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XXX SEMANA DE FILOSOFIA

                         EXISTENCIALISMO EM KIEKEGAARD



                        Local: Campus da UCDB, Campo Grande, MS;

                                 Data: 05 a 09 de agosto de 2011

                      Iniciativa: Curso de Filosofia da UCDB e FATHEL




       Comissão Organizadora

Ms. José Moacir de Aquino (UCDB)

Dr. Ricardo Quadros Gouvea (MACKENZIE)

Dr. Josemar de Campos Maciel (UCDB)

Dr. Frei Márcio Costa (UCDB)

Dra. Neimar Machado de Sousa (UCDB)

Dr. Marcelo Alves Nunes (UCDB)

Ms. Wercy Rodrigues Jr. (UFGD)
ÍNDICE

A ÉTICA EM KIERKEGAARD................................................................................................ 5

A ESTÉTICA EM KIERKEGAARD ........................................................................................ 6

FILOSOFIA E TEOLOGIA EM KIERKEGAARD .................................................................. 7

FUNDAMENTOS DO EXISTENCIALISMO EM KIERKEGAARD ..................................... 8

A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DA COMUNIDADE IRMÃOS DE ASSIS ACERCA DA
SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO DOS HANSENIANOS, NO BAIRRO NOVA LIMA, À LUZ
DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE EM EMMANUEL LÉVINAS. ........................ 9

A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DA COMUNIDADE IRMÃOS DE ASSIS ACERCA DA
SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO DOS HANSENIANOS, NO BAIRRO NOVA LIMA, À LUZ
DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE EM EMMANUEL LÉVINAS. ...................... 10
PROGRAMAÇÃO
05/09 (Anfiteatro do BLC A)
19:00 h às 20:40 h: Existencialismo: fundamentos e contribuições para a nossa contemporaneidade.
Palestrante: Dr. Ricardo Quadros Gouvêa
Mediador: Msc. José Moacir de Aquino (UCDB)
21:00 h às 22:20 h: Existencialismo em Kierkegaard: indivíduo, desespero e liberdade.
Palestrante: Dr. Ricardo Quadros Gouvêa
Mediador: Dr. Josemar de Campos Maciel (UCDB)


06/09 (Anfiteatro do BLC A)
19:00 h às 20:40 h - A Estética em Kierkegaard.
Palestrante: Dr. Ricardo Quadros Gouvêa
Mediador: Msc. Denise Nachif (UCDB)
21:00 h às 22:20 h - A Ética em Kierkegaard.
Palestrante: Dr. Ricardo Quadros Gouvêa
Mediador: Dr. Márcio Luís Costa (UCDB)


07/09 - FERIADO NACIONAL


08/09 (Anfiteatro do BLC B)
19:00 h às 20:40 h - A Religião em Kierkegaard.
Palestrante: Dr. Ricardo Quadros Gouvêa
Mediação: Dr. Pe. Geraldo Grendene (UCDB)
21:00 h às 22:20 - Filosofia e Fé em Kierkegaard.
Palestrante: Dr. Ricardo Quaros Gouvêa
Mediação: Dr. Marcelo Alves Nunes (UCDB)


09/09 (Anfiteatro do BLC C)
19:00 h às 20:30 h - Apresentação Cultural com o Grupo de Teatro da UCDB: SENTA QUE O LEÃO É MANSO
20:40 h às 22:00 h - Mostra de atividades de extensão e iniciação à pesquisa
(TÉRREO DO BLC A)
RESUMOS
CONFERÊNCIAS

                             A ÉTICA EM KIERKEGAARD
                                              Ricardo Quadros Gouvêa


       Kierkegaard pensa a ética existencialmente, como um estado-de-espírito ou uma atitude
diante da vida que um indivíduo particular pode assumir, e localiza este estado-de-espírito
como simultaneamente intermediário e contraditório em relação às estações estética e
religiosa no caminho da vida, como está exposto, por exemplo, no livro que leva esse mesmo
nome Estadier Paa Livets Vej (1845) e no Afsluttende Uvidenskabelig Efterskrift (1846).
Intermediário porque pressupõe, por um lado, o abandono de uma vida voltada para as
sensações e as inclinações particulares bem como a escolha do dever a vida social geral, cuja
categoria fundamental é o compromisso exemplificado pelo matrimônio; e, por outro lado,
porque não se percebe ainda, na vida ética, a importância da culpa, do arrependimento e da
angústia, categorias que levam o indivíduo para o “salto” em direção ao religioso.
       A Vida ética, porém, não é só intermediária como também contraditória em relação ao
estético e ao religioso, pois este últimos privilegiam o imediato, enquanto as categorias da
ética implicam em uma mediação social. A vida ética (Saedelighed) é marcada pela
responsabilidade, pelo dever, pela escolha, pelo compromisso, e acima de tudo pela repetição,
categoria fundamental que é trabalhada por Kierkegaard no livro que leva esse nome
(Gjentagelsen, 1843), ainda que, como explica o autor, seja possível uma outra forma de
retomada que já não é mais ética, e sim religiosa. O ato máximo da vida ética é um ato
particular de escolha que pode ser definido como a escolha de si mesmo.
       A vida ética (Saedelighed) é, portanto, uma vida mediada, e isso a torna
autocontraditória, porque a mediação obriga o indivíduo a viver o geral, o que prejudica a sua
individualidade, fazendo com que não consiga existir enquanto pessoa de infinita
particularidade, e correndo o risco da despersonalização e da massificação. Logo, a vida ética
acaba por ser uma armadilha para aquilo que pretende beneficiar, a saber, a existência
humana. Existe, entretanto, a possibilidade de uma ética em que esses riscos e essa
autocontraditoriedade já não existem. Tratar-se-ia de uma “segunda ética”, uma “ética
religiosa”, em que o indivíduo já não vive o geral, que é teleologicamente suspenso, mas antes
assume um compromisso imediato e absoluto com o absoluto (Temor e Tremor, 1843). Trata-
se aqui de uma ética de transcendência, calcada no amor, marcada pelo sofrimento e pela
renúncia, que coloca o indivíduo em oposição ao geral e a favor dos indivíduos particulares
no seu valor infinito.
A ESTÉTICA EM KIERKEGAARD
                                                Ricardo Quadros Gouvêa


       Kierkegaard pensava a partir de diversas tradições intelectuais distintas, todas muito
importantes no contexto da intelectualidade germânica do século XIX, que nele encontram
uma rica síntese. O idealismo alemão de Immanuel Kant, de Friedrich Wilhelm Joseph
Schelling e de Georg Wilhelm Friedrich Hegel. O luteranismo em suas várias vertentes. O
ceticismo religioso, de Michel de Montaigne a Johann Georg Hamann. E ainda o romantismo
de Johann Wolfgang Goethe, Friedrich Heinrich Jacobi, Johann Gottfried Herder e Karl
Wilhelm Friedrich Schegel. É deste ultimo grupo de pensadores que derivam as principais
convicções estéticas de Kierkegaard. Contudo, sua contribuição seria o resultado de uma
amálgama bem trabalhada.
       A estética é pensada em diferentes níveis em Kierkegaard. Há pelo menos três sentidos
distintos em que o termo é apreendido e utilizado. Há muitos textos, nos corpus
kierkegaardiano, que discutem questões referentes à arte; em particular à música, à literatura e
ao teatro. Destacam-se aqui sua reflexão sobre a natureza e o poder da música ao comentar a
ópera Dom Giovanni, em Enten-Eller (1843), e sua teoria do romance exposta em Af Endnu
Levendes Papirer (1838), em que aparecem pela primeira vez os conceitos de
transubstanciação e de comunicação indireta, conceito fundamental que seria explicitado no
Afsluttende Uvidenskabelig Efterskrift (1846). Também o conceito de ironia é central na
estética kierkegaardiana, discutido no trabalho que leva esse mesmo nome, Begrebet Ironi
(1841). Vale mencionar, por fim, os trabalhos sobre dramaturgia de 1848, notadamente A
Crise e uma Crise na Vida de uma Atriz.
       Todavia, é em outro sentido do termo que a reflexão sobre a estética se torna grandiosa
na obra de Kierkegaard, que a descreve como um estado-de-espírito, uma possibilidade
existencial. Neste sentido, o sentimento estético seria algo incorporado, uma atitude diante da
existência em que se privilegia a sensação e a imediatez. Esta atitude pode ser irrefletida ou
refletida, caso em que pode assumir diferentes formas ou manifestações, desde a forma
faustiana de curiosidade especulativa como a forma do erotismo e da sedução tipificados por
Don Juan, formas que incluem ainda o heroísmo, a melancolia e a ironia. Há ainda um
terceiro sentido, típico do chamado “segundo percurso” que consiste majoritariamente de
escritos teológicos, em que a estética é entendida como a comunicação indireta através da
qual é possível conduzir as pessoas inadvertidamente em direção à verdade (Ponto-de-Vista
Explicativo, 1849).
FILOSOFIA E TEOLOGIA EM KIERKEGAARD
                                               Ricardo Quadros Gouvêa


      Kierkegaard é um autor de imensa importância tanto como filósofo quanto como
teólogo. Enquanto filósofo, inspirou toda a filosofia do século XX, de Ludwig Wittgenstein a
Jacques Derrida, e construiu a estrutura categorial metateórica que tornaria possível a
construção da tradição filosófica fenomenológico-existencial. Enquanto teólogo, inspirou a
teologia da crise ou teologia dialética de Karl Barth, Emil Brunner, Paul Tillich e Rudolf
Bultmann, que revolucionaria a história da teologia contemporânea. Em ambos os casos, o
que o qualifica como pensador inovador e divisor de águas foi sua preocupação com a
existência e as categorias existenciais que criou, que recuperou do romantismo ou que
redescobriu por meio de uma atitude tipicamente fenomenológica de intencionalidade
subjetiva.
      A filosofia antirracionalista de Kierkegaard se caracteriza como um esforço precário e
provisório para lidar com as contradições da existência, bem como um reconhecimento
trágico dos paradoxos incontornáveis da razão. Hoje a filosofia não começa, em cada
indivíduo, pelo maravilhamento (Aristóteles) ou pela dúvida metódica (Descartes), mas sim
pelo desespero diante da condição humana, desespero que só se manifesta quando o indivíduo
abandona todas as certezas dogmáticas e se vê náufrago no mundo, lançado em uma realidade
que lhe é inóspita e insólita, fundada numa verdade incognoscível objetivamente, e que
precisa ser apreendida subjetivamente (Afsluttende Uvidenskabelig Efterskrift, 1846) pelo
risco, pela percepção do instante enquanto categoria (Ojeblikket, 1855) e pela “autourgia”
(Conceito de Angústia, 1844) da resolução.
       O “religioso” é, para Kierkegaard, uma categoria existencial; pouco tem a ver como o
uso coloquial do termo. Pelo contrário, os religiosos, no sentido coloquial, raramente são
religiosos no sentido kierkegaardiano. A atitude religiosa que Kierkegaard descreve implica
no abandono de qualquer mediação para a existência, inclusive as mediações oferecidas pelas
instituições religiosas. Trata-se de uma relação imediata com a transcendência que, no
entanto, implica na angustiante obrigação de assumir a imanência, o que Kierkegaard chama
de “o duplo movimento da fé” (Temor e Tremor, 1843). Ser religioso é abraçar o instante
absoluto, nele viver o amor, a profecia e a apofasia. Ser religioso, para Kierkegaard, é
relacionar-se imediatamente com o poder que estabeleceu o indivíduo, enquanto espírito,
nesta condição angustiante de tensão dialética entre a necessidade e a possibilidade, a finitude
e a infinitude, entre a temporalidade e a eternidade (O Desespero Humano: A Doença Mortal,
1849).
      Teologicamente, Kierkegaard encontra na fé neotestamentária a possibilidade de
assumir uma atitude existencialmente religiosa (Indolvelse i Christendom, 1851) em que o
seguimento de Cristo e a salvação pela encarnação (Migalhas Filosóficas, 1844) não
implicam em uma cristandade ou num cristianismo, mas em uma cristicidade (Christelighed)
que não é outra coisa que uma “teurgia” existencial (O Conceito de Angústia, 1844). Daí seu
rompimento trágico com a igreja (Ojeblikket, 1855).
FUNDAMENTOS DO EXISTENCIALISMO EM KIERKEGAARD
                                               Ricardo Quadros Gouvêa


      Kierkegaard nunca fez uso do termo existencialismo, cunhado por Jean Paul Sartre,
quase cem anos depois de sua morte. Nem tampouco, como Martin Heidegger, chamou sua
filosofia de “filosofia da existência”. Pensador assistemático, Kierkegaard nunca propôs um
sistema filosófico; nunca se pretendeu fundador de uma escola de pensamento. Contudo, a
tradição fenomenológico-existencial lhe é devedora de todo seu arcabouço e principais
conceitos constituintes. Além dos gigantes citados acima, Miguel de Unamuno, Gabriel
Marcel, Karl Jaspers, Martin Buber, Albert Camus, Maurice Merleau-Ponty, Rudolf
Bultmann, Ortega Y Gassett, Romano Guardini, Bernard Lonergan, Karl Rahner, Hans Urs
Von Balthasar, foram todos leitores e apropriadores das idéias de Kierkegaard.
      Os principais fundamentos da tradição se encontram, portanto, nas obras de
Kierkegaard, a começar pelo privilégio da existência, enquanto categoria, antes obliterada ou
menosprezada em função da primazia da essência de Platão a Hegel. Surge uma saudável
tensão dialética que permite dar espaço ao particular, em relação ao universal, ao indivíduo,
em relação ao geral, e ao subjetivo, em relação ao objetivo. Torna-se possível discutir
filosoficamente conceitos antes impensáveis, como a angústia, o desespero, a ironia, o humor,
a fé, o absurdo, a repetição, a conversa fiada, a comunicação, o interesse, o demoníaco, a
culpa, o compromisso, a escolha, a paixão, o dever, o amor, o silêncio, entre outras
experiências fundamentais da existência humana.
      Acima de tudo, Kierkegaard conseguiu mapear as possibilidades existenciais do ser
humano. Percebe a condição humana como eminentemente trágica e paradoxal, como uma
relação tensa e dramática entre o possível e o necessário, entre o infinito e o finito, entre o
eterno e o temporal. Percebe-se na obra de Kierkegaard como que um percurso de estações
existenciais que vão da vida estética irrefletida à vida religiosa manifesta em um amor que
migra da transcendência à imanência, estações nas quais é possível vislumbrar sentidos
precários para a existência nos limites entre a razão e o absurdo.
ESTUDO DE CASO



A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DA COMUNIDADE IRMÃOS DE ASSIS ACERCA
 DA SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO DOS HANSENIANOS, NO BAIRRO NOVA LIMA,
  À LUZ DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE EM EMMANUEL LÉVINAS.


               Edielson Bonin de Pádua (Acadêmico do curso de Filosofia),
            Hiata Anderson Flores de Souza (Acadêmico do curso de Filosofia),
                  Victor Viana Lopes. (Acadêmico do curso de Filosofia),
                            José Moacir de Aquino (Orientador).
             E-mail: edielson_2008@hotmail.com, hianderson_@hotmail.com,
                         victorsoneca@hotmail.com, filo@ucdb.br.




RESUMO: O presente artigo, oriundo do estudo de caso da disciplina de Ética II (2011),
apresenta a análise da correlação entre o conceito de responsabilidade em Emmanuel Lévinas
(1906-1995) e a práxis, na perspectiva dos gestores, da Comunidade Irmãos de Assis no
trabalho que realiza cuidando dos hansenianos que residem no Bairro Nova Lima, na cidade
de Campo Grande-MS. Segundo Lévinas, à medida que nos tornamos responsáveis pelo
Outro, assumimos verdadeiramente a nossa humanidade, pois o homem só é, tornando-se
responsável. O estudo de caso foi realizado mediante a conjunção de pesquisa bibliográfica e
pesquisa de campo. Para tanto, utilizou-se principalmente uma obra de Emmanuel Lévinas,
Ética e Infinito, para conceituar a ética do cuidado com o Outro e a responsabilidade. Para a
pesquisa de campo, realizou-se um levantamento qualitativo, através de um questionário
semi-estruturado aplicado a 08 gestores da Comunidade Irmãos de Assis, e duas observações
in loco. Após a coleta de dados, cotejou-se a resposta dos gestores com os conceitos de
Lévinas. Conclui-se que assumindo verdadeiramente um compromisso de responsabilidade,
que se concretiza pelo cuidado em relação ao Outro, o ser humano se percebe realmente
amado e inserido na sociedade. E tal como preconiza Emmanuel Lévinas, a ética do cuidado
com o Outro é via eficaz para a busca da paz e dignidade humana.

PALAVRAS-CHAVES: Hanseníase, responsabilidade, cuidado com o outro, Lévinas.
BANNER

       A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DA COMUNIDADE IRMÃOS DE ASSIS ACERCA
        DA SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO DOS HANSENIANOS, NO BAIRRO NOVA LIMA,
         À LUZ DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE EM EMMANUEL LÉVINAS.
                       Edielson Bonin de Pádua (Acadêmico do curso de Filosofia),
                    Hiata Anderson Flores de Souza (Acadêmico do curso de Filosofia),
                          Victor Viana Lopes. (Acadêmico do curso de Filosofia),
                                    José Moacir de Aquino (Orientador).
                     E-mail: edielson_2008@hotmail.com, hianderson_@hotmail.com,
                                 victorsoneca@hotmail.com, filo@ucdb.br.


               1 INTRODUCÃO                         de     campo.     Para    tanto,   utilizou-se
Este estudo de caso está vinculado à disciplina     principalmente uma obra de Emmanuel
de Ética II. O objeto desse estudo é                Lévinas, Ética e Infinito, para conceituar a
tematização do cuidado com o outro e a              ética do cuidado com o outro e a
responsabilidade dos gestores da Comunidade         responsabilidade. Para a pesquisa de campo,
de Vida e Aliança Irmãos de Assis em relação        realizou-se um levantamento qualitativo,
aos hansenianos do Bairro Nova Lima, situado        através de um questionário semi-estruturado
na cidade de Campo Grande – MS, ajudando-           aplicado a 08 gestores da Comunidade Irmãos
os de forma material e espiritual a se              de Assis, e duas observações in loco. Após a
reintegrarem novamente a sociedade, tendo           coleta de dados, cotejou-se a resposta dos
como      referencial   teórico    o   filósofo     gestores com os conceitos de Lévinas.
contemporâneo Emmanuel Lévinas (1906-
1995). Para Lévinas, a responsabilidade pelo                       4 RESULTADOS
outro é caminho de humanização e de                 a)      os hansenianos do Bairro Nova Lima
transcendentalismo. O homem só é se for para        em Campo Grande-MS enfrentam situações de
o outro, ou seja, a humanidade só acontece          exclusão, abandono e preconceito;
diante de um ser fraterno que se responsabiliza     b)      constatou-se que subsiste proximidade
pelo fraco, indefeso, faminto e abandonado,         entre a práxis de cuidado dos gestores da
aquele que é fragilizado por um mundo que se        Comunidade Irmãos de Assis e a concepção de
mostra totalitário.                                 responsabilidade em Lévinas;
                                                    c)      do ponto vista ético, constatou-se que a
               2 OBJETIVOS                          práxis da responsabilidade e do cuidado é
                                                    fundamental para que os hansenianos se
a)     explicitar      o       conceito     de      sintam mais humanizados e dignificados.
responsabilidade com outro de Emmanuel                             5 CONCLUSÃO
Lévinas, como via para a vivência positiva na       Diante do preconceito e da dificuldade de
sociedade;                                          inserção dos hansenianos na sociedade, a
b)     investigar qual o relacionamento que os      responsabilidade apresentada por Emmanuel
gestores da Comunidade Irmãos de Assis tem          Lévinas é caminho seguro para a busca de
com os hansenianos;                                 justiça e de paz.
c)     analisar se o olhar dos gestores da
Comunidade Irmãos de Assis para com os
hansenianos está na perspectiva do conceito da      Palavras-Chave:              Hanseníase,
responsabilidade de Emmanuel Lévinas.               Responsabilidade, Cuidado com o Outro,
                                                    Lévinas.
            3 METODOLOGIA

O estudo de caso foi realizado mediante a
conjunção de pesquisa bibliográfica e pesquisa
Kierkegaard e o existencialismo

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Kierkegaard e o existencialismo

  • 1. XXX SEMANA DE FILOSOFIA EXISTENCIALISMO EM KIEKEGAARD Local: Campus da UCDB, Campo Grande, MS; Data: 05 a 09 de agosto de 2011 Iniciativa: Curso de Filosofia da UCDB e FATHEL Comissão Organizadora Ms. José Moacir de Aquino (UCDB) Dr. Ricardo Quadros Gouvea (MACKENZIE) Dr. Josemar de Campos Maciel (UCDB) Dr. Frei Márcio Costa (UCDB) Dra. Neimar Machado de Sousa (UCDB) Dr. Marcelo Alves Nunes (UCDB) Ms. Wercy Rodrigues Jr. (UFGD)
  • 2. ÍNDICE A ÉTICA EM KIERKEGAARD................................................................................................ 5 A ESTÉTICA EM KIERKEGAARD ........................................................................................ 6 FILOSOFIA E TEOLOGIA EM KIERKEGAARD .................................................................. 7 FUNDAMENTOS DO EXISTENCIALISMO EM KIERKEGAARD ..................................... 8 A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DA COMUNIDADE IRMÃOS DE ASSIS ACERCA DA SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO DOS HANSENIANOS, NO BAIRRO NOVA LIMA, À LUZ DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE EM EMMANUEL LÉVINAS. ........................ 9 A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DA COMUNIDADE IRMÃOS DE ASSIS ACERCA DA SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO DOS HANSENIANOS, NO BAIRRO NOVA LIMA, À LUZ DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE EM EMMANUEL LÉVINAS. ...................... 10
  • 3. PROGRAMAÇÃO 05/09 (Anfiteatro do BLC A) 19:00 h às 20:40 h: Existencialismo: fundamentos e contribuições para a nossa contemporaneidade. Palestrante: Dr. Ricardo Quadros Gouvêa Mediador: Msc. José Moacir de Aquino (UCDB) 21:00 h às 22:20 h: Existencialismo em Kierkegaard: indivíduo, desespero e liberdade. Palestrante: Dr. Ricardo Quadros Gouvêa Mediador: Dr. Josemar de Campos Maciel (UCDB) 06/09 (Anfiteatro do BLC A) 19:00 h às 20:40 h - A Estética em Kierkegaard. Palestrante: Dr. Ricardo Quadros Gouvêa Mediador: Msc. Denise Nachif (UCDB) 21:00 h às 22:20 h - A Ética em Kierkegaard. Palestrante: Dr. Ricardo Quadros Gouvêa Mediador: Dr. Márcio Luís Costa (UCDB) 07/09 - FERIADO NACIONAL 08/09 (Anfiteatro do BLC B) 19:00 h às 20:40 h - A Religião em Kierkegaard. Palestrante: Dr. Ricardo Quadros Gouvêa Mediação: Dr. Pe. Geraldo Grendene (UCDB) 21:00 h às 22:20 - Filosofia e Fé em Kierkegaard. Palestrante: Dr. Ricardo Quaros Gouvêa Mediação: Dr. Marcelo Alves Nunes (UCDB) 09/09 (Anfiteatro do BLC C) 19:00 h às 20:30 h - Apresentação Cultural com o Grupo de Teatro da UCDB: SENTA QUE O LEÃO É MANSO 20:40 h às 22:00 h - Mostra de atividades de extensão e iniciação à pesquisa (TÉRREO DO BLC A)
  • 5. CONFERÊNCIAS A ÉTICA EM KIERKEGAARD Ricardo Quadros Gouvêa Kierkegaard pensa a ética existencialmente, como um estado-de-espírito ou uma atitude diante da vida que um indivíduo particular pode assumir, e localiza este estado-de-espírito como simultaneamente intermediário e contraditório em relação às estações estética e religiosa no caminho da vida, como está exposto, por exemplo, no livro que leva esse mesmo nome Estadier Paa Livets Vej (1845) e no Afsluttende Uvidenskabelig Efterskrift (1846). Intermediário porque pressupõe, por um lado, o abandono de uma vida voltada para as sensações e as inclinações particulares bem como a escolha do dever a vida social geral, cuja categoria fundamental é o compromisso exemplificado pelo matrimônio; e, por outro lado, porque não se percebe ainda, na vida ética, a importância da culpa, do arrependimento e da angústia, categorias que levam o indivíduo para o “salto” em direção ao religioso. A Vida ética, porém, não é só intermediária como também contraditória em relação ao estético e ao religioso, pois este últimos privilegiam o imediato, enquanto as categorias da ética implicam em uma mediação social. A vida ética (Saedelighed) é marcada pela responsabilidade, pelo dever, pela escolha, pelo compromisso, e acima de tudo pela repetição, categoria fundamental que é trabalhada por Kierkegaard no livro que leva esse nome (Gjentagelsen, 1843), ainda que, como explica o autor, seja possível uma outra forma de retomada que já não é mais ética, e sim religiosa. O ato máximo da vida ética é um ato particular de escolha que pode ser definido como a escolha de si mesmo. A vida ética (Saedelighed) é, portanto, uma vida mediada, e isso a torna autocontraditória, porque a mediação obriga o indivíduo a viver o geral, o que prejudica a sua individualidade, fazendo com que não consiga existir enquanto pessoa de infinita particularidade, e correndo o risco da despersonalização e da massificação. Logo, a vida ética acaba por ser uma armadilha para aquilo que pretende beneficiar, a saber, a existência humana. Existe, entretanto, a possibilidade de uma ética em que esses riscos e essa autocontraditoriedade já não existem. Tratar-se-ia de uma “segunda ética”, uma “ética religiosa”, em que o indivíduo já não vive o geral, que é teleologicamente suspenso, mas antes assume um compromisso imediato e absoluto com o absoluto (Temor e Tremor, 1843). Trata- se aqui de uma ética de transcendência, calcada no amor, marcada pelo sofrimento e pela renúncia, que coloca o indivíduo em oposição ao geral e a favor dos indivíduos particulares no seu valor infinito.
  • 6. A ESTÉTICA EM KIERKEGAARD Ricardo Quadros Gouvêa Kierkegaard pensava a partir de diversas tradições intelectuais distintas, todas muito importantes no contexto da intelectualidade germânica do século XIX, que nele encontram uma rica síntese. O idealismo alemão de Immanuel Kant, de Friedrich Wilhelm Joseph Schelling e de Georg Wilhelm Friedrich Hegel. O luteranismo em suas várias vertentes. O ceticismo religioso, de Michel de Montaigne a Johann Georg Hamann. E ainda o romantismo de Johann Wolfgang Goethe, Friedrich Heinrich Jacobi, Johann Gottfried Herder e Karl Wilhelm Friedrich Schegel. É deste ultimo grupo de pensadores que derivam as principais convicções estéticas de Kierkegaard. Contudo, sua contribuição seria o resultado de uma amálgama bem trabalhada. A estética é pensada em diferentes níveis em Kierkegaard. Há pelo menos três sentidos distintos em que o termo é apreendido e utilizado. Há muitos textos, nos corpus kierkegaardiano, que discutem questões referentes à arte; em particular à música, à literatura e ao teatro. Destacam-se aqui sua reflexão sobre a natureza e o poder da música ao comentar a ópera Dom Giovanni, em Enten-Eller (1843), e sua teoria do romance exposta em Af Endnu Levendes Papirer (1838), em que aparecem pela primeira vez os conceitos de transubstanciação e de comunicação indireta, conceito fundamental que seria explicitado no Afsluttende Uvidenskabelig Efterskrift (1846). Também o conceito de ironia é central na estética kierkegaardiana, discutido no trabalho que leva esse mesmo nome, Begrebet Ironi (1841). Vale mencionar, por fim, os trabalhos sobre dramaturgia de 1848, notadamente A Crise e uma Crise na Vida de uma Atriz. Todavia, é em outro sentido do termo que a reflexão sobre a estética se torna grandiosa na obra de Kierkegaard, que a descreve como um estado-de-espírito, uma possibilidade existencial. Neste sentido, o sentimento estético seria algo incorporado, uma atitude diante da existência em que se privilegia a sensação e a imediatez. Esta atitude pode ser irrefletida ou refletida, caso em que pode assumir diferentes formas ou manifestações, desde a forma faustiana de curiosidade especulativa como a forma do erotismo e da sedução tipificados por Don Juan, formas que incluem ainda o heroísmo, a melancolia e a ironia. Há ainda um terceiro sentido, típico do chamado “segundo percurso” que consiste majoritariamente de escritos teológicos, em que a estética é entendida como a comunicação indireta através da qual é possível conduzir as pessoas inadvertidamente em direção à verdade (Ponto-de-Vista Explicativo, 1849).
  • 7. FILOSOFIA E TEOLOGIA EM KIERKEGAARD Ricardo Quadros Gouvêa Kierkegaard é um autor de imensa importância tanto como filósofo quanto como teólogo. Enquanto filósofo, inspirou toda a filosofia do século XX, de Ludwig Wittgenstein a Jacques Derrida, e construiu a estrutura categorial metateórica que tornaria possível a construção da tradição filosófica fenomenológico-existencial. Enquanto teólogo, inspirou a teologia da crise ou teologia dialética de Karl Barth, Emil Brunner, Paul Tillich e Rudolf Bultmann, que revolucionaria a história da teologia contemporânea. Em ambos os casos, o que o qualifica como pensador inovador e divisor de águas foi sua preocupação com a existência e as categorias existenciais que criou, que recuperou do romantismo ou que redescobriu por meio de uma atitude tipicamente fenomenológica de intencionalidade subjetiva. A filosofia antirracionalista de Kierkegaard se caracteriza como um esforço precário e provisório para lidar com as contradições da existência, bem como um reconhecimento trágico dos paradoxos incontornáveis da razão. Hoje a filosofia não começa, em cada indivíduo, pelo maravilhamento (Aristóteles) ou pela dúvida metódica (Descartes), mas sim pelo desespero diante da condição humana, desespero que só se manifesta quando o indivíduo abandona todas as certezas dogmáticas e se vê náufrago no mundo, lançado em uma realidade que lhe é inóspita e insólita, fundada numa verdade incognoscível objetivamente, e que precisa ser apreendida subjetivamente (Afsluttende Uvidenskabelig Efterskrift, 1846) pelo risco, pela percepção do instante enquanto categoria (Ojeblikket, 1855) e pela “autourgia” (Conceito de Angústia, 1844) da resolução. O “religioso” é, para Kierkegaard, uma categoria existencial; pouco tem a ver como o uso coloquial do termo. Pelo contrário, os religiosos, no sentido coloquial, raramente são religiosos no sentido kierkegaardiano. A atitude religiosa que Kierkegaard descreve implica no abandono de qualquer mediação para a existência, inclusive as mediações oferecidas pelas instituições religiosas. Trata-se de uma relação imediata com a transcendência que, no entanto, implica na angustiante obrigação de assumir a imanência, o que Kierkegaard chama de “o duplo movimento da fé” (Temor e Tremor, 1843). Ser religioso é abraçar o instante absoluto, nele viver o amor, a profecia e a apofasia. Ser religioso, para Kierkegaard, é relacionar-se imediatamente com o poder que estabeleceu o indivíduo, enquanto espírito, nesta condição angustiante de tensão dialética entre a necessidade e a possibilidade, a finitude e a infinitude, entre a temporalidade e a eternidade (O Desespero Humano: A Doença Mortal, 1849). Teologicamente, Kierkegaard encontra na fé neotestamentária a possibilidade de assumir uma atitude existencialmente religiosa (Indolvelse i Christendom, 1851) em que o seguimento de Cristo e a salvação pela encarnação (Migalhas Filosóficas, 1844) não implicam em uma cristandade ou num cristianismo, mas em uma cristicidade (Christelighed) que não é outra coisa que uma “teurgia” existencial (O Conceito de Angústia, 1844). Daí seu rompimento trágico com a igreja (Ojeblikket, 1855).
  • 8. FUNDAMENTOS DO EXISTENCIALISMO EM KIERKEGAARD Ricardo Quadros Gouvêa Kierkegaard nunca fez uso do termo existencialismo, cunhado por Jean Paul Sartre, quase cem anos depois de sua morte. Nem tampouco, como Martin Heidegger, chamou sua filosofia de “filosofia da existência”. Pensador assistemático, Kierkegaard nunca propôs um sistema filosófico; nunca se pretendeu fundador de uma escola de pensamento. Contudo, a tradição fenomenológico-existencial lhe é devedora de todo seu arcabouço e principais conceitos constituintes. Além dos gigantes citados acima, Miguel de Unamuno, Gabriel Marcel, Karl Jaspers, Martin Buber, Albert Camus, Maurice Merleau-Ponty, Rudolf Bultmann, Ortega Y Gassett, Romano Guardini, Bernard Lonergan, Karl Rahner, Hans Urs Von Balthasar, foram todos leitores e apropriadores das idéias de Kierkegaard. Os principais fundamentos da tradição se encontram, portanto, nas obras de Kierkegaard, a começar pelo privilégio da existência, enquanto categoria, antes obliterada ou menosprezada em função da primazia da essência de Platão a Hegel. Surge uma saudável tensão dialética que permite dar espaço ao particular, em relação ao universal, ao indivíduo, em relação ao geral, e ao subjetivo, em relação ao objetivo. Torna-se possível discutir filosoficamente conceitos antes impensáveis, como a angústia, o desespero, a ironia, o humor, a fé, o absurdo, a repetição, a conversa fiada, a comunicação, o interesse, o demoníaco, a culpa, o compromisso, a escolha, a paixão, o dever, o amor, o silêncio, entre outras experiências fundamentais da existência humana. Acima de tudo, Kierkegaard conseguiu mapear as possibilidades existenciais do ser humano. Percebe a condição humana como eminentemente trágica e paradoxal, como uma relação tensa e dramática entre o possível e o necessário, entre o infinito e o finito, entre o eterno e o temporal. Percebe-se na obra de Kierkegaard como que um percurso de estações existenciais que vão da vida estética irrefletida à vida religiosa manifesta em um amor que migra da transcendência à imanência, estações nas quais é possível vislumbrar sentidos precários para a existência nos limites entre a razão e o absurdo.
  • 9. ESTUDO DE CASO A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DA COMUNIDADE IRMÃOS DE ASSIS ACERCA DA SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO DOS HANSENIANOS, NO BAIRRO NOVA LIMA, À LUZ DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE EM EMMANUEL LÉVINAS. Edielson Bonin de Pádua (Acadêmico do curso de Filosofia), Hiata Anderson Flores de Souza (Acadêmico do curso de Filosofia), Victor Viana Lopes. (Acadêmico do curso de Filosofia), José Moacir de Aquino (Orientador). E-mail: edielson_2008@hotmail.com, hianderson_@hotmail.com, victorsoneca@hotmail.com, filo@ucdb.br. RESUMO: O presente artigo, oriundo do estudo de caso da disciplina de Ética II (2011), apresenta a análise da correlação entre o conceito de responsabilidade em Emmanuel Lévinas (1906-1995) e a práxis, na perspectiva dos gestores, da Comunidade Irmãos de Assis no trabalho que realiza cuidando dos hansenianos que residem no Bairro Nova Lima, na cidade de Campo Grande-MS. Segundo Lévinas, à medida que nos tornamos responsáveis pelo Outro, assumimos verdadeiramente a nossa humanidade, pois o homem só é, tornando-se responsável. O estudo de caso foi realizado mediante a conjunção de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Para tanto, utilizou-se principalmente uma obra de Emmanuel Lévinas, Ética e Infinito, para conceituar a ética do cuidado com o Outro e a responsabilidade. Para a pesquisa de campo, realizou-se um levantamento qualitativo, através de um questionário semi-estruturado aplicado a 08 gestores da Comunidade Irmãos de Assis, e duas observações in loco. Após a coleta de dados, cotejou-se a resposta dos gestores com os conceitos de Lévinas. Conclui-se que assumindo verdadeiramente um compromisso de responsabilidade, que se concretiza pelo cuidado em relação ao Outro, o ser humano se percebe realmente amado e inserido na sociedade. E tal como preconiza Emmanuel Lévinas, a ética do cuidado com o Outro é via eficaz para a busca da paz e dignidade humana. PALAVRAS-CHAVES: Hanseníase, responsabilidade, cuidado com o outro, Lévinas.
  • 10. BANNER A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DA COMUNIDADE IRMÃOS DE ASSIS ACERCA DA SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO DOS HANSENIANOS, NO BAIRRO NOVA LIMA, À LUZ DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE EM EMMANUEL LÉVINAS. Edielson Bonin de Pádua (Acadêmico do curso de Filosofia), Hiata Anderson Flores de Souza (Acadêmico do curso de Filosofia), Victor Viana Lopes. (Acadêmico do curso de Filosofia), José Moacir de Aquino (Orientador). E-mail: edielson_2008@hotmail.com, hianderson_@hotmail.com, victorsoneca@hotmail.com, filo@ucdb.br. 1 INTRODUCÃO de campo. Para tanto, utilizou-se Este estudo de caso está vinculado à disciplina principalmente uma obra de Emmanuel de Ética II. O objeto desse estudo é Lévinas, Ética e Infinito, para conceituar a tematização do cuidado com o outro e a ética do cuidado com o outro e a responsabilidade dos gestores da Comunidade responsabilidade. Para a pesquisa de campo, de Vida e Aliança Irmãos de Assis em relação realizou-se um levantamento qualitativo, aos hansenianos do Bairro Nova Lima, situado através de um questionário semi-estruturado na cidade de Campo Grande – MS, ajudando- aplicado a 08 gestores da Comunidade Irmãos os de forma material e espiritual a se de Assis, e duas observações in loco. Após a reintegrarem novamente a sociedade, tendo coleta de dados, cotejou-se a resposta dos como referencial teórico o filósofo gestores com os conceitos de Lévinas. contemporâneo Emmanuel Lévinas (1906- 1995). Para Lévinas, a responsabilidade pelo 4 RESULTADOS outro é caminho de humanização e de a) os hansenianos do Bairro Nova Lima transcendentalismo. O homem só é se for para em Campo Grande-MS enfrentam situações de o outro, ou seja, a humanidade só acontece exclusão, abandono e preconceito; diante de um ser fraterno que se responsabiliza b) constatou-se que subsiste proximidade pelo fraco, indefeso, faminto e abandonado, entre a práxis de cuidado dos gestores da aquele que é fragilizado por um mundo que se Comunidade Irmãos de Assis e a concepção de mostra totalitário. responsabilidade em Lévinas; c) do ponto vista ético, constatou-se que a 2 OBJETIVOS práxis da responsabilidade e do cuidado é fundamental para que os hansenianos se a) explicitar o conceito de sintam mais humanizados e dignificados. responsabilidade com outro de Emmanuel 5 CONCLUSÃO Lévinas, como via para a vivência positiva na Diante do preconceito e da dificuldade de sociedade; inserção dos hansenianos na sociedade, a b) investigar qual o relacionamento que os responsabilidade apresentada por Emmanuel gestores da Comunidade Irmãos de Assis tem Lévinas é caminho seguro para a busca de com os hansenianos; justiça e de paz. c) analisar se o olhar dos gestores da Comunidade Irmãos de Assis para com os hansenianos está na perspectiva do conceito da Palavras-Chave: Hanseníase, responsabilidade de Emmanuel Lévinas. Responsabilidade, Cuidado com o Outro, Lévinas. 3 METODOLOGIA O estudo de caso foi realizado mediante a conjunção de pesquisa bibliográfica e pesquisa