“Se achamos que o nosso objetivo aqui, na nossa rápida passagem pela terra, é acumular riquezas, então não temos nada a aprender com os índios.
Mas se acreditarmos que o ideal é o equilíbrio do homem dentro da sua própria família, e dentro de sua comunidade, então os índios têm lições extraordinárias para nos dar.”
Claudio Villas-Bôas
1. Os tiros que se seguem rasgam o véu de silêncio em meio à noite escura. Na calada da noite, pistoleiros invadem uma aldeia indígena.
2. Maria dos Anjos Paulino Guajajara, de apenas 6 anos de idade, em meio a seu sono de criança, tem a vida interrompida por um tiro na cabeça.
3. Maria dos Anjos Paulino Guajajara , Lágrimas e lamentos ecoam pela mata, tendo apenas a lua por testemunha.
4. Maria dos Anjos Paulino Guajajara , A ocorrência não ganha espaço, nem tem repercussão na grande mídia. ‘ Apenas mais um índio assassinado’, friamente calculam os editores.
5. Esta apresentação é dedicada à pequena Maria dos Anjos. Onde quer que te encontres, pequenina índia, brinque em paz...
6. Onde quer que te encontres, pequenina índia, brinque em paz... – Maria dos Anjos Paulino Guajajara – (2001-2008)
11. Se o ponto está assegurado, a vista é sempre refém dos espelhos da história...
12. O século era o décimo sexto para os habitantes da Península Ibérica, Europa.
13. Estes adoravam ora um Deus que lhes prometia um novo mundo, ora um mundo que lhes prometia um novo deus.
14. Estes adoravam ora um Deus que lhes prometia um novo mundo, ora um mundo que lhes prometia um novo deus. Outras margens encontraram. Dão-nas por descobertas.
16. A mediação poderia ter sido reverência, mas o medo gera dominação. O que poderia ter sido um encontro transformou-se em terrível calamidade para nossas mães e nossos pais.
17. O que poderia ter sido um encontro transformou-se em terrível calamidade para nossas mães e nossos pais.
18. Não por acaso eles nos chegaram com a distração dos espelhos...
19. O que poderia ter sido um encontro transformou-se em terrível calamidade para nossas mães e pais. Mas, afinal, o que teriam enxergado nossos antepassados naquelas superfícies de brilho reflexivo?
20. Mas, afinal, o que teriam enxergado nossos antepassados naquelas superfícies de brilho reflexivo? Que rosto é esse na face indígena? Que imagem perdida? Que presença desconhecida?
21. A imagem do índio reproduzida na nossa sociedade dita civilizada é tal que o índio nela não se reconhece.
22. Diante da insensatez dos livros da escola e da espetacularização da televisão, confortavelmente agimos como se tudo tivesse sido dito. Esgotado.
31. O vermelho do urucum, o azul, quase negro, do jenipapo, e outras tantas cores essenciais que pelo caminho, por descuido, ficaram abandonadas.
32. Em meio à dispersão geral dos tempos conturbados que vivenciamos, ter olhos, cultivar um coração capaz de reconhecer e valorizar a herança poética que dos índios recebemos.
33. Uma herança poética, ética, humana e estética, capaz de nos reconduzir a desejos e aspirações imemoriais, de banhar a nossa jornada comum por este pequeno planeta com significado, beleza, poesia e encanto.
34. Como usar o tempo a nosso favor? Como resgatar os valores espirituais que apenas na contemplação, no silêncio e no repouso são estabelecidos?
36. A criança pequenina – cabocla, negra, indígena – que um dia, não tão distante, fomos. O ritual iniciático a nos conduzir ao ‘mais que humano’ que habita em nós.
37. A seiva ancestral que percorre nossas veias, e alimenta as nossas mais profundas raízes.
38. Contemplar um outro mundo possível, – onde o estranhamento cederá lugar ao reconhecimento, diálogo e fraternização na diferença.
39. Se voltássemos sempre de novo a enxergar o mundo como criança, nos surpreenderíamos menos com nossos sonhos.