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Nova Antologia Poética (Mario Quintana).
Informações.
Rio de Janeiro . (2ª ed. aumentada, Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960); Editora A
Noite .1954
Antologia poética foi publicado em 1954 (Rio de Janeiro: A Noite; a edição não traz
registro de data) 271 p.
As orelhas trazem o seguinte texto de Rubem Braga (1913-1990):
Este livro reúne a maior e a melhor parte da obra de um dos grandes poetas do Brasil.
Vinicius de Moraes nasceu no Rio, em 1913, aqui se formou em Direito e entrou, por
concurso, para a carreira diplomática. Serviu durante quatro anos no consulado brasileiro
em Los Angeles e está no momento como secretário de nossa embaixada em Paris. Seu
primeiro livro foi O caminho para a distância, do qual pouco aproveitou nesta seleção,
seguindo-se Ariana, a mulher e Forma e exegese, com o qual conquistou o Prêmio Felipe
de Oliveira. Publicou a seguir Novos poemas, Cinco elegias, Poemas, sonetos e baladas e
Pátria minha que firmaram seu nome, no consenso da crítica, como o melhor poeta da
turma que hoje entra pela casa dos quarenta. Alguns desses livros foram feitos em edições
limitadas; todos estão há longo tempo esgotados, o que faz com que grandes admiradores
de Vinicius de Moraes conheçam apenas uma pequena parte de sua obra. Esta seleção,
feita pelo próprio poeta com a ajuda de amigos - principalmente Manuel Bandeira -
adquire, assim, uma grande importância, pois possibilita um estudo da evolução do poeta
e a admiração do que ele tem feito de mais alto e melhor.
Vindo de um misticismo de fundo religioso para uma poesia nitidamente sensual que
depois se muda em versos marcados por um fundo sentimento social, a obra de Vinicius
tem como constante um lirismo de grande força e pureza. Ainda com o risco de incorrer
na censura dos que levam suas preocupações puritanas ao domínio das artes, não
quiseram os amigos do poeta, principalmente o que assina esta nota, e assim se faz
responsável por esta resolução, suprimir algumas palavras ou expressões mais fortes que
de raro em raro aparecem em seus versos. Isso fará com que não seja recomendável a
presença deste livro em mãos juvenis - mas resguarda a pureza de sua poesia, que tudo,
em poesia, transfigura. Estamos certos de que, com a edição deste livro, a obra de Vinicius
de Moraes ganhará uma popularidade maior, e passará a ter, entre o público, o lugar de
honra que há muito ocupa no espírito e no sentimento dos poetas e dos críticos.
O volume abre-se com uma "Advertência" (do autor, sem dúvida, embora sem assinatura,
com indicação de local e data):
Poderia este livro ser dividido em duas partes, correspondentes a dois períodos distintos
na poesia do A.
A primeira, transcendental, freqüentemente mística, resultante de sua fase cristã, termina
com o poema "Ariana, a mulher", editado em 1936. Salvo, aqui e ali, umas pequenas
emendas, a única alteração digna de nota nesta parte foi reduzir-se o poema "O cemitério
da madrugada" às quatro estrofes iniciais, no que atendeu o A. a uma velha idéia de seu
amigo Rodrigo M.F. de Andrade.
À segunda parte, que abre com o poema "O falso mendigo", o primeiro, ao que se lembra
o A., escrito em oposição ao transcendentalismo anterior, pertencem algumas poesias do
livro Novos poemas, também representado na outra fase, e os demais versos publicados
posteriormente em livros, revistas e jornais. Nela estão nitidamente marcados os
movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil mas consistente repulsa ao
idealismo dos primeiros anos.
De permeio foram colocadas as Cinco elegias (1943), como representativas do período de
transição entre aquelas duas tendências contraditórias, - livro também onde elas melhor
se encontram e fundiram em busca de uma sintaxe própria.
Não obstante certas disparidades, facilmente verificáveis no índice, impôs-se o critério
cronológico para uma impressão verídica do que foi a luta mantida pelo A.contra si
mesmo no sentido de uma libertação, hoje alcançada, dos preconceitos e enjoamentos de
sua classe e do seu meio, os quais tanto, e tão inutilmente, lhe angustiaram a formação.
Los Angeles, junho de 1949.
Comentários
Ao ler "Nova Antologia Poética" encontrei uma das melhores seleções das poesias de
Vinicius de Moraes, e gostaria de indicaresta obra aos apreciadores da arte de Vinicius.
Aproveito para parabenizar os organizadores - Antonio Cicero e Eucanãa Ferraz pelo feito.
Jemima de Moura Cruz, Ribeirão Pires, 06/01/2004
Lyani08/11/2010
Fantástico!
Foi de repente que eu comecei a ler esse livro. É claro que já sou fã de Vinícius há muito
tempo, mas foi hoje que eu tive que escolher um autor do modernismo brasileiro pra ler
para os alunos do EJA aqui na Biblioteca onde eu trabalho e aí, eu peguei esse livro do
Vinícius na mão. Claro que tinham outros ótimos autores que também sou fã, como Carlos
Drummond, Cecília, Clarice. E esta última podia ter sido minha escolha pois é minha
autora favorita, mas eu já tinha lido um conto dela pra eles, então foi Vinícius.
Comecei a folhear o livro para procurar um poema legal e li um, dois, três, voltei ao
começo do livro e comecei a ler na ordem. Quando dei por mim, tinha lido tudo! Porque
Vinícius é assim, viciante e impossível de largar.
Das maravilhas neste livro publicadas, destaco os seguintes poemas: "Ausência", porque é
de tirar o fôlego de tão lindo; "Dialética", porque também "acontece que eu sou triste...";
"Uma música que seja", porque as vezes é só isso que precisamos; "O Operário em
construção" pra nos lembrar da realidade, da vida, do dia a dia, da simplicidade; "A Rosa
de Hiroshima" pra nos lembrar da crueldade da natureza humana; "O Rio" pra despertar e
renascer; "Soneto de Separação", porque nada dura pra sempre!
Simplesmente fantástico! Leitura recomendadíssima...
Liany -plus 08/11/2010
wagner 17/04/2011minha estante
"Talvez os imensos limites da pátria me lembrem os puros..."
Não posso ter como lido Antologia Poética, pois sempre desde muito tempo--anos
setenta-- venho lendo com admiração a cada ano que passa.
"O MERGULHADOR", de todos, é o meu preferido.
"MENSAGEM À POESIA" e "O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO, levam-me a um profundo
estado de reflexão.
Uso demais no dia a dia as expressões; "pois para isso fomos feitos" e "porque hoje é
sábado", e não poderia deixar de fora o encantador "TERNURA".
iza 16/02/2011minha estante
Exatamente o que eu achei do livro :)
comecei a ler por causa de uma lição de literatura e fiquei apaixonada, é impossível largar
o livro, os poemas , alguns eu me sinto sendo personagem do próprio, ou seja, parece que
foi feito para mim :)
Tremor de terra (Luiz Vilela).
Informações
Versão para impressão
Tremor de Terra relança os 20 contos de Luiz Vilela, e foi publicado pela primeira vez em
1967, e na sua maioria são em prosa bem acabada e narrativas coesas em sua aparente
simplicidade.
Nesta obra destaca-se a feição realista de Vilela, nas narrativas memorialistas, focalizando
um episódio marcante vivido pelo menino de então e que o narrador adulto recupera em
seu discurso do presente. Ainda que não seja um fato extraordinário, ele representou, na
vida daquele que narra, um momento de mudança ou de ruptura que alterou uma
condição existencial anterior (de inocência, de ingenuidade) e colaborou para a sua
formação e seu amadurecimento pessoal, como a morte do avô, no conto "Felicidade", e a
conversa do diretor da escola com o menino que o flagrara num ato de pederastia, em
"Com os próprios olhos".
O herói por excelência das histórias é o ser que tem dificuldade de se encaixar no mundo.
No conto "Imagem", o protagonista procura saber de seus conhecidos o que acham dele.
A cada opinião percebe que sua imagem no espelho se modifica. Por ficar perdido entre
tantas imagens, pois cada uma pensa uma coisa diferente, ele adquire fama de ser uma
pessoa instável.
Outros personagens que ensaiam contrariar o padrão imposto pela sociedade também
sofrem pressão. A personagem tia Lázara de "O Violino" tenta na maturidade aprender a
tocar o violino e é repreendida pela família.
Feridos nessa busca inútil, os indivíduos fogem para dentro de si. O ponto máximo do
recolhimento está em "Buraco", em que o herói cava um buraco onde passa a viver como
tatu.
Identidade é aquilo que uma pessoa tem de mais próprio, de mais pessoal. Esse é o tema
explorado por Luiz Vilela no conto "Imagem", conforme demonstra a seguinte passagem:
“Foi aí que eu comecei a busca. Olhava-me dia e noite no espelho, não mais para
encantar-me, mas para encontrar-me, para saber quem era aquele que estava ali, no
espelho. Aquele era eu – mas quem era eu?”
A exploração do nonsense surge no conto "O fantasma". Trata-se do diálogo, com
passagens hilárias, em que a razão domina o sentimento quando o normal, na situação,
seria o medo abafar a inteligência. No final, aterrorizado com o homem, que
tranqüilamente vai dormir no casarão abandonado, o fantasma desaparece.
No conto - título, "Tremor de Terra", um rapaz se apaixona por uma moça casada. O
sentimento o faz imaginar um momento maravilhoso e ao mesmo tempo terrível, que ele
compara a um tremor de terra. O abalo seria capaz de reverter a condição de "enterrado
vivo" de muitos dos personagens. Como a ironia é um forte elemento dos contos, é dessa
forma que lhes é ameaçado o frágil equilíbrio, visto que pode soterrá-los de vez.
Este conto ("Tremor de terra") expõem-se diversos aspectos relativos à sexualidade na
sociedade contemporânea, tais como a diferenciação entre amor e desejo sexual, a
sexualidade instintiva, o namoro, o casamento, e como a noção de amor é veiculada pelos
meios de comunicação de massa.
Comentarios.
Luiz Vilela desponta como um mestre na arte de criar diálogos em contos curtos de
fabulosa eficiência narrativa.
11/07/2011 16:43
Texto Daniel Schneider e Thiago Minani
O cortiço (Aluísio Azevedo).
Informações.
“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua
infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de
uma assentada sete horas de chumbo.”
Romance naturalista escrito por Aluísio Azevedo, nascido em 1857, em São Luís. No fim do
século XIX, vigorou o estilo Realismo-Naturalismo em obras que se opunham radicalmente
contra a visão romântica, baseados em aliar Arte e Ciência.
A obra “O Cortiço” apresenta uma mostra da sociedade através de um cortiço habitado
por vários tipos urbanos daquela época. O livro foi lançado em 1890, sem preocupação de
expressar as disparidades sociais, a obra busca retratar o caráter e vícios humanos.
O próprio cortiço,cenário e espaço da história, é considerado o próprio protagonista. No
desenrolar dos fator,dois personagens chamam a atenção, João Romão e Jerônimo.
João Romão é um comerciante de herança, constrói habitações populares ao lado de sua
venda e cada vez mais se torna mais ambicioso. Tem consigo Bertoleza, escrava de cama e
mesa, que a dispensa para se casar com Zulmira, filha do Sr.Miranda, dono de um negócio
de tecidos.
Jerônimo é um personagem que segue uma decadência financeira e familiar após
conhecer a mulata Rita Baiana, torna-se irresponsável com a educação da filha e
transforma-se num malandro carioca. Há no livro o retrato de personagens secundários,
como por exemplo, Pombinha que após um casamento fracassado, é seduzida por Léonie,
uma prostituta de luxo.
O cortiço cresce e após sofrer um incêndio é reconstruído, e torna-se numa honrada vila.
Da mesma forma que o dono do cortiço, João Romão, se torna num aristocrata, o cortiço
depois de reconstruído se aristocratiza. O livro já foi adaptado para o cinema através do
trabalho do diretor Francisco Ramalho Jr.
Comentários.
Aluísio Azevedo foge às armadilhas do naturalismo e, fazendo do espaço coletivo o grande
personagem de seu romance, compõe uma narrativa cheia de interesse
11/07/2011 19:35
Texto Daniel Schneider e Thiago Minani
Big Big23 de novembro de 2011 03:20
achei o livro muito complicado de entender, por isso não gostei muito.
Poema Sujo (Ferreira Gullar).
Poema Sujo (1976) foi escrito em Buenos Aires, onde Ferreira Gullar estava exilado. A
oposição entre presente e passado é constante: o eu lírico demonstra insatisfação com o
presente e
nostalgia do passado. A passagem do tempo permeia todo poema, mas é destaque em
três momentos: 1) a
vida, 2) o dia e a noite, 3) a cidade. A obra pode ser lida como uma crítica à ditadura
através de um recuo
insistente ao passado como artifício para negar e questionar o momento “sujo” do Brasil
na década de
1970.
Palavras-chave: Poema Sujo – tempo – ditadura – passado
Abstract: Dirty Poem (1976) was written in Buenos Aires, where Ferreira Gullar was exiled.
The
opposition between past and present is constant: the speaker demonstrates displeasure
with the present
and nostalgia of the past. The passage of time permeates the whole poem, but it is
notability in three
moments: 1) life, 2) the day and the night, 3) the city. The book can be read as a critique
of the
dictatorship through an insistent retreat to the past as a strategy to deny and question the
"dirty" moment
of Brazil in the 1970s.
Keywords: Dirty Poem – time – dictatorship – past
A temática existencialista e a busca pela identidade, refletidas na passagem do
tempo, permeiam o Poema Sujo, de Ferreira Gullar – texto publicado em 1976, contexto
de ditadura militar e repressão no Brasil enquanto Gullar encontrava-se em Buenos
Aires. As circunstâncias em que a obra foi escrita tornam-se relevantes para sua
compreensão. Em 1971, Gullar parte para o exílio, vivendo na Rússia, Chile e Argentina,
de onde retorna em 1977. O livro, produzido em Buenos Aires, é enviado quase de
forma clandestina ao Brasil. Carlos Nejar (2007:503) o aponta como espécie de nova
"canção do exílio", acolhida com entusiasmo incomum no calor do arrefecimento
político do período.
Recorrendo aos postulados de Antônio Cândido (1976), ressaltamos a
necessidade de estudo da obra no que diz respeito ao seu texto e ao contexto. Ou seja,
cabe considerarmos todo o sistema literário (composto pelo triângulo autor, obra e
leitor) como essencial para sua análise crítica. Para Cândido (1976), só é possível
avaliar a produção artística a partir de uma ” interpretação dialeticamente íntegra, em
que tanto o velho ponto de vista que explicava pelos fatores externos, quanto o outro,
norteado pela convicção de que a estrutura é virtualmente independente, se combinam
como momentos necessários do processo interpretativo” (1976:4). Assim, retomamos a
trajetória de Gullar e sua participação militante e seu engajamento na vida política e
literária do país, conforme destaca Alfredo Bosi:
O pós-modernismo de 45 raiado de veios existenciais, a poesia concreta e
neoconcreta, a experiência popular-nacionalista do CPC, o texto de ira e
protesto ante o conluio de imperialismo e ditadura, a renovada sondagem na
1 Mestranda em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Comentários.
f tavares 45 !
-
07/06/2010 às 8:31
com todo respeito, e considerando a história do autor, peço que vocês olhem pro poema
sujo pelo conjunto… os versos que abrem o poema têm importância relativa diante do
restante e do contexto em que foi produzido. a obra de Gullar – e não tenho procuração
dele pra defendê-la. conheço-o das estantes… – é muito maior que uma concessão
poética, uma eventual irreverência ou vulgaridade. tal qual bocage, que se consagrou
como setecentista por aversão ao barroco, gullar não é pornográfico, apenas
espontâneo…
sds, FT
Perfeito, grande FT. O Poema Sujo deve ser lido de ponta e ponta. Imediatamente, se
possível. Abração.
f tavares 45
06/06/2010 às 2:45
cervantes disse que a pena é a língua – no melhor sentido, é claro…- da alma… o poema
sujo tem sido analisado por críticos literários, outros poetas, filólogos, sob a ótica da
frustração política, da solidão do exílio, da construção de seus versos que parecem não ter
consoantes… mas ao leitor comum, como eu, demonstra apenas ter sido escrito com a
alma, o desabafo do poeta…
O Ex-Mágico (Murilo Rubinhão).
Informações.
Hoje sou funcionário público e este não é o meu desconsolo maior.
Na verdade, eu não estava preparado para o sofrimento. Todo homem, ao atingir certa
idade, pode perfeitamente enfrentar a avalanche do tédio e da amargura, pois desde a
meninice acostumou-se às vicissitudes, através de um processo lento e gradativo de
dissabores.
Tal não aconteceu comigo. Fui atirado à vida sem pais, infância ou juventude.
Um dia dei com os meus cabelos ligeiramente grisalhos, no espelho da Taberna
Minhota. A descoberta não me espantou e tampouco me surpreendi ao retirar do bolso
o dono do restaurante. Ele sim, perplexo, me perguntou como podia ter feito aquilo.
O que poderia responder, nessa situação, uma pessoa que não encontrava a menor
explicação para sua presença no mundo? Disse-lhe que estava cansado. Nascera
cansado e entediado.
Sem meditar na resposta, ou fazer outras perguntas, ofereceu-me emprego e passei
daquele momento em diante a divertir a freguesia da casa com os meus passes
mágicos.
O homem, entretanto, não gostou da minha prática de oferecer aos espectadores
almoços gratuitos, que eu extraía misteriosamente de dentro do paletó. Considerando
não ser dos melhores negócios aumentar o número de fregueses sem o conseqüente
acréscimo nos lucros, apresentou-me ao empresário do Circo-Parque Andaluz, que,
posto a par das minhas habilidades, propôs contratar-me. Antes, porém, aconselhou-o
que se prevenisse contra os meus truques, pois ninguém estranharia se me ocorresse
a idéia de distribuir ingressos graciosos para os espetáculos.
Contrariando as previsões pessimistas do primeiro patrão, o meu comportamento foi
exemplar. As minhas apresentações em público não só empolgaram multidões como
deram fabulosos lucros aos donos da companhia.
A platéia, em geral, me recebia com frieza, talvez por não me exibir de casaca e
cartola. Mas quando, sem querer, começava a extrair do chapéu coelhos, cobras,
lagartos, os assistentes vibravam. Sobretudo no último número, em que eu fazia
surgir, por entre os dedos, um jacaré. Em seguida, comprimindo o animal pelas
extremidades, transformava-o numa sanfona. E encerrava o espetáculo tocando o Hino
Nacional da Cochinchina. Os aplausos estrugiam de todos os lados, sob o meu olhar
distante.
O gerente do circo, a me espreitar de longe, danava-se com a minha indiferença pelas
palmas da assistência. Notadamente se elas partiam das criancinhas que me iam
aplaudir nas matinês de domingo. Por que me emocionar, se não me causavam pena
aqueles rostos inocentes, destinados a passar pelos sofrimentos que acompanham o
amadurecimento do homem? Muito menos me ocorria odiá-las por terem tudo que
ambicionei e não tive: um nascimento e um passado.
Com o crescimento da popularidade a minha vida tornou-se insuportável.
Às vezes, sentado em algum café, a olhar cismativamente o povo desfilando na
calçada, arrancava do bolso pombos, gaivotas, maritacas. As pessoas que se
encontravam nas imediações, julgando intencional o meu gesto, rompiam em
estridentes gargalhadas. Eu olhava melancólico para o chão e resmungava contra o
mundo e os pássaros.
Se, distraído, abria as mãos, delas escorregavam esquisitos objetos. A ponto de me
surpreender, certa vez, puxando da manga da camisa uma figura, depois outra. Por
fim, estava rodeado de figuras estranhas, sem saber que destino lhes dar.
Nada fazia. Olhava para os lados e implorava com os olhos por um socorro que não
poderia vir de parte alguma.
Situação cruciante.
Quase sempre, ao tirar o lenço para assoar o nariz, provocava o assombro dos que
estavam próximos, sacando um lençol do bolso. Se mexia na gola do paletó, logo
aparecia um urubu. Em outras ocasiões, indo amarrar o cordão do sapato, das minhas
calças deslizavam cobras. Mulheres e crianças gritavam. Vinham guardas, ajuntavam-
se curiosos, um escândalo. Tinha de comparecer à delegacia e ouvir pacientemente da
autoridade policial ser proibido soltar serpentes nas vias públicas.
Não protestava. Tímido e humilde mencionava a minha condição de mágico,
reafirmando o propósito de não molestar ninguém.
Também, à noite, em meio a um sono tranqüilo, costumava acordar sobressaltado: era
um pássaro ruidoso que batera as asas ao sair do meu ouvido.
Numa dessas vezes, irritado, disposto a nunca mais fazer mágicas, mutilei as mãos.
Não adiantou. Ao primeiro movimento que fiz, elas reapareceram novas e perfeitas nas
pontas dos tocos de braço. Acontecimento de desesperar qualquer pessoa,
principalmente um mágico enfastiado do ofício.
Urgia encontrar solução para o meu desespero. Pensando bem, concluí que somente a
morte poria termo ao meu desconsolo.
Firme no propósito, tirei dos bolsos uma dúzia de leões e, cruzando os braços,
aguardei o momento em que seria devorado por eles. Nenhum mal me fizeram.
Rodearam-me, farejaram minhas roupas, olharam a paisagem, e se foram.
Na manhã seguinte regressaram e se puseram, acintosos, diante de mim.
— O que desejam, estúpidos animais?! — gritei, indignado.
Sacudiram com tristeza as jubas e imploraram-me que os fizesse desaparecer:
— Este mundo é tremendamente tedioso — concluíram.
Não consegui refrear a raiva. Matei-os todos e me pus a devorá-los. Esperava morrer,
vítima de fatal indigestão.
Sofrimento dos sofrimentos! Tive imensa dor de barriga e continuei a viver.
O fracasso da tentativa multiplicou minha frustração. Afastei-me da zona urbana e
busquei a serra. Ao alcançar seu ponto mais alto, que dominava escuro abismo,
abandonei o corpo ao espaço.
Senti apenas uma leve sensação da vizinhança da morte: logo me vi amparado por um
pára-quedas. Com dificuldade, machucando-me nas pedras, sujo e estropiado,
consegui regressar à cidade, onde a minha primeira providência foi adquirir uma
pistola.
Em casa, estendido na cama, levei a arma ao ouvido. Puxei o gatilho, à espera do
estampido, a dor da bala penetrando na minha cabeça.
Não veio o disparo nem a morte: a máuser se transformara num lápis.
Rolei até o chão, soluçando. Eu, que podia criar outros seres, não encontrava meios de
libertar-me da existência.
Uma frase que escutara por acaso, na rua, trouxe-me nova esperança de romper em
definitivo com a vida. Ouvira de um homem triste que ser funcionário público era
suicidar-se aos poucos.
Não me encontrava em condições de determinar qual a forma de suicídio que melhor
me convinha: se lenta ou rápida. Por isso empreguei-me numa Secretaria de Estado.
1930, ano amargo. Foi mais longo que os posteriores à primeira manifestação que tive
da minha existência, ante o espelho da Taberna Minhota.
Não morri, conforme esperava. Maiores foram as minhas aflições, maior o meu
desconsolo.
Quando era mágico, pouco lidava com os homens -o palco me distanciava deles.
Agora, obrigado a constante contato com meus semelhantes, necessitava compreendê-
los, disfarçar a náusea que me causavam.
O pior é que, sendo diminuto meu serviço, via -me na contingência de permanecer à
toa horas a fio. E o ócio levou -me à revolta contra a falta de um passado. Por que
somente eu, entre todos os que viviam sob os meus olhos, não tinha alguma coisa
para recordar? Os meus dias flutuavam confusos, mesclados com pobres recordações,
pequeno saldo de três anos de vida.
O amor que me veio por uma funcionária, vizinha de mesa de trabalho, distraiu-me um
pouco das minhas inquietações.
Distração momentânea. Cedo retornou o desassossego, debatia-me em incertezas.
Como me declarar à minha colega? Se nunca fizera uma declaração de amor e não
tivera sequer uma experiência sentimental!
1931 entrou triste, com ameaças de demissões coletivas na Secretaria e a recusa da
datilógrafa em me aceitar. Ante o risco de ser demitido, procurei acautelar meus
interesses. (Não me importava o emprego. Somente temia ficar longe da mulher que
me rejeitara, mas cuja presença me era agora indispensável.)
Fui ao chefe da seção e lhe declarei que não podia ser dispensado, pois, tendo dez
anos de casa, adquirira estabilidade no cargo.
Fitou-me por algum tempo em silêncio. Depois, fechando a cara, disse que estava
atônito com meu cinismo. Jamais poderia esperar de alguém, com um ano de trabalho,
ter a ousadia de afirmar que tinha dez.
Para lhe provar não ser leviana a minha atitude, procurei nos bolsos os documentos
que comprovavam a lisura do meu procedimento. Estupefato, deles retirei apenas um
papel amarrotado — fragmento de um poema inspirado nos seios da datilógrafa.
Revolvi, ansioso, todos os bolsos e nada encontrei.
Tive que confessar minha derrota. Confiara demais na faculdade de fazer mágicas e ela
fora anulada pela burocracia.
Hoje, sem os antigos e miraculosos dons de mago, não consigo abandonar a pior das
ocupações humanas. Falta-me o amor da companheira de trabalho, a presença de
amigos, o que me obriga a andar por lugares solitários. Sou visto muitas vezes
procurando retirar com os dedos, do interior da roupa, qualquer coisa que ninguém
enxerga, por mais que atente a vista.
Pensam que estou louco, principalmente quando atiro ao ar essas pequeninas coisas.
Tenho a impressão de que é uma andorinha a se desvencilhar das minhas mãos.
Suspiro alto e fundo.
Não me conforta a ilusão. Serve somente para aumentar o arrependimento de não ter
criado todo um mundo mágico.
Por instantes, imagino como seria maravilhoso arrancar do corpo lenços vermelhos,
azuis, brancos, verdes. Encher a noite com fogos de artifício. Erguer o rosto para o céu
e deixar que pelos meus lábios saísse o arco-íris. Um arco-íris que cobrisse a Terra de
um extremo a outro. E os aplausos dos homens de cabelos brancos, das meigas
criancinhas.
Murilo Eugênio Rubião nasceu em Silvestre Ferraz, hoje Carmo de Minas — MG, no
ano de 1916. Formado em Direito, foi professor, jornalista, diretor de jornal e de
estação de rádio (Rádio Inconfidência). Foi o responsável pela organização do
Suplemento Literário do Minas Gerais (1966). Publicou seu primeiro livro de contos "O
ex-mágico" em 1947; "A estrela vermelha" (1953); "Os dragões e outros contos"
(1965); "O pirotécnico Zacarias" e "O convidado" (1974); "A casa do girassol
vermelho" (1978); e "O homem do boné cinzento e outras histórias" (1990). Teve
seus principais contos traduzidos para a língua inglesa, alemã e espanhola. Foram
adaptado para o cinema os contos: "A Armadilha", "O pirotécnico Zacarias", "O ex-
mágico da Taberna Minhota" e "O bloqueio". Para o teatro, foram adaptados "O ex-
mago", "The piranha lounge" (peça baseada no autor — diversos contos) e "O ex-
mago da Taberna Minhota". Sua obra já foi objeto de dezenas de artigos publicados
em jornais e revistas, além de ter sido estudada em mais de quarenta teses de
doutorado e dissertações de mestrado, no Brasil e no exterior.
O escritor faleceu em Belo Horizonte, em 1991, onde residiu a maior parte de sua
vida.
Comentários.
Quarta-feira, 20/02/2013 - 13:40 — Antônio Francisco
Murilo Rubião ainda é um mistério, para mim. Desse conto dele, particularmente, gosto
muito.
Quarta-feira, 20/02/2013 - 16:49 — Aristoteles lima Santana
Um dos grandes do conto brasileiro e latino-americano.
Quarta-feira, 20/02/2013 - 13:55 — Marcelo Vieira
Murilo Rubião é um mestre. O conto é delicioso e emocionante.
Eu ( Augusto dos Anjos).
Informações.
Um dos maiores biógrafos de Augusto dos Anjos é outro conterrâneo seu, o médico
paraibano Humberto Nóbrega, trazendo à tona A poética carnavalizada de Augusto dos
Anjos2
uma das críticas mais relevantes às contribuições à investigação científica sobre
o EU3
por meio de sua obra de longo fôlego4
, publicada em 1962, pela editora da primeira
Universidade Federal da Paraíba, na qual o biógrafo Humberto Nóbrega foi também
Reitor.
Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco, atualmente no município de Sapé,
Estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano,
onde viria a ser professor em 1908. Precoce poeta brasileiro, compôs os primeiros versos
aos sete anos de idade.
Em 1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-
se em 1907.1
Em 1910 casa-se com Ester Fialho. Seu contato com a leitura, influenciaria
muito na construção de sua dialética poética e visão de mundo.
Com a obra de Herbert Spencer, teria aprendido a incapacidade de se conhecer a essência
das coisas e compreendido a evolução da natureza e da humanidade. De Ernst Haeckel,
teria absorvido o conceito da monera como princípio da vida, e de que a morte e a vida
são um puro fato químico. Arthur Schopenhauer o teria inspirado a perceber que o
aniquilamento da vontade própria seria a única saída para o ser humano. E da Bíblia ao
qual, também, não contestava sua essência espiritualística, usando-a para contrapor, de
forma poeticamente agressiva, os pensamentos remanescentes, em principal os
ideais iluministas/materialistas que, endeusando-se, se emergiam na sua época.1
Essa filosofia, fora do contexto europeu em que nascera, para Augusto dos Anjos seria a
demonstração da realidade que via ao seu redor, com a crise de um modo de produção
pré-materialista, proprietários falindo e ex-escravos na miséria. O mundo seria
representado por ele, então, como repleto dessa tragédia, cada ser vivenciando-a no
nascimento e na morte.
Dedicou-se ao magistério, transferindo-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor em
vários estabelecimentos de ensino. Faleceu em 12 de novembro de 1914, às 4 horas da
madrugada, aos 30 anos, em Leopoldina, Minas Gerais, onde era diretor de um grupo
escolar. A causa de sua morte foi a pneumonia.
Durante sua vida, publicou vários poemas em periódicos, o primeiro, Saudade, em 1900.
Em 1912, publicou seu livro único de poemas, Eu. Após sua morte, seu amigo Órris
Soares organizaria uma edição chamada Eu e Outras Poesias, incluindo poemas até então
não publicados pelo autor.
Comentários.
sexta-feira | 23/10/2009 | Ana
Quando me deparei com esse poema pela primeira vez, notei que Augusto dos Anjos
era um cara perturbado, descontente, porém, quando fiz algumas leituras sobre ele
houve um melhor entendimento sobre ele,pois tudo que era exposto em seus versos
tem muito da realidade de hoje, para não me prolongar citarei apenas esta
fala"mora,entre feras" "necessita também de ser fera", ele via o mundo como um
ambiente de competição, onde só os fortes sobrevivem, justamente o que acontece
ainda hoje.
A Rosa do Povo (Carlos Drummond de Andrade).
Informações.
A Rosa do Povo é uma obra profundamente sintonizada com o contexto histórico do qual
nasceu. É também a de maior âmbito do poeta, já que comporta 55 poemas, e sua
primeira produção a atingir um estágio mais amadurecido, permeado por uma poética
de natureza social e modernista.
Expressão do cenário sombrio da Segunda Guerra Mundial, o livro retrata uma
temporalidade não apenas singular, mas igualmente de uma coletividade universal. Em
seus poemas Drummond procura compreender o sentimento, o sofrimento e a angústia
existencial de sua época.
Criada entre 1943 e 1945, esta obra é uma profunda expressão dos contemporâneos do
poeta. A Rosa citada no título se refere à própria poesia extraída do povo que viveu este
momento histórico. O impacto de sua publicação ainda ecoa no mundo moderno,
quarenta anos após a primeira edição de A Rosa do Povo. O livro conserva a intensa força
poética e a tensa tradução dos tempos atuais.
Seu relançamento abre espaço para novos e inesgotáveis questionamentos sobre a
posição do artista diante da vida em sociedade e sua postura no que tange aos eventos
político-sociais. O poeta foi um ser participante, sempre leal aos seus ideais, mesmo com
plena consciência das fantasias que se mesclavam às permanentes vantagens e utilidades
da justiça, da independência legítima e da paz.
Na época de seu lançamento o livro foi muito bem recebido pelos leitores e pela crítica,
mas inexplicavelmente não conquistou mais nenhuma publicação independente, sendo
integrado no corpo de edições integrais do poeta. Daí a oportunidade fantástica que os fãs
de Drummond conquistam agora, graças à iniciativa da editora Record. A maior parte dos
poemas reflete as inquietações das pessoas que vivenciaram o medo e a insegurança
diante de um confronto bélico assustador.
O poeta Carlos Drummond de Andrade nasceu na cidade de Itabira, em Minas Gerais, no
ano de 1902. Sua trajetória intelectual foi um tanto conturbada, ora interrompida pela
enfermidade, ora suspensa por uma suposta indisciplina mental, quando foi expulso de
uma escola do município de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.
Em 1925 ele se graduou em Farmácia, mas sua jornada literária já estava traçada nos
planos divinos. El tinha suas conexões com os integrantes do Modernismo paulista. Foi
justamente na Revista de Antropofagia que ele se aventurou, pela primeira vez, nos
caminhos da poesia, em 1928, com o célebre poema ‘No meio do caminho’. Mas não se
pode classificar o poeta como modernista, embora ele tenha sido profundamente
influenciado pelo legado desta escola literária.
Comentários.
Gel Santos
19 de agosto de 2011 às 5:16
Durante a minha juventude, passando pela maturidade e agora caminhando para os meus
anos dourado. Sempre tive ao alcance das mãos as poesias, crônicas e contos do poeta
Carlos Drummond Andrade.Esse poeta falam das coisas simples como peças sagradas e as
pessoas em seus versos ganham dignidade. Já imaginou os versos desse poeta em
2011.Todo artista são eterno em suas obras de arte.
Beta
17 de agosto de 2011 às 15:42
Aprendi muitas coisas com a poesia de Drummond, entre elas que “amar se aprende
amando” e que vale a pena ouvir um “anjo torto” e ser um pouco “gauche na vida”.
nicole
3 de março de 2011 às 17:14
O homen muito bom enquanto durou… um verdadeiro homem…
Mar Absoluto (Cecilia Meireles).
Informações.
Nesse livro, além da valorização imagística, há também pluralidade de cenas
representativas do cotidiano humano, uma visão subjetiva do mar, relevante destaque às
pedrarias e um especial carinho a variados tipos de flores. Em Retrato Natural os recursos
visuais também marcam fortemente o exercício poético de Cecília Meireles; os traços, as
cores, as sombras, as claridades e as sugestões de desenhos são aspectos importantes na
composição do referido livro que retrata tão bem instantâneos de todos nós. Além das
artes plásticas, outras artes que sempre estiveram presentes na vida da poeta se revelam
entranhadas em toda a sua poética. Percebe-se no livro Romanceiro da Inconfidência, um
épico-lírico, uma íntima relação com o teatro, a música e a pintura. Pode-se ver, através
da linguagem múltipla presente na obra, o entrelaçamento dos recursos cênicos, sonoros
e plásticos que fluem ao longo do texto.
Em torno do texto poético da autora sempre percebemos uma névoa que em vez de criar
uma obscuridade, sugere uma leveza, como se os versos flutuassem ao som de uma vaga
música oriunda, quem sabe, do som de alguma lira que estabelece a ligação dos tempos
poéticos, numa dimensão outra que a real, o tempo do misticismo lírico tão próprio da
poetisa:
“Falai! meu mundo é feito de outra vida. / Talvez nós não sejamos nós”. Assim, Cecília
Meireles foi prosseguindo a sua escritura, compondo as suas canções poéticas com os
reflexos da vida, os raios do sol, o pisca-pisca das estrelas, as alegrias, tristezas e ilusões
humanas, não importando se eles provinham de um metal rossicler [pedra negra que
depois de bastante martelada pode transformar-se em pedrinhas de todas as cores] ou de
eventos dispersos levando-se em conta a complexidade da existência tão bem captada
pelas nuanças da solombra que cercam a vida dos mais variados mistérios. Percebe-se
uma infinita nostalgia na alma de Cecília, “uma espécie de tonto maravilhamento por se
encontrar num mundo formal, anguloso, ensolarado, cruamente realista e um ansiado
desejo de regressão ao seu neblinoso mundo interior, feito de esgarçados devaneios. É
como a tristeza de um exilado que não se conforma com a paisagem espiritual e física do
seu exílio. Daí, como uma constante, a nota de desenanto, a tristeza de uma enervante
saudade interior por outro tipo de vida ou por outra essência de criaturas”.
Comentários.
Luciene
18 de abril de 2013 at 22:25
Cecília sempre esteve presente em minha vida. Não saberia te dizer qual dos poemas dela
é meu predileto, mas Mar Absoluto está entre eles, certamente. Muito pelo primeiro
verso, uma definição muito precisa de mim, de minha vida e mesmo do que ainda há de
vir .Parabéns pela resenha.
marcia quadros says:
18 de abril de 2013 at 15:37
Belíssimo e profundo o poema, como o mar bravio que certamente agitava o interior de
Cecília M. Se pudesse usar uma palavra antiga para ele, escolhi Magistral. Eu também não
conhecia.
Mas como você – e como o Renato Russo em seu Vento no Litoral e como tantos outros
seres solitários ou em busca de um momento de solidão – sinto tudo aquilo todas as
milhões de vezes que recorro ao mar – ou à imagem de mim na praia quando longe dela.
Gostei muito de sua análise e total franqueza que a permeia, sem afetação. Está à altura
da complexidade, da densidade e, paradoxalmente, da leveza do tema.
Melhor dizendo, atingiu a “fundura”… desse reino do outro mar – o Mar Absoluto. Quiçá
de nós mesmos??!?
Romanceiro da Inconfidência (Cecília Meireles).
Informações.
A obra Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, foi publicado em 1953, e escrito
na década de 1940 quando sua autora, então jornalista, chegou a Ouro Preto, com a
finalidade de documentar os eventos de uma Semana Santa. Assim, envolvida pela “voz
irreprimível dos fantasmas”, conforme
dissera, passou a reescrever, de forma poética, os episódios marcantes da Inconfidência
Mineira, destacando, evidentemente, o martírio de Joaquim José da Silva Xavier, o
Tiradentes, personagem principal da obra.
O Romanceiro é formado por um conjunto de romances , poemas curtos de caráter
narrativo e/ou lírico, destinados ao canto e transmitidos oralmente por trovadores e que
permaneceram na memória coletiva popular. Expressão poética específica do passado
ibérico: saída técnica para dar maior autenticidade e força evocativa ao episódio histórico.
Seus autores, em regra geral, ficaram anônimos. Os romanceiros eram conhecidos na
Espanha e em Portugal desde o século XV e tinham várias funções: informação, diversão,
estímulo agrícola, doutrinamento político e religioso.
A temática remete o leitor à época da Inconfidência Mineira (1789), daí o caráter
nacionalista e histórico da obra. Associando verdade histórica, tradições e lendas, e
utilizando a técnica ibérica dos romances populares, a poetisa recria a atmosfera da Vila
Rica (hoje Ouro Preto) dos Inconfidentes. A mineração, as rivalidades e contendas, os altos
impostos cobrados pela Coroa, a conscientização de alguns intelectuais e letrados, os
ideais de liberdade, as Academias e as tendências arcádicas renascem, ao mesmo tempo
em que se faz a defesa dos oprimidos. A autora conta a história da tentativa de libertação
do Brasil ocorrida em Minas Gerais no século XVIII. O título obedece a uma terminologia
própria dos romances espanhóis medievais – época em que a palavra “romance” aplicava-
se também a obras em verso.
No Romanceiro, o elemento histórico é bastante forte, como já citado. Contudo, o que a
autora tenta recuperar é menos os fatos históricos em si, e mais o ambiente e as
sensações envolvidas na revolta. Assim, cada elemento histórico adquire um valor
simbólico: a busca do ouro representa a ambição e a cobiça; a conspiração esconde a
esperança e o fracasso; as prisões dos envolvidos são focalizadas como situações de
medo; o degredo é visto como momento de perda e saudade; e as punições finais
mostram todo o desengano da derrota política.
Portanto, não há essa preocupação de focalizar essencialmente o fato histórico que
envolveu os inconfidentes, a obra vai muito além do próprio tempo que tematiza. A
poetisa não se afastou do seu conhecido estilo, composto de atmosferas fugidias e
imprecisas, e preocupada com o registro das sensações, com o clima predominante no
momento da revolta, de incertezas e de medo. É o que está além da realidade, invisível e,
quase sempre, intransponível para aqueles que não são dotados de sensibilidade poética.
A obra caracteriza-se como uma obra lírica, de reflexão, mas com um contexto épico,
narrativo, firmemente apoiado no fato histórico. Em 1789, inspirados pelas idéias
iluministas européias e pela independência dos Estados Unidos (1776), alguns homens
tentam organizar um movimento para libertar a colônia brasileira de sua metrópole
portuguesa. A colônia sofria pesada carga tributária sobre o ouro extraído das Minas
Gerais deixava os que viviam dessa renda cada vez mais descontentes. Assim, donos de
minas, profissionais liberais – entre os quais alguns poetas árcades – e outros começaram
a conspirar contra Portugal. Contudo, o movimento é delatado (Joaquim Silvério dos Reis
e outros) e os envolvidos, presos. Alguns são condenados ao exílio (Moçambique e
Angola), e o único a ser executado, na forca, e depois esquartejado, é Tiradentes, em 21
de abril de 1792.
Comentários.
Arlon Borges
18 de fevereiro de 2009 às 19:54
Muito bom! Eu sabia pouco sobre Cecilia Meireles, foi bom saber mais através deste livro
maravilhoso.
Romance D'A Pedra do Reino (Ariano Suassuna).
Informações.
Depois da peça “O Auto da Compadecida” considerado um dos seus trabalhos mais
famosos, o escritor Ariano Suassuna agora apresenta “A Pedra do Reino e o Príncipe do
Sangue do Vai - e - Volta”, um romance que combina forma inédita dois gêneros opostos
de discurso: o erudito e o popular.
Comentários.
Giovanni Parra rated it 5 of 5 stars
O Dom Quixote brasileiro, o romance clássico e indestrutível, a obra de arte que faltava
para que a literatura deste país superasse a chatura de Machado de Assis e logo em
seguida morresse, mas morresse com a cabeça ao menos um pouco erguida, por ter
produzido escritos dignos de serem lembrados por todo o tempo e fora dele no panteão
eterno dos romances humanos.
Cervantes se orgulharia. Orgulhemo-nos.
Rodrigo rated it 5 of 5 stars
Um dos melhores e mais divertidos romances que eu já li.
Jane rated it 5 of 5 stars
Shelves: classicos-da-literatura-brasileira
O que eh real ou imaginacão? Uma mistura de odisseia com satira. Magnifico! Bravo!
My, muitissimo Obrigada.

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Antologia Poética de Vinicius de Moraes

  • 1. Nova Antologia Poética (Mario Quintana). Informações. Rio de Janeiro . (2ª ed. aumentada, Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960); Editora A Noite .1954 Antologia poética foi publicado em 1954 (Rio de Janeiro: A Noite; a edição não traz registro de data) 271 p. As orelhas trazem o seguinte texto de Rubem Braga (1913-1990): Este livro reúne a maior e a melhor parte da obra de um dos grandes poetas do Brasil.
  • 2. Vinicius de Moraes nasceu no Rio, em 1913, aqui se formou em Direito e entrou, por concurso, para a carreira diplomática. Serviu durante quatro anos no consulado brasileiro em Los Angeles e está no momento como secretário de nossa embaixada em Paris. Seu primeiro livro foi O caminho para a distância, do qual pouco aproveitou nesta seleção, seguindo-se Ariana, a mulher e Forma e exegese, com o qual conquistou o Prêmio Felipe de Oliveira. Publicou a seguir Novos poemas, Cinco elegias, Poemas, sonetos e baladas e Pátria minha que firmaram seu nome, no consenso da crítica, como o melhor poeta da turma que hoje entra pela casa dos quarenta. Alguns desses livros foram feitos em edições limitadas; todos estão há longo tempo esgotados, o que faz com que grandes admiradores de Vinicius de Moraes conheçam apenas uma pequena parte de sua obra. Esta seleção, feita pelo próprio poeta com a ajuda de amigos - principalmente Manuel Bandeira - adquire, assim, uma grande importância, pois possibilita um estudo da evolução do poeta e a admiração do que ele tem feito de mais alto e melhor. Vindo de um misticismo de fundo religioso para uma poesia nitidamente sensual que depois se muda em versos marcados por um fundo sentimento social, a obra de Vinicius tem como constante um lirismo de grande força e pureza. Ainda com o risco de incorrer na censura dos que levam suas preocupações puritanas ao domínio das artes, não quiseram os amigos do poeta, principalmente o que assina esta nota, e assim se faz responsável por esta resolução, suprimir algumas palavras ou expressões mais fortes que de raro em raro aparecem em seus versos. Isso fará com que não seja recomendável a presença deste livro em mãos juvenis - mas resguarda a pureza de sua poesia, que tudo, em poesia, transfigura. Estamos certos de que, com a edição deste livro, a obra de Vinicius de Moraes ganhará uma popularidade maior, e passará a ter, entre o público, o lugar de honra que há muito ocupa no espírito e no sentimento dos poetas e dos críticos. O volume abre-se com uma "Advertência" (do autor, sem dúvida, embora sem assinatura, com indicação de local e data): Poderia este livro ser dividido em duas partes, correspondentes a dois períodos distintos na poesia do A. A primeira, transcendental, freqüentemente mística, resultante de sua fase cristã, termina com o poema "Ariana, a mulher", editado em 1936. Salvo, aqui e ali, umas pequenas emendas, a única alteração digna de nota nesta parte foi reduzir-se o poema "O cemitério da madrugada" às quatro estrofes iniciais, no que atendeu o A. a uma velha idéia de seu amigo Rodrigo M.F. de Andrade. À segunda parte, que abre com o poema "O falso mendigo", o primeiro, ao que se lembra o A., escrito em oposição ao transcendentalismo anterior, pertencem algumas poesias do livro Novos poemas, também representado na outra fase, e os demais versos publicados
  • 3. posteriormente em livros, revistas e jornais. Nela estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil mas consistente repulsa ao idealismo dos primeiros anos. De permeio foram colocadas as Cinco elegias (1943), como representativas do período de transição entre aquelas duas tendências contraditórias, - livro também onde elas melhor se encontram e fundiram em busca de uma sintaxe própria. Não obstante certas disparidades, facilmente verificáveis no índice, impôs-se o critério cronológico para uma impressão verídica do que foi a luta mantida pelo A.contra si mesmo no sentido de uma libertação, hoje alcançada, dos preconceitos e enjoamentos de sua classe e do seu meio, os quais tanto, e tão inutilmente, lhe angustiaram a formação. Los Angeles, junho de 1949. Comentários Ao ler "Nova Antologia Poética" encontrei uma das melhores seleções das poesias de Vinicius de Moraes, e gostaria de indicaresta obra aos apreciadores da arte de Vinicius. Aproveito para parabenizar os organizadores - Antonio Cicero e Eucanãa Ferraz pelo feito. Jemima de Moura Cruz, Ribeirão Pires, 06/01/2004 Lyani08/11/2010 Fantástico! Foi de repente que eu comecei a ler esse livro. É claro que já sou fã de Vinícius há muito tempo, mas foi hoje que eu tive que escolher um autor do modernismo brasileiro pra ler para os alunos do EJA aqui na Biblioteca onde eu trabalho e aí, eu peguei esse livro do Vinícius na mão. Claro que tinham outros ótimos autores que também sou fã, como Carlos Drummond, Cecília, Clarice. E esta última podia ter sido minha escolha pois é minha autora favorita, mas eu já tinha lido um conto dela pra eles, então foi Vinícius. Comecei a folhear o livro para procurar um poema legal e li um, dois, três, voltei ao começo do livro e comecei a ler na ordem. Quando dei por mim, tinha lido tudo! Porque Vinícius é assim, viciante e impossível de largar. Das maravilhas neste livro publicadas, destaco os seguintes poemas: "Ausência", porque é
  • 4. de tirar o fôlego de tão lindo; "Dialética", porque também "acontece que eu sou triste..."; "Uma música que seja", porque as vezes é só isso que precisamos; "O Operário em construção" pra nos lembrar da realidade, da vida, do dia a dia, da simplicidade; "A Rosa de Hiroshima" pra nos lembrar da crueldade da natureza humana; "O Rio" pra despertar e renascer; "Soneto de Separação", porque nada dura pra sempre! Simplesmente fantástico! Leitura recomendadíssima... Liany -plus 08/11/2010 wagner 17/04/2011minha estante "Talvez os imensos limites da pátria me lembrem os puros..." Não posso ter como lido Antologia Poética, pois sempre desde muito tempo--anos setenta-- venho lendo com admiração a cada ano que passa. "O MERGULHADOR", de todos, é o meu preferido. "MENSAGEM À POESIA" e "O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO, levam-me a um profundo estado de reflexão. Uso demais no dia a dia as expressões; "pois para isso fomos feitos" e "porque hoje é sábado", e não poderia deixar de fora o encantador "TERNURA". iza 16/02/2011minha estante Exatamente o que eu achei do livro :) comecei a ler por causa de uma lição de literatura e fiquei apaixonada, é impossível largar o livro, os poemas , alguns eu me sinto sendo personagem do próprio, ou seja, parece que foi feito para mim :) Tremor de terra (Luiz Vilela).
  • 5. Informações Versão para impressão Tremor de Terra relança os 20 contos de Luiz Vilela, e foi publicado pela primeira vez em 1967, e na sua maioria são em prosa bem acabada e narrativas coesas em sua aparente simplicidade. Nesta obra destaca-se a feição realista de Vilela, nas narrativas memorialistas, focalizando um episódio marcante vivido pelo menino de então e que o narrador adulto recupera em seu discurso do presente. Ainda que não seja um fato extraordinário, ele representou, na vida daquele que narra, um momento de mudança ou de ruptura que alterou uma condição existencial anterior (de inocência, de ingenuidade) e colaborou para a sua formação e seu amadurecimento pessoal, como a morte do avô, no conto "Felicidade", e a conversa do diretor da escola com o menino que o flagrara num ato de pederastia, em "Com os próprios olhos". O herói por excelência das histórias é o ser que tem dificuldade de se encaixar no mundo. No conto "Imagem", o protagonista procura saber de seus conhecidos o que acham dele. A cada opinião percebe que sua imagem no espelho se modifica. Por ficar perdido entre tantas imagens, pois cada uma pensa uma coisa diferente, ele adquire fama de ser uma pessoa instável. Outros personagens que ensaiam contrariar o padrão imposto pela sociedade também
  • 6. sofrem pressão. A personagem tia Lázara de "O Violino" tenta na maturidade aprender a tocar o violino e é repreendida pela família. Feridos nessa busca inútil, os indivíduos fogem para dentro de si. O ponto máximo do recolhimento está em "Buraco", em que o herói cava um buraco onde passa a viver como tatu. Identidade é aquilo que uma pessoa tem de mais próprio, de mais pessoal. Esse é o tema explorado por Luiz Vilela no conto "Imagem", conforme demonstra a seguinte passagem: “Foi aí que eu comecei a busca. Olhava-me dia e noite no espelho, não mais para encantar-me, mas para encontrar-me, para saber quem era aquele que estava ali, no espelho. Aquele era eu – mas quem era eu?” A exploração do nonsense surge no conto "O fantasma". Trata-se do diálogo, com passagens hilárias, em que a razão domina o sentimento quando o normal, na situação, seria o medo abafar a inteligência. No final, aterrorizado com o homem, que tranqüilamente vai dormir no casarão abandonado, o fantasma desaparece. No conto - título, "Tremor de Terra", um rapaz se apaixona por uma moça casada. O sentimento o faz imaginar um momento maravilhoso e ao mesmo tempo terrível, que ele compara a um tremor de terra. O abalo seria capaz de reverter a condição de "enterrado vivo" de muitos dos personagens. Como a ironia é um forte elemento dos contos, é dessa forma que lhes é ameaçado o frágil equilíbrio, visto que pode soterrá-los de vez. Este conto ("Tremor de terra") expõem-se diversos aspectos relativos à sexualidade na sociedade contemporânea, tais como a diferenciação entre amor e desejo sexual, a sexualidade instintiva, o namoro, o casamento, e como a noção de amor é veiculada pelos meios de comunicação de massa. Comentarios. Luiz Vilela desponta como um mestre na arte de criar diálogos em contos curtos de fabulosa eficiência narrativa. 11/07/2011 16:43 Texto Daniel Schneider e Thiago Minani O cortiço (Aluísio Azevedo).
  • 7. Informações. “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo.” Romance naturalista escrito por Aluísio Azevedo, nascido em 1857, em São Luís. No fim do século XIX, vigorou o estilo Realismo-Naturalismo em obras que se opunham radicalmente contra a visão romântica, baseados em aliar Arte e Ciência. A obra “O Cortiço” apresenta uma mostra da sociedade através de um cortiço habitado por vários tipos urbanos daquela época. O livro foi lançado em 1890, sem preocupação de expressar as disparidades sociais, a obra busca retratar o caráter e vícios humanos. O próprio cortiço,cenário e espaço da história, é considerado o próprio protagonista. No desenrolar dos fator,dois personagens chamam a atenção, João Romão e Jerônimo. João Romão é um comerciante de herança, constrói habitações populares ao lado de sua venda e cada vez mais se torna mais ambicioso. Tem consigo Bertoleza, escrava de cama e mesa, que a dispensa para se casar com Zulmira, filha do Sr.Miranda, dono de um negócio de tecidos. Jerônimo é um personagem que segue uma decadência financeira e familiar após conhecer a mulata Rita Baiana, torna-se irresponsável com a educação da filha e transforma-se num malandro carioca. Há no livro o retrato de personagens secundários,
  • 8. como por exemplo, Pombinha que após um casamento fracassado, é seduzida por Léonie, uma prostituta de luxo. O cortiço cresce e após sofrer um incêndio é reconstruído, e torna-se numa honrada vila. Da mesma forma que o dono do cortiço, João Romão, se torna num aristocrata, o cortiço depois de reconstruído se aristocratiza. O livro já foi adaptado para o cinema através do trabalho do diretor Francisco Ramalho Jr. Comentários. Aluísio Azevedo foge às armadilhas do naturalismo e, fazendo do espaço coletivo o grande personagem de seu romance, compõe uma narrativa cheia de interesse 11/07/2011 19:35 Texto Daniel Schneider e Thiago Minani Big Big23 de novembro de 2011 03:20 achei o livro muito complicado de entender, por isso não gostei muito. Poema Sujo (Ferreira Gullar). Poema Sujo (1976) foi escrito em Buenos Aires, onde Ferreira Gullar estava exilado. A oposição entre presente e passado é constante: o eu lírico demonstra insatisfação com o
  • 9. presente e nostalgia do passado. A passagem do tempo permeia todo poema, mas é destaque em três momentos: 1) a vida, 2) o dia e a noite, 3) a cidade. A obra pode ser lida como uma crítica à ditadura através de um recuo insistente ao passado como artifício para negar e questionar o momento “sujo” do Brasil na década de 1970. Palavras-chave: Poema Sujo – tempo – ditadura – passado Abstract: Dirty Poem (1976) was written in Buenos Aires, where Ferreira Gullar was exiled. The opposition between past and present is constant: the speaker demonstrates displeasure with the present and nostalgia of the past. The passage of time permeates the whole poem, but it is notability in three moments: 1) life, 2) the day and the night, 3) the city. The book can be read as a critique of the dictatorship through an insistent retreat to the past as a strategy to deny and question the "dirty" moment of Brazil in the 1970s. Keywords: Dirty Poem – time – dictatorship – past A temática existencialista e a busca pela identidade, refletidas na passagem do tempo, permeiam o Poema Sujo, de Ferreira Gullar – texto publicado em 1976, contexto de ditadura militar e repressão no Brasil enquanto Gullar encontrava-se em Buenos Aires. As circunstâncias em que a obra foi escrita tornam-se relevantes para sua compreensão. Em 1971, Gullar parte para o exílio, vivendo na Rússia, Chile e Argentina, de onde retorna em 1977. O livro, produzido em Buenos Aires, é enviado quase de forma clandestina ao Brasil. Carlos Nejar (2007:503) o aponta como espécie de nova "canção do exílio", acolhida com entusiasmo incomum no calor do arrefecimento político do período.
  • 10. Recorrendo aos postulados de Antônio Cândido (1976), ressaltamos a necessidade de estudo da obra no que diz respeito ao seu texto e ao contexto. Ou seja, cabe considerarmos todo o sistema literário (composto pelo triângulo autor, obra e leitor) como essencial para sua análise crítica. Para Cândido (1976), só é possível avaliar a produção artística a partir de uma ” interpretação dialeticamente íntegra, em que tanto o velho ponto de vista que explicava pelos fatores externos, quanto o outro, norteado pela convicção de que a estrutura é virtualmente independente, se combinam como momentos necessários do processo interpretativo” (1976:4). Assim, retomamos a trajetória de Gullar e sua participação militante e seu engajamento na vida política e literária do país, conforme destaca Alfredo Bosi: O pós-modernismo de 45 raiado de veios existenciais, a poesia concreta e neoconcreta, a experiência popular-nacionalista do CPC, o texto de ira e protesto ante o conluio de imperialismo e ditadura, a renovada sondagem na 1 Mestranda em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Comentários. f tavares 45 ! - 07/06/2010 às 8:31 com todo respeito, e considerando a história do autor, peço que vocês olhem pro poema sujo pelo conjunto… os versos que abrem o poema têm importância relativa diante do restante e do contexto em que foi produzido. a obra de Gullar – e não tenho procuração dele pra defendê-la. conheço-o das estantes… – é muito maior que uma concessão poética, uma eventual irreverência ou vulgaridade. tal qual bocage, que se consagrou como setecentista por aversão ao barroco, gullar não é pornográfico, apenas espontâneo… sds, FT Perfeito, grande FT. O Poema Sujo deve ser lido de ponta e ponta. Imediatamente, se possível. Abração. f tavares 45 06/06/2010 às 2:45
  • 11. cervantes disse que a pena é a língua – no melhor sentido, é claro…- da alma… o poema sujo tem sido analisado por críticos literários, outros poetas, filólogos, sob a ótica da frustração política, da solidão do exílio, da construção de seus versos que parecem não ter consoantes… mas ao leitor comum, como eu, demonstra apenas ter sido escrito com a alma, o desabafo do poeta… O Ex-Mágico (Murilo Rubinhão). Informações. Hoje sou funcionário público e este não é o meu desconsolo maior. Na verdade, eu não estava preparado para o sofrimento. Todo homem, ao atingir certa idade, pode perfeitamente enfrentar a avalanche do tédio e da amargura, pois desde a meninice acostumou-se às vicissitudes, através de um processo lento e gradativo de dissabores. Tal não aconteceu comigo. Fui atirado à vida sem pais, infância ou juventude. Um dia dei com os meus cabelos ligeiramente grisalhos, no espelho da Taberna Minhota. A descoberta não me espantou e tampouco me surpreendi ao retirar do bolso o dono do restaurante. Ele sim, perplexo, me perguntou como podia ter feito aquilo. O que poderia responder, nessa situação, uma pessoa que não encontrava a menor explicação para sua presença no mundo? Disse-lhe que estava cansado. Nascera cansado e entediado. Sem meditar na resposta, ou fazer outras perguntas, ofereceu-me emprego e passei
  • 12. daquele momento em diante a divertir a freguesia da casa com os meus passes mágicos. O homem, entretanto, não gostou da minha prática de oferecer aos espectadores almoços gratuitos, que eu extraía misteriosamente de dentro do paletó. Considerando não ser dos melhores negócios aumentar o número de fregueses sem o conseqüente acréscimo nos lucros, apresentou-me ao empresário do Circo-Parque Andaluz, que, posto a par das minhas habilidades, propôs contratar-me. Antes, porém, aconselhou-o que se prevenisse contra os meus truques, pois ninguém estranharia se me ocorresse a idéia de distribuir ingressos graciosos para os espetáculos. Contrariando as previsões pessimistas do primeiro patrão, o meu comportamento foi exemplar. As minhas apresentações em público não só empolgaram multidões como deram fabulosos lucros aos donos da companhia. A platéia, em geral, me recebia com frieza, talvez por não me exibir de casaca e cartola. Mas quando, sem querer, começava a extrair do chapéu coelhos, cobras, lagartos, os assistentes vibravam. Sobretudo no último número, em que eu fazia surgir, por entre os dedos, um jacaré. Em seguida, comprimindo o animal pelas extremidades, transformava-o numa sanfona. E encerrava o espetáculo tocando o Hino Nacional da Cochinchina. Os aplausos estrugiam de todos os lados, sob o meu olhar distante. O gerente do circo, a me espreitar de longe, danava-se com a minha indiferença pelas palmas da assistência. Notadamente se elas partiam das criancinhas que me iam aplaudir nas matinês de domingo. Por que me emocionar, se não me causavam pena aqueles rostos inocentes, destinados a passar pelos sofrimentos que acompanham o amadurecimento do homem? Muito menos me ocorria odiá-las por terem tudo que ambicionei e não tive: um nascimento e um passado. Com o crescimento da popularidade a minha vida tornou-se insuportável. Às vezes, sentado em algum café, a olhar cismativamente o povo desfilando na calçada, arrancava do bolso pombos, gaivotas, maritacas. As pessoas que se encontravam nas imediações, julgando intencional o meu gesto, rompiam em estridentes gargalhadas. Eu olhava melancólico para o chão e resmungava contra o mundo e os pássaros. Se, distraído, abria as mãos, delas escorregavam esquisitos objetos. A ponto de me surpreender, certa vez, puxando da manga da camisa uma figura, depois outra. Por fim, estava rodeado de figuras estranhas, sem saber que destino lhes dar. Nada fazia. Olhava para os lados e implorava com os olhos por um socorro que não poderia vir de parte alguma. Situação cruciante. Quase sempre, ao tirar o lenço para assoar o nariz, provocava o assombro dos que estavam próximos, sacando um lençol do bolso. Se mexia na gola do paletó, logo aparecia um urubu. Em outras ocasiões, indo amarrar o cordão do sapato, das minhas calças deslizavam cobras. Mulheres e crianças gritavam. Vinham guardas, ajuntavam- se curiosos, um escândalo. Tinha de comparecer à delegacia e ouvir pacientemente da autoridade policial ser proibido soltar serpentes nas vias públicas.
  • 13. Não protestava. Tímido e humilde mencionava a minha condição de mágico, reafirmando o propósito de não molestar ninguém. Também, à noite, em meio a um sono tranqüilo, costumava acordar sobressaltado: era um pássaro ruidoso que batera as asas ao sair do meu ouvido. Numa dessas vezes, irritado, disposto a nunca mais fazer mágicas, mutilei as mãos. Não adiantou. Ao primeiro movimento que fiz, elas reapareceram novas e perfeitas nas pontas dos tocos de braço. Acontecimento de desesperar qualquer pessoa, principalmente um mágico enfastiado do ofício. Urgia encontrar solução para o meu desespero. Pensando bem, concluí que somente a morte poria termo ao meu desconsolo. Firme no propósito, tirei dos bolsos uma dúzia de leões e, cruzando os braços, aguardei o momento em que seria devorado por eles. Nenhum mal me fizeram. Rodearam-me, farejaram minhas roupas, olharam a paisagem, e se foram. Na manhã seguinte regressaram e se puseram, acintosos, diante de mim. — O que desejam, estúpidos animais?! — gritei, indignado. Sacudiram com tristeza as jubas e imploraram-me que os fizesse desaparecer: — Este mundo é tremendamente tedioso — concluíram. Não consegui refrear a raiva. Matei-os todos e me pus a devorá-los. Esperava morrer, vítima de fatal indigestão. Sofrimento dos sofrimentos! Tive imensa dor de barriga e continuei a viver. O fracasso da tentativa multiplicou minha frustração. Afastei-me da zona urbana e busquei a serra. Ao alcançar seu ponto mais alto, que dominava escuro abismo, abandonei o corpo ao espaço. Senti apenas uma leve sensação da vizinhança da morte: logo me vi amparado por um pára-quedas. Com dificuldade, machucando-me nas pedras, sujo e estropiado, consegui regressar à cidade, onde a minha primeira providência foi adquirir uma pistola. Em casa, estendido na cama, levei a arma ao ouvido. Puxei o gatilho, à espera do estampido, a dor da bala penetrando na minha cabeça. Não veio o disparo nem a morte: a máuser se transformara num lápis. Rolei até o chão, soluçando. Eu, que podia criar outros seres, não encontrava meios de libertar-me da existência. Uma frase que escutara por acaso, na rua, trouxe-me nova esperança de romper em
  • 14. definitivo com a vida. Ouvira de um homem triste que ser funcionário público era suicidar-se aos poucos. Não me encontrava em condições de determinar qual a forma de suicídio que melhor me convinha: se lenta ou rápida. Por isso empreguei-me numa Secretaria de Estado. 1930, ano amargo. Foi mais longo que os posteriores à primeira manifestação que tive da minha existência, ante o espelho da Taberna Minhota. Não morri, conforme esperava. Maiores foram as minhas aflições, maior o meu desconsolo. Quando era mágico, pouco lidava com os homens -o palco me distanciava deles. Agora, obrigado a constante contato com meus semelhantes, necessitava compreendê- los, disfarçar a náusea que me causavam. O pior é que, sendo diminuto meu serviço, via -me na contingência de permanecer à toa horas a fio. E o ócio levou -me à revolta contra a falta de um passado. Por que somente eu, entre todos os que viviam sob os meus olhos, não tinha alguma coisa para recordar? Os meus dias flutuavam confusos, mesclados com pobres recordações, pequeno saldo de três anos de vida. O amor que me veio por uma funcionária, vizinha de mesa de trabalho, distraiu-me um pouco das minhas inquietações. Distração momentânea. Cedo retornou o desassossego, debatia-me em incertezas. Como me declarar à minha colega? Se nunca fizera uma declaração de amor e não tivera sequer uma experiência sentimental! 1931 entrou triste, com ameaças de demissões coletivas na Secretaria e a recusa da datilógrafa em me aceitar. Ante o risco de ser demitido, procurei acautelar meus interesses. (Não me importava o emprego. Somente temia ficar longe da mulher que me rejeitara, mas cuja presença me era agora indispensável.) Fui ao chefe da seção e lhe declarei que não podia ser dispensado, pois, tendo dez anos de casa, adquirira estabilidade no cargo. Fitou-me por algum tempo em silêncio. Depois, fechando a cara, disse que estava atônito com meu cinismo. Jamais poderia esperar de alguém, com um ano de trabalho, ter a ousadia de afirmar que tinha dez. Para lhe provar não ser leviana a minha atitude, procurei nos bolsos os documentos que comprovavam a lisura do meu procedimento. Estupefato, deles retirei apenas um papel amarrotado — fragmento de um poema inspirado nos seios da datilógrafa. Revolvi, ansioso, todos os bolsos e nada encontrei. Tive que confessar minha derrota. Confiara demais na faculdade de fazer mágicas e ela fora anulada pela burocracia. Hoje, sem os antigos e miraculosos dons de mago, não consigo abandonar a pior das ocupações humanas. Falta-me o amor da companheira de trabalho, a presença de
  • 15. amigos, o que me obriga a andar por lugares solitários. Sou visto muitas vezes procurando retirar com os dedos, do interior da roupa, qualquer coisa que ninguém enxerga, por mais que atente a vista. Pensam que estou louco, principalmente quando atiro ao ar essas pequeninas coisas. Tenho a impressão de que é uma andorinha a se desvencilhar das minhas mãos. Suspiro alto e fundo. Não me conforta a ilusão. Serve somente para aumentar o arrependimento de não ter criado todo um mundo mágico. Por instantes, imagino como seria maravilhoso arrancar do corpo lenços vermelhos, azuis, brancos, verdes. Encher a noite com fogos de artifício. Erguer o rosto para o céu e deixar que pelos meus lábios saísse o arco-íris. Um arco-íris que cobrisse a Terra de um extremo a outro. E os aplausos dos homens de cabelos brancos, das meigas criancinhas. Murilo Eugênio Rubião nasceu em Silvestre Ferraz, hoje Carmo de Minas — MG, no ano de 1916. Formado em Direito, foi professor, jornalista, diretor de jornal e de estação de rádio (Rádio Inconfidência). Foi o responsável pela organização do Suplemento Literário do Minas Gerais (1966). Publicou seu primeiro livro de contos "O ex-mágico" em 1947; "A estrela vermelha" (1953); "Os dragões e outros contos" (1965); "O pirotécnico Zacarias" e "O convidado" (1974); "A casa do girassol vermelho" (1978); e "O homem do boné cinzento e outras histórias" (1990). Teve seus principais contos traduzidos para a língua inglesa, alemã e espanhola. Foram adaptado para o cinema os contos: "A Armadilha", "O pirotécnico Zacarias", "O ex- mágico da Taberna Minhota" e "O bloqueio". Para o teatro, foram adaptados "O ex- mago", "The piranha lounge" (peça baseada no autor — diversos contos) e "O ex- mago da Taberna Minhota". Sua obra já foi objeto de dezenas de artigos publicados em jornais e revistas, além de ter sido estudada em mais de quarenta teses de doutorado e dissertações de mestrado, no Brasil e no exterior. O escritor faleceu em Belo Horizonte, em 1991, onde residiu a maior parte de sua vida. Comentários. Quarta-feira, 20/02/2013 - 13:40 — Antônio Francisco Murilo Rubião ainda é um mistério, para mim. Desse conto dele, particularmente, gosto muito. Quarta-feira, 20/02/2013 - 16:49 — Aristoteles lima Santana Um dos grandes do conto brasileiro e latino-americano. Quarta-feira, 20/02/2013 - 13:55 — Marcelo Vieira Murilo Rubião é um mestre. O conto é delicioso e emocionante.
  • 16. Eu ( Augusto dos Anjos). Informações. Um dos maiores biógrafos de Augusto dos Anjos é outro conterrâneo seu, o médico paraibano Humberto Nóbrega, trazendo à tona A poética carnavalizada de Augusto dos Anjos2 uma das críticas mais relevantes às contribuições à investigação científica sobre o EU3 por meio de sua obra de longo fôlego4 , publicada em 1962, pela editora da primeira Universidade Federal da Paraíba, na qual o biógrafo Humberto Nóbrega foi também Reitor. Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco, atualmente no município de Sapé, Estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano,
  • 17. onde viria a ser professor em 1908. Precoce poeta brasileiro, compôs os primeiros versos aos sete anos de idade. Em 1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando- se em 1907.1 Em 1910 casa-se com Ester Fialho. Seu contato com a leitura, influenciaria muito na construção de sua dialética poética e visão de mundo. Com a obra de Herbert Spencer, teria aprendido a incapacidade de se conhecer a essência das coisas e compreendido a evolução da natureza e da humanidade. De Ernst Haeckel, teria absorvido o conceito da monera como princípio da vida, e de que a morte e a vida são um puro fato químico. Arthur Schopenhauer o teria inspirado a perceber que o aniquilamento da vontade própria seria a única saída para o ser humano. E da Bíblia ao qual, também, não contestava sua essência espiritualística, usando-a para contrapor, de forma poeticamente agressiva, os pensamentos remanescentes, em principal os ideais iluministas/materialistas que, endeusando-se, se emergiam na sua época.1 Essa filosofia, fora do contexto europeu em que nascera, para Augusto dos Anjos seria a demonstração da realidade que via ao seu redor, com a crise de um modo de produção pré-materialista, proprietários falindo e ex-escravos na miséria. O mundo seria representado por ele, então, como repleto dessa tragédia, cada ser vivenciando-a no nascimento e na morte. Dedicou-se ao magistério, transferindo-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor em vários estabelecimentos de ensino. Faleceu em 12 de novembro de 1914, às 4 horas da madrugada, aos 30 anos, em Leopoldina, Minas Gerais, onde era diretor de um grupo escolar. A causa de sua morte foi a pneumonia. Durante sua vida, publicou vários poemas em periódicos, o primeiro, Saudade, em 1900. Em 1912, publicou seu livro único de poemas, Eu. Após sua morte, seu amigo Órris Soares organizaria uma edição chamada Eu e Outras Poesias, incluindo poemas até então não publicados pelo autor. Comentários. sexta-feira | 23/10/2009 | Ana Quando me deparei com esse poema pela primeira vez, notei que Augusto dos Anjos era um cara perturbado, descontente, porém, quando fiz algumas leituras sobre ele houve um melhor entendimento sobre ele,pois tudo que era exposto em seus versos tem muito da realidade de hoje, para não me prolongar citarei apenas esta fala"mora,entre feras" "necessita também de ser fera", ele via o mundo como um ambiente de competição, onde só os fortes sobrevivem, justamente o que acontece ainda hoje. A Rosa do Povo (Carlos Drummond de Andrade).
  • 18. Informações. A Rosa do Povo é uma obra profundamente sintonizada com o contexto histórico do qual nasceu. É também a de maior âmbito do poeta, já que comporta 55 poemas, e sua primeira produção a atingir um estágio mais amadurecido, permeado por uma poética de natureza social e modernista. Expressão do cenário sombrio da Segunda Guerra Mundial, o livro retrata uma temporalidade não apenas singular, mas igualmente de uma coletividade universal. Em seus poemas Drummond procura compreender o sentimento, o sofrimento e a angústia existencial de sua época. Criada entre 1943 e 1945, esta obra é uma profunda expressão dos contemporâneos do poeta. A Rosa citada no título se refere à própria poesia extraída do povo que viveu este momento histórico. O impacto de sua publicação ainda ecoa no mundo moderno, quarenta anos após a primeira edição de A Rosa do Povo. O livro conserva a intensa força poética e a tensa tradução dos tempos atuais. Seu relançamento abre espaço para novos e inesgotáveis questionamentos sobre a posição do artista diante da vida em sociedade e sua postura no que tange aos eventos político-sociais. O poeta foi um ser participante, sempre leal aos seus ideais, mesmo com
  • 19. plena consciência das fantasias que se mesclavam às permanentes vantagens e utilidades da justiça, da independência legítima e da paz. Na época de seu lançamento o livro foi muito bem recebido pelos leitores e pela crítica, mas inexplicavelmente não conquistou mais nenhuma publicação independente, sendo integrado no corpo de edições integrais do poeta. Daí a oportunidade fantástica que os fãs de Drummond conquistam agora, graças à iniciativa da editora Record. A maior parte dos poemas reflete as inquietações das pessoas que vivenciaram o medo e a insegurança diante de um confronto bélico assustador. O poeta Carlos Drummond de Andrade nasceu na cidade de Itabira, em Minas Gerais, no ano de 1902. Sua trajetória intelectual foi um tanto conturbada, ora interrompida pela enfermidade, ora suspensa por uma suposta indisciplina mental, quando foi expulso de uma escola do município de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Em 1925 ele se graduou em Farmácia, mas sua jornada literária já estava traçada nos planos divinos. El tinha suas conexões com os integrantes do Modernismo paulista. Foi justamente na Revista de Antropofagia que ele se aventurou, pela primeira vez, nos caminhos da poesia, em 1928, com o célebre poema ‘No meio do caminho’. Mas não se pode classificar o poeta como modernista, embora ele tenha sido profundamente influenciado pelo legado desta escola literária. Comentários. Gel Santos 19 de agosto de 2011 às 5:16 Durante a minha juventude, passando pela maturidade e agora caminhando para os meus anos dourado. Sempre tive ao alcance das mãos as poesias, crônicas e contos do poeta Carlos Drummond Andrade.Esse poeta falam das coisas simples como peças sagradas e as pessoas em seus versos ganham dignidade. Já imaginou os versos desse poeta em 2011.Todo artista são eterno em suas obras de arte. Beta 17 de agosto de 2011 às 15:42 Aprendi muitas coisas com a poesia de Drummond, entre elas que “amar se aprende amando” e que vale a pena ouvir um “anjo torto” e ser um pouco “gauche na vida”. nicole 3 de março de 2011 às 17:14 O homen muito bom enquanto durou… um verdadeiro homem… Mar Absoluto (Cecilia Meireles).
  • 20. Informações. Nesse livro, além da valorização imagística, há também pluralidade de cenas representativas do cotidiano humano, uma visão subjetiva do mar, relevante destaque às pedrarias e um especial carinho a variados tipos de flores. Em Retrato Natural os recursos visuais também marcam fortemente o exercício poético de Cecília Meireles; os traços, as cores, as sombras, as claridades e as sugestões de desenhos são aspectos importantes na composição do referido livro que retrata tão bem instantâneos de todos nós. Além das artes plásticas, outras artes que sempre estiveram presentes na vida da poeta se revelam entranhadas em toda a sua poética. Percebe-se no livro Romanceiro da Inconfidência, um épico-lírico, uma íntima relação com o teatro, a música e a pintura. Pode-se ver, através da linguagem múltipla presente na obra, o entrelaçamento dos recursos cênicos, sonoros e plásticos que fluem ao longo do texto. Em torno do texto poético da autora sempre percebemos uma névoa que em vez de criar uma obscuridade, sugere uma leveza, como se os versos flutuassem ao som de uma vaga música oriunda, quem sabe, do som de alguma lira que estabelece a ligação dos tempos
  • 21. poéticos, numa dimensão outra que a real, o tempo do misticismo lírico tão próprio da poetisa: “Falai! meu mundo é feito de outra vida. / Talvez nós não sejamos nós”. Assim, Cecília Meireles foi prosseguindo a sua escritura, compondo as suas canções poéticas com os reflexos da vida, os raios do sol, o pisca-pisca das estrelas, as alegrias, tristezas e ilusões humanas, não importando se eles provinham de um metal rossicler [pedra negra que depois de bastante martelada pode transformar-se em pedrinhas de todas as cores] ou de eventos dispersos levando-se em conta a complexidade da existência tão bem captada pelas nuanças da solombra que cercam a vida dos mais variados mistérios. Percebe-se uma infinita nostalgia na alma de Cecília, “uma espécie de tonto maravilhamento por se encontrar num mundo formal, anguloso, ensolarado, cruamente realista e um ansiado desejo de regressão ao seu neblinoso mundo interior, feito de esgarçados devaneios. É como a tristeza de um exilado que não se conforma com a paisagem espiritual e física do seu exílio. Daí, como uma constante, a nota de desenanto, a tristeza de uma enervante saudade interior por outro tipo de vida ou por outra essência de criaturas”. Comentários. Luciene 18 de abril de 2013 at 22:25 Cecília sempre esteve presente em minha vida. Não saberia te dizer qual dos poemas dela é meu predileto, mas Mar Absoluto está entre eles, certamente. Muito pelo primeiro verso, uma definição muito precisa de mim, de minha vida e mesmo do que ainda há de vir .Parabéns pela resenha. marcia quadros says: 18 de abril de 2013 at 15:37 Belíssimo e profundo o poema, como o mar bravio que certamente agitava o interior de Cecília M. Se pudesse usar uma palavra antiga para ele, escolhi Magistral. Eu também não conhecia. Mas como você – e como o Renato Russo em seu Vento no Litoral e como tantos outros seres solitários ou em busca de um momento de solidão – sinto tudo aquilo todas as milhões de vezes que recorro ao mar – ou à imagem de mim na praia quando longe dela.
  • 22. Gostei muito de sua análise e total franqueza que a permeia, sem afetação. Está à altura da complexidade, da densidade e, paradoxalmente, da leveza do tema. Melhor dizendo, atingiu a “fundura”… desse reino do outro mar – o Mar Absoluto. Quiçá de nós mesmos??!?
  • 23. Romanceiro da Inconfidência (Cecília Meireles). Informações.
  • 24. A obra Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, foi publicado em 1953, e escrito na década de 1940 quando sua autora, então jornalista, chegou a Ouro Preto, com a finalidade de documentar os eventos de uma Semana Santa. Assim, envolvida pela “voz irreprimível dos fantasmas”, conforme dissera, passou a reescrever, de forma poética, os episódios marcantes da Inconfidência Mineira, destacando, evidentemente, o martírio de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, personagem principal da obra. O Romanceiro é formado por um conjunto de romances , poemas curtos de caráter narrativo e/ou lírico, destinados ao canto e transmitidos oralmente por trovadores e que permaneceram na memória coletiva popular. Expressão poética específica do passado ibérico: saída técnica para dar maior autenticidade e força evocativa ao episódio histórico. Seus autores, em regra geral, ficaram anônimos. Os romanceiros eram conhecidos na Espanha e em Portugal desde o século XV e tinham várias funções: informação, diversão, estímulo agrícola, doutrinamento político e religioso. A temática remete o leitor à época da Inconfidência Mineira (1789), daí o caráter nacionalista e histórico da obra. Associando verdade histórica, tradições e lendas, e utilizando a técnica ibérica dos romances populares, a poetisa recria a atmosfera da Vila Rica (hoje Ouro Preto) dos Inconfidentes. A mineração, as rivalidades e contendas, os altos impostos cobrados pela Coroa, a conscientização de alguns intelectuais e letrados, os ideais de liberdade, as Academias e as tendências arcádicas renascem, ao mesmo tempo em que se faz a defesa dos oprimidos. A autora conta a história da tentativa de libertação do Brasil ocorrida em Minas Gerais no século XVIII. O título obedece a uma terminologia própria dos romances espanhóis medievais – época em que a palavra “romance” aplicava- se também a obras em verso. No Romanceiro, o elemento histórico é bastante forte, como já citado. Contudo, o que a autora tenta recuperar é menos os fatos históricos em si, e mais o ambiente e as sensações envolvidas na revolta. Assim, cada elemento histórico adquire um valor simbólico: a busca do ouro representa a ambição e a cobiça; a conspiração esconde a esperança e o fracasso; as prisões dos envolvidos são focalizadas como situações de medo; o degredo é visto como momento de perda e saudade; e as punições finais mostram todo o desengano da derrota política. Portanto, não há essa preocupação de focalizar essencialmente o fato histórico que envolveu os inconfidentes, a obra vai muito além do próprio tempo que tematiza. A poetisa não se afastou do seu conhecido estilo, composto de atmosferas fugidias e imprecisas, e preocupada com o registro das sensações, com o clima predominante no momento da revolta, de incertezas e de medo. É o que está além da realidade, invisível e, quase sempre, intransponível para aqueles que não são dotados de sensibilidade poética. A obra caracteriza-se como uma obra lírica, de reflexão, mas com um contexto épico,
  • 25. narrativo, firmemente apoiado no fato histórico. Em 1789, inspirados pelas idéias iluministas européias e pela independência dos Estados Unidos (1776), alguns homens tentam organizar um movimento para libertar a colônia brasileira de sua metrópole portuguesa. A colônia sofria pesada carga tributária sobre o ouro extraído das Minas Gerais deixava os que viviam dessa renda cada vez mais descontentes. Assim, donos de minas, profissionais liberais – entre os quais alguns poetas árcades – e outros começaram a conspirar contra Portugal. Contudo, o movimento é delatado (Joaquim Silvério dos Reis e outros) e os envolvidos, presos. Alguns são condenados ao exílio (Moçambique e Angola), e o único a ser executado, na forca, e depois esquartejado, é Tiradentes, em 21 de abril de 1792. Comentários. Arlon Borges 18 de fevereiro de 2009 às 19:54 Muito bom! Eu sabia pouco sobre Cecilia Meireles, foi bom saber mais através deste livro maravilhoso. Romance D'A Pedra do Reino (Ariano Suassuna).
  • 26. Informações. Depois da peça “O Auto da Compadecida” considerado um dos seus trabalhos mais famosos, o escritor Ariano Suassuna agora apresenta “A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai - e - Volta”, um romance que combina forma inédita dois gêneros opostos de discurso: o erudito e o popular. Comentários. Giovanni Parra rated it 5 of 5 stars O Dom Quixote brasileiro, o romance clássico e indestrutível, a obra de arte que faltava para que a literatura deste país superasse a chatura de Machado de Assis e logo em seguida morresse, mas morresse com a cabeça ao menos um pouco erguida, por ter produzido escritos dignos de serem lembrados por todo o tempo e fora dele no panteão eterno dos romances humanos.
  • 27. Cervantes se orgulharia. Orgulhemo-nos. Rodrigo rated it 5 of 5 stars Um dos melhores e mais divertidos romances que eu já li. Jane rated it 5 of 5 stars Shelves: classicos-da-literatura-brasileira O que eh real ou imaginacão? Uma mistura de odisseia com satira. Magnifico! Bravo! My, muitissimo Obrigada.