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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
Disciplina: Teologia Sistemática III Curso: Teologia
Professor: Gerson Luis Linden 2001 / 1
PLANO DE ENSINO
EMENTA
Estudo de temas básicos da teologia cristã, enfocando: pneumatologia, eclesiologia e escatologia.
Será analisada a doutrina bíblica sobre o Espírito Santo, enfatizando Sua obra e os dons espirituais, a partir da
Bíblia, contrapondo com o enfoque do Pentecostalismo. Os conceitos da Igreja cristã e do Ofício do Ministério
Eclesiástico serão examinados à luz da Escritura e documentos confessionais da Igreja. A doutrina da
Escatologia tratará do ensino a respeito da segunda vinda de Cristo e os fatos dela derivados, com base na
Escritura Sagrada.
OBJETIVOS
DA DISCIPLINA:
GERAL: Dar a oportunidade ao aluno de conhecer o ensino bíblico sobre a pneumatologia,
eclesiologia e escatologia, confrontando-o com ideologias contemporâneas e aplicando-o a situações de ensino e
proclamação.
ESPECÍFICOS:
1. Em relação a conhecimentos, espera-se que o aluno
1.1 - Compreenda os ensinamentos que a Escritura Sagrada expressa a respeito da doutrina do Espírito
Santo, da Igreja e do Ministério Eclesiástico e da Escatologia.
1.2 - Conheça a literatura básica sobre os assuntos abordados na disciplina.
2. Em relação a habilidades, espera-se que o aluno
2.1 - Desenvolva a capacidade de pesquisar e organizar sistematicamente os resultados auferidos.
2.2 - Exercite sua aptidão de apresentar o resultado de suas pesquisas diante da turma em sala de aula.
2.3 - Avalie criticamente a literatura a respeito dos assuntos abordados, confrontando-a com o ensino da
Escritura Sagrada.
2.4 - Relacione as doutrinas bíblicas em estudo à doutrina central da Escritura, a justificação do pecador
perante Deus, por graça de Deus, por causa de Cristo, mediante a fé.
2.5 - Aplique os conteúdos estudados à situação contemporânea.
3. Em relação a atitudes, espera-se que o aluno
3.1 - Aprecie os conteúdos da doutrina bíblica como revelação da vontade divina para o ser humano.
3.2 - Aplique as doutrinas bíblicas apresentadas nas situações de ensino de forma positiva, à luz do
Evangelho de Cristo.
PROGRAMA DA DISCIPLINA
1. Pneumatologia
1.1 - A Pessoa do Espírito Santo
1.2 - A Obra do Espírito Santo
1.3 - Dons do Espírito Santo
2. Eclesiologia
2.1 - A Doutrina da Igreja Cristã
2.2 - A Doutrina do Ministério Público
3. Escatologia
3.1 - A Doutrina das Últimas Coisas
3.2 - O Debate Contemporâneo sobre a Escatologia
CRONOGRAMA CONTEÚDO DA DISCIPLINA
1
05.03 Apresentação, Bibliografia. A Pessoa do Espírito Santo.
12.03 A Obra do Espírito Santo.
19.03 Dons do Espírito Santo.
26.03 Análise do Documento: Spiritual Gifts.
02.04 A Doutrina da Igreja Cristã - Bíblia e Confissões Luteranas.
09.04 A Doutrina da Igreja Cristã - Sacerdócio Universal dos Cristãos.
16.04 A Doutrina do Ministério Público.
23.04 O Relacionamento entre Igreja e Ministério. Debate.
07.05 Prova do 1o
Grau
14.05 Escatologia Inaugurada - o conceito de Reino de Deus
21.05 Escatologia - Princípios Hermenêuticos.
28.05 Doutrina Bíblica sobre a Morte. Debate: “O Estado Intermediário”.
04.06 Os Sinais dos Tempos do Fim.
11.06 A Segunda Vinda de Cristo. A Ressurreição dos mortos.
18.06 Juízo Final. O Fim do Mundo. Novos Céus e Nova Terra. Eternidade.
25.06 Prova do 2o
Grau
02.07 Substituição de Grau
09.07 Exame Final
AVALIAÇÃO: INSTRUMENTOS E CRITÉRIOS
1. Aulas Expositivas - Textos serão indicados para leitura anterior à aula.
2. Os alunos preparar-se-ão para dois debates, um em cada bimestre, onde assumirão um posicionamento
teológico determinado com antecedência. A turma será dividida em três grupos, dois para o debate e um para
o julgamento do mesmo. (20% da nota do bimestre).
3. Trabalho extra-classe com leitura de textos determinados (1o
bimestre: CTCR: Spiritual Gifts; e Scaer:
Caráter Cristológico ...; 2o
bimestre: Flor, “Milenismo ...” e Voelz, “Reino de Deus ...”) e com preparação
de tópicos a serem discutidos em aula. (30 % da nota do bimestre).
4. 2 Provas. (40 % da nota do bimestre). Obs.: A leitura de J.T. Mueller, nos capítulos correspondentes ao
conteúdo de aula, é tida como pressuposto.
5. Participação em aula. (10% da nota do bimestre)
BIBLIOGRAFIA
a) Básica:
Brakemeier, Gottfried. Reino de Deus e Esperança Apocalíptica. São Leopoldo: Sinodal, 1984.
Bruner, Frederick Dale. Teologia do Espírito Santo. São Paulo: Vida Nova, 1983.
Buss, Paulo W. Organizador. Lutero e o Ministério Pastoral. São Paulo, Escola Superior de Teologia, 1998.
Commission on Theology and Church Relations of the Lutheran Church - Missouri Synod. The End Times - A
Study on Escathology and Millenialism. Saint Louis: The Lutheran Church - Missouri Synod, 1989.
________. Spiritual Gifts. Saint Louis: The Lutheran Church - Missouri Synod, 1994.
Hoekema, Anthony A. A Bíblia e o Futuro. Tradução de Karl H. Kepler. São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, 1989.
Mueller, John T. Dogmática Cristã. Volume 2. Tradução de Martinho Lutero Hasse. Porto Alegre, Concórdia,
1960.
Stephenson, John R. Escathology - Confessional Lutheran Dogmatics. Vol. XIII. Fort Wayne: The Luther
Academy, 1993.
Walther, C.F.W. Church and Ministry. Tradução de J.T. Mueller. St. Louis: Concordia Publishing House,
1987.
Wunderlich, Lorenz. The Half-known God. St. Louis: Concordia Publishing House, 1963.
b. Geral
PNEUMATOLOGIA
Braaten, Carl E. e Robert W. Jensen. Editores. Dogmática Cristã. Vol. II. Traduzido por Gerrit Delfstra e
outros. São Leopoldo: Sinodal, 1995.
Brakemeier, Gottfried. “O Espírito Santo e a Igreja Luterana.” Estudos Teológicos 40 / 2 (2000): 5-10.
Bruner, Frederick Dale. Teologia do Espírito Santo. São Paulo: Vida Nova, 1983, pp. 179-225.
Commission on Theology and Church Relations of the Lutheran Church - Missouri Synod. Movimento
Carismático. Tradução de Arnaldo Schüler. Porto Alegre: Concórdia, 1977.
2
________. Spiritual Gifts. Saint Louis: The Lutheran Church - Missouri Synod, 1994.
Conselho Mundial de Igrejas. Vem, Espírito Santo, Renova Toda a Criação. Tradução de Jaci Maraschin. São
Paulo: CEDI, 1990.
Das, A. Andrew. “Acts 8: Water, Baptism and the Spirit.” Concordia Journal 19/2 (Abril 1993): 108-134.
Engelbrecht, Edward A. “’To Speak in a Tongue’: The Old Testament and Early Rabbinic Background of a
Pauline Expression.” Concordia Journal 22/3 (Julho 1996): 295-302.
Goerl, Otto A. Curas e Milagres. Porto Alegre: Concórdia, 1980.
Haag, Nereu. “Lutero e a Doutrina do Espírito Santo.” Igreja Luterana 41 (3o
Trimestre de 1981): 8-18.
Harm, Frederick R. “Distinctive Titles of the Holy Spirit in the Writings of John.” Concordia Journal 13/2
(Abril 1987): 119-135.
Heimann, Leopoldo. Ed. Dons Carismáticos. Porto Alegre: Concórdia, 1988.
Nagel, Norman. “The Spirit’s Gifts in the Confessions and in Corinth.” Concordia Journal 18/3 (Julho 1992):
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Prenter, Regin. Spiritus Creator. Traduzido por John M. Jensen. Philadelphia: Fortress Press, 1953. [Ver Haag,
“Lutero e a Doutrina do Espírito Santo.”]
Sasse, Hermann. “Creio no Espírito Santo.” Igreja Luterana (4o
Trimestre 1979): 5-23.
Schulz, Klaus Detlev. “Tension in the Pneumatology of the Missio Dei Concept.” Concordia Journal 23/2
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Wunderlich, Lorenz. The Half-known God. St. Louis: Concordia Publishing House, 1963.
ECLESIOLOGIA
Beck, Nestor Luiz João. “O Chamado ao Ministério à Luz do Artigo XIV da Confissão de Augsburgo.” Igreja
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Bohlmann, Ralph. “Celebração da Concórdia.” Tradução de Gastão Thomé. Igreja Luterana 38 (1o
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Rehfeldt, Mário L. O Desenvolvimento do Conceito de Igreja de Lutero até 1521. Porto Alegre: Concórdia,
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3
Scaer, David P. “O Caráter Cristológico do Ministério”. Tradução de Gerson L. Linden. Igreja Luterana 57/2
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Schrieber, Paul L. “Power and Order in the Church ‘according to the Gospel’: In Search of the Lutheran
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Walther, C.F.W. Church and Ministry. Tradução de J.T. Mueller. St. Louis: Concordia Publishing House,
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________. “Poder e Autoridade na Igreja.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico. 10/2 (1995): 4-12.
Warth, Martim C. “Caminho para a Concórdia.” Igreja Luterana 38 (1o
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Trimestres de 1978): 19-40.
Zeuch, Manfred K. “A Comunhão na Confissão é Comunhão Eclesiástica? Aspectos Críticos da eclesiologia da
Federação Luterana Mundial.” Igreja Luterana 55/2 (Novembro de 1996): 149-172.
________. “Elementos de uma Eclesiologia Luterana Contemporânea: Igreja e Sacramentos em Wolfhart
Pannenberg.” Igreja Luterana 58/2 (Novembro de 1999): 181-201.
Zimmer, Rudi. “O Sacerdócio Universal dos Crentes.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico 4/1 (1988):
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ESCATOLOGIA
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Elert, Werner. Last Things. Traduzido por Martin Bertram. St Louis: Concordia, 1974.
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1982.
Flor, Paulo. “O Milenismo à Luz de Apocalipse 20.1-10.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico 13/2
(1998): 41-61.
Gloer, W. Hullit. Ed. Escathology and the New Testament - Essays in Honor of George Raymond Beasley-
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Hoekema, Anthony A. A Bíblia e o Futuro. Tradução de Karl A. Kepler. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana,
1989.
Heimann, Leopoldo. “Novos Céus e Nova Terra.” Igreja Luterana 31 (1970): 2-37.
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Ladd, George Eldon. The Presence of the Future - The Eschatology of Biblical Realism. Grand Rapids, MI:
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Lindberg, Carter. “Eschatology and Fanaticism in the Reformation Era: Luther and the Anabaptists.”
Concordia Theological Quarterly 64 / 4 (Outubro 2000): 259-278.
Long, Thomas G. “The Life to Come: Preaching with Hope.” Concordia Journal 22/4 (Outubro 1996): 352-
369.
4
Mueller, John Theodore. “Das Últimas Coisas.” In: Dogmática Cristã. Volume 2. Páginas 293-325. Tradução
de Martinho Lutero Hasse. Porto Alegre: Concórdia, 1960.
Nichols, Larry. “Sectarian Apocalypticism in Mainline Christianity.” Concordia Theological Quarterly 64 / 4
(Outubro 2000): 319-335.
Raymann, Acir. “Prolegômenos à Escatologia do Antigo Testamento.” Igreja Luterana 50/1 (1991): 36-46.
Reuter, T. "Jó 19.25-27". Igreja Luterana 6/1,2 (Janeiro, Fevereiro 1945): 8-13.
Scaer, David P. “Death and Resurrection as Apocalyptic Event.” Concordia Theological Quarterly 64:4
(Outubro 2000): 279-294.
Shedd, Russell P. A Escatologia do Novo Testamento. 2a
edição. São Paulo: Vida Nova, 1985.
Shedd, Russell P. E Alan Pieratt. Eds. Imortalidade. São Paulo: Vida Nova, 1992.
Stephenson, John R. Escathology - Confessional Lutheran Dogmatics. Vol. XIII. Fort Wayne: The Luther
Academy, 1993.
Voelz, James W. “Reino de Deus e Escatologia Bíblica”. Polígrafo.
Warth, Martim C. “O Reino de Deus.” Igreja Luterana 45 (4o
Trimestre de 1985): 145-162.
Weinrich, William C. "Antichrist in the Early Church". Concordia Theological Quarterly 49/2,3 (Abril-Julho
1985): 135-147.
Wilch, John R. "The Land and State of Israel in Prophecy and Fulfilment". Concordia Journal 8/5
(Setembro 1982): 172-178.
Zeuch, Manfred. “A Salvação Universal e a Escatologia no pensamento de Wolfhart Pannenberg.” Igreja
Luterana 56/1 (Junho 1997): 39-58.
PNEUMATOLOGIA
A Doutrina do Espírito Santo e Seus Dons
O DEUS POUCO CONHECIDO1
1. UM DEUS POUCO CONHECIDO E POUCO USADO
“A asserção de que a teologia do Espírito Santo sofre de negligência é feita para enfatizar um fato
trágico que tem estado em evidência, com algumas exceções, desde o segundo século da era cristã. Há
relativamente poucas referências ao Espírito pelos Pais Apostólicos. Além disso, quando tais referências são
encontradas, não é raro encontrá-las identificando o Espírito Santo com o Cristo pré-existente. ... Além disso,
uma das formas antigas do Credo Apostólico que chegou até nós contém muitas das caracterizações
confessionais familiares sobre o Pai e o Filho, mas conclui com a simples frase ‘e no Espírito Santo’.
“Similarmente, a forma mais antiga do Credo Niceno, adotado no Concílio de Nicéia, em 325 A.D.,
acrescenta afirmações mais detalhadas sobre as duas primeiras Pessoas da Trindade, mas se satisfaz com uma
virtual repetição, a frase ‘e no Espírito Santo’. ...
“Este é um fenômeno religioso extremamente estranho, pois a era apostólica está literalmente cheia
de testemunhos sobre o Espírito Santo. Assim, as afirmações do Filho de Deus nos Evangelhos descrevem um
ministério rico e variado do Espírito de Deus. O livro de Atos constitui-se em um registro divino extremamente
vívido dos resultados benditos do ministério do Espírito na vida de cristãos individuais e nas congregações
cristãs. As Epístolas de Paulo oferecem tantas alusões à Pessoa e obra do Espírito Santo quantas são
encontradas nos Evangelhos e no livro de Atos juntos.” (16,17)
Uma das causas para a pouca ênfase dada no período pós-apostólico é que os pronunciamentos da
Igreja se davam em grande parte frente a controvérsias teológicas. Daí que a Cristologia do período pós-
apostólico é tão rica, pois teve de fazer frente a controvérsias doutrinárias que se concentravam na pessoa de
Cristo. (18)
“... nenhuma seção sobre o Espírito Santo foi incluída na Confissão de Westminster (1643) ...
somente no início deste século esta omissão foi corrigida em um dos grandes grupos protestantes da América, e
apenas após prolongada controvérsia (A Igreja Presbiteriana nos EUA acrescentaram um capítulo ‘Do Espírito
Santo’ em 1902).” (19,20)
“Robert E. Cushman atribui esta negligência a três fatores: (1) a ascensão do mundo científico,
com seus desafio à soberania de Deus; (2) a influência viciante do Pelagianismo com sua ênfase na realização
moral do homem; (3) a tendência de Schleiermacher e seus seguidores de substituírem o ministério do Espírito
pela experiência religiosa do homem.” É interessante notar que cada uma destas três explicações envolve um
1
Resumo do livro: Lorenz Wunderlich, The Half-Known God, St. Louis: Concordia Publishing
House, 1963. Os números entre parênteses referem- se às páginas do livro.
5
demérito a Deus e uma elevação do homem, uma substituição da graça de Deus pelas realizações do homem,
uma deificação em menor escala do super-homem espiritual, um tipo de religião faça-você-mesmo. (21)
A negligência à importância da doutrina do Espírito Santo pode ser explicada por uma série de
motivos na vida dos cristãos:
“... falta de conhecimento do vigor da teologia do Espírito Santo, assim como ela é revelada nas
Escrituras.
“... o pressuposto enganoso de que este ministério é tanto em teoria como na prática mais remoto
que muitas outras verdades divinas.
“Para muitos, as verdades concernentes ao Espírito Santo permanecem mais remotas simplesmente
porque elas não se tornaram tão presentes e vibrantes em nossa vida diária como Deus quer que sejam.” (22)
2. O SENHOR DA VIDA
“O Senhor e Doador da vida - esta frase do Credo Niceno proclama tanto a identidade daquele que
é assim caracterizado, como Sua relação à existência e à continuidade da vida física.” (27)
“... com uma exceção, exatamente a mesma base que a Escritura oferece para considerar que Jesus
Cristo é uma pessoa, é oferecida a nós para falar da personalidade, da pessoa do Espírito Santo - e esta exceção
é a encarnação do Filho de Deus. Uma pessoa é normalmente associada com as características de intelecto,
sensibilidade e vontade.” (28)
“O Espírito Santo é apresentado com as características de uma pessoa. O profeta Isaías se refere às
qualidades e habilidades pessoais do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, conhecimento, conselho, força e o
temor do Senhor (11.1,2). O extensivo catálogo de dons e habilidades espirituais listados por Paulo, tais como
sabedoria, conhecimento, fé, curas, profecia e interpretação são concedidos aos cristãos pela vontade do Espírito
(1 Co 12.11). Compreensão dos pensamentos de Deus é a habilidade específica do Espírito de Deus (2.11).
“O Espírito Santo também atua como uma pessoa. Ele luta contra e restringe o mal, e sustenta
aquilo que é bom. Nos dias de Noé foi o Espírito de Deus que estava perdendo a paciência diante da crescente
perversidade humana (Gn 6.3), enquanto que no tempo de Isaías, é o mesmo Espírito que serve como protetor de
Seu povo contra os ataques de seus inimigos (59.19). O Senhor da aliança foi glorificado por Neemias e Isaías
porque Seu Espírito foi o instrutor e guia de Seu povo durante sua jornada no deserto (Ne 9.20; Is 63.14). A
presença e poder do Espírito são a garantia de Deus para Zorobabel de sucesso em sua gigantesca tarefa de
reconstruir o templo de Jerusalém (Zc 4.6).
“Estes traços pessoais do Espírito são especialmente vívidos na promessa do Salvador aos Seus
discípulos. Após o afastamento físico de seu Senhor, Seu Espírito irá confortá-los, testificando a eles a respeito
de Jesus (Jo 15.26). Este testemunho está firmemente baseado no fato de que o Espírito conhece o Filho e o Pai
(Jo 16.13). Comissionado pelo Pai e o Filho, o Espírito Santo deverá ser o divino mestre para os apóstolos para
seu próprio entendimento e força, assim como também para o sucesso de seu ministério entre os homens (14.26).
Como um auxílio poderoso para a eficácia de sua mensagem, o Espírito convencerá o mundo do pecado, da
justiça e do juízo (Jo 16.8). (29,30)
“O Espírito Santo é, além disso, mostrado emitindo ordens e proibições em favor do Reino e
colocando limitações no trabalho ligado a ele.” At 8.29 - ordenando a Filipe que vá para junto do eunuco etíope;
10.19,20 - que Pedro pregue para Cornélio; 13.2,4 - instrui para que Paulo e Barnabé sejam comissionados para
um trabalho especial; 16.6,7 - intervém para que Paulo e Silas não sigam para a Ásia e Bitínia; Rm 8.26 -
orando com os crentes. (30)
“O Espírito não apenas age como uma pessoa; Ele também reage como uma pessoa.” Pode-se
apelar com sucesso para Ele - Ez 37.9,10; pode ser entristecido - Ef 4.30; Sua graça pode ser resistida - At
7.51; pode-se mentir para Ele - At 5.3-10; é provocada em Sua ira - Hb 10.29; pode ser blasfemado pelo
homem, num pecado dito imperdoável pelo próprio Jesus - Lc 12.10. (30,31)
“Certamente que simplesmente um poder, manifestação, modo ou emanação não poderiam realizar
todos estes atos, atos que são normalmente atribuídos a uma pessoa. Nem pode um mero poder, influência,
manifestação ou emanação apresentar tais reações. Portanto, aqueles que rejeitam a personalidade do Espírito
Santo também rejeitam a autoridade e veracidade da Palavra de Deus.” (31)
“Outra ênfase da pessoa do Espírito Santo é a associação e justaposição nas quais a Escritura O
coloca junto com outras pessoas, divinas e humanas.” Mt 28.19; 2 Co 13.13; At 15.28. (31)
Apesar de a palavra para “Espírito” ser um vocábulo neutro no grego, por vezes aplica-se a Ele
formas pronominais masculinas - Jo 16.13,14. “De fato, o recurso literário de personificação, a aplicação de
atributos pessoais a um objeto inanimado ou a uma idéia abstrata, é comum. Quando é empregado, no entanto,
tal personificação é geralmente bem evidente e pretende clarificar, e não esconder o significado. Por isso
inferimos que as formas masculinas do pronome nas passagens mencionadas acima pretendem afirmar a
personalidade do Espírito Santo.” (32)
6
O Espírito Santo é verdadeiramente Deus. A Ele são atribuídos os mesmos nomes que são
atribuídos a Deus - Is 61.1; Mt 10.20; 2 Co 3.3; 1 Pe 1.10-12: Gl 4.6; Rm 8.9. (32,33)
O Espírito Santo é identificado com Deus - 2 Sm 23.2,3; At 28.25-27 (comp. Is 6); Mt 12.31,32;
At 5.1-4. (33,34) O mesmo em relação às características de Deus, que são atribuídas ao Espírito Santo. (34)
“De acordo com as Escrituras, o Espírito Santo tem e usa o poder de Deus. Isto é demonstrado
incontestavelmente naqueles tremendos feitos de Deus aos quais normalmente nos referimos como criação,
regeneração e santificação. Apenas Deus pode criar, apenas Deus pode conceder vida espiritual naqueles que
estão espiritualmente mortos, apenas Deus pode tornar santos aqueles que são pecadores. Como será visto com
maiores detalhes mais adiante, o Espírito de Deus está intimamente associado a cada um destes atos de Deus. De
fato, a repetida e variada ênfase da Palavra de Deus nos impele à convicção de que nossa vida física, nossa vida
cristã no tempo e nossa vida santificada na eternidade seria não apenas incompleta, mas também impossível,
sem a atividade do Espírito, que está associada à obra do Pai e do Filho.”(34)
3. O SENHOR DA VIDA E A PALAVRA DA VIDA
“Deus não quis ser uma idéia abstrata, um mero construto filosófico ou teológico. Ele quis se
tornar reconhecível ao homem. Assim sendo, a primeira preocupação do Espírito Santo é trazer Deus ao homem
e o homem para Deus. Este vivificante Espírito de Deus , este Senhor da vida é, portanto, também o autor da
Palavra da vida, as Escrituras Sagradas, a inerrante revelação de Deus à humanidade.” (41)
“É importante enfatizar alguns aspectos que distinguem revelação de inspiração. Revelação é um
ato de Deus através do qual Ele torna conhecidas ao homem verdades previamente desconhecidas ao homem. A
inspiração, entre outras coisas, também envolve a direção de Deus que guia Seus representantes proféticos e
apostólicos para preservar esta revelação divina, estas verdades divinas, para a instrução da humanidade. Para
ilustrar, toda a Escritura é resultado da inspiração divina, mas nem todo fato na Escritura é produto da
revelação divina.” (44)
A Escritura, em muitas situações, atribui ao Espírito Santo o papel de revelador: Nm 11.25,29; 2
Sm 23.2; Mt 22.43; Sl 110.1; Ez 2.2; Mq 3.8-12; Sl 41.9 (cf. At 1.16); Is 6.9 (cf. At 28.25); Hb 10.15. (47,48)
“”É evidente que um pré-requisito essencial para os porta-vozes de Deus nas Escrituras era esta
revelação da parte de Deus. É também significativo que este trabalho especial é tão freqüentemente atribuído ao
ministério do Espírito Santo. É significativo porque a inspiração atribuída ao mesmo Espírito pressupõe a
revelação anterior, que a tornou possível.” (48)
“A doutrina da inspiração das Escrituras tem sido a posição da maior parte das Igrejas
Protestantes. ... A importância desta doutrina dificilmente pode ser por demais enfatizada. Ela pode ser reduzida
à alternativa simples, mas consistente: Ou as Escrituras constituem a infalível Palavra de Deus, produzida de
forma sobrenatural, ou elas são simplesmente documentos de seres humanos piedosos e dedicados, que são
sujeitos às inevitáveis falácias humanas.”
“Esta doutrina da inspiração, que a Igreja tem sustentado em todas as suas gerações, permanece,
não porque seus defensores conseguem clamar em voz mais alta do que seus oponentes, nem em virtude de
qualquer defesa humana, mas devido ao fato de que ela está contida nos próprios oráculos divinos. Visto estar
assim contida nos oráculos de Deus, nenhum santo ou apóstolo poderia agir de outra forma senão crer na
palavra que Deus falou.” (Lewis S. Chafer, Systematic Theology, 64) (49)
“Como é o Espírito Santo especificamente mencionado em conexão com a inspiração das
Escrituras? Seguiremos quatro linhas principais de evidência: (1) a declaração dos escritores do Antigo
Testamento de que eram porta-vozes do Espírito Santo; (2) o apoio que o Salvador e Seus apóstolos ofereceram
para estas afirmações; (3) o guiar divino através do Espírito Santo que o Senhor Jesus promete aso Seus
apóstolos para eles próprios e para sua mensagem; e (4) o insistente clamor dos apóstolos de que eles receberam
e transmitiram as verdades de Deus através do Espírito de Deus.” (50,51)
(1) - 2 Sm 23.2; Is 59.21; Ez 11.5; Mq 3.8.
(2) - Mt 22.42-46 e Mc 12.35-37 (cf. Sl 110.1); At 1.16 (Sl 41.9); At 28.25 (Is 6.9).
“A real importância destas declarações é que os porta-vozes de Deus no Antigo
Testamento tinham verdades vitais que eles precisavam comunicar a sua própria geração e
às posteriores, e que Aquele que revelou estas verdades para eles, isto é, o Espírito Santo, é
também Aquele que salvaguardou sua precisão e correção ao ponto de que elas seriam
reconhecíveis e aplicáveis aos santos de Deus muitos séculos mais tarde. Por isso Pedro
nos informa que era o Espírito de Deus nos profetas que os levaram a predizer ‘os
sofrimentos de Cristo e a glória subseqüente.’ Então acrescenta estes detalhes
significativos: ‘foi revelado a eles que eles estavam servindo não a eles próprios, mas a vós
7
nas coisas que vos foram anunciadas por aqueles que vos pregaram as boas novas.’ (1 Pe
1.11) (52)
(3) - Jo 14.26; 16.12-15
“a) Cristo declara especificamente que mesmo para Seus apóstolos Ele deixaria muitas
coisas não reveladas durante Sua vida terrena (v. 12); b) mas Ele também assegura que tal
revelação será dada pelo Espírito (v. 13); c) os recipientes da revelação do Espírito hão de
ser os apóstolos a quem Cristo está se dirigindo; e d) com tal verdade e direção do Espírito
Santo, os apóstolos hão de ser porta-vozes de Deus, cuja mensagem dada pelo Espírito
deve ter a mesma autoridade que a de Cristo. (13.20; 17.20)” (53)
(4) - 1 Co 2.10; Ef 3.5; 1 Tm 4.1; Ef 6.17; 1 Co 2.12,13; 1 Pe 1.12. (51-54)
Lutero: “A Escritura Sagrada é o livro dado por Deus Espírito Santo a sua igreja, no qual ela deve
aprender o que ela (a igreja) é, o que ela deve fazer, o que deve sofrer, onde ela deve permanecer. Onde o livro
para, a igreja para; pois Ele diz que Sua igreja não ouvirá a voz do estranho (Jo 10.5).” (“Exempel, einen
rechten christlichen Bischof zu weihen” [1542] Dr. Martin Luthers Sämmtliche Werke, XXVI [Erlangen:
Verlag von Carl Heyder, 1830], 100.) (54)
“É pela mesma razão que a Fórmula de Concórdia pode asseverar que o Espírito Santo é o
Expositor das Escrituras (FCDS II 26). E por esta razão seus escritores crêem, ensinam e confessam - e nós
com eles - ‘que os escritos proféticos e apostólicos do Antigo e Novo Testamentos são a única regra e norma de
acordo com a qual todas as doutrinas e mestres devem ser louvados e julgados.’ (FC Ep I 1)” (55)
4. O SENHOR DA VIDA E A PALAVRA VIVA
“Aquele que é o Espírito do Pai é também o Espírito de Jesus Cristo, e as Escrituras revelam um
relacionamento íntimo entre o ministério de Deus, o Espírito e de Deus, o Filho. Na verdade, o detalhe e a
variedade deste ministério é muito mais explícito na Escritura do que aquele que é descrito existindo entre o
Espírito e o Pai.
“Bem entendido, a obra do Espírito de Deus é messiânica. Não se pretende com isto declarar que o
Espírito Santo é nosso redentor. Isto afirma, porém, que Ele está intimamente relacionado às diversas fases da
obra do Redentor e com os vários aspectos de nossa redenção.” (59)
“Repetidamente na profecia do Antigo Testamento, o Espírito de Deus está intimamente
relacionado ao tempo messiânico, ao propósito messiânico e ao reino messiânico (Is 32.15-18; 44.3-5; Ez 36.26-
31; Zc 12.10). O deserto dos corações dos homens hão de ser transformados em um campo espiritual frutífero; a
aridez das vidas humanas há de ser saturada com a umidade espiritual e vestida na verdura espiritual; a rebelião
da ação humana há de ser convertida em obediência e conformidade à vontade divina - tudo como um resultado
da dádiva do Espírito aos homens.” (62)
“No Novo Testamento Deus segue revelando a atividade multiforme do Espírito de Deus em e
através do Filho de Deus. Isto é claramente demonstrado na concepção milagrosa de nosso Senhor através do
Espírito Santo, em Seu Batismo, Sua tentação, Seu ministério de ensino e cura, Seu Sacrifício vicário,
ressurreição e glorificação.” (62)
“Foi o Espírito Santo que, de uma forma misteriosa, plantou a semente da vida no ventre da virgem
Maria. Enquanto Ele pode ser corretamente chamado de Causa ou Agente desta concepção milagrosa, a
Escritura nunca atribui a Ele paternidade divina do Filho encarnado.
“Isto obviamente não exclui o interesse e atividade do Pai e do Filho na encarnação de Jesus Cristo.
Neste momento também, como em toda parte no relato bíblico sobre os grandes feitos de Deus, todos os três, o
Pai, o Filho e o Espírito Santo, estão ativos.
“Não obstante, apesar da concepção ter sido um ato do Deus Triúno, ela foi, em um sentido
especial, a obra do Espírito Santo. Ele foi, de uma forma especial, a causa eficiente da encarnação do Filho de
Deus.” (64)
“O Espírito está em ainda maior evidência em Sua relação com Jesus em Seu batismo, por João
Batista. ...
“...todos os Evangelhos atestam que o Espírito desceu sobre Jesus na forma de uma pomba. O que
isto significa, somos incapazes de estabelecer completamente. Mas nós sabemos com certeza o que isto não pode
significar. Não apenas a verdade sobre a divindade de nosso Senhor, mas também aquela da Trindade impedem
qualquer inferência de que o Espírito de Deus concedeu aqui poderes e habilidades ao Filho de Deus que Ele não
possuía antes. (65)
“Um propósito tríplice está imediatamente aparente :
“Para João Batista, a descida do Espírito serviu como a identificação dada por Deus daquele de
quem ele seria o mensageiro e a quem ele iria dirigir outros como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo. ... (Jo 1.32,33)
8
“Para Jesus, a descida do Espírito foi um anúncio público da parte do Pai de que as obrigações e
funções de Seu ministério messiânico estavam iniciando. A conexão íntima e inseparável entre o Espírito Santo e
o Messias nos é apresentado repetidamente como um ungir. ... Is 61.1; Hb 1.8,9 ... Pela voz do Pai vinda do céu
e pela unção do Espírito Santo, o Deus-homem recebeu a aprovação celestial para a inauguração de Seu
ministério público entre os homens. Um escritor resume isto muito apropriadamente desta forma: ‘Em uma
forma misteriosa, de uma forma além de nossa compreensão, de acordo com o plano do Deus Trino para a nossa
salvação, o Espírito Santo estava encarregado da obra redentora do Filho encarnado; Ele estabeleceu o tempo
messiânico, por assim dizer. Portanto agora, em cumprimento à profecia e como um ato de instalação solene ...
o Espírito Santo desceu sobre Ele e permaneceu sobre Ele.
“E o que isto significa para os cristãos? Tudo o que Cristo faz e tudo o que é feito para Cristo é da
maior importância. Quando, pois, o Espírito desceu sobre Jesus, isto significou que as relevantes profecias do
Antigo Testamento foram cumpridas; significou que Deus foi fiel às Suas promessas; significou que o ministério
redentor do Salvador foi oficial, formal e publicamente iniciado.” (66,67)
“Os eventos subseqüentes ao batismo de Jesus demonstram plenamente que a doação do Espírito
assinalou o início dos serviços messiânicos. Estes eventos também enfatizam a força do Espírito Santo na obra
do Messias. Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas enfatizam esta verdade quando revelam que foi pelo guiar
do Espírito que Jesus foi levado ao deserto para a tentação pelo diabo. Lucas oferece o relato mais detalhado: ‘E
Jesus, estando cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi conduzido pelo Espírito para o deserto.’ (4.1)
Deve-se notar que o uso do Imperfeito do verbo nesta passagem mostra que isto não foi meramente um ato
momentâneo da parte do Espírito, mas que continuou durante toda a tentação no deserto. A clara implicação,
pois, é que o Espírito Santo estava com Jesus através de toda a tentação de Satanás, guiando e assistindo-O no
vencer as tentações. Isto é também firmado por outra declaração do mesmo evangelista na bem sucedida
conclusão desta experiência por Cristo: ‘E Jesus voltou no poder do Espírito para a Galiléia.’ (v. 14)
“E qual seria o propósito glorioso de tudo isto? Assim como em tantos outras situações, também
aqui Jesus é tanto substituto como exemplo. ... (Hb 2.17,18) (68)
“Mesmo nos vários milagres de Cristo, a influência e agência do Espírito Santo são evidentes. ... os
milagres de Jesus foram realizados em parte para autenticar Seu testemunho a respeito de Si próprio como o
Filho de Deus. Seus milagres também eram uma parte integrante de Seu ministério messiânico.
“Os evangelhos citam duas situações nas quais o poder milagroso de Jesus está relacionado ao
ministério do Espírito Santo. Um é encontrado na citação de nosso Senhor da profecia de Isaías 61.1,2 (Lc 4.17-
19)....
“O segundo e mais específico alinhamento do Espírito Santo com o Filho de Deus na execução dos
milagres encontra-se em Mateus 12.28. ... Apesar de que isto não é especificamente declarado em conexão com
outros exemplos nos quais possessão demoníaca foi curada por Jesus, uma implicação evidente desta passagem
é que outros casos seguem o mesmo padrão.” (69,70)
“O Espírito Santo também sustentou Jesus em Seu sofrimento. ... as Escrituras revelam que Cristo
ofereceu-se a Si mesmo a Deus na morte, pelo Espírito Santo. (Hb 9.14) (71)
Duas passagens têm recebido interpretação que favorece a afirmação de que o Espírito Santo, junto
com o Pai e o próprio Filho, foi a causa eficiente da ressurreição de Jesus - Rm 1.4; 1 Pe 3.18 (?). (72)
5. O SENHOR DA VIDA E A VIDA DA IGREJA
O Espírito e a Igreja do Antigo Testamento.
“Ezequiel freqüentemente menciona a ação do Espírito em transportá-lo, seja corporalmente, seja
em uma visão, aos locais de sua missão. No livro dos Juízes, a coragem e força concedidas pelo Espírito para a
realização de tarefas específicas são aludidas em cada uma das sete referências feitas ao Espírito neste livro. É o
Espírito da sabedoria que é especialmente mencionado em Êxodo. A ênfase nos livros de Samuel e Crônicas está
sobre o Espírito como o Doador da inspiração profética. A ênfase dupla nos Salmos e em Isaías está sobre as
características e reações do Espírito, tais como o de ficar entristecido ou irado pela ingratidão e rebelião, e
especialmente em Seu vínculo com o ministério público do Messias.
“De maneira geral, o ministério do Espírito Santo no Antigo Testamento está em evidência em duas
áreas: (1) aquele que Ele dirige para a criação e a humanidade em geral; (2) aquele que Ele realiza
especificamente para Sua Igreja. O primeiro tem sido chamado de ‘relações cósmicas ou mundiais do Espírito de
Deus’.2
A respeito deste ministério, o teólogo holandês Abraham Kuyper afirmou: ‘A obra do espírito Santo não
está confinada aos eleitos e não inicia com a regeneração destes; mas ele toca a toda a criatura, animada e
inanimada ... consiste em gerar e sustentar a vida, no que se refere ao existir e aos talentos...’.3
A segunda área
de atividade do Espírito, na Igreja, tem sido chamada de ‘relações teocráticas ou redentoras do Espírito de
2
W.H. Griffith Thomas, The Holy Spirit of God; Lectures at Princeton Theological Seminary , p. 11
3
The Work of the Holy Spirit , p. 46.
9
Deus’.4
Aplica-se a Israel como uma congregação cristã da escolha graciosa de Deus, assim como também aos
cristãos individuais, dirigidos pela graça e vontade de Deus.” (78-80)
O Espírito Santo tem uma atuação fundamental na história do povo de Deus, enquanto estado
teocrático, particularmente agindo nos homens-chave desta história. José era um homem cheio do Espírito de
Deus (Gn 41.38). “Mais tarde, depois da libertação de Seu povo da escravidão egípcia, Deus providenciou uma
liderança movida pelo espírito, com Moisés e Arão. O Senhor usou estes homens para realizar Seus propósitos
divinos, assim que o profeta Isaías identificou o Espírito Santo como o verdadeiro Líder de Israel durante a vida
deste povo no deserto (63.14). A analogia é tanto mais dinâmica porque as necessidades do povo de Deus são
comparadas à dependência que os animais domésticos têm das pessoas. No catálogo das bênçãos que Deus
trouxe ao Seu povo na peregrinação pelo deserto ... encontramos também a declaração ‘E lhes concedeste o teu
bom Espírito, para os ensinar’ (Ne 9.20).” (81)
“Há também uma insistente repetição de que a liderança política em Israel foi abençoada em suas
funções oficiais, pelo Espírito do Senhor. ... os setenta anciãos foram equipados com o dom da profecia pelo
Espírito Santo (Nm 11.25). ... Josué foi escolhido como o sucessor de Moisés no final da vida deste, e a
caracterização fundamental para um ofício tão elevado se encontra nas palavras do Senhor, ‘homem em quem há
o Espírito’ (Nm 27.18).” (81)
“No período dos Juízes, homens como Otniel, Gideão, Jefté e Sansão foram escolhidos por Deus
como libertadores de seu povo da opressão; em cada caso, a competência para esta tarefa divina é afirmada
nesta verdade: ‘E o Espírito do Senhor veio sobre ele’ (Jz 3.10; 6.34; 11.29; 14.6). Após ser ungido por Samuel,
como o primeiro rei de Israel e durante os primeiros anos de seu reinado, Saul teve a assistência e direção do
Espírito do Senhor (1 Sm 10.10).” O mesmo vale para Davi (1 Sm 16.13; Sl 51.11; 2 Sm 23.2). “Após o exílio
babilônico, nos dias da reconstrução de Jerusalém e seu templo, Zorobabel foi assegurado de que seu sucesso
não dependia de força ou poder, mas do Espírito do Senhor (Zc 4.6)” (82)
“Os dons do Espírito são também evidentes na vida religiosa de Israel. A construção de sua casa de
adoração, sustentação do bem e oposição ao mal, a proclamação dos profetas - tudo estava sob a supervisão do
Espírito Santo. A vestes dos sacerdotes foram feitas por pessoas a respeito de quem é dito que tinham o
‘Espírito de sabedoria’ (Ex 28.3). A respeito de hábeis artífices, como Bezalel e Aoliabe, que foram
comissionados para edificar o tabernáculo, é dito que estavam cheios ‘do Espírito de Deus, de habilidade, de
inteligência e de conhecimento, em todo artifício’ (Ex 31.3; 35.30-35).” (82)
“Endosso e sustentação para o que é bom estão implícitos em títulos como Espírito Santo e Bom
Espírito. E estão explícitos nas declarações em que o Espírito é apresentado revelando a vontade de Deus para o
bem-estar físico e espiritual de Seu povo. Por outro lado, o Espírito de Deus contende com o mal nos dias de
Noé, afasta-se do apóstata Saul e é mostrado como estando em peleja contra aqueles que se rebelaram contra
Ele (Is 63.10).” (82,83)
“Finalmente, na ameaça de desastre espiritual e de aniquilação da nação, o Deus misericordioso
repetidamente empregou dois artifícios, ambos centrados no Espírito, para sustentar e fortalecer Seu povo. Um
foi a voz de Seus profetas, porta-vozes do Espírito (Ez 2.2; 8.3; Mq 3.8). O outro foi a constante promessa de
um Redentor, enviado pelo Espírito, pregando no Espírito e realizando aotos de graça e glória pelo Espírito (Is
48.16,17; 61.1-4).” (83)
O Espírito e a Igreja do Novo Testamento.
Jesus é aquele que funda a Igreja (Mt 16.18; Ef 5.25,26). “No entanto, as Escrituras também
creditam ao Espírito Santo o estabelecimento e existência continuada da Igreja.” (Jo 3.5; 1 Co 12.3, 13). “Assim
como na encarnação, o Espírito de Deus formou o corpo físico de Cristo, assim ao converter o homem, Ele
forma o corpo espiritual de Cristo.” (83,84)
“O Espírito Santo é especialmente mostrado como o Mestre e Guia da Igreja cristã do Novo
Testamento.” (Jo 20.22; 14.26; 15.26) “E assim no Pentecostes e após, estes mestres da igreja, cheios do
Espírito, foram transformados maravilhosamente. Foram dotados com sabedoria, entendimento, coragem e
habilidades milagrosas. Tornaram-se profundamente envolvidos no propósito e poder de Deus.” (84)
“Estabelecida pelo Senhor da vida e instruída por Ele, a igreja do Novo Testamento foi também
equipada por Ele para seu elevado e santo propósito. Isto é evidente da unidade com Cristo que o Espírito deseja
e realiza na igreja. Tal unidade, o Espírito realiza, habitando nos membros da igreja, tanto individual, como
corporativamente.” (1 Co 6.19; Rm 8.9) (85)
“Esta união entre a igreja cristã e Cristo deve ser refletida na unidade que há de existir e ser
demonstrada entre os membros.” (Ef 2.21,22; 1 Co 12.13; Jo 17.11; Ef 4.3) (86)
“Para realizar Seus propósitos em e através da igreja, o Espírito Santo também concedeu e ainda
concede dons à igreja, dons que eram extraordinários e temporários, mas também dons que eram e são mais
ordinários e permanentes. Na longa lista dos dons concedidos pelo Espírito encontramos: sabedoria,
4
Thomas, p. 12.
10
conhecimento, fé, cura, operação de milagres, profecia, habilidade para discernir espíritos e o uso de línguas e
sua interpretação. Entretanto, a longa lista é introduzida pela instrução, ‘A manifestação do Espírito é concedida
a cada um, visando um fim proveitoso’ (1 Co 12.7) e conclui com a lembrança que ‘um só e o mesmo Espírito
realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente, (v. 11).” (86)
“O Senhor Deus também governa e controla Sua Igreja através do Espírito. Isto Ele faz de uma
forma geral, através do registro de sua vontade ... (1 Co 2.13). Ele o faz pelo estabelecimento de ofícios e
funções de liderança: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres. Ele o faz ao dotar Seus cristãos com
múltiplos e diversos dons do Espírito.
“Mas temos também informações específicas sobre o governo de Deus em Sua igreja através do
Espírito Santo. Os missionários para o mundo gentio, Paulo e Barnabé, foram comissionados para sua missão
pela igreja de Antioquia, sob a ordem do Espírito [At 13.2]. Foi o mesmo espírito que dirigiu as resoluções do
Concílio de Jerusalém [At 15.28]. O Espírito de Deus também proibiu Paulo de pregar a palavra em certas
províncias da Ásia Menor [At 16.6,7]. Foi Ele que, através do apóstolo João, emitiu condenações e elogios às
sete igrejas da Ásia [Ap 2-4]. Assim, Paulo pode encorajar os anciãos de Éfeso tão enfaticamente: ‘Atendei por
vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus,
a qual Ele comprou com o Seu próprio sangue’ (At 20.28).” (87)
A Doutrina do Espírito Santo na História da Igreja.
“Uma declaração detalhada sobre o ministério do Espírito Santo não foi considerada vitalmente
importante muito antes do Concílio de Constantinopla, em 381 A.D. ... No entanto, há ampla evidência de uma
forte consciência cristã da deidade do Espírito Santo. Ela é encontrada: (1) no extensivo uso da fórmula batismal
de Mateus 28; (2) no conhecimento amplamente difundido dos elementos básicos do Credo Apostólico; (3) nas
doxologias trinitárias de antigos hinos e liturgias; (4) na pronta reação da igreja antiga contra heresias
envolvendo a Trindade.” (88)
“Entre os mais antigos testemunhos da igreja pós-apostólica sobre a deidade do Espírito Santo, os
seguintes são representativos: Clemente de Roma (c. 100) escreveu: ‘Não temos nós um Deus e um Cristo e um
Espírito da graça que foi derramado sobre nós?’ [Epístola aos Coríntios 46.6] Clemente de Alexandria (150-
215) refere-se ao Pai, Filho e Espírito Santo como a “Santa Tríade”. Tertuliano (160-220) é o primeiro a sugerir
a palavra Trindade para descrever Deus. Uma das mais antigas formas da fórmula batismal é encontrada no
Didaquê (c. 150), um manual usado para a instrução de catecúmenos antes do Batismo.” (88)
“Várias formas do Credo Apostólico começaram a ser usadas quase que simultaneamente em
diferentes centros da cristandade; todos eles, mesmo com formas breves, incluem o Espírito juntamente com o
Pai e o Filho. Assim, um antigo Credo Romano diz: ‘Creio em Deus Pai Todo-Poderoso e em Cristo Jesus, Seu
Filho, nosso Senhor, e no Espírito Santo, a Santa Igreja e a ressurreição da carne.’” (88)
“Durante os sessenta e cinco anos entre os Concílios de Nicéia e de Constantinopla alguns dos
grandes defensores da deidade do Espírito Santo foram Atanásio, Basílio de Antioquia e os dois Gregórios. Sua
argumentação centrou-se principalmente naquelas passagens bíblicas que atribuem onisciência, onipotência e
glória divina ao Espírito. Eles também fizeram uso da fórmula batismal, que afirma igualdade do Espírito com o
Pai e o Filho.” (89)
“Em 381, o Concílio de Constantinopla acrescentou ao Credo de Nicéia uma declaração definitiva
concernente ao Espírito Santo: ‘o Senhor e Doador da vida, o qual procede do Pai, que junto com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado, que falou pelos profetas.’ O Concílio de Calcedônia, o quarto concílio ecumênico, com
representantes de Roma, Constantinopla, Antioquia e Jerusalém, em geral substanciou as decisões dos concílios
anteriores com respeito à deidade do espírito Santo. Foi neste tempo que veio com grande insistência a questão
de o Espírito Santo proceder do Filho, assim como do Pai - uma questão que já estava em discussão por diversas
décadas antes de Calcedônia.” (90)
“Em 589 o Concílio de Toledo, uma assembléia composta inteiramente de delegados das igrejas
ocidentais, acrescentou a frase “e do Filho” à formulação de Constantinopla. A igreja ocidental em pouco tempo
incorporou esta mudança à liturgia, enquanto que a igreja oriental insistiu que tal acréscimo era inválido, pois
resultou da ação de um concílio regional, um em que o Oriente não teve voz. A partir daquele tempo, a
separação entre o Oriente e o Ocidente passou a crescer, até finalmente consumar-se no ano de 1054.” (90)
Lutero. “As mais claras e mais vigorosas - e ao mesmo tempo mais confortadoras - exposições de
Lutero sobre o Espírito Santo são encontradas em suas aulas sobre os Salmos, em seu tratado De Servo
Arbitrio, e especialmente em sua explanação do Terceiro Artigo do Credo Apostólico, tanto no Catecismo
Menor, como no Maior. Nestes, pelo ministério do Espírito, Deus deixa de ser um tirano rigoroso e temido, a
Escritura Sagrada não é mais considerada um livro de lei eclesiástica e o homem não é mais jogado sobre seu eu
impotente como mestre de seu destino e guia da própria alma.” (91,92)
“É instrutivo e confortador notar que o Livro de Concórdia contém uma teologia completa do
Espírito Santo. Não há nenhum dos livros confessionais que não descreva em grande detalhe a Pessoa e obra do
11
Espírito Santo. Esta firme convicção dos reformadores está incorporada cinco vezes no Prefácio do Livro de
Concórdia:
1. reconhecem o auxílio do Espírito para seu próprio estabelecimento e confirmação na verdade: ‘... estamos
certos de nossa confissão e fé cristã, com base na Escritura divina, profética e apostólica, disso havendo
sido suficientemente certificados em nossos corações e consciências cristãs pela graça do Espírito
Santo ...’ [p.11]
2. baseiam-se no Espírito em sua formulação da verdade: ‘... juntaram, em boa ordem, por especial graça do
Espírito Santo, tudo o que é pertinente e necessário a isso, e o puseram em livro.’ [p. 5]
3. suplicam ao Espírito para fortalecê-los na posse da verdade para eles próprios e futuras gerações: ‘... a
fim de que também entre a nossa posteridade seja preservada e propagada, pelo auxílio e a assistência do
Espírito Santo, a pura doutrina e confissão da fé, até a gloriosa vinda de nosso único Redentor e Salvador
Jesus Cristo.’ [p. 11]
4. estão certos de que concordância e harmonia doutrinárias podem ser preservadas apenas pelo Espírito de
Deus: ‘Tencionamos perseverar e permanecer, unanimemente, pela graça do Espírito Santo, nessa verdade
divina, e segundo ela regular todas as controvérsias religiosas e suas explanações.’ [p. 12]
5. estão convencidos de que mesmo seus oponentes só podem chegar a concordar com a verdade infalível da
palavra de Deus através do Espírito de Deus: ‘E temos, quanto a essas pessoas, a esperança de que,
quando corretamente instruídas na doutrina, virão e se tornarão, conosco e com nossas igrejas e escolas,
pela orientação do Espírito Santo, à infalível verdade da palavra divina.’[p. 10]” (92)
“Ameaças posteriores à Reforma à doutrina do Espírito Santo são encontradas principalmente nos
vários ismos, tais como o Arminianismo, Misticismo, Racionalismo, Pietismo, Perfeccionismo e Subjetivismo. O
Arminianismo sustentava que a vontade humana, não o Espírito Santo, determinava a questão da salvação
pessoal. O Misticismo, com excessos em experiências espirituais e emocionais, freqüentemente se reportava ao
Espírito Santo para revelações à parte da Palavra de Deus. O Racionalismo, com sua rejeição das Escrituras
como norma e guia e, com isto, também da obra do Espírito Santo, levou ao ceticismo e ateísmo. O Pietismo
estava relacionado ao Misticismo e freqüentemente separava o Espírito da graça dos meios da graça. O
Perfeccionismo aplicava alguns princípios do Arminianismo e, por elevar o homem, tirava a importância de
Deus e Seu Espírito. O Subjetivismo insistia na certeza da experiência pessoal e convicção interna, mais do que
na garantia objetiva do Espírito Santo na Palavra.” (93)
“Uma coisa é certa, de que o poder espiritual da igreja está sempre diretamente ligado à
importância dada à Pessoa e obra do Espírito Santo, e quando isto estava ausente, seguia-se inevitável perda.
Idéias puramente abstratas nunca existiram por muito tempo e nunca exerceram grande influência. O segredo da
bênção espiritual é encontrada na ênfase constante sobre os aspectos redentivos da obra do Espírito Santo em
relação a Cristo, o Salvador do mundo.”5
(93)
6. O SENHOR DA VIDA E A VIDA DO CRISTÃO
“O divino Instrutor da igreja cristã através das eras, atinge Seu mais elevado propósito para os
cristãos ao estabelecer e manter neles vida espiritual através de Sua palavra. ... A atividade do Espírito de Deus
nas vidas individuais é da maior importância prática. Esta envolve-O com cada santo. Sem ela ninguém poderia
tornar-se ou manter-se cristão. Sem ela, o amor do Pai perdoador e a graça do Filho Redentor seriam totalmente
sem sentido para as vidas humanas.” (97)
“O Espírito de Deus se associa a cada ato santificado dos filhos de Deus. Através dele, eles são
chamados a serem ‘concidadãos dos santos e da família de Deus’ [Ef 2.19]. Através dele, os santos de Deus
aprendem os diversos aspectos da vida cristã e do serviço aceitável a Deus. Através dele, sua esperança para a
salvação é fundamentada na graça de Deus, e não em vida meritória ou experiência emocional. Através dele,
seres humanos tornam-se ‘carta de Cristo ... escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente’ (2 Co
3.3). Ele transforma a teoria cristã em vida cristã.” (99)
“A palavra grega              (novo nascimento, regeneração, renovação) ocorre duas vezes no
Novo Testamento. ... Mt 19.28. Paulo associa-o com a renovação moral que é efetuada pelo Espírito Santo
através do Batismo ... Tt 3.5. ... A regeneração é descrita de variadas maneiras na palavra de Deus. Em um
sentido estrito, conversão, novo nascimento, vivificação e iluminação são sinônimos de regeneração. ...
Regeneração é também descrita como uma mudança na condição do pecador, de um estado de morte espiritual
para um de vida espiritual. ... (Ef 2.4,5; 2.12,13; 1 Pe 2.9).” (100)
“Esta regeneração é um ato da graça de Deus e não uma realização do esforço humano. ... É o
amor e a misericórdia de Deus que realizam nossa ressurreição espiritual (Ef 2.5; Jo 1.13; Tg 1.18; 1 Jo
5
Thomas, p. 117.
12
5.11,12).” ... Tal regeneração através do amor do Pai e através do sacrifício vicário do Filho é atribuído à ação
do Espírito Santo. ... (Jo 3.5,6; 6.63; 2 Co 3.3-6)”. (101,102)
“As virtudes cristãs, como o amor, mansidão e bondade encontram sua motivação na verdade que
Deus nos salvou, não pelos nossos atos de justiça, mas ‘conforme Sua misericórdia ... pelo lavar regenerador e
renovador do Espírito Santo, que Ele derramou sobre nós ricamente mediante Jesus Cristo , nosso Salvador’ (Tt
3.5,6). A palavra grega             (renovação) parece ser original de Paulo. Ela implica não apenas nova
força e vigor, mas também uma completa mudança para melhor, uma vida que é oposta à condição e práticas
corruptas anteriores. Esta é tanto a missão como a realização de Deus Espírito Santo.” (102)
“O Espírito de Deus, que efetuou a regeneração do pecador, não o deixa aos próprios cuidados, não
o lança fora sobre os recursos impotentes do eu pecaminoso. Isto seria eternamente fatal ao homem. Pelo
contrário, o Espírito Santo toma posse do cristão. Faz dele Sua morada, Seu tabernáculo, Seu templo. Ele habita
nele.” (102, 103)
“Um tal habitar de Deus no regenerado é atribuído ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.” O Pai - 1
Jo 3.24; 1 Co 3.16; 2 Co 6.16; Ef 2.22. O Filho - Cl 1.27; Ef 3.16,17; Gl 2.20; Jo 14.23. “É, entretanto,
particularmente o habitar do Espírito Santo que recebe repetida e enfática proeminência nas Escrituras. A
ansiedade dos apóstolos diante da iminente retirada da presença visível de seu Senhor há de ser tranqüilizada por
uma tríplice promessa: o Parácleto virá para eles; estará com eles para sempre; habitará neles. A promessa do
Salvador para o futuro torna-se vívida para os discípulos porque está associada a um fato conhecido e
experimentado no presente. O Espírito que atualmente habita com eles permanecerá com eles para sempre. ... Jo
14.16,17. ... Esta verdade é implicada por certos símbolos do Espírito Santo, inerentes na relação existente entre
Ele e o cristão, e também elaborados em numerosas passagens bíblicas.” (103,104)
“A água é um símbolo do Espírito que habita no cristão. Em Sua instrução à mulher samaritana,
Jesus designa a água da vida que Ele concede como um poço de água que jorra para a vida eterna. Durante Sua
pregação no templo, esta água espiritual é identificada com a fé do crente. Mas aquele que participa desta água,
que crê em Cristo Jesus como seu Salvador, é usado por Deus para conceder bênçãos similares sobre outros,
pois, nas palavras de Jesus, ‘de seu interior fluirão rios de água viva’ (Jo 7.38). Isto se torna possível pelo
Espírito, ‘que haviam de receber os que nele cressem’ (v. 39). Sua força espiritual seria tão grande que poderiam
repartir com outros.” (104)
“Outro símbolo para o Espírito, que dirige e fortalece o cristão, é aquele do selo. Um selo indica
autoridade, segurança, autenticação. Entre os judeus, o selo era usado para certificar acordos contratuais (Jr
32.9,10), assim como para declarar a autoridade e salvaguardar tal autoridade (Mt 27.66). O selo imperial na
tumba de Jesus é um exemplo. Mas o selo não era empregado somente para denotar posse ou propriedade. Os
servos de Deus são selados com o selo de Deus, conforme o Apocalipse de João (7.3-8). Na vida do cristão, que
crê e confia em Cristo através da palavra da verdade, este selar é efetuado pelo ‘Espírito da promessa’, como
Paulo afirma aos Efésios (1.13). Daí que o apelo é feito aos Efésios para que não entristeçam o Espírito de
Deus, no qual eles foram selados para o dia de sua redenção (4.30); eles não devem quebrar aquele selo. O selar
de Deus através de Seu Espírito é uma prova pessoal aos coríntios de que tanto Paulo como eles estão
estabelecidos em Cristo (2 Co 1.22).” (104,105)
“Um terceiro símbolo relacionado a este conceito do habitar do Espírito é aquele do penhor. ... Em
transações comerciais, o penhor é a entrada, sendo uma garantia de que o restante da conta será paga. No reino
espiritual, o Espírito Santo é identificado para os Efésios e para nós como a Garantia de nossa eterna herança
até que recebamos a posse plena (1.13,14). O Espírito como penhor é ainda designado como a garantia dada por
Deus para nossa imortalidade (2 Co 5.5). Nosso Deus gracioso, que nos estabelece em Cristo, unge-nos e nos
sela, e nos dá o penhor do Espírito em nossos corações (1.22).” (105)
“Não são apenas os dons do Espírito que são dados ao crente, mas também o próprio Espírito. Sem
Ele é impossível agradar a Deus, pois a mente carnal é inimiga de Deus. Na verdade, sem o habitar do Espírito,
o homem é removido de diante de Deus e não pode ser contado entre os que pertencem a Deus (Rm 8.8,9). Por
Seu morar no corpo do cristão, o Espírito de Deus faz deste um templo de Deus. Este templo é separado para a
honra, culto e glória de Deus, mas é também o local onde o Espírito ativa e fortalece para uma vida mais nobre e
para um nobre serviço (1 Co 3.16,17).” (106)
“Uma posição tão elevada de nossos corpos como templos do Espírito é a maior motivação para
uma constante luta contra o pecado na carne, que tão facilmente ataca o filho de Deus. ... Um notável crescendo
de razões é colocado por Paulo para que evitemos o pecado e nos consagremos ao serviço de Deus. Pelo fato de
sermos templos de Deus, porque somos o templo ocupado de Deus, porque o Ocupante do tempo de nosso corpo
é o Espírito Santo, porque este Ocupante divino é nosso, da parte do Pai, porque não pertencemos a nós
mesmos, somos para glorificar a Deus em nosso corpo e em nosso espírito, que pertence totalmente a Deus (1
Co 6.19,20).” (106)
‘É este habitar do Espírito que procura determinar atitudes em relação a Deus e ao homem. Os
filhos de Deus são emancipados da escravidão da lei e da carne; eles se tornaram filhos da graça e foram
13
adotados para dentro da família de Deus. Como tal, eles aprendem através do Espírito que neles habita, a
demonstrarem sua confiança neste relacionamento filial, através de suas petições ao Pai. O ‘Aba, Pai’, do
espírito realmente se torna nosso ‘Aba, Pai’. Não apenas o Espírito incita-os à oração e intercessão, mas Ele
próprio une-se a estas petições (Rm 8.15; Gl 4.6). O Espírito que vive neles também os supre com a força divina
necessária para reterem o bom depósito que lhes foi confiado (2 Tm 1.4). Ele os estabelece na certeza de que
Deus está neles e eles em Deus (1 Jo 3.24; 4.13). Mesmo o sofrer em nome de Cristo há de produzir constância
jubilosa através do permanecer e habitar do Espírito nos amados de Deus (1 Pe 4.14). O propósito eterno de
Deus em suas vidas, o coroar da existência dos cristãos, a consumação final de sua esperança na ressurreição
dos corpos para uma existência gloriosa com Deus para sempre - tudo isto é realizado por Ele através do
Espírito que neles habita e se constitui no penhor de Deus para eles (Rm 8.11).” )107)
“Tendo-os convertido e habitando neles como Seu templo, o Espírito de Deus também os santifica,
separa-os para Seus santos propósitos. ... Emancipados da escravidão ao pecado, os cristãos irão produzir
frutos de santificação. ... Entretanto, esta nova natureza e o novo homem que existe pela regeneração, não
elimina ou destrói a velha natureza, o velho homem. Santificação não equivale a impecaminosidade. ... (Rm 7;
Gl 5.16, 24; Rm 8.13)” (109)
“Através do ministério do Espírito no filho de Deus, virtudes agradáveis a Deus na vida cristã são
produzidas: amor, alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl
5.22,23). ... estas não são o produto de uma irrupção emocional e não oferecem compensação para qualquer
complexo de inferioridade espiritual. Pelo contrário, são os mais elevados aspectos do caráter cristão; elas
representam os frutos do Espírito em nossos corações e vidas; constituem-se tanto no propósito como no efeito
de nossa santificação.” (109,110)
“O Espírito regenera, habita e santifica os crentes, mas também os une por um laço indissolúvel em
um corpo (1 Co 12.13), a santa igreja cristã. As características distintivas desta unidade no Espírito são um
Senhor - Pai, Filho e Espírito Santo - uma fé, um Batismo, um corpo, uma esperança (Ef 4.4-6). Para o bem
desta unidade, o Espírito concede os dons necessários (1 Co 12.11), tanto os que são gerais e permanentes, como
aqueles que são extraordinários e temporários. ... Para a continuação desta unidade, o Espírito estabeleceu e
ainda guia o ministério da igreja (Jo 16.13; At 13.2; 20.28), instrui seus membros (Ap 2.7) e providencia
expansão e crescimento (At 9.31).” (110)
“E há glória, glória sem limite, para cada um dos santos de Deus neste Espírito de Deus, que é
doador da vida. Dúvidas agonizantes sobre a salvação eterna são removidas pela inviolável promessa divina, de
que são ‘selados’ pelo Espírito Santo ‘para o dia da redenção’ (Ef 4.30). Enervante ansiedade sobre o ser
membro da família de Deus é afastada pela segurança de que o próprio Espírito assinou os papéis de adoção nos
quais Ele testifica ‘para o nosso espírito que somos filhos de Deus’ (Rm 8.16). Preocupação sem fim sobre sua
associação com Deus é dissipada pela garantia que Ele habita neles, pois ‘nos deu do Seu Espírito’ (1 Jo 4.13).
Desânimo em sua fraqueza de caráter é dissipado pela prontidão do Espírito mesmo de fortalecê-los com amor,
alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22,23). Sua petições
desajeitadas, sem forma e, por vezes, sem fé, são substituídas pelas orações aceitáveis a Deus porque elas são
ensinadas pelo Espírito, que também se une a eles ‘com gemidos inexprimíveis’ (Rm 8.26). Dúvidas sobre sua
ressurreição, nutridas pela lógica e pela razão, são vencidas pela eterna garantia divina: ‘Aquele que ressuscitou
Jesus dentre os mortos, vivificará também os vossos corpos mortais, por meio de Seu Espírito que em vós
habita’ (v. 11). A obscuridade de um futuro vago e aparentemente sem fim é iluminada pelo brilho da realidade
presente, pois o legado atual de Deus para Seus santos ‘nada menos que Seu Espírito Santo. Este que tem sido
tão vigorosa e demonstravelmente presente em suas vidas, constitui-se já agora no pagamento de entrada da
parte de Deus, como Sua garantia (penhor) de que o preço de sua redenção foi completamente pago (2 Co 5.5) e
que a eterna glória de Deus já iniciou neles e para eles.” (110,111)
“Assim, a dinâmica única e sem comparação na suas vidas de ‘concidadãos dos santos e membros
da família de Deus’ é nenhum outro senão o vivificante Espírito de Deus. Não nos admiramos, então, que Paulo
ao mesmo tempo o designa como a Vida e o curso da vida. ‘Se vivemos no Espírito, andemos também no
Espírito’ (Gl 5.25), tendo nosso rumo e passo estabelecidos pelo Deus que quer ser bem conhecido e bem
usado.” (111)
(Traduzido e resumido por Gerson Luis Linden, Agosto de 1997)
14
A Ação do Espírito Santo e a Missão6
Um dos temas que mais cativam os missiólogos da atualidade é a relação entre o cristianismo e
outras religiões. Neste artigo, busca-se tratar do assunto a partir de uma perspectiva da doutrina da Trindade e,
particularmente, do 3o
artigo do Credo, a pessoa e obra do Espírito Santo. Há um propósito comum entre os
teólogos de missão hoje, de colocar a missio hominum, expressa pelas atividades da igreja, dentro do escopo da
missio Dei. A missão não pode mais ser vista como uma ação da igreja, à parte do plano da salvação do Deus
Triúno. De fato, tal enfoque é necessário, pois aponta a relação fundamental entre Cristologia, Soteriologia, a
doutrina da Trindade e Eclesiologia. No entanto, tal abordagem não é nova. As Confissões Luteranas, escritas a
mais de 4 séculos, trazem uma contribuição importante. Por exemplo, no Catecismo Maior, de Lutero, na 2a
parte, do Credo, seções 63-65 (pg. 456), com uma excelente apresentação do plano da salvação no contexto da
doutrina da Trindade:
Pois o mundo inteiro, ainda que com toda diligência buscou saber o que Deus é e o que tem em mente e
faz, todavia jamais logrou alcançar qualquer dessas coisas. Mas aqui tens tudo da maneira mais rica.
Porque aqui, em todos os três artigos, ele mesmo revelou e patenteou o mais profundo abismo de seu
coração paterno e de seu amor totalmente inexprimível. Pois que nos criou exatamente para nos redimir e
santificar, e, além de nos dar e conceder tudo quanto há no ceú e na terra, ainda nos deu o seu Filho e
Espírito Santo, a fim de por eles levar-nos a si mesmo. Pois, conforme explicado acima, jamais
poderíamos chegar a conhecer o favor e a graça do Pai a não por intermédio de Cristo SENHOR, que é
espelho do coração paterno, sem o qual nada vemos senão um juiz encolerizado e terrível. Mas também de
Cristo nada poderíamos saber, se não tivesse sido revelado pelo Espírito Santo. (ver também FC - DS II,
49,50 [pg. 569])
A missio Dei, na perspectiva das Confissões Luteranas, pode ser descrita como um modelo de
missão da “história da salvação”, que segue a seqüência; Deus - igreja - mundo. (Outra opção seria o modelo da
“história como salvação”, que inverte a ordem de igreja - mundo, fazendo da missão da igreja uma obra de
humanização ética e tirando a centralidade da igreja como local onde Deus age por palavra e sacramentos.) A
missão de Deus está emoldurada por dois pilares: por um lado, o evento da criação e queda do homem; do outro
lado, o evento escatológico do julgamento de Cristo sobre a humanidade. Deus, em seu amor, estende a toda a
humanidade sua salvação. Por isso Deus envia seu Filho, para redimir toda a humanidade com a obra da cruz.
Deus agora continua a realizar seu plano, enviando o Espírito Santo, cujo ofício é aplicar a obra de Cristo a
todos os crentes, reunindo-os na igreja. Esta se torna o local da obra santificadora do Espírito Santo, atuando
pelos meios da graça. É neste sentido que se pode entender o dito extra ecclesiam nulla salus (“fora da igreja
não há salvação”).
Assim, entendendo a missão de uma perspectiva trinitária, ela se coloca dentro do 3o
artigo do
Credo. O Espírito Santo é o Senhor da missão e tem uma missão inteiramente soteriológica, trazendo o tesouro
da salvação em Cristo, pela proclamação da palavra e a administração dos sacramentos. Sua obra pode, pois,
apresenta três aspectos, nesta seqüência: (1) Ele media a dádiva da salvação através do perdão dos pecados
(justificação); (2) edifica e reúne a igreja na terra; (3) equipa a igreja para a contínua proclamação da palavra.
Assim, o espírito Santo é a força dinâmica no plano da salvação divina.
Assim, uma tentativa de definição da missio Dei pode ser sugerida: “A missio Dei é a atividade do
Deus Triúno de redenção e reconciliação na história, motivado por seu amor pelo mundo inteiro, atividade esta
fundamentada na obra expiatória de Jesus Cristo e executada pelo Espírito Santo de Cristo, através dos meios
da graça, pela qual Deus justifica o homem, livra-o da rebelião, pecado e morte, sujeita-o sob seu reino e o
conduz, com a comunidade redimida, ao objetivo final na história.” Deste ponto de vista teocêntrico e trinitário,
a missão da igreja é o resultado lógico, não uma ampliação ilegítima. As tarefas de ensino, proclamação e
administração dos sacramentos, tendo em vista as almas perdidas, pertence à própria essência da igreja e, ao
mesmo tempo, determina sua vocação missionária, tendo o cuidado de lembrar que sua falha ou demora em
buscar os perdidos não desqualifica os crentes como corpo de Cristo. À medida em que a igreja atua na sua
tarefa, duas fronteiras são alcançadas: uma que existe entre a fé e a descrença e a outra, que separa fisicamente
a communio sanctorum daqueles que estão fora da igreja. Estes são dois aspectos da existência da igreja, que
podem ser definidos, de forma geral, como crescimento espiritual e físico ou, falando em termos da obra do
Espírito Santo, Sua missio ad intra de edificar e fortalecer a communio sanctorum e Sua missio ad extra, de
fazê-la crescer numericamente.
Este é o conceito clássico da missio Dei, que afirma a centralidade da igreja e a necessidade da
salvação para os perdidos. Este conceito tem recebido modificações, a um ponto tal que este assunto acaba se
tornando um ponto de confusão e divisão dentre os estudiosos de missão. Outro ponto a citar é o fato de que
6
Klaus Detlev Schulz, Tension in the Pneumatology of the Missio Dei Concept”, Concordia
Journal 23/2 (Abril 1997): 99-107. Traduzido e resumido por Gerson Luis Linden (1997).
15
muitos dos estudiosos que apropriadamente relacionam a missão ao 3o
artigo do Credo, têm atacado o ofício e
obra do Espírito Santo, no que ela está ligada a Cristo e a igreja. Por exemplo, nas palavras do missiólogo
Johannes Verkuyl:
O Espírito Santo está ativo de forma latente de tantas maneiras entre aqueles povos que vivem no
contexto de outras tradições religiosas. Será possível a qualquer um de nós crer que podem existir, em
algum lugar, seres humanos que não foram tocados pela mão de Jesus Cristo, que vai até eles em
reconciliação? Não deveríamos nós aceitar o fato de que a luz do Espírito Santo brilha nas trevas, mas as
trevas não a podem apagar? (Contemporary Missiology, Eerdmans, 12987, p. 359,360)
Estas palavras de Verkuyl ecoam o que já fora dito na seção Gaudium et Spes do Vaticano II: “O
Espírito de Deus, que, com admirável providência, dirige o curso dos tempos e renova a fé na terra, assiste este
desenvolvimento.” A mesma idéia está no documento sobre Missão e Evangelismo do Concílio Mundial de
Igrejas, que diz: “o Espírito de Deus está operando constantemente de formas que vão além do entendimento
humano e em lugares onde menos esperamos.” Afirmações como estas pretendem, por meio de uma
“pneumatologia universal”, estabelecer a vontade salvífica de Deus e a possibilidade de salvação fora da igreja
(extra muros ecclesiae). No verdade, é o caráter cristocêntrico que o Espírito Santo recebe e Sua atuação na
palavra e sacramentos que se constituem na pedra de tropeço. Há teólogos que buscam, mais e mais, derrubar
estes princípios cristãos, antigamente considerados absolutos, de modo a ampliar a obra do Espírito Santo para
dentro de outras religiões. Neste contexto, voltam os ataques ao filioque (“e do Filho”) no Credo Niceno. Alguns
estudiosos contemporâneos afirmam que a introdução do filioque traz alusões subordinacionistas na doutrina da
Trindade. Pois enquanto a obra do Espírito Santo permanece cristocêntrica, e não recebe um lugar independente
do Pai e do Filho, não se pode atribuir evidência de Sua obra em outras religiões.
Por certo, uma tal pneumatologia universal alarga o conceito da missio Dei. Alguns estudiosos dão
suporte a esta versão cunhando novos modelos, tais como o de “diálogo inter-religioso”. Este modelo não abole
a atividade missionária da igreja, mas, partindo da idéia que há da parte de Deus uma base comum de aceitação
de cristãos e não-cristãos, sua proclamação passa a ser de uma natureza dialógica, onde se procura descobrir e
afirmar a atividade do Espírito dentro de outras religiões. Cristo é oferecido como o modelo normativo do plano
da salvação de Deus e é apresentado como um corretivo para a atividade do Espírito em outros grupos
religiosos. No entanto, a aceitação dele por parte daquele com quem se dialoga não é o objetivo deliberado da
igreja, mas tão somente uma conseqüência agradável resultante do diálogo.
Duas afirmações incompatíveis acabam sendo colocadas: há uma vontade salvífica universal de
Deus e a possibilidade de salvação fora da igreja versus a necessidade da igreja na missão divina, pela qual o
Espírito Santo media a salvação. Tal paradoxo se torna agudo para os teólogos, em uma sociedade de crescente
diversidade religiosa e apresentação de muitas verdades conflitantes. Veja-se, por exemplo, as palavras de Paul
Knitter:
Podemos nós estar certos de que a vontade salvífica de Deus, expressa em Jesus Cristo, nunca fará uso de
tais formas de mediação pré-cristãs? E se negamos isto, não estaremos negando ... a liberdade da
onipotência de Deus? Para evitar um mal entendido, não estamos afirmando que as religiões devem ser e
sempre são “caminhos de salvação”, mas apenas que não podemos excluir a possibilidade - ou a
probabilidade - delas serem instrumentos da vontade salvífica de Deus. (Towards a Protestant Theology
of Religions, N.G. Elwert Verlag, 1974, p. 222)
Para muitos teólogos, parece haver uma assimetria ou mesmo uma contradição se alguém afirma a
voluntas salvifica como sendo universal, mas ao mesmo tempo afirmando que os efeitos desta vontade só podem
ser garantidos em Jesus Cristo. Para um paradigma confessional luterano, no entanto, é exatamente assim que
ocorre. A vontade salvífica de Deus é universal, todavia é revelada e efetuada unicamente através de Jesus
Cristo. Qualquer outra abordagem, portanto, que tente explorar, pela razão humana, a obra da vontade de Deus
fora de Cristo, deve ser desconsiderada. Como dizem as Confissões:
Disso não devemos julgar de acordo com nossa razão, nem segundo a lei ou por qualquer aparência
exterior. Também não devemos atrever-nos a investigar o abismo secreto e oculto da predestinação
divina, mas devemos atentar na vontade revelada de Deus. (FC - DS XI, 26)
Com esta vontade revelada de Deus é que devemos ocupar-nos, para que a sigamos e nela sejamos
diligentes, porque o Espírito Santo confere graça, poder e capacidade por intermédio da palavra pela qual
nos chama. Não devemos perscrutar o abismo da oculta presciência de Deus ... Ocupa-te primeiro com
Cristo e Seu evangelho. (FC - DS XI, 33)
É preciso ter em mente que a vontade salvífica de Deus é revelada na Sua palavra. Ele coloca Sua
intenção salvífica em prática ao ordenar que Sua palavra seja proclamada, em Lei e Evangelho, o que traz
arrependimento e perdão, operados pelo Espírito Santo. É preciso igualmente afirmar que a proclamação, e não
o diálogo, é a tarefa da igreja. Isto leva não a um ato meramente cognitivo de reconhecimento, como o modelo de
16
“diálogo inter-religioso” parece sugerir, mas a uma recepção e aceitação da obra redentora de Deus em Cristo.
A própria natureza do evangelho aponta para isto. Ele não somente transmite informação, mas é uma palavra
com o poder e a autoridade divina, para criar a fé e conceder salvação.
O Espírito Santo - ênfases
1. Sua presença constante na Escritura, como Deus em ação, traz sobre a Igreja a necessidade de uma
confissão clara a respeito de Sua pessoa e obra.
2. A atuação do Espírito Santo sempre está relacionada ao povo de Deus. Ele é o Espírito que guia, orienta,
revela, sustenta, ordena, proíbe, limita, direciona, une, capacita, age.
3. Dada a atuação do Espírito Santo, a Igreja de Deus é certificada de que não está só no mundo. Ela é o povo
de Deus, conduzida pelo Espírito Santo.
4. O Novo Testamento acrescenta explicitamente um elemento que serve como chave para o entendimento da
obra do Espírito Santo - Ele atua para que a obra de Cristo seja conhecida e desfrutada pelas pessoas:
Jo 16.13,14 - “Ele me glorificará”
1 Jo 2.27 - a unção de Deus [Espírito Santo] nos ensina a permanecer nele [Cristo]
1 Co 12.3 - “Ninguém pode dizer; Senhor Jesus! senão pelo Espírito Santo.”
Rm 5.5 - Ele derrama sobre nós o amor de Deus. Contexto: obra de Cristo.
5. O Espírito anto estabelece o advento de um novo tempo, formado sobre a obra de Jesus. Ele é o “penhor”
[garantia] para o povo de Deus, de que este tem a herança de Deus como certa. Ele é o “selo” sobre o povo,
marcando-o como propriedade de Deus.
2 Co 1.22; 5.5; Ef 1.13,14; 4.3
DONS ESPIRITUAIS7
DONS ESPIRITUAIS E INVENTÁRIOS8
DE DONS ESPIRITUAIS
Introdução
C. Peter Wagner, que já foi chamado “o mais articulado porta-voz do uso dos dons espirituais no
evangelismo,” afirma:9
Uma coisa relativamente nova aconteceu à igreja de Jesus Cristo na América durante a década de
setenta. A terceira Pessoa da Trindade veio para o que é Seu, por assim dizer. Sim, o Espírito Santo
sempre esteve lá. Credos, hinos, liturgias têm atestado o lugar central do Espírito Santo na fé cristã
ortodoxa. Teologias sistemáticas através dos séculos têm incluído seções de “pneumatologia”,
afirmando assim o lugar do Espírito Santo no pensamento cristão.
Mas raramente, se é que alguma vez, na história da igreja tem se estendido sobre o povo de
Deus um interesse tão disseminado, de passar dos credos e teologias para uma experiência pessoal do
Espírito Santo na vida diária, em um grau como agora estamos testemunhando. A faceta mais
proeminente desta nova experiência do Espírito Santo são os dons espirituais.10
Este interesse renovado na pessoa e obra do Espírito Santo, e uma crescente ênfase no ensino da Escritura
com respeito aos “dons espirituais”, também tem sido evidente dentro do “The Lutheran Church - Missouri
Synod” durante as últimas décadas. Diversos esforços e programas de evangelismo, mordomia e crescimento da
7
Relatório da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da Lutheran Church - Missouri Synod;
Setembro de 1994; Traduzido por Gerson Luis Linden em Julho de 1999.
8
Traduzimos “inventories” em todo o trabalho como “inventários”. A idéia é de testes aplicados
aos membros da igreja, para que estes descubram seus dons. N. do T.
9
Delos Miles, Church Growth, A Mighty River (Nashville: Broadman Press, 1981), 129.
10
C. Peter Wagner, Your Spiritual Gifts Can Help Your Church Grow (Ventura, Calif.: Regal Books,
1979), 19.
17
igreja, em uso por todo o Sínodo em anos recentes, têm dado atenção ao lugar dos “dons espirituais” na vida e
crescimento da igreja e têm tentado auxiliar as pessoas a identificarem e utilizarem tais dons.
Em seu relatório de 1987, sobre Evangelismo e Crescimento da Igreja a Comissão de Teologia e
Relações Eclesiais, afirmou:
É importante que a Igreja Luterana do Sínodo de Missúri mantenha uma clara e escriturística posição
a respeito dos dons espirituais. Por um lado, pastores e congregações deveriam encorajar os seus
membros a receber, com gratidão, os dons que Deus em sua graça oferece, e então usá-los para a sua
glória e para a edificação da sua Igreja. Por outro, os cristãos devem reconhecer que Deus distribui
dons espirituais assim como Ele deseja e de acordo com as necessidades da sua Igreja.11
Fazendo referência a este parecer, a Convenção Sinodal de 1989 observou que “preocupações têm sido
expressas sobre o uso de inventários de dons espirituais e sobre o assunto geral dos dons espirituais”. A
Convenção recomendou ao Sínodo o parecer da CTRE “para referência e orientação” e encorajou o Sínodo a
“continuar a fazer uso do documento e dos princípios que ele fornece com respeito aos dons espirituais.” Ao
mesmo tempo, o Sínodo solicitou formalmente à CTRE que “estudasse com mais detalhe o assunto dos dons
espirituais e especificamente o uso de inventários de dons espirituais e trouxesse um parecer com os resultados
dos estudos para a Igreja.”12
É em resposta a esta solicitação específica do Sínodo que a CTRE apresenta este parecer sobre “Dons
Espirituais e Inventários de Dons Espirituais”. O parecer inicia com uma “Breve História dos inventários de
Dons Espirituais.” Seguida por uma “Análise Bíblica dos Dons Espirituais” na parte 2. A parte 3 do parecer
oferece “Uma Teologia dos Dons e Chamados na Igreja”, que procura colocar o tópico dos dons espirituais em
sua perspectiva própria, no contexto dos três artigos do Credo Apostólico.
I. Uma Breve História dos Inventários de Dons Espirituais
A preocupação dos cristãos em descobrir e desenvolver seus dons espirituais parece ser um fenômeno
relativamente recente. C. Peter Wagner refere-se a ela como uma “coisa nova”.13
Historicamente a ênfase nos
dons espirituais coincide com a surgimento de dois importantes movimentos teológicos e eclesiásticos da
segunda metade do século XX. Ambos movimentos advogaram enfaticamente a necessidade de uma renovação
da igreja e identificaram os dons espirituais como uma das chaves para a renovação da igreja.
O primeiro movimento que ajudou a criar e contribuir para o interesse atual nos dons espirituais foi o
movimento pentecostal, do qual brotou o movimento neopentecostal ou carismático. Este último tem se mostrado
ser um movimento mais interdenominacional que o primeiro. Durante as décadas de sessenta e setenta, o
movimento neopentecostal encontrou seu caminho dentro de algumas das principais denominações cristãs, como
o catolicismo romano, luteranismo e presbiterianismo. Refletindo sobre as características destes movimentos,
Wagner observou que “a faceta mais proeminente desta nova experiência do Espírito Santo são os dons
espirituais.”14
De acordo com sua pesquisa, o maior volume de literatura sobre dons espirituais apareceu desde
1970. Na verdade, ele afirma, mais tem sido escrito sobre este assunto desde a Segunda Guerra Mundial do que
nos 1945 anos anteriores juntos.15
Falando de forma genérica, os movimentos neopentecostal e carismático tem
enfatizado grandemente os assim chamados dons miraculosos ou “sinais”, especialmente a glossolalia (falar em
línguas), curas e poderes milagrosos. Estes já foram discutidos em dois pareceres anteriores da CTRE.16
O segundo movimento que contribuiu para um intenso interesse no assunto dos dons espirituais - embora
por razões ligeiramente diferentes - é o assim chamado Movimento do Crescimento da Igreja, que muitos
identificam como tendo sido originado em sua forma contemporânea no Seminário Fuller, na Califórnia.17
11
Cf. Evangelism and Church Growth with Special Reference to the Church Growth Movement.
Em Português: Evangelização e Crescimento da Igreja - com Especial referência ao Movimento
“Church Growth” . Parecer da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da Igreja Luterana -
Sínodo de Missúri, 1987, traduzido por Eleonora I. R. Kautzmann, p. 37.
12
Resolução 3-16, “Estudar o Assunto dos Dons Espirituais”, 1989 Convention Procedings , 119.
13
Wagner, 26.
14
Ibid., 19.
15
Ibid., 27.
16
The Charismatic Movemente and Lutheran Theology, Parecer da Comissão de Teologia e
Relações Eclesiais da Igreja Luterana - Sínodo de Missúri, 1972 (um extrato do mesmo foi
traduzido para o Português por Vilson Scholz, publicado no livrete Dons Carismáticos , Concórdia
Editora, 1975) e The Lutheran Church and the Charismatic Movement: Guidelines for
Congregations and Pastors , Parecer da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da Igreja
Luterana - Sínodo de Missúri, 1977 (Traduzido por Arnaldo Schüler - Movimento Carismático ,
Concórdia Editora, 1977).
17
Cf. Evangelism and Church Growth .
18
Diferentes daqueles envolvidos no neopentecostalismo, os seguidores do Movimento Crescimento da Igreja
tendem a não enfatizar os assim chamados dons de “sinais”. Em lugar disso, enfatizam os dons menos
espetaculares listados na Bíblia. Também diferentemente dos neopentecostais, que enfatizam uma segunda
experiência, separada, do Espírito Santo, manifestada por dons, os proponentes do Movimento do Crescimento
da Igreja assumem que certos dons já foram dados a todos os cristãos em algum ponto do tempo. Eles mantêm
que todo cristão possui ao menos um dom e que muitos têm diversos dons, em variados números, graus e
variações. Esta é a base para a idéia de que se a igreja consegue mobilizar seu povo para descobrir, desenvolver
e utilizar seus dons específicos, não há como evitar que ela cresça em número e vitalidade.
Foi o Movimento do Crescimento da Igreja que causou o desenvolvimento e uso dos inventários de dons
espirituais. Estes são instrumentos designados para auxiliar a igreja em descobrir e implementar os dons
espirituais de seus membros. O primeiro a ganhar ampla popularidade foi o “Questionário Houts Modificado”,
desenvolvido pelo Instituto Fuller para Evangelismo no Seminário Fuller. Este inventário foi modificado para
uma audiência luterana, por David Hoover e Roger Leenerts em um programa chamado18
Enlightened with His
Gifts.19
As diversos inventários foram mais adiante adaptados para uso por uma congregação individual em St.
Paul, Trenton, Michigan e para uso ao nível de distrito no Texas. Este último serviu de modelo para o “Estudo
de Renovação Pessoal”, parte de um mais amplo processo de educação na mordomia, conhecido como “His
Love - Our Response”20
. Este programa proporcionou uma ampla exposição dos inventários de dons espirituais
entre o laicato da Igreja Luterana - Sínodo de Missúri.21
Outro programa que foi usado por congregações do
Sínodo é, Gifted for Growth 22
preparado pelo Instituto para o Crescimento da Igreja, de Corunna, Indiana.23
Além de trabalharem sobre o “Questionário Houts Modificado”, na formulação de questões e avaliações,
cada um dos programas acima depositam-se fortemente sobre a apresentação de C. Peter Wagner dos
imperativos bíblicos e da base teológica para os inventários de dons espirituais, em seu Your Spiritual Gifts Can
Help Your Church Grow24
. Esta dependência fica evidenciada pelas expressões de dívida a Wagner nos
prefácios, forte dependência em relação à sua definição e enumeração de dons espirituais, e o uso dos passos
propostos por Wagner para descobrir dons espirituais. A observação de Wagner de que há muita repetição na
literatura sobre este assunto, também é verdadeira no que se refere a estes programas.25
Dada a importância do
livro de Wagner em providenciar para estes programas uma base bíblica e hermenêutica para dons espirituais,
muito do que segue estará interagindo com sua obra.
A. Um Paradigma para Entender os Dons Espirituais
É de certa forma surpreendente que o ponto de partida de Wagner para a discussão dos dons espirituais
não é a doutrina do Espírito Santo, mas a doutrina da igreja. Ao invés de focalizar os livro de Atos e o
derramamento do Espírito (como no Pentecostalismo), Wagner insiste que a chave hermenêutica parta descobrir
o ensino bíblico sobre os dons espirituais é Rm 12.4, onde Paulo descreve a igreja como um corpo composto de
muitos membros. No corpo cada cristão tem um lugar (cf. 1 Co 12.18). Com base na metáfora paulina da igreja
como um corpo físico feito de diferentes membros e funções, o membro da igreja é encorajado a perguntar:
“Onde eu me encaixo?” “Como posso saber se sou um ouvido ou uma mão ou alguma outra parte do corpo?”26
Os inventários de dons espirituais são destinados a auxiliar na resposta a estas questões.
O uso da metáfora do “corpo” como base para o entendimento dos dons espirituais também é
característico de um número de programas em uso dentro do Sínodo de Missúri. Enlightened with His Gifts
explica que os dons espirituais auxiliam a responder as questões “Como eu me encaixo?” “Qual é minha parte
na igreja?” “O que posso fazer?” “O que devo fazer?” “Qual é o meu papel na tarefa de ‘fazer discípulos de
todas as nações’?”27
De forma semelhante, Gifted for Growth afirma: “O corpo de Cristo é o conceito usado em
todas as três principais seções do tratamento neotestamentário sobre os dons espirituais.”28
Cada cristão tem
18
“ Iluminado com Seus Dons” - em programas próprios da Igreja nos EUA, optamos por
conservar o título original. N. do T.
19
David W. Hoover e Roger W. Leenerts, Enlightened with His Gifts: A Bible Study on Spiritual
Gifts (St. Louis: Lutheran Growth, 1979.).
20
“ Seu Amor - Nossa Resposta”.
21
Cf. Robert W. Schaibley, “Measuring Spiritual Gifts,” Lutheran Quarterly 3 (Inverno 1989):
423-41.
22
“ Dotado para Crescimento.”
23
Kent R. Hunter, Gifted for Growth: Na Implementation Guide for Mobilizing the Laity (Corunna,
Ind: The Church Analysis and Learning Center, 1983).
24
“ Seus Dons Espirituais Podem Ajudar Sua Igreja Crescer”.
25
Wagner, 27.
26
Ibid., 36.
27
Hoover e Leenerts, 6.
28
Hunter, 151.
19
uma função e cada dom é necessário. Com base nesta afirmação, coloca-se uma ênfase sobre a necessidade de
organizar os cristãos conforme seus dons. Como Hunter conclui, “os dons podem revolucionar radicalmente a
maneira como a igreja atua.”29
B. O Propósito dos Dons Espirituais
Qual é o propósito de ajudar cada pessoa a encontrar um lugar na igreja? Visto dentro do contexto da
igreja como um corpo com muitos diferentes membros - sendo que cada um deles precisa ser saudável e em
funcionamento para o corpo poder ser saudável e crescer - os dons espirituais são vistos como uma chave para a
mobilização dos membros. Esta mobilização, por seu lado, estimula o crescimento do corpo. Este ponto está
expresso no próprio título do livro de Wagner: Your Spiritual Gifts Can Help Your Church Grow.30
“Ignorância
a respeito dos dons espirituais”, ele adverte, “pode ser uma causa principal do pequeno crescimento da igreja
hoje.”31
Opostamente, “o conhecimento dos dons espirituais ... é a chave para o conhecimento da organização da
igreja.”32
Enfatizando a conexão entre os dons e o crescimento, Kent Hunter entitula seu livro Gifted for Growth.33
Na Introdução deste livro, Hunter afirma que “Os dons espirituais são um meio para se chegar a um fim: a
missão e o ministério34
do corpo de Cristo.”35
Os dons espirituais precisam ser vistos dentro de um “contexto
bíblico de crescimento.” Na Conclusão do livro, ele oferece uma palavra de cautela e uma de encorajamento. “O
uso dos dons espirituais,” diz, “não é garantia que sua igreja vá crescer. Outros fatores podem ser mais fortes
para impedir o crescimento.” No entanto, “em noventa e nove porcento das igrejas cristãs, a mobilização do
povo de Deus de acordo com o plano de Deus sobre os dons trará uma extraordinária mudança no crescimento
interno e externo da igreja.”36
Os autores de Enlightened with His Gifts também afirmam, ainda que não tão
enfaticamente, “os dons espirituais têm um papel importante no crescimento da igreja.”37
Além de contribuírem para o crescimento da igreja, a descoberta dos dons espirituais (assim se diz)
enriquecerá a vida do cristão. “Antes de mais nada,” diz Wagner, “você será um cristão melhor e mais capaz de
permitir que Deus faça sua vida ter valor para Ele.”38
Outros livros e guias que estão mais dirigidos para uma
audiência luterana suavizam esta afirmação de Wagner, sem rejeitar sua tese fundamental. O autor de Gifted for
Growth testifica: “Para mim, tem sido um dos empreendimentos de crescimento mais compensadores de minha
vida cristã.”39
Da mesma forma, Enlightened with His Gifts sugere que os dons espirituais “são uma das chaves
para a maturidade espiritual.” Os autores têm a cautela de dizer que apesar de que os dons espirituais podem ser
“uma chave”, não são “a chave” para um desenvolvimento espiritual do cristão.40
Mais adiante, os autores
enumeram diversos outros benefícios que seguem da descoberta dos dons espirituais, tais como trazer “direção”
para a vida da pessoa no reino de Deus e capacitar as pessoas e congregações e “virem para a vida.”41
Wagner vai adiante, afirmando que a descoberta e uso dos dons espirituais beneficiarão não apenas os
cristãos individuais, mas a igreja como um todo.42
Enlightened with His Gifts concorda: “Todos os membros da
igreja serão capazes de trabalhar juntos em amor, harmonia e eficiência ... a descoberta, desenvolvimento e uso
dos dons espirituais farão muito para eliminar o orgulho, a falsa humildade e a inveja.” Além disso, “a igreja
amadurecerá” e com tal maturidade, “a igreja irá crescer.”43
Finalmente, Wagner observa que a “coisa mais
importante que o conhecimento dos dons espirituais faz é que glorifica a Deus.”44
Enlightened with His Gifts
ecoa o sentimento de que “Deus será glorificado.”45
29
Ibid., 152.
30
“ Seus Dons Espirituais Podem Fazer Sua Igreja Crescer.”
31
Wagner, 32.
32
Ibid., 38,39.
33
“ Dotado para Crescimento.”
34
Não traduzimos a expressão “the long haul” antes de “a missão e o ministério”. N. do T.
35
Hunter, 3.
36
Íbid., 152.
37
Hoover e Leenerts, 5.
38
Wagner, 49.
39
Hunter, 4.
40
Hoover e Leenerts, 7.
41
Ibid., 65.
42
Wagner, 50.
43
Hoover e Leenerts, 65; cf,. Wagner, 50.
44
Wagner, 51.
45
Hoover e Leenerts, 66.
20
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Teologia Sistemática III

  • 1. UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL Disciplina: Teologia Sistemática III Curso: Teologia Professor: Gerson Luis Linden 2001 / 1 PLANO DE ENSINO EMENTA Estudo de temas básicos da teologia cristã, enfocando: pneumatologia, eclesiologia e escatologia. Será analisada a doutrina bíblica sobre o Espírito Santo, enfatizando Sua obra e os dons espirituais, a partir da Bíblia, contrapondo com o enfoque do Pentecostalismo. Os conceitos da Igreja cristã e do Ofício do Ministério Eclesiástico serão examinados à luz da Escritura e documentos confessionais da Igreja. A doutrina da Escatologia tratará do ensino a respeito da segunda vinda de Cristo e os fatos dela derivados, com base na Escritura Sagrada. OBJETIVOS DA DISCIPLINA: GERAL: Dar a oportunidade ao aluno de conhecer o ensino bíblico sobre a pneumatologia, eclesiologia e escatologia, confrontando-o com ideologias contemporâneas e aplicando-o a situações de ensino e proclamação. ESPECÍFICOS: 1. Em relação a conhecimentos, espera-se que o aluno 1.1 - Compreenda os ensinamentos que a Escritura Sagrada expressa a respeito da doutrina do Espírito Santo, da Igreja e do Ministério Eclesiástico e da Escatologia. 1.2 - Conheça a literatura básica sobre os assuntos abordados na disciplina. 2. Em relação a habilidades, espera-se que o aluno 2.1 - Desenvolva a capacidade de pesquisar e organizar sistematicamente os resultados auferidos. 2.2 - Exercite sua aptidão de apresentar o resultado de suas pesquisas diante da turma em sala de aula. 2.3 - Avalie criticamente a literatura a respeito dos assuntos abordados, confrontando-a com o ensino da Escritura Sagrada. 2.4 - Relacione as doutrinas bíblicas em estudo à doutrina central da Escritura, a justificação do pecador perante Deus, por graça de Deus, por causa de Cristo, mediante a fé. 2.5 - Aplique os conteúdos estudados à situação contemporânea. 3. Em relação a atitudes, espera-se que o aluno 3.1 - Aprecie os conteúdos da doutrina bíblica como revelação da vontade divina para o ser humano. 3.2 - Aplique as doutrinas bíblicas apresentadas nas situações de ensino de forma positiva, à luz do Evangelho de Cristo. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1. Pneumatologia 1.1 - A Pessoa do Espírito Santo 1.2 - A Obra do Espírito Santo 1.3 - Dons do Espírito Santo 2. Eclesiologia 2.1 - A Doutrina da Igreja Cristã 2.2 - A Doutrina do Ministério Público 3. Escatologia 3.1 - A Doutrina das Últimas Coisas 3.2 - O Debate Contemporâneo sobre a Escatologia CRONOGRAMA CONTEÚDO DA DISCIPLINA 1
  • 2. 05.03 Apresentação, Bibliografia. A Pessoa do Espírito Santo. 12.03 A Obra do Espírito Santo. 19.03 Dons do Espírito Santo. 26.03 Análise do Documento: Spiritual Gifts. 02.04 A Doutrina da Igreja Cristã - Bíblia e Confissões Luteranas. 09.04 A Doutrina da Igreja Cristã - Sacerdócio Universal dos Cristãos. 16.04 A Doutrina do Ministério Público. 23.04 O Relacionamento entre Igreja e Ministério. Debate. 07.05 Prova do 1o Grau 14.05 Escatologia Inaugurada - o conceito de Reino de Deus 21.05 Escatologia - Princípios Hermenêuticos. 28.05 Doutrina Bíblica sobre a Morte. Debate: “O Estado Intermediário”. 04.06 Os Sinais dos Tempos do Fim. 11.06 A Segunda Vinda de Cristo. A Ressurreição dos mortos. 18.06 Juízo Final. O Fim do Mundo. Novos Céus e Nova Terra. Eternidade. 25.06 Prova do 2o Grau 02.07 Substituição de Grau 09.07 Exame Final AVALIAÇÃO: INSTRUMENTOS E CRITÉRIOS 1. Aulas Expositivas - Textos serão indicados para leitura anterior à aula. 2. Os alunos preparar-se-ão para dois debates, um em cada bimestre, onde assumirão um posicionamento teológico determinado com antecedência. A turma será dividida em três grupos, dois para o debate e um para o julgamento do mesmo. (20% da nota do bimestre). 3. Trabalho extra-classe com leitura de textos determinados (1o bimestre: CTCR: Spiritual Gifts; e Scaer: Caráter Cristológico ...; 2o bimestre: Flor, “Milenismo ...” e Voelz, “Reino de Deus ...”) e com preparação de tópicos a serem discutidos em aula. (30 % da nota do bimestre). 4. 2 Provas. (40 % da nota do bimestre). Obs.: A leitura de J.T. Mueller, nos capítulos correspondentes ao conteúdo de aula, é tida como pressuposto. 5. Participação em aula. (10% da nota do bimestre) BIBLIOGRAFIA a) Básica: Brakemeier, Gottfried. Reino de Deus e Esperança Apocalíptica. São Leopoldo: Sinodal, 1984. Bruner, Frederick Dale. Teologia do Espírito Santo. São Paulo: Vida Nova, 1983. Buss, Paulo W. Organizador. Lutero e o Ministério Pastoral. São Paulo, Escola Superior de Teologia, 1998. Commission on Theology and Church Relations of the Lutheran Church - Missouri Synod. The End Times - A Study on Escathology and Millenialism. Saint Louis: The Lutheran Church - Missouri Synod, 1989. ________. Spiritual Gifts. Saint Louis: The Lutheran Church - Missouri Synod, 1994. Hoekema, Anthony A. A Bíblia e o Futuro. Tradução de Karl H. Kepler. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989. Mueller, John T. Dogmática Cristã. Volume 2. Tradução de Martinho Lutero Hasse. Porto Alegre, Concórdia, 1960. Stephenson, John R. Escathology - Confessional Lutheran Dogmatics. Vol. XIII. Fort Wayne: The Luther Academy, 1993. Walther, C.F.W. Church and Ministry. Tradução de J.T. Mueller. St. Louis: Concordia Publishing House, 1987. Wunderlich, Lorenz. The Half-known God. St. Louis: Concordia Publishing House, 1963. b. Geral PNEUMATOLOGIA Braaten, Carl E. e Robert W. Jensen. Editores. Dogmática Cristã. Vol. II. Traduzido por Gerrit Delfstra e outros. São Leopoldo: Sinodal, 1995. Brakemeier, Gottfried. “O Espírito Santo e a Igreja Luterana.” Estudos Teológicos 40 / 2 (2000): 5-10. Bruner, Frederick Dale. Teologia do Espírito Santo. São Paulo: Vida Nova, 1983, pp. 179-225. Commission on Theology and Church Relations of the Lutheran Church - Missouri Synod. Movimento Carismático. Tradução de Arnaldo Schüler. Porto Alegre: Concórdia, 1977. 2
  • 3. ________. Spiritual Gifts. Saint Louis: The Lutheran Church - Missouri Synod, 1994. Conselho Mundial de Igrejas. Vem, Espírito Santo, Renova Toda a Criação. Tradução de Jaci Maraschin. São Paulo: CEDI, 1990. Das, A. Andrew. “Acts 8: Water, Baptism and the Spirit.” Concordia Journal 19/2 (Abril 1993): 108-134. Engelbrecht, Edward A. “’To Speak in a Tongue’: The Old Testament and Early Rabbinic Background of a Pauline Expression.” Concordia Journal 22/3 (Julho 1996): 295-302. Goerl, Otto A. Curas e Milagres. Porto Alegre: Concórdia, 1980. Haag, Nereu. “Lutero e a Doutrina do Espírito Santo.” Igreja Luterana 41 (3o Trimestre de 1981): 8-18. Harm, Frederick R. “Distinctive Titles of the Holy Spirit in the Writings of John.” Concordia Journal 13/2 (Abril 1987): 119-135. Heimann, Leopoldo. Ed. Dons Carismáticos. Porto Alegre: Concórdia, 1988. Nagel, Norman. “The Spirit’s Gifts in the Confessions and in Corinth.” Concordia Journal 18/3 (Julho 1992): 230-243. Prenter, Regin. Spiritus Creator. Traduzido por John M. Jensen. Philadelphia: Fortress Press, 1953. [Ver Haag, “Lutero e a Doutrina do Espírito Santo.”] Sasse, Hermann. “Creio no Espírito Santo.” Igreja Luterana (4o Trimestre 1979): 5-23. Schulz, Klaus Detlev. “Tension in the Pneumatology of the Missio Dei Concept.” Concordia Journal 23/2 (Abril 1997): 99-107. Westphal, Euler R. “As Mediações das Experiências do Espírito Santo.” Estudos Teológicos 40 / 2 (2000): 11-20. Wunderlich, Lorenz. The Half-known God. St. Louis: Concordia Publishing House, 1963. ECLESIOLOGIA Beck, Nestor Luiz João. “O Chamado ao Ministério à Luz do Artigo XIV da Confissão de Augsburgo.” Igreja Luterana 54/2 (Novembro 1995): 131-137. Bohlmann, Ralph. “Celebração da Concórdia.” Tradução de Gastão Thomé. Igreja Luterana 38 (1o e 2o Trimestres de 1978): 41-76. Commission on Theology and Church Relations of the Lutheran Church - Missouri Synod. The Ministry: Offices, Procedures and Nomenclature. 1981. ________. Women in the Church. 1985. Elert, Werner. “The Church.” In: The Structure of Lutheranism. Tradução de Walter A. Hansen. Páginas 255- 402. St. Louis: Concordia Publishing House, 1962. Faller, Leonério. “Mulheres Missionárias.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico 12/2 (1997): 51-76. Joerz, Jerald C. e Paul T. McCain. Church and Ministry - The Collected Papers of the 150 th Anniversary Theological Convocation of the Lutheran Church - Missouri Synod. St. Louis: The Lutheran Church - Missouri Synod, 1998. Kittel, Gerhard. Ed. A Igreja no Novo Testamento. Tradução de Helmuth Alfredo Simon. São Paulo: ASTE, 1965, pp. 15-61. Kolb, Robert. “Hermann Sasse’s ‘Theses on the Question of Church Fellowship and Altar Fellowship’ of 1937.” Concordia Journal 26/2 (Abril de 2000): 104-114. Kuchenbecker, Horst. “Santa Ceia - A Prática da Comunhão Fechada.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico 12/1 (1997): 47-66. Linden, Gerson L. “Ministério Feminino - Anotações a Partir do Novo Testamento.” Vox Concordiana 12/1 (1997): 21-46. Nagel, Norman. “The Doctrine of the Office of the Holy Ministry in the Confessions and in Walther’s Kirche und Amt.” Concordia Journal 15/4 (Outubro 1989): 423-446. Nispel, Mark. “The Keys as ecclesias datae and potestas episcoporum.” Concordia Journal 26/2 (Abril de 2000): 115-137. Pragman, James H. Traditions of Ministry. St. Louis: Concordia, 1983. Preus, Robert D. “A Doutrina do Chamado nas Confissões e Ortodoxia Luterana.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico 10/2 (1995): 13-57. ________. “Base para a Concórdia.” Igreja Luterana 38 (1o e 2o Trimestres de 1978): 3- Rehfeldt, Mário L. O Desenvolvimento do Conceito de Igreja de Lutero até 1521. Porto Alegre: Concórdia, 1966. Sasse, Hermann. Eucharist and Church Fellowship in the First Four Centuries. Tradução de Norman E. Nagel. Saint Louis: Concordia, 1966. ________. We Confess the Church. Tradução de Norman Nagel. St. Louis: Concordia Publishing House, 1986. 3
  • 4. Scaer, David P. “O Caráter Cristológico do Ministério”. Tradução de Gerson L. Linden. Igreja Luterana 57/2 (Novembro de 1998): 153-160. Schmidt, Gustavo H. e Paulo M. Nerbas. “Pastor, Equipador dos Santos? O Ministério Pastoral à Luz de Efésios 4.12.” Igreja Luterana 59/1 (Junho de 2000): 3-25. Schrieber, Paul L. “Power and Order in the Church ‘according to the Gospel’: In Search of the Lutheran Ethos.” Concordia Journal 26/1 (Janeiro de 2000): 5-23. Seibert, Erni W. “Busca de Unidade na Confissão de Fé.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico 11/2 (1996): 95-107. ________. Congregação Cristã - Enfoques Teológicos e Práticos. São Paulo: Escola Superior de Teologia, 1988. ________. “Ministros Chamados para Servir.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico 3/1 (1987): 13-19. Teixeira, Ivonelde S. “A IELB e o Aproveitamento de Candidatos não Ministeriais.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico 14/2 (1999): 59-72. Walther, C.F.W. Church and Ministry. Tradução de J.T. Mueller. St. Louis: Concordia Publishing House, 1987. ________. “Poder e Autoridade na Igreja.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico. 10/2 (1995): 4-12. Warth, Martim C. “Caminho para a Concórdia.” Igreja Luterana 38 (1o e 2o Trimestres de 1978): 19-40. Zeuch, Manfred K. “A Comunhão na Confissão é Comunhão Eclesiástica? Aspectos Críticos da eclesiologia da Federação Luterana Mundial.” Igreja Luterana 55/2 (Novembro de 1996): 149-172. ________. “Elementos de uma Eclesiologia Luterana Contemporânea: Igreja e Sacramentos em Wolfhart Pannenberg.” Igreja Luterana 58/2 (Novembro de 1999): 181-201. Zimmer, Rudi. “O Sacerdócio Universal dos Crentes.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico 4/1 (1988): 6-11. ESCATOLOGIA Allison, Dale C. The End of the Ages Has Come - An Early Interpretation of the Passion and Resurrection of Jesus. Edinburgh: T. & T. Clark, 1987. Beasley-Murray, G.R. Jesus and the Kingdom of God. Grand Rapids: Eerdmans; Exeter: Paternoster, 1986. Brakemeier, Gottfried. Reino de Deus e Esperança Apocalíptica. São Leopoldo: Sinodal, 1984, pp. 5-67. Commission on Theology and Church Relations of the Lutheran Church - Missouri Synod. A Statement on death, resurrection and Immortality. 1969. ________. The End Times - A Study on Escathology and Millenialism. Setembro de 1989. Cullmann, Oscar. Immortality of the Soul or Resurrection of the Dead? The Witness of the New Testament. London: The Epworth Press, 1958. ________. “Imortalidade da Alma ou Ressurreição dos Mortos.” In Das Origens do Evangelho à Formação da Teologia Cristã, traduzido por Daniel Costa. São Paulo: Novo Século, 2000. Pp. 183-210. Elert, Werner. Last Things. Traduzido por Martin Bertram. St Louis: Concordia, 1974. Erickson, Millard J. Opções Contemporâneas na Escatologia - Um Estudo do Milênio. São Paulo: Vida Nova, 1982. Flor, Paulo. “O Milenismo à Luz de Apocalipse 20.1-10.” Vox Concordiana - Suplemento Teológico 13/2 (1998): 41-61. Gloer, W. Hullit. Ed. Escathology and the New Testament - Essays in Honor of George Raymond Beasley- Murray. Peabody: Hendrickson, 1988. Hoekema, Anthony A. A Bíblia e o Futuro. Tradução de Karl A. Kepler. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989. Heimann, Leopoldo. “Novos Céus e Nova Terra.” Igreja Luterana 31 (1970): 2-37. Hoerber, Robert G. “Immortality and Resurrection: A Critical Exegetical Study.” Concordia Journal 3/2 (Março 1977): 56-70. Kettner, Edward G. “Time, Eternity and the Intermediate State.” Concordia Journal 12/3 (Maio 1986): 90- 100. Kunstmann, W. "Quiliasmo". Igreja Luterana 11/7,8 (Julho, Agosto 1950): 121-127; 12/3,4 (Março, Abril 1951): 59-67. Ladd, George Eldon. The Presence of the Future - The Eschatology of Biblical Realism. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1976. Lindberg, Carter. “Eschatology and Fanaticism in the Reformation Era: Luther and the Anabaptists.” Concordia Theological Quarterly 64 / 4 (Outubro 2000): 259-278. Long, Thomas G. “The Life to Come: Preaching with Hope.” Concordia Journal 22/4 (Outubro 1996): 352- 369. 4
  • 5. Mueller, John Theodore. “Das Últimas Coisas.” In: Dogmática Cristã. Volume 2. Páginas 293-325. Tradução de Martinho Lutero Hasse. Porto Alegre: Concórdia, 1960. Nichols, Larry. “Sectarian Apocalypticism in Mainline Christianity.” Concordia Theological Quarterly 64 / 4 (Outubro 2000): 319-335. Raymann, Acir. “Prolegômenos à Escatologia do Antigo Testamento.” Igreja Luterana 50/1 (1991): 36-46. Reuter, T. "Jó 19.25-27". Igreja Luterana 6/1,2 (Janeiro, Fevereiro 1945): 8-13. Scaer, David P. “Death and Resurrection as Apocalyptic Event.” Concordia Theological Quarterly 64:4 (Outubro 2000): 279-294. Shedd, Russell P. A Escatologia do Novo Testamento. 2a edição. São Paulo: Vida Nova, 1985. Shedd, Russell P. E Alan Pieratt. Eds. Imortalidade. São Paulo: Vida Nova, 1992. Stephenson, John R. Escathology - Confessional Lutheran Dogmatics. Vol. XIII. Fort Wayne: The Luther Academy, 1993. Voelz, James W. “Reino de Deus e Escatologia Bíblica”. Polígrafo. Warth, Martim C. “O Reino de Deus.” Igreja Luterana 45 (4o Trimestre de 1985): 145-162. Weinrich, William C. "Antichrist in the Early Church". Concordia Theological Quarterly 49/2,3 (Abril-Julho 1985): 135-147. Wilch, John R. "The Land and State of Israel in Prophecy and Fulfilment". Concordia Journal 8/5 (Setembro 1982): 172-178. Zeuch, Manfred. “A Salvação Universal e a Escatologia no pensamento de Wolfhart Pannenberg.” Igreja Luterana 56/1 (Junho 1997): 39-58. PNEUMATOLOGIA A Doutrina do Espírito Santo e Seus Dons O DEUS POUCO CONHECIDO1 1. UM DEUS POUCO CONHECIDO E POUCO USADO “A asserção de que a teologia do Espírito Santo sofre de negligência é feita para enfatizar um fato trágico que tem estado em evidência, com algumas exceções, desde o segundo século da era cristã. Há relativamente poucas referências ao Espírito pelos Pais Apostólicos. Além disso, quando tais referências são encontradas, não é raro encontrá-las identificando o Espírito Santo com o Cristo pré-existente. ... Além disso, uma das formas antigas do Credo Apostólico que chegou até nós contém muitas das caracterizações confessionais familiares sobre o Pai e o Filho, mas conclui com a simples frase ‘e no Espírito Santo’. “Similarmente, a forma mais antiga do Credo Niceno, adotado no Concílio de Nicéia, em 325 A.D., acrescenta afirmações mais detalhadas sobre as duas primeiras Pessoas da Trindade, mas se satisfaz com uma virtual repetição, a frase ‘e no Espírito Santo’. ... “Este é um fenômeno religioso extremamente estranho, pois a era apostólica está literalmente cheia de testemunhos sobre o Espírito Santo. Assim, as afirmações do Filho de Deus nos Evangelhos descrevem um ministério rico e variado do Espírito de Deus. O livro de Atos constitui-se em um registro divino extremamente vívido dos resultados benditos do ministério do Espírito na vida de cristãos individuais e nas congregações cristãs. As Epístolas de Paulo oferecem tantas alusões à Pessoa e obra do Espírito Santo quantas são encontradas nos Evangelhos e no livro de Atos juntos.” (16,17) Uma das causas para a pouca ênfase dada no período pós-apostólico é que os pronunciamentos da Igreja se davam em grande parte frente a controvérsias teológicas. Daí que a Cristologia do período pós- apostólico é tão rica, pois teve de fazer frente a controvérsias doutrinárias que se concentravam na pessoa de Cristo. (18) “... nenhuma seção sobre o Espírito Santo foi incluída na Confissão de Westminster (1643) ... somente no início deste século esta omissão foi corrigida em um dos grandes grupos protestantes da América, e apenas após prolongada controvérsia (A Igreja Presbiteriana nos EUA acrescentaram um capítulo ‘Do Espírito Santo’ em 1902).” (19,20) “Robert E. Cushman atribui esta negligência a três fatores: (1) a ascensão do mundo científico, com seus desafio à soberania de Deus; (2) a influência viciante do Pelagianismo com sua ênfase na realização moral do homem; (3) a tendência de Schleiermacher e seus seguidores de substituírem o ministério do Espírito pela experiência religiosa do homem.” É interessante notar que cada uma destas três explicações envolve um 1 Resumo do livro: Lorenz Wunderlich, The Half-Known God, St. Louis: Concordia Publishing House, 1963. Os números entre parênteses referem- se às páginas do livro. 5
  • 6. demérito a Deus e uma elevação do homem, uma substituição da graça de Deus pelas realizações do homem, uma deificação em menor escala do super-homem espiritual, um tipo de religião faça-você-mesmo. (21) A negligência à importância da doutrina do Espírito Santo pode ser explicada por uma série de motivos na vida dos cristãos: “... falta de conhecimento do vigor da teologia do Espírito Santo, assim como ela é revelada nas Escrituras. “... o pressuposto enganoso de que este ministério é tanto em teoria como na prática mais remoto que muitas outras verdades divinas. “Para muitos, as verdades concernentes ao Espírito Santo permanecem mais remotas simplesmente porque elas não se tornaram tão presentes e vibrantes em nossa vida diária como Deus quer que sejam.” (22) 2. O SENHOR DA VIDA “O Senhor e Doador da vida - esta frase do Credo Niceno proclama tanto a identidade daquele que é assim caracterizado, como Sua relação à existência e à continuidade da vida física.” (27) “... com uma exceção, exatamente a mesma base que a Escritura oferece para considerar que Jesus Cristo é uma pessoa, é oferecida a nós para falar da personalidade, da pessoa do Espírito Santo - e esta exceção é a encarnação do Filho de Deus. Uma pessoa é normalmente associada com as características de intelecto, sensibilidade e vontade.” (28) “O Espírito Santo é apresentado com as características de uma pessoa. O profeta Isaías se refere às qualidades e habilidades pessoais do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, conhecimento, conselho, força e o temor do Senhor (11.1,2). O extensivo catálogo de dons e habilidades espirituais listados por Paulo, tais como sabedoria, conhecimento, fé, curas, profecia e interpretação são concedidos aos cristãos pela vontade do Espírito (1 Co 12.11). Compreensão dos pensamentos de Deus é a habilidade específica do Espírito de Deus (2.11). “O Espírito Santo também atua como uma pessoa. Ele luta contra e restringe o mal, e sustenta aquilo que é bom. Nos dias de Noé foi o Espírito de Deus que estava perdendo a paciência diante da crescente perversidade humana (Gn 6.3), enquanto que no tempo de Isaías, é o mesmo Espírito que serve como protetor de Seu povo contra os ataques de seus inimigos (59.19). O Senhor da aliança foi glorificado por Neemias e Isaías porque Seu Espírito foi o instrutor e guia de Seu povo durante sua jornada no deserto (Ne 9.20; Is 63.14). A presença e poder do Espírito são a garantia de Deus para Zorobabel de sucesso em sua gigantesca tarefa de reconstruir o templo de Jerusalém (Zc 4.6). “Estes traços pessoais do Espírito são especialmente vívidos na promessa do Salvador aos Seus discípulos. Após o afastamento físico de seu Senhor, Seu Espírito irá confortá-los, testificando a eles a respeito de Jesus (Jo 15.26). Este testemunho está firmemente baseado no fato de que o Espírito conhece o Filho e o Pai (Jo 16.13). Comissionado pelo Pai e o Filho, o Espírito Santo deverá ser o divino mestre para os apóstolos para seu próprio entendimento e força, assim como também para o sucesso de seu ministério entre os homens (14.26). Como um auxílio poderoso para a eficácia de sua mensagem, o Espírito convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). (29,30) “O Espírito Santo é, além disso, mostrado emitindo ordens e proibições em favor do Reino e colocando limitações no trabalho ligado a ele.” At 8.29 - ordenando a Filipe que vá para junto do eunuco etíope; 10.19,20 - que Pedro pregue para Cornélio; 13.2,4 - instrui para que Paulo e Barnabé sejam comissionados para um trabalho especial; 16.6,7 - intervém para que Paulo e Silas não sigam para a Ásia e Bitínia; Rm 8.26 - orando com os crentes. (30) “O Espírito não apenas age como uma pessoa; Ele também reage como uma pessoa.” Pode-se apelar com sucesso para Ele - Ez 37.9,10; pode ser entristecido - Ef 4.30; Sua graça pode ser resistida - At 7.51; pode-se mentir para Ele - At 5.3-10; é provocada em Sua ira - Hb 10.29; pode ser blasfemado pelo homem, num pecado dito imperdoável pelo próprio Jesus - Lc 12.10. (30,31) “Certamente que simplesmente um poder, manifestação, modo ou emanação não poderiam realizar todos estes atos, atos que são normalmente atribuídos a uma pessoa. Nem pode um mero poder, influência, manifestação ou emanação apresentar tais reações. Portanto, aqueles que rejeitam a personalidade do Espírito Santo também rejeitam a autoridade e veracidade da Palavra de Deus.” (31) “Outra ênfase da pessoa do Espírito Santo é a associação e justaposição nas quais a Escritura O coloca junto com outras pessoas, divinas e humanas.” Mt 28.19; 2 Co 13.13; At 15.28. (31) Apesar de a palavra para “Espírito” ser um vocábulo neutro no grego, por vezes aplica-se a Ele formas pronominais masculinas - Jo 16.13,14. “De fato, o recurso literário de personificação, a aplicação de atributos pessoais a um objeto inanimado ou a uma idéia abstrata, é comum. Quando é empregado, no entanto, tal personificação é geralmente bem evidente e pretende clarificar, e não esconder o significado. Por isso inferimos que as formas masculinas do pronome nas passagens mencionadas acima pretendem afirmar a personalidade do Espírito Santo.” (32) 6
  • 7. O Espírito Santo é verdadeiramente Deus. A Ele são atribuídos os mesmos nomes que são atribuídos a Deus - Is 61.1; Mt 10.20; 2 Co 3.3; 1 Pe 1.10-12: Gl 4.6; Rm 8.9. (32,33) O Espírito Santo é identificado com Deus - 2 Sm 23.2,3; At 28.25-27 (comp. Is 6); Mt 12.31,32; At 5.1-4. (33,34) O mesmo em relação às características de Deus, que são atribuídas ao Espírito Santo. (34) “De acordo com as Escrituras, o Espírito Santo tem e usa o poder de Deus. Isto é demonstrado incontestavelmente naqueles tremendos feitos de Deus aos quais normalmente nos referimos como criação, regeneração e santificação. Apenas Deus pode criar, apenas Deus pode conceder vida espiritual naqueles que estão espiritualmente mortos, apenas Deus pode tornar santos aqueles que são pecadores. Como será visto com maiores detalhes mais adiante, o Espírito de Deus está intimamente associado a cada um destes atos de Deus. De fato, a repetida e variada ênfase da Palavra de Deus nos impele à convicção de que nossa vida física, nossa vida cristã no tempo e nossa vida santificada na eternidade seria não apenas incompleta, mas também impossível, sem a atividade do Espírito, que está associada à obra do Pai e do Filho.”(34) 3. O SENHOR DA VIDA E A PALAVRA DA VIDA “Deus não quis ser uma idéia abstrata, um mero construto filosófico ou teológico. Ele quis se tornar reconhecível ao homem. Assim sendo, a primeira preocupação do Espírito Santo é trazer Deus ao homem e o homem para Deus. Este vivificante Espírito de Deus , este Senhor da vida é, portanto, também o autor da Palavra da vida, as Escrituras Sagradas, a inerrante revelação de Deus à humanidade.” (41) “É importante enfatizar alguns aspectos que distinguem revelação de inspiração. Revelação é um ato de Deus através do qual Ele torna conhecidas ao homem verdades previamente desconhecidas ao homem. A inspiração, entre outras coisas, também envolve a direção de Deus que guia Seus representantes proféticos e apostólicos para preservar esta revelação divina, estas verdades divinas, para a instrução da humanidade. Para ilustrar, toda a Escritura é resultado da inspiração divina, mas nem todo fato na Escritura é produto da revelação divina.” (44) A Escritura, em muitas situações, atribui ao Espírito Santo o papel de revelador: Nm 11.25,29; 2 Sm 23.2; Mt 22.43; Sl 110.1; Ez 2.2; Mq 3.8-12; Sl 41.9 (cf. At 1.16); Is 6.9 (cf. At 28.25); Hb 10.15. (47,48) “”É evidente que um pré-requisito essencial para os porta-vozes de Deus nas Escrituras era esta revelação da parte de Deus. É também significativo que este trabalho especial é tão freqüentemente atribuído ao ministério do Espírito Santo. É significativo porque a inspiração atribuída ao mesmo Espírito pressupõe a revelação anterior, que a tornou possível.” (48) “A doutrina da inspiração das Escrituras tem sido a posição da maior parte das Igrejas Protestantes. ... A importância desta doutrina dificilmente pode ser por demais enfatizada. Ela pode ser reduzida à alternativa simples, mas consistente: Ou as Escrituras constituem a infalível Palavra de Deus, produzida de forma sobrenatural, ou elas são simplesmente documentos de seres humanos piedosos e dedicados, que são sujeitos às inevitáveis falácias humanas.” “Esta doutrina da inspiração, que a Igreja tem sustentado em todas as suas gerações, permanece, não porque seus defensores conseguem clamar em voz mais alta do que seus oponentes, nem em virtude de qualquer defesa humana, mas devido ao fato de que ela está contida nos próprios oráculos divinos. Visto estar assim contida nos oráculos de Deus, nenhum santo ou apóstolo poderia agir de outra forma senão crer na palavra que Deus falou.” (Lewis S. Chafer, Systematic Theology, 64) (49) “Como é o Espírito Santo especificamente mencionado em conexão com a inspiração das Escrituras? Seguiremos quatro linhas principais de evidência: (1) a declaração dos escritores do Antigo Testamento de que eram porta-vozes do Espírito Santo; (2) o apoio que o Salvador e Seus apóstolos ofereceram para estas afirmações; (3) o guiar divino através do Espírito Santo que o Senhor Jesus promete aso Seus apóstolos para eles próprios e para sua mensagem; e (4) o insistente clamor dos apóstolos de que eles receberam e transmitiram as verdades de Deus através do Espírito de Deus.” (50,51) (1) - 2 Sm 23.2; Is 59.21; Ez 11.5; Mq 3.8. (2) - Mt 22.42-46 e Mc 12.35-37 (cf. Sl 110.1); At 1.16 (Sl 41.9); At 28.25 (Is 6.9). “A real importância destas declarações é que os porta-vozes de Deus no Antigo Testamento tinham verdades vitais que eles precisavam comunicar a sua própria geração e às posteriores, e que Aquele que revelou estas verdades para eles, isto é, o Espírito Santo, é também Aquele que salvaguardou sua precisão e correção ao ponto de que elas seriam reconhecíveis e aplicáveis aos santos de Deus muitos séculos mais tarde. Por isso Pedro nos informa que era o Espírito de Deus nos profetas que os levaram a predizer ‘os sofrimentos de Cristo e a glória subseqüente.’ Então acrescenta estes detalhes significativos: ‘foi revelado a eles que eles estavam servindo não a eles próprios, mas a vós 7
  • 8. nas coisas que vos foram anunciadas por aqueles que vos pregaram as boas novas.’ (1 Pe 1.11) (52) (3) - Jo 14.26; 16.12-15 “a) Cristo declara especificamente que mesmo para Seus apóstolos Ele deixaria muitas coisas não reveladas durante Sua vida terrena (v. 12); b) mas Ele também assegura que tal revelação será dada pelo Espírito (v. 13); c) os recipientes da revelação do Espírito hão de ser os apóstolos a quem Cristo está se dirigindo; e d) com tal verdade e direção do Espírito Santo, os apóstolos hão de ser porta-vozes de Deus, cuja mensagem dada pelo Espírito deve ter a mesma autoridade que a de Cristo. (13.20; 17.20)” (53) (4) - 1 Co 2.10; Ef 3.5; 1 Tm 4.1; Ef 6.17; 1 Co 2.12,13; 1 Pe 1.12. (51-54) Lutero: “A Escritura Sagrada é o livro dado por Deus Espírito Santo a sua igreja, no qual ela deve aprender o que ela (a igreja) é, o que ela deve fazer, o que deve sofrer, onde ela deve permanecer. Onde o livro para, a igreja para; pois Ele diz que Sua igreja não ouvirá a voz do estranho (Jo 10.5).” (“Exempel, einen rechten christlichen Bischof zu weihen” [1542] Dr. Martin Luthers Sämmtliche Werke, XXVI [Erlangen: Verlag von Carl Heyder, 1830], 100.) (54) “É pela mesma razão que a Fórmula de Concórdia pode asseverar que o Espírito Santo é o Expositor das Escrituras (FCDS II 26). E por esta razão seus escritores crêem, ensinam e confessam - e nós com eles - ‘que os escritos proféticos e apostólicos do Antigo e Novo Testamentos são a única regra e norma de acordo com a qual todas as doutrinas e mestres devem ser louvados e julgados.’ (FC Ep I 1)” (55) 4. O SENHOR DA VIDA E A PALAVRA VIVA “Aquele que é o Espírito do Pai é também o Espírito de Jesus Cristo, e as Escrituras revelam um relacionamento íntimo entre o ministério de Deus, o Espírito e de Deus, o Filho. Na verdade, o detalhe e a variedade deste ministério é muito mais explícito na Escritura do que aquele que é descrito existindo entre o Espírito e o Pai. “Bem entendido, a obra do Espírito de Deus é messiânica. Não se pretende com isto declarar que o Espírito Santo é nosso redentor. Isto afirma, porém, que Ele está intimamente relacionado às diversas fases da obra do Redentor e com os vários aspectos de nossa redenção.” (59) “Repetidamente na profecia do Antigo Testamento, o Espírito de Deus está intimamente relacionado ao tempo messiânico, ao propósito messiânico e ao reino messiânico (Is 32.15-18; 44.3-5; Ez 36.26- 31; Zc 12.10). O deserto dos corações dos homens hão de ser transformados em um campo espiritual frutífero; a aridez das vidas humanas há de ser saturada com a umidade espiritual e vestida na verdura espiritual; a rebelião da ação humana há de ser convertida em obediência e conformidade à vontade divina - tudo como um resultado da dádiva do Espírito aos homens.” (62) “No Novo Testamento Deus segue revelando a atividade multiforme do Espírito de Deus em e através do Filho de Deus. Isto é claramente demonstrado na concepção milagrosa de nosso Senhor através do Espírito Santo, em Seu Batismo, Sua tentação, Seu ministério de ensino e cura, Seu Sacrifício vicário, ressurreição e glorificação.” (62) “Foi o Espírito Santo que, de uma forma misteriosa, plantou a semente da vida no ventre da virgem Maria. Enquanto Ele pode ser corretamente chamado de Causa ou Agente desta concepção milagrosa, a Escritura nunca atribui a Ele paternidade divina do Filho encarnado. “Isto obviamente não exclui o interesse e atividade do Pai e do Filho na encarnação de Jesus Cristo. Neste momento também, como em toda parte no relato bíblico sobre os grandes feitos de Deus, todos os três, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, estão ativos. “Não obstante, apesar da concepção ter sido um ato do Deus Triúno, ela foi, em um sentido especial, a obra do Espírito Santo. Ele foi, de uma forma especial, a causa eficiente da encarnação do Filho de Deus.” (64) “O Espírito está em ainda maior evidência em Sua relação com Jesus em Seu batismo, por João Batista. ... “...todos os Evangelhos atestam que o Espírito desceu sobre Jesus na forma de uma pomba. O que isto significa, somos incapazes de estabelecer completamente. Mas nós sabemos com certeza o que isto não pode significar. Não apenas a verdade sobre a divindade de nosso Senhor, mas também aquela da Trindade impedem qualquer inferência de que o Espírito de Deus concedeu aqui poderes e habilidades ao Filho de Deus que Ele não possuía antes. (65) “Um propósito tríplice está imediatamente aparente : “Para João Batista, a descida do Espírito serviu como a identificação dada por Deus daquele de quem ele seria o mensageiro e a quem ele iria dirigir outros como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. ... (Jo 1.32,33) 8
  • 9. “Para Jesus, a descida do Espírito foi um anúncio público da parte do Pai de que as obrigações e funções de Seu ministério messiânico estavam iniciando. A conexão íntima e inseparável entre o Espírito Santo e o Messias nos é apresentado repetidamente como um ungir. ... Is 61.1; Hb 1.8,9 ... Pela voz do Pai vinda do céu e pela unção do Espírito Santo, o Deus-homem recebeu a aprovação celestial para a inauguração de Seu ministério público entre os homens. Um escritor resume isto muito apropriadamente desta forma: ‘Em uma forma misteriosa, de uma forma além de nossa compreensão, de acordo com o plano do Deus Trino para a nossa salvação, o Espírito Santo estava encarregado da obra redentora do Filho encarnado; Ele estabeleceu o tempo messiânico, por assim dizer. Portanto agora, em cumprimento à profecia e como um ato de instalação solene ... o Espírito Santo desceu sobre Ele e permaneceu sobre Ele. “E o que isto significa para os cristãos? Tudo o que Cristo faz e tudo o que é feito para Cristo é da maior importância. Quando, pois, o Espírito desceu sobre Jesus, isto significou que as relevantes profecias do Antigo Testamento foram cumpridas; significou que Deus foi fiel às Suas promessas; significou que o ministério redentor do Salvador foi oficial, formal e publicamente iniciado.” (66,67) “Os eventos subseqüentes ao batismo de Jesus demonstram plenamente que a doação do Espírito assinalou o início dos serviços messiânicos. Estes eventos também enfatizam a força do Espírito Santo na obra do Messias. Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas enfatizam esta verdade quando revelam que foi pelo guiar do Espírito que Jesus foi levado ao deserto para a tentação pelo diabo. Lucas oferece o relato mais detalhado: ‘E Jesus, estando cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi conduzido pelo Espírito para o deserto.’ (4.1) Deve-se notar que o uso do Imperfeito do verbo nesta passagem mostra que isto não foi meramente um ato momentâneo da parte do Espírito, mas que continuou durante toda a tentação no deserto. A clara implicação, pois, é que o Espírito Santo estava com Jesus através de toda a tentação de Satanás, guiando e assistindo-O no vencer as tentações. Isto é também firmado por outra declaração do mesmo evangelista na bem sucedida conclusão desta experiência por Cristo: ‘E Jesus voltou no poder do Espírito para a Galiléia.’ (v. 14) “E qual seria o propósito glorioso de tudo isto? Assim como em tantos outras situações, também aqui Jesus é tanto substituto como exemplo. ... (Hb 2.17,18) (68) “Mesmo nos vários milagres de Cristo, a influência e agência do Espírito Santo são evidentes. ... os milagres de Jesus foram realizados em parte para autenticar Seu testemunho a respeito de Si próprio como o Filho de Deus. Seus milagres também eram uma parte integrante de Seu ministério messiânico. “Os evangelhos citam duas situações nas quais o poder milagroso de Jesus está relacionado ao ministério do Espírito Santo. Um é encontrado na citação de nosso Senhor da profecia de Isaías 61.1,2 (Lc 4.17- 19).... “O segundo e mais específico alinhamento do Espírito Santo com o Filho de Deus na execução dos milagres encontra-se em Mateus 12.28. ... Apesar de que isto não é especificamente declarado em conexão com outros exemplos nos quais possessão demoníaca foi curada por Jesus, uma implicação evidente desta passagem é que outros casos seguem o mesmo padrão.” (69,70) “O Espírito Santo também sustentou Jesus em Seu sofrimento. ... as Escrituras revelam que Cristo ofereceu-se a Si mesmo a Deus na morte, pelo Espírito Santo. (Hb 9.14) (71) Duas passagens têm recebido interpretação que favorece a afirmação de que o Espírito Santo, junto com o Pai e o próprio Filho, foi a causa eficiente da ressurreição de Jesus - Rm 1.4; 1 Pe 3.18 (?). (72) 5. O SENHOR DA VIDA E A VIDA DA IGREJA O Espírito e a Igreja do Antigo Testamento. “Ezequiel freqüentemente menciona a ação do Espírito em transportá-lo, seja corporalmente, seja em uma visão, aos locais de sua missão. No livro dos Juízes, a coragem e força concedidas pelo Espírito para a realização de tarefas específicas são aludidas em cada uma das sete referências feitas ao Espírito neste livro. É o Espírito da sabedoria que é especialmente mencionado em Êxodo. A ênfase nos livros de Samuel e Crônicas está sobre o Espírito como o Doador da inspiração profética. A ênfase dupla nos Salmos e em Isaías está sobre as características e reações do Espírito, tais como o de ficar entristecido ou irado pela ingratidão e rebelião, e especialmente em Seu vínculo com o ministério público do Messias. “De maneira geral, o ministério do Espírito Santo no Antigo Testamento está em evidência em duas áreas: (1) aquele que Ele dirige para a criação e a humanidade em geral; (2) aquele que Ele realiza especificamente para Sua Igreja. O primeiro tem sido chamado de ‘relações cósmicas ou mundiais do Espírito de Deus’.2 A respeito deste ministério, o teólogo holandês Abraham Kuyper afirmou: ‘A obra do espírito Santo não está confinada aos eleitos e não inicia com a regeneração destes; mas ele toca a toda a criatura, animada e inanimada ... consiste em gerar e sustentar a vida, no que se refere ao existir e aos talentos...’.3 A segunda área de atividade do Espírito, na Igreja, tem sido chamada de ‘relações teocráticas ou redentoras do Espírito de 2 W.H. Griffith Thomas, The Holy Spirit of God; Lectures at Princeton Theological Seminary , p. 11 3 The Work of the Holy Spirit , p. 46. 9
  • 10. Deus’.4 Aplica-se a Israel como uma congregação cristã da escolha graciosa de Deus, assim como também aos cristãos individuais, dirigidos pela graça e vontade de Deus.” (78-80) O Espírito Santo tem uma atuação fundamental na história do povo de Deus, enquanto estado teocrático, particularmente agindo nos homens-chave desta história. José era um homem cheio do Espírito de Deus (Gn 41.38). “Mais tarde, depois da libertação de Seu povo da escravidão egípcia, Deus providenciou uma liderança movida pelo espírito, com Moisés e Arão. O Senhor usou estes homens para realizar Seus propósitos divinos, assim que o profeta Isaías identificou o Espírito Santo como o verdadeiro Líder de Israel durante a vida deste povo no deserto (63.14). A analogia é tanto mais dinâmica porque as necessidades do povo de Deus são comparadas à dependência que os animais domésticos têm das pessoas. No catálogo das bênçãos que Deus trouxe ao Seu povo na peregrinação pelo deserto ... encontramos também a declaração ‘E lhes concedeste o teu bom Espírito, para os ensinar’ (Ne 9.20).” (81) “Há também uma insistente repetição de que a liderança política em Israel foi abençoada em suas funções oficiais, pelo Espírito do Senhor. ... os setenta anciãos foram equipados com o dom da profecia pelo Espírito Santo (Nm 11.25). ... Josué foi escolhido como o sucessor de Moisés no final da vida deste, e a caracterização fundamental para um ofício tão elevado se encontra nas palavras do Senhor, ‘homem em quem há o Espírito’ (Nm 27.18).” (81) “No período dos Juízes, homens como Otniel, Gideão, Jefté e Sansão foram escolhidos por Deus como libertadores de seu povo da opressão; em cada caso, a competência para esta tarefa divina é afirmada nesta verdade: ‘E o Espírito do Senhor veio sobre ele’ (Jz 3.10; 6.34; 11.29; 14.6). Após ser ungido por Samuel, como o primeiro rei de Israel e durante os primeiros anos de seu reinado, Saul teve a assistência e direção do Espírito do Senhor (1 Sm 10.10).” O mesmo vale para Davi (1 Sm 16.13; Sl 51.11; 2 Sm 23.2). “Após o exílio babilônico, nos dias da reconstrução de Jerusalém e seu templo, Zorobabel foi assegurado de que seu sucesso não dependia de força ou poder, mas do Espírito do Senhor (Zc 4.6)” (82) “Os dons do Espírito são também evidentes na vida religiosa de Israel. A construção de sua casa de adoração, sustentação do bem e oposição ao mal, a proclamação dos profetas - tudo estava sob a supervisão do Espírito Santo. A vestes dos sacerdotes foram feitas por pessoas a respeito de quem é dito que tinham o ‘Espírito de sabedoria’ (Ex 28.3). A respeito de hábeis artífices, como Bezalel e Aoliabe, que foram comissionados para edificar o tabernáculo, é dito que estavam cheios ‘do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício’ (Ex 31.3; 35.30-35).” (82) “Endosso e sustentação para o que é bom estão implícitos em títulos como Espírito Santo e Bom Espírito. E estão explícitos nas declarações em que o Espírito é apresentado revelando a vontade de Deus para o bem-estar físico e espiritual de Seu povo. Por outro lado, o Espírito de Deus contende com o mal nos dias de Noé, afasta-se do apóstata Saul e é mostrado como estando em peleja contra aqueles que se rebelaram contra Ele (Is 63.10).” (82,83) “Finalmente, na ameaça de desastre espiritual e de aniquilação da nação, o Deus misericordioso repetidamente empregou dois artifícios, ambos centrados no Espírito, para sustentar e fortalecer Seu povo. Um foi a voz de Seus profetas, porta-vozes do Espírito (Ez 2.2; 8.3; Mq 3.8). O outro foi a constante promessa de um Redentor, enviado pelo Espírito, pregando no Espírito e realizando aotos de graça e glória pelo Espírito (Is 48.16,17; 61.1-4).” (83) O Espírito e a Igreja do Novo Testamento. Jesus é aquele que funda a Igreja (Mt 16.18; Ef 5.25,26). “No entanto, as Escrituras também creditam ao Espírito Santo o estabelecimento e existência continuada da Igreja.” (Jo 3.5; 1 Co 12.3, 13). “Assim como na encarnação, o Espírito de Deus formou o corpo físico de Cristo, assim ao converter o homem, Ele forma o corpo espiritual de Cristo.” (83,84) “O Espírito Santo é especialmente mostrado como o Mestre e Guia da Igreja cristã do Novo Testamento.” (Jo 20.22; 14.26; 15.26) “E assim no Pentecostes e após, estes mestres da igreja, cheios do Espírito, foram transformados maravilhosamente. Foram dotados com sabedoria, entendimento, coragem e habilidades milagrosas. Tornaram-se profundamente envolvidos no propósito e poder de Deus.” (84) “Estabelecida pelo Senhor da vida e instruída por Ele, a igreja do Novo Testamento foi também equipada por Ele para seu elevado e santo propósito. Isto é evidente da unidade com Cristo que o Espírito deseja e realiza na igreja. Tal unidade, o Espírito realiza, habitando nos membros da igreja, tanto individual, como corporativamente.” (1 Co 6.19; Rm 8.9) (85) “Esta união entre a igreja cristã e Cristo deve ser refletida na unidade que há de existir e ser demonstrada entre os membros.” (Ef 2.21,22; 1 Co 12.13; Jo 17.11; Ef 4.3) (86) “Para realizar Seus propósitos em e através da igreja, o Espírito Santo também concedeu e ainda concede dons à igreja, dons que eram extraordinários e temporários, mas também dons que eram e são mais ordinários e permanentes. Na longa lista dos dons concedidos pelo Espírito encontramos: sabedoria, 4 Thomas, p. 12. 10
  • 11. conhecimento, fé, cura, operação de milagres, profecia, habilidade para discernir espíritos e o uso de línguas e sua interpretação. Entretanto, a longa lista é introduzida pela instrução, ‘A manifestação do Espírito é concedida a cada um, visando um fim proveitoso’ (1 Co 12.7) e conclui com a lembrança que ‘um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente, (v. 11).” (86) “O Senhor Deus também governa e controla Sua Igreja através do Espírito. Isto Ele faz de uma forma geral, através do registro de sua vontade ... (1 Co 2.13). Ele o faz pelo estabelecimento de ofícios e funções de liderança: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres. Ele o faz ao dotar Seus cristãos com múltiplos e diversos dons do Espírito. “Mas temos também informações específicas sobre o governo de Deus em Sua igreja através do Espírito Santo. Os missionários para o mundo gentio, Paulo e Barnabé, foram comissionados para sua missão pela igreja de Antioquia, sob a ordem do Espírito [At 13.2]. Foi o mesmo espírito que dirigiu as resoluções do Concílio de Jerusalém [At 15.28]. O Espírito de Deus também proibiu Paulo de pregar a palavra em certas províncias da Ásia Menor [At 16.6,7]. Foi Ele que, através do apóstolo João, emitiu condenações e elogios às sete igrejas da Ásia [Ap 2-4]. Assim, Paulo pode encorajar os anciãos de Éfeso tão enfaticamente: ‘Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele comprou com o Seu próprio sangue’ (At 20.28).” (87) A Doutrina do Espírito Santo na História da Igreja. “Uma declaração detalhada sobre o ministério do Espírito Santo não foi considerada vitalmente importante muito antes do Concílio de Constantinopla, em 381 A.D. ... No entanto, há ampla evidência de uma forte consciência cristã da deidade do Espírito Santo. Ela é encontrada: (1) no extensivo uso da fórmula batismal de Mateus 28; (2) no conhecimento amplamente difundido dos elementos básicos do Credo Apostólico; (3) nas doxologias trinitárias de antigos hinos e liturgias; (4) na pronta reação da igreja antiga contra heresias envolvendo a Trindade.” (88) “Entre os mais antigos testemunhos da igreja pós-apostólica sobre a deidade do Espírito Santo, os seguintes são representativos: Clemente de Roma (c. 100) escreveu: ‘Não temos nós um Deus e um Cristo e um Espírito da graça que foi derramado sobre nós?’ [Epístola aos Coríntios 46.6] Clemente de Alexandria (150- 215) refere-se ao Pai, Filho e Espírito Santo como a “Santa Tríade”. Tertuliano (160-220) é o primeiro a sugerir a palavra Trindade para descrever Deus. Uma das mais antigas formas da fórmula batismal é encontrada no Didaquê (c. 150), um manual usado para a instrução de catecúmenos antes do Batismo.” (88) “Várias formas do Credo Apostólico começaram a ser usadas quase que simultaneamente em diferentes centros da cristandade; todos eles, mesmo com formas breves, incluem o Espírito juntamente com o Pai e o Filho. Assim, um antigo Credo Romano diz: ‘Creio em Deus Pai Todo-Poderoso e em Cristo Jesus, Seu Filho, nosso Senhor, e no Espírito Santo, a Santa Igreja e a ressurreição da carne.’” (88) “Durante os sessenta e cinco anos entre os Concílios de Nicéia e de Constantinopla alguns dos grandes defensores da deidade do Espírito Santo foram Atanásio, Basílio de Antioquia e os dois Gregórios. Sua argumentação centrou-se principalmente naquelas passagens bíblicas que atribuem onisciência, onipotência e glória divina ao Espírito. Eles também fizeram uso da fórmula batismal, que afirma igualdade do Espírito com o Pai e o Filho.” (89) “Em 381, o Concílio de Constantinopla acrescentou ao Credo de Nicéia uma declaração definitiva concernente ao Espírito Santo: ‘o Senhor e Doador da vida, o qual procede do Pai, que junto com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, que falou pelos profetas.’ O Concílio de Calcedônia, o quarto concílio ecumênico, com representantes de Roma, Constantinopla, Antioquia e Jerusalém, em geral substanciou as decisões dos concílios anteriores com respeito à deidade do espírito Santo. Foi neste tempo que veio com grande insistência a questão de o Espírito Santo proceder do Filho, assim como do Pai - uma questão que já estava em discussão por diversas décadas antes de Calcedônia.” (90) “Em 589 o Concílio de Toledo, uma assembléia composta inteiramente de delegados das igrejas ocidentais, acrescentou a frase “e do Filho” à formulação de Constantinopla. A igreja ocidental em pouco tempo incorporou esta mudança à liturgia, enquanto que a igreja oriental insistiu que tal acréscimo era inválido, pois resultou da ação de um concílio regional, um em que o Oriente não teve voz. A partir daquele tempo, a separação entre o Oriente e o Ocidente passou a crescer, até finalmente consumar-se no ano de 1054.” (90) Lutero. “As mais claras e mais vigorosas - e ao mesmo tempo mais confortadoras - exposições de Lutero sobre o Espírito Santo são encontradas em suas aulas sobre os Salmos, em seu tratado De Servo Arbitrio, e especialmente em sua explanação do Terceiro Artigo do Credo Apostólico, tanto no Catecismo Menor, como no Maior. Nestes, pelo ministério do Espírito, Deus deixa de ser um tirano rigoroso e temido, a Escritura Sagrada não é mais considerada um livro de lei eclesiástica e o homem não é mais jogado sobre seu eu impotente como mestre de seu destino e guia da própria alma.” (91,92) “É instrutivo e confortador notar que o Livro de Concórdia contém uma teologia completa do Espírito Santo. Não há nenhum dos livros confessionais que não descreva em grande detalhe a Pessoa e obra do 11
  • 12. Espírito Santo. Esta firme convicção dos reformadores está incorporada cinco vezes no Prefácio do Livro de Concórdia: 1. reconhecem o auxílio do Espírito para seu próprio estabelecimento e confirmação na verdade: ‘... estamos certos de nossa confissão e fé cristã, com base na Escritura divina, profética e apostólica, disso havendo sido suficientemente certificados em nossos corações e consciências cristãs pela graça do Espírito Santo ...’ [p.11] 2. baseiam-se no Espírito em sua formulação da verdade: ‘... juntaram, em boa ordem, por especial graça do Espírito Santo, tudo o que é pertinente e necessário a isso, e o puseram em livro.’ [p. 5] 3. suplicam ao Espírito para fortalecê-los na posse da verdade para eles próprios e futuras gerações: ‘... a fim de que também entre a nossa posteridade seja preservada e propagada, pelo auxílio e a assistência do Espírito Santo, a pura doutrina e confissão da fé, até a gloriosa vinda de nosso único Redentor e Salvador Jesus Cristo.’ [p. 11] 4. estão certos de que concordância e harmonia doutrinárias podem ser preservadas apenas pelo Espírito de Deus: ‘Tencionamos perseverar e permanecer, unanimemente, pela graça do Espírito Santo, nessa verdade divina, e segundo ela regular todas as controvérsias religiosas e suas explanações.’ [p. 12] 5. estão convencidos de que mesmo seus oponentes só podem chegar a concordar com a verdade infalível da palavra de Deus através do Espírito de Deus: ‘E temos, quanto a essas pessoas, a esperança de que, quando corretamente instruídas na doutrina, virão e se tornarão, conosco e com nossas igrejas e escolas, pela orientação do Espírito Santo, à infalível verdade da palavra divina.’[p. 10]” (92) “Ameaças posteriores à Reforma à doutrina do Espírito Santo são encontradas principalmente nos vários ismos, tais como o Arminianismo, Misticismo, Racionalismo, Pietismo, Perfeccionismo e Subjetivismo. O Arminianismo sustentava que a vontade humana, não o Espírito Santo, determinava a questão da salvação pessoal. O Misticismo, com excessos em experiências espirituais e emocionais, freqüentemente se reportava ao Espírito Santo para revelações à parte da Palavra de Deus. O Racionalismo, com sua rejeição das Escrituras como norma e guia e, com isto, também da obra do Espírito Santo, levou ao ceticismo e ateísmo. O Pietismo estava relacionado ao Misticismo e freqüentemente separava o Espírito da graça dos meios da graça. O Perfeccionismo aplicava alguns princípios do Arminianismo e, por elevar o homem, tirava a importância de Deus e Seu Espírito. O Subjetivismo insistia na certeza da experiência pessoal e convicção interna, mais do que na garantia objetiva do Espírito Santo na Palavra.” (93) “Uma coisa é certa, de que o poder espiritual da igreja está sempre diretamente ligado à importância dada à Pessoa e obra do Espírito Santo, e quando isto estava ausente, seguia-se inevitável perda. Idéias puramente abstratas nunca existiram por muito tempo e nunca exerceram grande influência. O segredo da bênção espiritual é encontrada na ênfase constante sobre os aspectos redentivos da obra do Espírito Santo em relação a Cristo, o Salvador do mundo.”5 (93) 6. O SENHOR DA VIDA E A VIDA DO CRISTÃO “O divino Instrutor da igreja cristã através das eras, atinge Seu mais elevado propósito para os cristãos ao estabelecer e manter neles vida espiritual através de Sua palavra. ... A atividade do Espírito de Deus nas vidas individuais é da maior importância prática. Esta envolve-O com cada santo. Sem ela ninguém poderia tornar-se ou manter-se cristão. Sem ela, o amor do Pai perdoador e a graça do Filho Redentor seriam totalmente sem sentido para as vidas humanas.” (97) “O Espírito de Deus se associa a cada ato santificado dos filhos de Deus. Através dele, eles são chamados a serem ‘concidadãos dos santos e da família de Deus’ [Ef 2.19]. Através dele, os santos de Deus aprendem os diversos aspectos da vida cristã e do serviço aceitável a Deus. Através dele, sua esperança para a salvação é fundamentada na graça de Deus, e não em vida meritória ou experiência emocional. Através dele, seres humanos tornam-se ‘carta de Cristo ... escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente’ (2 Co 3.3). Ele transforma a teoria cristã em vida cristã.” (99) “A palavra grega              (novo nascimento, regeneração, renovação) ocorre duas vezes no Novo Testamento. ... Mt 19.28. Paulo associa-o com a renovação moral que é efetuada pelo Espírito Santo através do Batismo ... Tt 3.5. ... A regeneração é descrita de variadas maneiras na palavra de Deus. Em um sentido estrito, conversão, novo nascimento, vivificação e iluminação são sinônimos de regeneração. ... Regeneração é também descrita como uma mudança na condição do pecador, de um estado de morte espiritual para um de vida espiritual. ... (Ef 2.4,5; 2.12,13; 1 Pe 2.9).” (100) “Esta regeneração é um ato da graça de Deus e não uma realização do esforço humano. ... É o amor e a misericórdia de Deus que realizam nossa ressurreição espiritual (Ef 2.5; Jo 1.13; Tg 1.18; 1 Jo 5 Thomas, p. 117. 12
  • 13. 5.11,12).” ... Tal regeneração através do amor do Pai e através do sacrifício vicário do Filho é atribuído à ação do Espírito Santo. ... (Jo 3.5,6; 6.63; 2 Co 3.3-6)”. (101,102) “As virtudes cristãs, como o amor, mansidão e bondade encontram sua motivação na verdade que Deus nos salvou, não pelos nossos atos de justiça, mas ‘conforme Sua misericórdia ... pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que Ele derramou sobre nós ricamente mediante Jesus Cristo , nosso Salvador’ (Tt 3.5,6). A palavra grega             (renovação) parece ser original de Paulo. Ela implica não apenas nova força e vigor, mas também uma completa mudança para melhor, uma vida que é oposta à condição e práticas corruptas anteriores. Esta é tanto a missão como a realização de Deus Espírito Santo.” (102) “O Espírito de Deus, que efetuou a regeneração do pecador, não o deixa aos próprios cuidados, não o lança fora sobre os recursos impotentes do eu pecaminoso. Isto seria eternamente fatal ao homem. Pelo contrário, o Espírito Santo toma posse do cristão. Faz dele Sua morada, Seu tabernáculo, Seu templo. Ele habita nele.” (102, 103) “Um tal habitar de Deus no regenerado é atribuído ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.” O Pai - 1 Jo 3.24; 1 Co 3.16; 2 Co 6.16; Ef 2.22. O Filho - Cl 1.27; Ef 3.16,17; Gl 2.20; Jo 14.23. “É, entretanto, particularmente o habitar do Espírito Santo que recebe repetida e enfática proeminência nas Escrituras. A ansiedade dos apóstolos diante da iminente retirada da presença visível de seu Senhor há de ser tranqüilizada por uma tríplice promessa: o Parácleto virá para eles; estará com eles para sempre; habitará neles. A promessa do Salvador para o futuro torna-se vívida para os discípulos porque está associada a um fato conhecido e experimentado no presente. O Espírito que atualmente habita com eles permanecerá com eles para sempre. ... Jo 14.16,17. ... Esta verdade é implicada por certos símbolos do Espírito Santo, inerentes na relação existente entre Ele e o cristão, e também elaborados em numerosas passagens bíblicas.” (103,104) “A água é um símbolo do Espírito que habita no cristão. Em Sua instrução à mulher samaritana, Jesus designa a água da vida que Ele concede como um poço de água que jorra para a vida eterna. Durante Sua pregação no templo, esta água espiritual é identificada com a fé do crente. Mas aquele que participa desta água, que crê em Cristo Jesus como seu Salvador, é usado por Deus para conceder bênçãos similares sobre outros, pois, nas palavras de Jesus, ‘de seu interior fluirão rios de água viva’ (Jo 7.38). Isto se torna possível pelo Espírito, ‘que haviam de receber os que nele cressem’ (v. 39). Sua força espiritual seria tão grande que poderiam repartir com outros.” (104) “Outro símbolo para o Espírito, que dirige e fortalece o cristão, é aquele do selo. Um selo indica autoridade, segurança, autenticação. Entre os judeus, o selo era usado para certificar acordos contratuais (Jr 32.9,10), assim como para declarar a autoridade e salvaguardar tal autoridade (Mt 27.66). O selo imperial na tumba de Jesus é um exemplo. Mas o selo não era empregado somente para denotar posse ou propriedade. Os servos de Deus são selados com o selo de Deus, conforme o Apocalipse de João (7.3-8). Na vida do cristão, que crê e confia em Cristo através da palavra da verdade, este selar é efetuado pelo ‘Espírito da promessa’, como Paulo afirma aos Efésios (1.13). Daí que o apelo é feito aos Efésios para que não entristeçam o Espírito de Deus, no qual eles foram selados para o dia de sua redenção (4.30); eles não devem quebrar aquele selo. O selar de Deus através de Seu Espírito é uma prova pessoal aos coríntios de que tanto Paulo como eles estão estabelecidos em Cristo (2 Co 1.22).” (104,105) “Um terceiro símbolo relacionado a este conceito do habitar do Espírito é aquele do penhor. ... Em transações comerciais, o penhor é a entrada, sendo uma garantia de que o restante da conta será paga. No reino espiritual, o Espírito Santo é identificado para os Efésios e para nós como a Garantia de nossa eterna herança até que recebamos a posse plena (1.13,14). O Espírito como penhor é ainda designado como a garantia dada por Deus para nossa imortalidade (2 Co 5.5). Nosso Deus gracioso, que nos estabelece em Cristo, unge-nos e nos sela, e nos dá o penhor do Espírito em nossos corações (1.22).” (105) “Não são apenas os dons do Espírito que são dados ao crente, mas também o próprio Espírito. Sem Ele é impossível agradar a Deus, pois a mente carnal é inimiga de Deus. Na verdade, sem o habitar do Espírito, o homem é removido de diante de Deus e não pode ser contado entre os que pertencem a Deus (Rm 8.8,9). Por Seu morar no corpo do cristão, o Espírito de Deus faz deste um templo de Deus. Este templo é separado para a honra, culto e glória de Deus, mas é também o local onde o Espírito ativa e fortalece para uma vida mais nobre e para um nobre serviço (1 Co 3.16,17).” (106) “Uma posição tão elevada de nossos corpos como templos do Espírito é a maior motivação para uma constante luta contra o pecado na carne, que tão facilmente ataca o filho de Deus. ... Um notável crescendo de razões é colocado por Paulo para que evitemos o pecado e nos consagremos ao serviço de Deus. Pelo fato de sermos templos de Deus, porque somos o templo ocupado de Deus, porque o Ocupante do tempo de nosso corpo é o Espírito Santo, porque este Ocupante divino é nosso, da parte do Pai, porque não pertencemos a nós mesmos, somos para glorificar a Deus em nosso corpo e em nosso espírito, que pertence totalmente a Deus (1 Co 6.19,20).” (106) ‘É este habitar do Espírito que procura determinar atitudes em relação a Deus e ao homem. Os filhos de Deus são emancipados da escravidão da lei e da carne; eles se tornaram filhos da graça e foram 13
  • 14. adotados para dentro da família de Deus. Como tal, eles aprendem através do Espírito que neles habita, a demonstrarem sua confiança neste relacionamento filial, através de suas petições ao Pai. O ‘Aba, Pai’, do espírito realmente se torna nosso ‘Aba, Pai’. Não apenas o Espírito incita-os à oração e intercessão, mas Ele próprio une-se a estas petições (Rm 8.15; Gl 4.6). O Espírito que vive neles também os supre com a força divina necessária para reterem o bom depósito que lhes foi confiado (2 Tm 1.4). Ele os estabelece na certeza de que Deus está neles e eles em Deus (1 Jo 3.24; 4.13). Mesmo o sofrer em nome de Cristo há de produzir constância jubilosa através do permanecer e habitar do Espírito nos amados de Deus (1 Pe 4.14). O propósito eterno de Deus em suas vidas, o coroar da existência dos cristãos, a consumação final de sua esperança na ressurreição dos corpos para uma existência gloriosa com Deus para sempre - tudo isto é realizado por Ele através do Espírito que neles habita e se constitui no penhor de Deus para eles (Rm 8.11).” )107) “Tendo-os convertido e habitando neles como Seu templo, o Espírito de Deus também os santifica, separa-os para Seus santos propósitos. ... Emancipados da escravidão ao pecado, os cristãos irão produzir frutos de santificação. ... Entretanto, esta nova natureza e o novo homem que existe pela regeneração, não elimina ou destrói a velha natureza, o velho homem. Santificação não equivale a impecaminosidade. ... (Rm 7; Gl 5.16, 24; Rm 8.13)” (109) “Através do ministério do Espírito no filho de Deus, virtudes agradáveis a Deus na vida cristã são produzidas: amor, alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl 5.22,23). ... estas não são o produto de uma irrupção emocional e não oferecem compensação para qualquer complexo de inferioridade espiritual. Pelo contrário, são os mais elevados aspectos do caráter cristão; elas representam os frutos do Espírito em nossos corações e vidas; constituem-se tanto no propósito como no efeito de nossa santificação.” (109,110) “O Espírito regenera, habita e santifica os crentes, mas também os une por um laço indissolúvel em um corpo (1 Co 12.13), a santa igreja cristã. As características distintivas desta unidade no Espírito são um Senhor - Pai, Filho e Espírito Santo - uma fé, um Batismo, um corpo, uma esperança (Ef 4.4-6). Para o bem desta unidade, o Espírito concede os dons necessários (1 Co 12.11), tanto os que são gerais e permanentes, como aqueles que são extraordinários e temporários. ... Para a continuação desta unidade, o Espírito estabeleceu e ainda guia o ministério da igreja (Jo 16.13; At 13.2; 20.28), instrui seus membros (Ap 2.7) e providencia expansão e crescimento (At 9.31).” (110) “E há glória, glória sem limite, para cada um dos santos de Deus neste Espírito de Deus, que é doador da vida. Dúvidas agonizantes sobre a salvação eterna são removidas pela inviolável promessa divina, de que são ‘selados’ pelo Espírito Santo ‘para o dia da redenção’ (Ef 4.30). Enervante ansiedade sobre o ser membro da família de Deus é afastada pela segurança de que o próprio Espírito assinou os papéis de adoção nos quais Ele testifica ‘para o nosso espírito que somos filhos de Deus’ (Rm 8.16). Preocupação sem fim sobre sua associação com Deus é dissipada pela garantia que Ele habita neles, pois ‘nos deu do Seu Espírito’ (1 Jo 4.13). Desânimo em sua fraqueza de caráter é dissipado pela prontidão do Espírito mesmo de fortalecê-los com amor, alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22,23). Sua petições desajeitadas, sem forma e, por vezes, sem fé, são substituídas pelas orações aceitáveis a Deus porque elas são ensinadas pelo Espírito, que também se une a eles ‘com gemidos inexprimíveis’ (Rm 8.26). Dúvidas sobre sua ressurreição, nutridas pela lógica e pela razão, são vencidas pela eterna garantia divina: ‘Aquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos, vivificará também os vossos corpos mortais, por meio de Seu Espírito que em vós habita’ (v. 11). A obscuridade de um futuro vago e aparentemente sem fim é iluminada pelo brilho da realidade presente, pois o legado atual de Deus para Seus santos ‘nada menos que Seu Espírito Santo. Este que tem sido tão vigorosa e demonstravelmente presente em suas vidas, constitui-se já agora no pagamento de entrada da parte de Deus, como Sua garantia (penhor) de que o preço de sua redenção foi completamente pago (2 Co 5.5) e que a eterna glória de Deus já iniciou neles e para eles.” (110,111) “Assim, a dinâmica única e sem comparação na suas vidas de ‘concidadãos dos santos e membros da família de Deus’ é nenhum outro senão o vivificante Espírito de Deus. Não nos admiramos, então, que Paulo ao mesmo tempo o designa como a Vida e o curso da vida. ‘Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito’ (Gl 5.25), tendo nosso rumo e passo estabelecidos pelo Deus que quer ser bem conhecido e bem usado.” (111) (Traduzido e resumido por Gerson Luis Linden, Agosto de 1997) 14
  • 15. A Ação do Espírito Santo e a Missão6 Um dos temas que mais cativam os missiólogos da atualidade é a relação entre o cristianismo e outras religiões. Neste artigo, busca-se tratar do assunto a partir de uma perspectiva da doutrina da Trindade e, particularmente, do 3o artigo do Credo, a pessoa e obra do Espírito Santo. Há um propósito comum entre os teólogos de missão hoje, de colocar a missio hominum, expressa pelas atividades da igreja, dentro do escopo da missio Dei. A missão não pode mais ser vista como uma ação da igreja, à parte do plano da salvação do Deus Triúno. De fato, tal enfoque é necessário, pois aponta a relação fundamental entre Cristologia, Soteriologia, a doutrina da Trindade e Eclesiologia. No entanto, tal abordagem não é nova. As Confissões Luteranas, escritas a mais de 4 séculos, trazem uma contribuição importante. Por exemplo, no Catecismo Maior, de Lutero, na 2a parte, do Credo, seções 63-65 (pg. 456), com uma excelente apresentação do plano da salvação no contexto da doutrina da Trindade: Pois o mundo inteiro, ainda que com toda diligência buscou saber o que Deus é e o que tem em mente e faz, todavia jamais logrou alcançar qualquer dessas coisas. Mas aqui tens tudo da maneira mais rica. Porque aqui, em todos os três artigos, ele mesmo revelou e patenteou o mais profundo abismo de seu coração paterno e de seu amor totalmente inexprimível. Pois que nos criou exatamente para nos redimir e santificar, e, além de nos dar e conceder tudo quanto há no ceú e na terra, ainda nos deu o seu Filho e Espírito Santo, a fim de por eles levar-nos a si mesmo. Pois, conforme explicado acima, jamais poderíamos chegar a conhecer o favor e a graça do Pai a não por intermédio de Cristo SENHOR, que é espelho do coração paterno, sem o qual nada vemos senão um juiz encolerizado e terrível. Mas também de Cristo nada poderíamos saber, se não tivesse sido revelado pelo Espírito Santo. (ver também FC - DS II, 49,50 [pg. 569]) A missio Dei, na perspectiva das Confissões Luteranas, pode ser descrita como um modelo de missão da “história da salvação”, que segue a seqüência; Deus - igreja - mundo. (Outra opção seria o modelo da “história como salvação”, que inverte a ordem de igreja - mundo, fazendo da missão da igreja uma obra de humanização ética e tirando a centralidade da igreja como local onde Deus age por palavra e sacramentos.) A missão de Deus está emoldurada por dois pilares: por um lado, o evento da criação e queda do homem; do outro lado, o evento escatológico do julgamento de Cristo sobre a humanidade. Deus, em seu amor, estende a toda a humanidade sua salvação. Por isso Deus envia seu Filho, para redimir toda a humanidade com a obra da cruz. Deus agora continua a realizar seu plano, enviando o Espírito Santo, cujo ofício é aplicar a obra de Cristo a todos os crentes, reunindo-os na igreja. Esta se torna o local da obra santificadora do Espírito Santo, atuando pelos meios da graça. É neste sentido que se pode entender o dito extra ecclesiam nulla salus (“fora da igreja não há salvação”). Assim, entendendo a missão de uma perspectiva trinitária, ela se coloca dentro do 3o artigo do Credo. O Espírito Santo é o Senhor da missão e tem uma missão inteiramente soteriológica, trazendo o tesouro da salvação em Cristo, pela proclamação da palavra e a administração dos sacramentos. Sua obra pode, pois, apresenta três aspectos, nesta seqüência: (1) Ele media a dádiva da salvação através do perdão dos pecados (justificação); (2) edifica e reúne a igreja na terra; (3) equipa a igreja para a contínua proclamação da palavra. Assim, o espírito Santo é a força dinâmica no plano da salvação divina. Assim, uma tentativa de definição da missio Dei pode ser sugerida: “A missio Dei é a atividade do Deus Triúno de redenção e reconciliação na história, motivado por seu amor pelo mundo inteiro, atividade esta fundamentada na obra expiatória de Jesus Cristo e executada pelo Espírito Santo de Cristo, através dos meios da graça, pela qual Deus justifica o homem, livra-o da rebelião, pecado e morte, sujeita-o sob seu reino e o conduz, com a comunidade redimida, ao objetivo final na história.” Deste ponto de vista teocêntrico e trinitário, a missão da igreja é o resultado lógico, não uma ampliação ilegítima. As tarefas de ensino, proclamação e administração dos sacramentos, tendo em vista as almas perdidas, pertence à própria essência da igreja e, ao mesmo tempo, determina sua vocação missionária, tendo o cuidado de lembrar que sua falha ou demora em buscar os perdidos não desqualifica os crentes como corpo de Cristo. À medida em que a igreja atua na sua tarefa, duas fronteiras são alcançadas: uma que existe entre a fé e a descrença e a outra, que separa fisicamente a communio sanctorum daqueles que estão fora da igreja. Estes são dois aspectos da existência da igreja, que podem ser definidos, de forma geral, como crescimento espiritual e físico ou, falando em termos da obra do Espírito Santo, Sua missio ad intra de edificar e fortalecer a communio sanctorum e Sua missio ad extra, de fazê-la crescer numericamente. Este é o conceito clássico da missio Dei, que afirma a centralidade da igreja e a necessidade da salvação para os perdidos. Este conceito tem recebido modificações, a um ponto tal que este assunto acaba se tornando um ponto de confusão e divisão dentre os estudiosos de missão. Outro ponto a citar é o fato de que 6 Klaus Detlev Schulz, Tension in the Pneumatology of the Missio Dei Concept”, Concordia Journal 23/2 (Abril 1997): 99-107. Traduzido e resumido por Gerson Luis Linden (1997). 15
  • 16. muitos dos estudiosos que apropriadamente relacionam a missão ao 3o artigo do Credo, têm atacado o ofício e obra do Espírito Santo, no que ela está ligada a Cristo e a igreja. Por exemplo, nas palavras do missiólogo Johannes Verkuyl: O Espírito Santo está ativo de forma latente de tantas maneiras entre aqueles povos que vivem no contexto de outras tradições religiosas. Será possível a qualquer um de nós crer que podem existir, em algum lugar, seres humanos que não foram tocados pela mão de Jesus Cristo, que vai até eles em reconciliação? Não deveríamos nós aceitar o fato de que a luz do Espírito Santo brilha nas trevas, mas as trevas não a podem apagar? (Contemporary Missiology, Eerdmans, 12987, p. 359,360) Estas palavras de Verkuyl ecoam o que já fora dito na seção Gaudium et Spes do Vaticano II: “O Espírito de Deus, que, com admirável providência, dirige o curso dos tempos e renova a fé na terra, assiste este desenvolvimento.” A mesma idéia está no documento sobre Missão e Evangelismo do Concílio Mundial de Igrejas, que diz: “o Espírito de Deus está operando constantemente de formas que vão além do entendimento humano e em lugares onde menos esperamos.” Afirmações como estas pretendem, por meio de uma “pneumatologia universal”, estabelecer a vontade salvífica de Deus e a possibilidade de salvação fora da igreja (extra muros ecclesiae). No verdade, é o caráter cristocêntrico que o Espírito Santo recebe e Sua atuação na palavra e sacramentos que se constituem na pedra de tropeço. Há teólogos que buscam, mais e mais, derrubar estes princípios cristãos, antigamente considerados absolutos, de modo a ampliar a obra do Espírito Santo para dentro de outras religiões. Neste contexto, voltam os ataques ao filioque (“e do Filho”) no Credo Niceno. Alguns estudiosos contemporâneos afirmam que a introdução do filioque traz alusões subordinacionistas na doutrina da Trindade. Pois enquanto a obra do Espírito Santo permanece cristocêntrica, e não recebe um lugar independente do Pai e do Filho, não se pode atribuir evidência de Sua obra em outras religiões. Por certo, uma tal pneumatologia universal alarga o conceito da missio Dei. Alguns estudiosos dão suporte a esta versão cunhando novos modelos, tais como o de “diálogo inter-religioso”. Este modelo não abole a atividade missionária da igreja, mas, partindo da idéia que há da parte de Deus uma base comum de aceitação de cristãos e não-cristãos, sua proclamação passa a ser de uma natureza dialógica, onde se procura descobrir e afirmar a atividade do Espírito dentro de outras religiões. Cristo é oferecido como o modelo normativo do plano da salvação de Deus e é apresentado como um corretivo para a atividade do Espírito em outros grupos religiosos. No entanto, a aceitação dele por parte daquele com quem se dialoga não é o objetivo deliberado da igreja, mas tão somente uma conseqüência agradável resultante do diálogo. Duas afirmações incompatíveis acabam sendo colocadas: há uma vontade salvífica universal de Deus e a possibilidade de salvação fora da igreja versus a necessidade da igreja na missão divina, pela qual o Espírito Santo media a salvação. Tal paradoxo se torna agudo para os teólogos, em uma sociedade de crescente diversidade religiosa e apresentação de muitas verdades conflitantes. Veja-se, por exemplo, as palavras de Paul Knitter: Podemos nós estar certos de que a vontade salvífica de Deus, expressa em Jesus Cristo, nunca fará uso de tais formas de mediação pré-cristãs? E se negamos isto, não estaremos negando ... a liberdade da onipotência de Deus? Para evitar um mal entendido, não estamos afirmando que as religiões devem ser e sempre são “caminhos de salvação”, mas apenas que não podemos excluir a possibilidade - ou a probabilidade - delas serem instrumentos da vontade salvífica de Deus. (Towards a Protestant Theology of Religions, N.G. Elwert Verlag, 1974, p. 222) Para muitos teólogos, parece haver uma assimetria ou mesmo uma contradição se alguém afirma a voluntas salvifica como sendo universal, mas ao mesmo tempo afirmando que os efeitos desta vontade só podem ser garantidos em Jesus Cristo. Para um paradigma confessional luterano, no entanto, é exatamente assim que ocorre. A vontade salvífica de Deus é universal, todavia é revelada e efetuada unicamente através de Jesus Cristo. Qualquer outra abordagem, portanto, que tente explorar, pela razão humana, a obra da vontade de Deus fora de Cristo, deve ser desconsiderada. Como dizem as Confissões: Disso não devemos julgar de acordo com nossa razão, nem segundo a lei ou por qualquer aparência exterior. Também não devemos atrever-nos a investigar o abismo secreto e oculto da predestinação divina, mas devemos atentar na vontade revelada de Deus. (FC - DS XI, 26) Com esta vontade revelada de Deus é que devemos ocupar-nos, para que a sigamos e nela sejamos diligentes, porque o Espírito Santo confere graça, poder e capacidade por intermédio da palavra pela qual nos chama. Não devemos perscrutar o abismo da oculta presciência de Deus ... Ocupa-te primeiro com Cristo e Seu evangelho. (FC - DS XI, 33) É preciso ter em mente que a vontade salvífica de Deus é revelada na Sua palavra. Ele coloca Sua intenção salvífica em prática ao ordenar que Sua palavra seja proclamada, em Lei e Evangelho, o que traz arrependimento e perdão, operados pelo Espírito Santo. É preciso igualmente afirmar que a proclamação, e não o diálogo, é a tarefa da igreja. Isto leva não a um ato meramente cognitivo de reconhecimento, como o modelo de 16
  • 17. “diálogo inter-religioso” parece sugerir, mas a uma recepção e aceitação da obra redentora de Deus em Cristo. A própria natureza do evangelho aponta para isto. Ele não somente transmite informação, mas é uma palavra com o poder e a autoridade divina, para criar a fé e conceder salvação. O Espírito Santo - ênfases 1. Sua presença constante na Escritura, como Deus em ação, traz sobre a Igreja a necessidade de uma confissão clara a respeito de Sua pessoa e obra. 2. A atuação do Espírito Santo sempre está relacionada ao povo de Deus. Ele é o Espírito que guia, orienta, revela, sustenta, ordena, proíbe, limita, direciona, une, capacita, age. 3. Dada a atuação do Espírito Santo, a Igreja de Deus é certificada de que não está só no mundo. Ela é o povo de Deus, conduzida pelo Espírito Santo. 4. O Novo Testamento acrescenta explicitamente um elemento que serve como chave para o entendimento da obra do Espírito Santo - Ele atua para que a obra de Cristo seja conhecida e desfrutada pelas pessoas: Jo 16.13,14 - “Ele me glorificará” 1 Jo 2.27 - a unção de Deus [Espírito Santo] nos ensina a permanecer nele [Cristo] 1 Co 12.3 - “Ninguém pode dizer; Senhor Jesus! senão pelo Espírito Santo.” Rm 5.5 - Ele derrama sobre nós o amor de Deus. Contexto: obra de Cristo. 5. O Espírito anto estabelece o advento de um novo tempo, formado sobre a obra de Jesus. Ele é o “penhor” [garantia] para o povo de Deus, de que este tem a herança de Deus como certa. Ele é o “selo” sobre o povo, marcando-o como propriedade de Deus. 2 Co 1.22; 5.5; Ef 1.13,14; 4.3 DONS ESPIRITUAIS7 DONS ESPIRITUAIS E INVENTÁRIOS8 DE DONS ESPIRITUAIS Introdução C. Peter Wagner, que já foi chamado “o mais articulado porta-voz do uso dos dons espirituais no evangelismo,” afirma:9 Uma coisa relativamente nova aconteceu à igreja de Jesus Cristo na América durante a década de setenta. A terceira Pessoa da Trindade veio para o que é Seu, por assim dizer. Sim, o Espírito Santo sempre esteve lá. Credos, hinos, liturgias têm atestado o lugar central do Espírito Santo na fé cristã ortodoxa. Teologias sistemáticas através dos séculos têm incluído seções de “pneumatologia”, afirmando assim o lugar do Espírito Santo no pensamento cristão. Mas raramente, se é que alguma vez, na história da igreja tem se estendido sobre o povo de Deus um interesse tão disseminado, de passar dos credos e teologias para uma experiência pessoal do Espírito Santo na vida diária, em um grau como agora estamos testemunhando. A faceta mais proeminente desta nova experiência do Espírito Santo são os dons espirituais.10 Este interesse renovado na pessoa e obra do Espírito Santo, e uma crescente ênfase no ensino da Escritura com respeito aos “dons espirituais”, também tem sido evidente dentro do “The Lutheran Church - Missouri Synod” durante as últimas décadas. Diversos esforços e programas de evangelismo, mordomia e crescimento da 7 Relatório da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da Lutheran Church - Missouri Synod; Setembro de 1994; Traduzido por Gerson Luis Linden em Julho de 1999. 8 Traduzimos “inventories” em todo o trabalho como “inventários”. A idéia é de testes aplicados aos membros da igreja, para que estes descubram seus dons. N. do T. 9 Delos Miles, Church Growth, A Mighty River (Nashville: Broadman Press, 1981), 129. 10 C. Peter Wagner, Your Spiritual Gifts Can Help Your Church Grow (Ventura, Calif.: Regal Books, 1979), 19. 17
  • 18. igreja, em uso por todo o Sínodo em anos recentes, têm dado atenção ao lugar dos “dons espirituais” na vida e crescimento da igreja e têm tentado auxiliar as pessoas a identificarem e utilizarem tais dons. Em seu relatório de 1987, sobre Evangelismo e Crescimento da Igreja a Comissão de Teologia e Relações Eclesiais, afirmou: É importante que a Igreja Luterana do Sínodo de Missúri mantenha uma clara e escriturística posição a respeito dos dons espirituais. Por um lado, pastores e congregações deveriam encorajar os seus membros a receber, com gratidão, os dons que Deus em sua graça oferece, e então usá-los para a sua glória e para a edificação da sua Igreja. Por outro, os cristãos devem reconhecer que Deus distribui dons espirituais assim como Ele deseja e de acordo com as necessidades da sua Igreja.11 Fazendo referência a este parecer, a Convenção Sinodal de 1989 observou que “preocupações têm sido expressas sobre o uso de inventários de dons espirituais e sobre o assunto geral dos dons espirituais”. A Convenção recomendou ao Sínodo o parecer da CTRE “para referência e orientação” e encorajou o Sínodo a “continuar a fazer uso do documento e dos princípios que ele fornece com respeito aos dons espirituais.” Ao mesmo tempo, o Sínodo solicitou formalmente à CTRE que “estudasse com mais detalhe o assunto dos dons espirituais e especificamente o uso de inventários de dons espirituais e trouxesse um parecer com os resultados dos estudos para a Igreja.”12 É em resposta a esta solicitação específica do Sínodo que a CTRE apresenta este parecer sobre “Dons Espirituais e Inventários de Dons Espirituais”. O parecer inicia com uma “Breve História dos inventários de Dons Espirituais.” Seguida por uma “Análise Bíblica dos Dons Espirituais” na parte 2. A parte 3 do parecer oferece “Uma Teologia dos Dons e Chamados na Igreja”, que procura colocar o tópico dos dons espirituais em sua perspectiva própria, no contexto dos três artigos do Credo Apostólico. I. Uma Breve História dos Inventários de Dons Espirituais A preocupação dos cristãos em descobrir e desenvolver seus dons espirituais parece ser um fenômeno relativamente recente. C. Peter Wagner refere-se a ela como uma “coisa nova”.13 Historicamente a ênfase nos dons espirituais coincide com a surgimento de dois importantes movimentos teológicos e eclesiásticos da segunda metade do século XX. Ambos movimentos advogaram enfaticamente a necessidade de uma renovação da igreja e identificaram os dons espirituais como uma das chaves para a renovação da igreja. O primeiro movimento que ajudou a criar e contribuir para o interesse atual nos dons espirituais foi o movimento pentecostal, do qual brotou o movimento neopentecostal ou carismático. Este último tem se mostrado ser um movimento mais interdenominacional que o primeiro. Durante as décadas de sessenta e setenta, o movimento neopentecostal encontrou seu caminho dentro de algumas das principais denominações cristãs, como o catolicismo romano, luteranismo e presbiterianismo. Refletindo sobre as características destes movimentos, Wagner observou que “a faceta mais proeminente desta nova experiência do Espírito Santo são os dons espirituais.”14 De acordo com sua pesquisa, o maior volume de literatura sobre dons espirituais apareceu desde 1970. Na verdade, ele afirma, mais tem sido escrito sobre este assunto desde a Segunda Guerra Mundial do que nos 1945 anos anteriores juntos.15 Falando de forma genérica, os movimentos neopentecostal e carismático tem enfatizado grandemente os assim chamados dons miraculosos ou “sinais”, especialmente a glossolalia (falar em línguas), curas e poderes milagrosos. Estes já foram discutidos em dois pareceres anteriores da CTRE.16 O segundo movimento que contribuiu para um intenso interesse no assunto dos dons espirituais - embora por razões ligeiramente diferentes - é o assim chamado Movimento do Crescimento da Igreja, que muitos identificam como tendo sido originado em sua forma contemporânea no Seminário Fuller, na Califórnia.17 11 Cf. Evangelism and Church Growth with Special Reference to the Church Growth Movement. Em Português: Evangelização e Crescimento da Igreja - com Especial referência ao Movimento “Church Growth” . Parecer da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da Igreja Luterana - Sínodo de Missúri, 1987, traduzido por Eleonora I. R. Kautzmann, p. 37. 12 Resolução 3-16, “Estudar o Assunto dos Dons Espirituais”, 1989 Convention Procedings , 119. 13 Wagner, 26. 14 Ibid., 19. 15 Ibid., 27. 16 The Charismatic Movemente and Lutheran Theology, Parecer da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da Igreja Luterana - Sínodo de Missúri, 1972 (um extrato do mesmo foi traduzido para o Português por Vilson Scholz, publicado no livrete Dons Carismáticos , Concórdia Editora, 1975) e The Lutheran Church and the Charismatic Movement: Guidelines for Congregations and Pastors , Parecer da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da Igreja Luterana - Sínodo de Missúri, 1977 (Traduzido por Arnaldo Schüler - Movimento Carismático , Concórdia Editora, 1977). 17 Cf. Evangelism and Church Growth . 18
  • 19. Diferentes daqueles envolvidos no neopentecostalismo, os seguidores do Movimento Crescimento da Igreja tendem a não enfatizar os assim chamados dons de “sinais”. Em lugar disso, enfatizam os dons menos espetaculares listados na Bíblia. Também diferentemente dos neopentecostais, que enfatizam uma segunda experiência, separada, do Espírito Santo, manifestada por dons, os proponentes do Movimento do Crescimento da Igreja assumem que certos dons já foram dados a todos os cristãos em algum ponto do tempo. Eles mantêm que todo cristão possui ao menos um dom e que muitos têm diversos dons, em variados números, graus e variações. Esta é a base para a idéia de que se a igreja consegue mobilizar seu povo para descobrir, desenvolver e utilizar seus dons específicos, não há como evitar que ela cresça em número e vitalidade. Foi o Movimento do Crescimento da Igreja que causou o desenvolvimento e uso dos inventários de dons espirituais. Estes são instrumentos designados para auxiliar a igreja em descobrir e implementar os dons espirituais de seus membros. O primeiro a ganhar ampla popularidade foi o “Questionário Houts Modificado”, desenvolvido pelo Instituto Fuller para Evangelismo no Seminário Fuller. Este inventário foi modificado para uma audiência luterana, por David Hoover e Roger Leenerts em um programa chamado18 Enlightened with His Gifts.19 As diversos inventários foram mais adiante adaptados para uso por uma congregação individual em St. Paul, Trenton, Michigan e para uso ao nível de distrito no Texas. Este último serviu de modelo para o “Estudo de Renovação Pessoal”, parte de um mais amplo processo de educação na mordomia, conhecido como “His Love - Our Response”20 . Este programa proporcionou uma ampla exposição dos inventários de dons espirituais entre o laicato da Igreja Luterana - Sínodo de Missúri.21 Outro programa que foi usado por congregações do Sínodo é, Gifted for Growth 22 preparado pelo Instituto para o Crescimento da Igreja, de Corunna, Indiana.23 Além de trabalharem sobre o “Questionário Houts Modificado”, na formulação de questões e avaliações, cada um dos programas acima depositam-se fortemente sobre a apresentação de C. Peter Wagner dos imperativos bíblicos e da base teológica para os inventários de dons espirituais, em seu Your Spiritual Gifts Can Help Your Church Grow24 . Esta dependência fica evidenciada pelas expressões de dívida a Wagner nos prefácios, forte dependência em relação à sua definição e enumeração de dons espirituais, e o uso dos passos propostos por Wagner para descobrir dons espirituais. A observação de Wagner de que há muita repetição na literatura sobre este assunto, também é verdadeira no que se refere a estes programas.25 Dada a importância do livro de Wagner em providenciar para estes programas uma base bíblica e hermenêutica para dons espirituais, muito do que segue estará interagindo com sua obra. A. Um Paradigma para Entender os Dons Espirituais É de certa forma surpreendente que o ponto de partida de Wagner para a discussão dos dons espirituais não é a doutrina do Espírito Santo, mas a doutrina da igreja. Ao invés de focalizar os livro de Atos e o derramamento do Espírito (como no Pentecostalismo), Wagner insiste que a chave hermenêutica parta descobrir o ensino bíblico sobre os dons espirituais é Rm 12.4, onde Paulo descreve a igreja como um corpo composto de muitos membros. No corpo cada cristão tem um lugar (cf. 1 Co 12.18). Com base na metáfora paulina da igreja como um corpo físico feito de diferentes membros e funções, o membro da igreja é encorajado a perguntar: “Onde eu me encaixo?” “Como posso saber se sou um ouvido ou uma mão ou alguma outra parte do corpo?”26 Os inventários de dons espirituais são destinados a auxiliar na resposta a estas questões. O uso da metáfora do “corpo” como base para o entendimento dos dons espirituais também é característico de um número de programas em uso dentro do Sínodo de Missúri. Enlightened with His Gifts explica que os dons espirituais auxiliam a responder as questões “Como eu me encaixo?” “Qual é minha parte na igreja?” “O que posso fazer?” “O que devo fazer?” “Qual é o meu papel na tarefa de ‘fazer discípulos de todas as nações’?”27 De forma semelhante, Gifted for Growth afirma: “O corpo de Cristo é o conceito usado em todas as três principais seções do tratamento neotestamentário sobre os dons espirituais.”28 Cada cristão tem 18 “ Iluminado com Seus Dons” - em programas próprios da Igreja nos EUA, optamos por conservar o título original. N. do T. 19 David W. Hoover e Roger W. Leenerts, Enlightened with His Gifts: A Bible Study on Spiritual Gifts (St. Louis: Lutheran Growth, 1979.). 20 “ Seu Amor - Nossa Resposta”. 21 Cf. Robert W. Schaibley, “Measuring Spiritual Gifts,” Lutheran Quarterly 3 (Inverno 1989): 423-41. 22 “ Dotado para Crescimento.” 23 Kent R. Hunter, Gifted for Growth: Na Implementation Guide for Mobilizing the Laity (Corunna, Ind: The Church Analysis and Learning Center, 1983). 24 “ Seus Dons Espirituais Podem Ajudar Sua Igreja Crescer”. 25 Wagner, 27. 26 Ibid., 36. 27 Hoover e Leenerts, 6. 28 Hunter, 151. 19
  • 20. uma função e cada dom é necessário. Com base nesta afirmação, coloca-se uma ênfase sobre a necessidade de organizar os cristãos conforme seus dons. Como Hunter conclui, “os dons podem revolucionar radicalmente a maneira como a igreja atua.”29 B. O Propósito dos Dons Espirituais Qual é o propósito de ajudar cada pessoa a encontrar um lugar na igreja? Visto dentro do contexto da igreja como um corpo com muitos diferentes membros - sendo que cada um deles precisa ser saudável e em funcionamento para o corpo poder ser saudável e crescer - os dons espirituais são vistos como uma chave para a mobilização dos membros. Esta mobilização, por seu lado, estimula o crescimento do corpo. Este ponto está expresso no próprio título do livro de Wagner: Your Spiritual Gifts Can Help Your Church Grow.30 “Ignorância a respeito dos dons espirituais”, ele adverte, “pode ser uma causa principal do pequeno crescimento da igreja hoje.”31 Opostamente, “o conhecimento dos dons espirituais ... é a chave para o conhecimento da organização da igreja.”32 Enfatizando a conexão entre os dons e o crescimento, Kent Hunter entitula seu livro Gifted for Growth.33 Na Introdução deste livro, Hunter afirma que “Os dons espirituais são um meio para se chegar a um fim: a missão e o ministério34 do corpo de Cristo.”35 Os dons espirituais precisam ser vistos dentro de um “contexto bíblico de crescimento.” Na Conclusão do livro, ele oferece uma palavra de cautela e uma de encorajamento. “O uso dos dons espirituais,” diz, “não é garantia que sua igreja vá crescer. Outros fatores podem ser mais fortes para impedir o crescimento.” No entanto, “em noventa e nove porcento das igrejas cristãs, a mobilização do povo de Deus de acordo com o plano de Deus sobre os dons trará uma extraordinária mudança no crescimento interno e externo da igreja.”36 Os autores de Enlightened with His Gifts também afirmam, ainda que não tão enfaticamente, “os dons espirituais têm um papel importante no crescimento da igreja.”37 Além de contribuírem para o crescimento da igreja, a descoberta dos dons espirituais (assim se diz) enriquecerá a vida do cristão. “Antes de mais nada,” diz Wagner, “você será um cristão melhor e mais capaz de permitir que Deus faça sua vida ter valor para Ele.”38 Outros livros e guias que estão mais dirigidos para uma audiência luterana suavizam esta afirmação de Wagner, sem rejeitar sua tese fundamental. O autor de Gifted for Growth testifica: “Para mim, tem sido um dos empreendimentos de crescimento mais compensadores de minha vida cristã.”39 Da mesma forma, Enlightened with His Gifts sugere que os dons espirituais “são uma das chaves para a maturidade espiritual.” Os autores têm a cautela de dizer que apesar de que os dons espirituais podem ser “uma chave”, não são “a chave” para um desenvolvimento espiritual do cristão.40 Mais adiante, os autores enumeram diversos outros benefícios que seguem da descoberta dos dons espirituais, tais como trazer “direção” para a vida da pessoa no reino de Deus e capacitar as pessoas e congregações e “virem para a vida.”41 Wagner vai adiante, afirmando que a descoberta e uso dos dons espirituais beneficiarão não apenas os cristãos individuais, mas a igreja como um todo.42 Enlightened with His Gifts concorda: “Todos os membros da igreja serão capazes de trabalhar juntos em amor, harmonia e eficiência ... a descoberta, desenvolvimento e uso dos dons espirituais farão muito para eliminar o orgulho, a falsa humildade e a inveja.” Além disso, “a igreja amadurecerá” e com tal maturidade, “a igreja irá crescer.”43 Finalmente, Wagner observa que a “coisa mais importante que o conhecimento dos dons espirituais faz é que glorifica a Deus.”44 Enlightened with His Gifts ecoa o sentimento de que “Deus será glorificado.”45 29 Ibid., 152. 30 “ Seus Dons Espirituais Podem Fazer Sua Igreja Crescer.” 31 Wagner, 32. 32 Ibid., 38,39. 33 “ Dotado para Crescimento.” 34 Não traduzimos a expressão “the long haul” antes de “a missão e o ministério”. N. do T. 35 Hunter, 3. 36 Íbid., 152. 37 Hoover e Leenerts, 5. 38 Wagner, 49. 39 Hunter, 4. 40 Hoover e Leenerts, 7. 41 Ibid., 65. 42 Wagner, 50. 43 Hoover e Leenerts, 65; cf,. Wagner, 50. 44 Wagner, 51. 45 Hoover e Leenerts, 66. 20