SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  14
Télécharger pour lire hors ligne
“ A mão que  afaga é a mesma que apedreja...” Augusto dos Anjos
Biografia Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco PB em 20 de abril de 1884. Aprendeu com o pai, bacharel, as primeiras letras. Fez o curso secundário no Liceu Paraibano, já sendo dado como doentio e nervoso por testemunhos da época. Formado em   direito em Recife (1906), casou-se logo depois. Contudo, não advogou; vivia de ensinar português, primeiro em seu estado e a seguir no Rio de Janeiro RJ, para onde se mudou em 1910. Lecionou também geografia na Escola Normal, depois Instituto de Educação, e no Ginásio Nacional, depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser efetivado como professor.
Em fins de 1913 mudou-se para Leopoldina MG, onde assumiu a direção do grupo escolar e continuou a dar aulas particulares. Seu único livro,  “ Eu ” , foi publicado em 1912. Surgido em momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, é bem representativo do espírito sincrético que prevalecia na época, parnasianismo por alguns aspectos e simbolista por outros. Praticamente ignorado a princípio, quer pelo público, quer pela crítica, esse livro que canta a degenerescência da carne e os limites do humano só alcançou novas edições graças ao empenho de Órris Soares (1884-1964), amigo e biógrafo do autor. Cético em relação às possibilidades do amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me), Augusto dos Anjos fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu pensamento. Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo e tudo é egoísmo e angústia em seu livro patético ("Ai! Um urubu pousou na minha sorte").
A vida e suas facetas, para o poeta que aspira à morte e à anulação de sua pessoa, reduzem-se a combinações de elementos químicos, forças obscuras, fatalidades de leis físicas e biológicas, decomposições de moléculas. Tal materialismo, longe de aplacar sua angústia, sedimentou-lhe o amargo pessimismo ("Tome, doutor, essa tesoura e corte  /  Minha singularíssima pessoa"). Ao asco de volúpia e à inapetência para o prazer contrapõe-se porém um veemente desejo de conhecer outros mundos, outras plagas, onde a força dos instintos não cerceie os vôos da alma ("Quero, arrancado das prisões carnais, / Viver na luz dos astros imortais"). A métrica rígida, a cadência musical, as aliterações e rimas preciosas dos versos fundiram-se ao esdrúxulo vocabulário extraído da área científica para fazer do Eu -- desde 1919 constantemente reeditado como Eu e outras poesias -- um livro que sobrevive, antes de tudo, pelo rigor da forma.
Co m o tempo, Augusto dos Anjos tornou-se um dos poetas mais lidos do país, sobrevivendo às mutações da cultura e a seus diversos modismos como um fenômeno incomum de aceitação popular. Vitimado pela pneumonia aos trinta anos de idade, morreu em Leopoldina em 12 de novembro de 1914.
1884 : Nasce Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos, no engenho Pau d’Arco, vila do Espírito Santo, Paraíba, a 20 de abril. 1900 : Matricula-se no curso de Humanidades do Liceu Paraibano. Conhece Santos Neto e Órris Soares ( tio avô de Jô Soares), de quem se torna amigo. Publica o primeiro trabalho, o soneto " Saudade " , no Almanaque do Estado da Paraíba. 1901 : Inicia sua colaboração no jornal  “ O commercio, ”  na capital paraibana. 1903 : Ingressa na Faculdade de Direito do Recife, Pernambuco. 1904 : Publica no jornal "O commercio" o célebre soneto "Vandalismo" . 1905 : Morre seu pai, Alexandre Rodrigues dos Anjos, a 13 de janeiro.Seis dias depois publica os três sonetos "A meu pai doente", "A meu pai morto", "Ao sétimo dia do seu falecimento". 1906 : Publica no jornal "O Commercio" seu soneto mais famoso  "Versos íntimos". 1907 : Conclui o curso de Direito. 1908 : Leciona Literatura no Liceu Paraibano, como professor interino. 1909 : Inicia sua colaboração no diário oficial do Estado, "A União". Cronologia
1910 : Casa-se com dona Ester Fialho, a 4 de julho. Transfere-se para o Rio de Janeiro, em outubro desse ano. 1911 : Nasce morto seu primeiro filho, a 2 de fevereiro. Leciona Geografia na Escala Normal, como professor interino, e também no colégio Pedro II 1912 : Publica o livro EU, custeado pelo seu irmão Odilon, pelo total de 550.000 réis em tiragem de 1000 exemplares. O livro é recebido com grande impacto e estranheza por parte da crítica, que oscila entre o entusiasmo e a repulsa. Nasce sua filha, Glória. 1913 : Nasce seu filho Guilherme. 1914 : É nomeado diretor do grupo escolar Ribeiro Junqueira, em Leolpoldina, Minas Gerais, a 1o. De julho. Muda-se para Leolpoldina, em 22 do mesmo mês. Morre a 12 de novembro. 1920 : Publica-se Eu e Outras Poesias: reedição do EU, completado com uma coletânea de versos póstumos, Outras Poesias, organizados pôr Órris Soares, também prefaciador do volume. 1928 : Lançamento da terceira edição de suas poesias, pela livraria Castilho do Rio de Janeiro, com extraordinário sucesso de crítica e público.  
Obras do Poeta “ Eu”(1912) “ Eu e outras poesias”(1919) Características ,[object Object],[object Object]
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
No ano de 1995, a escritora Ana Miranda criou um romance denominado A Última Quimera e, através de um narrador masculino, conta a repercussão da morte de Augusto dos Anjos. “ Ele era assim. Achava que os sofrimentos vêm do inferno - e de certo vêm- que são brincadeiras dos demônios. Tinha uma visão jocosa do inferno. Ao contrário do que pensam dele, era um homem surpreendentemente bem-humorado, em sua essência mais íntima. Ele mesmo se tornava o demnio para escrever seus versos. E os túmulos, os vermes, os esqueletos móbidos, a noite funda, o poço, os lírios secos, os sábados de infâmias, os defuntos no chão frio, a mosca debochada, as mãos magras, as paixões cegas, o rugir dos neurônios, a promiscuidade das adegas, as substâncias tóxicas, a mandíbula inchada de um morfético de orelhas de um tamanho aberratório, um sonho inchado, podre, todos estes elementos da imaginação de Augusto não passavam de gracejos infernais. E, de certa forma, juvenis.” Aspectos Centrais
Poemas Versos  Íntimos   Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera – Foi tua companheira inseparável!  Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera.  Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],Psicologia de um Vencido
Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,  Tamarindo de minha desventura,  Tu, com o envelhecimento da nervura,  Eu, com o envelhecimento dos tecidos! Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!  E a podridão, meu velho! E essa futura  Ultrafatalidade de ossatura, A que nos acharemos reduzidos! Não morrerão, porém, tuas sementes! E assim, para o Futuro, em diferentes  Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos, Na multiplicidade dos teus ramos, Pelo muito que em vida nos amamos, Depois da morte inda teremos filhos! Vozes da Morte
Mágoas Quando nasci, num mês de tantas flores, Todas murcharam, triste, langorosas, Tristes fanaram redolentes rosas, Morreram todas, todas sem olores. Mais tarde da existência nos verdores Da infância nunca tive as venturosas Alegrias que passam bonançosas, Oh! Minha infância nunca teve flores! Volvendo a quadra azul da mocidade, Minh'alma levo aflita à Eternidade, Quando a morte matar meus dissabores. Cansado de choras pelas estradas, Exausto de pisar mágoas pisadas, Hoje eu carrego a cruz das minhas dores!

Contenu connexe

Tendances (20)

Memórias Póstumas de Brás Cubas
Memórias Póstumas de Brás  Cubas Memórias Póstumas de Brás  Cubas
Memórias Póstumas de Brás Cubas
 
Augusto Dos Anjos
Augusto Dos AnjosAugusto Dos Anjos
Augusto Dos Anjos
 
Romantismo no Brasil - Prosa
Romantismo no Brasil - ProsaRomantismo no Brasil - Prosa
Romantismo no Brasil - Prosa
 
2ª Geração do Romantismo
2ª Geração do Romantismo2ª Geração do Romantismo
2ª Geração do Romantismo
 
Simbolismo
SimbolismoSimbolismo
Simbolismo
 
Augusto dos Anjos
Augusto dos AnjosAugusto dos Anjos
Augusto dos Anjos
 
Pré-modernismo
Pré-modernismoPré-modernismo
Pré-modernismo
 
2ª geração modenista (POESIA)
2ª geração modenista (POESIA)2ª geração modenista (POESIA)
2ª geração modenista (POESIA)
 
Aula quarto de despejo
Aula quarto de despejoAula quarto de despejo
Aula quarto de despejo
 
Pré-modernismo
Pré-modernismoPré-modernismo
Pré-modernismo
 
O gênero lírico
O gênero líricoO gênero lírico
O gênero lírico
 
Arcadismo[1]..
Arcadismo[1]..Arcadismo[1]..
Arcadismo[1]..
 
2ª Fase do Modernismo (Poesia)
2ª Fase do Modernismo (Poesia)2ª Fase do Modernismo (Poesia)
2ª Fase do Modernismo (Poesia)
 
Slides Seminário de Literatura Brasileira_ Memorias Póstumas de Brás Cubas
Slides Seminário de Literatura Brasileira_ Memorias Póstumas de Brás CubasSlides Seminário de Literatura Brasileira_ Memorias Póstumas de Brás Cubas
Slides Seminário de Literatura Brasileira_ Memorias Póstumas de Brás Cubas
 
1ª fase do modernismo
1ª fase do modernismo1ª fase do modernismo
1ª fase do modernismo
 
Literatura brasileira
Literatura brasileiraLiteratura brasileira
Literatura brasileira
 
3ª fase do modernismo - Clarice Lispector
3ª fase do modernismo - Clarice Lispector3ª fase do modernismo - Clarice Lispector
3ª fase do modernismo - Clarice Lispector
 
I Juca Pirama - Gonçalves Dias
I   Juca Pirama - Gonçalves DiasI   Juca Pirama - Gonçalves Dias
I Juca Pirama - Gonçalves Dias
 
Machado de Assis
Machado de AssisMachado de Assis
Machado de Assis
 
Poesia e modernismo
Poesia e modernismoPoesia e modernismo
Poesia e modernismo
 

En vedette

Eu e outras poesias
Eu e outras poesiasEu e outras poesias
Eu e outras poesiasalpisveredas
 
Augusto dos anjos - PRÉ MODERNISMO
Augusto dos anjos - PRÉ MODERNISMOAugusto dos anjos - PRÉ MODERNISMO
Augusto dos anjos - PRÉ MODERNISMODanillo Rodrigues
 
A poesia de augusto dos anjos
A poesia de augusto dos anjosA poesia de augusto dos anjos
A poesia de augusto dos anjosma.no.el.ne.ves
 
Análise de "Eu e outras poesias", de augusto dos anjos
Análise de "Eu e outras poesias", de augusto dos anjosAnálise de "Eu e outras poesias", de augusto dos anjos
Análise de "Eu e outras poesias", de augusto dos anjosma.no.el.ne.ves
 
A esperança - Augusto dos Anjos
A esperança - Augusto dos AnjosA esperança - Augusto dos Anjos
A esperança - Augusto dos AnjosMima Badan
 
A engenharia aplicada à saúde
A engenharia aplicada à saúdeA engenharia aplicada à saúde
A engenharia aplicada à saúdeDanillo Rodrigues
 
Augusto dos anjos
Augusto dos anjosAugusto dos anjos
Augusto dos anjosLuis Bonfim
 
História em quadrinho 6ºc 5
História em quadrinho    6ºc   5História em quadrinho    6ºc   5
História em quadrinho 6ºc 5sansampa
 
Analise do livro canaã (yuri)
Analise do livro canaã (yuri)Analise do livro canaã (yuri)
Analise do livro canaã (yuri)oyurifernandes
 
Análise comparativa
Análise comparativaAnálise comparativa
Análise comparativaJosi Leão
 
3 8 graça aranha
3 8 graça aranha3 8 graça aranha
3 8 graça aranhaLuan02
 
Euclides da cunha, monteiro lobato, augusto dos anjos e lima barreto
Euclides da cunha, monteiro lobato, augusto dos anjos e lima barretoEuclides da cunha, monteiro lobato, augusto dos anjos e lima barreto
Euclides da cunha, monteiro lobato, augusto dos anjos e lima barretoMarcílio Marinho
 
Musica Popular Brasileira
Musica Popular BrasileiraMusica Popular Brasileira
Musica Popular Brasileiracreaty
 
Questões sobre negrinha
Questões sobre negrinhaQuestões sobre negrinha
Questões sobre negrinhama.no.el.ne.ves
 

En vedette (17)

Eu e outras poesias
Eu e outras poesiasEu e outras poesias
Eu e outras poesias
 
Augusto dos anjos - PRÉ MODERNISMO
Augusto dos anjos - PRÉ MODERNISMOAugusto dos anjos - PRÉ MODERNISMO
Augusto dos anjos - PRÉ MODERNISMO
 
A poesia de augusto dos anjos
A poesia de augusto dos anjosA poesia de augusto dos anjos
A poesia de augusto dos anjos
 
Análise de "Eu e outras poesias", de augusto dos anjos
Análise de "Eu e outras poesias", de augusto dos anjosAnálise de "Eu e outras poesias", de augusto dos anjos
Análise de "Eu e outras poesias", de augusto dos anjos
 
O morcego
O morcegoO morcego
O morcego
 
A esperança - Augusto dos Anjos
A esperança - Augusto dos AnjosA esperança - Augusto dos Anjos
A esperança - Augusto dos Anjos
 
A engenharia aplicada à saúde
A engenharia aplicada à saúdeA engenharia aplicada à saúde
A engenharia aplicada à saúde
 
Augusto dos anjos
Augusto dos anjosAugusto dos anjos
Augusto dos anjos
 
História em quadrinho 6ºc 5
História em quadrinho    6ºc   5História em quadrinho    6ºc   5
História em quadrinho 6ºc 5
 
Frida khalo
Frida khaloFrida khalo
Frida khalo
 
t
tt
t
 
Analise do livro canaã (yuri)
Analise do livro canaã (yuri)Analise do livro canaã (yuri)
Analise do livro canaã (yuri)
 
Análise comparativa
Análise comparativaAnálise comparativa
Análise comparativa
 
3 8 graça aranha
3 8 graça aranha3 8 graça aranha
3 8 graça aranha
 
Euclides da cunha, monteiro lobato, augusto dos anjos e lima barreto
Euclides da cunha, monteiro lobato, augusto dos anjos e lima barretoEuclides da cunha, monteiro lobato, augusto dos anjos e lima barreto
Euclides da cunha, monteiro lobato, augusto dos anjos e lima barreto
 
Musica Popular Brasileira
Musica Popular BrasileiraMusica Popular Brasileira
Musica Popular Brasileira
 
Questões sobre negrinha
Questões sobre negrinhaQuestões sobre negrinha
Questões sobre negrinha
 

Similaire à Augusto

Similaire à Augusto (20)

Trabalho de saúde
Trabalho de saúdeTrabalho de saúde
Trabalho de saúde
 
Augusto dos anjos
Augusto dos anjosAugusto dos anjos
Augusto dos anjos
 
Biografia 4º C
Biografia 4º CBiografia 4º C
Biografia 4º C
 
Noite na Taverna
Noite na TavernaNoite na Taverna
Noite na Taverna
 
Simbolismo autores
Simbolismo   autoresSimbolismo   autores
Simbolismo autores
 
Fernando pessoa
Fernando pessoaFernando pessoa
Fernando pessoa
 
Florbela espanca
Florbela espancaFlorbela espanca
Florbela espanca
 
Castro Alves
Castro AlvesCastro Alves
Castro Alves
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Charneca em flor - Florbela Espanca
Charneca em flor - Florbela EspancaCharneca em flor - Florbela Espanca
Charneca em flor - Florbela Espanca
 
Simbolismo
SimbolismoSimbolismo
Simbolismo
 
Nayara
NayaraNayara
Nayara
 
Alguns livros essenciais da literatura brasileira1
Alguns livros essenciais da literatura brasileira1Alguns livros essenciais da literatura brasileira1
Alguns livros essenciais da literatura brasileira1
 
O Pre Modernismo No Brasl
O Pre Modernismo No BraslO Pre Modernismo No Brasl
O Pre Modernismo No Brasl
 
Livros da literatura brasileira
Livros da literatura brasileiraLivros da literatura brasileira
Livros da literatura brasileira
 
Realismo
RealismoRealismo
Realismo
 
Portugues3em
Portugues3emPortugues3em
Portugues3em
 
Alguns livros essenciais da literatura brasileira1
Alguns livros essenciais da literatura brasileira1Alguns livros essenciais da literatura brasileira1
Alguns livros essenciais da literatura brasileira1
 
Alguns livros essenciais da literatura brasileira1
Alguns livros essenciais da literatura brasileira1Alguns livros essenciais da literatura brasileira1
Alguns livros essenciais da literatura brasileira1
 
Augusto dos anjos
Augusto dos anjosAugusto dos anjos
Augusto dos anjos
 

Plus de Prof Palmito Rocha (20)

Quadro Comparativo - Vanguardas Europeias
Quadro Comparativo - Vanguardas Europeias Quadro Comparativo - Vanguardas Europeias
Quadro Comparativo - Vanguardas Europeias
 
Exercício verbo
Exercício verboExercício verbo
Exercício verbo
 
Crase
CraseCrase
Crase
 
Realismo
RealismoRealismo
Realismo
 
Verbo
VerboVerbo
Verbo
 
Romance romântico
Romance românticoRomance romântico
Romance romântico
 
Roteiro
Roteiro Roteiro
Roteiro
 
Elementos da comunicação
Elementos da comunicaçãoElementos da comunicação
Elementos da comunicação
 
Lista de exercício - Numeral
Lista de exercício - NumeralLista de exercício - Numeral
Lista de exercício - Numeral
 
Uso do numeral
Uso do numeralUso do numeral
Uso do numeral
 
Lista romantismo
Lista romantismoLista romantismo
Lista romantismo
 
Exercícios colocação pronominal
Exercícios colocação pronominalExercícios colocação pronominal
Exercícios colocação pronominal
 
Exercicio colocação pronominal
Exercicio colocação pronominalExercicio colocação pronominal
Exercicio colocação pronominal
 
Exercicio Coesão
Exercicio CoesãoExercicio Coesão
Exercicio Coesão
 
Exercicio acentuação
Exercicio acentuaçãoExercicio acentuação
Exercicio acentuação
 
Coesão
CoesãoCoesão
Coesão
 
Exercicio coesão textual
Exercicio coesão textualExercicio coesão textual
Exercicio coesão textual
 
Estudo dirigido Trovadorismo-Classicismo
Estudo dirigido Trovadorismo-ClassicismoEstudo dirigido Trovadorismo-Classicismo
Estudo dirigido Trovadorismo-Classicismo
 
Exercício sobre colocação pronominal
Exercício sobre colocação pronominalExercício sobre colocação pronominal
Exercício sobre colocação pronominal
 
Fonologia 1º ano Ensino Médio
Fonologia 1º ano Ensino MédioFonologia 1º ano Ensino Médio
Fonologia 1º ano Ensino Médio
 

Dernier

aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofiaaula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino FilosofiaLucliaResende1
 
Atividade de matemática para simulado de 2024
Atividade de matemática para simulado de 2024Atividade de matemática para simulado de 2024
Atividade de matemática para simulado de 2024gilmaraoliveira0612
 
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptxQUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptxAntonioVieira539017
 
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES Monelos
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES MonelosPeixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES Monelos
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES MonelosAgrela Elvixeo
 
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...Colaborar Educacional
 
Cruzadinha da dengue - Mosquito Aedes aegypti
Cruzadinha da dengue - Mosquito Aedes aegyptiCruzadinha da dengue - Mosquito Aedes aegypti
Cruzadinha da dengue - Mosquito Aedes aegyptiMary Alvarenga
 
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entender
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entenderautismo conhecer.pptx, Conhecer para entender
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entenderLucliaResende1
 
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdf
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdfEBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdf
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdfIBEE5
 
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)profesfrancleite
 
SEMIOSES DO OLHAR - SLIDE PARA ESTUDO 123
SEMIOSES DO OLHAR - SLIDE PARA ESTUDO 123SEMIOSES DO OLHAR - SLIDE PARA ESTUDO 123
SEMIOSES DO OLHAR - SLIDE PARA ESTUDO 123JaineCarolaineLima
 
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptx
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptxRessonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptx
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptxPatriciaFarias81
 
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...Colaborar Educacional
 
Aula 6 - O Imperialismo e seu discurso civilizatório.pptx
Aula 6 - O Imperialismo e seu discurso civilizatório.pptxAula 6 - O Imperialismo e seu discurso civilizatório.pptx
Aula 6 - O Imperialismo e seu discurso civilizatório.pptxMarceloDosSantosSoar3
 
FORMAÇÃO POVO BRASILEIRO atividade de história
FORMAÇÃO POVO BRASILEIRO atividade de históriaFORMAÇÃO POVO BRASILEIRO atividade de história
FORMAÇÃO POVO BRASILEIRO atividade de históriaBenigno Andrade Vieira
 
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti -
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti  -Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti  -
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti -Mary Alvarenga
 
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus SousaO-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus SousaTeresaCosta92
 
Termo de audiência de Mauro Cid na ìntegra
Termo de audiência de Mauro Cid na ìntegraTermo de audiência de Mauro Cid na ìntegra
Termo de audiência de Mauro Cid na ìntegrafernando846621
 

Dernier (20)

aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofiaaula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino Filosofia
 
Atividade de matemática para simulado de 2024
Atividade de matemática para simulado de 2024Atividade de matemática para simulado de 2024
Atividade de matemática para simulado de 2024
 
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptxQUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
 
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES Monelos
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES MonelosPeixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES Monelos
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES Monelos
 
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
 
Cruzadinha da dengue - Mosquito Aedes aegypti
Cruzadinha da dengue - Mosquito Aedes aegyptiCruzadinha da dengue - Mosquito Aedes aegypti
Cruzadinha da dengue - Mosquito Aedes aegypti
 
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entender
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entenderautismo conhecer.pptx, Conhecer para entender
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entender
 
Abordagem 3. Análise interpretativa (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdf
Abordagem 3. Análise interpretativa (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdfAbordagem 3. Análise interpretativa (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdf
Abordagem 3. Análise interpretativa (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdf
 
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdf
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdfEBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdf
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdf
 
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)
 
SEMIOSES DO OLHAR - SLIDE PARA ESTUDO 123
SEMIOSES DO OLHAR - SLIDE PARA ESTUDO 123SEMIOSES DO OLHAR - SLIDE PARA ESTUDO 123
SEMIOSES DO OLHAR - SLIDE PARA ESTUDO 123
 
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptx
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptxRessonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptx
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...
 
Aula 6 - O Imperialismo e seu discurso civilizatório.pptx
Aula 6 - O Imperialismo e seu discurso civilizatório.pptxAula 6 - O Imperialismo e seu discurso civilizatório.pptx
Aula 6 - O Imperialismo e seu discurso civilizatório.pptx
 
FORMAÇÃO POVO BRASILEIRO atividade de história
FORMAÇÃO POVO BRASILEIRO atividade de históriaFORMAÇÃO POVO BRASILEIRO atividade de história
FORMAÇÃO POVO BRASILEIRO atividade de história
 
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti -
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti  -Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti  -
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti -
 
Abordagens 4 (Problematização) e 5 (Síntese pessoal) do texto de Severino (20...
Abordagens 4 (Problematização) e 5 (Síntese pessoal) do texto de Severino (20...Abordagens 4 (Problematização) e 5 (Síntese pessoal) do texto de Severino (20...
Abordagens 4 (Problematização) e 5 (Síntese pessoal) do texto de Severino (20...
 
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus SousaO-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
 
Termo de audiência de Mauro Cid na ìntegra
Termo de audiência de Mauro Cid na ìntegraTermo de audiência de Mauro Cid na ìntegra
Termo de audiência de Mauro Cid na ìntegra
 
Abordagem 2. Análise temática (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdf
Abordagem 2. Análise temática (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdfAbordagem 2. Análise temática (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdf
Abordagem 2. Análise temática (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdf
 

Augusto

  • 1. “ A mão que afaga é a mesma que apedreja...” Augusto dos Anjos
  • 2. Biografia Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco PB em 20 de abril de 1884. Aprendeu com o pai, bacharel, as primeiras letras. Fez o curso secundário no Liceu Paraibano, já sendo dado como doentio e nervoso por testemunhos da época. Formado em direito em Recife (1906), casou-se logo depois. Contudo, não advogou; vivia de ensinar português, primeiro em seu estado e a seguir no Rio de Janeiro RJ, para onde se mudou em 1910. Lecionou também geografia na Escola Normal, depois Instituto de Educação, e no Ginásio Nacional, depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser efetivado como professor.
  • 3. Em fins de 1913 mudou-se para Leopoldina MG, onde assumiu a direção do grupo escolar e continuou a dar aulas particulares. Seu único livro, “ Eu ” , foi publicado em 1912. Surgido em momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, é bem representativo do espírito sincrético que prevalecia na época, parnasianismo por alguns aspectos e simbolista por outros. Praticamente ignorado a princípio, quer pelo público, quer pela crítica, esse livro que canta a degenerescência da carne e os limites do humano só alcançou novas edições graças ao empenho de Órris Soares (1884-1964), amigo e biógrafo do autor. Cético em relação às possibilidades do amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me), Augusto dos Anjos fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu pensamento. Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo e tudo é egoísmo e angústia em seu livro patético ("Ai! Um urubu pousou na minha sorte").
  • 4. A vida e suas facetas, para o poeta que aspira à morte e à anulação de sua pessoa, reduzem-se a combinações de elementos químicos, forças obscuras, fatalidades de leis físicas e biológicas, decomposições de moléculas. Tal materialismo, longe de aplacar sua angústia, sedimentou-lhe o amargo pessimismo ("Tome, doutor, essa tesoura e corte / Minha singularíssima pessoa"). Ao asco de volúpia e à inapetência para o prazer contrapõe-se porém um veemente desejo de conhecer outros mundos, outras plagas, onde a força dos instintos não cerceie os vôos da alma ("Quero, arrancado das prisões carnais, / Viver na luz dos astros imortais"). A métrica rígida, a cadência musical, as aliterações e rimas preciosas dos versos fundiram-se ao esdrúxulo vocabulário extraído da área científica para fazer do Eu -- desde 1919 constantemente reeditado como Eu e outras poesias -- um livro que sobrevive, antes de tudo, pelo rigor da forma.
  • 5. Co m o tempo, Augusto dos Anjos tornou-se um dos poetas mais lidos do país, sobrevivendo às mutações da cultura e a seus diversos modismos como um fenômeno incomum de aceitação popular. Vitimado pela pneumonia aos trinta anos de idade, morreu em Leopoldina em 12 de novembro de 1914.
  • 6. 1884 : Nasce Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos, no engenho Pau d’Arco, vila do Espírito Santo, Paraíba, a 20 de abril. 1900 : Matricula-se no curso de Humanidades do Liceu Paraibano. Conhece Santos Neto e Órris Soares ( tio avô de Jô Soares), de quem se torna amigo. Publica o primeiro trabalho, o soneto " Saudade " , no Almanaque do Estado da Paraíba. 1901 : Inicia sua colaboração no jornal “ O commercio, ” na capital paraibana. 1903 : Ingressa na Faculdade de Direito do Recife, Pernambuco. 1904 : Publica no jornal "O commercio" o célebre soneto "Vandalismo" . 1905 : Morre seu pai, Alexandre Rodrigues dos Anjos, a 13 de janeiro.Seis dias depois publica os três sonetos "A meu pai doente", "A meu pai morto", "Ao sétimo dia do seu falecimento". 1906 : Publica no jornal "O Commercio" seu soneto mais famoso "Versos íntimos". 1907 : Conclui o curso de Direito. 1908 : Leciona Literatura no Liceu Paraibano, como professor interino. 1909 : Inicia sua colaboração no diário oficial do Estado, "A União". Cronologia
  • 7. 1910 : Casa-se com dona Ester Fialho, a 4 de julho. Transfere-se para o Rio de Janeiro, em outubro desse ano. 1911 : Nasce morto seu primeiro filho, a 2 de fevereiro. Leciona Geografia na Escala Normal, como professor interino, e também no colégio Pedro II 1912 : Publica o livro EU, custeado pelo seu irmão Odilon, pelo total de 550.000 réis em tiragem de 1000 exemplares. O livro é recebido com grande impacto e estranheza por parte da crítica, que oscila entre o entusiasmo e a repulsa. Nasce sua filha, Glória. 1913 : Nasce seu filho Guilherme. 1914 : É nomeado diretor do grupo escolar Ribeiro Junqueira, em Leolpoldina, Minas Gerais, a 1o. De julho. Muda-se para Leolpoldina, em 22 do mesmo mês. Morre a 12 de novembro. 1920 : Publica-se Eu e Outras Poesias: reedição do EU, completado com uma coletânea de versos póstumos, Outras Poesias, organizados pôr Órris Soares, também prefaciador do volume. 1928 : Lançamento da terceira edição de suas poesias, pela livraria Castilho do Rio de Janeiro, com extraordinário sucesso de crítica e público.  
  • 8.
  • 9.
  • 10. No ano de 1995, a escritora Ana Miranda criou um romance denominado A Última Quimera e, através de um narrador masculino, conta a repercussão da morte de Augusto dos Anjos. “ Ele era assim. Achava que os sofrimentos vêm do inferno - e de certo vêm- que são brincadeiras dos demônios. Tinha uma visão jocosa do inferno. Ao contrário do que pensam dele, era um homem surpreendentemente bem-humorado, em sua essência mais íntima. Ele mesmo se tornava o demnio para escrever seus versos. E os túmulos, os vermes, os esqueletos móbidos, a noite funda, o poço, os lírios secos, os sábados de infâmias, os defuntos no chão frio, a mosca debochada, as mãos magras, as paixões cegas, o rugir dos neurônios, a promiscuidade das adegas, as substâncias tóxicas, a mandíbula inchada de um morfético de orelhas de um tamanho aberratório, um sonho inchado, podre, todos estes elementos da imaginação de Augusto não passavam de gracejos infernais. E, de certa forma, juvenis.” Aspectos Centrais
  • 11. Poemas Versos Íntimos Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera – Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!
  • 12.
  • 13. Agora, sim! Vamos morrer, reunidos, Tamarindo de minha desventura, Tu, com o envelhecimento da nervura, Eu, com o envelhecimento dos tecidos! Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos! E a podridão, meu velho! E essa futura Ultrafatalidade de ossatura, A que nos acharemos reduzidos! Não morrerão, porém, tuas sementes! E assim, para o Futuro, em diferentes Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos, Na multiplicidade dos teus ramos, Pelo muito que em vida nos amamos, Depois da morte inda teremos filhos! Vozes da Morte
  • 14. Mágoas Quando nasci, num mês de tantas flores, Todas murcharam, triste, langorosas, Tristes fanaram redolentes rosas, Morreram todas, todas sem olores. Mais tarde da existência nos verdores Da infância nunca tive as venturosas Alegrias que passam bonançosas, Oh! Minha infância nunca teve flores! Volvendo a quadra azul da mocidade, Minh'alma levo aflita à Eternidade, Quando a morte matar meus dissabores. Cansado de choras pelas estradas, Exausto de pisar mágoas pisadas, Hoje eu carrego a cruz das minhas dores!