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Ministério da Educação
     Secretaria de Educação Básica




     Conselho Escolar
e a aprendizagem na escola




            Brasília - DF
          Novembro de 2004
CONSELHO ESCOLAR
E A APRENDIZAGEM NA ESCOLA
Sumário

Apresentação............................................................................................................. 7


Introdução....................................................................................................................10


Parte I – Recuperando conceitos do Caderno 1....................................................14


Parte II – A função político-pedagógica do Conselho Escolar.........................17


Parte III – O pluralismo e o respeito às diferenças.............................................22


Parte IV – A unidade do trabalho escolar...............................................................25


Parte V – O sentido de qualidade na educação...................................................28


Parte VI – Aprendizagem: quem ensina e quem aprende?............................33


Parte VII – Avaliação: o processo e o produto.......................................................36


Parte VIII – Dimensões e aspectos do processo educativo..............................39


Parte IX – O Conselho Escolar e a transparência das ações da escola..............50


Referências................................................................................................................55


Anexos.........................................................................................................................58
8
Apresentação
      “Tudo o que a gente puder fazer no sentido de
      convocar os que vivem em torno da escola, e dentro
      da escola, no sentido de participarem, de tomarem
      um pouco o destino da escola na mão, também. Tudo
      o que a gente puder fazer nesse sentido é pouco ainda,
      considerando o trabalho imenso que se põe diante de
      nós que é o de assumir esse país democraticamente.”

                                                       Paulo Freire


  A Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, por meio da
Coordenação-Geral de Articulação e Fortalecimento Institucional dos Siste-
mas de Ensino do Departamento de Articulação e Desenvolvimento dos Siste-
mas de Ensino, vem desenvolvendo ações no sentido de implementar o Pro-
grama Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares.
  Esse Programa atuará em regime de colaboração com os sistemas de ensi-
no, visando fomentar a implantação e o fortalecimento de Conselhos Escola-
res nas escolas públicas de educação básica.
  O Programa conta com a participação de organismos nacionais e internacio-
nais em um Grupo de Trabalho constituído para discutir, analisar e propor
medidas para sua implementação.
   Participam do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares:
    Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)
    União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime)


                                                                                9
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)
          Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
          Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
          (Unesco)
          Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
        O material instrucional do Programa é composto de um caderno instrucional
     denominado Conselhos Escolares: Uma estratégia de gestão democrática da educa-
     ção pública, que é destinado aos dirigentes e técnicos das secretarias munici-
     pais e estaduais de educação, e seis cadernos instrucionais destinados aos con-
     selheiros escolares, sendo:
          Caderno 1 – Conselhos Escolares: Democratização da escola e constru-
          ção da cidadania
          Caderno 2 – Conselho Escolar e a aprendizagem na escola
          Caderno 3 – Conselho Escolar e o respeito e a valorização do saber e da
          cultura do estudante e da comunidade
          Caderno 4 – Conselho Escolar e o aproveitamento significativo do tempo
          pedagógico
          Caderno 5 – Conselho Escolar, gestão democrática da educação e esco-
          lha do diretor
          Caderno de Consulta – Indicadores da Qualidade na Educação.
        Este é um dos cadernos instrucionais, e pretende, assim como os demais,
     servir de subsídio às secretarias estaduais e municipais de educação na reali-
     zação de capacitações de conselheiros escolares, seja por meio de cursos
     presenciais ou a distância. É objetivo também do material estimular o debate
     entre os próprios membros do Conselho Escolar sobre o importante papel desse
     colegiado na implantação da gestão democrática na escola.
        O material instrucional não deve ser entendido como um modelo que o
     Ministério da Educação propõe aos sistemas de ensino, mas, sim, como uma
     contribuição ao debate e ao aprofundamento do princípio constitucional da
     gestão democrática da educação.
        Vale ressaltar que não é propósito deste material esgotar a discussão sobre


10
o tema; muito pelo contrário, pretende-se dar início ao debate sobre essa ques-
tão, principalmente tendo como foco o importante papel do Conselho Escolar.
   Muitos desafios estão por vir, mas com certeza este é um importante passo
para garantir a efetiva participação das comunidades escolar e local na gestão
das escolas, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade social da edu-
cação ofertada para todos.




                                                      Ministério da Educação




                                                                                  11
Introdução
       Este caderno integra o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conse-
     lhos Escolares e tem como objetivo contribuir para que o Conselho Escolar
     possa atuar como instrumento de gestão democrática colegiada, especialmen-
     te no acompanhamento responsável da prática educativa que se desenvol-
     ve na escola.
       Para que o Conselho Escolar possa construir uma ação consciente, ativa e
     relevante no acompanhamento da prática educativa, e nela, especialmente, da
     aprendizagem do estudante, torna-se necessário refletir e encaminhar algu-
     mas questões:



             Qual a principal função do
                 Conselho Escolar?             Como garantir a unidade da
                                               prática social da educação?
           Como lidar com as diferenças
            que marcam os sujeitos que
              participam do processo
                                               Na prática educativa,
                      educativo?
                                               quem ensina e quem
                                                     aprende?
              Que qualidade é própria
                 de uma educação
                     emancipadora?        Que dimensões e
                                                                 Como tornar
                                          aspectos podem
                                                                transparente as
          O que avaliar na prática        ser parâmetros
                                                                ações da escola?
                 educativa?                  para esse
                                        acompanhamento?




12
Essas questões provocam oito reflexões que aqui são propostas:


   1) Tentando encaminhar a questão Qual a principal função do Conselho Esco-
lar? destaca-se a necessidade da existência de espaços de participação no in-
terior da escola, para que os segmentos escolares possam exercitar a prática
democrática. Dentre esses espaços, o Conselho Escolar se destaca, dado que
sua participação está ligada, prioritariamente, à essência do trabalho escolar,
isto é, ao desenvolvimento da prática educativa, em que o processo ensino-
aprendizagem é sua focalização principal, sua tarefa mais importante. Nesse
sentido, sua função é, fundamentalmente, político-pedagógica.


   2) Sabe-se que no interior do processo educativo existem sujeitos que pos-
suem necessidades e potencialidades diferentes. Então, como lidar como as dife-
renças que marcam esses sujeitos, garantindo espaço para seu pleno desenvolvimento,
tanto no sentido pessoal quanto no social? A reflexão apresentada indica a neces-
sidade da incorporação do sentido de pluralidade nas relações sociais da es-
cola, em que o respeito às diferenças marca o processo educativo.


   3) Dada a fragmentação do trabalho escolar, surge a questão: Como garantir
a unidade da prática escolar? Essa unidade exige, primeiro, o conhecimento de
todo o trabalho que se desenvolve na escola, em suas especificidades e na
relação que existe entre essas partes. Nessa tarefa, o projeto político-pedagó-
gico surge como um instrumento eficaz para a garantia dessa unidade. A par-
tir dele, o Conselho Escolar, pode acompanhar todo o processo, auxiliando na
melhoria da qualidade da educação.


   4) Como o termo qualidade possui conotações diferenciadas nos diversos
campos sociais (econômico, político e cultural), cabe refletir sobre o sentido
de qualidade mais adequado à educação. Verifica-se que, nos últimos anos, a
qualidade da educação tem sido palco de diferentes perspectivas, com espe-
cial destaque para dois deles: o sentido de qualidade mercantil, baseado na


                                                                                      13
lógica econômica e empresarial e o sentido de qualidade socialmente
     referenciada, cuja lógica tenta compreender a relevância social da construção
     dos conhecimentos, na escola. Ambos têm seguidores e objetivam tipos de
     educação diferenciados. Resta compreender cada um desses significados e
     identificar: Qual o sentido mais adequado a uma educação emancipadora?


        5) Assim como na questão da qualidade (e até decorrente da opção adota-
     da nesta), o processo de ensino-aprendizagem não é compreendido sempre
     da mesma forma. Há os que entendem que, nesse processo, o professor ensina
     e o aluno aprende, num mero mecanismo de transmissão de conteúdos. Há,
     de outro lado, aqueles que o compreendem como um processo de sentido duplo,
     em que todos aprendem e todos ensinam, na construção do conhecimento cole-
     tivo. O Conselho Escolar precisa refletir sobre essas posturas no seu trabalho e
     saber identificar: Na prática educativa, quem ensina e quem aprende?


        6) Ocorre que o sentido de qualidade dado à educação nos últimos tempos
     tende a identificar a educação como mercadoria e, nessa ótica, a qualidade
     trabalhada, muitas vezes, se confunde com a qualidade produtivista, medida
     apenas por resultados quantitativos, deixando de lado todo o processo pelo
     qual os sujeitos passaram, desconsiderando o crescimento relativo de cada
     um. Com isso, o “produto” da educação, quase sempre apresentado pelas notas
     escolares, torna-se o foco privilegiado das avaliações. A reflexão aqui propos-
     ta tenta resgatar a importância do processo educativo como um todo, gerando
     uma dimensão de avaliação mais completa e mais próxima do que realmente
     ocorre na escola. Então: O que avaliar na prática educativa?


        7) Já que a função principal do Conselho Escolar é o acompanhamento
     responsável da prática educativa que se desenvolve na escola, cabe refletir,
     também, sobre as dimensões e os aspectos que necessitam ser avaliados, ao
     se construir uma escola cidadã e de qualidade. De forma global, percebe-se
     que não basta avaliar o desempenho do aluno de forma solta, isto é,


14
descontextualizada. Assim, propõe-se refletir sobre: Que dimensões e aspectos
podem ser parâmetros para esse acompanhamento? Deve-se, assim, identificar
outros aspectos a serem contemplados na avaliação, tais como: o contexto
social no qual a escola está inserida; as condições da escola para uma apren-
dizagem relevante; os mecanismos utilizados na gestão democrática da es-
cola; a atuação do professor no processo educativo; e, finalmente, o desem-
penho escolar dos estudantes.


  8) Para encaminhar a reflexão: Como tornar transparente as ações da escola? é
preciso entender que a escola é um equipamento social público, portanto, ne-
cessita ser transparente em suas ações. Nesse sentido, o Conselho Escolar, no
desenvolvimento de suas ações, sempre de forma co-responsável e parceiro
da direção da escola, terá coletado e analisado uma grande quantidade de
dados e informações sobre o processo educativo escolar. Essa análise certa-
mente indicará ações que necessitam ser desenvolvidas e, com isso, estará
contribuindo decisivamente para a construção de uma educação emancipadora
para toda a sociedade.




                                                                                  15
Parte I
     Recuperando conceitos do Caderno 1


     A
               ntes de iniciar as reflexões próprias do presente Caderno é impor-
               tante rever, sinteticamente, conceitos básicos apresentados no Ca-
               derno 1, que servem de base para as considerações mais tarde
     apresentadas.
        Assim, no caderno anterior viu-se que:
        1)Nosso país possui profundas desigualdades econômicas, culturais e po-
     líticas que não podem ser aceitas passivamente por seus cidadãos e que re-
     querem políticas públicas voltadas para a redução dessas enormes diferenças.
        2)Depois de passar por um longo regime político de exceção, a cidadania
     brasileira está aprendendo a valorizar e a praticar a democracia reconquistada.
        3)É preciso desenvolver – a cada dia, em todos os dias e em todos os espa-
     ços – a democracia participativa, na qual os cidadãos lutam pela manutenção
     dos direitos adquiridos e pela ampliação de novos direitos, sem deixar de
     cumprir seus deveres constitucionais.
        4)A escola é um espaço fundamental para o desenvolvimento da democra-
     cia participativa, pois favorece o exercício da cidadania consciente e compro-
     metida com os interesses da maior parte da sociedade.
        5)A gestão democrática, prática prevista na Constituição Federal, na Lei
     de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Plano Nacional de Educação,
     é uma forma de exercitar a democracia participativa, podendo contribuir para
     a própria democratização da sociedade.
        6)A gestão democrática na escola torna-se um processo de construção de
     uma cidadania emancipadora, que requer autonomia, participação, transpa-
     rência e respeito à pluralidade.



16
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




   7) O Conselho Escolar, entre outros mecanismos, tem papel decisivo na
gestão democrática da escola, se for utilizado como instrumento comprometi-
do com a construção de uma escola cidadã.
   8) O Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, es-
tratégia inserida numa política pública mais ampla de democratização da edu-
cação, visa estimular a criação e/ou a consolidação dos Conselhos Escolares e
entidades equivalentes, substituindo concepções meramente burocráticas e
formais de gestão escolar.
   9) Os Conselhos Escolares são órgãos colegiados que representam as comu-
nidades escolar e local, atuando em sintonia com a administração da escola e
definindo caminhos para tomar decisões administrativas, financeiras e políti-
co-pedagógicas condizentes com as necessidades e potencialidades da escola.
   10) A composição, funções, responsabilidades e funcionamento dos Con-
selhos Escolares devem ser estabelecidos pelos sistemas de ensino e pela pró-
pria escola, a partir de sua realidade concreta e garantindo sua natureza es-
sencialmente político-educativa.


                                                                                                      17
Recuperando conceitos do caderno 1




                                     Depois de um longo período de regime militar
                                     de exceção, estamos reaprendendo a praticar a
                                     democracia. É preciso ampliar a democracia
                                     representativa reconquistada com a partici-
                                     pação ativa da sociedade nos diversos espaços
                                     sociais – a democracia participativa. A escola é
                                     um desses espaços. A gestão escolar democráti-
                                     ca é uma forma de democracia participativa que
                                     favorece o exercício da cidadania consciente e
                                     comprometida com os interesses da maior parte
                                     da sociedade. O Conselho Escolar é um órgão
                                     colegiado, no qual participam a comunidade
                                     escolar e a comunidade local. O Conselho Esco-
                                     lar, em sintonia com a administração da escola,
                                     visa tomar decisões coletivas nas áreas admi-
                                     nistrativa, financeira e político-pedagógica.




18
Parte II

   A função político-pedagógica do
          Conselho Escolar

  Chegando ao específico deste Caderno, a primeira pergunta que surge é:




Qual a principal função do
   Conselho Escolar?



                             P
                                    ara que haja uma gestão democrática
                                    na escola é fundamental a existência
                                    de espaços propícios para que novas
                             relações sociais entre os diversos segmentos
                             escolares possam acontecer. Inclusive, para
                             Bobbio (2000), “quando se quer saber se hou-
                             ve um desenvolvimento da democracia num
                             dado país, o certo é procurar saber se aumen-
                             tou não o número dos que têm direito de par-
                             ticipar das decisões que lhes dizem respeito,
                             mas os espaços nos quais podem exercer esse


                                                                             19
A função político-pedagógica do conselho escolar




                   direito”. Assim, o Conselho Escolar constitui um desses espaços, juntamente
                   com o Conselho de Classe, o Grêmio Estudantil, a Associação de Pais e Mes-
                   tres, entre tantos outros possíveis.
                         Ocorre que o Conselho Escolar possui uma característica própria que lhe dá
                   dimensão fundamental: ele se constitui uma forma colegiada da gestão demo-
                   crática. Assim, a gestão deixa de ser o exercício de uma só pessoa e passa a ser
                   uma gestão colegiada, na qual os segmentos escolares e a comunidade local se
                   congregam para, juntos, construírem uma educação de qualidade e socialmen-
                   te relevante. Com isso, divide-se o poder e as conseqüentes responsabilidades.
                         Nesse contexto, o papel do Conselho Escolar é o de ser o órgão consultivo,
                   deliberativo e de mobilização mais importante do processo de gestão democrática,
                   não como instrumento de controle externo, como eventualmente ocorre, mas como
                   um parceiro de todas as atividades que se desenvolvem no interior da escola.
                         Sua participação, nesse processo, precisa estar ligada, prioritariamente, à
                   essência do trabalho escolar. Assim, acompanhar o desenvolvimento da prá-
                   tica educativa, do processo ensino-aprendizagem, é sua focalização principal,
                   isto é, sua tarefa mais importante.
                         Dessa forma, a função político-pedagógica do Conselho Escolar se expres-
                   sa no “olhar” comprometido que desenvolve durante todo o processo educa-
                   cional, tendo como foco privilegiado a aprendizagem, qual seja: no planeja-
                   mento, na implementação e na avaliação das ações da escola.



                                                      Implementação




                                                          PROJETO
                                                          PROJET
                                                            OJETO
                            Planejamento                                          Avaliação
                                                   POLÍTICO-PEDA
                                                   POLÍTICO-PEDAGÓGICO




20
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




   Nesse acompanhamento co-responsável, o Conselho Escolar participa da
elaboração do projeto político-pedagógico e acompanha o desenrolar das ações
da escola, num processo permanente de acompanhamento e avaliação.
   Esses momentos de avaliação servem como diagnóstico, ou seja, como apre-
sentação da realidade que, por sua vez, indica quais aspectos podem ser man-
tidos, quais os que devem ser revistos na prática cotidiana da escola e quais
novos procedimentos precisam ser propostos.
   Tudo isso, contudo, não se afirma como um fim em si mesmo. Toda essa
postura de acompanhamento tem uma finalidade maior: a construção de uma
educação democrática e emancipadora.
   Com esse propósito, a primeira atividade que o Conselho Escolar traz para
si é a de discutir e definir o tipo de educação a ser desenvolvido na escola,
para torná-la uma prática democrática comprometida com a qualidade
socialmente referenciada.


   Assim, a pergunta que o Conselho Escolar pode fazer é:


   Queremos que nossa escola desenvolva uma
   educação que mantenha a realidade em que
   vivemos ou uma educação que contribua para
   a transformação dessa mesma realidade?

   Pode-se imaginar, pela opção escolhida, ao menos dois tipos de educação
e, portanto, de processos de ensino-aprendizagem diferentes. Se a opção esco-
lhida pela escola for pela manutenção da realidade, a educação voltada ape-
nas para o conteúdo, onde o aspecto técnico é o mais enfatizado, será a que
mais se enquadra nessa finalidade. Se, no entanto, a opção da escola for a de
ser instrumento para a transformação da realidade, a educação emancipadora
– por ter caráter político-pedagógica – é a que pode vir a ser mediadora dessas
mudanças sociais.


                                                                                                        21
A função político-pedagógica do conselho escolar




                         Seja qual for a opção desejada pelo sistema de ensino e pela escola, tudo irá
                   decorrer dela: os conteúdos a serem desenvolvidos em sala de aula; a
                   metodologia a ser empregada pelos docentes; a avaliação da aprendizagem
                   escolhida; o processo de participação dos diversos segmentos nas atividades
                   escolares; e, até mesmo, a função do Conselho Escolar.
                         A partir de então, sabendo onde se deseja chegar e que tipo de educação se
                   deseja desenvolver, o Conselho Escolar pode iniciar uma ação consciente e
                   ativa na escola.
                         Com isso definido, pode-se compreender porque a função do Conselho
                   Escolar é fundamentalmente político-pedagógica. É política, na medida em
                   que estabelece as transformações desejáveis na prática educativa escolar. E é
                   pedagógica, pois estabelece os mecanismos necessários para que essa trans-
                   formação realmente aconteça. Cabe destacar que o sentido político aqui de-
                   senvolvido não se refere à política partidária, mas sim a toda ação consciente e
                   intencional que vise manter ou mudar a realidade, nas suas diversas dimensões.


22
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




  Compreendendo a educação como prática social que visa o desenvolvi-
mento de cidadãos conscientes, autônomos e emancipados e entendendo o
Conselho Escolar como um mecanismo de gestão democrática colegiada, sua
função básica e primordial é a de conhecer a realidade e indicar caminhos
que levem à realidade desejada. Vale dizer, então, que a principal função do
Conselho Escolar é político-pedagógica.




       O Conselho Escolar é o órgão consultivo,
       deliberativo e de mobilização mais importante do
       processo de gestão democrática na escola. Sua ta-
       refa mais importante é acompanhar o desenvolvi-
       mento da prática educativa e, nela, o processo en-
       sino-aprendizagem. Assim, a função do Conselho
       Escolar é fundamentalmente político-pedagógica.
       É política, na medida em que estabelece as trans-
       formações desejáveis na prática educativa escolar.
       E é pedagógica, pois indica os mecanismos neces-
       sários para que essa transformação realmente acon-
       teça. Nesse sentido, a primeira atividade do Con-
       selho Escolar é a de discutir e delimitar o tipo de
       educação a ser desenvolvido na escola, para torná-
       la uma prática democrática comprometida com a
       qualidade socialmente referenciada.


                                                                                                      23
Parte III
              O pluralismo e o respeito às
                       diferenças
        Uma das dificuldades encontradas para o desenvolvimento dessa tarefa é
     a diversidade cultural, econômica e política dos sujeitos pessoais e sociais par-
     ticipantes do processo educacional.


        Cabe, portanto, uma outra pergunta:




                   Como lidar com as
                diferenças que marcam
               os sujeitos que participam
                do processo educativo?




24
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




U
          m dos desafios que se apresentam ao Conselho Escolar é aprender a
          construir uma forma de lidar com as diferenças que marcam os su-
          jeitos que estão envolvidos no processo educativo, garantindo não
somente o respeito a essas diferenças, mas abrindo espaço para que cada um
possa demonstrar e ser atendido nas suas necessidades e potencialidades. Li-
dar com as diferenças não é aceitar as desigualdades sociais.
   Essa nova forma de agir precisa romper com a lógica centralizadora, que
tem historicamente desconsiderado a diversidade de opiniões, posturas, aspi-
rações e demandas dos diferentes atores sociais que agem no interior da escola.
   A escola reproduz tanto as relações econômicas quanto as relações sociais
que ocorrem na sociedade, com todas as suas contradições. Nela estão presen-
tes os diversos interesses dos grupos sociais que evidenciam conflitos. E quando
os conflitos inevitavelmente ocorrem na escola, há uma tendência ora de ignorá-
los, ora de desconsiderá-los, ora de reduzi-los. Todas essas posições demons-
tram o desrespeito com o diferente, a desconsideração com o outro.
   Na perspectiva de construir o Brasil como um país de Todos, o Conselho Esco-
lar pode cumprir o papel de mediador desses conflitos e construir entendi-
mentos mínimos, dentro do contraditório social. Assim, a escuta atenta dos
diversos atores sociais e a abertura de espaços para a concretização do debate
de opiniões e idéias tornam-se fundamentais para a percepção dos interesses
existentes na escola. Com essa postura, as deliberações do Conselho Escolar
precisam atentar para essas diferenças.




                                                                                                         25
O pluralismo e o respeito às diferenças




                         A destinação pública de sua prática, como eixo norteador de suas ações,
                    portanto, voltada para todos, é um dos grandes desafios para o Conselho Es-
                    colar. Por isso, o respeito ao pluralismo, como comportamento indispensável
                    dos diferentes segmentos que compõem o Conselho Escolar, torna-se garantia
                    de um ambiente efetivamente democrático na escola.




                                É preciso romper com a lógica massificadora da esco-
                                la, que tem historicamente desconsiderado a diversi-
                                dade de opiniões, posturas, aspirações e demandas
                                dos atores sociais que agem no seu interior. É preciso
                                respeitar e criar condições para o desenvolvimento
                                das potencialidades e para o atendimento das neces-
                                sidades específicas dos estudantes. Assim, o respeito
                                ao pluralismo torna-se garantia de um ambiente efe-
                                tivamente democrático na escola.


                          Acontece que, assim como na sociedade, há uma visível fragmentação das
                    atividades da escola. Nela, predominantemente, os diretores coordenam as ati-
                    vidades, os professores ensinam, os estudantes estudam, os orientadores educacio-
                    nais apóiam os estudantes, os supervisores ajudam os docentes, os técnicos ad-
                    ministrativos cuidam da escrituração escolar e do atendimento ao público, os
                    funcionários da escola fazem a limpeza e a manutenção dos aspectos físicos da
                    escola, e os vigias e porteiros cuidam da segurança da escola. Essas são as ações
                    de cada um desses sujeitos, mas, comumente, o problema está em que essas par-
                    tes não conversam entre si, isto é, executam ações fragmentadas e desconectadas.


26
Parte IV

     A unidade do trabalho escolar


  Se assim é, outra pergunta precisa ser feita pelo Conselho Escolar:




Como garantir a unidade da
prática social da educação?



                            A
                                       prática social da educação é um todo,
                                      com partes que se articulam e se
                                      complementam. Quando as partes des-
                            se trabalho se distanciam, quando seus membros
                            perdem a noção da totalidade e, muitas vezes,
                            percebem sua “parte” como “o todo”, a escola
                            tende a ver seu esforço se esvair na fragmenta-
                            ção. Tornam-se partes autônomas que não se re-
                            lacionam. Tornam-se partes que fragmentam o
                            conhecimento. Tornam-se partes que fragmentam
                            todos os sujeitos envolvidos no trabalho escolar.
                            E, fragmentados, os sujeitos perdem a dimensão


                                                                                27
A unidade do trabalho escolar




                   do viver em sociedade, pois ficam individualizados nos seus desejos e lutas.
                        O Projeto Político-Pedagógico, como instrumento de planejamento coleti-
                   vo, resgata a unidade do trabalho escolar e garante que não haja uma divisão
                   entre os que planejam e os que executam. Elaborado, executado e avaliado de
                   forma conjunta, tem uma nova lógica. Nesse processo, todos os segmentos
                   planejam, garantindo a visão do todo, e todos executam, mesmo que apenas
                   parte desse todo. Com isso, de posse do conhecimento de todo o trabalho es-
                   colar, os diversos profissionais e segmentos envolvidos (gestores, técnicos
                   administrativos e de apoio, docentes, discentes, pais e comunidade local) cum-
                   prem seus papéis específicos, sem torná-los estanques e fragmentados. Todos
                   tornam-se partícipes da prática educativa e portanto, de alguma forma, edu-
                   cadores.


28
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




  Assim, o Conselho Escolar também necessita ter essa dimensão unitária do
trabalho desenvolvido na escola e zelar por ela, planejando e acompanhando
o desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico, de modo geral, e a apren-
dizagem dos estudantes, de modo particular.
  A garantia da unidade do trabalho escolar é condição para uma educação
emancipadora que é, por origem, democrática e de qualidade.




      A prática social da educação é um todo, com partes
      que se articulam e se complementam. O Projeto Polí-
      tico-Pedagógico, como instrumento de planejamento
      coletivo, procura resgatar a unidade do trabalho es-
      colar, garantindo que não haja uma divisão entre os
      que planejam e os que executam. Assim, o Conselho
      Escolar necessita zelar pela dimensão unitária do tra-
      balho desenvolvido na escola, resgatando a função
      educativa de todos que atuam no seu espaço.




                                                                                                     29
Parte V
       O sentido de qualidade na educação
        E por falar em qualidade, cabe uma nova pergunta:




       Que tipo de “qualidade” é
     compatível com uma educação
            emancipadora?



                                 É
                                         importante verificar que as políticas pú-
                                        blicas de educação, quase sempre, refe-
                                        rem-se à qualidade da educação. O ter-
                                 mo qualidade, no entanto, tem tomado forma e
                                 conteúdo diferentes, com o passar dos anos,
                                 acompanhando as mudanças ocorridas na socie-
                                 dade e na educação. Nos últimos anos, a busca
                                 pela qualidade tem sido o “motor” das políti-
                                 cas e das ações na educação, por vezes contra-
                                 ditórias. Convém verificar qual a lógica predo-
                                 minante que a qualidade passa a adquirir nes-
                                 tes últimos anos.



30
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




   O conceito de qualidade da educação prevalente nas políticas públicas cons-
truiu-se a partir do argumento de que o Brasil havia atingido a quase-
universalização do ensino fundamental, com mais de 90% de atendimento.
Nesse sentido, a questão do acesso à educação básica (especialmente ao ensi-
no fundamental) não seria um problema nos discursos e encaminhamentos
de dirigentes educacionais. Essa concepção se fundamenta em estudos e da-
dos estatísticos que apontavam a cobertura como já “suficiente”, isto é, que as
escolas e salas de aula eram suficientes para atender a todos. A existência de
crianças e jovens fora da escola era atribuída apenas à reprovação e à evasão
escolar. Nesse sentido, segundo essa concepção, a qualidade se reduz à supe-
ração do problema da reprovação e da evasão e não mais para a sua democra-
tização, em sentido amplo.
   Gentilli (1994), ao discutir essa visão, registra que a palavra qualidade em
educação tem sido muito utilizada como uma “nova retórica conservadora no
campo educacional”, num discurso utilitarista que reafirma uma postura que
nega um processo educativo emancipador para as maiorias.
   A discussão sobre a importância da democratização como política para a
educação e para sua gestão implica compreender que a democratização da
educação não se limita ao acesso, mas envolve e garante, também, a prática
democrática que se desenvolve no interior da escola. A escola como espaço de
prática da cidadania não deve privilegiar a gestão empresarial em detrimento
da gestão democrática.
   Na medida em que a gestão empresarial é assumida no campo educacio-
nal, o “produto” torna-se o aspecto mais relevante da prática social da educa-
ção. Nessa ótica, os colegiados escolares, entre eles o Conselho Escolar, que
possibilitam a participação de todos os “atores” do processo educativo, aca-
bam sendo pouco considerados e, quando aceitos, muitas vezes tornam-se
mecanismos para uma gestão de resultados.
   Com base nessas considerações, pode-se compreender o surgimento, no
Brasil, de “modelos” e “fórmulas mágicas” de gestão do processo educativo,
que aparentemente viabilizam o sucesso escolar. Como exemplo, surge a “Qua-


                                                                                                        31
O sentido de qualidade na educação




                   lidade Total” e todas as suas vertentes, que desenvolvem padrões elitistas e
                   excludentes ditados pelo “mercado”. Esses padrões acabam por fazer com
                   que a educação contribua para aumentar as desigualdades existentes no Bra-
                   sil, pois, como bem assinalou Gentilli (1994), “a partir dos novos padrões de-
                   lineados em relação ao embricamento entre educação e setor produtivo, o fos-
                   so entre as desigualdades já existentes tende a alargar”. Essa lógica contribui
                   para a adesão emocional que muitos dirigentes educacionais apresentam acerca
                   da gerência para a qualidade total na educação.
                        Paiva (1994), discutindo essa nova forma de gestão e organização e sua
                   implementação no campo educacional, apresenta três pontos de sua lógica:
                        1. a gestão empresarial como fórmula a ser aplicada à gestão da educação;
                        2. o pragmatismo como aspecto fundamental dos objetivos educacionais; e
                        3. a supremacia da avaliação de produtos.
                        Todos esses pontos assinalados são geradores de condições fundamentais
                   para o mercado – a produtividade e a competitividade.


32
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




   Mas esse é o sentido de gestão e de qualidade adequado a uma educação
emancipadora?
   Numa educação emancipadora, o sentido de “qualidade” precisa ser decor-
rente do desenvolvimento das relações sociais (políticas, econômicas e cultu-
rais) contextualizadas e sua gestão contribuir para o fortalecimento da escola
pública, construindo uma relação efetiva entre democratização e qualidade.
   Uma educação de qualidade visa a emancipação dos sujeitos sociais e não
guarda em si mesma um conjunto de critérios que a delimite. É a partir da
concepção de mundo, sociedade e educação esposada, que a escola procura
desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes que irão encaminhar a for-
ma pela qual o indivíduo vai se relacionar com a sociedade, com a natureza e
consigo mesmo. Assim, a “escola de qualidade” é aquela que contribui com a
formação dos estudantes nos aspectos culturais, antropológicos, econômicos
e políticos, para o desempenho de seu papel de cidadão no mundo, tornando-
se, assim, uma qualidade referenciada no social. Nesse sentido, o ensino de
qualidade está intimamente ligado à transformação da realidade.
   A educação escolar assim compreendida, instrumento para a transformação
social, é conhecida como educação emancipadora. Ela, como Rodrigues (1986: 81)
já nos dizia, “possibilita a todos a compreensão elaborada da realidade social,
política e econômica do momento vivido pelos educandos; o desenvolvimen-
to de suas habilidades intelectuais e físicas para a intervenção nessa realida-
de, e a posse da cultura letrada e dos instrumentos mínimos para o acesso às
formas modernas do trabalho [...]”.
   A educação emancipadora rompe com qualquer padrão de qualidade, em
decorrência do próprio desenvolvimento das relações sociais, não cabendo,
portanto, “modelos” ou “esquemas”. Pode-se identificar, contudo, alguns atri-
butos de uma escola de qualidade:
   1. ser pluralista, porque admite correntes de pensamento divergentes com
respeito à diversidade, ao diferente;
   2. ser humanista, por identificar o homem como foco do processo educativo;
   3. ter consciência de seu papel político como instrumento para a emanci-


                                                                                                        33
O sentido de qualidade na educação




                   pação, combate às desigualdades sociais e desalienação dos trabalhadores.
                        Importante ressaltar que a escola que busca a qualidade precisa desenvolver
                   o ser social em todas as suas dimensões: no econômico (inserção no mundo do
                   trabalho e da produção de bens e serviços); no cultural (apropriação, desenvol-
                   vimento e sistematização da cultura popular e cultura universal); no político
                   (emancipação do cidadão, tornando-o dirigente do seu destino e partícipe ati-
                   vo na construção do destino do grupo social ao qual pertence).




                            O termo qualidade tem tomado forma e conteúdo dife-
                            rentes, com o passar dos anos. Infelizmente, o sentido
                            de qualidade da educação tem-se baseado, nos últimos
                            anos, na lógica econômica, oriunda do mundo empre-
                            sarial. A educação emancipadora rompe com qualquer
                            padrão preestabelecido de qualidade, em decorrência do
                            próprio desenvolvimento das relações sociais. Nesse
                            sentido, numa educação que visa a emancipação dos
                            sujeitos sociais, compreende-se o sentido de qualidade
                            numa dimensão referenciada no social.

                        Ao focalizar o processo ensino-aprendizagem como o eixo do trabalho da
                   escola e, portanto, foco do trabalho do Conselho Escolar, tende-se a identificar
                   apenas um dos elementos básicos desse processo: o estudante. E, mais que
                   isso: busca-se identificar apenas o produto do processo educativo demonstra-
                   do pelo estudante. Ocorre que, numa educação emancipadora, cuja qualidade
                   é socialmente referenciada, a prática educativa inclui a aprendizagem do es-
                   tudante, mas não se restringe a ela.


34
Parte VI
    Aprendizagem: quem ensina
         e quem aprende?

Então, mais uma pergunta surge para o Conselho Escolar:




Na prática educativa,
quem ensina e quem
     aprende?


                       A
                                 o se tratar da aprendizagem na escola
                                 verifica-se que, numa concepção de
                                 educação em que a transmissão de co-
                       nhecimentos é o único objetivo e a manutenção
                       da realidade é a finalidade, nessa ótica, o profes-
                       sor é simplesmente aquele que detém o conheci-
                       mento e, portanto, o transmite para os estudan-
                       tes. A capacidade de ver o outro, de captar a apren-
                       dizagem já existente no estudante, tende a não ser
                       considerada pelo professor. De outro lado, numa
                       educação emancipadora, que busca a transforma-


                                                                              35
Aprendizagem: quem ensina e quem aprende ?




                  ção da realidade, o conhecimento passa a ser fruto de uma construção coleti-
                  va, e, assim, o professor é mais do que o mero “ensinante” e o processo de
                  ensino-aprendizagem adquire movimento de troca e de crescimento mútuo.
                  Nessa percepção, como Paulo Freire tão bem desvelou, o processo de ensino-
                  aprendizagem é uma seta de mão dupla: de um lado, o professor ensina e
                  aprende e, de outro, o estudante aprende e ensina, num processo dialético,
                  isto é, permeado de contradições e de mediações.
                      O processo pedagógico caracteriza-se, portanto, como um movimento pró-
                  prio de idas e vindas, de construções sobre construções. São inúmeras as variá-
                  veis que interferem nesse processo, tais como as condições materiais e as rela-


36
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




ções simbólicas. E toda essa complexidade deve ser compreendida e trabalha-
da por aqueles que constroem o cotidiano escolar.
  Portanto, o Conselho Escolar, na sua ação mediadora, precisa considerar
os segmentos que participam desse processo de crescimento, especialmente o
estudante e o professor. Assim, na avaliação do processo de ensino-aprendi-
zagem, deve-se tentar superar a simples aparência e buscar a essência dessa
atividade.
  Para ter-se a dimensão global de todo processo, algumas perguntas pode-
riam indicar essa nova forma de agir do Conselho Escolar:
    Em que contexto social a escola está inserida?
    Quais as condições físicas e materiais que a escola oferece para que a
    aprendizagem ocorra?
    Como a escola vem desenvolvendo a gestão democrática, constitucional-
    mente estabelecida?
    Como acontece a formação continuada dos docentes e dos funcionários
    da escola?
    Quais os instrumentos de avaliação que a escola utiliza para identificar a
    aprendizagem dos estudantes?
    Como os estudantes têm respondido às avaliações?
    O que a escola tem feito com os resultados do desempenho discente?




     Num processo educativo dialético, todos aprendem
     e todos ensinam, numa construção coletiva do
     conhecimento.




                                                                                                       37
Parte VII

     Avaliação: o processo e o produto
     Estas e outras questões encaminham a próxima pergunta. Afinal,




     O que cabe ser avaliado na
         prática educativa?




                             D
                                        ada a forma dinâmica e inter-
                                       dependente do trabalho educativo,
                                       as perguntas anteriormente apresen-
                             tadas despertam a atenção para a importância
                             das condições físicas, materiais e da postura de-
                             mocrática dos membros da escola. Além disso, a
                             ação docente e o desempenho dos estudantes são
                             focalizações importantes para compreender o
                             processo de ensino-aprendizagem. Assim, a res-
                             ponsabilidade pela aprendizagem escolar dos
                             estudantes é igualmente dividida entre esses
                             componentes: gestores, professores, estudantes,
                             educadores não-docentes e pais.


38
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




   Percebe-se que, na avaliação a ser empreendida pelo Conselho Escolar, há
de se considerar, além do “produto” expresso nas notas/menções dos estu-
dantes, o “processo” no qual se deu essa aprendizagem, revelado nas condi-
ções da escola e na ação do professor, entre outros.
   Tendo esse panorama global do processo educativo, o Conselho Escolar
pode auxiliar a escola na efetivação de seu compromisso de propiciar o de-
senvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes, que são indispensá-
veis para a formação de cidadãos conscientes, críticos, participativos e prepa-
rados para viverem plenamente na sociedade.
   Dessa forma, todo o processo educativo passa a ter a maior relevância, como
meio para a efetivação da aprendizagem, e o produto desse processo – a apren-
dizagem efetivamente alcançada – é o resultado de todo o esforço realizado
pelos estudantes, docentes, gestores e todos os demais segmentos escolares.
Nessa ótica, torna-se importante destacar que o sucesso ou fracasso na apren-
dizagem é coletivo, ou seja, da escola como um todo.


                                                                                                        39
Avaliação: o processo e o produto




                               Na avaliação, o Conselho Escolar precisa considerar, além
                               do “produto” expresso nas notas/menções dos estudan-
                               tes, o “processo” no qual se deu essa aprendizagem. Esse
                               processo é revelado nas condições da escola e na ação do
                               professor, entre outros. É preciso ter uma visão global da
                               escola e, nela, situar o desempenho do estudante.

                          Para avaliar algum objeto é fundamental que sejam estabelecidos critérios. Caso
                    contrário, não se saberá o que olhar, o que observar e, nem mesmo, o que perguntar.
                          Assim, no acompanhamento co-responsável do desenvolvimento do processo
                    educativo, cabe ao Conselho Escolar identificar os aspectos a serem avaliados e
                    quais os que podem ser considerados adequados ao trabalho desenvolvido.


40
Parte VIII
Dimensões e aspectos do processo
           educativo
Então, o Conselho Escolar precisa refletir sobre outra pergunta:




Que dimensões e aspectos
podem ser considerados no
  acompanhamento do
    processo ensino-
     aprendizagem?


                             E
                                      ste caderno se propõe a destacar a im-
                                      portância do Conselho Escolar no
                                      acompanhamento do processo ensi-
                             no-aprendizagem que ocorre na escola e in-
                             dicar alguns procedimentos para tal.
                                O Caderno Indicadores da Qualidade na Edu-
                             cação1 traz uma série de indicações que podem
                             ser úteis para a tarefa do Conselho Escolar.
                             Apesar de não estar voltado especialmente

                                1
                                Elaborado pela Ação Educativa, Unicef,
                             PNUD e INEP-MEC



                                                                               41
Dimensões e aspectos do processo educativo




                   para os Conselhos Escolares, ele foi intencionalmente agregado a este conjun-
                   to, dada a contribuição que pode trazer para o fortalecimento dos Conselhos
                   Escolares.
                        Como se viu anteriormente, é preciso ter uma visão global da escola e nela
                   situar o desempenho do estudante. Certamente, o Conselho Escolar irá esta-
                   belecer os mecanismos mais adequados para esse acompanhamento. Dentre
                   as muitas sugestões para o processo avaliativo, considera-se importante: a)
                   analisar os resultados do SAEB relativos à sua escola e/ou região; b) explorar
                   as avaliações já desenvolvidas internamente pela escola ou pelo seu respecti-
                   vo sistema; c) imprimir uma avaliação própria.



                                               Utilizar os                  Desenvolver
                                             resultados do                 uma avaliação
                                                 SAEB                         própria




                                                         Analisar a avaliação
                                                          já desenvolvida
                                                             pela escola



                        Em qualquer dessas ações caberá ao Conselho Escolar identificar os aspec-
                   tos contemplados nas respectivas avaliações e verificar como se situa a escola
                   em cada um deles. Assim, pode ser feito um mapeamento de todos os aspec-
                   tos discriminados nas avaliações e, depois de identificar os pontos fortes,
                   médios e fracos da escola, propor encaminhamentos para a melhoria dos pro-
                   cessos pedagógicos e dos resultados obtidos. Além disso, importante também
                   é identificar a responsabilidade sobre cada um dos encaminhamentos feitos,
                   isto é, quem é o responsável pela implementação da medida proposta. Com-
                   pletando o panorama, é necessário estabelecer um cronograma para o desen-
                   volvimento dessas ações, que seja possível para a escola.




42
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




   Ao desenvolver uma avaliação própria, além das demandadas pelos respec-
tivos sistemas de ensino, ele acaba por estabelecer a melhor estratégia para esse
acompanhamento. Vale ressaltar a necessidade de situar a abrangência da ava-
liação, de acordo com as possibilidades concretas da escola.
   Importante destacar que o processo ensino-aprendizagem é muito mais
amplo do que a simples mensuração de resultados obtidos pelos estudantes
em avaliações que visam identificar, na sua grande maioria, somente alguns
dos conhecimentos adquiridos. No entanto, mesmo que o Conselho Escolar
opte por iniciar a avaliação da escola pelo desempenho discente, ele não pode
perder a visão de todo o processo, estabelecendo um cronograma para as de-
mais avaliações.
   Assim, além da avaliação do desempenho dos estudantes, deve-se procu-
rar estabelecer um cronograma que contemple as demais dimensões do pro-
cesso educativo, tais como: o contexto social, o processo de gestão democráti-
ca, as condições físicas, materiais e pedagógicas da escola e o desempenho
dos educadores docentes e não-docentes.



                                     CONTEXTO
                                      SOCIAL




            CONDIÇÕES FÍSICAS,
                MATERIAIS                             GESTÃO
             E PEDAGÓGICAS                          DEMOCRÁTICA




                 TRABALHADORES                      ESTUDANTES
                  EM EDUCAÇÃO




                                                                                                          43
Dimensões e aspectos do processo educativo




                        Apenas a título de exemplificação, a avaliação promovida pela escola, com
                   a participação ativa coordenada pelo Conselho Escolar, poderá contemplar,
                   ou não, os aspectos abaixo:


                   A) Quanto ao contexto social no qual a escola está inserida:
                        1. Onde está situada geograficamente a escola?
                        2. Qual a realidade social e econômica dos estudantes e do bairro onde a
                            escola se situa?
                        3. Quais os equipamentos sociais (cinemas, teatros, igrejas, áreas desportivas,
                            centros de lazer, centros culturais, organizações sociais etc.) disponíveis
                            nas proximidades da escola dos quais os estudantes usufruem?
                        4. Qual a escolaridade média da comunidade externa à escola?
                         (Cf. Quadro 1, nos Anexos.)




44
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




B) Quanto às condições da escola para uma aprendizagem relevante:
  1. Quais as ações desenvolvidas pela Secretaria de Educação e pela escola
    visando a formação continuada dos docentes e dos trabalhadores não-
    docentes (cursos de capacitação, coordenação pedagógica, participação
    em eventos, assinatura de revistas especializadas)?
  2. Quais são as condições do prédio escolar (salas de aula, área para espor-
    te, biblioteca, sala de professores, banheiros etc.)?
  3. O prédio escolar está preparado para o acesso a portadores de necessi-
    dades especiais?
  4. Quais são as condições (qualidade e quantidade) dos materiais didáticos
    disponíveis para os docentes e discentes?
  5. Quais os equipamentos (computadores, filmadoras, retroprojetor, máqui-
    nas fotográficas etc.) disponíveis para o trabalho pedagógico da escola?
  (Cf. Quadro 2, nos Anexos.)



C) Quanto aos mecanismos utilizados na gestão democrática da escola:
  1. Quais os espaços para a participação dos diversos segmentos na gestão
    da escola (Conselho Escolar, Reuniões de Pais e Mestres, Grêmio Estu-
    dantil, Conselho de Classe etc.)?
  2. Qual a participação efetiva de cada um dos segmentos escolares e da
    comunidade local, nesses espaços de participação?
  3. Qual a periodicidade com que os órgãos colegiados se reúnem?
  4. Como foi elaborado o Projeto Político-Pedagógico da escola?
  5. Como vem sendo implementado o Projeto Político-Pedagógico?
  6. Como é feita a escolha do dirigente escolar nessa escola?
  7. Como a escola vem construindo sua autonomia didática, financeira e
    administrativa?
  8. Como a escola demonstra o respeito à pluralidade dos sujeitos sociais?
  9. Como a escola demonstra transparência de seus atos e decisões?
  (Cf. Quadro 3, nos Anexos.)


                                                                                                        45
Dimensões e aspectos do processo educativo




                   D) Quanto à atuação dos trabalhadores em educação no processo
                   educativo:
                       1. Como são estabelecidos os conteúdos e a metodologia a serem desenvol-
                            vidos em sala de aula? O professor participa desse trabalho?
                       2. Os materiais didáticos existentes na escola são utilizados com freqüência
                            pelos docentes?
                       3. Como tem sido a participação dos docentes na coordenação pedagógica?
                       4. Como se desenvolve a relação professor/estudante na sala de aula?
                       5. Como se desenvolve a relação funcionário/estudante no espaço escolar?
                       6. Quais os instrumentos utilizados na avaliação dos estudantes, pela escola?
                       7. Como o professor trabalha com os resultados das avaliações dos
                            estudantes?
                       8. Como é feita a recuperação da aprendizagem dos estudantes que demons-
                            tram baixo desempenho nas avaliações?


46
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




 9. Como é utilizado o livro didático em sala de aula?
 10. Como acontece a participação dos professores e dos funcionários não-
   docentes nas atividades globais da escola?
  (Cf. Quadro 4, nos Anexos.)




E) Quanto ao desempenho escolar dos estudantes:
 1. As notas encaminhadas pelos professores para a secretaria da escola são
    resultantes de quais avaliações (provas, trabalhos individuais e coleti-
    vos, participação)?
 2. Além dos aspectos informativos, quais os formativos que são levados
    em consideração no processo de avaliação dos estudantes?
 3. Quais as notas/menções obtidas pelos estudantes no corrente ano (indi-
    vidualmente e por turma)?
 4. Quais as disciplinas/atividades que possuem as notas/menções mais baixas?
 5. Como se comportam as notas/menções de cada estudante, em relação à
    sua turma?


                                                                                                      47
Dimensões e aspectos do processo educativo




                       6. Como se comportam as notas/menções de cada turma, em relação às ou-
                            tras da mesma série?
                       7. Como os estudantes analisam o processo de avaliação a que estão sub-
                            metidos?
                       8. Como a escola trabalha os dados resultantes das avaliações externas
                            (SAEB e outras)?
                        (Cf. Quadro 5, nos Anexos.)


                        Depois de se delimitarem os aspectos a serem avaliados, estabelecem-se os
                   mecanismos e os instrumentos a serem utilizados para a coleta das informa-
                   ções e dados desejados.




48
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




                                              Entrevistas

                Coleta de notas
                dos estudantes
                 na secretaria


                                                    Questionário

                              Observação



   Importante identificar qual o instrumento mais adequado para coletar cada
uma das informações desejadas. Por exemplo: para obter as notas/menções
dos estudantes, caberia levantar os registros da secretaria; para obter os da-
dos sobre a ação dos professores, poderia ser aplicado um questionário a eles;
para obter as informações sobre a escola, seria interessante uma entrevista
com os membros da direção; para verificar a realidade social em que a escola
está inserida, poder-se-ia levantar os dados junto à prefeitura e à secretaria ou
órgão de educação local. Finalmente, as observações sobre a prática educativa,
feita pelos membros do Conselho Escolar, podem complementar e ampliar a
visão global que se deseja obter.
   Após esse trabalho inicial, poderia ser elaborado um quadro sintético para
analisar os dados e as informações coletadas, que também poderiam servir
para as avaliações do SAEB, e as feitas anteriormente pela escola ou pelo siste-
ma de ensino. Nele, além da discriminação das informações necessárias à aná-
lise, são propostas as ações que podem ser desenvolvidas na escola para cor-
rigir as lacunas e desempenhos indesejáveis, com delimitação de responsabi-
lidade e um cronograma para acompanhamento.
   Cabe enfatizar que a proposta contida neste Caderno não constitui uma
“receita de bolo”, nem mesmo um manual que estabelece, de fora, como o



                                                                                                          49
Dimensões e aspectos do processo educativo




                   Conselho Escolar deve desenvolver o acompanhamento co-responsável do
                   desempenho escolar. Absolutamente não! É a comunidade escolar e a local
                   que devem estabelecer a melhor forma de desenvolver essa atividade. Assim,
                   as especificações apresentadas servem tão-somente como sugestões para os
                   debates a serem travados no Conselho Escolar, que subsidiarão suas delibera-
                   ções. Agora, destaque também precisa ser dado à necessidade e importância
                   desse acompanhamento por parte do Conselho Escolar, na forma e no conteú-
                   do mais adequados à sua realidade e possibilidades.
                        Anexos, são apresentados exemplos de possíveis quadros (parciais) a se-
                   rem elaborados2 sobre cada uma das dimensões apresentadas, indicando ape-
                   nas alguns aspectos. As propostas podem ser estabelecidas para um período
                   de tempo de dois anos ou mais.




                        2
                        Lembramos que se trata de dados e informações fictícios, consti-
                   tuindo uma simples sugestão para o início do processo de avaliação,
                   indicando apenas alguns aspectos das dimensões apresentadas.



50
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




No processo de avaliação, o Conselho Escolar preci-
sa levar em conta: a) os resultados do SAEB; b) as
avaliações já desenvolvidas pela escola ou pelo seu
respectivo sistema; c) a sua própria avaliação. De-
las, devem ser analisadas todas as dimensões do pro-
cesso educativo: o contexto social, o processo de ges-
tão democrática, as condições físicas, materiais e
pedagógicas da escola, o trabalho docente e o de-
sempenho discente. Cada uma dessas dimensões
possui aspectos específicos a serem avaliados. Im-
portante verificar o desempenho da escola em cada
um desses aspectos, além de propor ações para sua
melhoria. Vale indicar, também, o cronograma para
o desenvolvimento dessas ações e a responsabilida-
de dos diversos segmentos sobre cada uma delas.
Muitos são os mecanismos para a coleta de dados e
informações para a avaliação: entrevista, questio-
nário e observação.




                                                                                      51
Parte IX
             O Conselho Escolar e a
        transparência das ações da escola
       Após todo o trabalho de diagnóstico da realidade e, a partir dele, o esta-
     belecimento de ações que podem melhorar o quadro apresentado, surge
     outra questão:



        Como socializar os dados e
       informações que o Conselho
         Escolar conseguiu obter?


                                  V
                                            ale ressaltar que historicamente a ava-
                                            liação escolar vem sendo utilizada,
                                            geralmente, para classificação e dis-
                                  criminação de estudantes, docentes e até mes-
                                  mo de escolas. Essa é uma forma de utilização
                                  da avaliação própria de um sistema social que
                                  enfatiza a competição entre pessoas e institui-
                                  ções e gera, em última instância, a exclusão.
                                      A proposta aqui apresentada visa exatamen-
                                  te o contrário: visa a solidariedade, ao invés da
                                  competição, e a inclusão, ao invés da exclusão.
                                  Desta forma, avaliar torna-se uma atitude be-
                                  néfica ao processo educativo e uma forma de
                                  dar transparência ao trabalho desenvolvido


52
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




Os dados e as informações recolhidos
 e analisados pelo Conselho Escolar
      precisam ser divulgados
        a toda a comunidade.

                                                                              53
Conselho Escolar e a transparência das ações da escola




                    pela escola pública, pois ela é, em si, educativa também.
                       Assim, os dados e as informações recolhidos e analisados pelo Conselho Es-
                    colar precisam ser divulgados a toda a comunidade, mas de forma impessoal,
                    garantindo a privacidade daqueles que foram alvo das avaliações. Assim, não
                    importa se foi este ou aquele estudante que teve um fraco desempenho em ma-
                    temática. Importante é saber que alguém, um sujeito importante no seio da es-
                    cola, necessita de apoio para obter um melhor desempenho. Da mesma forma,
                    não é importante saber e divulgar que um determinado professor não tem utili-
                    zado bons instrumentos de avaliação. Importante é saber que um dos docentes
                    necessita ser sensibilizado e informado de novas formas de avaliação que, de
                    fato, sejam iluminadoras no processo avaliativo. Com esses cuidados, o Conse-
                    lho Escolar estará garantindo a transparência das ações da escola, como insti-
                    tuição pública que tem o compromisso de “prestar contas” de seu trabalho.
                       A partir dessas considerações, podem-se prever duas indicações possíveis
                    para o uso dos dados e informações colhidos e das análises desenvolvidas: a)
                    propor a manutenção das ações que tenham provocado atitudes e respostas
                    positivas; e b) reorganizar e redimensionar aquelas que não estão sendo ade-
                    quadas – identificando pontos de estrangulamento no processo pedagógico.




                              Numa democracia, o setor público tem o dever de ser
                              transparente para a sociedade. Nesse sentido, a Esco-
                              la precisa divulgar suas ações para toda a comunida-
                              de escolar e local. A avaliação empreendida pelo Con-
                              selho Escolar, junto com a direção da escola, serve
                              como um mecanismo para esse fim. Nesse processo, o
                              sentido ético tem que permear todas as ações, além de
                              ser a chave para o sucesso do processo democrático.


54
Conselho Escolar e a aprendizagem na escola




   Todo esse esforço do Conselho Escolar para conhecer a escola na sua tota-
lidade e, a seguir, trabalhar para garantir um processo ensino-aprendizagem
que responda às demandas de todos os segmentos da comunidade escolar, é o
que se chamou, ao longo deste Caderno, de “acompanhamento responsável
das atividades da escola”, que tem na solidariedade e na inclusão seus princí-
pios fundamentais.
   Com esse acompanhamento responsável das atividades da escola e o com-
promisso com a qualidade do processo educativo, o Conselho Escolar estará
dando uma contribuição altamente relevante para que a educação desenvol-
vida pela escola possa ser instrumento para a emancipação dos sujeitos sociais
e para o cumprimento de seu papel social, que, em última instância, visa a
construção de uma sociedade justa, humana, solidária e igualitária.




                                                                                                       55
56
Referências

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                                                                                 59
Anexo I
                                              QUADRO 1 – O CONTEXTO SOCIAL
                                                               (proposta de exercício)


                          AVALIAÇÃO
                            OBTIDA

                                                                 CONSIDERAÇÕES E
                                               Não adequada
                               Parcialmente




      ASPECTO                                                 PROPOSTAS DE AÇÃO PARA           RESPONSÁVEL   CRONOGRAMA
                    Adequada


                                adequada




     AVALIADO                                                    MELHORIA DO ITEM




                                                               Como a escola fica muito
      Situação                                                 distante da residência dos                        Até
     geográfica                                X                estudantes, propõe-se a          Direção      dezembro
      da escola                                                   disponibilização de
                                                                   transporte escolar.
                                                              O salário médio da comuni-
     Realidade                                                dade é extremamente baixo.
                                                               Organizar cursos rápidos          Conselho     De março a
     econômica                                 X               profissionalizantes para a         Escolar     dezembro
                                                               comunidade poder obter
                                                                outras fontes de renda.
                                                              Só existe um cinema no bairro.

                                                              Verificar com a prefeitura a       Conselho     Novembro
                                                              possibilidade de implantar          Escolar
     Equipamentos                 X                            um Centro Cultural para
        sociais                                                      a comunidade.

                                                               Propor ao cinema uma forma
                                                                                                 Direção         Até
                                                              de atendimento dos estudantes
                                                                                                              dezembro
                                                                     um dia por mês.

     Escolaridade                                               Desenvolver curso para           Conselho     De março a
      média da                                  X             jovens e adultos na escola.         Escolar     dezembro
     comunidade




60
Anexo II
     QUADRO 2 – CONDIÇÕES FÍSICAS, MATERIAIS E PEDAGÓGICAS
                                                       (proposta de exercício)


                    AVALIAÇÃO
                      OBTIDA
                                                          CONSIDERAÇÕES E
                                        Não adequada


 ASPECTO
                         Parcialmente




                                                       PROPOSTAS DE AÇÃO PARA           RESPONSÁVEL        CRONOGRAMA
              Adequada


                          adequada




AVALIADO                                                  MELHORIA DO ITEM




                                                           Promover encontros           Coordenadores      Semanalmente
                                                       semanais com os docentes,
                                                       na coordenação pedagógica.

                                                        Conseguir assinatura de             Direção        Até dezembro
                                                         jornais e revistas para
                                                                a escola.
 Formação
continuada                   X                         Propor o desenvolvimento             Direção         Novembro
de docentes                                             de cursos de aperfeiçoa-
                                                       mento para os docentes nas
                                                        áreas indicadas por eles.

                                                         Organizar um seminário         Conselho Escolar   Março de 2005
                                                        interno para reflexão sobre
                                                       avaliação da aprendizagem.

                                                          O prédio necessita de
                                                            alguns reparos.

                                                       Solicitar pintura do prédio.
  Prédio                    X                                                               Direção         Ano de 2005
                                                       Trocar o piso dos banheiros.

                                                          Fazer rampa de acesso à
                                                       escola e adaptar os banheiros.




                                                                                                                           61
AVALIAÇÃO
                              OBTIDA
                                                                  CONSIDERAÇÕES E




                                                Não adequada
       ASPECTO




                                 Parcialmente
                                                               PROPOSTAS DE AÇÃO PARA          RESPONSÁVEL    CRONOGRAMA

                      Adequada


                                  adequada
      AVALIADO                                                    MELHORIA DO ITEM




                                                               Os materiais didáticos são de
                                                               boa qualidade e suficientes.
       Materiais      X                                                                          Direção      Março a junho
       didáticos                                                Organizar um ambiente                           de 2005
                                                               para a exposição e guarda
                                                                     dos materiais.

                                                                 Conseguir recursos para         Direção
                                                                   a manutenção dos
                                                                     equipamentos.              Conselho        Fevereiro a
     Equipamentos                                X                                               Escolar       abril de 2005
                                                               Adquirir cinco computadores
                                                                 para uso dos estudantes.       Professores

                                                                Adquirir um retroprojetor.         Pais

       Merenda         X                                        Diversificar o cardápio.         Direção      Até dezembro
       escolar

        Pessoal                                                 Desenvolver capacitação
       técnico-                     X                                                            Direção      Julho de 2004
                                                               para o pessoal de secretaria.
     administrativo

      Pessoal de                                                Fazer reuniões mensais
        apoio                       X                           para acompanhamento              Direção      Mensalmente
                                                                    das atividades.




62
Anexo III
                             QUADRO 3 – GESTÃO DEMOCRÁTICA
                                                        (proposta de exercício)


                     AVALIAÇÃO
                       OBTIDA
                                                           CONSIDERAÇÕES E
                                         Não adequada


 ASPECTO
                          Parcialmente




                                                        PROPOSTAS DE AÇÃO PARA         RESPONSÁVEL       CRONOGRAMA
               Adequada


                           adequada




AVALIADO                                                   MELHORIA DO ITEM




                                                           Implantar um Grêmio           Direção e       Março a junho
                                                                Estudantil.             Estudantes

                                                           Fortalecer o Conselho         Conselho          Todo ano
                                                                  Escolar.               Escolar e
 Espaços de                                                                              Direção
participação                 X                           Envolver mais os auxiliares
                                                          de ensino nas atividades       Direção e         Todo ano
                                                             globais da escola.          Auxiliares

                                                            Organizar reuniões            Conselho        Bimensais
                                                          bimensais com os pais.        Escolar, Dire-
                                                                                       ção e Docentes


Elaboração /                                                 Envolver mais os
                                                           estudantes e pais de          Direção e         Reuniões
Implementa-                  X                                                           Conselho
 ção do PPP                                              estudantes na sua elabo-                          bimensais
                                                         ração e implementação.           Escolar


                                                           A escolha é feita por
Escolha de                                                  eleição direta dos
dirigentes     X
                                                          segmentos escolares –
                                                          manter a forma atual.




                                                                                                                         63
AVALIAÇÃO
                             OBTIDA
                                                                 CONSIDERAÇÕES E
       ASPECTO




                                               Não adequada
                                                                                                         CRONOGRAMA



                                Parcialmente
                                                              PROPOSTAS DE AÇÃO PARA       RESPONSÁVEL

                     Adequada


                                 adequada
      AVALIADO                                                   MELHORIA DO ITEM




                                                              A escola vem conquistando
                                                              autonomia pedagógica e
                                                               administrativa. Por ser
                                                                uma escola pública, a
                                                                autonomia financeira
                                                               esbarra nas normas do
                                                                   sistema público.
      Autonomia                    X
                                                              Há necessidade de ampliar
                                                              a autonomia dos sujeitos
                                                              que participam da escola,
                                                              que pode ser assegurada
                                                                com a ampliação dos
                                                               espaços de participação
                                                                    já propostos.

                                                              Há necessidade de ampliar
                                                                 as consultas feitas à
                                                                comunidade, especial-
                                                              mente aos estudantes, que
      Pluralidade                   X                          têm tido pouca voz nas
                                                               deliberações. O Grêmio
                                                              Estudantil pode ser uma
                                                              ação que colaborará para
                                                                  esse atendimento.

                                                                A escola tem dado pouca
                                                              transparência à comunidade
                                                                  sobre suas decisões
                                                                 e encaminhamentos.          Conselho      Ao final de
     Transparência                             X                                              Escolar    cada ano letivo
                                                                Elaborar um relatório
                                                              anual sobre as atividades
                                                              desenvolvidas e encami-
                                                                 nhar à comunidade.




64
Anexo IV
                                                 QUADRO 4 – DOCENTES
                                                       (proposta de exercício)


                    AVALIAÇÃO
                      OBTIDA

 ASPECTO                                               PROPOSTA DE AÇÃO PARA
                                        Não adequada


                                                                                                      CRONOGRAMA
                         Parcialmente




                                                         MELHORIA DO ITEM             RESPONSÁVEL
              Adequada


                          adequada




AVALIADO




                                                         Não há participação dos
                                                         docentes na escolha dos
                                                               conteúdos.

                                                        Estabelecer a participação    Coordenadores     Reuniões
                                                        dos professores na escolha                      semanais
                                                        dos conteúdos nas reuniões
Conteúdos                               X               semanais da Coordenação         Direção e
                                                               Pedagógica.              Docentes       1° semestre
                                                          Introduzir atividades
                                                         artísticas (artes cênicas,
                                                         artes plásticas e música)
                                                           no currículo escolar
                                                          (desenvolvimento da
                                                               criatividade).

                                                         A gestão da escola não
                                                       acompanha a metodologia
                                                        desenvolvida em sala de
                                                          aula. É uma escolha
                                                          apenas do docente.
Metodologia                                                                           Coordenadores     Reuniões
                             X
                                                                                        e Docentes      semanais
                                                        Estabelecer uma troca de
                                                          experiências sobre as
                                                         metodologias adotadas
                                                           em sala de aula, nas
                                                        reuniões de Coordenação
                                                              Pedagógica.




                                                                                                                     65
AVALIAÇÃO
                              OBTIDA

                                                               PROPOSTA DE AÇÃO PARA




                                                Não adequada
      ASPECTO



                                 Parcialmente
                                                                 MELHORIA DO ITEM             RESPONSÁVEL      CRONOGRAMA
                      Adequada


                                  adequada
     AVALIADO




                                                               Os docentes utilizam muito
       Material                                                   os materiais didáticos
       didático        X
                                                               existentes e elaboram outros
                                                                 para o acervo da escola.

       Participação
                                                               Incentivar a maior partici-      Direção e
      dos docentes                                                                                              Todo o ano
                                     X                           pação dos docentes nas       Coordenadores
      na Coordena-
                                                                  reuniões pedagógicas
     ção Pedagógica
                                                                Os docentes avaliam que
                                                               este aspecto não está bom
      Relaciona-                                               e que necessitam de apoio
      mento com                                                    para melhorarem.              Direção e        Março
                                    X
      estudantes                                                                                Professores
                                                                 Incluir na capacitação
                                                               docente este aspecto para
                                                                reflexão e deliberações.
                                                                Avaliar os instrumentos
                                                                      utilizados.               Direção e      Até dezembro
                                                                                               Professores
                                                                Organizar novos instru-
                                                                mentos avaliativos mais
     Instrumentos                                                                             Coordenadores
                                                X              adequados – tanto no que                        Dezembro a
      de avaliação                                                                             e Professores
                                                                diz respeito ao conteúdo                         março
                                                                  quanto nos aspectos
                                                                formativos mais gerais.

                                                               Incentivar a auto-avaliação     Professores e    Todo o ano
                                                                     dos estudantes.            Estudantes

                                                                 Os resultados têm sido
                                                                 utilizados basicamente
                                                                 para a classificação dos
                                                                        estudantes.
       Uso dos                                                                                  Conselho          A cada
      resultados                                  X                Organizar quadros e          Escolar e        bimestre
     da avaliação                                              tabelas demonstrativas dos       Docentes
                                                                resultados para análise de
                                                               toda a comunidade escolar
                                                                  (sem identificação dos
                                                                       estudantes).


66
Caderno 2 – conselho escolar e a aprendizagem na escola.
Caderno 2 – conselho escolar e a aprendizagem na escola.
Caderno 2 – conselho escolar e a aprendizagem na escola.
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  • 1.
  • 2.
  • 3. Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica Conselho Escolar e a aprendizagem na escola Brasília - DF Novembro de 2004
  • 4. CONSELHO ESCOLAR E A APRENDIZAGEM NA ESCOLA
  • 5. Sumário Apresentação............................................................................................................. 7 Introdução....................................................................................................................10 Parte I – Recuperando conceitos do Caderno 1....................................................14 Parte II – A função político-pedagógica do Conselho Escolar.........................17 Parte III – O pluralismo e o respeito às diferenças.............................................22 Parte IV – A unidade do trabalho escolar...............................................................25 Parte V – O sentido de qualidade na educação...................................................28 Parte VI – Aprendizagem: quem ensina e quem aprende?............................33 Parte VII – Avaliação: o processo e o produto.......................................................36 Parte VIII – Dimensões e aspectos do processo educativo..............................39 Parte IX – O Conselho Escolar e a transparência das ações da escola..............50 Referências................................................................................................................55 Anexos.........................................................................................................................58
  • 6. 8
  • 7. Apresentação “Tudo o que a gente puder fazer no sentido de convocar os que vivem em torno da escola, e dentro da escola, no sentido de participarem, de tomarem um pouco o destino da escola na mão, também. Tudo o que a gente puder fazer nesse sentido é pouco ainda, considerando o trabalho imenso que se põe diante de nós que é o de assumir esse país democraticamente.” Paulo Freire A Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, por meio da Coordenação-Geral de Articulação e Fortalecimento Institucional dos Siste- mas de Ensino do Departamento de Articulação e Desenvolvimento dos Siste- mas de Ensino, vem desenvolvendo ações no sentido de implementar o Pro- grama Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Esse Programa atuará em regime de colaboração com os sistemas de ensi- no, visando fomentar a implantação e o fortalecimento de Conselhos Escola- res nas escolas públicas de educação básica. O Programa conta com a participação de organismos nacionais e internacio- nais em um Grupo de Trabalho constituído para discutir, analisar e propor medidas para sua implementação. Participam do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares: Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) 9
  • 8. Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O material instrucional do Programa é composto de um caderno instrucional denominado Conselhos Escolares: Uma estratégia de gestão democrática da educa- ção pública, que é destinado aos dirigentes e técnicos das secretarias munici- pais e estaduais de educação, e seis cadernos instrucionais destinados aos con- selheiros escolares, sendo: Caderno 1 – Conselhos Escolares: Democratização da escola e constru- ção da cidadania Caderno 2 – Conselho Escolar e a aprendizagem na escola Caderno 3 – Conselho Escolar e o respeito e a valorização do saber e da cultura do estudante e da comunidade Caderno 4 – Conselho Escolar e o aproveitamento significativo do tempo pedagógico Caderno 5 – Conselho Escolar, gestão democrática da educação e esco- lha do diretor Caderno de Consulta – Indicadores da Qualidade na Educação. Este é um dos cadernos instrucionais, e pretende, assim como os demais, servir de subsídio às secretarias estaduais e municipais de educação na reali- zação de capacitações de conselheiros escolares, seja por meio de cursos presenciais ou a distância. É objetivo também do material estimular o debate entre os próprios membros do Conselho Escolar sobre o importante papel desse colegiado na implantação da gestão democrática na escola. O material instrucional não deve ser entendido como um modelo que o Ministério da Educação propõe aos sistemas de ensino, mas, sim, como uma contribuição ao debate e ao aprofundamento do princípio constitucional da gestão democrática da educação. Vale ressaltar que não é propósito deste material esgotar a discussão sobre 10
  • 9. o tema; muito pelo contrário, pretende-se dar início ao debate sobre essa ques- tão, principalmente tendo como foco o importante papel do Conselho Escolar. Muitos desafios estão por vir, mas com certeza este é um importante passo para garantir a efetiva participação das comunidades escolar e local na gestão das escolas, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade social da edu- cação ofertada para todos. Ministério da Educação 11
  • 10. Introdução Este caderno integra o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conse- lhos Escolares e tem como objetivo contribuir para que o Conselho Escolar possa atuar como instrumento de gestão democrática colegiada, especialmen- te no acompanhamento responsável da prática educativa que se desenvol- ve na escola. Para que o Conselho Escolar possa construir uma ação consciente, ativa e relevante no acompanhamento da prática educativa, e nela, especialmente, da aprendizagem do estudante, torna-se necessário refletir e encaminhar algu- mas questões: Qual a principal função do Conselho Escolar? Como garantir a unidade da prática social da educação? Como lidar com as diferenças que marcam os sujeitos que participam do processo Na prática educativa, educativo? quem ensina e quem aprende? Que qualidade é própria de uma educação emancipadora? Que dimensões e Como tornar aspectos podem transparente as O que avaliar na prática ser parâmetros ações da escola? educativa? para esse acompanhamento? 12
  • 11. Essas questões provocam oito reflexões que aqui são propostas: 1) Tentando encaminhar a questão Qual a principal função do Conselho Esco- lar? destaca-se a necessidade da existência de espaços de participação no in- terior da escola, para que os segmentos escolares possam exercitar a prática democrática. Dentre esses espaços, o Conselho Escolar se destaca, dado que sua participação está ligada, prioritariamente, à essência do trabalho escolar, isto é, ao desenvolvimento da prática educativa, em que o processo ensino- aprendizagem é sua focalização principal, sua tarefa mais importante. Nesse sentido, sua função é, fundamentalmente, político-pedagógica. 2) Sabe-se que no interior do processo educativo existem sujeitos que pos- suem necessidades e potencialidades diferentes. Então, como lidar como as dife- renças que marcam esses sujeitos, garantindo espaço para seu pleno desenvolvimento, tanto no sentido pessoal quanto no social? A reflexão apresentada indica a neces- sidade da incorporação do sentido de pluralidade nas relações sociais da es- cola, em que o respeito às diferenças marca o processo educativo. 3) Dada a fragmentação do trabalho escolar, surge a questão: Como garantir a unidade da prática escolar? Essa unidade exige, primeiro, o conhecimento de todo o trabalho que se desenvolve na escola, em suas especificidades e na relação que existe entre essas partes. Nessa tarefa, o projeto político-pedagó- gico surge como um instrumento eficaz para a garantia dessa unidade. A par- tir dele, o Conselho Escolar, pode acompanhar todo o processo, auxiliando na melhoria da qualidade da educação. 4) Como o termo qualidade possui conotações diferenciadas nos diversos campos sociais (econômico, político e cultural), cabe refletir sobre o sentido de qualidade mais adequado à educação. Verifica-se que, nos últimos anos, a qualidade da educação tem sido palco de diferentes perspectivas, com espe- cial destaque para dois deles: o sentido de qualidade mercantil, baseado na 13
  • 12. lógica econômica e empresarial e o sentido de qualidade socialmente referenciada, cuja lógica tenta compreender a relevância social da construção dos conhecimentos, na escola. Ambos têm seguidores e objetivam tipos de educação diferenciados. Resta compreender cada um desses significados e identificar: Qual o sentido mais adequado a uma educação emancipadora? 5) Assim como na questão da qualidade (e até decorrente da opção adota- da nesta), o processo de ensino-aprendizagem não é compreendido sempre da mesma forma. Há os que entendem que, nesse processo, o professor ensina e o aluno aprende, num mero mecanismo de transmissão de conteúdos. Há, de outro lado, aqueles que o compreendem como um processo de sentido duplo, em que todos aprendem e todos ensinam, na construção do conhecimento cole- tivo. O Conselho Escolar precisa refletir sobre essas posturas no seu trabalho e saber identificar: Na prática educativa, quem ensina e quem aprende? 6) Ocorre que o sentido de qualidade dado à educação nos últimos tempos tende a identificar a educação como mercadoria e, nessa ótica, a qualidade trabalhada, muitas vezes, se confunde com a qualidade produtivista, medida apenas por resultados quantitativos, deixando de lado todo o processo pelo qual os sujeitos passaram, desconsiderando o crescimento relativo de cada um. Com isso, o “produto” da educação, quase sempre apresentado pelas notas escolares, torna-se o foco privilegiado das avaliações. A reflexão aqui propos- ta tenta resgatar a importância do processo educativo como um todo, gerando uma dimensão de avaliação mais completa e mais próxima do que realmente ocorre na escola. Então: O que avaliar na prática educativa? 7) Já que a função principal do Conselho Escolar é o acompanhamento responsável da prática educativa que se desenvolve na escola, cabe refletir, também, sobre as dimensões e os aspectos que necessitam ser avaliados, ao se construir uma escola cidadã e de qualidade. De forma global, percebe-se que não basta avaliar o desempenho do aluno de forma solta, isto é, 14
  • 13. descontextualizada. Assim, propõe-se refletir sobre: Que dimensões e aspectos podem ser parâmetros para esse acompanhamento? Deve-se, assim, identificar outros aspectos a serem contemplados na avaliação, tais como: o contexto social no qual a escola está inserida; as condições da escola para uma apren- dizagem relevante; os mecanismos utilizados na gestão democrática da es- cola; a atuação do professor no processo educativo; e, finalmente, o desem- penho escolar dos estudantes. 8) Para encaminhar a reflexão: Como tornar transparente as ações da escola? é preciso entender que a escola é um equipamento social público, portanto, ne- cessita ser transparente em suas ações. Nesse sentido, o Conselho Escolar, no desenvolvimento de suas ações, sempre de forma co-responsável e parceiro da direção da escola, terá coletado e analisado uma grande quantidade de dados e informações sobre o processo educativo escolar. Essa análise certa- mente indicará ações que necessitam ser desenvolvidas e, com isso, estará contribuindo decisivamente para a construção de uma educação emancipadora para toda a sociedade. 15
  • 14. Parte I Recuperando conceitos do Caderno 1 A ntes de iniciar as reflexões próprias do presente Caderno é impor- tante rever, sinteticamente, conceitos básicos apresentados no Ca- derno 1, que servem de base para as considerações mais tarde apresentadas. Assim, no caderno anterior viu-se que: 1)Nosso país possui profundas desigualdades econômicas, culturais e po- líticas que não podem ser aceitas passivamente por seus cidadãos e que re- querem políticas públicas voltadas para a redução dessas enormes diferenças. 2)Depois de passar por um longo regime político de exceção, a cidadania brasileira está aprendendo a valorizar e a praticar a democracia reconquistada. 3)É preciso desenvolver – a cada dia, em todos os dias e em todos os espa- ços – a democracia participativa, na qual os cidadãos lutam pela manutenção dos direitos adquiridos e pela ampliação de novos direitos, sem deixar de cumprir seus deveres constitucionais. 4)A escola é um espaço fundamental para o desenvolvimento da democra- cia participativa, pois favorece o exercício da cidadania consciente e compro- metida com os interesses da maior parte da sociedade. 5)A gestão democrática, prática prevista na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Plano Nacional de Educação, é uma forma de exercitar a democracia participativa, podendo contribuir para a própria democratização da sociedade. 6)A gestão democrática na escola torna-se um processo de construção de uma cidadania emancipadora, que requer autonomia, participação, transpa- rência e respeito à pluralidade. 16
  • 15. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola 7) O Conselho Escolar, entre outros mecanismos, tem papel decisivo na gestão democrática da escola, se for utilizado como instrumento comprometi- do com a construção de uma escola cidadã. 8) O Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, es- tratégia inserida numa política pública mais ampla de democratização da edu- cação, visa estimular a criação e/ou a consolidação dos Conselhos Escolares e entidades equivalentes, substituindo concepções meramente burocráticas e formais de gestão escolar. 9) Os Conselhos Escolares são órgãos colegiados que representam as comu- nidades escolar e local, atuando em sintonia com a administração da escola e definindo caminhos para tomar decisões administrativas, financeiras e políti- co-pedagógicas condizentes com as necessidades e potencialidades da escola. 10) A composição, funções, responsabilidades e funcionamento dos Con- selhos Escolares devem ser estabelecidos pelos sistemas de ensino e pela pró- pria escola, a partir de sua realidade concreta e garantindo sua natureza es- sencialmente político-educativa. 17
  • 16. Recuperando conceitos do caderno 1 Depois de um longo período de regime militar de exceção, estamos reaprendendo a praticar a democracia. É preciso ampliar a democracia representativa reconquistada com a partici- pação ativa da sociedade nos diversos espaços sociais – a democracia participativa. A escola é um desses espaços. A gestão escolar democráti- ca é uma forma de democracia participativa que favorece o exercício da cidadania consciente e comprometida com os interesses da maior parte da sociedade. O Conselho Escolar é um órgão colegiado, no qual participam a comunidade escolar e a comunidade local. O Conselho Esco- lar, em sintonia com a administração da escola, visa tomar decisões coletivas nas áreas admi- nistrativa, financeira e político-pedagógica. 18
  • 17. Parte II A função político-pedagógica do Conselho Escolar Chegando ao específico deste Caderno, a primeira pergunta que surge é: Qual a principal função do Conselho Escolar? P ara que haja uma gestão democrática na escola é fundamental a existência de espaços propícios para que novas relações sociais entre os diversos segmentos escolares possam acontecer. Inclusive, para Bobbio (2000), “quando se quer saber se hou- ve um desenvolvimento da democracia num dado país, o certo é procurar saber se aumen- tou não o número dos que têm direito de par- ticipar das decisões que lhes dizem respeito, mas os espaços nos quais podem exercer esse 19
  • 18. A função político-pedagógica do conselho escolar direito”. Assim, o Conselho Escolar constitui um desses espaços, juntamente com o Conselho de Classe, o Grêmio Estudantil, a Associação de Pais e Mes- tres, entre tantos outros possíveis. Ocorre que o Conselho Escolar possui uma característica própria que lhe dá dimensão fundamental: ele se constitui uma forma colegiada da gestão demo- crática. Assim, a gestão deixa de ser o exercício de uma só pessoa e passa a ser uma gestão colegiada, na qual os segmentos escolares e a comunidade local se congregam para, juntos, construírem uma educação de qualidade e socialmen- te relevante. Com isso, divide-se o poder e as conseqüentes responsabilidades. Nesse contexto, o papel do Conselho Escolar é o de ser o órgão consultivo, deliberativo e de mobilização mais importante do processo de gestão democrática, não como instrumento de controle externo, como eventualmente ocorre, mas como um parceiro de todas as atividades que se desenvolvem no interior da escola. Sua participação, nesse processo, precisa estar ligada, prioritariamente, à essência do trabalho escolar. Assim, acompanhar o desenvolvimento da prá- tica educativa, do processo ensino-aprendizagem, é sua focalização principal, isto é, sua tarefa mais importante. Dessa forma, a função político-pedagógica do Conselho Escolar se expres- sa no “olhar” comprometido que desenvolve durante todo o processo educa- cional, tendo como foco privilegiado a aprendizagem, qual seja: no planeja- mento, na implementação e na avaliação das ações da escola. Implementação PROJETO PROJET OJETO Planejamento Avaliação POLÍTICO-PEDA POLÍTICO-PEDAGÓGICO 20
  • 19. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola Nesse acompanhamento co-responsável, o Conselho Escolar participa da elaboração do projeto político-pedagógico e acompanha o desenrolar das ações da escola, num processo permanente de acompanhamento e avaliação. Esses momentos de avaliação servem como diagnóstico, ou seja, como apre- sentação da realidade que, por sua vez, indica quais aspectos podem ser man- tidos, quais os que devem ser revistos na prática cotidiana da escola e quais novos procedimentos precisam ser propostos. Tudo isso, contudo, não se afirma como um fim em si mesmo. Toda essa postura de acompanhamento tem uma finalidade maior: a construção de uma educação democrática e emancipadora. Com esse propósito, a primeira atividade que o Conselho Escolar traz para si é a de discutir e definir o tipo de educação a ser desenvolvido na escola, para torná-la uma prática democrática comprometida com a qualidade socialmente referenciada. Assim, a pergunta que o Conselho Escolar pode fazer é: Queremos que nossa escola desenvolva uma educação que mantenha a realidade em que vivemos ou uma educação que contribua para a transformação dessa mesma realidade? Pode-se imaginar, pela opção escolhida, ao menos dois tipos de educação e, portanto, de processos de ensino-aprendizagem diferentes. Se a opção esco- lhida pela escola for pela manutenção da realidade, a educação voltada ape- nas para o conteúdo, onde o aspecto técnico é o mais enfatizado, será a que mais se enquadra nessa finalidade. Se, no entanto, a opção da escola for a de ser instrumento para a transformação da realidade, a educação emancipadora – por ter caráter político-pedagógica – é a que pode vir a ser mediadora dessas mudanças sociais. 21
  • 20. A função político-pedagógica do conselho escolar Seja qual for a opção desejada pelo sistema de ensino e pela escola, tudo irá decorrer dela: os conteúdos a serem desenvolvidos em sala de aula; a metodologia a ser empregada pelos docentes; a avaliação da aprendizagem escolhida; o processo de participação dos diversos segmentos nas atividades escolares; e, até mesmo, a função do Conselho Escolar. A partir de então, sabendo onde se deseja chegar e que tipo de educação se deseja desenvolver, o Conselho Escolar pode iniciar uma ação consciente e ativa na escola. Com isso definido, pode-se compreender porque a função do Conselho Escolar é fundamentalmente político-pedagógica. É política, na medida em que estabelece as transformações desejáveis na prática educativa escolar. E é pedagógica, pois estabelece os mecanismos necessários para que essa trans- formação realmente aconteça. Cabe destacar que o sentido político aqui de- senvolvido não se refere à política partidária, mas sim a toda ação consciente e intencional que vise manter ou mudar a realidade, nas suas diversas dimensões. 22
  • 21. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola Compreendendo a educação como prática social que visa o desenvolvi- mento de cidadãos conscientes, autônomos e emancipados e entendendo o Conselho Escolar como um mecanismo de gestão democrática colegiada, sua função básica e primordial é a de conhecer a realidade e indicar caminhos que levem à realidade desejada. Vale dizer, então, que a principal função do Conselho Escolar é político-pedagógica. O Conselho Escolar é o órgão consultivo, deliberativo e de mobilização mais importante do processo de gestão democrática na escola. Sua ta- refa mais importante é acompanhar o desenvolvi- mento da prática educativa e, nela, o processo en- sino-aprendizagem. Assim, a função do Conselho Escolar é fundamentalmente político-pedagógica. É política, na medida em que estabelece as trans- formações desejáveis na prática educativa escolar. E é pedagógica, pois indica os mecanismos neces- sários para que essa transformação realmente acon- teça. Nesse sentido, a primeira atividade do Con- selho Escolar é a de discutir e delimitar o tipo de educação a ser desenvolvido na escola, para torná- la uma prática democrática comprometida com a qualidade socialmente referenciada. 23
  • 22. Parte III O pluralismo e o respeito às diferenças Uma das dificuldades encontradas para o desenvolvimento dessa tarefa é a diversidade cultural, econômica e política dos sujeitos pessoais e sociais par- ticipantes do processo educacional. Cabe, portanto, uma outra pergunta: Como lidar com as diferenças que marcam os sujeitos que participam do processo educativo? 24
  • 23. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola U m dos desafios que se apresentam ao Conselho Escolar é aprender a construir uma forma de lidar com as diferenças que marcam os su- jeitos que estão envolvidos no processo educativo, garantindo não somente o respeito a essas diferenças, mas abrindo espaço para que cada um possa demonstrar e ser atendido nas suas necessidades e potencialidades. Li- dar com as diferenças não é aceitar as desigualdades sociais. Essa nova forma de agir precisa romper com a lógica centralizadora, que tem historicamente desconsiderado a diversidade de opiniões, posturas, aspi- rações e demandas dos diferentes atores sociais que agem no interior da escola. A escola reproduz tanto as relações econômicas quanto as relações sociais que ocorrem na sociedade, com todas as suas contradições. Nela estão presen- tes os diversos interesses dos grupos sociais que evidenciam conflitos. E quando os conflitos inevitavelmente ocorrem na escola, há uma tendência ora de ignorá- los, ora de desconsiderá-los, ora de reduzi-los. Todas essas posições demons- tram o desrespeito com o diferente, a desconsideração com o outro. Na perspectiva de construir o Brasil como um país de Todos, o Conselho Esco- lar pode cumprir o papel de mediador desses conflitos e construir entendi- mentos mínimos, dentro do contraditório social. Assim, a escuta atenta dos diversos atores sociais e a abertura de espaços para a concretização do debate de opiniões e idéias tornam-se fundamentais para a percepção dos interesses existentes na escola. Com essa postura, as deliberações do Conselho Escolar precisam atentar para essas diferenças. 25
  • 24. O pluralismo e o respeito às diferenças A destinação pública de sua prática, como eixo norteador de suas ações, portanto, voltada para todos, é um dos grandes desafios para o Conselho Es- colar. Por isso, o respeito ao pluralismo, como comportamento indispensável dos diferentes segmentos que compõem o Conselho Escolar, torna-se garantia de um ambiente efetivamente democrático na escola. É preciso romper com a lógica massificadora da esco- la, que tem historicamente desconsiderado a diversi- dade de opiniões, posturas, aspirações e demandas dos atores sociais que agem no seu interior. É preciso respeitar e criar condições para o desenvolvimento das potencialidades e para o atendimento das neces- sidades específicas dos estudantes. Assim, o respeito ao pluralismo torna-se garantia de um ambiente efe- tivamente democrático na escola. Acontece que, assim como na sociedade, há uma visível fragmentação das atividades da escola. Nela, predominantemente, os diretores coordenam as ati- vidades, os professores ensinam, os estudantes estudam, os orientadores educacio- nais apóiam os estudantes, os supervisores ajudam os docentes, os técnicos ad- ministrativos cuidam da escrituração escolar e do atendimento ao público, os funcionários da escola fazem a limpeza e a manutenção dos aspectos físicos da escola, e os vigias e porteiros cuidam da segurança da escola. Essas são as ações de cada um desses sujeitos, mas, comumente, o problema está em que essas par- tes não conversam entre si, isto é, executam ações fragmentadas e desconectadas. 26
  • 25. Parte IV A unidade do trabalho escolar Se assim é, outra pergunta precisa ser feita pelo Conselho Escolar: Como garantir a unidade da prática social da educação? A prática social da educação é um todo, com partes que se articulam e se complementam. Quando as partes des- se trabalho se distanciam, quando seus membros perdem a noção da totalidade e, muitas vezes, percebem sua “parte” como “o todo”, a escola tende a ver seu esforço se esvair na fragmenta- ção. Tornam-se partes autônomas que não se re- lacionam. Tornam-se partes que fragmentam o conhecimento. Tornam-se partes que fragmentam todos os sujeitos envolvidos no trabalho escolar. E, fragmentados, os sujeitos perdem a dimensão 27
  • 26. A unidade do trabalho escolar do viver em sociedade, pois ficam individualizados nos seus desejos e lutas. O Projeto Político-Pedagógico, como instrumento de planejamento coleti- vo, resgata a unidade do trabalho escolar e garante que não haja uma divisão entre os que planejam e os que executam. Elaborado, executado e avaliado de forma conjunta, tem uma nova lógica. Nesse processo, todos os segmentos planejam, garantindo a visão do todo, e todos executam, mesmo que apenas parte desse todo. Com isso, de posse do conhecimento de todo o trabalho es- colar, os diversos profissionais e segmentos envolvidos (gestores, técnicos administrativos e de apoio, docentes, discentes, pais e comunidade local) cum- prem seus papéis específicos, sem torná-los estanques e fragmentados. Todos tornam-se partícipes da prática educativa e portanto, de alguma forma, edu- cadores. 28
  • 27. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola Assim, o Conselho Escolar também necessita ter essa dimensão unitária do trabalho desenvolvido na escola e zelar por ela, planejando e acompanhando o desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico, de modo geral, e a apren- dizagem dos estudantes, de modo particular. A garantia da unidade do trabalho escolar é condição para uma educação emancipadora que é, por origem, democrática e de qualidade. A prática social da educação é um todo, com partes que se articulam e se complementam. O Projeto Polí- tico-Pedagógico, como instrumento de planejamento coletivo, procura resgatar a unidade do trabalho es- colar, garantindo que não haja uma divisão entre os que planejam e os que executam. Assim, o Conselho Escolar necessita zelar pela dimensão unitária do tra- balho desenvolvido na escola, resgatando a função educativa de todos que atuam no seu espaço. 29
  • 28. Parte V O sentido de qualidade na educação E por falar em qualidade, cabe uma nova pergunta: Que tipo de “qualidade” é compatível com uma educação emancipadora? É importante verificar que as políticas pú- blicas de educação, quase sempre, refe- rem-se à qualidade da educação. O ter- mo qualidade, no entanto, tem tomado forma e conteúdo diferentes, com o passar dos anos, acompanhando as mudanças ocorridas na socie- dade e na educação. Nos últimos anos, a busca pela qualidade tem sido o “motor” das políti- cas e das ações na educação, por vezes contra- ditórias. Convém verificar qual a lógica predo- minante que a qualidade passa a adquirir nes- tes últimos anos. 30
  • 29. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola O conceito de qualidade da educação prevalente nas políticas públicas cons- truiu-se a partir do argumento de que o Brasil havia atingido a quase- universalização do ensino fundamental, com mais de 90% de atendimento. Nesse sentido, a questão do acesso à educação básica (especialmente ao ensi- no fundamental) não seria um problema nos discursos e encaminhamentos de dirigentes educacionais. Essa concepção se fundamenta em estudos e da- dos estatísticos que apontavam a cobertura como já “suficiente”, isto é, que as escolas e salas de aula eram suficientes para atender a todos. A existência de crianças e jovens fora da escola era atribuída apenas à reprovação e à evasão escolar. Nesse sentido, segundo essa concepção, a qualidade se reduz à supe- ração do problema da reprovação e da evasão e não mais para a sua democra- tização, em sentido amplo. Gentilli (1994), ao discutir essa visão, registra que a palavra qualidade em educação tem sido muito utilizada como uma “nova retórica conservadora no campo educacional”, num discurso utilitarista que reafirma uma postura que nega um processo educativo emancipador para as maiorias. A discussão sobre a importância da democratização como política para a educação e para sua gestão implica compreender que a democratização da educação não se limita ao acesso, mas envolve e garante, também, a prática democrática que se desenvolve no interior da escola. A escola como espaço de prática da cidadania não deve privilegiar a gestão empresarial em detrimento da gestão democrática. Na medida em que a gestão empresarial é assumida no campo educacio- nal, o “produto” torna-se o aspecto mais relevante da prática social da educa- ção. Nessa ótica, os colegiados escolares, entre eles o Conselho Escolar, que possibilitam a participação de todos os “atores” do processo educativo, aca- bam sendo pouco considerados e, quando aceitos, muitas vezes tornam-se mecanismos para uma gestão de resultados. Com base nessas considerações, pode-se compreender o surgimento, no Brasil, de “modelos” e “fórmulas mágicas” de gestão do processo educativo, que aparentemente viabilizam o sucesso escolar. Como exemplo, surge a “Qua- 31
  • 30. O sentido de qualidade na educação lidade Total” e todas as suas vertentes, que desenvolvem padrões elitistas e excludentes ditados pelo “mercado”. Esses padrões acabam por fazer com que a educação contribua para aumentar as desigualdades existentes no Bra- sil, pois, como bem assinalou Gentilli (1994), “a partir dos novos padrões de- lineados em relação ao embricamento entre educação e setor produtivo, o fos- so entre as desigualdades já existentes tende a alargar”. Essa lógica contribui para a adesão emocional que muitos dirigentes educacionais apresentam acerca da gerência para a qualidade total na educação. Paiva (1994), discutindo essa nova forma de gestão e organização e sua implementação no campo educacional, apresenta três pontos de sua lógica: 1. a gestão empresarial como fórmula a ser aplicada à gestão da educação; 2. o pragmatismo como aspecto fundamental dos objetivos educacionais; e 3. a supremacia da avaliação de produtos. Todos esses pontos assinalados são geradores de condições fundamentais para o mercado – a produtividade e a competitividade. 32
  • 31. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola Mas esse é o sentido de gestão e de qualidade adequado a uma educação emancipadora? Numa educação emancipadora, o sentido de “qualidade” precisa ser decor- rente do desenvolvimento das relações sociais (políticas, econômicas e cultu- rais) contextualizadas e sua gestão contribuir para o fortalecimento da escola pública, construindo uma relação efetiva entre democratização e qualidade. Uma educação de qualidade visa a emancipação dos sujeitos sociais e não guarda em si mesma um conjunto de critérios que a delimite. É a partir da concepção de mundo, sociedade e educação esposada, que a escola procura desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes que irão encaminhar a for- ma pela qual o indivíduo vai se relacionar com a sociedade, com a natureza e consigo mesmo. Assim, a “escola de qualidade” é aquela que contribui com a formação dos estudantes nos aspectos culturais, antropológicos, econômicos e políticos, para o desempenho de seu papel de cidadão no mundo, tornando- se, assim, uma qualidade referenciada no social. Nesse sentido, o ensino de qualidade está intimamente ligado à transformação da realidade. A educação escolar assim compreendida, instrumento para a transformação social, é conhecida como educação emancipadora. Ela, como Rodrigues (1986: 81) já nos dizia, “possibilita a todos a compreensão elaborada da realidade social, política e econômica do momento vivido pelos educandos; o desenvolvimen- to de suas habilidades intelectuais e físicas para a intervenção nessa realida- de, e a posse da cultura letrada e dos instrumentos mínimos para o acesso às formas modernas do trabalho [...]”. A educação emancipadora rompe com qualquer padrão de qualidade, em decorrência do próprio desenvolvimento das relações sociais, não cabendo, portanto, “modelos” ou “esquemas”. Pode-se identificar, contudo, alguns atri- butos de uma escola de qualidade: 1. ser pluralista, porque admite correntes de pensamento divergentes com respeito à diversidade, ao diferente; 2. ser humanista, por identificar o homem como foco do processo educativo; 3. ter consciência de seu papel político como instrumento para a emanci- 33
  • 32. O sentido de qualidade na educação pação, combate às desigualdades sociais e desalienação dos trabalhadores. Importante ressaltar que a escola que busca a qualidade precisa desenvolver o ser social em todas as suas dimensões: no econômico (inserção no mundo do trabalho e da produção de bens e serviços); no cultural (apropriação, desenvol- vimento e sistematização da cultura popular e cultura universal); no político (emancipação do cidadão, tornando-o dirigente do seu destino e partícipe ati- vo na construção do destino do grupo social ao qual pertence). O termo qualidade tem tomado forma e conteúdo dife- rentes, com o passar dos anos. Infelizmente, o sentido de qualidade da educação tem-se baseado, nos últimos anos, na lógica econômica, oriunda do mundo empre- sarial. A educação emancipadora rompe com qualquer padrão preestabelecido de qualidade, em decorrência do próprio desenvolvimento das relações sociais. Nesse sentido, numa educação que visa a emancipação dos sujeitos sociais, compreende-se o sentido de qualidade numa dimensão referenciada no social. Ao focalizar o processo ensino-aprendizagem como o eixo do trabalho da escola e, portanto, foco do trabalho do Conselho Escolar, tende-se a identificar apenas um dos elementos básicos desse processo: o estudante. E, mais que isso: busca-se identificar apenas o produto do processo educativo demonstra- do pelo estudante. Ocorre que, numa educação emancipadora, cuja qualidade é socialmente referenciada, a prática educativa inclui a aprendizagem do es- tudante, mas não se restringe a ela. 34
  • 33. Parte VI Aprendizagem: quem ensina e quem aprende? Então, mais uma pergunta surge para o Conselho Escolar: Na prática educativa, quem ensina e quem aprende? A o se tratar da aprendizagem na escola verifica-se que, numa concepção de educação em que a transmissão de co- nhecimentos é o único objetivo e a manutenção da realidade é a finalidade, nessa ótica, o profes- sor é simplesmente aquele que detém o conheci- mento e, portanto, o transmite para os estudan- tes. A capacidade de ver o outro, de captar a apren- dizagem já existente no estudante, tende a não ser considerada pelo professor. De outro lado, numa educação emancipadora, que busca a transforma- 35
  • 34. Aprendizagem: quem ensina e quem aprende ? ção da realidade, o conhecimento passa a ser fruto de uma construção coleti- va, e, assim, o professor é mais do que o mero “ensinante” e o processo de ensino-aprendizagem adquire movimento de troca e de crescimento mútuo. Nessa percepção, como Paulo Freire tão bem desvelou, o processo de ensino- aprendizagem é uma seta de mão dupla: de um lado, o professor ensina e aprende e, de outro, o estudante aprende e ensina, num processo dialético, isto é, permeado de contradições e de mediações. O processo pedagógico caracteriza-se, portanto, como um movimento pró- prio de idas e vindas, de construções sobre construções. São inúmeras as variá- veis que interferem nesse processo, tais como as condições materiais e as rela- 36
  • 35. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola ções simbólicas. E toda essa complexidade deve ser compreendida e trabalha- da por aqueles que constroem o cotidiano escolar. Portanto, o Conselho Escolar, na sua ação mediadora, precisa considerar os segmentos que participam desse processo de crescimento, especialmente o estudante e o professor. Assim, na avaliação do processo de ensino-aprendi- zagem, deve-se tentar superar a simples aparência e buscar a essência dessa atividade. Para ter-se a dimensão global de todo processo, algumas perguntas pode- riam indicar essa nova forma de agir do Conselho Escolar: Em que contexto social a escola está inserida? Quais as condições físicas e materiais que a escola oferece para que a aprendizagem ocorra? Como a escola vem desenvolvendo a gestão democrática, constitucional- mente estabelecida? Como acontece a formação continuada dos docentes e dos funcionários da escola? Quais os instrumentos de avaliação que a escola utiliza para identificar a aprendizagem dos estudantes? Como os estudantes têm respondido às avaliações? O que a escola tem feito com os resultados do desempenho discente? Num processo educativo dialético, todos aprendem e todos ensinam, numa construção coletiva do conhecimento. 37
  • 36. Parte VII Avaliação: o processo e o produto Estas e outras questões encaminham a próxima pergunta. Afinal, O que cabe ser avaliado na prática educativa? D ada a forma dinâmica e inter- dependente do trabalho educativo, as perguntas anteriormente apresen- tadas despertam a atenção para a importância das condições físicas, materiais e da postura de- mocrática dos membros da escola. Além disso, a ação docente e o desempenho dos estudantes são focalizações importantes para compreender o processo de ensino-aprendizagem. Assim, a res- ponsabilidade pela aprendizagem escolar dos estudantes é igualmente dividida entre esses componentes: gestores, professores, estudantes, educadores não-docentes e pais. 38
  • 37. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola Percebe-se que, na avaliação a ser empreendida pelo Conselho Escolar, há de se considerar, além do “produto” expresso nas notas/menções dos estu- dantes, o “processo” no qual se deu essa aprendizagem, revelado nas condi- ções da escola e na ação do professor, entre outros. Tendo esse panorama global do processo educativo, o Conselho Escolar pode auxiliar a escola na efetivação de seu compromisso de propiciar o de- senvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes, que são indispensá- veis para a formação de cidadãos conscientes, críticos, participativos e prepa- rados para viverem plenamente na sociedade. Dessa forma, todo o processo educativo passa a ter a maior relevância, como meio para a efetivação da aprendizagem, e o produto desse processo – a apren- dizagem efetivamente alcançada – é o resultado de todo o esforço realizado pelos estudantes, docentes, gestores e todos os demais segmentos escolares. Nessa ótica, torna-se importante destacar que o sucesso ou fracasso na apren- dizagem é coletivo, ou seja, da escola como um todo. 39
  • 38. Avaliação: o processo e o produto Na avaliação, o Conselho Escolar precisa considerar, além do “produto” expresso nas notas/menções dos estudan- tes, o “processo” no qual se deu essa aprendizagem. Esse processo é revelado nas condições da escola e na ação do professor, entre outros. É preciso ter uma visão global da escola e, nela, situar o desempenho do estudante. Para avaliar algum objeto é fundamental que sejam estabelecidos critérios. Caso contrário, não se saberá o que olhar, o que observar e, nem mesmo, o que perguntar. Assim, no acompanhamento co-responsável do desenvolvimento do processo educativo, cabe ao Conselho Escolar identificar os aspectos a serem avaliados e quais os que podem ser considerados adequados ao trabalho desenvolvido. 40
  • 39. Parte VIII Dimensões e aspectos do processo educativo Então, o Conselho Escolar precisa refletir sobre outra pergunta: Que dimensões e aspectos podem ser considerados no acompanhamento do processo ensino- aprendizagem? E ste caderno se propõe a destacar a im- portância do Conselho Escolar no acompanhamento do processo ensi- no-aprendizagem que ocorre na escola e in- dicar alguns procedimentos para tal. O Caderno Indicadores da Qualidade na Edu- cação1 traz uma série de indicações que podem ser úteis para a tarefa do Conselho Escolar. Apesar de não estar voltado especialmente 1 Elaborado pela Ação Educativa, Unicef, PNUD e INEP-MEC 41
  • 40. Dimensões e aspectos do processo educativo para os Conselhos Escolares, ele foi intencionalmente agregado a este conjun- to, dada a contribuição que pode trazer para o fortalecimento dos Conselhos Escolares. Como se viu anteriormente, é preciso ter uma visão global da escola e nela situar o desempenho do estudante. Certamente, o Conselho Escolar irá esta- belecer os mecanismos mais adequados para esse acompanhamento. Dentre as muitas sugestões para o processo avaliativo, considera-se importante: a) analisar os resultados do SAEB relativos à sua escola e/ou região; b) explorar as avaliações já desenvolvidas internamente pela escola ou pelo seu respecti- vo sistema; c) imprimir uma avaliação própria. Utilizar os Desenvolver resultados do uma avaliação SAEB própria Analisar a avaliação já desenvolvida pela escola Em qualquer dessas ações caberá ao Conselho Escolar identificar os aspec- tos contemplados nas respectivas avaliações e verificar como se situa a escola em cada um deles. Assim, pode ser feito um mapeamento de todos os aspec- tos discriminados nas avaliações e, depois de identificar os pontos fortes, médios e fracos da escola, propor encaminhamentos para a melhoria dos pro- cessos pedagógicos e dos resultados obtidos. Além disso, importante também é identificar a responsabilidade sobre cada um dos encaminhamentos feitos, isto é, quem é o responsável pela implementação da medida proposta. Com- pletando o panorama, é necessário estabelecer um cronograma para o desen- volvimento dessas ações, que seja possível para a escola. 42
  • 41. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola Ao desenvolver uma avaliação própria, além das demandadas pelos respec- tivos sistemas de ensino, ele acaba por estabelecer a melhor estratégia para esse acompanhamento. Vale ressaltar a necessidade de situar a abrangência da ava- liação, de acordo com as possibilidades concretas da escola. Importante destacar que o processo ensino-aprendizagem é muito mais amplo do que a simples mensuração de resultados obtidos pelos estudantes em avaliações que visam identificar, na sua grande maioria, somente alguns dos conhecimentos adquiridos. No entanto, mesmo que o Conselho Escolar opte por iniciar a avaliação da escola pelo desempenho discente, ele não pode perder a visão de todo o processo, estabelecendo um cronograma para as de- mais avaliações. Assim, além da avaliação do desempenho dos estudantes, deve-se procu- rar estabelecer um cronograma que contemple as demais dimensões do pro- cesso educativo, tais como: o contexto social, o processo de gestão democráti- ca, as condições físicas, materiais e pedagógicas da escola e o desempenho dos educadores docentes e não-docentes. CONTEXTO SOCIAL CONDIÇÕES FÍSICAS, MATERIAIS GESTÃO E PEDAGÓGICAS DEMOCRÁTICA TRABALHADORES ESTUDANTES EM EDUCAÇÃO 43
  • 42. Dimensões e aspectos do processo educativo Apenas a título de exemplificação, a avaliação promovida pela escola, com a participação ativa coordenada pelo Conselho Escolar, poderá contemplar, ou não, os aspectos abaixo: A) Quanto ao contexto social no qual a escola está inserida: 1. Onde está situada geograficamente a escola? 2. Qual a realidade social e econômica dos estudantes e do bairro onde a escola se situa? 3. Quais os equipamentos sociais (cinemas, teatros, igrejas, áreas desportivas, centros de lazer, centros culturais, organizações sociais etc.) disponíveis nas proximidades da escola dos quais os estudantes usufruem? 4. Qual a escolaridade média da comunidade externa à escola? (Cf. Quadro 1, nos Anexos.) 44
  • 43. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola B) Quanto às condições da escola para uma aprendizagem relevante: 1. Quais as ações desenvolvidas pela Secretaria de Educação e pela escola visando a formação continuada dos docentes e dos trabalhadores não- docentes (cursos de capacitação, coordenação pedagógica, participação em eventos, assinatura de revistas especializadas)? 2. Quais são as condições do prédio escolar (salas de aula, área para espor- te, biblioteca, sala de professores, banheiros etc.)? 3. O prédio escolar está preparado para o acesso a portadores de necessi- dades especiais? 4. Quais são as condições (qualidade e quantidade) dos materiais didáticos disponíveis para os docentes e discentes? 5. Quais os equipamentos (computadores, filmadoras, retroprojetor, máqui- nas fotográficas etc.) disponíveis para o trabalho pedagógico da escola? (Cf. Quadro 2, nos Anexos.) C) Quanto aos mecanismos utilizados na gestão democrática da escola: 1. Quais os espaços para a participação dos diversos segmentos na gestão da escola (Conselho Escolar, Reuniões de Pais e Mestres, Grêmio Estu- dantil, Conselho de Classe etc.)? 2. Qual a participação efetiva de cada um dos segmentos escolares e da comunidade local, nesses espaços de participação? 3. Qual a periodicidade com que os órgãos colegiados se reúnem? 4. Como foi elaborado o Projeto Político-Pedagógico da escola? 5. Como vem sendo implementado o Projeto Político-Pedagógico? 6. Como é feita a escolha do dirigente escolar nessa escola? 7. Como a escola vem construindo sua autonomia didática, financeira e administrativa? 8. Como a escola demonstra o respeito à pluralidade dos sujeitos sociais? 9. Como a escola demonstra transparência de seus atos e decisões? (Cf. Quadro 3, nos Anexos.) 45
  • 44. Dimensões e aspectos do processo educativo D) Quanto à atuação dos trabalhadores em educação no processo educativo: 1. Como são estabelecidos os conteúdos e a metodologia a serem desenvol- vidos em sala de aula? O professor participa desse trabalho? 2. Os materiais didáticos existentes na escola são utilizados com freqüência pelos docentes? 3. Como tem sido a participação dos docentes na coordenação pedagógica? 4. Como se desenvolve a relação professor/estudante na sala de aula? 5. Como se desenvolve a relação funcionário/estudante no espaço escolar? 6. Quais os instrumentos utilizados na avaliação dos estudantes, pela escola? 7. Como o professor trabalha com os resultados das avaliações dos estudantes? 8. Como é feita a recuperação da aprendizagem dos estudantes que demons- tram baixo desempenho nas avaliações? 46
  • 45. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola 9. Como é utilizado o livro didático em sala de aula? 10. Como acontece a participação dos professores e dos funcionários não- docentes nas atividades globais da escola? (Cf. Quadro 4, nos Anexos.) E) Quanto ao desempenho escolar dos estudantes: 1. As notas encaminhadas pelos professores para a secretaria da escola são resultantes de quais avaliações (provas, trabalhos individuais e coleti- vos, participação)? 2. Além dos aspectos informativos, quais os formativos que são levados em consideração no processo de avaliação dos estudantes? 3. Quais as notas/menções obtidas pelos estudantes no corrente ano (indi- vidualmente e por turma)? 4. Quais as disciplinas/atividades que possuem as notas/menções mais baixas? 5. Como se comportam as notas/menções de cada estudante, em relação à sua turma? 47
  • 46. Dimensões e aspectos do processo educativo 6. Como se comportam as notas/menções de cada turma, em relação às ou- tras da mesma série? 7. Como os estudantes analisam o processo de avaliação a que estão sub- metidos? 8. Como a escola trabalha os dados resultantes das avaliações externas (SAEB e outras)? (Cf. Quadro 5, nos Anexos.) Depois de se delimitarem os aspectos a serem avaliados, estabelecem-se os mecanismos e os instrumentos a serem utilizados para a coleta das informa- ções e dados desejados. 48
  • 47. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola Entrevistas Coleta de notas dos estudantes na secretaria Questionário Observação Importante identificar qual o instrumento mais adequado para coletar cada uma das informações desejadas. Por exemplo: para obter as notas/menções dos estudantes, caberia levantar os registros da secretaria; para obter os da- dos sobre a ação dos professores, poderia ser aplicado um questionário a eles; para obter as informações sobre a escola, seria interessante uma entrevista com os membros da direção; para verificar a realidade social em que a escola está inserida, poder-se-ia levantar os dados junto à prefeitura e à secretaria ou órgão de educação local. Finalmente, as observações sobre a prática educativa, feita pelos membros do Conselho Escolar, podem complementar e ampliar a visão global que se deseja obter. Após esse trabalho inicial, poderia ser elaborado um quadro sintético para analisar os dados e as informações coletadas, que também poderiam servir para as avaliações do SAEB, e as feitas anteriormente pela escola ou pelo siste- ma de ensino. Nele, além da discriminação das informações necessárias à aná- lise, são propostas as ações que podem ser desenvolvidas na escola para cor- rigir as lacunas e desempenhos indesejáveis, com delimitação de responsabi- lidade e um cronograma para acompanhamento. Cabe enfatizar que a proposta contida neste Caderno não constitui uma “receita de bolo”, nem mesmo um manual que estabelece, de fora, como o 49
  • 48. Dimensões e aspectos do processo educativo Conselho Escolar deve desenvolver o acompanhamento co-responsável do desempenho escolar. Absolutamente não! É a comunidade escolar e a local que devem estabelecer a melhor forma de desenvolver essa atividade. Assim, as especificações apresentadas servem tão-somente como sugestões para os debates a serem travados no Conselho Escolar, que subsidiarão suas delibera- ções. Agora, destaque também precisa ser dado à necessidade e importância desse acompanhamento por parte do Conselho Escolar, na forma e no conteú- do mais adequados à sua realidade e possibilidades. Anexos, são apresentados exemplos de possíveis quadros (parciais) a se- rem elaborados2 sobre cada uma das dimensões apresentadas, indicando ape- nas alguns aspectos. As propostas podem ser estabelecidas para um período de tempo de dois anos ou mais. 2 Lembramos que se trata de dados e informações fictícios, consti- tuindo uma simples sugestão para o início do processo de avaliação, indicando apenas alguns aspectos das dimensões apresentadas. 50
  • 49. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola No processo de avaliação, o Conselho Escolar preci- sa levar em conta: a) os resultados do SAEB; b) as avaliações já desenvolvidas pela escola ou pelo seu respectivo sistema; c) a sua própria avaliação. De- las, devem ser analisadas todas as dimensões do pro- cesso educativo: o contexto social, o processo de ges- tão democrática, as condições físicas, materiais e pedagógicas da escola, o trabalho docente e o de- sempenho discente. Cada uma dessas dimensões possui aspectos específicos a serem avaliados. Im- portante verificar o desempenho da escola em cada um desses aspectos, além de propor ações para sua melhoria. Vale indicar, também, o cronograma para o desenvolvimento dessas ações e a responsabilida- de dos diversos segmentos sobre cada uma delas. Muitos são os mecanismos para a coleta de dados e informações para a avaliação: entrevista, questio- nário e observação. 51
  • 50. Parte IX O Conselho Escolar e a transparência das ações da escola Após todo o trabalho de diagnóstico da realidade e, a partir dele, o esta- belecimento de ações que podem melhorar o quadro apresentado, surge outra questão: Como socializar os dados e informações que o Conselho Escolar conseguiu obter? V ale ressaltar que historicamente a ava- liação escolar vem sendo utilizada, geralmente, para classificação e dis- criminação de estudantes, docentes e até mes- mo de escolas. Essa é uma forma de utilização da avaliação própria de um sistema social que enfatiza a competição entre pessoas e institui- ções e gera, em última instância, a exclusão. A proposta aqui apresentada visa exatamen- te o contrário: visa a solidariedade, ao invés da competição, e a inclusão, ao invés da exclusão. Desta forma, avaliar torna-se uma atitude be- néfica ao processo educativo e uma forma de dar transparência ao trabalho desenvolvido 52
  • 51. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola Os dados e as informações recolhidos e analisados pelo Conselho Escolar precisam ser divulgados a toda a comunidade. 53
  • 52. Conselho Escolar e a transparência das ações da escola pela escola pública, pois ela é, em si, educativa também. Assim, os dados e as informações recolhidos e analisados pelo Conselho Es- colar precisam ser divulgados a toda a comunidade, mas de forma impessoal, garantindo a privacidade daqueles que foram alvo das avaliações. Assim, não importa se foi este ou aquele estudante que teve um fraco desempenho em ma- temática. Importante é saber que alguém, um sujeito importante no seio da es- cola, necessita de apoio para obter um melhor desempenho. Da mesma forma, não é importante saber e divulgar que um determinado professor não tem utili- zado bons instrumentos de avaliação. Importante é saber que um dos docentes necessita ser sensibilizado e informado de novas formas de avaliação que, de fato, sejam iluminadoras no processo avaliativo. Com esses cuidados, o Conse- lho Escolar estará garantindo a transparência das ações da escola, como insti- tuição pública que tem o compromisso de “prestar contas” de seu trabalho. A partir dessas considerações, podem-se prever duas indicações possíveis para o uso dos dados e informações colhidos e das análises desenvolvidas: a) propor a manutenção das ações que tenham provocado atitudes e respostas positivas; e b) reorganizar e redimensionar aquelas que não estão sendo ade- quadas – identificando pontos de estrangulamento no processo pedagógico. Numa democracia, o setor público tem o dever de ser transparente para a sociedade. Nesse sentido, a Esco- la precisa divulgar suas ações para toda a comunida- de escolar e local. A avaliação empreendida pelo Con- selho Escolar, junto com a direção da escola, serve como um mecanismo para esse fim. Nesse processo, o sentido ético tem que permear todas as ações, além de ser a chave para o sucesso do processo democrático. 54
  • 53. Conselho Escolar e a aprendizagem na escola Todo esse esforço do Conselho Escolar para conhecer a escola na sua tota- lidade e, a seguir, trabalhar para garantir um processo ensino-aprendizagem que responda às demandas de todos os segmentos da comunidade escolar, é o que se chamou, ao longo deste Caderno, de “acompanhamento responsável das atividades da escola”, que tem na solidariedade e na inclusão seus princí- pios fundamentais. Com esse acompanhamento responsável das atividades da escola e o com- promisso com a qualidade do processo educativo, o Conselho Escolar estará dando uma contribuição altamente relevante para que a educação desenvol- vida pela escola possa ser instrumento para a emancipação dos sujeitos sociais e para o cumprimento de seu papel social, que, em última instância, visa a construção de uma sociedade justa, humana, solidária e igualitária. 55
  • 54. 56
  • 55. Referências ANTUNES, Ricardo. Reestruturação produtiva e mudanças no mundo do tra- balho numa ordem neoliberal. In: DOURADO, Luiz F.; PARO, Vitor H. (Orgs.). Políticas públicas e educação básica. São Paulo: Xamã, 2001. ARAÚJO, Adilson César de. Gestão democrática da educação: a posição dos docentes. 2000. Dissertação (Mestrado) – PPGE, Universidade de Brasília, Brasília, 2000. Mimeografado. AZEVEDO, Janete. Educação como política pública. São Paulo: Autores As- sociados, 1997. (Polêmicas do nosso tempo). BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. BORDIGNON, Genuíno; GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão da educação: o município e a escola. In: FERREIRA, Naura; AGUIAR, Márcia (Orgs.). Ges- tão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2000. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei n. 9.394/96. Disponível em: < http://www.mec.gov.br/legis/default.shtm >. Acesso em: 15 out. 2004. BRAVERMAN, Harry. Trabalho e capital monopolista. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. 57
  • 56. CURY, Carlos R. Jamil. O público e o privado no Brasil: fronteiras e perspecti- vas. In: OLIVEIRA, Dalila; DUARTE, Marisa. Política e trabalho na escola: administração de sistemas públicos de educação básica. Belo Horizonte: Au- têntica, 1999. D’ÁVILA, José Luís Piôtto. A crítica da escola capitalista em debate. Rio de Janeiro: Vozes, 1985. DOURADO, Luiz; COSTA, Messias. Escolha de dirigentes escolares no Bra- sil. Relatório de Pesquisa. Brasília: ANPAE; Fundação Ford; INEP, 1998. (Sé- rie estudos e pesquisas, caderno 4). ––––––. O público e o privado na agenda educacional brasileira. In: FERREIRA, Naura; AGUIAR, Márcia (Orgs.). Gestão da educação: impasses, alternativas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2000. FERREIRA, Naura (Org.). Gestão democrática da educação: atuais tendên- cias, novos desafios. São Paulo: Cortez, 1998. GENTILLI, P.; SILVA, T. T. (Orgs.). Neoliberalismo, qualidade total e educa- ção. Rio de Janeiro: Vozes, 1994. GRACINDO, Regina Vinhaes. Os sistemas municipais de ensino e a nova LDB: limites e possibilidades. In: BRZEZINSKI, Iria (Org.). LDB interpretada: di- versos olhares se entrecruzam. São Paulo: Cortez, 1997. ––––––. Estado, sociedade e gestão da educação: novas prioridades, novas palavras-de-ordem e novos velhos problemas. RBPAE, v. 13, n. 1, jan./jun. 1997. ––––––. Projeto político-pedagógico: retrato da escola em movimento. In: AGUIAR, Márcia A. (Org.). Retrato da escola no Brasil. Brasília: CNTE, 2004. 58
  • 57. LÜCK, Heloísa. Estratégia para a ação global e coletiva do ensino. Revista Gestão em Rede, Renageste/Consed, Paraná: PUC-PR, n. 3, nov. 1997. OLIVEIRA, Dalila; DUARTE, Marisa. Política e trabalho na escola: administra- ção de sistemas públicos de educação básica. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. PAIVA, Vanilda (Org.).Transformação produtiva e eqüidade: a questão do ensino básico. São Paulo: Papirus, 1994. PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 1997. RODRIGUES, Neidson. Por uma nova escola: o transitório e o permanente na educação. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1986. VEIGA, Ilma P. A.; Resende, Lúcia M. G. de (Orgs.). Escola: espaço do projeto político-pedagógico. Campinas, SP: Papirus, 1998. (Magistério: formação e tra- balho pedagógico). 59
  • 58. Anexo I QUADRO 1 – O CONTEXTO SOCIAL (proposta de exercício) AVALIAÇÃO OBTIDA CONSIDERAÇÕES E Não adequada Parcialmente ASPECTO PROPOSTAS DE AÇÃO PARA RESPONSÁVEL CRONOGRAMA Adequada adequada AVALIADO MELHORIA DO ITEM Como a escola fica muito Situação distante da residência dos Até geográfica X estudantes, propõe-se a Direção dezembro da escola disponibilização de transporte escolar. O salário médio da comuni- Realidade dade é extremamente baixo. Organizar cursos rápidos Conselho De março a econômica X profissionalizantes para a Escolar dezembro comunidade poder obter outras fontes de renda. Só existe um cinema no bairro. Verificar com a prefeitura a Conselho Novembro possibilidade de implantar Escolar Equipamentos X um Centro Cultural para sociais a comunidade. Propor ao cinema uma forma Direção Até de atendimento dos estudantes dezembro um dia por mês. Escolaridade Desenvolver curso para Conselho De março a média da X jovens e adultos na escola. Escolar dezembro comunidade 60
  • 59. Anexo II QUADRO 2 – CONDIÇÕES FÍSICAS, MATERIAIS E PEDAGÓGICAS (proposta de exercício) AVALIAÇÃO OBTIDA CONSIDERAÇÕES E Não adequada ASPECTO Parcialmente PROPOSTAS DE AÇÃO PARA RESPONSÁVEL CRONOGRAMA Adequada adequada AVALIADO MELHORIA DO ITEM Promover encontros Coordenadores Semanalmente semanais com os docentes, na coordenação pedagógica. Conseguir assinatura de Direção Até dezembro jornais e revistas para a escola. Formação continuada X Propor o desenvolvimento Direção Novembro de docentes de cursos de aperfeiçoa- mento para os docentes nas áreas indicadas por eles. Organizar um seminário Conselho Escolar Março de 2005 interno para reflexão sobre avaliação da aprendizagem. O prédio necessita de alguns reparos. Solicitar pintura do prédio. Prédio X Direção Ano de 2005 Trocar o piso dos banheiros. Fazer rampa de acesso à escola e adaptar os banheiros. 61
  • 60. AVALIAÇÃO OBTIDA CONSIDERAÇÕES E Não adequada ASPECTO Parcialmente PROPOSTAS DE AÇÃO PARA RESPONSÁVEL CRONOGRAMA Adequada adequada AVALIADO MELHORIA DO ITEM Os materiais didáticos são de boa qualidade e suficientes. Materiais X Direção Março a junho didáticos Organizar um ambiente de 2005 para a exposição e guarda dos materiais. Conseguir recursos para Direção a manutenção dos equipamentos. Conselho Fevereiro a Equipamentos X Escolar abril de 2005 Adquirir cinco computadores para uso dos estudantes. Professores Adquirir um retroprojetor. Pais Merenda X Diversificar o cardápio. Direção Até dezembro escolar Pessoal Desenvolver capacitação técnico- X Direção Julho de 2004 para o pessoal de secretaria. administrativo Pessoal de Fazer reuniões mensais apoio X para acompanhamento Direção Mensalmente das atividades. 62
  • 61. Anexo III QUADRO 3 – GESTÃO DEMOCRÁTICA (proposta de exercício) AVALIAÇÃO OBTIDA CONSIDERAÇÕES E Não adequada ASPECTO Parcialmente PROPOSTAS DE AÇÃO PARA RESPONSÁVEL CRONOGRAMA Adequada adequada AVALIADO MELHORIA DO ITEM Implantar um Grêmio Direção e Março a junho Estudantil. Estudantes Fortalecer o Conselho Conselho Todo ano Escolar. Escolar e Espaços de Direção participação X Envolver mais os auxiliares de ensino nas atividades Direção e Todo ano globais da escola. Auxiliares Organizar reuniões Conselho Bimensais bimensais com os pais. Escolar, Dire- ção e Docentes Elaboração / Envolver mais os estudantes e pais de Direção e Reuniões Implementa- X Conselho ção do PPP estudantes na sua elabo- bimensais ração e implementação. Escolar A escolha é feita por Escolha de eleição direta dos dirigentes X segmentos escolares – manter a forma atual. 63
  • 62. AVALIAÇÃO OBTIDA CONSIDERAÇÕES E ASPECTO Não adequada CRONOGRAMA Parcialmente PROPOSTAS DE AÇÃO PARA RESPONSÁVEL Adequada adequada AVALIADO MELHORIA DO ITEM A escola vem conquistando autonomia pedagógica e administrativa. Por ser uma escola pública, a autonomia financeira esbarra nas normas do sistema público. Autonomia X Há necessidade de ampliar a autonomia dos sujeitos que participam da escola, que pode ser assegurada com a ampliação dos espaços de participação já propostos. Há necessidade de ampliar as consultas feitas à comunidade, especial- mente aos estudantes, que Pluralidade X têm tido pouca voz nas deliberações. O Grêmio Estudantil pode ser uma ação que colaborará para esse atendimento. A escola tem dado pouca transparência à comunidade sobre suas decisões e encaminhamentos. Conselho Ao final de Transparência X Escolar cada ano letivo Elaborar um relatório anual sobre as atividades desenvolvidas e encami- nhar à comunidade. 64
  • 63. Anexo IV QUADRO 4 – DOCENTES (proposta de exercício) AVALIAÇÃO OBTIDA ASPECTO PROPOSTA DE AÇÃO PARA Não adequada CRONOGRAMA Parcialmente MELHORIA DO ITEM RESPONSÁVEL Adequada adequada AVALIADO Não há participação dos docentes na escolha dos conteúdos. Estabelecer a participação Coordenadores Reuniões dos professores na escolha semanais dos conteúdos nas reuniões Conteúdos X semanais da Coordenação Direção e Pedagógica. Docentes 1° semestre Introduzir atividades artísticas (artes cênicas, artes plásticas e música) no currículo escolar (desenvolvimento da criatividade). A gestão da escola não acompanha a metodologia desenvolvida em sala de aula. É uma escolha apenas do docente. Metodologia Coordenadores Reuniões X e Docentes semanais Estabelecer uma troca de experiências sobre as metodologias adotadas em sala de aula, nas reuniões de Coordenação Pedagógica. 65
  • 64. AVALIAÇÃO OBTIDA PROPOSTA DE AÇÃO PARA Não adequada ASPECTO Parcialmente MELHORIA DO ITEM RESPONSÁVEL CRONOGRAMA Adequada adequada AVALIADO Os docentes utilizam muito Material os materiais didáticos didático X existentes e elaboram outros para o acervo da escola. Participação Incentivar a maior partici- Direção e dos docentes Todo o ano X pação dos docentes nas Coordenadores na Coordena- reuniões pedagógicas ção Pedagógica Os docentes avaliam que este aspecto não está bom Relaciona- e que necessitam de apoio mento com para melhorarem. Direção e Março X estudantes Professores Incluir na capacitação docente este aspecto para reflexão e deliberações. Avaliar os instrumentos utilizados. Direção e Até dezembro Professores Organizar novos instru- mentos avaliativos mais Instrumentos Coordenadores X adequados – tanto no que Dezembro a de avaliação e Professores diz respeito ao conteúdo março quanto nos aspectos formativos mais gerais. Incentivar a auto-avaliação Professores e Todo o ano dos estudantes. Estudantes Os resultados têm sido utilizados basicamente para a classificação dos estudantes. Uso dos Conselho A cada resultados X Organizar quadros e Escolar e bimestre da avaliação tabelas demonstrativas dos Docentes resultados para análise de toda a comunidade escolar (sem identificação dos estudantes). 66