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A dimensão simbólica da obra e as suas três
principais personagens: Baltasar, Blimunda e
Bartolomeu
“Memorial do Convento” de José Saramago
Relação titulo/conteúdo
O título apresenta uma grande carga simbólica
Sugere as memórias remetem para o Mundo
místico e misterioso.
É o erudito e o popular que
permite a realização de sonhos e
crenças num universo de magia.
Representa a construção do
convento, com tudo o que de
grandioso e trágico representou.
O desejo de um Rei que queria
deixar descendência real.
O desejo dos frades franciscanos de
possuírem um convento.
2 desejos
A construção do Convento de Mafra
Este convento reflete sobretudo
● A magnificência da corte de D. João V e do seu
poder absoluto;
● O sacrifício e a opressão do povo que nele
trabalhou, muitas vezes aniquilado para servir
o sonho do rei.
É um romance histórico mas também social, pois analisa e critica as condições
sociais, morais e económicas da corte e do povo.
● Há uma grande preocupação
com o ser humano, a sua
miséria e a sua luta, as
injustiças e os seus anseios, a
sua grandeza e os seus limites.
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Domenico Scarlatti
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Terrestre
Número 7
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Divina
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Número 9
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”Durante nove anos, Blimunda procurou
Baltasar.”
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Baltasar Sete-Sóis
Caracterização
● É um homem do povo, simples, analfabeto e
humilde, elementar, fiel e terno;
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Mafra, que ficou maneta da mão esquerda
depois de ter levado um tiro durante a Guerra
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● Conhece o padre Bartolomeu de Gusmão e
Blimunda em Lisboa enquanto assiste ao auto
de fé em que está a mãe de Blimunda;
● Aceita a vida que lhe foi dado viver e a mulher que o destino lhe ofereceu;
● Não medo do trabalho ou da morte. Não é um herói nem um anti-herói, é
simplesmente um homem;
● O Padre Bartolomeu Lourenço partilha com ele o seu maior segredo, a construção
da passarola;
● Também vai participar na construção do convento;
● Morre queimado vivo na última fogueira da Inquisição.
Simbologia da personagem
Baltasar
É comparado a Deus, devido à
mutilação da mão esquerda, pelo
padre Bartolomeu.
O Sol identifica-se como fonte de vida,
da força, do poder do conhecimento.
Baltasar encarna simbolicamente
a vida de todos os homens do
povo, oprimido e espezinhado,
que sempre trabalhou e nunca foi
recompensado.
A morte de Baltasar no fogo da
Inquisição significa o regresso às
trevas e a negação do progresso.
O Sol para nascer tem que vencer
todos os dias todos os guardiães da
noite.
Baltasar também terá que
vencer os guardiães da "noite
histórica": a Inquisição, a
credulidade popular e as forças
espirituais retrógradas.
O Sol percorre um ciclo celeste diurno
de Oriente para Ocidente
Baltasar percorre, no interior
da Passarola, um ciclo entre
Lisboa e Montejunto.
O seu percurso é marcado por
uma aura de magia
Presente na relação amorosa com
Blimunda e na afinidade de "saberes"
com o padre Bartolomeu e no trabalho
de construção da passarola.
Trabalha mutilado no convento
Uma luta desmedida na
construção de algo, como
realização de um sonho.
A perda de parte do seu lado
esquerdo
A amputação da sua dimensão
mais nefasta, mais masculina,
mais passada.
Ganhou uma dimensão mais espiritual,
marcada pela perseverança, força, luta e
sentido de futuro que sairá reforçada na
associação com Blimunda.
Blimunda Sete-Luas
• Quando conhece Baltasar tem 19 anos;
• É uma mulher do povo com poderes
sobrenaturais – ecovisão;
• É sensual e inteligente
• Vive sem regras que a condicionem e
escravizem;
• É detentora de grande densidade psicológica
e de uma perseverança sem limites;
• Aceita a vida sem orgulho nem submissão.
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Simbologia da personagem
Blimunda
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As duas mil “vontades”
retiradas por Blimunda para
construção da passarola são
de difícil acesso
Falta de perseguição do sonho
Só Blimunda conseguiria entrar neste
mundo não material.
Blimunda capacidades
intuitivas e visionárias,
dependentes das fases da Lua.
Vê às escuras Sete-Luas
A igualdade do casal é contrária ao estatuto
social feminino no século XVIII.
Blimunda é mulher do futuro, que trabalha
ao lado do marido e com ele tudo vive
e decide: é a nova mulher.
Junção das Vontades Humanas Faz os Homens subirem aos céus
3 símbolos:
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a vontade resignada
Sem a vontade humana, nenhum
progresso científico por si só faz avançar o
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Baltasar e Blimunda
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Baltasar e Blimunda são, pelo
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cabo pela Inquisição, o de 26 de Julho de 1711
e não mais deixam de se amar
Vivem um amor sem regras,
natural e instintivo, entregando-
se a jogos eróticos. A plenitude
do amor é sentida no momento
em que se amam e a procriação
não é sonho que os atormente
como sucede com os reis.
Blimunda não é de origem Sete-Luas e
é o padre Bartolomeu de Gusmão que
a baptiza com este nome por ela ser
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Ela com uma capacidade de
olhar por dentro das pessoas
O seu amor é tão complementar porque
eles próprios são diferentes das outras
pessoas
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física devido à guerra.
A complementaridade Sol/Lua, dia/noite,
luz/sombra evidencia a alternância do mundo, numa
clara acepção de essência dicotómica que une os
opostos, nomeadamente, o universo divino e o
universo humano.
Comparação entre os dois amores
D. João V e D. Maria Ana Josefa Baltasar e Blimunda
Rei absoluto a
quem é
obrigatório amar
Obediência e respeito;
Cumprimento de regras e
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Homem
encantado e
apaixonado
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encantada e
apaixonada
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Amor carnal; Amor espiritual;
Encontro de corpos e almas
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Padre Bartolomeu Lourenço de
Gusmão – O voador
Baixa estatura
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estudou filosofia
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Caracterização
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seu comportamento muitas vezes anti-canónico
Representa, de uma forma quase de sacrilégio,
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É um homem genial e incompreendido (como
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Mistura da sua entrega à fé com a sua paixão
escondida pela alquimia
Tem um sonho: construir a máquina voadora
Morreu “doido” em Toledo
“(…) o padre Bartolomeu Lourenço
de Gusmão morreu em Toledo, que é
em Espanha, para onde tinha fugido,
dizem que louco (…) Diz-se que foi
no dia dezanove de Novembro, por
sinal que nessa data houve em
Lisboa uma grande tempestade, se o
Bartolomeu de Gusmão fosse santo,
seria um sinal do céu (…)”(Capítulo
XVII)
Personagem histórica vs Personagem
fictícia
Estudou com os Jesuítas da Baía
Devido ao interesse científico, veio em
1701 para Portugal
Fez o curso de Cânones da Universidade de
Coimbra
Dedicou-se a experiências aeronáuticas –
lançamento de balões
Fugiu à Inquisição por adesão ao judaísmo ou
por envolvimento num caso de bruxaria.
.
Morreu em Toledo em 1724
Viveu e estudou no Brasil
Veio cedo para Portugal
Fez o doutoramento em cânones na
Universidade de Coimbra
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Fugiu à Inquisição devido ao seu sonho
de voar
Morreu em Toledo
Personagem histórica Personagem fictícia
Simbologia da personagem
Bartolomeu
A sua obsessão de voar levam-no a formar
uma “Trindade terrestre”
Baltasar
Blimunda
Bartolomeu
Esta tríade simboliza o sonho e o empenho tornados
realidade, a par da desgraça, também ela partilhada.
Força física
Magia
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Representa as novas ideias que causavam
estranheza na inculta sociedade portuguesa.
Representa uma enorme crise de fé
Verifica-se uma constante mudança de
atitude por parte da personagem.
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possuindo a capacidade de voar e
chegar mais perto dos anjos
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humana à vontade divina
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combustível
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Simboliza a importância da matéria e do sonho
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talento e engenho e a sua superioridade no
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Resulta da vontade de um rei
vaidoso…
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estrangeiros
A matéria e o sonho na
obra “Memorial do
Convento”
Simbologia da Igreja e do Clero
A Igreja representa o obscurantismo, um poder
imenso que tudo controla segundo a sua
vontade, incluindo as decisões régias.
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do próprio rei
“D. João V levantou-se da sua cadeira, beijou a mão do
provincial, humildando o poder da terra ao poder do céu, e
quando se tornou a sentar repetiu-se-lhe o halo em redor da
cabeça, se este rei não se acautela acaba santo.” (Capítulo XXI)
Simbologia da Pedra Mãe
Uma situação de cariz mítico na obra “Memorial do Convento”
constitui-se com a história heróica, epopeica, do transporte da pedra
gigante de mármore, a mãe da pedra, de Pêro Pinheiro para Mafra.
O tamanho gigantesco
da pedra
O carro especialmente construído para o
seu transporte (uma "nau da Índia"),
As duzentas juntas de bois e os
seiscentos homens necessários
para o puxarem
Os difíceis obstáculos do caminho
A narração exagera as situações descritivas:
“a laje tem de comprimento trinta e cinco palmos, de largura
quinze, e a espessura é de quatro palmos, e, para ser
completa a notícia, depois de ser lavrada e polida, lá em
Mafra, ficará só um pouco mais pequena, trinta e dois palmos,
catorze, três, pela mesma ordem e partes, e quando um dia
sem acabarem palmos e pés por terem achado metros na
terra, irão outros homens tirar as medidas e encontrarão sete
metros, três metros, sessenta e quatro centímetros, tome
nota, e porque também os pesos velhos levaram o caminho
das medidas velhas, em vez de duas mil cento e doze arrobas,
diremos que o peso da pedra da varanda da casa a que se
chamará Benedictione é de trinta e um mil e vinte e um quilos,
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senhores visitantes, e agora passemos à sala seguinte, que
ainda temos muito que andar.” (Capítulo XIX)

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Memorial do Convento-Dimensão simbólica

  • 1. A dimensão simbólica da obra e as suas três principais personagens: Baltasar, Blimunda e Bartolomeu “Memorial do Convento” de José Saramago
  • 2. Relação titulo/conteúdo O título apresenta uma grande carga simbólica Sugere as memórias remetem para o Mundo místico e misterioso. É o erudito e o popular que permite a realização de sonhos e crenças num universo de magia. Representa a construção do convento, com tudo o que de grandioso e trágico representou.
  • 3. O desejo de um Rei que queria deixar descendência real. O desejo dos frades franciscanos de possuírem um convento. 2 desejos A construção do Convento de Mafra Este convento reflete sobretudo ● A magnificência da corte de D. João V e do seu poder absoluto; ● O sacrifício e a opressão do povo que nele trabalhou, muitas vezes aniquilado para servir o sonho do rei.
  • 4. É um romance histórico mas também social, pois analisa e critica as condições sociais, morais e económicas da corte e do povo. ● Há uma grande preocupação com o ser humano, a sua miséria e a sua luta, as injustiças e os seus anseios, a sua grandeza e os seus limites.
  • 5. Simbologia dos números Número 3 • Criação; • Natureza tríplice de Deus; • Santíssima Trindade; • Ciclo de vida; • Composição do homem; • Trilogia Baltasar, Blimunda e Bartolomeu.
  • 6. Número 4 Domenico Scarlatti Quarto elemento Quatro elementos; Quatro pontos cardeais; Quatro estações do ano. Completa a Trindade Terrestre
  • 7. Número 7 Trindade Divina Quatro Pontos Cardeais Totalidade do Universo em movimento • Perfeição; • Sete dias da semana; • Sete pecados mortais; • Sete sacramentos; • Mudança de um ciclo, dia-noite.
  • 8. Número 9 • Gestação; • Renovação; • Renascimento. ”Durante nove anos, Blimunda procurou Baltasar.” A união entre os dois é restabelecida
  • 9. Baltasar Sete-Sóis Caracterização ● É um homem do povo, simples, analfabeto e humilde, elementar, fiel e terno; ● É um jovem soldado, de 26 anos, natural de Mafra, que ficou maneta da mão esquerda depois de ter levado um tiro durante a Guerra da Sucessão; ● Conhece o padre Bartolomeu de Gusmão e Blimunda em Lisboa enquanto assiste ao auto de fé em que está a mãe de Blimunda;
  • 10. ● Aceita a vida que lhe foi dado viver e a mulher que o destino lhe ofereceu; ● Não medo do trabalho ou da morte. Não é um herói nem um anti-herói, é simplesmente um homem; ● O Padre Bartolomeu Lourenço partilha com ele o seu maior segredo, a construção da passarola; ● Também vai participar na construção do convento; ● Morre queimado vivo na última fogueira da Inquisição.
  • 11. Simbologia da personagem Baltasar É comparado a Deus, devido à mutilação da mão esquerda, pelo padre Bartolomeu. O Sol identifica-se como fonte de vida, da força, do poder do conhecimento. Baltasar encarna simbolicamente a vida de todos os homens do povo, oprimido e espezinhado, que sempre trabalhou e nunca foi recompensado. A morte de Baltasar no fogo da Inquisição significa o regresso às trevas e a negação do progresso.
  • 12. O Sol para nascer tem que vencer todos os dias todos os guardiães da noite. Baltasar também terá que vencer os guardiães da "noite histórica": a Inquisição, a credulidade popular e as forças espirituais retrógradas. O Sol percorre um ciclo celeste diurno de Oriente para Ocidente Baltasar percorre, no interior da Passarola, um ciclo entre Lisboa e Montejunto. O seu percurso é marcado por uma aura de magia Presente na relação amorosa com Blimunda e na afinidade de "saberes" com o padre Bartolomeu e no trabalho de construção da passarola.
  • 13. Trabalha mutilado no convento Uma luta desmedida na construção de algo, como realização de um sonho. A perda de parte do seu lado esquerdo A amputação da sua dimensão mais nefasta, mais masculina, mais passada. Ganhou uma dimensão mais espiritual, marcada pela perseverança, força, luta e sentido de futuro que sairá reforçada na associação com Blimunda.
  • 14. Blimunda Sete-Luas • Quando conhece Baltasar tem 19 anos; • É uma mulher do povo com poderes sobrenaturais – ecovisão; • É sensual e inteligente • Vive sem regras que a condicionem e escravizem; • É detentora de grande densidade psicológica e de uma perseverança sem limites; • Aceita a vida sem orgulho nem submissão. Caracterização
  • 15. Simbologia da personagem Blimunda A riqueza interior de Blimunda Força do seu olhar As duas mil “vontades” retiradas por Blimunda para construção da passarola são de difícil acesso Falta de perseguição do sonho Só Blimunda conseguiria entrar neste mundo não material. Blimunda capacidades intuitivas e visionárias, dependentes das fases da Lua. Vê às escuras Sete-Luas
  • 16. A igualdade do casal é contrária ao estatuto social feminino no século XVIII. Blimunda é mulher do futuro, que trabalha ao lado do marido e com ele tudo vive e decide: é a nova mulher. Junção das Vontades Humanas Faz os Homens subirem aos céus 3 símbolos: a morte humana, o pensamento falso e passivo a vontade resignada Sem a vontade humana, nenhum progresso científico por si só faz avançar o mundo.
  • 17. Baltasar e Blimunda O nome de Blimunda funciona como o reverso do de Baltasar. Sol e Lua completam-se: são a luz e a sombra que compõem o dia (o ciclo diário). Baltasar e Blimunda são, pelo amor que os une, um só A relação entre os dois é perturbadora para a sociedade da época Porque não existe um casamento oficial Porque os dois têm os mesmos direitos, facto improvável em pleno século XVIII.
  • 18. Conhecem-se durante um auto-de-fé, levado a cabo pela Inquisição, o de 26 de Julho de 1711 e não mais deixam de se amar Vivem um amor sem regras, natural e instintivo, entregando- se a jogos eróticos. A plenitude do amor é sentida no momento em que se amam e a procriação não é sonho que os atormente como sucede com os reis. Blimunda não é de origem Sete-Luas e é o padre Bartolomeu de Gusmão que a baptiza com este nome por ela ser companheira de Sete -Sóis
  • 19. Ela com uma capacidade de olhar por dentro das pessoas O seu amor é tão complementar porque eles próprios são diferentes das outras pessoas Ele com uma deformidade física devido à guerra. A complementaridade Sol/Lua, dia/noite, luz/sombra evidencia a alternância do mundo, numa clara acepção de essência dicotómica que une os opostos, nomeadamente, o universo divino e o universo humano.
  • 20. Comparação entre os dois amores D. João V e D. Maria Ana Josefa Baltasar e Blimunda Rei absoluto a quem é obrigatório amar Obediência e respeito; Cumprimento de regras e deveres da rainha Homem encantado e apaixonado Mulher encantada e apaixonada Casamento religioso baseado em interesses políticos; Respeito, cumprimento de obrigações conjugais Amor carnal; Amor espiritual; Encontro de corpos e almas Amor verdadeiro e eternoRelações obrigatórias para procriar
  • 21. Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão – O voador Baixa estatura Nascido no Brasil cedo veio para Portugal e logo com 15 anos ingressou na igreja e estudou filosofia Já no Brasil contactava com a classe eclesiástica: É caracterizado como um grande orador Tem 26 anos Aproximam-no do padre António Vieira Caracterização
  • 22. Foi perseguido pela Inquisição, pela modernidade do seu espírito científico e pelo seu comportamento muitas vezes anti-canónico Representa, de uma forma quase de sacrilégio, alguns dos rituais e sacramentos da Igreja É um homem genial e incompreendido (como o fora, por exemplo, Leonardo Da Vinci) Mistura da sua entrega à fé com a sua paixão escondida pela alquimia Tem um sonho: construir a máquina voadora Morreu “doido” em Toledo “(…) o padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão morreu em Toledo, que é em Espanha, para onde tinha fugido, dizem que louco (…) Diz-se que foi no dia dezanove de Novembro, por sinal que nessa data houve em Lisboa uma grande tempestade, se o Bartolomeu de Gusmão fosse santo, seria um sinal do céu (…)”(Capítulo XVII)
  • 23. Personagem histórica vs Personagem fictícia Estudou com os Jesuítas da Baía Devido ao interesse científico, veio em 1701 para Portugal Fez o curso de Cânones da Universidade de Coimbra Dedicou-se a experiências aeronáuticas – lançamento de balões Fugiu à Inquisição por adesão ao judaísmo ou por envolvimento num caso de bruxaria. . Morreu em Toledo em 1724 Viveu e estudou no Brasil Veio cedo para Portugal Fez o doutoramento em cânones na Universidade de Coimbra Construiu a passarola Fugiu à Inquisição devido ao seu sonho de voar Morreu em Toledo Personagem histórica Personagem fictícia
  • 24. Simbologia da personagem Bartolomeu A sua obsessão de voar levam-no a formar uma “Trindade terrestre” Baltasar Blimunda Bartolomeu Esta tríade simboliza o sonho e o empenho tornados realidade, a par da desgraça, também ela partilhada. Força física Magia Inteligência Representa as novas ideias que causavam estranheza na inculta sociedade portuguesa. Representa uma enorme crise de fé Verifica-se uma constante mudança de atitude por parte da personagem. O que simboliza o mito de Prometeu
  • 25. Simbologia da Passarola Ligação entre o Céu e a Terra É o símbolo da humanização, possuindo a capacidade de voar e chegar mais perto dos anjos Fim do dogmatismo da época A viagem Simboliza a liberdade É a esperança em tempos de escravidão A sobreposição da vontade humana à vontade divina As vontades como combustível
  • 26. A simbologia do convento de Mafra Simboliza a importância da matéria e do sonho É uma maneira dos homens mostrarem o seu talento e engenho e a sua superioridade no Universo. Resulta da vontade de um rei vaidoso… … do trabalho escravo de todo um povo… … e da formação intelectual de estrangeiros
  • 27. A matéria e o sonho na obra “Memorial do Convento”
  • 28. Simbologia da Igreja e do Clero A Igreja representa o obscurantismo, um poder imenso que tudo controla segundo a sua vontade, incluindo as decisões régias. Usa um discurso demagógico Controla o país Através da Inquisição Conta até com a subjugação do próprio rei “D. João V levantou-se da sua cadeira, beijou a mão do provincial, humildando o poder da terra ao poder do céu, e quando se tornou a sentar repetiu-se-lhe o halo em redor da cabeça, se este rei não se acautela acaba santo.” (Capítulo XXI)
  • 29. Simbologia da Pedra Mãe Uma situação de cariz mítico na obra “Memorial do Convento” constitui-se com a história heróica, epopeica, do transporte da pedra gigante de mármore, a mãe da pedra, de Pêro Pinheiro para Mafra. O tamanho gigantesco da pedra O carro especialmente construído para o seu transporte (uma "nau da Índia"), As duzentas juntas de bois e os seiscentos homens necessários para o puxarem Os difíceis obstáculos do caminho A narração exagera as situações descritivas:
  • 30. “a laje tem de comprimento trinta e cinco palmos, de largura quinze, e a espessura é de quatro palmos, e, para ser completa a notícia, depois de ser lavrada e polida, lá em Mafra, ficará só um pouco mais pequena, trinta e dois palmos, catorze, três, pela mesma ordem e partes, e quando um dia sem acabarem palmos e pés por terem achado metros na terra, irão outros homens tirar as medidas e encontrarão sete metros, três metros, sessenta e quatro centímetros, tome nota, e porque também os pesos velhos levaram o caminho das medidas velhas, em vez de duas mil cento e doze arrobas, diremos que o peso da pedra da varanda da casa a que se chamará Benedictione é de trinta e um mil e vinte e um quilos, trinta e uma toneladas em números redondos, senhoras e senhores visitantes, e agora passemos à sala seguinte, que ainda temos muito que andar.” (Capítulo XIX)