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Trovas ao Pé da Ponte Marina Gaspar San’ tanna
Porto O Creador escolheu onde havia mais ternura e ao Porto ofereceu A Capital da Cultura.
Porto O Bolhão, bem visitado, tem movimento constante. O Douro é bem agitado, nesse Porto exuberante!
Portugueses Se ao vento a roupa se agita nos varais dos lusitanos, no mar um veleiro grita: -somos a luz dos mundanos!-
Lisboa Lisboa, veleiro antigo, em Belém eternizado. Velejou o braço amigo para o mundo desbravado.
Lisboa A Torre, de renda pura, em marfim escultural, é o que Belém segura Rendeiras de Portugal!
Portugueses Esse povo valoriza o que é primordial, por isso ele rebatiza os nomes em Portugal..
Camões Camões, na escola eu li, senti-me agraciada, logo vi que havia ali epopéia iluminada!
Portugueses Na limpeza do bugalho, para humildade plantar, movimentam o trabalho para a paz perpetuar.
Amarante São Gonçalo, sou visita, em sua terra sagrada, mas meu coração habita dentro de sua morada.
Amarante São Gonçalo Ser poeta eu gostaria. Todo um dia na semana  te cantar eu poderia, ao Pé da Ponte Romana.
Amarante Dê licença, de Pascoaes, quero entrar nas poesias, namorar os olivais, cumprimentar as Marias.
Portugal Cobrindo a nora com ouro, a sogra a recebe bem; será a matriz do tesouro do todo que a sogra tem. Não precisavam pedir: -mulher, não seja francesa- não há medida a medir uma mulher portuguesa.
Portuguesa Todo amor, que brinda a gente, nos comove se é leal. Sabe amar, integralmente, a mulher de Portugal.
Aboadela No Outeiro o verde reina, com as vides debruçadas sobre a portinha serena, onde o rebanho chegava.
Aboadela O campanário era assim: seu Antônio na janela e o sino tocou p’ra mim, na matriz de Aboadela.
Aboadela Se retornas de além-mar a rever sonho deixado, não deves desanimar, reviverás consolado.
Aboadela Tirei do tempo a idade que na levada encontrei ep’ra matar a saudade, peguei a roupa e lavei.
Portugal Povo que lavas no rio, não deixe a água levar dos portugueses o brio de Professores do Mar!
Amarante Sempre ganhava a sobrar, quando ia lá na feira; não me deixavam pagar o biscoito da Teixeira. A vendedora, partindo, gosta de cobrar pouquinho. Agradecendo sorrindo, nos traz outro pedacinho.
Amarante O latoeiro, bem cedo, inicia sua lida na gruta, sob o rochedo, enaltece sua vida A sorte manda escolher um ofício, a meu dispor. Como esse quero ser o latoeiro do amor.
Fátima Quando Fátima cantava, só o sol apareceu, como um flash que filmava a ações dos filhos seus.
Alentejo O Alentejo pintando este cenário tão lindo: as cegonhas se aninhando e os sobreiros sorrindo.
Algarve Algarve na ribanceira, tudo é branco, interessante; o culto é da padroeira Senhora dos Navegantes.
Évora-Arraiolos Arraiolos, moças belas, puxam linhas, com desvelo; são bordadeiras singelas curvadas sobre o novelo.
Brasil-Portugal De Arraiolos me lembrando, querendo ser bordadeira, sinto e vou cristalizando aarte luso-brasileira.
Portugueses Não vive sem união a paz que lhes dá guarida; diz ser nó, sustentação nos alicerces da vida.
Aboadela Minha mãe, que foi pastora, nos campos de Aboadela, quis fazer-me professora a versejar para ela.
Brasil O meu pai, que estava alerta, reconheceu o sinal: -essa veia de poeta você tem de Portugal!-
Trovas ao Pé da Ponte Direitos reservados à Marina Gaspar Sant’Anna. (Cordeiro-RJ) ISBN 250-269-445-429 Formatação: Cláudio Alves Pimentel (Cordeiro-RJ) Arte em pintura: Cubismo cristal da autora do livro Fotos da autora Figuras da Internet Trovas inspiradas na viagem de Marina a Portugal,junho de 2001. Música Amor a Portugal na voz de Dulce Pontes Letra da música: João Mendonça e Zeca Medeiros Padrinhos do livro: Comendador , Sr. José de Abreu (Portugal) e Sandro Sá Lemos (Brasil). Cordeiro, 24 de março de 2011.

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  • 3. Porto O Bolhão, bem visitado, tem movimento constante. O Douro é bem agitado, nesse Porto exuberante!
  • 4. Portugueses Se ao vento a roupa se agita nos varais dos lusitanos, no mar um veleiro grita: -somos a luz dos mundanos!-
  • 5. Lisboa Lisboa, veleiro antigo, em Belém eternizado. Velejou o braço amigo para o mundo desbravado.
  • 6. Lisboa A Torre, de renda pura, em marfim escultural, é o que Belém segura Rendeiras de Portugal!
  • 7. Portugueses Esse povo valoriza o que é primordial, por isso ele rebatiza os nomes em Portugal..
  • 8. Camões Camões, na escola eu li, senti-me agraciada, logo vi que havia ali epopéia iluminada!
  • 9. Portugueses Na limpeza do bugalho, para humildade plantar, movimentam o trabalho para a paz perpetuar.
  • 10. Amarante São Gonçalo, sou visita, em sua terra sagrada, mas meu coração habita dentro de sua morada.
  • 11. Amarante São Gonçalo Ser poeta eu gostaria. Todo um dia na semana te cantar eu poderia, ao Pé da Ponte Romana.
  • 12. Amarante Dê licença, de Pascoaes, quero entrar nas poesias, namorar os olivais, cumprimentar as Marias.
  • 13. Portugal Cobrindo a nora com ouro, a sogra a recebe bem; será a matriz do tesouro do todo que a sogra tem. Não precisavam pedir: -mulher, não seja francesa- não há medida a medir uma mulher portuguesa.
  • 14. Portuguesa Todo amor, que brinda a gente, nos comove se é leal. Sabe amar, integralmente, a mulher de Portugal.
  • 15. Aboadela No Outeiro o verde reina, com as vides debruçadas sobre a portinha serena, onde o rebanho chegava.
  • 16. Aboadela O campanário era assim: seu Antônio na janela e o sino tocou p’ra mim, na matriz de Aboadela.
  • 17. Aboadela Se retornas de além-mar a rever sonho deixado, não deves desanimar, reviverás consolado.
  • 18. Aboadela Tirei do tempo a idade que na levada encontrei ep’ra matar a saudade, peguei a roupa e lavei.
  • 19. Portugal Povo que lavas no rio, não deixe a água levar dos portugueses o brio de Professores do Mar!
  • 20. Amarante Sempre ganhava a sobrar, quando ia lá na feira; não me deixavam pagar o biscoito da Teixeira. A vendedora, partindo, gosta de cobrar pouquinho. Agradecendo sorrindo, nos traz outro pedacinho.
  • 21. Amarante O latoeiro, bem cedo, inicia sua lida na gruta, sob o rochedo, enaltece sua vida A sorte manda escolher um ofício, a meu dispor. Como esse quero ser o latoeiro do amor.
  • 22. Fátima Quando Fátima cantava, só o sol apareceu, como um flash que filmava a ações dos filhos seus.
  • 23. Alentejo O Alentejo pintando este cenário tão lindo: as cegonhas se aninhando e os sobreiros sorrindo.
  • 24. Algarve Algarve na ribanceira, tudo é branco, interessante; o culto é da padroeira Senhora dos Navegantes.
  • 25. Évora-Arraiolos Arraiolos, moças belas, puxam linhas, com desvelo; são bordadeiras singelas curvadas sobre o novelo.
  • 26. Brasil-Portugal De Arraiolos me lembrando, querendo ser bordadeira, sinto e vou cristalizando aarte luso-brasileira.
  • 27. Portugueses Não vive sem união a paz que lhes dá guarida; diz ser nó, sustentação nos alicerces da vida.
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  • 29. Brasil O meu pai, que estava alerta, reconheceu o sinal: -essa veia de poeta você tem de Portugal!-
  • 30. Trovas ao Pé da Ponte Direitos reservados à Marina Gaspar Sant’Anna. (Cordeiro-RJ) ISBN 250-269-445-429 Formatação: Cláudio Alves Pimentel (Cordeiro-RJ) Arte em pintura: Cubismo cristal da autora do livro Fotos da autora Figuras da Internet Trovas inspiradas na viagem de Marina a Portugal,junho de 2001. Música Amor a Portugal na voz de Dulce Pontes Letra da música: João Mendonça e Zeca Medeiros Padrinhos do livro: Comendador , Sr. José de Abreu (Portugal) e Sandro Sá Lemos (Brasil). Cordeiro, 24 de março de 2011.