Este documento apresenta uma atividade pedagógica para estudantes sobre a teoria da evolução de Charles Darwin, instruindo-os a escrever uma carta para Darwin explicando como evidências modernas da biologia, como fósseis e análises moleculares, confirmaram suas ideias. A atividade objetiva conectar os conceitos de Darwin com descobertas atuais e entender que mudanças de paradigma ocorrem gradualmente.
Telecurso 2000 aula 29 tem um gambá no galinheiro!
Artigo carta par sir charles darwin
1. Carta para Sir Charles Darwin
Vivian Lavander Mendonça e Sônia Lopes (agosto 2002)
TEMA
Teoria da evolução biológica
CONCEITOS RELACIONADOS
Genética, evolução do conhecimento
OBJETIVOS
Realizando esta atividade o estudante poderá associar as idéias propostas por Darwin
no século XIX com as mais recentes descobertas e tecnologias da Biologia. Os
estudantes poderão compreender que:
• a idéia de seleção natural suscitou uma nova abordagem sobre o estudo dos
fósseis e, mais recentemente, sobre as análises moleculares;
• as mudanças de paradigma são processos lentos e contínuos, relacionados ao
contexto histórico e cultural da época.
ESTRATÉGIA DE ENSINO
Esta atividade foi planejada pensando em sua aplicação em duas situações distintas:
como uma forma de avaliação ao final de um conjunto de aulas sobre evolução ou
como uma proposta para o desenvolvimento de um projeto de pesquisa. Para os dois
casos, os princípios básicos e os procedimentos citados a seguir poderiam ser
fornecidos aos alunos como uma orientação e base geral sobre a atividade. Como
proposta de pesquisa os alunos podem procurar informações sobre o tema em várias
fontes como livros e Internet. Para professores, há um site interessante, em inglês:
http://www.discoveryschool.com.
PRINCÍPIOS BÁSICOS
Muitos anos após a morte de Darwin, grande quantidade de evidências que confirmam
sua idéia de evolução por seleção natural tem sido acumulada.
A análise do registro fóssil, que antes de Darwin era meramente descritiva, passou a
constatar as semelhanças entre espécies atuais e fósseis, ajudando a reconhecer a
ancestralidade comum entre diversos organismos. O estudo comparativo da anatomia
e de aspectos do desenvolvimento embrionário também fornece dados fundamentais
sobre o parentesco evolutivo entre seres vivos, pois permitem identificar condições de
homologia e definir quais seriam as características primitivas e quais as derivadas
dentro de determinado grupo.
2. dentro de determinado grupo.
A análise bioquímica, tecnologia bastante recente, tem mostrado as semelhanças
entre espécies no que diz respeito a proteínas e seqüência de bases no DNA ou RNA.
Entre o chimpanzé e a espécie humana, por exemplo, existe apenas 1 aminoácido
diferente na constituição da proteína citocromo c, presente nas mitocôndrias. Se
compararmos a espécie humana com um cavalo, o número de diferenças na
seqüência de aminoácidos será maior; se a comparação for feita com a proteína de
um peixe, a diferença será maior ainda. Esse tipo de análise permite, portanto,
confirmar níveis de parentesco entre espécies. Os dados moleculares têm sido, com
freqüência, utilizados para ajudar a resolver alguns casos de parentesco em que a
anatomia comparada, o estudo do desenvolvimento e/ou o registro fóssil apresentam-
se incompletos ou não são suficientes para esclarecer as dúvidas.
Apesar de todo o brilhantismo da idéia de evolução por seleção natural, Darwin
nunca conseguiu explicar como as características eram transmitidas através das
gerações, garantindo o processo evolutivo. Darwin não encontrou outra saída senão
admitir que caracteres “vantajosos” (que sofreram seleção positiva pelo ambiente)
eram hereditários, numa hipótese muito parecida com a de Lamarck, que apregoava a
herança de caracteres adquiridos. Darwin escreveu: “os indivíduos possuidores de
uma vantagem qualquer sobre os outros têm maior chance de sobreviver, de procriar
o seu próprio tipo”.
Hoje sabemos que por meio da reprodução sexuada um indivíduo não pode “procriar o
seu próprio tipo”; ele só pode transmitir à sua descendência metade de seus genes.
Darwin não conheceu as idéias de seu contemporâneo Gregor Mendel, apesar dos
esforços deste último para difundir suas idéias no meio científico. O modelo de Mendel
que explica corretamente a herança de características não teve aceitação e sua
importância só foi percebida quase 20 anos após sua morte. Foi apenas no início do
século XX que se percebeu que o mendelismo fornece as bases para a teoria de
Darwin, constituindo o chamado neodarwinismo.
PROCEDIMENTO
Escrever uma carta para Charles Darwin explicando a ele como suas idéias sobre
seleção natural e evolução têm sido confirmadas pelas investigações atuais da
Biologia. Contar a Darwin sobre o surgimento do neodarwinismo. As seguintes
palavras devem constar da carta: fóssil, seleção natural, proteína, DNA, RNA,
mutação gênica, código genético, recombinação gênica.
3. mutação gênica, código genético, recombinação gênica.
AVALIAÇÃO
Para a avaliação desta atividade as cartas produzidas pelos estudantes devem ser
lidas verificando se o objetivo da atividade foi atingido (relacionar tecnologias e
discussões atuais ao princípio da seleção natural, proposto por Charles Darwin).
Verifique se a noção sobre evolução por seleção natural está clara no texto produzido.
Se você perceber que há dificuldade por parte dos estudantes em escrever uma carta,
faça mais atividades desse tipo utilizando outras propostas de tema, para que a
expressão escrita seja estimulada nas aulas de Biologia. (Veja a atividade Carta para
Gregor Mendel.)
VARIAÇÃO E SUGESTÃO
Pode-se sugerir aos alunos que redijam outras cartas analisando o chamado
“darwinismo social”, que se utiliza das idéias de seleção natural para justificar
comportamentos sociais e classificar questões culturais e sociais como resultados de
evolução biológica. Discuta essa questão com a classe – no anexo encontram-se
reproduções de algumas reportagens que trazem interpretações no mínimo curiosas
acerca da evolução. Depois peça aos estudantes que contem a Charles Darwin de que
forma suas idéias são às vezes usadas pela sociedade do século XXI.
ANEXO
Amante latino, paciente inglês
James Watson é um cientista admirado em todo o mundo. Co-autor da
descoberta da dupla hélice do DNA, premiado com o Nobel de Medicina,
primeiro líder do projeto para a decodificação do genoma humano, o
cientista norte-americano é uma espécie de pai da biotecnologia. (...)
Numa conferência realizada na Universidade da Califórnia, o ilustre
Watson fez uma apresentação sobre a ligação entre a cor da pele e os
comportamentos sexuais.
O objetivo de Watson era apenas falar sobre a importância de uma proteína
— a melanina, que determina a cor da pele — que ajuda a criar hormônios:
as beta endorfinas, que afetam o estado de espírito, e a leptina, que
desempenha um papel no metabolismo da gordura. Para reforçar sua teoria,
apresentou conclusões do gênero: “É por causa dessa ligação entre o sol e
4. o sexo que já ouvimos falar no amante latino (latin lover). Em
contrapartida, nunca ouvimos falar em amante inglês, apenas sobre o
paciente inglês.” Em outro momento, o calvo Watson afirmou que os gordos
são mais alegres (devido à presença de leptina) e os magros são mais
ambiciosos. Para demonstrar, exibiu uma fotografia da modelo anoréxica
Kate Moss.
(Revista Visão, 30 nov. 2000, p. 32.)
A perseguição da felicidade
James Watson, cientista que descobriu o DNA em 1953, deixou convidados da
Universidade da Califórnia chocados ao usar fotos da top model Kate Moss,
com expressão triste, para ilustrar sua teoria “A perseguição da
felicidade”, que diz que as pessoas bronzeadas e gordas são mais felizes.
Watson crê que a exposição ao sol aumenta o apetite sexual e explica: a
Pom-C, melanina que determina a cor da pele, metaboliza gordura. Mas foi
seu comentário final que causou maior frisson: “É por isso que existem
latin lovers, não english lovers”.
(Jornal da Tarde, São Paulo, dez. 2000.)
Gordos felizes
“Kate Moss é provavelmente a magra mais famosa do mundo e parece ser uma
pessoa bastante infeliz. Aliás, alguém já ouviu falar de uma top model
feliz?” O autor desta afirmação é James Watson, um conceituado
geneticista que desenvolveu uma teoria que sustenta que os gordos são
mais felizes que os magros, especialmente na sua vida sexual. E num mundo
em que há muito a gordura deixou de ser sinônimo de formosura, com a moda
a impor seus rigorosos padrões, não é uma teoria pacífica.
Watson, um dos cientistas distinguidos com o Prêmio Nobel por ter
participado na identificação da estrutura de dupla hélice do DNA, dirigiu
um estudo que sugere que uns quilinhos extras tornam o ser humano mais
feliz. A investigação incidiu sobre o estudo de algumas substâncias
químicas existentes no corpo, levando-o a concluir que algumas reservas
de gordura têm o efeito de aumentar as endorfinas, um hormônio
5. de gordura têm o efeito de aumentar as endorfinas, um hormônio
relacionado com o desejo sexual e com o estado de espírito. Nas pessoas
magras, segundo ele, foi observado o efeito contrário – menos gordura
condicionava negativamente a recepção de endorfinas pelo cérebro. A
teoria de Watson é que, no passado, os homens dedicavam a sua vida à
busca incessante de comida e a recompensa pelo trabalho árduo era comerem
e, conseqüentemente, ganharem peso. Assim, Watson conclui que, em termos
evolucionistas, magro é igual a descontente. “Pessoas felizes pesam mais.
É por isso que as empresas contratam pessoas magras, pois trabalham mais
arduamente.” De acordo com ele, os magros são tão condicionados pela
necessidade de encontrar essa felicidade que se tornam supercompetitivos
e ambiciosos.
Texto do site: http://primeirasedicoes.expresso.pt/ed1445