O documento descreve a evolução da Internet desde sua criação em 1969 até o desenvolvimento do protocolo TCP/IP e padrões abertos na década de 1980. Também discute as limitações da alocação rígida de endereços IPv4 em classes e como o CIDR foi introduzido em 1993 para permitir alocações flexíveis de redes.
2. 21Capítulo 1 ■ Evolução da Internet
Figura1.3 – Origem da Internet em1969.
Foi somente em1983,com mais de 500 hosts na rede,que surgiu a Internet
propriamente dita com a base estrutural que conhecemos atualmente,
ou seja, baseada no protocolo IP. Nesse período, os resultados de diver-
sas pesquisas realizadas em todo o mundo foram incorporados à rede
mundial, o que contribuiu para o desenvolvimento de um novo padrão
de protocolos conhecido como TCP/IP.
AInternet é uma rede totalmente baseada em padrões abertos,onde toda
tecnologia que a compõe é publicada pela IETF (Internet Engineering Task
Force) em documentos públicos acessíveis a qualquer pessoa, que são
denominados RFCs (Request for Comments).Essa é uma das características
cruciais da rede, afinal, o desenvolvimento da Internet até ela se tornar
o que conhecemos hoje só foi possível por causa dos padrões abertos.
Observação: neste livro, várias RFCs serão mencionadas para que os leitores
possam se aprofundar nas tecnologias específicas que serão abordadas.
Os leitores interessados no assunto podem facilmente localizar esses
documentos técnicos por meio da própria Internet.Reparem que fantástico:
estamos utilizando a Internet para aprender sobre a Internet!
3. 29Capítulo 1 ■ Evolução da Internet
Figura1.9 – Bits iniciais das classes padrões do IPv4.
Pensem que uma empresa com 400 hosts não podia solicitar um bloco
Classe C porque, com apenas 8 bits para identificar hosts, somente era
possível endereçar 254 hosts (28
- 2). O motivo de subtrair 2 do total de
endereços é que o primeiro e o último endereço de toda sub-rede são
reservados para identificar a própria rede (primeiro) e para fins de bro-
adcast (último). Então, essa empresa era enquadrada na classe superior,
a Classe B, com 16 bits para identificar hosts.Acontece que com 16 bits é
possível endereçar 65.534 hosts,uma quantidade de endereços muito acima
daquilo que era realmente necessário pela empresa. Ou seja, o resultado
dessa alocação engessada era o desperdício de mais de 65.000 endereços.
O CIDR (acrônimo de Classless Inter-Domain Routing) foi definido em
setembro de 1993, na RFC 1519, com o intuito de propor a flexibilização
das classes padrões originalmente projetadas no IPv4, de maneira que a
fronteira dos bits reservados para identificar redes e hosts poderia estar
localizada em qualquer posição.
O CIDR foi importante para otimizar a alocação dos endereços e trouxe
com ele um elemento bastante conhecido dos profissionais de rede atu-
almente: a máscara de rede. A máscara de rede é um elemento também
de 32 bits que fica responsável por delimitar a fronteira entre o prefixo
identificador da rede e o sufixo identificador do host. Toda máscara é
formada por um prefixo de bits 1s, que identifica a porção da rede, e um
sufixo de bits 0s, que identifica a porção de hosts, sendo que não pode
haver intercalação de 1s e 0s.