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1
OS PEIXES E A PESCA
NO RIO PIRACICABA | MG
2 1
O rio Piracicaba nasce no município de Ouro Preto a 1.680 m de altitude e
percorre 241 km até desaguar no rio Doce, na divisa dos municípios de Ipatinga
e Timóteo. É um dos principais afluentes do rio Doce. Drena uma área de relevo
bastante montanhoso, onde existem grandes desníveis, formando cachoeiras e
corredeiras, intercalados com trechos de fundo mais arenoso e menor correnteza.
As chuvas são concentradas no final da primavera (novem-
bro e dezembro), indo até fevereiro, seguido de períodos
commenoresprecipitações,chegandoàcompletaestiagem
nos meses mais frios do meio do ano (outono/inverno).
A bacia do rio Piracicaba
Caracterização do clima tropical típico – Estações do ano
Foto página à esquerda: Corredeiras de Amorim, rio Piracicaba, Antônio Dias, MG
Foto da capa: Rio Piracicaba, Nova Era, MG
2 3
Os processos de degradação ambiental fazem parte da história da bacia do rio
Piracicaba há uma longa data. Esse fato pôde ser constatado em um manuscrito
do século XIX, encontrado sob o altar da igreja de São João Batista, em Barão de
Cocais. Nesse documento é feito um relato acerca da redução na abundância de
peixes em um curso d’água afetado pela exploração do ouro.
“…Hoje é muito diversa a vida dos habitantes de S. João do
Morro-Grande (atualmente Barão de Cocais). O rio nada produz,
à excepção de pequenos peixes como a pirapitinga, trahiras,
piabas,mandispescadoscommaisvantagensduranteoprincípio
da estação chuvosa, outubro e novembro. Em comparação o
povo tornou-se mais dedicado ao trabalho da lavoura, e nem por
isso menos satisfeito que outrora. Para todo mal existe alguma
compensação.” (Belarmino, J. - sem data - Notas colhidas sobre a tradição
local. 32 p. Ouro Preto, MG. Transcrição conforme original)
Apesar de já existir uma preocupação com as condições ambientais naquela
época, também fica claro certo conformismo com as perdas observadas. Outro
fato relevante nesse manuscrito é a citação da ocorrência da pirapitinga na região,
uma espécie de peixe extremamente rara na bacia do rio Piracicaba nos dias atuais.
Rib.
ais
Rib.Coc
Rodoviário, Escala - 1: 1.500.000 - 1998 - DER/MG.
MARIANA
OURO
PRETO
ESCALA-1:1.000.000
ALVINÓPOLIS
de M.G. Escala - 1:1.500.000 - 1997 IGA/CETEC e Mapa
BASE CARTOGRÁFICA-Mapa das Regiões Administrativas
DOCE
RIO
BÁRBARA
SANTA
RIO
UNA
RIO
M
ACHADO
DO
RIO
PEIXE
DO
RIO
Grande
eno
Pequ
PIRACICABA
RIO
Figueiredo
Rib.
ATA
PR
DA
RIO
Caxambú
ou
Pinto
Rib.
Padre
TURVO
DORIO
quinéMa
Rib.
ÇÃO
CO
NCEI
RIO
BA
PIRACICA
RIO
43°00'
20°00'
FABRICIANO
CORONEL
TIMÓTEO
JAGUARAÇU
MARLIÉRIA
ANTÔNIO DIAS
NOVA ERA
DO PRATA
S.DOMINGOS
DE MINAS
BELAVISTA
MONLEVADE
JOÃO
ITABIRA
PIRACICABA
RIO
ALTAS
CATAS
BÁRBARA
SANTA
DE COCAIS
BARÃO
RIO ABAIXO
S.GONÇALO DO
DO AMPARO
BOM JESUS
IPATINGA
Limite municipal
Limite da bacia
Sede do município
Rib.SantaBárbara
RiodoPeixe
RIODOCE
Piracicaba - 1939
Sá Carvalho - 1949
Amorim I - 1950 (desativada)
Guilman-Amorim - 1997
USINAS HIDRELÉTRICAS
Ponte
Fonte: CANAMBRA/CEMIG - 1965 (adaptado)
241 km
1680
IPATINGA
CORONELFABRICIANO
255,7
E.F.V.M.(antiga)
ANTÔNIODIAS
372,0
445,0
495,0
2
34
34
E.F.V.M.
NOVAERA
561,0
600,0
1
JOÃOMONLEVADE
RIOPIRACICABA
E.F.C.B.
E.F.C.B.
FONSECA677m
SANTARITADURÃO808m
020406080100120140160180200220
200
300
400
500
600
700
800
900
m
Nível d'água (m)
495,0Barramento Casa de força
HORIZONTE
BELO
ATLÂNTICO
O
CEANO
Bacia do rio PiracicabaBacia do rio Doce
M.S.
MINAS GERAIS
BAHIA
BAHIA
SANTO
ESPÍRITO
JANEIRO
DERIO
SÃO PAULO
GOIÁS
D.F.
50° 48° 46° 44° 42° 40°
16°
18°
20°
22°22°
20°
18°
16°
40°42°44°46°48°50°
DO
CE
RIO
cicaba
Pira
R.
SÃO
FRANCISCO
RIO
0 200 km
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
BACIA DO RIO PIRACICABA
DIVISÃO MUNICIPAL
PERFIL LONGITUDINAL DO RIO PIRACICABA
Foto página à esquerda: Rio Piracicaba, Lago UHE Guilman-Amorim, Nova Era, MG.
4 5
A fauna de peixes do rio Piracicaba
Foto página à esquerda: Rio Piracicaba, Lago UHE Guilman-Amorim, Nova Era, MG.
Foram relacionadas para a bacia do rio Doce 71 espécies de peixes nativos, onze
das quais ameaçadas de extinção e 28 exóticas, totalizando 99 espécies. Desse
total, pouco mais de um terço (40 espécies) possui registro relatado para o rio
Piracicaba (confira lista das espécies, página 31).
O próprio nome do rio - Piracicaba - que significa em tupi-guarani “lugar onde o
peixe pára” pode representar uma resposta para a existência de menor número de
espécies de peixes neste rio no trecho a montante da UHE Sá Carvalho. De fato,
várias delas, como o piau-branco, o sairú e a cumbaca, possuem registros atuais
somente abaixo da cachoeira do Salto, em Antônio Dias, no baixo Piracicaba
(veja o perfil do rio e a localização geográfica da bacia na página 3).
Com relação à ocorrência de espé-
cies de peixes no rio Piracicaba
duas merecem destaque especial:
a primeira é o piau-vermelho
(Leporinus copelandii), cujos re-
latos disponíveis haviam sido fei-
tos somente por moradores da
região de João Monlevade com
mais de oitenta anos, onde esse
peixe era pescado por volta dos anos 30. Esse fato era condizente com estu-
dos realizados ao longo dos últimos 20 anos no rio Piracicaba acima da Usina
Hidrelétrica Sá Carvalho, onde a espécie nunca havia sido registrada desde
então. Entretanto, dois exemplares foram capturados, em abril de 2011, próxi-
mo à saída de água da casa de força da Usina Hidrelétrica Piracicaba, em João
Monlevade. Ainda não é possível indicar se esses exemplares são provenientes
de ações particulares de soltura ou se da recuperação de alguma população
que se manteve isolada, em longo prazo, em uma seção mais preservada do rio
e agora volta a se dispersar pelos cursos d’água.
Leporinus copelandii.
Piau-vermelho
76
A outra espécie é a pirapitinga ou pipitinga (Brycon cf. opalinus). Nas últimas
décadas, existia um único registro dessa espécie, datado de mais de 30 anos
atrás, para o rio Santa Bárbara, abaixo do reservatório da Usina Hidrelétrica Peti,
no município de São Gonçalo do Rio Abaixo. Recentemente, um novo exemplar
foi capturado acima do núcleo urbano de Barão de Cocais. Entretanto, nesse
caso o peixe foi somente fotografado e liberado, não permitindo uma análise
mais adequada. Por essa razão, o nome usado aqui trás um “cf.”, que indica ne-
cessidade de conferir a identificação.
Outro fato digno de nota é que uma grande parcela dos peixes ainda encontra-
dos, na calha do Piracicaba, é capaz de suportar grandes alterações ambientais.
Desse modo, além das características naturais da bacia, principalmente grandes
quedas d’água separando trechos de rios, existem bons indicativos de que a de-
gradação ambiental também representou um fator responsável pela redução da
riqueza da fauna de peixes.
A existência de poucas espécies de peixes na bacia do rio Piracicaba também criou
expectativas na população de que se fizessem peixamentos. Acreditava-se e, ainda se
acredita, que a pesca se tornaria mais farta e a fauna de peixes mais diversa.
A primeira tentativa oficial de peixamento que se tem notícia ocorreu em 1961,
com o mandi-amarelo (Pimelodus cf. maculatus), uma espécie exótica e trazi-
da originalmente da bacia do rio Paraná. Os peixes foram soltos em Nova Era e
João Monlevade e, ao que tudo indica, não se estabeleceram nesse trecho do rio
Piracicaba, embora seja comum em várias outras regiões do rio Doce. Com o pas-
sar do tempo, outras espécies exóticas foram liberadas e o resultado é que hoje
existem pelo menos oito espécies exóticas relatadas para a bacia do rio Piracicaba,
sendo algumas com populações plenamente estabelecidas: carpa, barrigudinho,
bagre-africano e as duas espécies de tilápias. Pescadores relatam outras espécies
exóticas, mas estas não foram ainda registradas formalmente através de estudos
realizados. As informações disponíveis indicam que todas as ações de peixamento
foram feitas com espécies exóticas, em detrimento das nativas.
Outra forma comum de peixes exóticos chegarem aos cursos d’água é através de
fugas de açudes localizados na bacia. Em um estudo realizado, em agosto de 2009,
foram avaliadas dez propriedades situadas em sub-bacias tributárias do entorno ime-
diato do reservatório da UHE Guilman-Amorim. No total, foram identificados 40 açu-
des que estão sendo utilizados, prioritariamente, como criatórios de peixes para fins
de subsistência e ornamentação. Apesar de abrigarem algumas espécies nativas, a
maioria é de exóticas: piaus, pintado, matrinxã, carpa, tilápia, tambaqui, entre outras.
Foto: Rio Piracicaba, Nova Era, MG.
98
A introdução de espécies de peixes exóticos já foi avaliada amplamente para a
bacia do rio Doce em Minas Gerais, onde foram confirmadas trinta espécies nes-
sa categoria. Entre os problemas relatados, destacam-se a competição e a pre-
dação, em alguns casos culminando com a extinção de espécies nativas, como
verificado nas lagoas do Parque Estadual do Rio Doce. Outra questão se refere à
substituição de espécies de peixes nativas, uma vez que a pesca está quase toda
centrada em espécies exóticas, tais como: tilápias, carpas, entre outras.
Para o futuro, novas adições de espécies exóticas podem ocorrer localmente,
visto que a sua introdução pode ser feita por qualquer pessoa ou por escapes
de criatórios, o que ocorre de forma aleatória nos cursos d’água. Essas formas
de disseminação de peixes exóticos têm impedido qualquer ação efetiva pelo
sistema de gestão ambiental da UHE Guilman-Amorim, embora amplos esforços
tenham sido empregados através de palestras e ações de educação ambiental
sobre os problemas advindos com essas espécies.
Dessa forma, embora hoje se observe uma situação relativamente estabilizada
com a presença das espécies exóticas, não há qualquer garantia futura de que
a mesma seja mantida. Essa conclusão é feita em função dos impactos estarem
relacionados, primariamente, à espécie que é introduzida, condição que não tem
como ser controlada, efetivamente. Para tanto, é necessário que a população se
torne consciente das interferências causadas por atividades de soltura de peixes,
implantação de açudes e pesque-pagues sem os devidos cuidados técnicos e
orientação dos órgãos de fiscalização ambiental e da vigilância sanitária.
Na década de 90 foram liberadas carpas no rio Piracicaba e o resultado demonstra
que os peixamentos não representam uma forma de manejo adequado. Após a
soltura desses peixes, sem conhecimento prévio nem da gerência ambiental da
Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim nem dos órgãos ambientais, pescadores foram
atraídos para pescar na área do reservatório formado pela barragem da hidrelétrica.
Desde então, através das atividades de educação ambiental implantadas pela
Usina, tem-se procurado sensibilizar e conscientizar os pescadores para os im-
pactos que podem ser causados pelo uso inadequado das margens dos rios e dos
reservatórios: corte de árvores, abandono de lixo, abertura de trilhas, focos de
incêndio a partir de fogueiras, entre outras interferências.
Por outro lado, os estudos de monitoramento conduzidos desde o final da década de
90 no lago da barragem demonstraram que a população de carpas (Cyprinuscarpio)
decresceu, acentuadamente, após os primeiros anos de formação do reservatório.
Essa alteração populacional ocorreu de forma natural, ou seja, sem ações de manejo e
refletiu, diretamente, como um fator de diminuição da intensidade de pesca esportiva
local,emboraapresençadepescadoresjuntoàsmargensainda seja bemsignificativa.
Foto: Exemplar de carpa pescada no reservatório da UHE Guilman-Amorim
1110
É muito importante que todos estejam informados sobre a “lei da pesca estadual”1
No rio Piracicaba só é praticada a pesca amadora, que é feita, principal-
mente, ao longo das margens.
Todo pescador amador deve possuir uma carteira de pescador (Categoria
A), seja para pescar a partir das margens ou com barco a remo ou a motor.
A carteira de pescador amador é obtida no Instituto Estadual de
Florestas (IEF) mediante o pagamento de uma taxa.
Todos os pescadores amadores só podem utilizar, no rio Piracicaba,
anzol, chumbada, linha, vara ou caniço e molinete.
Qualquer embarcação utilizada para pesca deve estar identificada com
o número do registro geral (RG) do licenciado.
A traíra é o único peixe no rio
Piracicaba que possui tama-
nho mínimo para ser pesca-
do (30 cm). O dourado, que é
uma espécie exótica na bacia
do rio Doce, e que, segundo
alguns pescadores, é ocasio-
nalmente pescado no baixo
Piracicaba, também possui
tamanho mínimo de captura (60 cm). Atualmente, não existem re-
gistros da captura de dourados nos estudos ambientais realizados
ao longo do rio Piracicaba.
A legislação e a pesca no rio Piracicaba
Olimiteparacapturaetransportedepescadoporpescadoramadoréde10kg,
mais um exemplar, conforme a tabela de tamanhos mínimos permitidos e
divulgada pelo IEF. Devem ser observados, também, os limites permitidos
durante a época da piracema, que normalmente são mais restritivos.
No rio Piracicaba não existem restrições par-
ticulares para a pesca amadora, salvo as
aqui citadas. No entanto, durante o
período da piracema, que tradi-
cionalmente ocorre entre 1º de
novembro e 28 de fevereiro do
ano subsequente, as atividades de
pesca sofrem restrições. Nesta época, os peixes
sobem para as cabeceiras dos rios para se reproduzirem e os pes-
cadores têm que observar, rigorosamente, as restrições para a atividade.
Como o período de interdição da pesca pode variar entre os anos, quan-
do são editadas novas portarias, é necessário que, anualmente, todos se
informem sobre o mesmo junto ao IEF (http://www.ief.mg.gov.br/pesca/
piracema?task=view”http://www.ief.mg.gov.br/pesca/piracema?task=view).
Apesar da lei de pesca parecer, para alguns, muito severa, o objetivo final é muito
nobre: preservar os recursos aquáticos vivos para o uso sustentável! Assim, não
deixe de consultar o IEF para receber orientações sobre a pesca no rio Piracicaba.
Forme grupos para discutir e conhecer a lei de pesca estadual e também os peixes do
rio Piracicaba. O pescador é o maior interessado e, portanto, o responsável pelas ações
que podem tornar a pesca amadora uma atividade viável por longo prazo.
1
Lei Estadual nº 14.181, de 17 de janeiro de 2002. Dispõe sobre a política de proteção à fauna e à flora aquáticas e de
desenvolvimento da pesca e da aqüicultura no Estado, e foi regulamentada pelo Decreto Estadual nº 43.713, de 14 de
janeiro de 2004 - http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=145)
Hoplias malabaricus
Traíra
12 13
Conheça alguns peixes da
bacia do rio Piracicaba
Para que possam ser tomadas medidas preventivas, corretivas ou compensatórias
relativas às interferências ambientais causadas pela implantação de usinas hidre-
létricas, a legislação ambiental exige a realização de vários estudos que abordam,
inclusive, a fauna e a flora da área afetada. Por essa razão, no rio Piracicaba, a ictio-
fauna é melhor conhecida justamente nos trechos onde existem usinas hidrelétricas.
Os estudos realizados na área de influência da Usina Hidrelétrica Guilman-
Amorim, localizada nos municípios de Antônio Dias e Nova Era, permitiram am-
pliar bastante o conhecimento sobre os peixes do Piracicaba. Foi durante esses
estudos, na década de 90, que se capturou, pela primeira vez, uma cambeva e um
cascudinho, à época ainda desconhecidos da Ciência.
A cambeva vive somente no leito central do rio Piracicaba e ainda não possui nome
científico definido. O cascudinho vive em trechos de forte correnteza em afluentes
menores e foi descrito no ano de 2009, recebendo o nome de Pareiorhaphis scutula.
1. Piau-branco, piaba-branca
(Leporinus conirostris) [a] e
Piau-vermelho, piaba-vermelha
(Leporinus copelandii) [b]
Na bacia do rio Doce ocorrem cinco
espéciesnativasdogêneroLeporinus,
sendo que somente as duas aqui lis-
tadas possuem registro confirmado
na drenagem do rio Piracicaba. O
piau-brancoestárestritoaotrechoabaixodabarragemdaUHESáCarvalho,enquanto
o piau-vermelho foi capturado somente em abril de 2011, na calha do rio Piracicaba,
[a] Leporinus conirostris
[b] Leporinus copelandii
Piau- branco / Piaba-branca,
Piau-vermelho / Piaba-vermelha
Foto página à esquerda: Rio Piracicaba, Corredeiras do Amorim, Antônio Dias, MG
[a]
[b]
1514
em João Monlevade. Ambas as espécies são migradoras, alcançam mais de 50 cm de
comprimento e peso superior a 1 kg. Ocorrem em rios de maior porte e apresentam
hábito reofílico, ou seja, vivem e necessitam de ambientes de água corrente para com-
pletarem o ciclo de vida. Conforme dados da literatura, o piau-branco é considerado
um herbívoro e o piau-vermelho onívoro, que se alimenta de vegetais ou de animais.
A reprodução das duas espécies ocorre no período de cheia dos rios.
2. Lambari-bocarra
(Oligosarcus argenteus)
Ocorre em todos os ambientes da
drenagem do rio Piracicaba. Este
peixe alcança mais de 20 cm e as
fêmeas são bem maiores que os
machos. Alimenta-se de pequenos
peixes e invertebrados aquáticos e terrestres. Sua reprodução ocorre durante
quase todo o ano. É bastante capturado pelos pescadores.
3. Lambaris (Astyanax aff.
bimaculatus [a] Astyanax aff.
taeniatus [b] Astyanax aff.
scabripinnis [c])
A primeira e a segunda espécies
são encontradas em praticamente
todos os ambientes da bacia, en-
quanto a terceira é característica
dos pequenos afluentes, princi-
palmente em áreas próximas às
cabeceiras. Esses lambaris não ul-
trapassam 15 cm de comprimento.
Alimentam-se, principalmente, de
invertebrados aquáticos e terres-
tres que caem no rio. Astyanax
bimaculatus se reproduz, praticamente, ao longo de todo o ano e A. scabripinnis
durante o período de cheias. Somente A. bimaculatus faz parte da pesca, pois é
muito abundante nos reservatórios da bacia.
4. (Characidium aff. timbuiensis)
Espécie de pequeno porte (menor
que 10 cm) e registrada no rio
Piracicaba, somente na calha cen-
tral. É uma espécie que vive junto
ao fundo do rio, encontrada prin-
cipalmente em associação com
áreas de substrato rochoso e correnteza moderada a forte. Possui adaptações
nas nadadeiras pares, que permitem a ancoragem no fundo e possibilitam trans-
por paredões rochosos em locais encachoeirados. Não existem informações so-
bre a alimentação dessa espécie, entretanto, dados disponíveis para espécies do
mesmo gênero permitem inferir que a mesma deve se alimentar de pequenos
invertebrados aquáticos. Dados sobre a reprodução não estão disponíveis.
5. Barrigudinhos ou guppys
(Poecilia reticulata [a] e
Phalloceros sp.[b])
Ambas as espécies são represen-
tadas por peixes de pequeno por-
te (menos de 5 cm) e sem impor-
tância para a pesca. Os machos
são facilmente diferenciados pela
presença de gonopódio, órgão que
é formado pela modificação dos
raios da nadadeira anal e utilizado
para a fecundação das fêmeas. São
peixes vivíparos, ou seja, o macho fecunda a fêmea e esta dá a luz aos filhotes
após um período de incubação interna. De forma geral, alimentam-se de algas,
Characidium aff. timbuiensis
Espécie sem nome popular local
[a] Poecilia reticulata
[b] Phalloceros sp.
Barrigudinhos ou guppys
Oligosarcus argenteus
Lambari-bocarra
[a] Astyanax aff. bimaculatus
[b] Astyanax aff. taeniatus
[c] Astyanax aff. scabripinnis
Lambari
[a]
[b]
[c]
[a]
[b]
1716
insetos aquáticos e zooplâncton (veja glossário nas páginas 27 e 28). A primeira
espécie é exótica e originária da América Central e está distribuída ao longo de
todo o rio Piracicaba. A sua liberação nas bacias brasileiras foi feita para com-
bater larvas de mosquitos. A segunda espécie tem registros somente para o rio
Santa Bárbara que é um dos afluentes do rio Piracicaba e, possivelmente, se trata
de uma nova espécie.
6. Sarapó ou espada
(Gymnotus aff. carapo)
Ocorre no rio Piracicaba e em seus
afluentes, principalmente entre
a vegetação que cresce junto às
margens. Produz impulsos elétricos
(pequenos choques), com os quais se orienta e localiza seu alimento, que são os
pequenos invertebrados e peixes. Na bacia do rio Doce é considerado uma exce-
lente isca para captura de dourados, mas, raramente, é utilizado como alimento.
Grandes exemplares registrados no rio Piracicaba alcançaram até 35 cm e peso
próximo a 200 g. Sua reprodução ocorre, principalmente, no período chuvoso.
7. Cascudo (Hypostomus affinis)
Ocorre em toda a bacia. Nas áreas
alagadas pelos reservatórios o seu
número diminui com o passar dos
anos.Apesardesermuitoabundante
no rio Piracicaba e considerado mui-
to saboroso, raramente é capturado.
Isso se deve ao fato desses peixes só
poderem ser pescados com redes de emalhar, cujo uso é proibido para pescadores
amadores. No rio Piracicaba existem registros de exemplares de até 40 cm e peso
próximo a 500 g. Alimenta-se raspando as algas que crescem sobre pedras no fundo
do rio. Estudos realizados no rio Paraíba do Sul (fora da bacia do rio Piracicaba) mos-
traram que esta espécie se reproduz de setembro a março, com pico em novembro.
8. Cascudinho
(Neoplecostomus sp.)
Espécie com registros somente em
pequenos afluentes do rio Piracicaba,
em áreas de forte correnteza e fundo
recoberto por pedras. De maneira ge-
ral, só habita locais com água de boa
qualidade. É uma espécie de pequeno porte (até 13 cm) e pode ser diferenciada de ou-
troscascudinhosdabaciaporumconjuntodeplacasagrupadasnoabdômen.Alimenta-
se de algas que crescem sobre pedras no fundo do rio. As características reprodutivas
são desconhecidas. Possivelmente, é uma espécie ainda não descrita para a Ciência.
9. Cascudinho
(Pareiorhaphis scutula)
Espécie recentemente descrita para
a Ciência e que habita somente pe-
quenos afluentes do rio Piracicaba,
bacia da qual é endêmica. Vive em
áreas de forte correnteza e fundo
recoberto por grandes pedras. É uma espécie de porte pequeno (até 12 cm) e
cujos machos são maiores que as fêmeas. Os machos também possuem caracte-
rísticas sexuais secundárias, representadas por uma série de espinhos que cres-
cem ao redor da cabeça. Alimenta-se de algas que crescem sobre pedras no fun-
do do rio. As características referentes ao período reprodutivo são desconhecidas.
10. Cascudinho, cascudinho
barata (Harttia sp.)
Espécie pouco comum, tendo sido
registrada somente, em 2008, na
calha do rio Piracicaba, no trecho
imediatamente a jusante da casa
Neoplecostomus sp.
Cascudinho
Pareiorhaphis scutula
Cascudinho
Harttia sp.
Cascudinho-barata
Gymnotus aff. carapo
Sarapó ou espada
Hypostomus affinis
Cascudo
1918
de força da UHE Guilman-Amorim. É uma espécie de porte pequeno e corpo
bastante achatado, característica da qual deriva o nome cascudinho-barata.
Informações sobre alimentação e reprodução são desconhecidas. Não faz parte
da pesca local e pode se tratar de uma espécie nova para a Ciência.
11. Mandi ou bagre
(Rhamdia quelen)
Embora no rio Piracicaba, e em
algumas partes do rio Doce, seja
conhecida como mandi, esta es-
pécie é bastante distinta de ou-
tras conhecidas popularmente
por este nome nos rios São Francisco, Paraná e Paraíba do Sul. Ocorre em toda
a bacia do rio Piracicaba. É bastante procurada pelos pescadores e alcança
mais de 30 cm e peso próximo a 500 g. Reproduz-se ao longo de quase todo o
ano, com pico entre outubro e janeiro. Alimenta-se de invertebrados aquáticos
e terrestres, e, ocasionalmente, de peixes.
12. Mussum (Synbranchus
marmoratus)
Espécie nativa na bacia do rio
Doce, mas pouco comum nas
amostragens realizadas ao lon-
go da mesma. No reservatório da
UHE Guilman-Amorim os jovens
são bastantes frequentes e abundantes entre as raízes de aguapé, as quais
são usadas como abrigo. É uma espécie noturna, carnívora e que alcança
tamanho superior a 1 metro. Não possui nadadeiras peitorais e ventrais e a
dorsal e anal são vestigiais. Por apresentarem características morfológicas
distintas da maioria dos peixes, algumas pessoas confundem essa espécie
com uma cobra.
13. Cará (Geophagus brasiliensis)
Encontrado em toda a bacia, chega
a pouco mais de 20 cm. Os machos
alcançam maior tamanho e apre-
sentam colorido mais brilhante do
que as fêmeas, principalmente du-
rante o período reprodutivo, quando
se forma uma protuberância no topo da cabeça. Embora não seja considerada uma
espécie nobre, é bastante capturado por pescadores. Sua reprodução ocorre ao lon-
go de todo o ano, mas em maior intensidade durante o período chuvoso. Alimenta-
se, principalmente, de invertebrados aquáticos que vivem no fundo dos rios.
14. Cará (Australoheros
ipatinguensis)
Espécie recentemente descrita para
a Ciência e encontrada em diversos
ambientes aquáticos da bacia do rio
Doce,incluindodesdepequenosaflu-
entes até rios maiores. No trecho sob
influênciadaUHEGuilman-Amoriméraraeoúnicoregistroremontaaestudosrealiza-
dos em 1997. Não estão disponíveis informações sobre a reprodução e a alimentação.
15. Cumbaca (Trachelyopterus
striatulus [a]) e Cumbaquinha
(Glanidium aff.melanopterum [b])
Espécies com distribuições na ba-
cia do rio Piracicaba, restritas ao
trecho abaixo da barragem da UHE
Sá Carvalho. Ocorrem, somente,
na calha central do rio e afluen-
tes maiores, estando ausentes em
Rhamdia quelen
Mandi ou bagre
Synbranchus marmoratus
Mussum
Geophagus brasiliensis
Cará
Australoheros ipatinguensis
Cará
[a]
[b]
[a] Trachelyopterus striatulus
[b] Glanidium aff. melanopterum
Cumbaquinha, Cumbaca
2120
pequenos riachos e córregos. A primeira espécie alcança até 20 cm, enquanto a
segunda é de porte menor (até 15 cm). São peixes que se alimentam, primaria-
mente, de invertebrados, tanto terrestres quanto do próprio ambiente aquático.
Não realizam migração reprodutiva e somente a cumbaca é capturada na pesca,
embora não seja uma espécie muito apreciada.
16. Serrapinnus aff.heterodon[a],
Knodus sp. [b] e Hasemania sp. [c]
(espécies sem nome popular local)
Espécies de pequeno porte (menos
de 5 cm) e com registros somen-
te na drenagem do rio do Peixe,
afluente do rio Piracicaba, no
município de Itabira. A primeira
espécie foi representada por um
único exemplar obtido em estu-
dos de 2002, enquanto Knodus e
Hasemania representam espécies
com registros em poucas locali-
dades na bacia do rio Doce. Até o
momento, não é possível afirmar
se esses peixes foram introduzi-
dos na bacia e estão em processo
de expansão das populações ou se, realmente, se tratam de espécies extrema-
mente raras que, anteriormente, não eram detectadas nas amostragens. Não
existem dados biológicos disponíveis para essas espécies.
17. Sairú (Cyphocharax gilbert)
Espécie com distribuição restrita
ao trecho do rio Piracicaba locali-
zadoabaixodaUHESáCarvalho,as
fêmeas do sairú chegam até 20 cm
de comprimento e são maiores que os machos. É uma espécie que não possui
dentes e é iliófaga, ou seja, alimenta-se da matéria orgânica depositada no
fundo dos rios, que, normalmente, é relatada na literatura como detrito. Essa
espécie forma cardumes e migra durante o período reprodutivo, que coincide
com a cheia dos rios. Devido aos hábitos alimentares não é capturada através
da pesca normal realizada com linha e anzol.
18. Cambevas (Trichomycterusaff.
alternatum [a]; Trichomycterusaff.
immaculatum[b]eTrichomycterus
sp.espécie nova [c])
São peixes pequenos que alcan-
çam pouco mais de 12 cm e ra-
ramente capturados pelos pesca-
dores. Alimentam-se de pequenos
invertebrados aquáticos que vivem
junto ao fundo do rio e os hábitos
reprodutivos são desconhecidos.
Possuem espinhos nas laterais e
parte inferior da cabeça, que per-
mitem a sua fixação em pedras no
fundo do rio e escalar rochas em
ângulo de até 90o
. A primeira e a
segunda espécies ocorrem em pe-
quenos córregos e ribeirões. A terceira é encontrada somente na calha principal
do rio Piracicaba, em trechos rochosos e com forte correnteza. Esta espécie é
nova para a Ciência e ainda não possui nome científico disponível.
19. Tamoatá (Callichthys callichthys)
Espécie pouco comum, tendo sido registrada somente em 2008 na calha do rio
Piracicaba, tanto a montante (acima) quanto a jusante (abaixo) da barragem da
UHE Guilman-Amorim. Ocorre em diferentes ambientes, mas, normalmente, em
Cyphocharax gilbert
Sairú
[a] Trichomycterus aff. alternatum
[b] Trichomycterus aff. immaculatum
[c] Trichomycterus sp. espécie nova
Cambevas
[a]
[b]
[a] Serrapinnusaff.heterodon
[b] Knodussp.
[c] Hasemaniasp.
Espécies sem nome popular local
[b]
[a]
[c]
[c]
2322
áreas com correnteza moderada.
A alimentação consiste de peixes,
insetos e vegetais. Mantém cuida-
do parental, o macho guardando
os ovos que são depositados pela
fêmea em um ninho construído
com bolhas e plantas flutuantes.
Apresenta respiração acessória
pelo intestino, o que faculta a capacidade de viver em ambientes pobres em
oxigênio dissolvido na água. Não apresenta interesse na pesca.
20. Tambaqui
(Colossoma macropomum)
O tambaqui é originário das ba-
cias dos rios Amazonas e Orinoco.
É cultivado no sudeste do Brasil,
sendo utilizado em peixamentos
e muito procurado para esta-
belecimentos tipo pesque-pague. É um peixe de grande porte, até mais de
1 metro e 40 kg de peso. Em ambiente natural, a alimentação dos adultos
é composta por frutos. Realiza migrações em cardume, deslocando-se rio
acima para reprodução. Não existem registros de que essa espécie tenha
sido introduzida intencionalmente no lago da UHE Guilman-Amorim.
Possivelmente, o aparecimento da mesma no reservatório esteja relaciona-
do a episódios de rompimento de tanques de criação localizados a montan-
te da barragem. Ao que tudo indica, não possui população estabelecida na
drenagem do rio Piracicaba.
21. Pacuzinho (Metynnis maculatus)
Esse pacu alcança até 20 cm e é originário da bacia do rio Paraguai. Também
é encontrado na bacia do alto rio Grande (alto Paraná), onde é considerado
uma espécie exótica. Estudos conduzidos com essa espécie (Myleus tiete) no
alto rio Grande indicaram que a
mesma possui longo período re-
produtivo e desova do tipo parce-
lada. A alimentação inclui frutos
e partes vegetais diversas. A sua
raridade na área de influência da
UHE Guilman-Amorim pode ser
tomada como um forte indicativo
de que o mesmo tenha chegado à calha do rio após o rompimento de tanques de
criação distribuídos na bacia de drenagem, a montante do reservatório.
22. Trairão
(Hoplias intermedius)
Essa espécie foi, durante muito
tempo, considerada exótica na ba-
cia do rio Piracicaba. Entretanto,
estudos recentes mudaram a ta-
xonomia do grupo e demonstra-
ram que existem várias espécies denominadas, popularmente, como trairão.
Desse modo, o trairão capturado no rio Piracicaba é uma espécie nativa e
comum a outros rios do leste do Brasil. Habita, principalmente, a calha do rio,
nos trechos com maior oxigenação da água. Alcança maior tamanho e peso
que a traíra e é muito procurado pelos pescadores. No rio Piracicaba foram re-
gistrados exemplares com 60 cm e mais de 2 kg. Esta espécie se diferencia da
traíra por apresentar a “língua” lisa e os ossos na parte inferior da mandíbula
paralelos. Alimenta-se de peixes.
23. Traíra (Hopliasmalabaricus)
Ocorre em toda a bacia e é um dos
maiores e mais importantes peixes
para a pesca. A carne é considerada
excelente e os grandes exemplares
Colossoma macropomum
Tambaqui
Callichthys callichthys
Tamoatá
Hoplias intermedius
Trairão
Hoplias malabaricus
Traíra
Metynnis maculatus
Pacuzinho
2524
capturados chegaram até 50 cm e 1,4 kg. Sua reprodução ocorre ao longo de todo
o ano, sendo mais intensa durante o período de cheia do rio. Alimenta-se de pei-
xes, embora exemplares de menor tamanho também utilizem insetos aquáticos.
24. Carpa (Cyprinus carpio)
Na região existem três variedades:
a comum, a espelho e a colorida,
sendo a primeira a mais frequente.
É encontrada tanto nos reserva-
tórios quanto nos trechos não re-
presados da calha do Piracicaba.
A carpa é originária da Ásia e foi introduzida no Brasil no início do século XX, sendo,
portanto, uma espécie exótica. Já foi muito abundante no reservatório de Guilman-
Amorim, situação distinta do restante da bacia. Entretanto, com o passar do tempo,
após a formação do reservatório, a sua abundância diminuiu, embora ainda faça
parte constante da pesca. Os maiores exemplares obtidos durante os estudos che-
garam a 45 cm e aproximadamente 2 kg. Entretanto, pode alcançar tamanho e
peso bem maiores. A carpa alimenta-se, principalmente, de pequenos organismos
que vivem junto ao fundo, que são obtidos sugando e filtrando o sedimento.
25. Tilápias (Tilapia rendalli [a]
Oreochromis niloticus [b])
As tilápias são originárias da África
e são representadas por quatro gê-
neros e, aproximadamente, 70 es-
pécies. As espécies registradas no
rio Piracicaba são as tilápias mais
difundidas no Brasil. A alimentação
inclui organismos encontrados no
sedimento e detritos orgânicos, em
menores quantidades. Embora as
duas espécies apresentem cuidado
parental, as estratégias reprodutivas são diferentes: Tilapia rendalli deposita os
ovos no substrato, enquanto O. niloticus incuba os ovos e guarda os jovens na
cavidade bucal. Ambas as espécies colonizam com bastante sucesso os reserva-
tórios onde são introduzidas e são bastante procuradas por pescadores, que as
consideram de paladar bastante agradável. A reprodução ocorre ao longo de todo
o ano e alcançam tamanhos acima de 40 cm e peso superior a 2 kg.
26. Bagre-africano
(Clarias gariepinnus)
EspécieexóticaeorigináriadaÁfrica.
Alcança grande porte, chegando até
um metro e meio de comprimento e
mais de 50 kg. Apresenta respiração
acessória através do “órgão arbo-
rescente”, o qual é composto por arcos branquiais modificados. Essa característica
permite a respiração fora da água, facultando ao animal se deslocar no ambiente
terrestre. É uma espécie bastante plástica quanto à alimentação, utilizando uma
infinidade de organismos aquáticos, peixes e até vertebrados terrestres. É uma es-
pécie que coloniza com facilidade ambientes de rios e reservatórios, não migra
durante o período reprodutivo e não apresenta cuidado parental. Apesar do grande
tamanho que alcança, não é muito apreciado na pesca devido ao sabor da carne.
27. Mandizinho (Pimelodella sp.)
Espécie pouco comum no rio Piraci-
caba e com registro somente em
trechos com águas bastante limpas.
Não é apreciada na pesca, e por ter
espinho bastante pontiagudo na na-
dadeira peitoral e dorsal, acaba cau-
sando perfurações nas mãos das pessoas que não o manuseiam com o devido cuida-
do.Alcançaaté15centímetrosepesonuncasuperiora100gramas.Alimenta-se,prin-
cipalmente, de insetos aquáticos e não se possui dados sobre o período reprodutivo.
Cyprinus carpio
Carpa
Clarias gariepinnus
Bagre-africano
Pimelodella sp.
Mandizinho
[a] Tilapia rendalli
[b] Oreochromis niloticus
Tilápias
[a]
[b]
27
Por que não se deve dar alimentos aos
peixes que vivem no ambiente natural?
Os peixes que habitam cursos d’água naturais não necessitam de nossa
ajuda para se alimentar, pois estão adaptados a buscarem comida no pró-
prio ambiente.
Esta situação é diferente nos tanques de criação, onde os peixes só irão se
desenvolver se forem alimentados adequadamente.
Deve-se considerar, também, que o tipo de alimento
jogado na água, normalmente restos de comida, não
é adequado aos peixes.
Isso pode causar problemas ou tornar os peixes suscetíveis a doenças, pois
os alimentos contêm gorduras, temperos, aditivos químicos e etc. Os ali-
mentos também alteram a qualidade da água, tornando o ambiente inade-
quado tanto para os peixes quanto para os outros organismos aquáticos.
Algas – Organismos vegetais, microscópicos ou não, que vivem aderidos ao
fundo ou livres na coluna d’água nos ambientes aquáticos. Algumas espécies
encontradas nos rios formam aglomerados, que são conhecidos popular-
mente como lodo ou limo.
Baixo Piracicaba – Trecho do rio Piracicaba mais próximo da confluência
com o rio Doce.
Espécie endêmica – O mesmo que nativo de um determinado local.
Espécie exótica – São todas as espécies introduzidas em ambientes onde
não ocorriam originalmente. Um exemplo é o tambaqui, que embora seja
nativo da bacia amazônica, constitui uma espécie exótica nos rios de Minas
Gerais, onde foi introduzida para pesca.
Ictiofauna – Conjunto representado por todas as espécies de peixes encon-
tradas em um determinado ambiente aquático.
Invertebrados – Animais que não possuem esqueleto ósseo ou cartilagi-
noso. São exemplos de invertebrados: as minhocas, os insetos, as aranhas,
entre outros.
Medidas compensatórias – São as ações realizadas para se compensar as per-
das no ambiente natural decorrentes da implantação de um empreendimento.
Glossário
26
Foto página à esquerda: Rio Piracicaba, barragem e reservatório
da UHE Guilman-Amorim, Nova Era, MG.
2928
Medidas corretivas – São as ações realizadas para corrigir os problemas ge-
rados com a implantação de um empreendimento.
Medidas preventivas – São as ações realizadas para se evitar que determina-
do problema possa vir a ocorrer com a implantação de um empreendimento.
Montante / jusante – acima (montante) ou abaixo (jusante) de um ponto de
referência no rio.
Piracema – Palavra de origem indígena utilizada para designar o deslocamen-
to dos peixes na calha do rio para a reprodução.
Plâncton – É o conjunto de organismos (animais e vegetais) que têm pouco
poder de locomoção e vivem livremente na coluna de água, sendo arrastados
pelas correntes. O plâncton está na base da cadeia alimentar dos ambientes
aquáticos, pois serve de alimentação a organismos maiores.
UHE – Sigla de Usina Hidrelétrica
Zooplâncton – Conjunto de animais, em sua maioria de tamanho micros-
cópico, que flutuam ou nadam na coluna d’água. Embora possam nadar, são
incapazes de vencer as forças das correntes de água.
Para saber mais sobre os peixes
e a bacia do rio Piracicaba
ALVES, C. B. M.; VIEIRA, F.; MAGALHÃES, A. L. B. & BRITO, M. F. G. Impacts of non-native fish
species in Minas Gerais, Brazil: present situation and prospects. pp. 291-314 In: Bert, T.M.
(eds). Ecological and Genetic Implications of Aquaculture Activities. Springer, Dordrecht, The
Netherlands, 2007.
CETEC - Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais. Inventário ambiental da área do
reservatório de Peti: ictiofauna. Belo Horizonte: 1989. 34 p. Relatório Técnico.
CHIMELI, A. B. Economia e meio ambiente: uma investigação sobre a poluição hídrica da
bacia do rio Piracicaba. 1993. 57p. Prêmio Minas de Economia: Categoria Universitário -
Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S.A., Conselho Regional de Economia - MG,
Sociedade de Economistas de Minas Gerais, Belo Horizonte. 1994.
FERREIRA, V.; BAUMGRATZ, S. S.; PORTILHO, G. S. O Tempo e o Clima. Belo Horizonte: Usina
Hidrelétrica Guilman-Amorim. 2006. 37p.
GUERRA, C. B. Impactos ambientais na bacia do rio Piracicaba. 77p. Monografia – Instituto
de Engenharia Ambiental, Delf, Holanda. 1993
LUCINDA, P. H. F. Systematics and biogeography of the genus Phalloceros Eigenmann, 1907
(Cyprinodontiformes: Poeciliidae: Poeciliinae), with the description of twenty-one new
species. Brazil. Neotropical Ichthyology, 6(2): p.113-158, 2008.
OTTONI, F. P.; COSTA, W. J. E. M. Taxonomic revision of the genus Australoheros Rícan &
Kullander, (Teleostei: Cichlidae) with descriptions of nine new species from southeastern
Brazil. Vertebrate Zoology, 58(2): p. 207-232, 2008.
OYAKAWA, O. T.; MATTOX, G. M. T. Revision of the Neotropical trahiras of the Hopliaslacerdae
species-group (Ostariophysi: Characiformes: Erythrinidae) with descriptions of two new
species. Neotropical Ichthyology, 7(2): p. 117-140, 2009.
PAULA, J. A. Biodiversidade, população e economia: uma região de mata atlântica. Belo
Horizonte: UFMG/Cedeplar; ECMVS; PADCT/CIAMB, 1997. 672 p. Disponível em http://
econpapers.repec.org/bookchap/cdplivros/000001.htm Acesso em março/2011.
31
PEREIRA,E.H.L.;VIEIRAF.;REIS,R.E. Pareiorhaphisscutula,anewspeciesofneoplecostomine
catfish (Siluriformes: Loricariidae) from the upper rio Doce basin, southeastern Brazil,
Neotropical Ichthyology. 8(1): p. 33-38, 2010.
REZENDE, Adalberto C. et al.; Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim: Estudos Ambientais. Belo
Horizonte: Consórcio Autoprodutor Belgo-Mineira/Cauê (Relatório final, mapas e anexos
1970/3-RE-GOO-002), 1994. 208 p. Relatório Técnico.
SCHUBART, O. Duas novas espécies de peixe da família Pimelodidae do rio Mogi-Guaçú (Pisces,
Nematognathi). Boletim do Museu Nacional, Zoologia. Rio de Janeiro, 244: 1-22, 1964.
VIEIRA, F.; GOMES J. P. C. PlanodemanejodaRPPNMonlevade: diagnóstico da ictiofauna. Belo
Horizonte: ArcelorMittal – Usina Monlevade/Ecodinâmica, 2011. Relatório Técnico. (Inédito)
VIEIRA, F. Distribuição, impactos ambientais e conservação da fauna de peixes da bacia do
rio Doce. Belo Horizonte. MG Biota. 2 (5): p 5-22, 2009.
VIEIRA, F.; BAUMGRATZ, S. S. Plano de conservação de espécie de peixes. Belo Horizonte:
Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim/Ecodinâmica, 2009, 49 p. Relatório Técnico, mapas e
anexos ECO/GA-472 RMF-20/2009. (Inédito)
VIEIRA, F.; POMPEU, P.; BAUMGRATZ, S. Os peixes e a pesca no Rio Piracicaba. 1ª ed. Belo
Horizonte: setembro de 2000. 12p.
VIEIRA, F.; POMPEU. P. S.; Monitoramento da Ictiofauna. Belo Horizonte: Usina Hidrelétrica
Guilman-Amorim S.A./Ecodinâmica, 1999. 46 p. Relatório técnico, mapas e anexos ECO/
GA-163 RMF-07/99.
VIEIRA, F.; MARQUES, S.; BORGES, M. A. Z. Estrutura das comunidades de peixes do reservatório
de Peti, bacia do rio Piracicaba, MG. ENCONTRO BRASILEIRO DE ICTIOLOGIA, XII, 1997, São Paulo.
VIEIRA, F. A solução para o rio Piracicaba é o peixamento? Boletim Guilman-Amorim Ensina,
(15): 3. 1997
Lista atualizada das espécies citadas e/ou registradas
para a bacia do rio Piracicaba nos últimos anos
ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR
Characiformes
Anostomidae
Leporinus conirostris J Piau-branco
Leporinus copelandii J Piau-vermelho
Characidae
Astyanax aff. bimaculatus J Lambari
Astyanax aff. taeniatus J Lambari
Astyanax aff. fasciatus J Lambari
Astyanax aff. scabripinnis J Lambari
Brycon cf. opalinus J Pipitinga, pirapitinga
Colossoma macropomum L Tambaqui
Hasemania sp. ? -
Metynnis maculatus L Pacuzinho
Oligosarcus argenteus J Lambari-bocarra
Serrapinnus aff. heterodon ? -
Knodus sp. ? -
Characidium aff. timbuiensis J -Crenuchidae
Curimatidae Cyphocharax gilbert J Sairú
Erythrinidae
Hoplias intermedius J Trairão
Hoplias malabaricus J Traíra
Cypriniformes Cyprinidae Cyprinus carpio L Carpa
Cyprinodontiformes Poeciliidae
Phalloceros sp. J Barrigudinho
Poecilia reticulata L Guppy, barrigudinho
Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus aff. carapo J Sarapó
Perciformes Cichlidae
Australoheros ipatinguensis J Cará
Geophagus brasiliensis J Cará
Oreochromis niloticus L Tilápia
Tilapia rendalli L Tilápia
Siluriformes
Auchenipteridae
Trachelyopterus striatulus J Cumbaca
Glanidium aff. melanopterum J Cumbaquinha
Callichthyidae Callichthys callichthys J Tamoatá
Clariidae Clarias gariepinnus L Bagre-africano
Heptapteridae
Pimelodella sp. J Mandizinho
Rhamdia quelen J Bagre, mandi
Loricariidae
Harttia sp. J Cascudinho
Hypostomus affinis J Cascudo
Neoplecostomus sp. J Cascudinho
Pareiorhaphis scutula J Cascudinho
Pimelodidae Pimelodus sp. L Mandi
Trichomycteridae
Trichomycterus aff. alternatum J Cambeva
Trichomycterus sp. espécie nova J Cambeva
Trichomycterus aff. immaculatum Cambeva
Synbranchiformes Synbranchidae Synbranchus marmoratus J Mussum
J Espécie nativa da bacia | L Espécie exótica na bacia | ? Sem informação
30
33
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Ecodinâmica Consultores Associados Ltda
Rua Monte Sião, 167 – Serra
30.240-050 – Belo Horizonte/MG
Telefone: 3227-5526
www.ecodinamica.com.br
ecodinamica@ecodinamica.com.br
TEXTO TÉCNICO
Fábio Vieira (Biólogo/Ictiólogo)
Sônia Santos Baumgratz (Geógrafa/Coordenadora)
FOTOGRAFIAS
Cyro José Soares; Débora Ferreira; Edson Vicente de
Assis; Fábio Vieira; Thiago Casarim Pessali; Gilberto
Nepomuceno Salvador.
APOIO
Lorena Santos Beaumord Azevedo (Relações Públicas)
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Direitos autorais reservados ao Consórcio UHE Guilman-Amorim:
proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a sua
autorização por escrito.
DIREÇÃO EXECUTIVA DO CONSÓRCIO: José de Arimathea Silveira
Nunes; Jefferson Olinto Filho; Nízia Simião Silva Bastos; Roberto
Carlos de Oliveira Aragão
Copyright © 2011 by ECODINÂMICA Consultores e Associados Ltda
32
V657p Vieira, Fábio
O peixe e a pesca no Rio Piracicaba / Fábio Vieira, Sônia
Santos Baumgratz; ilustração: Fábio Vieira, Sônia Santos
Baumgratz. -- 2. ed. -- Belo Horizonte: Ecodinâmica
Consultores Associados Ltda., 2011.
32 p. il.
Inclui Bibliografia e Glossário.
ISBN: 978-85-61056-01-8
1. Pesca – Piracicaba, Rio. 2. Pesca – Brasil. 3. Peixe -
Brasil. I. Baumgratz, Sônia Santos. II. Título.
CDU: 639.3
CDD: 597
Elaborada por Sônia Miranda de Oliveira – CRB6 - 1381
Escritório Central
Av. dos Andradas | 1093 | 2º andar | Centro
Belo Horizonte - MG | CEP: 30.120-010
Tel. | 31.3048.6263 Fax | 31.3048.6258
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  • 1. 1 OS PEIXES E A PESCA NO RIO PIRACICABA | MG
  • 2. 2 1 O rio Piracicaba nasce no município de Ouro Preto a 1.680 m de altitude e percorre 241 km até desaguar no rio Doce, na divisa dos municípios de Ipatinga e Timóteo. É um dos principais afluentes do rio Doce. Drena uma área de relevo bastante montanhoso, onde existem grandes desníveis, formando cachoeiras e corredeiras, intercalados com trechos de fundo mais arenoso e menor correnteza. As chuvas são concentradas no final da primavera (novem- bro e dezembro), indo até fevereiro, seguido de períodos commenoresprecipitações,chegandoàcompletaestiagem nos meses mais frios do meio do ano (outono/inverno). A bacia do rio Piracicaba Caracterização do clima tropical típico – Estações do ano Foto página à esquerda: Corredeiras de Amorim, rio Piracicaba, Antônio Dias, MG Foto da capa: Rio Piracicaba, Nova Era, MG
  • 3. 2 3 Os processos de degradação ambiental fazem parte da história da bacia do rio Piracicaba há uma longa data. Esse fato pôde ser constatado em um manuscrito do século XIX, encontrado sob o altar da igreja de São João Batista, em Barão de Cocais. Nesse documento é feito um relato acerca da redução na abundância de peixes em um curso d’água afetado pela exploração do ouro. “…Hoje é muito diversa a vida dos habitantes de S. João do Morro-Grande (atualmente Barão de Cocais). O rio nada produz, à excepção de pequenos peixes como a pirapitinga, trahiras, piabas,mandispescadoscommaisvantagensduranteoprincípio da estação chuvosa, outubro e novembro. Em comparação o povo tornou-se mais dedicado ao trabalho da lavoura, e nem por isso menos satisfeito que outrora. Para todo mal existe alguma compensação.” (Belarmino, J. - sem data - Notas colhidas sobre a tradição local. 32 p. Ouro Preto, MG. Transcrição conforme original) Apesar de já existir uma preocupação com as condições ambientais naquela época, também fica claro certo conformismo com as perdas observadas. Outro fato relevante nesse manuscrito é a citação da ocorrência da pirapitinga na região, uma espécie de peixe extremamente rara na bacia do rio Piracicaba nos dias atuais. Rib. ais Rib.Coc Rodoviário, Escala - 1: 1.500.000 - 1998 - DER/MG. MARIANA OURO PRETO ESCALA-1:1.000.000 ALVINÓPOLIS de M.G. Escala - 1:1.500.000 - 1997 IGA/CETEC e Mapa BASE CARTOGRÁFICA-Mapa das Regiões Administrativas DOCE RIO BÁRBARA SANTA RIO UNA RIO M ACHADO DO RIO PEIXE DO RIO Grande eno Pequ PIRACICABA RIO Figueiredo Rib. ATA PR DA RIO Caxambú ou Pinto Rib. Padre TURVO DORIO quinéMa Rib. ÇÃO CO NCEI RIO BA PIRACICA RIO 43°00' 20°00' FABRICIANO CORONEL TIMÓTEO JAGUARAÇU MARLIÉRIA ANTÔNIO DIAS NOVA ERA DO PRATA S.DOMINGOS DE MINAS BELAVISTA MONLEVADE JOÃO ITABIRA PIRACICABA RIO ALTAS CATAS BÁRBARA SANTA DE COCAIS BARÃO RIO ABAIXO S.GONÇALO DO DO AMPARO BOM JESUS IPATINGA Limite municipal Limite da bacia Sede do município Rib.SantaBárbara RiodoPeixe RIODOCE Piracicaba - 1939 Sá Carvalho - 1949 Amorim I - 1950 (desativada) Guilman-Amorim - 1997 USINAS HIDRELÉTRICAS Ponte Fonte: CANAMBRA/CEMIG - 1965 (adaptado) 241 km 1680 IPATINGA CORONELFABRICIANO 255,7 E.F.V.M.(antiga) ANTÔNIODIAS 372,0 445,0 495,0 2 34 34 E.F.V.M. NOVAERA 561,0 600,0 1 JOÃOMONLEVADE RIOPIRACICABA E.F.C.B. E.F.C.B. FONSECA677m SANTARITADURÃO808m 020406080100120140160180200220 200 300 400 500 600 700 800 900 m Nível d'água (m) 495,0Barramento Casa de força HORIZONTE BELO ATLÂNTICO O CEANO Bacia do rio PiracicabaBacia do rio Doce M.S. MINAS GERAIS BAHIA BAHIA SANTO ESPÍRITO JANEIRO DERIO SÃO PAULO GOIÁS D.F. 50° 48° 46° 44° 42° 40° 16° 18° 20° 22°22° 20° 18° 16° 40°42°44°46°48°50° DO CE RIO cicaba Pira R. SÃO FRANCISCO RIO 0 200 km LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA BACIA DO RIO PIRACICABA DIVISÃO MUNICIPAL PERFIL LONGITUDINAL DO RIO PIRACICABA Foto página à esquerda: Rio Piracicaba, Lago UHE Guilman-Amorim, Nova Era, MG.
  • 4. 4 5 A fauna de peixes do rio Piracicaba Foto página à esquerda: Rio Piracicaba, Lago UHE Guilman-Amorim, Nova Era, MG. Foram relacionadas para a bacia do rio Doce 71 espécies de peixes nativos, onze das quais ameaçadas de extinção e 28 exóticas, totalizando 99 espécies. Desse total, pouco mais de um terço (40 espécies) possui registro relatado para o rio Piracicaba (confira lista das espécies, página 31). O próprio nome do rio - Piracicaba - que significa em tupi-guarani “lugar onde o peixe pára” pode representar uma resposta para a existência de menor número de espécies de peixes neste rio no trecho a montante da UHE Sá Carvalho. De fato, várias delas, como o piau-branco, o sairú e a cumbaca, possuem registros atuais somente abaixo da cachoeira do Salto, em Antônio Dias, no baixo Piracicaba (veja o perfil do rio e a localização geográfica da bacia na página 3). Com relação à ocorrência de espé- cies de peixes no rio Piracicaba duas merecem destaque especial: a primeira é o piau-vermelho (Leporinus copelandii), cujos re- latos disponíveis haviam sido fei- tos somente por moradores da região de João Monlevade com mais de oitenta anos, onde esse peixe era pescado por volta dos anos 30. Esse fato era condizente com estu- dos realizados ao longo dos últimos 20 anos no rio Piracicaba acima da Usina Hidrelétrica Sá Carvalho, onde a espécie nunca havia sido registrada desde então. Entretanto, dois exemplares foram capturados, em abril de 2011, próxi- mo à saída de água da casa de força da Usina Hidrelétrica Piracicaba, em João Monlevade. Ainda não é possível indicar se esses exemplares são provenientes de ações particulares de soltura ou se da recuperação de alguma população que se manteve isolada, em longo prazo, em uma seção mais preservada do rio e agora volta a se dispersar pelos cursos d’água. Leporinus copelandii. Piau-vermelho
  • 5. 76 A outra espécie é a pirapitinga ou pipitinga (Brycon cf. opalinus). Nas últimas décadas, existia um único registro dessa espécie, datado de mais de 30 anos atrás, para o rio Santa Bárbara, abaixo do reservatório da Usina Hidrelétrica Peti, no município de São Gonçalo do Rio Abaixo. Recentemente, um novo exemplar foi capturado acima do núcleo urbano de Barão de Cocais. Entretanto, nesse caso o peixe foi somente fotografado e liberado, não permitindo uma análise mais adequada. Por essa razão, o nome usado aqui trás um “cf.”, que indica ne- cessidade de conferir a identificação. Outro fato digno de nota é que uma grande parcela dos peixes ainda encontra- dos, na calha do Piracicaba, é capaz de suportar grandes alterações ambientais. Desse modo, além das características naturais da bacia, principalmente grandes quedas d’água separando trechos de rios, existem bons indicativos de que a de- gradação ambiental também representou um fator responsável pela redução da riqueza da fauna de peixes. A existência de poucas espécies de peixes na bacia do rio Piracicaba também criou expectativas na população de que se fizessem peixamentos. Acreditava-se e, ainda se acredita, que a pesca se tornaria mais farta e a fauna de peixes mais diversa. A primeira tentativa oficial de peixamento que se tem notícia ocorreu em 1961, com o mandi-amarelo (Pimelodus cf. maculatus), uma espécie exótica e trazi- da originalmente da bacia do rio Paraná. Os peixes foram soltos em Nova Era e João Monlevade e, ao que tudo indica, não se estabeleceram nesse trecho do rio Piracicaba, embora seja comum em várias outras regiões do rio Doce. Com o pas- sar do tempo, outras espécies exóticas foram liberadas e o resultado é que hoje existem pelo menos oito espécies exóticas relatadas para a bacia do rio Piracicaba, sendo algumas com populações plenamente estabelecidas: carpa, barrigudinho, bagre-africano e as duas espécies de tilápias. Pescadores relatam outras espécies exóticas, mas estas não foram ainda registradas formalmente através de estudos realizados. As informações disponíveis indicam que todas as ações de peixamento foram feitas com espécies exóticas, em detrimento das nativas. Outra forma comum de peixes exóticos chegarem aos cursos d’água é através de fugas de açudes localizados na bacia. Em um estudo realizado, em agosto de 2009, foram avaliadas dez propriedades situadas em sub-bacias tributárias do entorno ime- diato do reservatório da UHE Guilman-Amorim. No total, foram identificados 40 açu- des que estão sendo utilizados, prioritariamente, como criatórios de peixes para fins de subsistência e ornamentação. Apesar de abrigarem algumas espécies nativas, a maioria é de exóticas: piaus, pintado, matrinxã, carpa, tilápia, tambaqui, entre outras. Foto: Rio Piracicaba, Nova Era, MG.
  • 6. 98 A introdução de espécies de peixes exóticos já foi avaliada amplamente para a bacia do rio Doce em Minas Gerais, onde foram confirmadas trinta espécies nes- sa categoria. Entre os problemas relatados, destacam-se a competição e a pre- dação, em alguns casos culminando com a extinção de espécies nativas, como verificado nas lagoas do Parque Estadual do Rio Doce. Outra questão se refere à substituição de espécies de peixes nativas, uma vez que a pesca está quase toda centrada em espécies exóticas, tais como: tilápias, carpas, entre outras. Para o futuro, novas adições de espécies exóticas podem ocorrer localmente, visto que a sua introdução pode ser feita por qualquer pessoa ou por escapes de criatórios, o que ocorre de forma aleatória nos cursos d’água. Essas formas de disseminação de peixes exóticos têm impedido qualquer ação efetiva pelo sistema de gestão ambiental da UHE Guilman-Amorim, embora amplos esforços tenham sido empregados através de palestras e ações de educação ambiental sobre os problemas advindos com essas espécies. Dessa forma, embora hoje se observe uma situação relativamente estabilizada com a presença das espécies exóticas, não há qualquer garantia futura de que a mesma seja mantida. Essa conclusão é feita em função dos impactos estarem relacionados, primariamente, à espécie que é introduzida, condição que não tem como ser controlada, efetivamente. Para tanto, é necessário que a população se torne consciente das interferências causadas por atividades de soltura de peixes, implantação de açudes e pesque-pagues sem os devidos cuidados técnicos e orientação dos órgãos de fiscalização ambiental e da vigilância sanitária. Na década de 90 foram liberadas carpas no rio Piracicaba e o resultado demonstra que os peixamentos não representam uma forma de manejo adequado. Após a soltura desses peixes, sem conhecimento prévio nem da gerência ambiental da Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim nem dos órgãos ambientais, pescadores foram atraídos para pescar na área do reservatório formado pela barragem da hidrelétrica. Desde então, através das atividades de educação ambiental implantadas pela Usina, tem-se procurado sensibilizar e conscientizar os pescadores para os im- pactos que podem ser causados pelo uso inadequado das margens dos rios e dos reservatórios: corte de árvores, abandono de lixo, abertura de trilhas, focos de incêndio a partir de fogueiras, entre outras interferências. Por outro lado, os estudos de monitoramento conduzidos desde o final da década de 90 no lago da barragem demonstraram que a população de carpas (Cyprinuscarpio) decresceu, acentuadamente, após os primeiros anos de formação do reservatório. Essa alteração populacional ocorreu de forma natural, ou seja, sem ações de manejo e refletiu, diretamente, como um fator de diminuição da intensidade de pesca esportiva local,emboraapresençadepescadoresjuntoàsmargensainda seja bemsignificativa. Foto: Exemplar de carpa pescada no reservatório da UHE Guilman-Amorim
  • 7. 1110 É muito importante que todos estejam informados sobre a “lei da pesca estadual”1 No rio Piracicaba só é praticada a pesca amadora, que é feita, principal- mente, ao longo das margens. Todo pescador amador deve possuir uma carteira de pescador (Categoria A), seja para pescar a partir das margens ou com barco a remo ou a motor. A carteira de pescador amador é obtida no Instituto Estadual de Florestas (IEF) mediante o pagamento de uma taxa. Todos os pescadores amadores só podem utilizar, no rio Piracicaba, anzol, chumbada, linha, vara ou caniço e molinete. Qualquer embarcação utilizada para pesca deve estar identificada com o número do registro geral (RG) do licenciado. A traíra é o único peixe no rio Piracicaba que possui tama- nho mínimo para ser pesca- do (30 cm). O dourado, que é uma espécie exótica na bacia do rio Doce, e que, segundo alguns pescadores, é ocasio- nalmente pescado no baixo Piracicaba, também possui tamanho mínimo de captura (60 cm). Atualmente, não existem re- gistros da captura de dourados nos estudos ambientais realizados ao longo do rio Piracicaba. A legislação e a pesca no rio Piracicaba Olimiteparacapturaetransportedepescadoporpescadoramadoréde10kg, mais um exemplar, conforme a tabela de tamanhos mínimos permitidos e divulgada pelo IEF. Devem ser observados, também, os limites permitidos durante a época da piracema, que normalmente são mais restritivos. No rio Piracicaba não existem restrições par- ticulares para a pesca amadora, salvo as aqui citadas. No entanto, durante o período da piracema, que tradi- cionalmente ocorre entre 1º de novembro e 28 de fevereiro do ano subsequente, as atividades de pesca sofrem restrições. Nesta época, os peixes sobem para as cabeceiras dos rios para se reproduzirem e os pes- cadores têm que observar, rigorosamente, as restrições para a atividade. Como o período de interdição da pesca pode variar entre os anos, quan- do são editadas novas portarias, é necessário que, anualmente, todos se informem sobre o mesmo junto ao IEF (http://www.ief.mg.gov.br/pesca/ piracema?task=view”http://www.ief.mg.gov.br/pesca/piracema?task=view). Apesar da lei de pesca parecer, para alguns, muito severa, o objetivo final é muito nobre: preservar os recursos aquáticos vivos para o uso sustentável! Assim, não deixe de consultar o IEF para receber orientações sobre a pesca no rio Piracicaba. Forme grupos para discutir e conhecer a lei de pesca estadual e também os peixes do rio Piracicaba. O pescador é o maior interessado e, portanto, o responsável pelas ações que podem tornar a pesca amadora uma atividade viável por longo prazo. 1 Lei Estadual nº 14.181, de 17 de janeiro de 2002. Dispõe sobre a política de proteção à fauna e à flora aquáticas e de desenvolvimento da pesca e da aqüicultura no Estado, e foi regulamentada pelo Decreto Estadual nº 43.713, de 14 de janeiro de 2004 - http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=145) Hoplias malabaricus Traíra
  • 8. 12 13 Conheça alguns peixes da bacia do rio Piracicaba Para que possam ser tomadas medidas preventivas, corretivas ou compensatórias relativas às interferências ambientais causadas pela implantação de usinas hidre- létricas, a legislação ambiental exige a realização de vários estudos que abordam, inclusive, a fauna e a flora da área afetada. Por essa razão, no rio Piracicaba, a ictio- fauna é melhor conhecida justamente nos trechos onde existem usinas hidrelétricas. Os estudos realizados na área de influência da Usina Hidrelétrica Guilman- Amorim, localizada nos municípios de Antônio Dias e Nova Era, permitiram am- pliar bastante o conhecimento sobre os peixes do Piracicaba. Foi durante esses estudos, na década de 90, que se capturou, pela primeira vez, uma cambeva e um cascudinho, à época ainda desconhecidos da Ciência. A cambeva vive somente no leito central do rio Piracicaba e ainda não possui nome científico definido. O cascudinho vive em trechos de forte correnteza em afluentes menores e foi descrito no ano de 2009, recebendo o nome de Pareiorhaphis scutula. 1. Piau-branco, piaba-branca (Leporinus conirostris) [a] e Piau-vermelho, piaba-vermelha (Leporinus copelandii) [b] Na bacia do rio Doce ocorrem cinco espéciesnativasdogêneroLeporinus, sendo que somente as duas aqui lis- tadas possuem registro confirmado na drenagem do rio Piracicaba. O piau-brancoestárestritoaotrechoabaixodabarragemdaUHESáCarvalho,enquanto o piau-vermelho foi capturado somente em abril de 2011, na calha do rio Piracicaba, [a] Leporinus conirostris [b] Leporinus copelandii Piau- branco / Piaba-branca, Piau-vermelho / Piaba-vermelha Foto página à esquerda: Rio Piracicaba, Corredeiras do Amorim, Antônio Dias, MG [a] [b]
  • 9. 1514 em João Monlevade. Ambas as espécies são migradoras, alcançam mais de 50 cm de comprimento e peso superior a 1 kg. Ocorrem em rios de maior porte e apresentam hábito reofílico, ou seja, vivem e necessitam de ambientes de água corrente para com- pletarem o ciclo de vida. Conforme dados da literatura, o piau-branco é considerado um herbívoro e o piau-vermelho onívoro, que se alimenta de vegetais ou de animais. A reprodução das duas espécies ocorre no período de cheia dos rios. 2. Lambari-bocarra (Oligosarcus argenteus) Ocorre em todos os ambientes da drenagem do rio Piracicaba. Este peixe alcança mais de 20 cm e as fêmeas são bem maiores que os machos. Alimenta-se de pequenos peixes e invertebrados aquáticos e terrestres. Sua reprodução ocorre durante quase todo o ano. É bastante capturado pelos pescadores. 3. Lambaris (Astyanax aff. bimaculatus [a] Astyanax aff. taeniatus [b] Astyanax aff. scabripinnis [c]) A primeira e a segunda espécies são encontradas em praticamente todos os ambientes da bacia, en- quanto a terceira é característica dos pequenos afluentes, princi- palmente em áreas próximas às cabeceiras. Esses lambaris não ul- trapassam 15 cm de comprimento. Alimentam-se, principalmente, de invertebrados aquáticos e terres- tres que caem no rio. Astyanax bimaculatus se reproduz, praticamente, ao longo de todo o ano e A. scabripinnis durante o período de cheias. Somente A. bimaculatus faz parte da pesca, pois é muito abundante nos reservatórios da bacia. 4. (Characidium aff. timbuiensis) Espécie de pequeno porte (menor que 10 cm) e registrada no rio Piracicaba, somente na calha cen- tral. É uma espécie que vive junto ao fundo do rio, encontrada prin- cipalmente em associação com áreas de substrato rochoso e correnteza moderada a forte. Possui adaptações nas nadadeiras pares, que permitem a ancoragem no fundo e possibilitam trans- por paredões rochosos em locais encachoeirados. Não existem informações so- bre a alimentação dessa espécie, entretanto, dados disponíveis para espécies do mesmo gênero permitem inferir que a mesma deve se alimentar de pequenos invertebrados aquáticos. Dados sobre a reprodução não estão disponíveis. 5. Barrigudinhos ou guppys (Poecilia reticulata [a] e Phalloceros sp.[b]) Ambas as espécies são represen- tadas por peixes de pequeno por- te (menos de 5 cm) e sem impor- tância para a pesca. Os machos são facilmente diferenciados pela presença de gonopódio, órgão que é formado pela modificação dos raios da nadadeira anal e utilizado para a fecundação das fêmeas. São peixes vivíparos, ou seja, o macho fecunda a fêmea e esta dá a luz aos filhotes após um período de incubação interna. De forma geral, alimentam-se de algas, Characidium aff. timbuiensis Espécie sem nome popular local [a] Poecilia reticulata [b] Phalloceros sp. Barrigudinhos ou guppys Oligosarcus argenteus Lambari-bocarra [a] Astyanax aff. bimaculatus [b] Astyanax aff. taeniatus [c] Astyanax aff. scabripinnis Lambari [a] [b] [c] [a] [b]
  • 10. 1716 insetos aquáticos e zooplâncton (veja glossário nas páginas 27 e 28). A primeira espécie é exótica e originária da América Central e está distribuída ao longo de todo o rio Piracicaba. A sua liberação nas bacias brasileiras foi feita para com- bater larvas de mosquitos. A segunda espécie tem registros somente para o rio Santa Bárbara que é um dos afluentes do rio Piracicaba e, possivelmente, se trata de uma nova espécie. 6. Sarapó ou espada (Gymnotus aff. carapo) Ocorre no rio Piracicaba e em seus afluentes, principalmente entre a vegetação que cresce junto às margens. Produz impulsos elétricos (pequenos choques), com os quais se orienta e localiza seu alimento, que são os pequenos invertebrados e peixes. Na bacia do rio Doce é considerado uma exce- lente isca para captura de dourados, mas, raramente, é utilizado como alimento. Grandes exemplares registrados no rio Piracicaba alcançaram até 35 cm e peso próximo a 200 g. Sua reprodução ocorre, principalmente, no período chuvoso. 7. Cascudo (Hypostomus affinis) Ocorre em toda a bacia. Nas áreas alagadas pelos reservatórios o seu número diminui com o passar dos anos.Apesardesermuitoabundante no rio Piracicaba e considerado mui- to saboroso, raramente é capturado. Isso se deve ao fato desses peixes só poderem ser pescados com redes de emalhar, cujo uso é proibido para pescadores amadores. No rio Piracicaba existem registros de exemplares de até 40 cm e peso próximo a 500 g. Alimenta-se raspando as algas que crescem sobre pedras no fundo do rio. Estudos realizados no rio Paraíba do Sul (fora da bacia do rio Piracicaba) mos- traram que esta espécie se reproduz de setembro a março, com pico em novembro. 8. Cascudinho (Neoplecostomus sp.) Espécie com registros somente em pequenos afluentes do rio Piracicaba, em áreas de forte correnteza e fundo recoberto por pedras. De maneira ge- ral, só habita locais com água de boa qualidade. É uma espécie de pequeno porte (até 13 cm) e pode ser diferenciada de ou- troscascudinhosdabaciaporumconjuntodeplacasagrupadasnoabdômen.Alimenta- se de algas que crescem sobre pedras no fundo do rio. As características reprodutivas são desconhecidas. Possivelmente, é uma espécie ainda não descrita para a Ciência. 9. Cascudinho (Pareiorhaphis scutula) Espécie recentemente descrita para a Ciência e que habita somente pe- quenos afluentes do rio Piracicaba, bacia da qual é endêmica. Vive em áreas de forte correnteza e fundo recoberto por grandes pedras. É uma espécie de porte pequeno (até 12 cm) e cujos machos são maiores que as fêmeas. Os machos também possuem caracte- rísticas sexuais secundárias, representadas por uma série de espinhos que cres- cem ao redor da cabeça. Alimenta-se de algas que crescem sobre pedras no fun- do do rio. As características referentes ao período reprodutivo são desconhecidas. 10. Cascudinho, cascudinho barata (Harttia sp.) Espécie pouco comum, tendo sido registrada somente, em 2008, na calha do rio Piracicaba, no trecho imediatamente a jusante da casa Neoplecostomus sp. Cascudinho Pareiorhaphis scutula Cascudinho Harttia sp. Cascudinho-barata Gymnotus aff. carapo Sarapó ou espada Hypostomus affinis Cascudo
  • 11. 1918 de força da UHE Guilman-Amorim. É uma espécie de porte pequeno e corpo bastante achatado, característica da qual deriva o nome cascudinho-barata. Informações sobre alimentação e reprodução são desconhecidas. Não faz parte da pesca local e pode se tratar de uma espécie nova para a Ciência. 11. Mandi ou bagre (Rhamdia quelen) Embora no rio Piracicaba, e em algumas partes do rio Doce, seja conhecida como mandi, esta es- pécie é bastante distinta de ou- tras conhecidas popularmente por este nome nos rios São Francisco, Paraná e Paraíba do Sul. Ocorre em toda a bacia do rio Piracicaba. É bastante procurada pelos pescadores e alcança mais de 30 cm e peso próximo a 500 g. Reproduz-se ao longo de quase todo o ano, com pico entre outubro e janeiro. Alimenta-se de invertebrados aquáticos e terrestres, e, ocasionalmente, de peixes. 12. Mussum (Synbranchus marmoratus) Espécie nativa na bacia do rio Doce, mas pouco comum nas amostragens realizadas ao lon- go da mesma. No reservatório da UHE Guilman-Amorim os jovens são bastantes frequentes e abundantes entre as raízes de aguapé, as quais são usadas como abrigo. É uma espécie noturna, carnívora e que alcança tamanho superior a 1 metro. Não possui nadadeiras peitorais e ventrais e a dorsal e anal são vestigiais. Por apresentarem características morfológicas distintas da maioria dos peixes, algumas pessoas confundem essa espécie com uma cobra. 13. Cará (Geophagus brasiliensis) Encontrado em toda a bacia, chega a pouco mais de 20 cm. Os machos alcançam maior tamanho e apre- sentam colorido mais brilhante do que as fêmeas, principalmente du- rante o período reprodutivo, quando se forma uma protuberância no topo da cabeça. Embora não seja considerada uma espécie nobre, é bastante capturado por pescadores. Sua reprodução ocorre ao lon- go de todo o ano, mas em maior intensidade durante o período chuvoso. Alimenta- se, principalmente, de invertebrados aquáticos que vivem no fundo dos rios. 14. Cará (Australoheros ipatinguensis) Espécie recentemente descrita para a Ciência e encontrada em diversos ambientes aquáticos da bacia do rio Doce,incluindodesdepequenosaflu- entes até rios maiores. No trecho sob influênciadaUHEGuilman-Amoriméraraeoúnicoregistroremontaaestudosrealiza- dos em 1997. Não estão disponíveis informações sobre a reprodução e a alimentação. 15. Cumbaca (Trachelyopterus striatulus [a]) e Cumbaquinha (Glanidium aff.melanopterum [b]) Espécies com distribuições na ba- cia do rio Piracicaba, restritas ao trecho abaixo da barragem da UHE Sá Carvalho. Ocorrem, somente, na calha central do rio e afluen- tes maiores, estando ausentes em Rhamdia quelen Mandi ou bagre Synbranchus marmoratus Mussum Geophagus brasiliensis Cará Australoheros ipatinguensis Cará [a] [b] [a] Trachelyopterus striatulus [b] Glanidium aff. melanopterum Cumbaquinha, Cumbaca
  • 12. 2120 pequenos riachos e córregos. A primeira espécie alcança até 20 cm, enquanto a segunda é de porte menor (até 15 cm). São peixes que se alimentam, primaria- mente, de invertebrados, tanto terrestres quanto do próprio ambiente aquático. Não realizam migração reprodutiva e somente a cumbaca é capturada na pesca, embora não seja uma espécie muito apreciada. 16. Serrapinnus aff.heterodon[a], Knodus sp. [b] e Hasemania sp. [c] (espécies sem nome popular local) Espécies de pequeno porte (menos de 5 cm) e com registros somen- te na drenagem do rio do Peixe, afluente do rio Piracicaba, no município de Itabira. A primeira espécie foi representada por um único exemplar obtido em estu- dos de 2002, enquanto Knodus e Hasemania representam espécies com registros em poucas locali- dades na bacia do rio Doce. Até o momento, não é possível afirmar se esses peixes foram introduzi- dos na bacia e estão em processo de expansão das populações ou se, realmente, se tratam de espécies extrema- mente raras que, anteriormente, não eram detectadas nas amostragens. Não existem dados biológicos disponíveis para essas espécies. 17. Sairú (Cyphocharax gilbert) Espécie com distribuição restrita ao trecho do rio Piracicaba locali- zadoabaixodaUHESáCarvalho,as fêmeas do sairú chegam até 20 cm de comprimento e são maiores que os machos. É uma espécie que não possui dentes e é iliófaga, ou seja, alimenta-se da matéria orgânica depositada no fundo dos rios, que, normalmente, é relatada na literatura como detrito. Essa espécie forma cardumes e migra durante o período reprodutivo, que coincide com a cheia dos rios. Devido aos hábitos alimentares não é capturada através da pesca normal realizada com linha e anzol. 18. Cambevas (Trichomycterusaff. alternatum [a]; Trichomycterusaff. immaculatum[b]eTrichomycterus sp.espécie nova [c]) São peixes pequenos que alcan- çam pouco mais de 12 cm e ra- ramente capturados pelos pesca- dores. Alimentam-se de pequenos invertebrados aquáticos que vivem junto ao fundo do rio e os hábitos reprodutivos são desconhecidos. Possuem espinhos nas laterais e parte inferior da cabeça, que per- mitem a sua fixação em pedras no fundo do rio e escalar rochas em ângulo de até 90o . A primeira e a segunda espécies ocorrem em pe- quenos córregos e ribeirões. A terceira é encontrada somente na calha principal do rio Piracicaba, em trechos rochosos e com forte correnteza. Esta espécie é nova para a Ciência e ainda não possui nome científico disponível. 19. Tamoatá (Callichthys callichthys) Espécie pouco comum, tendo sido registrada somente em 2008 na calha do rio Piracicaba, tanto a montante (acima) quanto a jusante (abaixo) da barragem da UHE Guilman-Amorim. Ocorre em diferentes ambientes, mas, normalmente, em Cyphocharax gilbert Sairú [a] Trichomycterus aff. alternatum [b] Trichomycterus aff. immaculatum [c] Trichomycterus sp. espécie nova Cambevas [a] [b] [a] Serrapinnusaff.heterodon [b] Knodussp. [c] Hasemaniasp. Espécies sem nome popular local [b] [a] [c] [c]
  • 13. 2322 áreas com correnteza moderada. A alimentação consiste de peixes, insetos e vegetais. Mantém cuida- do parental, o macho guardando os ovos que são depositados pela fêmea em um ninho construído com bolhas e plantas flutuantes. Apresenta respiração acessória pelo intestino, o que faculta a capacidade de viver em ambientes pobres em oxigênio dissolvido na água. Não apresenta interesse na pesca. 20. Tambaqui (Colossoma macropomum) O tambaqui é originário das ba- cias dos rios Amazonas e Orinoco. É cultivado no sudeste do Brasil, sendo utilizado em peixamentos e muito procurado para esta- belecimentos tipo pesque-pague. É um peixe de grande porte, até mais de 1 metro e 40 kg de peso. Em ambiente natural, a alimentação dos adultos é composta por frutos. Realiza migrações em cardume, deslocando-se rio acima para reprodução. Não existem registros de que essa espécie tenha sido introduzida intencionalmente no lago da UHE Guilman-Amorim. Possivelmente, o aparecimento da mesma no reservatório esteja relaciona- do a episódios de rompimento de tanques de criação localizados a montan- te da barragem. Ao que tudo indica, não possui população estabelecida na drenagem do rio Piracicaba. 21. Pacuzinho (Metynnis maculatus) Esse pacu alcança até 20 cm e é originário da bacia do rio Paraguai. Também é encontrado na bacia do alto rio Grande (alto Paraná), onde é considerado uma espécie exótica. Estudos conduzidos com essa espécie (Myleus tiete) no alto rio Grande indicaram que a mesma possui longo período re- produtivo e desova do tipo parce- lada. A alimentação inclui frutos e partes vegetais diversas. A sua raridade na área de influência da UHE Guilman-Amorim pode ser tomada como um forte indicativo de que o mesmo tenha chegado à calha do rio após o rompimento de tanques de criação distribuídos na bacia de drenagem, a montante do reservatório. 22. Trairão (Hoplias intermedius) Essa espécie foi, durante muito tempo, considerada exótica na ba- cia do rio Piracicaba. Entretanto, estudos recentes mudaram a ta- xonomia do grupo e demonstra- ram que existem várias espécies denominadas, popularmente, como trairão. Desse modo, o trairão capturado no rio Piracicaba é uma espécie nativa e comum a outros rios do leste do Brasil. Habita, principalmente, a calha do rio, nos trechos com maior oxigenação da água. Alcança maior tamanho e peso que a traíra e é muito procurado pelos pescadores. No rio Piracicaba foram re- gistrados exemplares com 60 cm e mais de 2 kg. Esta espécie se diferencia da traíra por apresentar a “língua” lisa e os ossos na parte inferior da mandíbula paralelos. Alimenta-se de peixes. 23. Traíra (Hopliasmalabaricus) Ocorre em toda a bacia e é um dos maiores e mais importantes peixes para a pesca. A carne é considerada excelente e os grandes exemplares Colossoma macropomum Tambaqui Callichthys callichthys Tamoatá Hoplias intermedius Trairão Hoplias malabaricus Traíra Metynnis maculatus Pacuzinho
  • 14. 2524 capturados chegaram até 50 cm e 1,4 kg. Sua reprodução ocorre ao longo de todo o ano, sendo mais intensa durante o período de cheia do rio. Alimenta-se de pei- xes, embora exemplares de menor tamanho também utilizem insetos aquáticos. 24. Carpa (Cyprinus carpio) Na região existem três variedades: a comum, a espelho e a colorida, sendo a primeira a mais frequente. É encontrada tanto nos reserva- tórios quanto nos trechos não re- presados da calha do Piracicaba. A carpa é originária da Ásia e foi introduzida no Brasil no início do século XX, sendo, portanto, uma espécie exótica. Já foi muito abundante no reservatório de Guilman- Amorim, situação distinta do restante da bacia. Entretanto, com o passar do tempo, após a formação do reservatório, a sua abundância diminuiu, embora ainda faça parte constante da pesca. Os maiores exemplares obtidos durante os estudos che- garam a 45 cm e aproximadamente 2 kg. Entretanto, pode alcançar tamanho e peso bem maiores. A carpa alimenta-se, principalmente, de pequenos organismos que vivem junto ao fundo, que são obtidos sugando e filtrando o sedimento. 25. Tilápias (Tilapia rendalli [a] Oreochromis niloticus [b]) As tilápias são originárias da África e são representadas por quatro gê- neros e, aproximadamente, 70 es- pécies. As espécies registradas no rio Piracicaba são as tilápias mais difundidas no Brasil. A alimentação inclui organismos encontrados no sedimento e detritos orgânicos, em menores quantidades. Embora as duas espécies apresentem cuidado parental, as estratégias reprodutivas são diferentes: Tilapia rendalli deposita os ovos no substrato, enquanto O. niloticus incuba os ovos e guarda os jovens na cavidade bucal. Ambas as espécies colonizam com bastante sucesso os reserva- tórios onde são introduzidas e são bastante procuradas por pescadores, que as consideram de paladar bastante agradável. A reprodução ocorre ao longo de todo o ano e alcançam tamanhos acima de 40 cm e peso superior a 2 kg. 26. Bagre-africano (Clarias gariepinnus) EspécieexóticaeorigináriadaÁfrica. Alcança grande porte, chegando até um metro e meio de comprimento e mais de 50 kg. Apresenta respiração acessória através do “órgão arbo- rescente”, o qual é composto por arcos branquiais modificados. Essa característica permite a respiração fora da água, facultando ao animal se deslocar no ambiente terrestre. É uma espécie bastante plástica quanto à alimentação, utilizando uma infinidade de organismos aquáticos, peixes e até vertebrados terrestres. É uma es- pécie que coloniza com facilidade ambientes de rios e reservatórios, não migra durante o período reprodutivo e não apresenta cuidado parental. Apesar do grande tamanho que alcança, não é muito apreciado na pesca devido ao sabor da carne. 27. Mandizinho (Pimelodella sp.) Espécie pouco comum no rio Piraci- caba e com registro somente em trechos com águas bastante limpas. Não é apreciada na pesca, e por ter espinho bastante pontiagudo na na- dadeira peitoral e dorsal, acaba cau- sando perfurações nas mãos das pessoas que não o manuseiam com o devido cuida- do.Alcançaaté15centímetrosepesonuncasuperiora100gramas.Alimenta-se,prin- cipalmente, de insetos aquáticos e não se possui dados sobre o período reprodutivo. Cyprinus carpio Carpa Clarias gariepinnus Bagre-africano Pimelodella sp. Mandizinho [a] Tilapia rendalli [b] Oreochromis niloticus Tilápias [a] [b]
  • 15. 27 Por que não se deve dar alimentos aos peixes que vivem no ambiente natural? Os peixes que habitam cursos d’água naturais não necessitam de nossa ajuda para se alimentar, pois estão adaptados a buscarem comida no pró- prio ambiente. Esta situação é diferente nos tanques de criação, onde os peixes só irão se desenvolver se forem alimentados adequadamente. Deve-se considerar, também, que o tipo de alimento jogado na água, normalmente restos de comida, não é adequado aos peixes. Isso pode causar problemas ou tornar os peixes suscetíveis a doenças, pois os alimentos contêm gorduras, temperos, aditivos químicos e etc. Os ali- mentos também alteram a qualidade da água, tornando o ambiente inade- quado tanto para os peixes quanto para os outros organismos aquáticos. Algas – Organismos vegetais, microscópicos ou não, que vivem aderidos ao fundo ou livres na coluna d’água nos ambientes aquáticos. Algumas espécies encontradas nos rios formam aglomerados, que são conhecidos popular- mente como lodo ou limo. Baixo Piracicaba – Trecho do rio Piracicaba mais próximo da confluência com o rio Doce. Espécie endêmica – O mesmo que nativo de um determinado local. Espécie exótica – São todas as espécies introduzidas em ambientes onde não ocorriam originalmente. Um exemplo é o tambaqui, que embora seja nativo da bacia amazônica, constitui uma espécie exótica nos rios de Minas Gerais, onde foi introduzida para pesca. Ictiofauna – Conjunto representado por todas as espécies de peixes encon- tradas em um determinado ambiente aquático. Invertebrados – Animais que não possuem esqueleto ósseo ou cartilagi- noso. São exemplos de invertebrados: as minhocas, os insetos, as aranhas, entre outros. Medidas compensatórias – São as ações realizadas para se compensar as per- das no ambiente natural decorrentes da implantação de um empreendimento. Glossário 26 Foto página à esquerda: Rio Piracicaba, barragem e reservatório da UHE Guilman-Amorim, Nova Era, MG.
  • 16. 2928 Medidas corretivas – São as ações realizadas para corrigir os problemas ge- rados com a implantação de um empreendimento. Medidas preventivas – São as ações realizadas para se evitar que determina- do problema possa vir a ocorrer com a implantação de um empreendimento. Montante / jusante – acima (montante) ou abaixo (jusante) de um ponto de referência no rio. Piracema – Palavra de origem indígena utilizada para designar o deslocamen- to dos peixes na calha do rio para a reprodução. Plâncton – É o conjunto de organismos (animais e vegetais) que têm pouco poder de locomoção e vivem livremente na coluna de água, sendo arrastados pelas correntes. O plâncton está na base da cadeia alimentar dos ambientes aquáticos, pois serve de alimentação a organismos maiores. UHE – Sigla de Usina Hidrelétrica Zooplâncton – Conjunto de animais, em sua maioria de tamanho micros- cópico, que flutuam ou nadam na coluna d’água. Embora possam nadar, são incapazes de vencer as forças das correntes de água. Para saber mais sobre os peixes e a bacia do rio Piracicaba ALVES, C. B. M.; VIEIRA, F.; MAGALHÃES, A. L. B. & BRITO, M. F. G. Impacts of non-native fish species in Minas Gerais, Brazil: present situation and prospects. pp. 291-314 In: Bert, T.M. (eds). Ecological and Genetic Implications of Aquaculture Activities. Springer, Dordrecht, The Netherlands, 2007. CETEC - Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais. Inventário ambiental da área do reservatório de Peti: ictiofauna. Belo Horizonte: 1989. 34 p. Relatório Técnico. CHIMELI, A. B. Economia e meio ambiente: uma investigação sobre a poluição hídrica da bacia do rio Piracicaba. 1993. 57p. Prêmio Minas de Economia: Categoria Universitário - Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S.A., Conselho Regional de Economia - MG, Sociedade de Economistas de Minas Gerais, Belo Horizonte. 1994. FERREIRA, V.; BAUMGRATZ, S. S.; PORTILHO, G. S. O Tempo e o Clima. Belo Horizonte: Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim. 2006. 37p. GUERRA, C. B. Impactos ambientais na bacia do rio Piracicaba. 77p. Monografia – Instituto de Engenharia Ambiental, Delf, Holanda. 1993 LUCINDA, P. H. F. Systematics and biogeography of the genus Phalloceros Eigenmann, 1907 (Cyprinodontiformes: Poeciliidae: Poeciliinae), with the description of twenty-one new species. Brazil. Neotropical Ichthyology, 6(2): p.113-158, 2008. OTTONI, F. P.; COSTA, W. J. E. M. Taxonomic revision of the genus Australoheros Rícan & Kullander, (Teleostei: Cichlidae) with descriptions of nine new species from southeastern Brazil. Vertebrate Zoology, 58(2): p. 207-232, 2008. OYAKAWA, O. T.; MATTOX, G. M. T. Revision of the Neotropical trahiras of the Hopliaslacerdae species-group (Ostariophysi: Characiformes: Erythrinidae) with descriptions of two new species. Neotropical Ichthyology, 7(2): p. 117-140, 2009. PAULA, J. A. Biodiversidade, população e economia: uma região de mata atlântica. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar; ECMVS; PADCT/CIAMB, 1997. 672 p. Disponível em http:// econpapers.repec.org/bookchap/cdplivros/000001.htm Acesso em março/2011.
  • 17. 31 PEREIRA,E.H.L.;VIEIRAF.;REIS,R.E. Pareiorhaphisscutula,anewspeciesofneoplecostomine catfish (Siluriformes: Loricariidae) from the upper rio Doce basin, southeastern Brazil, Neotropical Ichthyology. 8(1): p. 33-38, 2010. REZENDE, Adalberto C. et al.; Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim: Estudos Ambientais. Belo Horizonte: Consórcio Autoprodutor Belgo-Mineira/Cauê (Relatório final, mapas e anexos 1970/3-RE-GOO-002), 1994. 208 p. Relatório Técnico. SCHUBART, O. Duas novas espécies de peixe da família Pimelodidae do rio Mogi-Guaçú (Pisces, Nematognathi). Boletim do Museu Nacional, Zoologia. Rio de Janeiro, 244: 1-22, 1964. VIEIRA, F.; GOMES J. P. C. PlanodemanejodaRPPNMonlevade: diagnóstico da ictiofauna. Belo Horizonte: ArcelorMittal – Usina Monlevade/Ecodinâmica, 2011. Relatório Técnico. (Inédito) VIEIRA, F. Distribuição, impactos ambientais e conservação da fauna de peixes da bacia do rio Doce. Belo Horizonte. MG Biota. 2 (5): p 5-22, 2009. VIEIRA, F.; BAUMGRATZ, S. S. Plano de conservação de espécie de peixes. Belo Horizonte: Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim/Ecodinâmica, 2009, 49 p. Relatório Técnico, mapas e anexos ECO/GA-472 RMF-20/2009. (Inédito) VIEIRA, F.; POMPEU, P.; BAUMGRATZ, S. Os peixes e a pesca no Rio Piracicaba. 1ª ed. Belo Horizonte: setembro de 2000. 12p. VIEIRA, F.; POMPEU. P. S.; Monitoramento da Ictiofauna. Belo Horizonte: Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim S.A./Ecodinâmica, 1999. 46 p. Relatório técnico, mapas e anexos ECO/ GA-163 RMF-07/99. VIEIRA, F.; MARQUES, S.; BORGES, M. A. Z. Estrutura das comunidades de peixes do reservatório de Peti, bacia do rio Piracicaba, MG. ENCONTRO BRASILEIRO DE ICTIOLOGIA, XII, 1997, São Paulo. VIEIRA, F. A solução para o rio Piracicaba é o peixamento? Boletim Guilman-Amorim Ensina, (15): 3. 1997 Lista atualizada das espécies citadas e/ou registradas para a bacia do rio Piracicaba nos últimos anos ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR Characiformes Anostomidae Leporinus conirostris J Piau-branco Leporinus copelandii J Piau-vermelho Characidae Astyanax aff. bimaculatus J Lambari Astyanax aff. taeniatus J Lambari Astyanax aff. fasciatus J Lambari Astyanax aff. scabripinnis J Lambari Brycon cf. opalinus J Pipitinga, pirapitinga Colossoma macropomum L Tambaqui Hasemania sp. ? - Metynnis maculatus L Pacuzinho Oligosarcus argenteus J Lambari-bocarra Serrapinnus aff. heterodon ? - Knodus sp. ? - Characidium aff. timbuiensis J -Crenuchidae Curimatidae Cyphocharax gilbert J Sairú Erythrinidae Hoplias intermedius J Trairão Hoplias malabaricus J Traíra Cypriniformes Cyprinidae Cyprinus carpio L Carpa Cyprinodontiformes Poeciliidae Phalloceros sp. J Barrigudinho Poecilia reticulata L Guppy, barrigudinho Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus aff. carapo J Sarapó Perciformes Cichlidae Australoheros ipatinguensis J Cará Geophagus brasiliensis J Cará Oreochromis niloticus L Tilápia Tilapia rendalli L Tilápia Siluriformes Auchenipteridae Trachelyopterus striatulus J Cumbaca Glanidium aff. melanopterum J Cumbaquinha Callichthyidae Callichthys callichthys J Tamoatá Clariidae Clarias gariepinnus L Bagre-africano Heptapteridae Pimelodella sp. J Mandizinho Rhamdia quelen J Bagre, mandi Loricariidae Harttia sp. J Cascudinho Hypostomus affinis J Cascudo Neoplecostomus sp. J Cascudinho Pareiorhaphis scutula J Cascudinho Pimelodidae Pimelodus sp. L Mandi Trichomycteridae Trichomycterus aff. alternatum J Cambeva Trichomycterus sp. espécie nova J Cambeva Trichomycterus aff. immaculatum Cambeva Synbranchiformes Synbranchidae Synbranchus marmoratus J Mussum J Espécie nativa da bacia | L Espécie exótica na bacia | ? Sem informação 30
  • 18. 33 PROJETO E COORDENAÇÃO Ecodinâmica Consultores Associados Ltda Rua Monte Sião, 167 – Serra 30.240-050 – Belo Horizonte/MG Telefone: 3227-5526 www.ecodinamica.com.br ecodinamica@ecodinamica.com.br TEXTO TÉCNICO Fábio Vieira (Biólogo/Ictiólogo) Sônia Santos Baumgratz (Geógrafa/Coordenadora) FOTOGRAFIAS Cyro José Soares; Débora Ferreira; Edson Vicente de Assis; Fábio Vieira; Thiago Casarim Pessali; Gilberto Nepomuceno Salvador. APOIO Lorena Santos Beaumord Azevedo (Relações Públicas) PROJETO GRÁFICO Nemer + Fornaciari :: GRÁFICO DESIGN DESIGNERS ASSISTENTES Fábio de Assis Thiago Viana COLABORAÇÃO Agência Netuna IMPRESSÃO PAMPULHA Editora Gráfica, Belo Horizonte Direitos autorais reservados ao Consórcio UHE Guilman-Amorim: proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a sua autorização por escrito. DIREÇÃO EXECUTIVA DO CONSÓRCIO: José de Arimathea Silveira Nunes; Jefferson Olinto Filho; Nízia Simião Silva Bastos; Roberto Carlos de Oliveira Aragão Copyright © 2011 by ECODINÂMICA Consultores e Associados Ltda 32 V657p Vieira, Fábio O peixe e a pesca no Rio Piracicaba / Fábio Vieira, Sônia Santos Baumgratz; ilustração: Fábio Vieira, Sônia Santos Baumgratz. -- 2. ed. -- Belo Horizonte: Ecodinâmica Consultores Associados Ltda., 2011. 32 p. il. Inclui Bibliografia e Glossário. ISBN: 978-85-61056-01-8 1. Pesca – Piracicaba, Rio. 2. Pesca – Brasil. 3. Peixe - Brasil. I. Baumgratz, Sônia Santos. II. Título. CDU: 639.3 CDD: 597 Elaborada por Sônia Miranda de Oliveira – CRB6 - 1381
  • 19. Escritório Central Av. dos Andradas | 1093 | 2º andar | Centro Belo Horizonte - MG | CEP: 30.120-010 Tel. | 31.3048.6263 Fax | 31.3048.6258 Usina Hidrelétrica Horto Florestal Engenheiro Guilman | s/nº Antônio Dias - MG | CEP | 35.177-000 Tel. |31. 3843.1207 e 31.3843.1223 DistribuiçãoGratuita www.uhe-guilmanamorim.com.br