2. HISTÓRICO DA DEPRESSÃO
Termo Depressão passou a ser utilizado durante o século
XIX, sua inserção se deu em relação a temática da
melancolia.
Philipe Pinel ao final do século XVIII: primeira tentativa de
uma categorização psiquiátrica acerca da melancolia.
Esquirol 1819: define-a como um quadro comportamental de
tristeza, abatimento, desgosto de viver acompanhado de um
delírio ou idéia fixa.
3.
Emil Kraeplin 1883, formulou uma definição baseada no
quadro
clínico
da
psicose
maníaco-depressiva.
Desaparecimento do termo Melancolia.
Freud da maior atenção nos quadros de melancolia e faz
pouca referência à depressão. No entanto observa-se
descrição de fenômenos depressivos no caso Dora – 1922
(neurose histérica) e no caso Homem dos Ratos – 1915
(neurose obsessiva).
4. CLASSIFICAÇÃO DA DEPRESSÃO SEGUNDO A CID - 10
De acordo com a CID-10, a depressão é um transtorno de
humor.
F32 Episódio Depressivo
O episódio depressivo é classificado pela CID – 10 em leve,
moderado ou grave, de acordo com o número, a intensidade
e a importância clínica dos sintomas.
Os episódios leves e moderados podem ser classificados de
acordo com a presença ou ausência de sintomas somáticos.
Os episódios depressivos graves são subdivididos de acordo
com a presença ou ausência de sintomas psicóticos.
5. F32: EPISÓDIOS DEPRESSIVOS (SINTOMATOLOGIA)
Rebaixamento do humor;
Perda do interesse e da capacidade de experimentar o
prazer;
Redução da energia e diminuição da atividade;
Diminuição da
acentuada;
Diminuição da auto-estima e da auto-confiança e frequentes
idéias de culpabilidade;
capacidade
de
concentração
e fadiga
6. F32: EPISÓDIOS DEPRESSIVOS (SINTOMALOGIA)
Sintomas Somáticos:
Lentidão psicomotora acentuada;
Agitação;
Perda de apetite;
Perda de peso;
Perda da libido.
7. F32.0: Episódio depressivo leve:
Estão presentes, pelo menos, dois ou três sintomas desses.
O individuo é capaz de desempenhar maior parte das
atividades.
F32.1: Episódio depressivo moderado:
Estão presentes quatro ou mais dos sintomas.
O paciente apresenta dificuldades para executar atividades
rotineiras.
F32.2: Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos:
Vários dos sintomas são acentuados e angustiantes.
São comuns idéias e atos suicidas e sintomas somáticos.
8. F32.3: Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos:
Episódio depressivo acompanhado de alucinações, delírios,
lentidão psicomotora, estupor, risco de morte por suicídio,
desidratação ou desnutrição e impossibilidade de relações
sociais.
F33: Transtorno depressivo recorrente:
Ocorrência
repetida
de
episódios
depressivos
correspondentes a descrição de um episódio depressivo.
Apresenta graus do F32.3.
O primeiro pode ocorrer em qualquer idade, o inicio pode ser
agudo o insidioso e a duração variável de algumas semanas
a alguns meses.
9. ALGUNS TIPOS DE DEPRESSÃO
Distimia:
Depressão crônica, geralmente de intensidade lenta;
começa no início da vida adulta e persiste por vários
anos. Os sintomas devem estar presentes, de forma
ininterrupta, por, pelo menos, dois anos.
Depressão endógena:
É de natureza mais neurobiológica, mais independente
de fatores psicológicos. Sintomas típícos: lentificação
psicomotora, perda de apetite e de peso, alterações do
sono, piora dos sintomas no período da manhã, etc.
10. TIPOS DE DEPRESSÃO:
Depressão psicótica:
Depressão grave associada a sintomas psicóticos.
Estupor depressivo:
Estado depressivo grave, no qual o paciente permanece dias
na cama ou sentado, imóvel ou rígido. Muitas vezes, recusa
alimentação, urina e defeca no leito, o paciente pode vir a
falecer por complicações clínicas.
Depressão ansiosa:
O paciente queixa-se de angústia intensa associada aos
sintomas depressivos; há inquietação psicomotora e risco de
suicídio.
11. TIPOS DE DEPRESSÃO:
Depressão orgânica:
É causada ou associada a um quadro clínico somático, seja ele
cerebral ou sistêmico.
Depressão dissimulada ou equivalente:
Os pacientes apresentam sinais típicos de depressão, mas o
componente afetivo é afastado ou negado, muitas vezes
expresso por sintomas somáticos. A depressão é revelada à
medida que são penetradas as defesas do paciente.
Depressão reativa ou secundária:
Surge em resposta a um estresse identificável, como perdas
(reações a luto), doenças físicas graves (tumores cerebrais,
hipotireoidismo,etc.) ou uso/abstinência de drogas (corticóides,
barbitúricos, anticoncepcionais, hormônio tireoidiano, etc.).
Corresponde a 60% de todas as depressões.
12. TIPOS DE DEPRESSÃO:
Depressão maior ou unipolar:
Desordem primária e endógena, caracterizada por episódios
depressivos em períodos variáveis da vida do paciente,
geneticamente predisposto à doença.
Atualmente, pode ser tratada com medicamentos e
psicoterapia.
Corresponde acerca de 25% de todas as depressões.
13. TIPOS DE DEPRESSÃO:
Transtorno de humor bipolar:
Desordem primária e endógena, caracterizada por episódios
depressivos alternados com fases de mania ou de humor
normal.
No estado de mania, a pessoa tem prejudicado o seu
raciocínio, bem como sua capacidade de julgamento e o
comportamento social; envolve-se facilmente em negócios
mirabolantes ou aventuras; toma atitudes inadequadas e
incertas.
Se não tratada adequadamente, pode evoluir para quadros
psicóticos. Corresponde a cerca de 10% de todas as
depressões.
Depressão pós-parto:
O parto e as alterações que ele traz, sejam hormonais ou na
rotina da mulher, podem ser um potente estressor,
desencadeando a depressão em mulheres com tendências à
mesma.
14. FATORES DESENCADEANTES DA DEPRESSÃO
Eventos estressantes ou perdas:
É normal sentir-se triste após uma perda, como a morte de
um ente querido ou o rompimento de uma relação.
Essa tristeza pode se transformar em Depressão, em
pessoas que têm tendência depressiva.
Problemas de dinheiro, trabalho ou outras dificuldades
pessoais podem também desencadear a Depressão ou, no
mínimo, são tidos como fatores de risco, na medida em que
oferecem possibilidades favorecedoras ao estresse e,
conseqüentemente, ao esgotamento.
15. FATORES DESENCADEANTES DA DEPRESSÃO
Desemprego;
Doenças Físicas:
A Depressão freqüentemente ocorre junto com certas
doenças orgânicas, como por exemplo, o derrame ou
Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença cardíaca,
esclerose múltipla, câncer, doença de Parkinson, doença de
Alzheimer e diabetes.
Alterações dos hormônios também podem predispor à
Depressão.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),a
Depressão é mais comum no sexo feminino, estimando-se
uma prevalência do Episódio Depressivo em 1,9% no sexo
masculino e 3,2% no feminino.
16. FATORES DESENCADEANTES DA DEPRESSÃO
Adolescência:
O conflito do adolescente é fator de risco para desencadear a
Depressão.
Medicamentos, drogas ou álcool:
Anti-hipertensivos, anti-tuberculosos, medicamentos para
"labirintite", etc; podem causar Depressão. O álcool e
algumas drogas ilegais podem piorar a Depressão.
Histórico Familiar de depressão:
Quanto maior o número de antecedentes deprimidos entre
familiares, maior será a probabilidade de desenvolver uma
Depressão.
17. FATORES DESENCADEANTES DA DEPRESSÃO
Alteração Afetiva Prévia e outras doenças emocionais:
Quem já teve um quadro depressivo tem muito maior
probabilidade de desenvolver uma segundo episódio. A
Depressão pode acompanhar outros transtornos mentais, tais
como os transtornos alimentares, transtornos de ansiedade,
incluindo a Síndrome do Pânico, Transtorno ObsessivoCompulsivo e Síndrome de Estresse Pós-Traumático.
18. TRATAMENTO
O tratamento antidepressivo deve ser entendido de uma
forma globalizada, levando em consideração o ser humano
como um todo incluindo dimensões biológicas, psicológicas e
sociais.
Pode-se utilizar a terapia farmacológica - Os antidepressivos
produzem, em média, uma melhora dos sintomas depressivos
de 60% a 70%, no prazo de um mês.
Psicoterapia;
O ECT (eletroconvulsoterapia) - Em depressões graves com
risco de suicídio, com características psicóticas e em
grávidas, o ECT é uma excelente opção desde que seja
administrado de forma ética com anestesia, pessoal treinado
e ambiente apropriado.
O paciente com depressão deve ser hospitalizado quando o
risco de suicídio e homicídio é claro, quando falta ao paciente
suporte psicossocial, quando há abuso de substância grave
ou o paciente não coopera.
19. FINALIZANDO
Depressão é um Transtorno Afetivo (ou do Humor),
caracterizado por uma alteração psíquica e orgânica global,
com conseqüentes alterações na maneira de valorizar a
realidade e a vida.
As pessoas depressivas não podem, simplesmente, melhorar
por conta própria e através dos pensamentos positivos,
conhecendo pessoas novas, viajando, passeando ou tirando
férias. Sem tratamento, os sintomas podem durar semanas,
meses ou anos.
20. FINALIZANDO
O tratamento adequado, entretanto, pode ajudar a maioria
das pessoas que sofrem de depressão.
A pessoa deprimida não tem ânimo para os prazeres e para
quase nada na vida, de pouco adiantam os conselhos para
que passeiem, para que encontrem pessoas diferentes, para
que freqüentem grupos religiosos ou pratiquem atividades.
Os sentimentos depressivos vêm do interior da pessoa e não
de fora dela e é por isso que as coisas do mundo, as quais
normalmente são agradáveis para quem não está deprimido,
parecem aborrecedoras e sem sentido para o deprimido.
21. APRESENTAÇÃO DO FILME: “ THE HOURS”(AS HORAS)
O enredo do filme apresenta-se em três diferentes momentos
históricos, desenrolados de forma paralela.
Inicialmente retrata a história de VIRGINIA WOOLF em 1923
escrevendo seu livro “Mrs. Dalloway”. Vive em Richmond –
Inglaterra com se marido Leonard, onde busca quietude para
seu conturbado estado mental.
A segunda história passa-se em 1949, retrata a história de
Laura Brow, dona de casa casada com um filho de 5 anos e
grávida de seu segundo filho. Vive angustiada com sua vida e
pensa em cometer suicídio. O filho aflito acompanha e
percebe o sofrimento da mãe que é incapaz de pensar em
algo diferente da morte, ficando isto evidenciado em seu olhar
e sua lentidão.
22. APRESENTAÇÃO DO FILME: “ THE HOURS”(AS HORAS)
O terceiro momento do filme se passa em 2001, onde
Clarissa prepara uma festa para seu amigo Richard que está
em estado terminal de saúde. Richard insinua sua intenção
de cometer suicídio. Em apenas um dia situações intensas
são vividas por estes personagens.
O filme apresenta revelações comportamentais e sintomáticas
da depressão, não só na apresentação pessoal de cada
personagem como também na ambientação de cada história.
Casas antigas, com cômodos escuros, móveis classicos,
flores escuras (roxas, que simbolizam luto), como a casa de
Virginia Woolf personagem central deste filme.
23. APRESENTAÇÃO DO FILME: “ THE HOURS”(AS HORAS)
O que podemos pensar sobre o Suicídio de VIRGINIA ?????
Psiquiatricamente , como o desfecho possível para sua
depressão psicótica; Instinto de morte sobre a vida!
A forma de suicídio escolhido pelos indivíduos revela
características da personalidade e da motivações do
inconsciente para o consumo do ATO!
VIRGINIA escolheu o afogamento. Ela colocou em seu bolso
pedras para pesar, pois sabia nadar e também para afundar
mais rápido. Para não haver mais falha como da última
tentativa. Talvez, pela convicção maior do desejo da MORTE.
24. CARTA DEIXADA POR VIRGÍNIA AO MARIDO NO DIA DE SEU SUICÍDIO
"Querido,
Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto
que não conseguiremos passar por novos tempos
difíceis. E não quero revivê-los.
Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar.
Portanto, estou fazendo o que me parece ser o
melhor a se fazer. Você me deu muitas
possibilidades de ser feliz. Você esteve presente
como nenhum outro. Não creio que duas pessoas
possam ser felizes convivendo com esta doença
terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei
tirando um peso de suas costas, pois, sem mim,
você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê,
não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que
quero dizer é que depositei em você toda minha
felicidade. Você sempre foi paciente comigo e
realmente bom. Eu queria dizer isto - todos sabem.
Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você.
Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza
da sua bondade. Não posso atrapalhar sua vida.
Não mais.
Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão
felizes quanto nós fomos.
25.
A personagem LAURA vivida por Julianne Moore parece
viver em estado de DISTIMIA manifestado por apatia,
desinteressem falta de apetite, fuga da realidade isso se
mostra por meio da leitura, outra coisa importante ela
dissimula a tristeza por sentir culpada por não se sentir feliz
pelo o que o marido proporciona.
26.
Clarissa vivida por Mery Streep Supõe-se que é afetada pela
depressão dissimulada, pois apesar de apresentar sintomas
da depressão, apresenta uma negação da pertubação do
componente afetivo, tristeza de raiva e culpa quando
relembra nostalgicamente sua vida.
“...Sempre dando festas para encobrir o silêncio!” Richard
durante um diálogo.
27.
RICHARD
demonstra ao longo do filme sintomas bem
distintos: apatia, tristeza, hostilidade, pessimismo, cólera,
fuga da realidade, retraimento social, desmotivação e perda
da noção de tempo. Tendo também surtos psicóticos:
Alucinações e delírios que refere-se no filme como FOGO
NEGRO. Isso nos leva a pensar personalidade melancólica, o
mais grave nível de depressão.(Depressão psicótica);
28. POEMA: DEPRESSÃO: AUTOR DESCONHECIDO.
No escuro submundo
No silêncio do meu quarto
Ha bebidas e comprimidos
Ha coisas que eu nunca vi
Ouço gritos de agonia
No escuro desse quarto
Junto aos monstros e as sombras
eles querem me levar..
E eu penso até na morte
As vezes nadas mas me importa
Eu mesmo bati a porta e me tranquei na escravidão
Estou com a ferida aberta
Estou com as armas no chão
29.
No escuro desse quarto
De lado com a depressão
Lado com a depressão
E quando será que isso tudo vai terminar
Ha um brilho de uma navalha e pulsos a se
encontrar
Eu não enxergo nada mas este quadro eu quero
Inverter
Sair desse sofrimento, levantar e voltar a viver..
Você tem a chave pra abrir esta prisão
Você tem o poder
Esse poder está em sua mão
Você tem a chave pra sair da depressão...
30. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ballone, GJ. Causas da Depressão. 2007 In: PsiqWeb. Disponível
em http://www.psiqweb.med.br/, Acesso em: 25 de outubro 2009.
DALGALARRONDO,
Paulo.
DALGALARRONDO, Paulo.
Síndromes
depressivas.
In:
Psicopatologia e semiologia dos
transtornos mentais. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008, p. 307-313.
ESTEVES, Fernanda Cavalcante; GALVAN, Alda Luiza. Depressão
numa contextualização contemporânea, Manaus, n. 24, dez.
2006.
Disponível
em:
<
http://pepsic.bvs-
psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141303942006000300012&lng=pt&nrm=is>. Acesso em: 19 ago. 2008.
31. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MONTEIRO, Katia Cristine Cavalcante; LAGE, Ana Maria Vieira.
Depressão - uma psicopatologia classificada nos manuais de
psiquiatria,
Brasília,
v.
27,
n.1,
mar.
2007.
Disponível
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<http://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php?pid=S141498932007000100009&script=sci_arttext>. Acesso em: 03 jul. 2008.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Classificação estatística
internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID10). 9 ed. São Paulo: Edusp, 2003. v.1, p. 327-331.
SOUZA, Fábio Gomes de Matos e. Tratamento da depressão. Revista
brasileira de psiquiatria, V.21, maio de 1999. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbp/v21s1/v21s1a05.pdf>