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Índice

Índice................................................................................................................ 2

Introdução....................................................................................................... 3

O potencial do hidrogénio............................................................................5
   Produção e fontes de hidrogénio.............................................................................................................................6
   Alternativas para o transporte e distribuição.......................................................................................................8

Células de combustível...............................................................................11
   Processo electroquímico na célula de combustível...........................................................................................12
   Pilha de combustível.................................................................................................................................................14
   Reformadores de combustível...............................................................................................................................14
   Células de combustível existentes.........................................................................................................................15

Conclusão...................................................................................................... 20

Ligações úteis...............................................................................................22

Bibliografia.................................................................................................... 23




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Introdução

Entre o final dos anos 90 e 2020 prevê-se que o consumo mundial de energia cresça
quase 60 porcento devido ao aumento populacional, à urbanização contínua e à
expansão económica e industrial. O consumo de energia eléctrica será ainda mais
acentuado, atingindo praticamente os 70 porcento. A maior parte desta energia
adicional deverá provir dos combustíveis fósseis, agravando as já actualmente nefastas
consequências para o ambiente e saúde pública.

O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), um organismo
internacional que congrega aproximadamente 2000 cientistas e economistas de todo o
mundo, concluiu que as emissões de dióxido de carbono (CO2) deverão ser reduzidas
em pelo menos 70 porcento durante os próximos 100 anos para que a concentração
atmosférica de CO2 se estabilize nas 450 partes por milhão – ainda assim uma
concentração 60 porcento superior ao nível pré-industrial.

Há vários indícios de que os actuais níveis de CO2 são excessivos: verificou-se um
decréscimo de 10 porcento na cobertura de neve desde 1960; uma regressão
significativa dos glaciares nas regiões não-polares durante o século passado; uma
redução de cerca de 40 porcento nas calotes polares do Ártico entre o final do Verão
e o início do Outono; e, entre outros, um aumento de 0,6 ºC da temperatura média
do planeta ao longo do século XX, tendo a década de 90 e o ano de 1998 os mais
quentes desde que há registos (ou seja, desde 1861). Durante o século XX, o nível
médio dos oceanos subiu entre 0,1 e 0,2 metros, enquanto fenómenos extremos
como o “El Niño Southern Oscillation” se tornaram mais frequentes e intensos. O
IPCC considera mesmo que “há indícios novos e fortes de que a maior parte do
aquecimento verificado nos últimos 50 anos se deve às actividades humanas”, e estima
que, pelo ano 2100, a temperatura média do planeta poderá ser 1,4 a 5,8 ºC superior à
actual e o nível médio dos oceanos situar-se entre 9 e 88 centímetros acima.

Visto que mais de 80 porcento das emissões humanas de CO2 se devem à queima de
combustíveis fósseis, reduzir os seus níveis só será possível através de um aumento
significativo da eficiência energética e de uma transição para energias renováveis,
particularmente no sector dos transportes. Este já representa, na Europa, cerca de 20
porcento das emissões totais de gases com efeito de estufa (GEE).




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Mas também há boas notícias. Estima-se que as novas renováveis (que excluem a
grande hídrica e a biomassa tradicional) já forneçam à rede, globalmente, mais de
100 000 megawatt (MW) de electricidade, sobretudo devido ao crescimento verificado
nas energias eólica e solar. Contudo, os combustíveis fósseis ainda são a fonte de 77
porcento da energia consumida mundialmente, tendo em 1999 sido produzidos
qualquer coisa como 3,5 mil milhões de barris de crude.

Portugal possui um grande potencial para as energias renováveis, de tal forma que um
painel solar instalado no nosso país pode ser até duas vezes mais eficiente do que se
for colocado na Alemanha. Ainda assim, a potência total instalada é bastante reduzida.
No sentido de inverter este cenário e de promover a eficiência energética o Governo
adoptou, em 2001, o Programa E4 (Eficiência Energética e Energias Endógenas), que, a
prazo, se poderá afigurar determinante para a competitividade da indústria portuguesa
num quadro europeu alargado.

Particularmente interessante e digno de estudo é o caso da Alemanha. A coligação
SPD/Verdes conseguiu transformar o país num líder na produção de renováveis,
quando, no início dos anos 90, a sua produção era praticamente nula. Também a
Dinamarca e o Reino Unido têm apostado de forma determinada neste sector,
sobretudo na eólica, com resultados francamente positivos.

O avanço tecnológico tem permitido um aumento significativo da eficiência neste
campo: no espaço de 15 anos, a energia eólica passou a ser competitiva relativamente
às energias convencionais (mesmo ignorando as externalidades negativas a que estas
últimas estão associadas). A potência média de uma turbina aumentou de 100-200
quilowatt (kW) para mais de 900 kW hoje em dia, sendo fabricadas, para uso em alto
mar, turbinas com uma potências entre os 2000 e 5000 kW.

Há um problema relativamente às energias renováveis que tem de ser ultrapassado:
como podem ser armazenadas para utilização posterior, dependendo das
necessidades? Já foi sugerida uma possível resposta: chama-se hidrogénio.




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O potencial do hidrogénio

Júlio Verne, no seu livro “A Ilha Misteriosa”, publicado em 1874, afirma a certa altura
através de um engenheiro: “Sim, meus amigos, eu acredito que a água virá um dia a ser
usada como combustível e que o hidrogénio e o oxigénio que a constituem, usados
isoladamente ou em conjunto, fornecerão uma fonte inesgotável de calor e de luz com
uma intensidade de que o carvão não é capaz... A água será o carvão do futuro.”
Esta afirmação impressionante, verdadeiramente visionária, arrisca-se a ser verdadeira
um século e um quarto depois de ter sido publicada.

Se observarmos a evolução das principais fontes de energia apercebemo-nos de que a
razão hidrogénio-carbono aumentado sucessivamente (Figura 1 e ). A transição fez-se
de combustíveis ricos em carbono (e, logo, geradores de grandes quantidades de CO2
quando queimados) e com reduzida densidade energética, para combustíveis
proporcional e sucessivamente mais ricos em hidrogénio e energéticos (e, portanto,
mais amigos do ambiente). A este fenómeno podemos chamar “descarbonização”.
Simultaneamente, é evidente também uma transição de combustíveis sólidos (lenha,
carvão) para líquidos (petróleo) e, segundo uma aposta mais recente e em expansão,
para gases (gás natural). O hidrogénio oferece o potencial de se tornar numa energia
limpa, permitindo às nações reduzirem significativamente as suas emissões de GEE. No
entanto, isto depende da fonte de produção de hidrogénio.




                     Figura 1 – Transição dos sistemas energéticos globais.




                                                                                      5
O hidrogénio é o elemento mais abundante
                                           do Universo (mais de 90 porcento do que
                                           é observável) e o mais simples. Cada átomo
                                           é composto, apenas, por um protão e por
                                           um electrão.

                                            A primeira utilização significativa do
                                            hidrogénio enquanto combustível remonta
                                            a 1950, em aplicações espaciais, através de
                                            uma célula de combustível que combinava
                                            este elemento com oxigénio para formar
                                            água e produzir electricidade – sistema
                                            ainda hoje utilizado pelo programa espacial
                                            norte-americano. Em 1970, a General
                                            Motors definiu o conceito de “economia
Figura 2 – Razão hidrogénio-carbono para
vários combustíveis.                        do hidrogénio”, por oposição à economia
                                            dos combustíveis fósseis em que vivemos
                                            actualmente. O interesse científico pelo
hidrogénio cresceu consideravelmente em 1973, com a primeira crise petrolífera.
Contudo, após a segunda crise energética mundial os preços do petróleo começaram a
descer para níveis históricos. O interesse pelo hidrogénio decresceu mas felizmente a
investigação prosseguiu, desenvolvendo-se como resultado vários tipos de células de
combustível.

Produção e fontes de hidrogénio

São produzidos cerca de 400 mil milhões de metros cúbicos (m3) de hidrogénio
anualmente, o que equivale a cerca de 10 porcento da produção de petróleo de 1999.
A maior parte deste hidrogénio é obtido a partir da reforma de gás natural por vapor
em refinarias e é consumida localmente para a produção de fertilizantes à base de
amónia, resinas, plásticos e solventes, entre outros (ver Figura 3). Só 5 porcento do
hidrogénio é efectivamente comercializado e transportado sob a forma líquida ou
gasosa para outros pontos.




                                                                                        6
Figura 3 – Sistema energético à base de hidrogénio.



Metade da produção de hidrogénio é obtida a partir do aquecimento de metano (CH4)
num reactor catalítico, o que liberta os átomos de hidrogénio. É adicionado ao sistema
vapor, que facilita a libertação de mais hidrogénio, produzindo-se CO2 como
subproduto.

Também o carvão pode ser reformado para produzir hidrogénio através da sua
gaseificação, mas este processo só pode competir com o do metano quando o gás
natural é muito dispendioso. Para além disso, isso obrigaria a que o grosso do carbono
libertado fosse sequestrado (partindo do princípio de que se querem reduzir os níveis
de CO2 na atmosfera), o que, sendo possível, é também extremamente oneroso.

O hidrogénio pode ainda ser extraído do petróleo, gasolina e metanol através da sua
oxidação parcial. Como este processo gera maiores emissões de CO2 do que o
derivado do gás natural mas é preferido pelas petrolíferas, estas estão a investir em
novas tecnologias para sequestro e armazenamento do poluente.

Um método promissor é o da electrólise, que consiste na utilização de electricidade
para dissociar a água nos seus elementos constituintes. Este processo é custo-efectivo
para pequenas quantidades, mas visto que esta energia é 3 a 5 vezes mais cara que o
petróleo bruto não é ainda rentável para a grande escala. No futuro, este cenário
poderá mudar. Prevê-se que os custos associados à electrólise a partir de energia
fotovoltaica ou eólica sejam reduzidos a metade durante a próxima década. Além
disso, visto que com este método o hidrogénio pode ser produzido onde é preciso e
na quantidade necessária, evitam-se os custos de transporte.

Um processo de produção de hidrogénio a partir de fontes renováveis resultaria,
portanto, num ciclo energético extremamente limpo (Figura 4), ainda que por algum
tempo com custos directos superiores aos associados à reforma do gás natural.




                                                                                         7
Em certos casos pode ser preferível
transmitir directamente para a rede a
energia eléctrica renovável, evitando o
passo intermédio de produção de
hidrogénio. A produção deste elemento,
contudo, pode ser extremamente útil para
a criação de um reservatório de
combustível pronto a ser utilizado quando
as condições para a produção de energia
renovável não são favoráveis.

Alternativas para o transporte e
distribuição
A utilização do hidrogénio em grande         Figura 4 – Ciclo de produção de hidrogénio a partir
                                                                           de fontes renováveis.
escala requer o seu armazenamento e
distribuição de uma forma económica, o
que é um obstáculo tendo em conta a reduzida densidade energética que possui. Há
um conjunto de soluções para obviar este problema: armazenamento sob a forma de
gás comprimido, hidrogénio liquefeito, hidretos metálicos e sistemas baseados no
carbono. A escola da melhor opção depende de vários factores, como a aplicação
concreta a que se destina, a densidade energética exigida, as formas de energia
disponíveis e os custos de capital e de operação (ver Tabela 1).

       Método                            Uso
       Subterrâneo                       Grandes quantidades a longo prazo
       Líquido                           Grandes quantidades a longo prazo
       Gás comprimido                    Pequenas quantidades a curto prazo
       Hidretos metálicos                Pequenas quantidades
       Nanotubos de carbono              Pequenas quantidades
                      Tabela 1 – Métodos de armazenamento de hidrogénio.



O método mais simples e barato de armazenamento do hidrogénio em veículos é a
compressão. A maior desvantagem é a baixa densidade alcançável, que é de apenas um
décimo da que é obtida com a gasolina (o que é em parte compensado pelo maior
rendimento das células de combustível relativamente aos motores de combustão
interna). Maiores densidades de armazenamento são possíveis mas colocam problemas
de segurança e fazem elevar consideravelmente os custos.




                                                                                              8
Alternativamente, o hidrogénio pode ser liquefeito, o que exige o seu arrefecimento e
compressão para formar um líquido denso até se atingirem os -250 ºC, temperatura à
qual deve ficar armazenado. Os custos desta operação são quatro a cinco vezes
superiores aos envolvidos na compressão, ainda que os associados ao transporte sejam
muito menores. Em acréscimo, durante o processo consome-se energia equivalente a
30 porcento da originalmente contida no hidrogénio.

Um método mais recente e promissor para o armazenamento consiste na utilização de
hidretos metálicos. Estes albergam o hidrogénio de forma semelhante à absorção de
água por uma esponja. Durante um processo de arrefecimento, os átomos
posicionam-se nos interstícios da estrutura molecular do metal, à qual ficam ligados
quimicamente. Durante o aquecimento ocorre o inverso, libertando-se o hidrogénio.
As desvantagens dos hidretos metálicos são o seu elevado peso, baixa densidade, a
necessidade de fornecer energia para libertação do hidrogénio e, comparativamente, o
maior custo. Para pequenos usos diários (automóveis, por exemplo) esta solução
poder-se-á revelar competitiva.

Os sistemas baseados no carbono são outra opção ainda nas fases iniciais de
desenvolvimento mas que eventualmente permitirão o armazenamento de grandes
quantidades de hidrogénio à temperatura ambiente. Estão a ser explorados dois tipos
principais:
•   nanotubos de carbono: compostos de poros de tamanho molecular; e
•   nanofibras de grafite: pilhas de nanocristais que formam uma parede de pequenos
    poros similares.

O método mais comum hoje em dia para transportar hidrogénio liquefeito consiste no
uso de camiões-cisterna com dupla parede (ver na Tabela 2 uma lista dos métodos
mais comuns). O hidrogénio em estado líquido pode ainda ser transportado em
hidretos metálicos que são carregados para um camião ou vagão de um comboio.
Chegando ao seu destino, os hidretos carregados poderiam ser trocados por outros
vazios, à semelhança do que acontece hoje com as botijas de gás natural.

O gás comprimido pode ser transportado usando cilindros sob alta pressão, tubos e
gasodutos. Os dois primeiros casos requerem compressão a altas pressões. O sistema
mais eficiente é usar uma rede de gasodutos subterrâneos – o que, contudo, exigirá
um elevado investimento inicial.

        Método                  Uso



                                                                                      9
Gasoduto                   Grandes quantidades a longas distâncias
Líquido                    Grandes quantidades
Gás comprimido             Pequenas quantidades a pequenas distâncias
Hidretos metálicos         Pequenas quantidades
                 Tabela 2 – Métodos de transporte de hidrogénio.




                                                                        10
Células de combustível

O primeiro cientista a dissociar a água nos seus elementos constituintes foi também o
primeiro a provar que o processo era reversível. Em 1839, o físico britânico Sir
William Grove demonstrou que o hidrogénio e o oxigénio podiam ser
electroquimicamente combinados para produzir água e electricidade através de um
dispositivo denominado “célula de combustível”. A descoberta de Grove ficaria um
século sem aplicação prática.

As células de combustível, ainda numa fase inicial de desenvolvimento, constituem uma
abordagem inovadora para a produção de electricidade relativamente aos métodos
convencionais actualmente aplicados. À semelhança das baterias, as células de
combustível também produzem corrente directa através de um processo
electroquímico sem que ocorra combustão (portanto, não operam segundo o ciclo
térmico de Carnot). Porém, enquanto uma bateria produz energia a partir de uma
fonte finita de combustível, uma célula de combustível pode operar indefinidamente
desde que possua uma alimentação contínua.

Cada sistema de uma célula de combustível é normalmente constituído por três
subsistemas primários, conforme ilustra a Figura 5:
•   a pilha de combustível que gera a corrente;
•   o reformador que converte o combustível original em hidrogénio;
•   o conversor que processa a electricidade e a converte em corrente alternada ou
    contínua.




    Figura 5 – Esquema simplificado de um sistema de produção de electricidade baseado em pilhas de
      combustível de membrana de troca protónica. DC: corrente contínua; AC: corrente alternada.



                                                                                                      11
Processo electroquímico na célula de combustível

A reacção electroquímica que ocorre numa célula de combustível requer a adição
contínua dos reagentes ao reactor, tipicamente hidrogénio e oxigénio na forma gasosa
(Figura 6).




        Figura 6 – Esquema de uma célula de combustível de membrana de troca protónica.



O hidrogénio e o oxigénio são continuamente alimentados ao ânodo e ao cátodo,
respectivamente (Figura 7 e Figura 8). Visto que os dois gases não se misturam
directamente não se dá a sua combustão. Em vez disso, o hidrogénio oxida-se
molécula a molécula na presença de um catalizador. O controlo do processo ao nível
molecular evita as condições necessárias à formação de óxidos de azoto (NOx) e de
outros poluentes.

Enquanto os electrões fluem do ânodo através de um circuito externo, os iões de
hidrogénio (protões) fluem para o electrólito até chegarem ao cátodo, movidos tanto
pela diferença de concentrações como de potencial. No cátodo, o oxigénio gasoso é
combinado electroquimicamente, na presença de um catalizador, com os iões de
hidrogénio e os electrões livres para formar água.




                                                                                          12
Figura 7 – Processo electroquímico que ocorre numa célula de combustível de electrólito ácido.




Figura 8 – Processo electroquímico que ocorre numa célula de combustível de óxido sólido (electrólito
                                         cerâmico sólido).




        Reacção do ânodo (oxidação):                     2H2 → 4H+ + 4e-
        Reacção do cátodo (redução):                     O2 + 4H+ + 4e- → 2H2O


        Reacção global:                                  2H2 + O2 → 2H2O (vapor) + energia




A energia libertada equivale à diferença entre a energia livre de Gibbs dos produtos e
dos reagentes (∆H = -242 kJ/mol)




                                                                                                    13
Cada processo possui resistências naturais que reduzem a voltagem operacional da
célula relativamente à teórica, bem como irreversibilidades, que se traduzem na
transformação de cerca de um sexto da energia potencial em calor (de acordo com a
Segunda Lei da Termodinâmica). A potência eléctrica gerada é igual ao produto da
corrente (medida em amperes) pela voltagem operacional (que se situa, por norma,
entre os 0,55 e os 0,80 volts).

Uma estimativa simplificada da eficiência da célula pode ser obtida pela razão entre a
diferença de potencial máxima (1,48 volts) e a operacional, enquanto o calor
produzido será pode ser estimado através do produto da corrente pela energia
potencial perdida como calor (ou seja, a diferença entre a voltagem teórica e a
operacional). A eficiência eléctrica global da célula é dada pelo rácio entre a potência
gerada e o poder calorífico do hidrogénio consumido. A eficiência termodinâmica
máxima será dada pela razão entre a energia livre de Gibbs do hidrogénio e o seu
poder calorífico.

Pilha de combustível

Na prática, as voltagens necessárias são superiores às alcançadas por uma única célula
de combustível. Para isso são normalmente combinadas em série centenas de células
individuais, formando assim uma pilha de combustível. A corrente é regulável através
da área de cada célula, que vai de 100 cm2 até mais de 1 m2. A potência total é o
produto de três factores: corrente gerada, diferença de potencial existente em cada
célula e número de células combinadas em série.

Reformadores de combustível
Para se utilizarem outros combustível que não o hidrogénio é necessário um
reformador. Este dispositivo é o componente que tem como função converter os
hidrocarbonetos num gás rico em hidrogénio que é consumido pela célula. Existem
vários métodos de efectuar a conversão, sendo os principais:
•   conversão por vapor de água;
•   conversão por oxidação parcial;

No caso da conversão por vapor de água os hidrocarbonetos e a água reagem
formando uma mistura gasosa de H2, CO2 e CO num processo altamente
endotérmico. O calor necessário pode ser fornecido pela própria pilha de combustível.
No processo de oxidação parcial é utilizado ar em vez de vapor de água.
Consequentemente, o gás resultante contém uma quantidade considerável de azoto.



                                                                                           14
Neste caso a reacção é exotérmica. A combinação dos dois processos é designada por
“reforma autotérmica” uma vez que, teoricamente, não produz nem requer o
fornecimento de energia térmica para ocorrer. As células que operam a elevadas
temperaturas podem incorporar um reformador interno formando um conjunto com
um excedente energético líquido. A concepção destas unidades mistas é complexo,
mas a versatilidade que possuem constitui um estímulo ao seu desenvolvimento e
comercialização.

Células de combustível existentes

Há seis tipos principais de células de combustível (Tabela 3), dependendo do
electrólito que utilizam1, das quais apenas duas (PAFC e MCFC) são comercializadas.

Sigla    Designação anglo-americana                Designação portuguesa
PAFC     Phosphoric acid fuel cell                 Célula de combustível de ácido fosfórico
MCFC     Molten carbonate fuel cell                Célula de combustível de carbonato fundido
SOFC     Solid oxide fuel cell                     Célula de combustível de óxido sólido
AFC      Alkaline fuel cell                        Célula de combustível alcalina
                                                   Célula de combustível de membrana de troca
         Proton exchange membrane fuel cell ou
PEMFC                                              protónica ou Célula de combustível de electrólito
         Polymer electrolyte membrane fuel cell
                                                   polímero
DMFC     Direct methanol fuel cell                 Célula de combustível de metanol directo
                        Tabela 3 – Tipos principais de células de combustível.



Os seis tipos principais dividem-se da seguinte forma:
•   PAFC e PEMFC: possuem electrólitos ácidos e baseiam-se no transporte de iões
    H+;
•   MCFC e AFC: possuem electrólitos básicos e baseiam-se no transporte de iões
    CO32- e OH-, respectivamente;
•   SOFC: possui um electrólito cerâmico sólido e baseia-se no transporte de iões O2-;
•   DMFC: utiliza metanol directamente como combustível possuindo um electrólito
    cerâmico.

As temperaturas óptimas de operação variam muito conforme a célula em causa. A
Tabela 4 sumaria algumas características fundamentais de cada uma.




1
 - Com excepção da célula de combustível de metanol directo, cuja designação é dada pelo combustível
que utiliza e não pelo seu electrólito.


                                                                                                   15
Temperatur                                  Contaminante         Aplicações
                              Construção          Reformad      Combustí                          Eficiênc       Potênci
Sigla     Electrólito                                                               a de                                       s mais            possíveis ou
                                  típica          or interno         vel                              ia         a típica
                                                                                  operação                                  problemáticos         existentes
         H+ (solução de         Carbono e                                                                                     CO < 1% e       Centrais eléctricas e
PAFC                                                 Não             H2           190-210 ºC       35 a 45%      > 50 kW
             H3PO4)          cerâmica porosa                                                                                   enxofre           aquecimento
              CO32-
          (tipicamente,      Metais a elevadas
MCFC        carbonato         temperaturas e         Sim        CH4, H2, CO       650-700 ºC       40 a 50%      > 1 MW         Enxofre        Centrais eléctricas
             fundido,        cerâmica porosa
            LiKaCO3)
        O2- (estabilizados     Cerâmica e
                                                                                                                  > 200
SOFC      numa matriz        metais a elevadas       Sim        CH4, H2, CO      750-1000 ºC       45 a 55%                     Enxofre        Centrais eléctricas
                                                                                                                   kW
            cerâmica)         temperaturas
        OH- (tipicamente
                                                                                                                 Até 20       CO, CO2 e      Submarinos, transporte
AFC     uma solução de        Plástico, metal        Não          H2 puro          90-260 ºC       32 a 40%
                                                                                                                  kW           enxofre           aeroespacial
             KOH)
                                                                                                                                              Veículos e aplicações
        H+ (com aniões
                                                                                                                                               domésticas (grande
        imbuídos numa        Plástico, metal ou                                                                  Até 250     CO, enxofre e
PEMFC                                                Não          H2 puro          65-85 ºC        25 a 35%                                     variedade, desde
          membrana                carbono                                                                          kW            NH3
                                                                                                                                             computadores portáteis
          polímera)
                                                                                                                                                  a telemóveis)
           Membrana
DMFC                                 -               Não          Metanol          60-130 ºC           -         < 10 kW           -          Aplicações portáteis
           polímera

                                                        Tabela 4 – Tipos principais de células de combustível.




                                                                                                                                                                     16
Célula de combustível de ácido fosfórico (PAFC): é geralmente considerada
a célula de combustível mais estabelecida e avançada (já existe desde o início dos anos
70), estando em funcionamento em centenas de aplicações em todo o mundo. Usam
como combustível primário, por norma, o gás natural ou o propano. Está disponível
para comercialização um pilha de 200 kW desde 1990, das quais já foram produzidas
mais de 200 unidades. O maior obstáculo reside no seu elevado preço, que se situa
entre os 4000 e 5000 €/kW.




                      Figura 9 – PAFC para demontração de 40 KW, 1979.



Célula de combustível de carbonato fundido (MCFC): a sua história
remonta ao início do século XX. A elevada temperatura de operação permite-lhe
incorporar um reformador interno e ser usada em combinação com uma turbina, de
modo a aproveitar o vapor produzido e elevando assim a eficiência para os 60
porcento ou mais. É relativamente tolerante a impurezas do combustível. O principal
problema da célula reside na deterioração dos seus componentes devido à natureza
corrosiva da combinação do electrólito com a temperatura de operação.




                Figura 10 – Central eléctrica à base de MCFC com 250 kW, 1997.



                                                                                      17
Célula de combustível de óxido sólido (SOFC): menos desenvolvida
tecnologicamente do que os géneros de células apresentadas. Já foram, contudo,
construídas e testadas várias destas unidades com um design tubular concêntrico e
uma potência de 100 kW (Figura 11). Está a ser desenvolvido um formato planar, com
maiores densidades de potência e menores custos, mas ainda não alcançou a fiabilidade
do formato tubular. As altas temperaturas de operação tornam este tipo de célula, tal
como a MCFC, especialmente indicado para centrais híbridas de ciclo combinado, de
modo a tirar proveito do vapor gerado, aumentando-se assim a eficiência total para os
45 a 60 porcento ou mais. Os custos são ainda comparativamente elevados.




                              Figura 11 – SOFC planar e tubular.




   Figura 12 – Maior SOFC do mundo, com 250kW. Foi desenvolvida pela Siemens Westinghouse
        juntamente com a Kinectrics, Ontario Power Generation e com outras organizações.




                                                                                            18
Célula de combustível alcalina (AFC): foi a célula de combustível usada nas
missões Apollo e em vários vaivéns. As principais vantagens desta tecnologia residem
nos maiores desempenhos, no uso de eléctrodos de metais não preciosos e no facto
de não exigir materiais invulgares. Como desvantagens enumeram-se a tendência para
absorver CO2 tornando o electrólito uma solução aquosa de carbonato menos
condutora. O interesse das células alcalinas tem decrescido com o desenvolvimento
das PEMFC.

Célula de combustível de membrana de troca protónica (PEMFC): foi a
NASA quem primeiro desenvolveu esta célula durante os anos 60 para a missão
Gemini. Tem recebido bastante atenção da imprensa na última década devido aos
elevados investimentos da indústria automóvel na tecnologia. Possui uma elevada
densidade de potência mas é muito sensível ao envenenamento com CO. As
necessidades de platina já foram reduzidas em mais de 30 vezes, reduzindo os custos
associados à produção.




                              Figura 13 – PEMFC em placas.



Célula de combustível de metanol directo (DMFC): é um tipo
relativamente novo de célula, similar à PEMFC, que usa uma membrana polímera como
electrólito. A presença de um catalizador no ânodo que retira o hidrogénio do
metanol elimina a necessidade de um reformador de combustível, pelo que o metanol
pode ser usado directamente. O desenvolvimento da DMFC parece condicionado pela
elevada toxicidade deste álcool e pela facilidade com que pode contaminar a água.




                                                                                   19
Conclusão

A tecnologia das células de combustível encontra-se numa fase de grande
desenvolvimento. É altamente provável, devido às suas características intrinsecamente
pouco poluentes (só libertam vapor de água), que venham a ser utilizadas em grande
escala numa enorme variedade de aplicações: automóveis, computadores,
aquecimento, fornecimento de electricidade à rede, armazenamento de energia, etc.

A selecção do combustível primário a reformar não é inócua. Numa tentativa de
reduzir os custos de capital inicial e de aproveitar as infra-estruturas já existentes, as
grandes empresas de energia preferem investir na utilização de petróleo ou gasolina
para este fim, ou ainda no gás natural. Esta última opção é preferível relativamente às
outras.

Porém, não só a utilização de hidrocarbonetos acarretará emissões de CO2 (que são,
naturalmente, de evitar a todo o custo), como um investimento mal direccionado nos
dias de hoje poderá atrasar a transição para uma economia baseada nas energias
renováveis e no hidrogénio “limpo” em mais de uma década.

E são os custos de investimento o maior obstáculo à utilização do hidrogénio,
precisamente porque a sua distribuição descentralizada requer infra-estruturas que
estão por construir na sua quase totalidade. Para contornar este problema é
necessário que o Governo tome uma opção e direccione para ela recursos e
incentivos.

Numa fase inicial o hidrogénio será utilizado em economias de escala, como em
grandes operadores de transporte público. O projecto CUTE (Clean Urban Transport
for Europe) prevê a utilização experimental de três autocarros com células de
combustível abastecidos a hidrogénio durante dois anos em dez cidades europeias
(Figura 14). Uma dessas cidades será o Porto, ficando o autocarro adstrito à frota da
Sociedade de Transportes Colectivos do Porto.

Aguarda-se, pois, pela evolução das células de combustível e dos projectos em curso. É
importante não perder esta oportunidade, que poderá vir a tornar o sistema
energético mundial num sector substancialmente menos poluente do que actualmente.




                                                                                             20
Figura 14 – Autocarros com células de hidrogénio já desenvolvidos DaimlerChrysler.




                                                                                     21
Ligações úteis


Agência Regional da Energia da Região
                                        http://www.arena.com.pt/ntec1.html
Autónoma dos Açores

California Fuel Cell Partnership        http://www.drivingthefuture.org

European Hydrogen Association           http://www.h2euro.org

European Integrated Hydrogen Project    http://www.eihp.org/

Fuel Cell Bus Club                      http://www.fuel-cell-bus-club.com/

Fuel Cells 2000's                       http://www.fuelcells.org/

Fuell Cell Today                        http://www.fuelcelltoday.com

Hydrogen & Fuel Cell Letter             http://www.hfcletter.com/

Hydrogen Fuel Cell energy information   http://www.hydrogen.org

Hydrogen Now!                           http://www.hydrogennow.org/

Metalic Power                           http://www.metallicpower.com/

Pilhas de combustível                   http://www.amerlis.pt/fuel_cell/fuelcell.htm

Plug Power                              http://www.plugpower.com

Proton Energy Systems                   http://www.protonenergy.com/

Shell Hydrogen                          http://www.shell.com/home/Framework?siteId=hydrogen-en

UTC Fuel Cells                          http://www.internationalfuelcells.com/

World Fuel Cell Council                 http://www.fuelcellworld.org




Nota: as fotografias apresentadas ao longo deste trabalho foram retiradas de várias
destas páginas.




                                                                                           22
Bibliografia


Baird, Colin (2001). Environmental chemistry (2nd edition). Freeman, Nova Iorque.

Dunn, Seth (2001). Hydrogen futures: toward a sustainable energy system.
Worldwatch Institute, Washington.

Energy Nexus Group (2002). Technology characterization: fuel cells. Environmental
Protection Agency, Washington.

European Environmental Agency (2003). Europe’s environment: the third assessment.
Environmental assessment report no. 10. Office for Official Publication of the
European Communities, Luxembourg.

Fuel Cell Today. Educational Kit. http://www.fuelcelltoday.com. Acedido a 3 de
Setembro de 2003.

Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente (2002). Relatório do
Estado do Ambiente 2001. MCOTA, Lisboa.

Worldwatch Institute (2003). State of the world 2003. Earthscan, Londres.




                                                                                    23

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O potencial do hidrogénio como combustível do futuro

  • 1. 1
  • 2. Índice Índice................................................................................................................ 2 Introdução....................................................................................................... 3 O potencial do hidrogénio............................................................................5 Produção e fontes de hidrogénio.............................................................................................................................6 Alternativas para o transporte e distribuição.......................................................................................................8 Células de combustível...............................................................................11 Processo electroquímico na célula de combustível...........................................................................................12 Pilha de combustível.................................................................................................................................................14 Reformadores de combustível...............................................................................................................................14 Células de combustível existentes.........................................................................................................................15 Conclusão...................................................................................................... 20 Ligações úteis...............................................................................................22 Bibliografia.................................................................................................... 23 2
  • 3. Introdução Entre o final dos anos 90 e 2020 prevê-se que o consumo mundial de energia cresça quase 60 porcento devido ao aumento populacional, à urbanização contínua e à expansão económica e industrial. O consumo de energia eléctrica será ainda mais acentuado, atingindo praticamente os 70 porcento. A maior parte desta energia adicional deverá provir dos combustíveis fósseis, agravando as já actualmente nefastas consequências para o ambiente e saúde pública. O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), um organismo internacional que congrega aproximadamente 2000 cientistas e economistas de todo o mundo, concluiu que as emissões de dióxido de carbono (CO2) deverão ser reduzidas em pelo menos 70 porcento durante os próximos 100 anos para que a concentração atmosférica de CO2 se estabilize nas 450 partes por milhão – ainda assim uma concentração 60 porcento superior ao nível pré-industrial. Há vários indícios de que os actuais níveis de CO2 são excessivos: verificou-se um decréscimo de 10 porcento na cobertura de neve desde 1960; uma regressão significativa dos glaciares nas regiões não-polares durante o século passado; uma redução de cerca de 40 porcento nas calotes polares do Ártico entre o final do Verão e o início do Outono; e, entre outros, um aumento de 0,6 ºC da temperatura média do planeta ao longo do século XX, tendo a década de 90 e o ano de 1998 os mais quentes desde que há registos (ou seja, desde 1861). Durante o século XX, o nível médio dos oceanos subiu entre 0,1 e 0,2 metros, enquanto fenómenos extremos como o “El Niño Southern Oscillation” se tornaram mais frequentes e intensos. O IPCC considera mesmo que “há indícios novos e fortes de que a maior parte do aquecimento verificado nos últimos 50 anos se deve às actividades humanas”, e estima que, pelo ano 2100, a temperatura média do planeta poderá ser 1,4 a 5,8 ºC superior à actual e o nível médio dos oceanos situar-se entre 9 e 88 centímetros acima. Visto que mais de 80 porcento das emissões humanas de CO2 se devem à queima de combustíveis fósseis, reduzir os seus níveis só será possível através de um aumento significativo da eficiência energética e de uma transição para energias renováveis, particularmente no sector dos transportes. Este já representa, na Europa, cerca de 20 porcento das emissões totais de gases com efeito de estufa (GEE). 3
  • 4. Mas também há boas notícias. Estima-se que as novas renováveis (que excluem a grande hídrica e a biomassa tradicional) já forneçam à rede, globalmente, mais de 100 000 megawatt (MW) de electricidade, sobretudo devido ao crescimento verificado nas energias eólica e solar. Contudo, os combustíveis fósseis ainda são a fonte de 77 porcento da energia consumida mundialmente, tendo em 1999 sido produzidos qualquer coisa como 3,5 mil milhões de barris de crude. Portugal possui um grande potencial para as energias renováveis, de tal forma que um painel solar instalado no nosso país pode ser até duas vezes mais eficiente do que se for colocado na Alemanha. Ainda assim, a potência total instalada é bastante reduzida. No sentido de inverter este cenário e de promover a eficiência energética o Governo adoptou, em 2001, o Programa E4 (Eficiência Energética e Energias Endógenas), que, a prazo, se poderá afigurar determinante para a competitividade da indústria portuguesa num quadro europeu alargado. Particularmente interessante e digno de estudo é o caso da Alemanha. A coligação SPD/Verdes conseguiu transformar o país num líder na produção de renováveis, quando, no início dos anos 90, a sua produção era praticamente nula. Também a Dinamarca e o Reino Unido têm apostado de forma determinada neste sector, sobretudo na eólica, com resultados francamente positivos. O avanço tecnológico tem permitido um aumento significativo da eficiência neste campo: no espaço de 15 anos, a energia eólica passou a ser competitiva relativamente às energias convencionais (mesmo ignorando as externalidades negativas a que estas últimas estão associadas). A potência média de uma turbina aumentou de 100-200 quilowatt (kW) para mais de 900 kW hoje em dia, sendo fabricadas, para uso em alto mar, turbinas com uma potências entre os 2000 e 5000 kW. Há um problema relativamente às energias renováveis que tem de ser ultrapassado: como podem ser armazenadas para utilização posterior, dependendo das necessidades? Já foi sugerida uma possível resposta: chama-se hidrogénio. 4
  • 5. O potencial do hidrogénio Júlio Verne, no seu livro “A Ilha Misteriosa”, publicado em 1874, afirma a certa altura através de um engenheiro: “Sim, meus amigos, eu acredito que a água virá um dia a ser usada como combustível e que o hidrogénio e o oxigénio que a constituem, usados isoladamente ou em conjunto, fornecerão uma fonte inesgotável de calor e de luz com uma intensidade de que o carvão não é capaz... A água será o carvão do futuro.” Esta afirmação impressionante, verdadeiramente visionária, arrisca-se a ser verdadeira um século e um quarto depois de ter sido publicada. Se observarmos a evolução das principais fontes de energia apercebemo-nos de que a razão hidrogénio-carbono aumentado sucessivamente (Figura 1 e ). A transição fez-se de combustíveis ricos em carbono (e, logo, geradores de grandes quantidades de CO2 quando queimados) e com reduzida densidade energética, para combustíveis proporcional e sucessivamente mais ricos em hidrogénio e energéticos (e, portanto, mais amigos do ambiente). A este fenómeno podemos chamar “descarbonização”. Simultaneamente, é evidente também uma transição de combustíveis sólidos (lenha, carvão) para líquidos (petróleo) e, segundo uma aposta mais recente e em expansão, para gases (gás natural). O hidrogénio oferece o potencial de se tornar numa energia limpa, permitindo às nações reduzirem significativamente as suas emissões de GEE. No entanto, isto depende da fonte de produção de hidrogénio. Figura 1 – Transição dos sistemas energéticos globais. 5
  • 6. O hidrogénio é o elemento mais abundante do Universo (mais de 90 porcento do que é observável) e o mais simples. Cada átomo é composto, apenas, por um protão e por um electrão. A primeira utilização significativa do hidrogénio enquanto combustível remonta a 1950, em aplicações espaciais, através de uma célula de combustível que combinava este elemento com oxigénio para formar água e produzir electricidade – sistema ainda hoje utilizado pelo programa espacial norte-americano. Em 1970, a General Motors definiu o conceito de “economia Figura 2 – Razão hidrogénio-carbono para vários combustíveis. do hidrogénio”, por oposição à economia dos combustíveis fósseis em que vivemos actualmente. O interesse científico pelo hidrogénio cresceu consideravelmente em 1973, com a primeira crise petrolífera. Contudo, após a segunda crise energética mundial os preços do petróleo começaram a descer para níveis históricos. O interesse pelo hidrogénio decresceu mas felizmente a investigação prosseguiu, desenvolvendo-se como resultado vários tipos de células de combustível. Produção e fontes de hidrogénio São produzidos cerca de 400 mil milhões de metros cúbicos (m3) de hidrogénio anualmente, o que equivale a cerca de 10 porcento da produção de petróleo de 1999. A maior parte deste hidrogénio é obtido a partir da reforma de gás natural por vapor em refinarias e é consumida localmente para a produção de fertilizantes à base de amónia, resinas, plásticos e solventes, entre outros (ver Figura 3). Só 5 porcento do hidrogénio é efectivamente comercializado e transportado sob a forma líquida ou gasosa para outros pontos. 6
  • 7. Figura 3 – Sistema energético à base de hidrogénio. Metade da produção de hidrogénio é obtida a partir do aquecimento de metano (CH4) num reactor catalítico, o que liberta os átomos de hidrogénio. É adicionado ao sistema vapor, que facilita a libertação de mais hidrogénio, produzindo-se CO2 como subproduto. Também o carvão pode ser reformado para produzir hidrogénio através da sua gaseificação, mas este processo só pode competir com o do metano quando o gás natural é muito dispendioso. Para além disso, isso obrigaria a que o grosso do carbono libertado fosse sequestrado (partindo do princípio de que se querem reduzir os níveis de CO2 na atmosfera), o que, sendo possível, é também extremamente oneroso. O hidrogénio pode ainda ser extraído do petróleo, gasolina e metanol através da sua oxidação parcial. Como este processo gera maiores emissões de CO2 do que o derivado do gás natural mas é preferido pelas petrolíferas, estas estão a investir em novas tecnologias para sequestro e armazenamento do poluente. Um método promissor é o da electrólise, que consiste na utilização de electricidade para dissociar a água nos seus elementos constituintes. Este processo é custo-efectivo para pequenas quantidades, mas visto que esta energia é 3 a 5 vezes mais cara que o petróleo bruto não é ainda rentável para a grande escala. No futuro, este cenário poderá mudar. Prevê-se que os custos associados à electrólise a partir de energia fotovoltaica ou eólica sejam reduzidos a metade durante a próxima década. Além disso, visto que com este método o hidrogénio pode ser produzido onde é preciso e na quantidade necessária, evitam-se os custos de transporte. Um processo de produção de hidrogénio a partir de fontes renováveis resultaria, portanto, num ciclo energético extremamente limpo (Figura 4), ainda que por algum tempo com custos directos superiores aos associados à reforma do gás natural. 7
  • 8. Em certos casos pode ser preferível transmitir directamente para a rede a energia eléctrica renovável, evitando o passo intermédio de produção de hidrogénio. A produção deste elemento, contudo, pode ser extremamente útil para a criação de um reservatório de combustível pronto a ser utilizado quando as condições para a produção de energia renovável não são favoráveis. Alternativas para o transporte e distribuição A utilização do hidrogénio em grande Figura 4 – Ciclo de produção de hidrogénio a partir de fontes renováveis. escala requer o seu armazenamento e distribuição de uma forma económica, o que é um obstáculo tendo em conta a reduzida densidade energética que possui. Há um conjunto de soluções para obviar este problema: armazenamento sob a forma de gás comprimido, hidrogénio liquefeito, hidretos metálicos e sistemas baseados no carbono. A escola da melhor opção depende de vários factores, como a aplicação concreta a que se destina, a densidade energética exigida, as formas de energia disponíveis e os custos de capital e de operação (ver Tabela 1). Método Uso Subterrâneo Grandes quantidades a longo prazo Líquido Grandes quantidades a longo prazo Gás comprimido Pequenas quantidades a curto prazo Hidretos metálicos Pequenas quantidades Nanotubos de carbono Pequenas quantidades Tabela 1 – Métodos de armazenamento de hidrogénio. O método mais simples e barato de armazenamento do hidrogénio em veículos é a compressão. A maior desvantagem é a baixa densidade alcançável, que é de apenas um décimo da que é obtida com a gasolina (o que é em parte compensado pelo maior rendimento das células de combustível relativamente aos motores de combustão interna). Maiores densidades de armazenamento são possíveis mas colocam problemas de segurança e fazem elevar consideravelmente os custos. 8
  • 9. Alternativamente, o hidrogénio pode ser liquefeito, o que exige o seu arrefecimento e compressão para formar um líquido denso até se atingirem os -250 ºC, temperatura à qual deve ficar armazenado. Os custos desta operação são quatro a cinco vezes superiores aos envolvidos na compressão, ainda que os associados ao transporte sejam muito menores. Em acréscimo, durante o processo consome-se energia equivalente a 30 porcento da originalmente contida no hidrogénio. Um método mais recente e promissor para o armazenamento consiste na utilização de hidretos metálicos. Estes albergam o hidrogénio de forma semelhante à absorção de água por uma esponja. Durante um processo de arrefecimento, os átomos posicionam-se nos interstícios da estrutura molecular do metal, à qual ficam ligados quimicamente. Durante o aquecimento ocorre o inverso, libertando-se o hidrogénio. As desvantagens dos hidretos metálicos são o seu elevado peso, baixa densidade, a necessidade de fornecer energia para libertação do hidrogénio e, comparativamente, o maior custo. Para pequenos usos diários (automóveis, por exemplo) esta solução poder-se-á revelar competitiva. Os sistemas baseados no carbono são outra opção ainda nas fases iniciais de desenvolvimento mas que eventualmente permitirão o armazenamento de grandes quantidades de hidrogénio à temperatura ambiente. Estão a ser explorados dois tipos principais: • nanotubos de carbono: compostos de poros de tamanho molecular; e • nanofibras de grafite: pilhas de nanocristais que formam uma parede de pequenos poros similares. O método mais comum hoje em dia para transportar hidrogénio liquefeito consiste no uso de camiões-cisterna com dupla parede (ver na Tabela 2 uma lista dos métodos mais comuns). O hidrogénio em estado líquido pode ainda ser transportado em hidretos metálicos que são carregados para um camião ou vagão de um comboio. Chegando ao seu destino, os hidretos carregados poderiam ser trocados por outros vazios, à semelhança do que acontece hoje com as botijas de gás natural. O gás comprimido pode ser transportado usando cilindros sob alta pressão, tubos e gasodutos. Os dois primeiros casos requerem compressão a altas pressões. O sistema mais eficiente é usar uma rede de gasodutos subterrâneos – o que, contudo, exigirá um elevado investimento inicial. Método Uso 9
  • 10. Gasoduto Grandes quantidades a longas distâncias Líquido Grandes quantidades Gás comprimido Pequenas quantidades a pequenas distâncias Hidretos metálicos Pequenas quantidades Tabela 2 – Métodos de transporte de hidrogénio. 10
  • 11. Células de combustível O primeiro cientista a dissociar a água nos seus elementos constituintes foi também o primeiro a provar que o processo era reversível. Em 1839, o físico britânico Sir William Grove demonstrou que o hidrogénio e o oxigénio podiam ser electroquimicamente combinados para produzir água e electricidade através de um dispositivo denominado “célula de combustível”. A descoberta de Grove ficaria um século sem aplicação prática. As células de combustível, ainda numa fase inicial de desenvolvimento, constituem uma abordagem inovadora para a produção de electricidade relativamente aos métodos convencionais actualmente aplicados. À semelhança das baterias, as células de combustível também produzem corrente directa através de um processo electroquímico sem que ocorra combustão (portanto, não operam segundo o ciclo térmico de Carnot). Porém, enquanto uma bateria produz energia a partir de uma fonte finita de combustível, uma célula de combustível pode operar indefinidamente desde que possua uma alimentação contínua. Cada sistema de uma célula de combustível é normalmente constituído por três subsistemas primários, conforme ilustra a Figura 5: • a pilha de combustível que gera a corrente; • o reformador que converte o combustível original em hidrogénio; • o conversor que processa a electricidade e a converte em corrente alternada ou contínua. Figura 5 – Esquema simplificado de um sistema de produção de electricidade baseado em pilhas de combustível de membrana de troca protónica. DC: corrente contínua; AC: corrente alternada. 11
  • 12. Processo electroquímico na célula de combustível A reacção electroquímica que ocorre numa célula de combustível requer a adição contínua dos reagentes ao reactor, tipicamente hidrogénio e oxigénio na forma gasosa (Figura 6). Figura 6 – Esquema de uma célula de combustível de membrana de troca protónica. O hidrogénio e o oxigénio são continuamente alimentados ao ânodo e ao cátodo, respectivamente (Figura 7 e Figura 8). Visto que os dois gases não se misturam directamente não se dá a sua combustão. Em vez disso, o hidrogénio oxida-se molécula a molécula na presença de um catalizador. O controlo do processo ao nível molecular evita as condições necessárias à formação de óxidos de azoto (NOx) e de outros poluentes. Enquanto os electrões fluem do ânodo através de um circuito externo, os iões de hidrogénio (protões) fluem para o electrólito até chegarem ao cátodo, movidos tanto pela diferença de concentrações como de potencial. No cátodo, o oxigénio gasoso é combinado electroquimicamente, na presença de um catalizador, com os iões de hidrogénio e os electrões livres para formar água. 12
  • 13. Figura 7 – Processo electroquímico que ocorre numa célula de combustível de electrólito ácido. Figura 8 – Processo electroquímico que ocorre numa célula de combustível de óxido sólido (electrólito cerâmico sólido). Reacção do ânodo (oxidação): 2H2 → 4H+ + 4e- Reacção do cátodo (redução): O2 + 4H+ + 4e- → 2H2O Reacção global: 2H2 + O2 → 2H2O (vapor) + energia A energia libertada equivale à diferença entre a energia livre de Gibbs dos produtos e dos reagentes (∆H = -242 kJ/mol) 13
  • 14. Cada processo possui resistências naturais que reduzem a voltagem operacional da célula relativamente à teórica, bem como irreversibilidades, que se traduzem na transformação de cerca de um sexto da energia potencial em calor (de acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica). A potência eléctrica gerada é igual ao produto da corrente (medida em amperes) pela voltagem operacional (que se situa, por norma, entre os 0,55 e os 0,80 volts). Uma estimativa simplificada da eficiência da célula pode ser obtida pela razão entre a diferença de potencial máxima (1,48 volts) e a operacional, enquanto o calor produzido será pode ser estimado através do produto da corrente pela energia potencial perdida como calor (ou seja, a diferença entre a voltagem teórica e a operacional). A eficiência eléctrica global da célula é dada pelo rácio entre a potência gerada e o poder calorífico do hidrogénio consumido. A eficiência termodinâmica máxima será dada pela razão entre a energia livre de Gibbs do hidrogénio e o seu poder calorífico. Pilha de combustível Na prática, as voltagens necessárias são superiores às alcançadas por uma única célula de combustível. Para isso são normalmente combinadas em série centenas de células individuais, formando assim uma pilha de combustível. A corrente é regulável através da área de cada célula, que vai de 100 cm2 até mais de 1 m2. A potência total é o produto de três factores: corrente gerada, diferença de potencial existente em cada célula e número de células combinadas em série. Reformadores de combustível Para se utilizarem outros combustível que não o hidrogénio é necessário um reformador. Este dispositivo é o componente que tem como função converter os hidrocarbonetos num gás rico em hidrogénio que é consumido pela célula. Existem vários métodos de efectuar a conversão, sendo os principais: • conversão por vapor de água; • conversão por oxidação parcial; No caso da conversão por vapor de água os hidrocarbonetos e a água reagem formando uma mistura gasosa de H2, CO2 e CO num processo altamente endotérmico. O calor necessário pode ser fornecido pela própria pilha de combustível. No processo de oxidação parcial é utilizado ar em vez de vapor de água. Consequentemente, o gás resultante contém uma quantidade considerável de azoto. 14
  • 15. Neste caso a reacção é exotérmica. A combinação dos dois processos é designada por “reforma autotérmica” uma vez que, teoricamente, não produz nem requer o fornecimento de energia térmica para ocorrer. As células que operam a elevadas temperaturas podem incorporar um reformador interno formando um conjunto com um excedente energético líquido. A concepção destas unidades mistas é complexo, mas a versatilidade que possuem constitui um estímulo ao seu desenvolvimento e comercialização. Células de combustível existentes Há seis tipos principais de células de combustível (Tabela 3), dependendo do electrólito que utilizam1, das quais apenas duas (PAFC e MCFC) são comercializadas. Sigla Designação anglo-americana Designação portuguesa PAFC Phosphoric acid fuel cell Célula de combustível de ácido fosfórico MCFC Molten carbonate fuel cell Célula de combustível de carbonato fundido SOFC Solid oxide fuel cell Célula de combustível de óxido sólido AFC Alkaline fuel cell Célula de combustível alcalina Célula de combustível de membrana de troca Proton exchange membrane fuel cell ou PEMFC protónica ou Célula de combustível de electrólito Polymer electrolyte membrane fuel cell polímero DMFC Direct methanol fuel cell Célula de combustível de metanol directo Tabela 3 – Tipos principais de células de combustível. Os seis tipos principais dividem-se da seguinte forma: • PAFC e PEMFC: possuem electrólitos ácidos e baseiam-se no transporte de iões H+; • MCFC e AFC: possuem electrólitos básicos e baseiam-se no transporte de iões CO32- e OH-, respectivamente; • SOFC: possui um electrólito cerâmico sólido e baseia-se no transporte de iões O2-; • DMFC: utiliza metanol directamente como combustível possuindo um electrólito cerâmico. As temperaturas óptimas de operação variam muito conforme a célula em causa. A Tabela 4 sumaria algumas características fundamentais de cada uma. 1 - Com excepção da célula de combustível de metanol directo, cuja designação é dada pelo combustível que utiliza e não pelo seu electrólito. 15
  • 16. Temperatur Contaminante Aplicações Construção Reformad Combustí Eficiênc Potênci Sigla Electrólito a de s mais possíveis ou típica or interno vel ia a típica operação problemáticos existentes H+ (solução de Carbono e CO < 1% e Centrais eléctricas e PAFC Não H2 190-210 ºC 35 a 45% > 50 kW H3PO4) cerâmica porosa enxofre aquecimento CO32- (tipicamente, Metais a elevadas MCFC carbonato temperaturas e Sim CH4, H2, CO 650-700 ºC 40 a 50% > 1 MW Enxofre Centrais eléctricas fundido, cerâmica porosa LiKaCO3) O2- (estabilizados Cerâmica e > 200 SOFC numa matriz metais a elevadas Sim CH4, H2, CO 750-1000 ºC 45 a 55% Enxofre Centrais eléctricas kW cerâmica) temperaturas OH- (tipicamente Até 20 CO, CO2 e Submarinos, transporte AFC uma solução de Plástico, metal Não H2 puro 90-260 ºC 32 a 40% kW enxofre aeroespacial KOH) Veículos e aplicações H+ (com aniões domésticas (grande imbuídos numa Plástico, metal ou Até 250 CO, enxofre e PEMFC Não H2 puro 65-85 ºC 25 a 35% variedade, desde membrana carbono kW NH3 computadores portáteis polímera) a telemóveis) Membrana DMFC - Não Metanol 60-130 ºC - < 10 kW - Aplicações portáteis polímera Tabela 4 – Tipos principais de células de combustível. 16
  • 17. Célula de combustível de ácido fosfórico (PAFC): é geralmente considerada a célula de combustível mais estabelecida e avançada (já existe desde o início dos anos 70), estando em funcionamento em centenas de aplicações em todo o mundo. Usam como combustível primário, por norma, o gás natural ou o propano. Está disponível para comercialização um pilha de 200 kW desde 1990, das quais já foram produzidas mais de 200 unidades. O maior obstáculo reside no seu elevado preço, que se situa entre os 4000 e 5000 €/kW. Figura 9 – PAFC para demontração de 40 KW, 1979. Célula de combustível de carbonato fundido (MCFC): a sua história remonta ao início do século XX. A elevada temperatura de operação permite-lhe incorporar um reformador interno e ser usada em combinação com uma turbina, de modo a aproveitar o vapor produzido e elevando assim a eficiência para os 60 porcento ou mais. É relativamente tolerante a impurezas do combustível. O principal problema da célula reside na deterioração dos seus componentes devido à natureza corrosiva da combinação do electrólito com a temperatura de operação. Figura 10 – Central eléctrica à base de MCFC com 250 kW, 1997. 17
  • 18. Célula de combustível de óxido sólido (SOFC): menos desenvolvida tecnologicamente do que os géneros de células apresentadas. Já foram, contudo, construídas e testadas várias destas unidades com um design tubular concêntrico e uma potência de 100 kW (Figura 11). Está a ser desenvolvido um formato planar, com maiores densidades de potência e menores custos, mas ainda não alcançou a fiabilidade do formato tubular. As altas temperaturas de operação tornam este tipo de célula, tal como a MCFC, especialmente indicado para centrais híbridas de ciclo combinado, de modo a tirar proveito do vapor gerado, aumentando-se assim a eficiência total para os 45 a 60 porcento ou mais. Os custos são ainda comparativamente elevados. Figura 11 – SOFC planar e tubular. Figura 12 – Maior SOFC do mundo, com 250kW. Foi desenvolvida pela Siemens Westinghouse juntamente com a Kinectrics, Ontario Power Generation e com outras organizações. 18
  • 19. Célula de combustível alcalina (AFC): foi a célula de combustível usada nas missões Apollo e em vários vaivéns. As principais vantagens desta tecnologia residem nos maiores desempenhos, no uso de eléctrodos de metais não preciosos e no facto de não exigir materiais invulgares. Como desvantagens enumeram-se a tendência para absorver CO2 tornando o electrólito uma solução aquosa de carbonato menos condutora. O interesse das células alcalinas tem decrescido com o desenvolvimento das PEMFC. Célula de combustível de membrana de troca protónica (PEMFC): foi a NASA quem primeiro desenvolveu esta célula durante os anos 60 para a missão Gemini. Tem recebido bastante atenção da imprensa na última década devido aos elevados investimentos da indústria automóvel na tecnologia. Possui uma elevada densidade de potência mas é muito sensível ao envenenamento com CO. As necessidades de platina já foram reduzidas em mais de 30 vezes, reduzindo os custos associados à produção. Figura 13 – PEMFC em placas. Célula de combustível de metanol directo (DMFC): é um tipo relativamente novo de célula, similar à PEMFC, que usa uma membrana polímera como electrólito. A presença de um catalizador no ânodo que retira o hidrogénio do metanol elimina a necessidade de um reformador de combustível, pelo que o metanol pode ser usado directamente. O desenvolvimento da DMFC parece condicionado pela elevada toxicidade deste álcool e pela facilidade com que pode contaminar a água. 19
  • 20. Conclusão A tecnologia das células de combustível encontra-se numa fase de grande desenvolvimento. É altamente provável, devido às suas características intrinsecamente pouco poluentes (só libertam vapor de água), que venham a ser utilizadas em grande escala numa enorme variedade de aplicações: automóveis, computadores, aquecimento, fornecimento de electricidade à rede, armazenamento de energia, etc. A selecção do combustível primário a reformar não é inócua. Numa tentativa de reduzir os custos de capital inicial e de aproveitar as infra-estruturas já existentes, as grandes empresas de energia preferem investir na utilização de petróleo ou gasolina para este fim, ou ainda no gás natural. Esta última opção é preferível relativamente às outras. Porém, não só a utilização de hidrocarbonetos acarretará emissões de CO2 (que são, naturalmente, de evitar a todo o custo), como um investimento mal direccionado nos dias de hoje poderá atrasar a transição para uma economia baseada nas energias renováveis e no hidrogénio “limpo” em mais de uma década. E são os custos de investimento o maior obstáculo à utilização do hidrogénio, precisamente porque a sua distribuição descentralizada requer infra-estruturas que estão por construir na sua quase totalidade. Para contornar este problema é necessário que o Governo tome uma opção e direccione para ela recursos e incentivos. Numa fase inicial o hidrogénio será utilizado em economias de escala, como em grandes operadores de transporte público. O projecto CUTE (Clean Urban Transport for Europe) prevê a utilização experimental de três autocarros com células de combustível abastecidos a hidrogénio durante dois anos em dez cidades europeias (Figura 14). Uma dessas cidades será o Porto, ficando o autocarro adstrito à frota da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto. Aguarda-se, pois, pela evolução das células de combustível e dos projectos em curso. É importante não perder esta oportunidade, que poderá vir a tornar o sistema energético mundial num sector substancialmente menos poluente do que actualmente. 20
  • 21. Figura 14 – Autocarros com células de hidrogénio já desenvolvidos DaimlerChrysler. 21
  • 22. Ligações úteis Agência Regional da Energia da Região http://www.arena.com.pt/ntec1.html Autónoma dos Açores California Fuel Cell Partnership http://www.drivingthefuture.org European Hydrogen Association http://www.h2euro.org European Integrated Hydrogen Project http://www.eihp.org/ Fuel Cell Bus Club http://www.fuel-cell-bus-club.com/ Fuel Cells 2000's http://www.fuelcells.org/ Fuell Cell Today http://www.fuelcelltoday.com Hydrogen & Fuel Cell Letter http://www.hfcletter.com/ Hydrogen Fuel Cell energy information http://www.hydrogen.org Hydrogen Now! http://www.hydrogennow.org/ Metalic Power http://www.metallicpower.com/ Pilhas de combustível http://www.amerlis.pt/fuel_cell/fuelcell.htm Plug Power http://www.plugpower.com Proton Energy Systems http://www.protonenergy.com/ Shell Hydrogen http://www.shell.com/home/Framework?siteId=hydrogen-en UTC Fuel Cells http://www.internationalfuelcells.com/ World Fuel Cell Council http://www.fuelcellworld.org Nota: as fotografias apresentadas ao longo deste trabalho foram retiradas de várias destas páginas. 22
  • 23. Bibliografia Baird, Colin (2001). Environmental chemistry (2nd edition). Freeman, Nova Iorque. Dunn, Seth (2001). Hydrogen futures: toward a sustainable energy system. Worldwatch Institute, Washington. Energy Nexus Group (2002). Technology characterization: fuel cells. Environmental Protection Agency, Washington. European Environmental Agency (2003). Europe’s environment: the third assessment. Environmental assessment report no. 10. Office for Official Publication of the European Communities, Luxembourg. Fuel Cell Today. Educational Kit. http://www.fuelcelltoday.com. Acedido a 3 de Setembro de 2003. Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente (2002). Relatório do Estado do Ambiente 2001. MCOTA, Lisboa. Worldwatch Institute (2003). State of the world 2003. Earthscan, Londres. 23