Este documento resume uma visita de estudantes do 9o ano à Memorial da Resistência, antigo local de detenção política durante a ditadura militar no Brasil. O texto descreve as exposições sobre futebol e política na entrada, uma maquete da delegacia com celas incompletas representando a visão limitada dos presos, e frases impactantes nas celas reais. A visita guiada e os relatos de ex-presos foram os aspectos mais marcantes, ajudando os estudantes a entenderem melhor a época da ditadura.
1. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
DIRETORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO MATEUS – DRE / SM
EMEF DES. ACHILLES DE OLIVEIRA RIBEIRO
Projeto:
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12. VISITA AO MEMORIAL DA RESISTÊNCIA
por Roberto Taroco (9º ano B)
No dia 30/07/2014, nós, alunos dos 9º anos da EMEF Achilles, fomos até o Memorial da Resistência,
onde durante a Ditadura Militar funcionava o DEOPS, e foi de longe, uma atividade muito diferente.
Uma das melhores partes de ter ido lá, foi poder saber um pouco mais sobre como funcionavam as
prisões políticas e principalmente o que acontecia com quem ia contra a forma de governo durante os
regimes ditatoriais.
O espaço lá é muito bacana, nós fomos muito bem recebidos.
Logo na entrada, havia uma exposição sobre futebol (sempre ficam lá exposições temporárias), já que
poucos dias atrás havia acabado a Copa do Mundo; mas não era apenas uma exposição sobre
futebol de forma geral não, ela abrangia uma parte mais esquecida desse esporte, a sua ligação com
a política. E não só agora. Muito pelo contrário, havia textos e informações sobre como funcionava o
futebol na época do Regime Militar e também havia algumas informações dos dias de hoje, mas é
claro, relacionados à política.
No centro, tinha uma televisão com alguns ex-esportistas ou pessoas relacionadas com futebol da
época, dando detalhes de como funcionavam os jogos, como era a torcida, o que ocorria nos
bastidores dos jogos, e como era importante esse esporte para o Brasil.Um dos relatos até dizia que
quando alguém era exilado, era quase uma tortura ficar sem futebol, como no caso de um dos
homens do vídeo, que foi exilado em Cuba, e lá sequer se ouvia falar nesse esporte.
13. Não demoramos muito na exposição, até porque, não estávamos lá para isso. Nos dividimos em dois
grupos, e então as nossas guias seguiram com os grupos para lugares diferentes, mas no final todos
vimos as mesmas partes.
Na primeira sala havia uma maquete de como funcionou a delegacia, mas o mais interessante dessa
maquete, é que ela estava incompleta, não por erro, mas propositalmente; ela foi feita com relatos de
ex-presos de lá, e procurava ser o mais fiel possível com o que eles viam, não era muito, até porque
eles não saiam de suas celas para nada além do banho de sol ou serem interrogados e torturados.
Havia lá também, uma linha do tempo, que foi o que mais me chamou a atenção na sala (aposto que
não só a minha, mas a de todos também). Ela fazia uma ligação entre os fatos políticos que
aconteciam no Brasil, com os mandatos, a ditadura, e também com o que acontecia no exterior,
mostrando se isso afetava de alguma forma nosso país.
Após isso, fomos ver a parte das celas e, como era de se esperar, onde surgiam as mais diversas
dúvidas, mas a maioria podia ser respondida com os textos que havia nas paredes, que eram curtos,
mas diziam muita coisa, pois eram de quem já ficou preso lá. Coisas como ''Usaram meus filhos
contra mim''; ''Ficavam aqui até 18 pessoas''; ''Ficávamos até 150 dias sem tomar banho''; ou ''A
tortura começava com o barulhinho da chave na porta''; eram as frases que mais chamavam a
atenção, e eram as mais impactantes também.
14. Fomos no corredor onde havia o banho de sol dos presos, e onde também diziam que se tramavam
os planos para ninguém entregar o outro na tortura, e coisas do tipo. Um corredor não muito grande
para o número de pessoas que havia lá, e de certa forma, era tão ruim quanto uma cela.
Mas a ''pior'' parte, sem dúvida foi na última cela, onde haviam os fones, e no centro, tinha uma flor,
um tanto quanto fora do convencional, pois era um cravo vermelho. Na sala, podia-se ouvir relatos de
ex-presos, que contavam como era a vida lá, e acho que a parte que mais marcou a visita, foi poder
ver os diferentes rostos ouvindo as vozes (muitas vezes com tom emocionado, ou desgastadas) e as
diversas formas de como os outros alunos pareciam encarar isso, de como funcionava a solidariedade
lá dentro, da função simbólica e poética do cravo e das perdas que aconteciam, sem poderem nem
sequer ser questionadas.
De uma forma geral, foi sensacional, porque além da ótima explicação das guias, nós escutamos
relatos de quem viveu aquela época e já foi preso, e isso é melhor que qualquer explicação que possa
ser dada.
Relatos que a maioria ali que ouviu não vai esquecer e, com certeza, começará a olhar de outra forma
para o que acontecia naquela época.