Governança corporativa e sustentabilidade são temas importantes no mundo corporativo. Ambos visam garantir o sucesso contínuo e longevidade das empresas de forma responsável com o meio ambiente e sociedade. Uma boa governança corporativa requer o equilíbrio dos interesses de todas as partes interessadas, não apenas dos acionistas, levando a empresa a adotar práticas sustentáveis ambientalmente e socialmente.
1. ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
GOVERNANÇA CORPORATIVA
PROFESSOR: JULIO BACCHI
NATHAN AGOSTINHO FELIPE
GOVERNANÇA CORPORATIVA E SUSTENTABILIDADE
MARANGUAPE-CE
2014
2. Governança Corporativa e Sustentabilidade
Sustentabilidade e governança corporativa são uns dos temas mais
importantes debatidos no mundo corporativo hoje em dia. Enquanto a sustentabilidade
se refere à preocupação com o meio ambiente e aspectos sociais da criação de
riqueza e para o debate em torno do papel das empresas no desenvolvimento
sustentável, seu aspecto de longo prazo encontra-se alinhado com a essência da
proposta de governança corporativa, que é o de garantir a longevidade e sucesso
contínuo da empresa.
Governança Corporativa é o conjunto de processos, padrões, políticas e
instituições que afetam a maneira como uma corporação é dirigida, administrada ou
controlada. Engloba, também, as relações entre todos os envolvidos na atividade
(stakeholders) e os objetivos para os quais a corporação é governada. Os principais
envolvidos são os acionistas, a alta gerência e o conselho de administração. Outros
stakeholders são os empregados, fornecedores, clientes, bancos e as outras
instituições financeiras de captação de recursos, os órgãos reguladores e
principalmente o meio socioambiental.
Atrelado à disseminação do conceito de Governança Corporativa, surgiu outro
importante elemento: a Responsabilidade Social. Os dois conceitos se entrelaçam e
se refletem na maneira responsável, na ética e na seriedade de propósitos e de
informações que a sociedade necessita como organismo e que os acionistas de todo
o mundo exigem como requisito básico.
Essa foi uma importante contribuição da Governança Corporativa para as
empresas de dimensão menos cosmopolita e que são o berço do empreendedorismo
em países como o Brasil.
Trata-se de assegurar a existência de uma sociedade viável, e não apenas
lucrativa. Um ambiente em que a palavra-chave é sustentabilidade, onde predominam
informações confiáveis, dirigentes coerentes com suas visões inspiradoras, processos
e prioridades transparentes.
Nas últimas duas décadas, a governança corporativa ganhou inquestionável
importância com os diferentes aspectos do conceito aplicados ao mercado. No sentido
estrito do termo, governança corporativa responde aos potenciais conflitos de
interesse entre os acionistas - os proprietários - e os agentes diretamente envolvidos
nas operações das empresas – os gerentes ou controladores (TRICKER, 2000;
CARLSSON, 2001), e, em um sentido mais amplo, inclui um conjunto mais abrangente
de relações de uma sociedade comercial com todos os agentes direta ou
indiretamente afetados pelas ações da empresa (TRICKER, 2000). O assunto envolve
questões como as funções e responsabilidades do conselho de diretores da empresa
e de seus altos executivos, os conflitos de interesse, o tratamento dos acionistas
minoritários, transparência, responsabilização, alinhamento estratégico, entre outras
questões.
3. A Sustentabilidade empresarial é um conjunto de ações que uma empresa
toma, visando o respeito ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável da
sociedade. Logo, para que uma empresa seja considerada sustentável
ambientalmente e socialmente, ela deve adotar atitudes éticas, práticas que visem seu
crescimento econômico (sem isso ela não sobrevive) sem agredir o meio ambiente e
também colaborar para o desenvolvimento da sociedade.
Quando um conjunto mais amplo de partes interessadas é analisado do ponto
de vista da redução de risco, através de demandas dos investidores, poderia haver a
subordinação dos interesses da primeira para as desse último. Isso pode até mesmo
trazer uma distorção na percepção de risco da empresa, levando, por sua vez, a um
atraso na tomada de decisão, que poderia antecipar ações e evitar os riscos
potenciais.
O que tem sido necessário é um sistema de gestão que possa antecipar não
só riscos, mas mudanças no ambiente de negócios, e estar preparado para responder
a isso. O desafio é a transição de um modelo de administração tradicional, centrado
no acionista, para um modelo focado no equilíbrio com todos os participantes afetados
pelas atividades das empresas – as partes interessadas ou stakeholders -, tendo a
sustentabilidade como seu epicentro.
A partir da análise geral dos principais tópicos a serem abordados para tornar
a governança corporativa mais compatível com a sustentabilidade, podemos
encontrar algumas questões de particular relevância para a sua capacidade de afetar
outros componentes proporcionando um salto qualitativo, transformando todo o
sistema de governança corporativa: adaptações dos perfis, educação, avaliação,
recompensas e responsabilidades do Conselho de Administração (CA), CEO e
Diretoria Executiva.
A definição das formas e profundidade das mudanças dependerá, em primeiro
lugar, da maneira como a empresa vê o papel da sustentabilidade no negócio –
principalmente como a empresa quer se posicionar no futuro, o que requer uma
reflexão sobre o papel do negócio para a sustentabilidade –, da condição atual da
empresa e da forma como percebe a governança como uma ferramenta de apoio na
transição para a gestão da sustentabilidade. Tudo isso para assegurar compromisso
e alinhamento interno (de visão, valores, princípios e estratégia), o alinhamento entre
visão e gestão (papéis, responsabilidades), e entre as diversas atividades e operações
da empresa.
4. Vantagens das práticas empresariais sustentáveis
Melhoria da imagem da empresa junto aos consumidores e comunidade em
geral.
Economia, com redução dos custos de produção. Isto é obtido, por exemplo,
através da reciclagem, reutilização da água, reaproveitamento de sobras de
matéria-prima e medidas de economia de energia elétrica.
Melhoria nas condições ambientais do planeta. Afinal de contas, os
empresários possuem filhos e netos que viverão num mundo futuro melhor ou
pior, dependendo do que for feito na atualidade.
Satisfação dos funcionários e colaboradores. Em função da consciência
ambiental, muitas pessoas têm satisfação em trabalhar em empresas
sustentáveis.
Valorização das ações em bolsas de valores. Cada vez mais, investidores tem
procurado dar mais atenção para a compra de ações de empresas sustentáveis
socialmente e ambientalmente.
Práticas sustentáveis nas empresas (exemplos):
Uso de sistemas de tratamento e reaproveitamento da água.
Uso racional da água e da energia elétrica.
Reciclagem do lixo sólido.
Reutilização de sobras de matéria-prima.
Criação de projetos educacionais voltados para a preservação do meio
ambiente.
Adoção de projetos que visem o desenvolvimento educacional e cultural da
comunidade em que a empresa está inserida.
Uso de materiais recicláveis para a confecção de embalagens dos produtos.
Uso de sacolas biodegradáveis (caso de supermercados, por exemplo).
Uso de filtros que retém os poluentes emitidos em determinadas fases da
produção industrial.
Não descartar esgoto ou resíduos químicos em rios, córregos ou lagos.
Não poluir o solo com produtos químicos ou qualquer outro material poluente.
Não utilização, em hipótese alguma, de trabalho infantil, forçado ou escravo.
Respeito total as leis ambientais do país.
Não adotar práticas que visem tirar vantagens em concorrências públicas. A
empresa sustentável não deve aderir, em hipótese alguma, aos esquemas de
corrupção. Vale lembrar que recursos públicos desviados por corruptos
significa menos investimentos em áreas essenciais para a população (saúde,
educação, transportes, lazer e etc.).
Uso nos processos de produção, quando possível, de fontes de energia limpa
e renovável.
5. Não utilização de formas de discriminação (raça, cor, religião, opção sexual e
etc.) nos processos de seleção de funcionários. Uso de formas justas,
respeitando os princípios de igualdade de direitos no processo seletivo.
Respeito às leis trabalhistas do país, fazendo o pagamento de forma justa e
garantindo todos os direitos dos trabalhadores.
Uso de práticas de produção que garantam a total segurança dos funcionários
no ambiente de trabalho.
Produção de mercadorias e prestação de serviços que não coloquem em risco
a saúde e a segurança física ou psicológica dos consumidores.
Uso de contratos com consumidores e outras empresas que sejam claros,
objetivos e justos.
Fornecimento de um sistema de atendimento ao consumidor (SAC) eficiente.
Informar de forma adequada os consumidores a respeito das características
dos produtos que vendem ou dos serviços que prestam. Além disso, é
importante que a empresa oriente seus consumidores a respeito do descarte
das embalagens, produtos com validade vencida ou que não serão mais
utilizados por qualquer outro motivo.
Adoção, quando for o caso, do sistema de logística reversa. Este visa evitar
que determinados produtos sejam descartados no meio ambiente. Empresas
fabricantes de pneus, pilhas, baterias, medicamente e outros produtos que
possam poluir o meio ambiente devem utilizar este processo.
Vale apena ressaltar que, sustentabilidade empresarial não são atitudes
superficiais que visem o marketing, aproveitando a chamada “onda ambiental”. As
práticas adotadas por uma empresa devem apresentar resultados práticos e
significativos para o meio ambiente e a sociedade como um todo.
Além de respeitar o meio ambiente, a sustentabilidade empresarial tem a
capacidade de mudar de forma positiva a imagem de uma empresa junto aos
consumidores. Com o aumento dos problemas ambientais gerados pelo crescimento
desordenado nas últimas décadas, os consumidores ficaram mais conscientes da
importância da defesa do meio ambiente. Cada vez mais os consumidores vão buscar
produtos e serviços de empresas sustentáveis.