha de 0,074 mm, do LL e do IP
(índice de plasticidade), podendo assumir qualquer valor positivo inteiro, inclusive o
zero, no que difere do proposto originalmente, quando sua amplitude ia de 0 a 20.
Como o IG atribui um valor ao solo, o qual varia inversamente à capacidade de suporte
do subleito, sob boas condições de drenagem e compactação, se um solo possuir IG
igual a zero, será considerado bom material e, quanto mais elevado for seu valor, pior
material.
Os solos são divididos de A1 a A8 (solos altamente orgânicos): A-1-a, A-1-b, A-2-4, A-
2-5, A-2-6, A-2-6, A-2-7, A3, A4, A5, A6, A-7-5, A-7-6, sendo que o comportamento
como camada para composição da estrutura do pavimento dos solos A-1-a, A-1-b, A-2-
4, A-2-5, A3 é considerado de excelente a bom, e os restantes, de regular a mau.
2.2.2.3 Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) ou Unified Soil
            Classification System (USCS)
Essa classificação que se utiliza de propriedades-índice LL, LP e granulometria foi
desenvolvida por Arthur Casagrande, e apresentada num simpósio (Casagrande,
1948), tendo sofrido várias revisões, sendo que a última ocorreu em 1983 (Horward,
1984).
Os limites de Atterberg são determinados com a fração menor que 0,42 mm, servindo
essencialmente para classificar a fração fina de solo, através da carta de plasticidade
(LL x IP).
Os solos são representados por duas letras, a primeira relativa à granulometria e a
segunda à plasticidade. Assim, tem-se para os solos que mais de 50% da fração fina
fica retida na peneira de 0,075 mm as seguintes letras: G (pedregulho), S (areia) que
pode ser bem graduados e designados pela letra W e caso contrário com a letra P.
Para os solos cuja fração fina passa mais que 50% na peneira de malha 0,075 mm,
têm-se as letras M (silte) e C (argila) que recebem os sufixos L (baixa) e H (alta)
plasticidade. Ainda a letra O representa os solos orgânicos.
2.2.2.4 Limitações das Classificações Geotécnicas : HRB e USCS quando
             aplicadas a solos tropicais
Diversos autores entre eles Lumb (1962), Moh e Mazhar (1969), Lyon Associates
(1971), Gidigasu (1980), Nogami e Villibor (1979(a) (b)), Mitchell e Sittar (1982), têm
investigado e discutido as limitações das classificações geotécnicas comumente
denominadas de ortodoxas, as quais se baseiam nas propriedades-índices, conforme
foi anteriormente citado.
Algumas limitações ocorrem principalmente em razão das diferenças existentes entre a
natureza das frações de argila e areias, de solos de regiões tropicais e regiões
temperadas, para as quais tais classificações foram desenvolvidas.
A fração de argila dos solos lateríticos possuem óxidos de ferro e/ou alumínio
hidratados, bem como argilos-minerais que conferem baixa expansibilidade e alta
capacidade de suporte quando compactados, não sendo encontrados em solos não
lateríticos.
A fração arenosa dos solos lateríticos pode conter elevada porcentagem de concreções
de resistência inferior à da areia tradicional (essencialmente quartzo). A presença de
mica e/ou de feldspato nos solos saprolíticos reduz a densidade seca, a capacidade de
suporte e o índice de plasticidade, aumentando o teor de umidade ótima e a expansão
do solo.

                                                                     Rita Moura Fortes
                                                                                   2/2
As limitações quanto a essas classificações podem ser resumidas em:
a) Repetibilidade dos resultados dos ensaios;
b) Falta de correlação da classificação e o comportamento geotécnico (propriedades
   mecânicas e hidráulicas) observado.
Referente a alínea a), Gidigasu (1980) já alertava para a elevada dispersão dos
resultados dos limites de Atterberg e a granulometria dos solos tropicais.
Na figura 2.1 observa-se o ocorrência de solos tropicais no Brasil.




Figura 2.1 – Ocorrência de solos lateríticos no Brasil ( Villibor et al, 2000).

2.3     Apresentação da Metodologia MCT
2.3.1 Generalidades
Conforme exposto, a metodologia tradicional apresenta uma série de limitações e
deficiências para o uso de solos na pavimentação, desde os aspectos de classificação
de solos até os critérios de escolha e dosagem de materiais para o emprego em bases.
Tendo em vista as dificuldades e deficiências apontadas no uso das classificações
tradicionais, desenvolvidas para solos de clima frio e temperado, quando empregadas
em solos de ambientes tropicais, Nogami e Villibor desenvolveram uma metodologia
designada MCT, específica para solos compactados tropicais. Essa metodologia
baseia-se numa série de ensaios e procedimentos, que reproduzem as condições reais
de camadas de solos tropicais compactadas aferindo propriedades geotécnicas que
espelham o comportamento “in situ” dos solos tropicais.
A sistemática MCT desenvolvida por Nogami e Villibor a partir da década de 70, deve-
se principalmente aos seguintes fatores:
-       limitações dos procedimentos tradicionais em caracterizar e classificar os solos
com base na granulometria e limites de Atterberg (LL e IP). Estes índices são
incapazes e insuficientes para se distinguir os principais tipos de solos tropicais, de
                                                                          Rita Moura Fortes
                                                                                        3/3
propriedades opostas, conhecidos como lateríticos e saprolíticos, inadequadamente
designados em outros países de “residuais”.
-        constatação experimental de bom desempenho, de bases constituídas por solos
lateríticos de granulação fina e de solo agregado com grande porcentagem de finos
(passando freqüentemente quase que integralmente na peneira de 0,42 mm de
abertura) apesar de serem considerados inapropriados para base de pavimentos pelas
sistemáticas tradicionais.
A designação MCT (Miniatura Compactada Tropical) é proveniente da utilização de
ensaios de dimensões reduzidas (corpos de prova com 50 mm de diâmetro) com solos
tropicais compactados.
Esta Metodologia abrange dois grupos de ensaios a saber:
- Mini CBR e associados e
- Mini MCV e associados.
A partir dos ensaios de Mini CBR e associados pode-se obter as características dos
solos apropriados para bases de pavimentos. Geralmente, após a compactação dos
corpos de prova, determina-se uma série de propriedades, tais como: capacidade de
suporte (Mini CBR), expansão, contração, infiltrabilidade, permeabilidade, etc.
Os ensaios Mini MCV e associados fornecem parâmetros para a determinação dos
coeficientes c’ e e’, que por sua vez permitem a classificação dos solos de acordo com
a classificação MCT, além de permitirem a determinação de todas as propriedades
referidas nos ensaios Mini CBR e associados.
As propriedades obtidas através do grupo de ensaios Mini CBR e associados são
determinadas em corpos de prova compactados com energia constante (normal ou
intermediária) para vários teores de umidade.
Com relação ao grupo de ensaios Mini MCV e associados, com exceção do ensaio de
perda de massa por imersão, as demais propriedades são obtidas na máxima
densidade para vários teores de umidade (variação da energia de compactação).
As Figuras 2.2 e 2.3 ilustram os diferentes grupos de ensaios da Metodologia MCT.
2.3.2 Ensaio de Compactação
O ensaio de compactação é um dos principais ensaios da Metodologia MCT, pois a
partir de seus parâmetros básicos (teor de umidade ótima e massa especifica aparente
seca máxima) molda-se corpos de prova para a determinação de outras propriedades
geotécnicas da Metodologia MCT.
O ensaio de compactação integrante da sistemática MCT utiliza uma aparelhagem de
dimensões reduzidas podendo ser efetuado por dois métodos distintos de
compactação: mini proctor e mini MCV.
A seguir serão apresentados somente os ensaios classificatórios.
2.3.2.1 Ensaio de compactação Mini-MCV
Este ensaio foi desenvolvido para estudo de solos tropicais em dimensões reduzidas
por Nogami e Villibor em 1980, denominado de Mini MCV, foi baseado no método
proposto por Parsons (1976), conhecido como ensaio MCV (Moisture Condition Value).
Este ensaio consiste na aplicação de energias crescentes, até se conseguir um
aumento sensível de densidade para vários teores de umidade, obtendo-se uma família
de curvas de compactação. Essas curvas são denominadas de curvas de
deformabilidade ou de Mini MCV, pois a partir delas, pode-se determinar o Mini MCV.
Através da curva de deformabilidade correspondente ao Mini MCV igual 10, obtém-se o
coeficiente c’, utilizado na classificação geotécnica MCT.
O ensaio também pode ser utilizado no controle da compactação e na previsão da
erodibilidade.



                                                                    Rita Moura Fortes
                                                                                  4/4
METODOLOGIA

                                                                              MCT




         GRUPO DE ENSAIOS                  GRUPO DE ENSAIOS                               GRUPO DE ENSAIOS


              Mini CBR e                          Mini MCV e                                     Ensaios
              Associados                          Associados                                     "in situ"




             ENSAIO DE                            ENSAIO DE
           COMPACTAÇÃO                        COMPACTAÇÃO                    Mini CBR           Mini CBR         Mini MCV
                                                                                com                             Controle de
             Mini Proctor                           Mini MCV              Penectrômetro       Convencional       Umidade




                                                  ENSAIO DE
                                                  PERDA DE
                                                 MASSA POR
                                                   IMERSÃO




                                        ENSAIOS ASSOCIADOS
                                  Capacidade de Suporte Mini CBR,
                                 Expanão, Contração, Infiltrabilidade,
                            Permeabilidade, Penetração de Imprimadura




      Figura 2.2 - Grupos de Ensaios da Metodologia MCT (Villibor et al., 2000)




Figura 2.3 – Principais ensaios da metodologia MCT.
                                                                                                             Rita Moura Fortes
                                                                                                                           5/5
O Quadro 2.1 ilustra o equipamento, as características e procedimentos do ensaio e
suas aplicações práticas.
Quadro 2.1 - Ensaio de Compactação.
                                                                                 APLICAÇÕES DOS
    APARELHAGEM                         CARACTERÍSTICAS
                                                                                  RESULTADOS
         RELÓGIO          COMPACTADOR:                                            Método de Ensaio
         COMPARADOR       Soquete de pé, com área igual do molde e com           NBR – M 196/89
                          dispositivo que mede a altura do corpo de prova após   DER – M 191/88
                          qualquer número de golpes do soquete.                  DNER – ME 228/94
                          Distinguem-se:
         SOQUETE                                                                  Preparo de corpos de prova
                                             MOLDE      MASSA      ALTURA
                            TIPO E SIGLA     ∅ (mm)
                                                                                 para ensaios diversos.
                                                      SOQUETE (g) DE QUEDA
                               Mini ou M        50      2270,4500   305 mm
         MOLDE                SubMini ou S      26        1000      200 mm        Obtenção de dados para
                                                                                 classificação MCT de solos.
         PÉ DO SOQUETE
                          PROCEDIMENTOS:                                          Umidade ótima e massa
                              MINI-PROCTOR: Umidade variável, energia            específica aparente seca
         CORPO DE PROVA      constante (normal, intermediária ou modificada).    máxima para a energia de
                              MINI-MCV: Umidade e energia variáveis, massa       compactação escolhida.
         BASE                úmida constante (200 g no MINI, 30 g no SUB-
                             MINI); obtém-se uma família de curvas de
                             compactação.



2.3.3 Ensaio de Perda de Massa por Imersão em Água
Desenvolvido para distinguir os solos tropicais com comportamento laterítico daqueles
com comportamento não laterítico. É também utilizado para classificar os solos
tropicais (Classificação MCT), sendo empregado para o cálculo do coeficiente e’.
O Quadro 2.2 ilustra a aparelhagem, características de ensaio e aplicações dos
resultados.
            Quadro 2.2 - Ensaio de Perda de Massa por Imersão em Água
                                                                                 APLICAÇÕES DOS
    APARELHAGEM                         CARACTERÍSTICAS
                                                                                  RESULTADOS

                          PROCEDIMENTO:                                          Método de Ensaio
                                                                                 DER/SP – M 192
                          O corpo de prova (solo) compactado é                   DNER ME 254/89
                          parcialmente extraído de seu molde, de
                          maneira que fique saliente 10 mm (5 mm                  Classificação MCT de
                          para ∅ 26 mm) e, em seguida, submerso em               solos.
                          água, em posição horizontal. Recolhe-se a
                          parte    eventualmente    desprendida   e               Avaliação          da
                          determina-se a sua massa seca. A perda de              erodibilidade de solos
                          massa por imersão Pi é expressa em                     em presença de lâmina
                          porcentagem relativamente à massa seca da              d’água.
                          parte primitivamente saliente do corpo de
                          prova.


2.3.4 Ensaio para Identificação Expedita MCT – Ensaio das Pastilhas
Nogami e Cozzolino (1985), propuseram inicialmente um procedimento expedito para
atender a necessidade da identificação expedita de solos tropicais. Fortes (1990) e
Fortes & Nogami (1991) apresentaram uma proposta para o procedimento de ensaio e
identificação dos grupos MCT, que corresponde a uma série de determinações rápidas
e simples, baseada em índices empíricos e determinações qualitativas, utilizando
aparelhagem simples, podendo ser executada no campo, identificando-se com um


                                                                                   Rita Moura Fortes
                                                                                                 6/6
baixo custo, os solos de comportamento laterítico, dos de comportamento não-
laterítico, conforme grupos da classificação MCT.
Nogami & Villibor (1994; 1996), apresentaram simplificações do método, conseguindo
obter a identificação dos grupos MCT através de um gráfico do valor da contração
diametral versus penetração. Assim sendo, o método baseia-se em determinações
efetuadas em pastilhas que são moldadas em anéis de inox, secadas, verificando-se a
contração diametral, e submetidas a reabsorção de água, quando se observa o
surgimento de trincas, expansão, e resistência a penetração de uma agulha padrão.
Em 1997, Fortes apresentou uma proposta de normalização na 1ª Câmara Permanente
de Desenvolvimento Tecnológico ocorrida na Universidade Mackenzie. Desde então
este procedimento para investigação expedita geotécnica segundo a metodologia MCT
tem sido utilizado, com sucesso, em todo o país, em locais onde ocorrem solos
tropicais, tais como no estado de São Paulo pelo Departamento de Estradas de
Rodagem de São Paulo (DER-SP), no projeto de duplicação de 120 km da Rodovia
Raposo Tavares – SP 270, trecho Assis-Prudente, EMURB, em Brasília, pela
NOVACAP e que está em processo de normalização no DER-SP (Fortes, Zuppolini &
Merighi (2002).
Na figura 2.3 está apresentada a seqüência para execução do ensaio e na figura 2.4
algumas ilustrações do mesmo.




                                                                 Rita Moura Fortes
                                                                               7/7
Preparação da amostra                  Preparação da aparelhagem


Espatulação da pasta e ajustagem de sua consistência


      Moldagem e Secagem das Pastilhas


      Determinação da Plasticidade da Pasta


            Determinação da Contração das
                      Pastilhas


             Embebição e Determinação da
                     Penetração


                            Valores de
                           penetração
                          efetuados nas
                                                                 CLAS
                             pastilhas
                                                                 SIFI-
                          submetidas a
                                                                  CA-
                         embebição (ou
                                                          NÃO




                                                                 ÇÃO
                         reabsorção) for
                                                                 MCT
                        próximo ou igual
                             a 2 mm?
                                        SIM

            Determinações Complementares
  Figura 2.3 – Seqüência de execução do ensaio.
                                                       Rita Moura Fortes
                                                                     8/8
(a)                                            (b)




                  (c)                                             (d)




                    (e)                                           (f)



Figura 2.4 - Método da Pastilha. (a) aparelhagem; (b) espatulação da amostra; (c)
moldagem das pastilhas; (d) medida da contração; (e) reabsorção d`água; (f)
penetração


                                                                Rita Moura Fortes
                                                                              9/9
2.4 Aplicações Práticas da Metodologia MCT
    As principais aplicações desta metodologia são:
           − Classificação dos solos;
           − Propriedades geotécnicas;
           − Critérios de escolha e priorização de solos para bases;
           − Dosagem de misturas com solos lateríticos e
           − Dosagem de imprimaduras asfálticas.
    2.5 Classificação dos Solos com uso da Metodologia MCT
    2.5.1 Metodologia MCT “Tradicional”
    A classificação dos solos com uso da Metodologia MCT foi desenvolvida especialmente
    para o estudo de solos tropicais, baseada em propriedades mecânicas e hídricas,
    obtidas de corpos de prova compactados de dimensões reduzidas. Essa classificação
    não utiliza a granulometria, o limite de liquidez e o índice de plasticidade, como
    acontece no caso das classificações geotécnicas tradicionais, separando os solos
    tropicais em duas grandes classes, os de comportamento laterítico e os de
    comportamento não laterítico.
    Os solos lateríticos e saprolíticos, segundo a classificação MCT, podem pertencer aos
    seguintes grupos:
−        Solos de comportamento laterítico, designado pela letra L, sendo subdivididos em 3
    grupos:
         LA - areia laterítica quartzosa;
         LA’ - solo arenoso laterítico; e
         LG’ - solo argiloso laterítico.
    − Solos de comportamento não laterítico (saprolítico), designados pela letra N, sendo
    subdivididos em 4 grupos:
         NA – areias, siltes e misturas de areias e siltes com predominância de grão de
    quartzo e/ou mica, não laterítico;
         NA’– misturas de areias quartzosas com finos de comportamento não laterítico (solo
    arenoso);
         NS’– solo siltoso não laterítico e
         NG’– solo argiloso não laterítico.
    Para se classificar os solos lateríticos e saprolíticos, através da Metodologia MCT,
    utiliza-se o gráfico da Figura 2.5, onde a linha tracejada separa os solos de
    comportamento laterítico dos de comportamento não laterítico.




                                                                         Rita Moura Fortes
                                                                                     10/10
Figura 2.5 - Classificação MCT

Este gráfico foi elaborado a partir do conhecimento dos coeficientes c’ (eixo das
abscissas) e e’ (eixo das ordenadas). O coeficiente c’, denominado de coeficiente de
deformabilidade, é obtido através do ensaio mini MCV.
Os resultados obtidos neste ensaio também podem ser utilizados no controle da
compactação e na previsão da erodibilidade.
O coeficiente c’ indica a argilosidade do solo, ou seja, um c’ elevado (acima de 1,5)
caracteriza as argilas e solos argilosos, enquanto que valores baixos (abaixo de 1,0)
caracterizam as areias e os siltes não plásticos ou pouco coesivos. No intervalo entre
1,0 e 1,5 se situam diversos tipos de solos, tais como: areias siltosas, areias argilosas,
argilas arenosas e argilas siltosas.
O coeficiente e’ é calculado a partir do coeficiente d’ (inclinação da parte retilínea do
ramo seco da curva de compactação, correspondente a 12 golpes do ensaio de mini
MCV) e da perda de massa por imersão Pi (porcentagem da massa desagregada em
relação à massa total do ensaio quando submetida à imersão em água), expresso pela
expressão:
          20   Pi 
  e' = 3   +        
          d '   100 
Detalhes dos procedimentos de cálculo dos coeficientes c’ e e’ e ensaios associados
se encontram no livro “Pavimentação de Baixo Custo com Solos Lateríticos” dos
autores Nogami e Villibor, 1995.
2.5.2 Classificação MCT - Pastilhas
Uma vez obtidos os valores da contração diametral e da penetração, locá-los na carta
apresentada na Figura 2.6, obtendo-se o grupo de solo da metodologia MCT. No
quadro 2.3 estão apresentadas as propriedades dos solos de acordo com a
classificação MCT.




                                                                       Rita Moura Fortes
                                                                                   11/11
Figura 2.6 - Carta de Classificação do Método das Pastilhas (Nogami e Villibor, 1994).


  Quadro 2.3 – Propriedades e Utilização dos Grupos de Solos da MCT (Nogami e
                                   Villibor, 1995)




                                                                    Rita Moura Fortes
                                                                                12/12

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2 classificacao de_solos

  • 1. 2. CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS 2.1 Generalidades O solo tem sido estudado por diversos ramos da ciência e tecnologia como a agricultura, a geologia, a engenharia; sendo que cada uma dessas áreas tem desenvolvido classificações próprias para finalidades científicas ou pragmáticas. Na área de Engenharia civil, objetivando-se uma otimização na utilização do solo, tem- se aproveitado classificações que podem ser divididas em genéticas e geotécnicas. No que se refere às classificações genéticas, pedológicas e geológicas, pode-se dizer que são essencialmente científicas, preocupando-se com a origem e evolução dos solos. Entre as classificações geotécnicas, destacam-se o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (U.S.C.S. – Unified Soil Classification System) e a classificação para finalidades rodoviárias, mais conhecida como HRB (Highway Research Board). No entanto, ao se utilizar esta ou aquela classificação, é importante que se conheça as suas limitações para não incorrer em interpretações e aplicações errôneas. Com essa finalidade, dar-se-á uma rápida visão de algumas dessas classificações, bem como suas limitações quando empregadas para solos tropicais. 2.2 Classificações Tradicionais 2.2.1 Classificações Genéticas 2.2.1.1 Generalidades São as classificações pedológicas e geológicas, empregadas pela geotecnia visando melhor orientar na localização de ocorrências promissoras, e no plano de sondagem e amostragem. 2.2.1.2 Classificações Pedológicas Os mapas e dados pedológicos tem sido utilizados sobretudo para orientar o emprego das camadas de solos superficiais (ou pedogenéticas) no estado natural. No entanto, para camadas mais profundas (horizonte C e subjacentes) de natureza transportada ou residual, muitas vezes não trazem informações suficientes. Os mapas pedológicos do Brasil ainda são insuficientes tanto na escala (menor que 1:100.000), como nas características dos horizontes superficiais A e B, nas quais se baseiam, pois essa camada é quase totalmente removida nas obras civis. Uma das maiores dificuldades é ressaltada por Nogami e Villibor (1988) e consiste em que um solo que integra um perfil pedologicamente laterítico pode apresentar comportamento geotécnico não laterítico e vice-versa. 2.2.1.3 Classificações Geológicas Os mapas geológicos existentes no Brasil são essencialmente do bedrock, o que cria dificuldade quanto a sua utilização para fins geotécnicos pois que, além de não existirem mapas com escala apropriada, muitas camadas de solos residuais ou transportados nem constam dos mapas. Há ainda a dificuldade de se identificar os solos saprolíticos, pois que uma mesma rocha matriz, sob a ação do intemperismo tropical, pode dar origem a grande variedade de tipos geotécnicos de solos que se apresentam de maneira complexa e características mecânicas e hidráulicas diversas. 2.2.2 Classificações Geotécnicas 2.2.2.1 Generalidades Das classificações geotécnicas, duas são as que mais se salientam: a classificação HRB - AASHTO e o Sistema Unificado de Classificação de Solos (USCS), que se baseiam nos limites de Atterberg (LL e LP) e na granulometria. Rita Moura Fortes 1/1
  • 2. 2.2.2.2 Classificação Highway Research Board (HRB) Essa classificação tem sido mais empregada em finalidade rodoviárias, sendo ela adotada pela maioria dos órgãos públicos nacionais. Além de se basear nas propriedades índice do solo: limites de Atterberg (LL e LP) e granulometria, a classificação HRB-AASHTO utiliza o índice de grupo (IG) onde entram os valores de porcentagem passada na peneira de malha de 0,074 mm, do LL e do IP (índice de plasticidade), podendo assumir qualquer valor positivo inteiro, inclusive o zero, no que difere do proposto originalmente, quando sua amplitude ia de 0 a 20. Como o IG atribui um valor ao solo, o qual varia inversamente à capacidade de suporte do subleito, sob boas condições de drenagem e compactação, se um solo possuir IG igual a zero, será considerado bom material e, quanto mais elevado for seu valor, pior material. Os solos são divididos de A1 a A8 (solos altamente orgânicos): A-1-a, A-1-b, A-2-4, A- 2-5, A-2-6, A-2-6, A-2-7, A3, A4, A5, A6, A-7-5, A-7-6, sendo que o comportamento como camada para composição da estrutura do pavimento dos solos A-1-a, A-1-b, A-2- 4, A-2-5, A3 é considerado de excelente a bom, e os restantes, de regular a mau. 2.2.2.3 Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) ou Unified Soil Classification System (USCS) Essa classificação que se utiliza de propriedades-índice LL, LP e granulometria foi desenvolvida por Arthur Casagrande, e apresentada num simpósio (Casagrande, 1948), tendo sofrido várias revisões, sendo que a última ocorreu em 1983 (Horward, 1984). Os limites de Atterberg são determinados com a fração menor que 0,42 mm, servindo essencialmente para classificar a fração fina de solo, através da carta de plasticidade (LL x IP). Os solos são representados por duas letras, a primeira relativa à granulometria e a segunda à plasticidade. Assim, tem-se para os solos que mais de 50% da fração fina fica retida na peneira de 0,075 mm as seguintes letras: G (pedregulho), S (areia) que pode ser bem graduados e designados pela letra W e caso contrário com a letra P. Para os solos cuja fração fina passa mais que 50% na peneira de malha 0,075 mm, têm-se as letras M (silte) e C (argila) que recebem os sufixos L (baixa) e H (alta) plasticidade. Ainda a letra O representa os solos orgânicos. 2.2.2.4 Limitações das Classificações Geotécnicas : HRB e USCS quando aplicadas a solos tropicais Diversos autores entre eles Lumb (1962), Moh e Mazhar (1969), Lyon Associates (1971), Gidigasu (1980), Nogami e Villibor (1979(a) (b)), Mitchell e Sittar (1982), têm investigado e discutido as limitações das classificações geotécnicas comumente denominadas de ortodoxas, as quais se baseiam nas propriedades-índices, conforme foi anteriormente citado. Algumas limitações ocorrem principalmente em razão das diferenças existentes entre a natureza das frações de argila e areias, de solos de regiões tropicais e regiões temperadas, para as quais tais classificações foram desenvolvidas. A fração de argila dos solos lateríticos possuem óxidos de ferro e/ou alumínio hidratados, bem como argilos-minerais que conferem baixa expansibilidade e alta capacidade de suporte quando compactados, não sendo encontrados em solos não lateríticos. A fração arenosa dos solos lateríticos pode conter elevada porcentagem de concreções de resistência inferior à da areia tradicional (essencialmente quartzo). A presença de mica e/ou de feldspato nos solos saprolíticos reduz a densidade seca, a capacidade de suporte e o índice de plasticidade, aumentando o teor de umidade ótima e a expansão do solo. Rita Moura Fortes 2/2
  • 3. As limitações quanto a essas classificações podem ser resumidas em: a) Repetibilidade dos resultados dos ensaios; b) Falta de correlação da classificação e o comportamento geotécnico (propriedades mecânicas e hidráulicas) observado. Referente a alínea a), Gidigasu (1980) já alertava para a elevada dispersão dos resultados dos limites de Atterberg e a granulometria dos solos tropicais. Na figura 2.1 observa-se o ocorrência de solos tropicais no Brasil. Figura 2.1 – Ocorrência de solos lateríticos no Brasil ( Villibor et al, 2000). 2.3 Apresentação da Metodologia MCT 2.3.1 Generalidades Conforme exposto, a metodologia tradicional apresenta uma série de limitações e deficiências para o uso de solos na pavimentação, desde os aspectos de classificação de solos até os critérios de escolha e dosagem de materiais para o emprego em bases. Tendo em vista as dificuldades e deficiências apontadas no uso das classificações tradicionais, desenvolvidas para solos de clima frio e temperado, quando empregadas em solos de ambientes tropicais, Nogami e Villibor desenvolveram uma metodologia designada MCT, específica para solos compactados tropicais. Essa metodologia baseia-se numa série de ensaios e procedimentos, que reproduzem as condições reais de camadas de solos tropicais compactadas aferindo propriedades geotécnicas que espelham o comportamento “in situ” dos solos tropicais. A sistemática MCT desenvolvida por Nogami e Villibor a partir da década de 70, deve- se principalmente aos seguintes fatores: - limitações dos procedimentos tradicionais em caracterizar e classificar os solos com base na granulometria e limites de Atterberg (LL e IP). Estes índices são incapazes e insuficientes para se distinguir os principais tipos de solos tropicais, de Rita Moura Fortes 3/3
  • 4. propriedades opostas, conhecidos como lateríticos e saprolíticos, inadequadamente designados em outros países de “residuais”. - constatação experimental de bom desempenho, de bases constituídas por solos lateríticos de granulação fina e de solo agregado com grande porcentagem de finos (passando freqüentemente quase que integralmente na peneira de 0,42 mm de abertura) apesar de serem considerados inapropriados para base de pavimentos pelas sistemáticas tradicionais. A designação MCT (Miniatura Compactada Tropical) é proveniente da utilização de ensaios de dimensões reduzidas (corpos de prova com 50 mm de diâmetro) com solos tropicais compactados. Esta Metodologia abrange dois grupos de ensaios a saber: - Mini CBR e associados e - Mini MCV e associados. A partir dos ensaios de Mini CBR e associados pode-se obter as características dos solos apropriados para bases de pavimentos. Geralmente, após a compactação dos corpos de prova, determina-se uma série de propriedades, tais como: capacidade de suporte (Mini CBR), expansão, contração, infiltrabilidade, permeabilidade, etc. Os ensaios Mini MCV e associados fornecem parâmetros para a determinação dos coeficientes c’ e e’, que por sua vez permitem a classificação dos solos de acordo com a classificação MCT, além de permitirem a determinação de todas as propriedades referidas nos ensaios Mini CBR e associados. As propriedades obtidas através do grupo de ensaios Mini CBR e associados são determinadas em corpos de prova compactados com energia constante (normal ou intermediária) para vários teores de umidade. Com relação ao grupo de ensaios Mini MCV e associados, com exceção do ensaio de perda de massa por imersão, as demais propriedades são obtidas na máxima densidade para vários teores de umidade (variação da energia de compactação). As Figuras 2.2 e 2.3 ilustram os diferentes grupos de ensaios da Metodologia MCT. 2.3.2 Ensaio de Compactação O ensaio de compactação é um dos principais ensaios da Metodologia MCT, pois a partir de seus parâmetros básicos (teor de umidade ótima e massa especifica aparente seca máxima) molda-se corpos de prova para a determinação de outras propriedades geotécnicas da Metodologia MCT. O ensaio de compactação integrante da sistemática MCT utiliza uma aparelhagem de dimensões reduzidas podendo ser efetuado por dois métodos distintos de compactação: mini proctor e mini MCV. A seguir serão apresentados somente os ensaios classificatórios. 2.3.2.1 Ensaio de compactação Mini-MCV Este ensaio foi desenvolvido para estudo de solos tropicais em dimensões reduzidas por Nogami e Villibor em 1980, denominado de Mini MCV, foi baseado no método proposto por Parsons (1976), conhecido como ensaio MCV (Moisture Condition Value). Este ensaio consiste na aplicação de energias crescentes, até se conseguir um aumento sensível de densidade para vários teores de umidade, obtendo-se uma família de curvas de compactação. Essas curvas são denominadas de curvas de deformabilidade ou de Mini MCV, pois a partir delas, pode-se determinar o Mini MCV. Através da curva de deformabilidade correspondente ao Mini MCV igual 10, obtém-se o coeficiente c’, utilizado na classificação geotécnica MCT. O ensaio também pode ser utilizado no controle da compactação e na previsão da erodibilidade. Rita Moura Fortes 4/4
  • 5. METODOLOGIA MCT GRUPO DE ENSAIOS GRUPO DE ENSAIOS GRUPO DE ENSAIOS Mini CBR e Mini MCV e Ensaios Associados Associados "in situ" ENSAIO DE ENSAIO DE COMPACTAÇÃO COMPACTAÇÃO Mini CBR Mini CBR Mini MCV com Controle de Mini Proctor Mini MCV Penectrômetro Convencional Umidade ENSAIO DE PERDA DE MASSA POR IMERSÃO ENSAIOS ASSOCIADOS Capacidade de Suporte Mini CBR, Expanão, Contração, Infiltrabilidade, Permeabilidade, Penetração de Imprimadura Figura 2.2 - Grupos de Ensaios da Metodologia MCT (Villibor et al., 2000) Figura 2.3 – Principais ensaios da metodologia MCT. Rita Moura Fortes 5/5
  • 6. O Quadro 2.1 ilustra o equipamento, as características e procedimentos do ensaio e suas aplicações práticas. Quadro 2.1 - Ensaio de Compactação. APLICAÇÕES DOS APARELHAGEM CARACTERÍSTICAS RESULTADOS RELÓGIO COMPACTADOR: Método de Ensaio COMPARADOR Soquete de pé, com área igual do molde e com NBR – M 196/89 dispositivo que mede a altura do corpo de prova após DER – M 191/88 qualquer número de golpes do soquete. DNER – ME 228/94 Distinguem-se: SOQUETE Preparo de corpos de prova MOLDE MASSA ALTURA TIPO E SIGLA ∅ (mm) para ensaios diversos. SOQUETE (g) DE QUEDA Mini ou M 50 2270,4500 305 mm MOLDE SubMini ou S 26 1000 200 mm Obtenção de dados para classificação MCT de solos. PÉ DO SOQUETE PROCEDIMENTOS: Umidade ótima e massa MINI-PROCTOR: Umidade variável, energia específica aparente seca CORPO DE PROVA constante (normal, intermediária ou modificada). máxima para a energia de MINI-MCV: Umidade e energia variáveis, massa compactação escolhida. BASE úmida constante (200 g no MINI, 30 g no SUB- MINI); obtém-se uma família de curvas de compactação. 2.3.3 Ensaio de Perda de Massa por Imersão em Água Desenvolvido para distinguir os solos tropicais com comportamento laterítico daqueles com comportamento não laterítico. É também utilizado para classificar os solos tropicais (Classificação MCT), sendo empregado para o cálculo do coeficiente e’. O Quadro 2.2 ilustra a aparelhagem, características de ensaio e aplicações dos resultados. Quadro 2.2 - Ensaio de Perda de Massa por Imersão em Água APLICAÇÕES DOS APARELHAGEM CARACTERÍSTICAS RESULTADOS PROCEDIMENTO: Método de Ensaio DER/SP – M 192 O corpo de prova (solo) compactado é DNER ME 254/89 parcialmente extraído de seu molde, de maneira que fique saliente 10 mm (5 mm Classificação MCT de para ∅ 26 mm) e, em seguida, submerso em solos. água, em posição horizontal. Recolhe-se a parte eventualmente desprendida e Avaliação da determina-se a sua massa seca. A perda de erodibilidade de solos massa por imersão Pi é expressa em em presença de lâmina porcentagem relativamente à massa seca da d’água. parte primitivamente saliente do corpo de prova. 2.3.4 Ensaio para Identificação Expedita MCT – Ensaio das Pastilhas Nogami e Cozzolino (1985), propuseram inicialmente um procedimento expedito para atender a necessidade da identificação expedita de solos tropicais. Fortes (1990) e Fortes & Nogami (1991) apresentaram uma proposta para o procedimento de ensaio e identificação dos grupos MCT, que corresponde a uma série de determinações rápidas e simples, baseada em índices empíricos e determinações qualitativas, utilizando aparelhagem simples, podendo ser executada no campo, identificando-se com um Rita Moura Fortes 6/6
  • 7. baixo custo, os solos de comportamento laterítico, dos de comportamento não- laterítico, conforme grupos da classificação MCT. Nogami & Villibor (1994; 1996), apresentaram simplificações do método, conseguindo obter a identificação dos grupos MCT através de um gráfico do valor da contração diametral versus penetração. Assim sendo, o método baseia-se em determinações efetuadas em pastilhas que são moldadas em anéis de inox, secadas, verificando-se a contração diametral, e submetidas a reabsorção de água, quando se observa o surgimento de trincas, expansão, e resistência a penetração de uma agulha padrão. Em 1997, Fortes apresentou uma proposta de normalização na 1ª Câmara Permanente de Desenvolvimento Tecnológico ocorrida na Universidade Mackenzie. Desde então este procedimento para investigação expedita geotécnica segundo a metodologia MCT tem sido utilizado, com sucesso, em todo o país, em locais onde ocorrem solos tropicais, tais como no estado de São Paulo pelo Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER-SP), no projeto de duplicação de 120 km da Rodovia Raposo Tavares – SP 270, trecho Assis-Prudente, EMURB, em Brasília, pela NOVACAP e que está em processo de normalização no DER-SP (Fortes, Zuppolini & Merighi (2002). Na figura 2.3 está apresentada a seqüência para execução do ensaio e na figura 2.4 algumas ilustrações do mesmo. Rita Moura Fortes 7/7
  • 8. Preparação da amostra Preparação da aparelhagem Espatulação da pasta e ajustagem de sua consistência Moldagem e Secagem das Pastilhas Determinação da Plasticidade da Pasta Determinação da Contração das Pastilhas Embebição e Determinação da Penetração Valores de penetração efetuados nas CLAS pastilhas SIFI- submetidas a CA- embebição (ou NÃO ÇÃO reabsorção) for MCT próximo ou igual a 2 mm? SIM Determinações Complementares Figura 2.3 – Seqüência de execução do ensaio. Rita Moura Fortes 8/8
  • 9. (a) (b) (c) (d) (e) (f) Figura 2.4 - Método da Pastilha. (a) aparelhagem; (b) espatulação da amostra; (c) moldagem das pastilhas; (d) medida da contração; (e) reabsorção d`água; (f) penetração Rita Moura Fortes 9/9
  • 10. 2.4 Aplicações Práticas da Metodologia MCT As principais aplicações desta metodologia são: − Classificação dos solos; − Propriedades geotécnicas; − Critérios de escolha e priorização de solos para bases; − Dosagem de misturas com solos lateríticos e − Dosagem de imprimaduras asfálticas. 2.5 Classificação dos Solos com uso da Metodologia MCT 2.5.1 Metodologia MCT “Tradicional” A classificação dos solos com uso da Metodologia MCT foi desenvolvida especialmente para o estudo de solos tropicais, baseada em propriedades mecânicas e hídricas, obtidas de corpos de prova compactados de dimensões reduzidas. Essa classificação não utiliza a granulometria, o limite de liquidez e o índice de plasticidade, como acontece no caso das classificações geotécnicas tradicionais, separando os solos tropicais em duas grandes classes, os de comportamento laterítico e os de comportamento não laterítico. Os solos lateríticos e saprolíticos, segundo a classificação MCT, podem pertencer aos seguintes grupos: − Solos de comportamento laterítico, designado pela letra L, sendo subdivididos em 3 grupos: LA - areia laterítica quartzosa; LA’ - solo arenoso laterítico; e LG’ - solo argiloso laterítico. − Solos de comportamento não laterítico (saprolítico), designados pela letra N, sendo subdivididos em 4 grupos: NA – areias, siltes e misturas de areias e siltes com predominância de grão de quartzo e/ou mica, não laterítico; NA’– misturas de areias quartzosas com finos de comportamento não laterítico (solo arenoso); NS’– solo siltoso não laterítico e NG’– solo argiloso não laterítico. Para se classificar os solos lateríticos e saprolíticos, através da Metodologia MCT, utiliza-se o gráfico da Figura 2.5, onde a linha tracejada separa os solos de comportamento laterítico dos de comportamento não laterítico. Rita Moura Fortes 10/10
  • 11. Figura 2.5 - Classificação MCT Este gráfico foi elaborado a partir do conhecimento dos coeficientes c’ (eixo das abscissas) e e’ (eixo das ordenadas). O coeficiente c’, denominado de coeficiente de deformabilidade, é obtido através do ensaio mini MCV. Os resultados obtidos neste ensaio também podem ser utilizados no controle da compactação e na previsão da erodibilidade. O coeficiente c’ indica a argilosidade do solo, ou seja, um c’ elevado (acima de 1,5) caracteriza as argilas e solos argilosos, enquanto que valores baixos (abaixo de 1,0) caracterizam as areias e os siltes não plásticos ou pouco coesivos. No intervalo entre 1,0 e 1,5 se situam diversos tipos de solos, tais como: areias siltosas, areias argilosas, argilas arenosas e argilas siltosas. O coeficiente e’ é calculado a partir do coeficiente d’ (inclinação da parte retilínea do ramo seco da curva de compactação, correspondente a 12 golpes do ensaio de mini MCV) e da perda de massa por imersão Pi (porcentagem da massa desagregada em relação à massa total do ensaio quando submetida à imersão em água), expresso pela expressão:  20   Pi  e' = 3   +    d '   100  Detalhes dos procedimentos de cálculo dos coeficientes c’ e e’ e ensaios associados se encontram no livro “Pavimentação de Baixo Custo com Solos Lateríticos” dos autores Nogami e Villibor, 1995. 2.5.2 Classificação MCT - Pastilhas Uma vez obtidos os valores da contração diametral e da penetração, locá-los na carta apresentada na Figura 2.6, obtendo-se o grupo de solo da metodologia MCT. No quadro 2.3 estão apresentadas as propriedades dos solos de acordo com a classificação MCT. Rita Moura Fortes 11/11
  • 12. Figura 2.6 - Carta de Classificação do Método das Pastilhas (Nogami e Villibor, 1994). Quadro 2.3 – Propriedades e Utilização dos Grupos de Solos da MCT (Nogami e Villibor, 1995) Rita Moura Fortes 12/12