2. Biografia
Robert Flaherty (1884-1951) é considerado, tal como cineasta russo
Dziga Vertov, como um dos pais do filme documentário. Em 1922
produziu e realizou “Nanook, o Esquimó” o primeiro filme
documentário de longa-metragem com sucesso internacional.(2)(3).
Junto com o português José Leitão de Barros é um dos primeiros
cineastas a explorar a docuficção e a etnoficção como forma de
narrativa dramática: Maria do Mar (1930) é o segundo (12).
Influenciado pela profissão do pai que explorava minas, acompanhou-
o desde criança em várias prospecções ao extremo norte do
continente americano. O jovem Flaherty, entre 1910 e 1916, tornou-
se também explorador, cartógrafo, geólogo e guia especializado ao
serviço de Sir William McKenzie, o construtor do caminho-de-ferro
transcontinental, o Canadian Northern Railway. Este ter-lhe-á
proposto que, na sua terceira expedição à costa oriental da Baía de
Hudson (1913), registasse com uma máquina de filmar aquilo que mais
interessasse. (2)(3)
No entanto a primeira recolha de imagens fica queimada devido a um
cigarro, num acidente comum entre as películas impressas em
nitrato. Persistente, consegue reunir apoio para continuar a filmar
os Inuit, cuja cultura o intrigava. Daqui resulta o documentário
Nanook of the North, que lhe valeu um contrato com a Paramount.(2)
(3)
3. Biografia (cont.)
Em seguida parte para Samoa para filmar Moana (1926). A sua
abordagem foi a de viver com a comunidade local por mais de um ano
juntamente com a sua mulher Frances H. Flaherty, de forma a
absorver o seu modo de vida e daí construir um filme. Este tipo de
abordagem levou Flaherty a ser classificado como progenitor do
filme etnográfico género que também foi classificado como
antropologia visual.(2)(3)
O legado de Flaherty é ter sido um dos primeiros a combinar
documentários com um tratamento mais poética e uma narrativa de
cariz ficcional.(2)
Numa visão mais romântica nos filmes iniciais como Nanook of the
North (1922), Moana (1926) e depois Man of Aran (1934), mais tarde
numa visão mais filosófica - The Land (1942) e Louisiana Story
(1948) - Flaherty marca um tema comum: a Humanidade na sua luta
em arranjar equilíbrio com os elementos, sejam eles naturais, sejam
eles produtos da modernidade.
4. Equipamento
Robert Flaherty usou câmeras de filmar regulares na época.
Utilizou uma Prizmacolor no filme Moana(1926), mas não funcionou.
Pensa-se que Moana terá sido o primeiro filme a preto-e-branco
pancromático, em vez do filme ortocromáticos usado na época em
Hollywood.(12)
5. Portefólio
Realização:
1922 - Nanook of the North - 50’
1925 - The Pottery Maker - 14’
1926 - Moana: A Romance of the Golden Age- 85’
1927 - The Twenty-four Dollar Island - 15’
1928 - White Shadows in the South Seas (co-realização com
FW. Murnau) - 81’
1933 - Industrial Britain (Co-realização com John Grierson) - 21’
1933 - The English Potter - curta metragem
1922 - The Glassmaker of England - curta metragem
1934 - Man of Aran - 76’
1937 - Elephant Boy (co-realização com Zoltan Korda) - 85’
1942 - The Land - 43’
1948 - Louisiana Story - 77’
1959 - The Titan: Story of Michelangelo - 70’
6. Portefólio
Argumentista:
1922 - Nanook of the North - 50’
1926 - Moana: A Romance of the Golden Age)- 85’
1927 - The Twenty-four Dollar Island - 15’
1931 - Tabu, a story of the south seas - 81’
1934 - Man of Aran - 76’
1938 - The Last Voyage of Captain Grant - 45’
1942 - The Land - 43’
1948 - Louisiana Story - 77’
7. Portfólio
Prémios e nomeações:
1950 - Ganha um Oscar na categoria de Melhor Documentário com:
The Titan: Story of Michelangelo.(3)
1913 - “Fellow” (companheiro), Royal Geographical Society (3)
1949 - Nomeado com Frances H. Flaherty para Oscar melhor
argumento por Louisiana Story (1949). (31)
1948 - Ganha o “International Award” na categoria de melhor
filme no Festival de Cinema de Veneza, com “Louisiana
Story” (1948). (31)
1948 - Nomeado para o “Leão de Ouro” no Festival de Cinema de
Veneza com “Louisiana Story” (1948). (31)
1937 - Ganha o prémio de Melhor Realizador no Festival de Cinema
de Veneza com “O Rapaz Elefante” (1937). (31)
1937 - Nomeado para o “Mussolini Cup” no Festival de Cinema de
Veneza com “O Rapaz Elefante” (1937). (31)
1934 - Ganha o “Mussolini Cup” no Festival de Cinema de Veneza
com “Man of Aran” (1934). (31)
Entre 1959 e 1979, a categoria de melhores documentário eram
premiados pelos BAFTA com o “Robert J. Flaherty Award”.(30)
8. Nanook of the North (1922)
É um documentário mudo num género que viria a
ser considerado como filme antropológico.
Flaherty filmou a vida de Inuk Nanook e da sua
família no ártico canadiano. O Filme é o
primeiro documentário de longa metragem
conhecido e considerado um marco do género.
Mesmo não tendo sido realizado por um
antropólogo, e mesmo sendo criticado por ter
encenado várias sequências e por isso ter
distorcido a realidade do seu sujeito, as
inovações introduzidas por Robert Flaherty,
nomeadamente nas relações que estabeleceu com o (4)
Inuit Nanook e sua família, vão influenciar de
maneira decisiva o documentário de caráter
antropológico.(5)(6)
(6)
9. The Potterymaker (1925)
É um curta metragem educacional e ilustra uma da mais antigas
artes do Homem: o uso da roda do oleiro. São mostrados costumes de
duas gerações: um menina visita um oleiro na companhia da sua avó.
Acidentalmente a criança parte um vaso e fica aflita. O oleiro
conforta-a e diz-lhe que irá fazer outro enquanto ela observa.
Este filme tem como objetivo incutir um sentido de respeito pelo
artesanato bem como pelos aparelhos mecânicos que o Homem foi
inventando ao longo dos tempos.(10)
(9) (10)
10. Moana (1926)
Depois do sucesso de Nanook of the North, a
Paramount pediu a Robert Flaherty, para fazer
um filme sobre a vida em Samoa. Moana não
teve o sucesso de Nanook mas é considerado
uma obra marcante, na história do cinema. É
com Moana que é empregue pela primeira vez a
palavra “documentário” pelo crítico John
Grierson. Flaherty viveu um ano com a
comunidade local, conseguindo da parte do
chef tribal Savaii a permissão para filmar o
dia à dia do seu povo, incluindo a captura de
uma tartaruga do mar e um javali. A maior
parte do filme centra-se em Moana, o filho do
chef e o seu romance com uma das indígenas.
(11)
Foi filmado em detalhe um dos costumes de
Samoa da altura: um rapaz fazia a transição
para a vida adulta com um ritual que incluia
uma tatuagem e um piercing. (13)
(9)
11. Twenty-Four-Dollar Island (1927)
Em 1626, comerciantes holandeses compraram Manhattan por 28 dólares de
miçangas e prendas. Passados 30 anos já lá viviam 1.000 habitantes, e
300 anos depois, viviam 8 milhões. Este filme celebra o poder, o tamanho
e majestade de Manhattan, começando na margem do rio, onde uma enorme de
draga de pá a vapor trabalha. Segue depois para o oceano e em seguida,
mostra um buraco no chão onde os homens trabalham com picaretas e pás. A
câmera examina depois, lentamente, um edifício imponente perto da
margem. Atrás e ao lado dele é a cidade.(14)(15)
(15)
12. White Shadows in the South Seas (1928)
Um filme baseado no romance de 1919 de Frederick
O'Brien (16) que conta a história de Matthew
Lloyd, um médico que se afastou de uma
respeitável carreira, e vive uma existência
medíocre numa ilha da Polinésia. Lá, Sebastião,
um negociante de pérolas e seus associados
exploraram duramente os nativos que trabalham
para eles como mergulhadores. Depois de
testemunhar as consequências terríveis da
"civilização" sobre a população local, Matthew
desgostoso, condena com veemência a ganância e
(16)
crueldade de Sebastian. Sebastian, no entanto,
não se coíbe de utilizar quaisquer meios para
esmagar a oposição às suas atividades.(17)
13. Industrial Britain (1933)
Um olhar sobre a indústria na Grã-Bretanha, com ênfase na importância
do artesanato. Industrial Britain representa um marco no
desenvolvimento do movimento documentário britânico, foi o momento em
que a realização artística foi misturada de forma significativa com
uma intenção social.(18)
Flaherty aborda de forma romântica o ideal do trabalho. Neste filme
cada trabalhador é um artesão, e são o exemplo máximo do que é ser
uma pessoa real. Num sentido, o que Flaherty capta não é tanto a Grã-
Bretanha industrial, ele procura antes encontrar no meio dos
industriais os remanescentes dos artesão que podem ser felizes com
sua habilidade, o homem que é mais do que máquina, que é um
especialista em seu próprio ofício. O que ele capta é o valor do
trabalho, não como ir para um escritório durante um dia e voltar à
noite para ganhar um salário de forma mecânica ou fútil e ou mesmo
parecida à escravidão. Em vez disso, trabalhar, na concepção de
Flaherty, era nobre, era um esforço que transcende a monotonia (19)
(19)
14. Man of Aran(1934)
É um documentário ficcional sobre a vida nas ilhas
Aran, na costa ocidental da Irlanda e cercada por
uma mar enfurecido com violentas tempestades.
Retrata habitantes que vivem em condições pré-
modernas, documentando as suas rotinas diárias,
tais como pesca ao largo das falésias altas, o
cultivar de batatas, onde há pouca terra, e a caça
de tubarões para obter óleo de fígado para as
lâmpadas. Com uma pequena equipe, Flaherty passou
dois anos filmando e editando este comovente drama
deste grupo familiar, que de forma heróica busca a
sobrevivência em condições desfavoráveis, impostas
por uma natureza furiosa.(20)(21)
Algumas situações são fabricados, como uma cena em
que os pescadores de tubarões estão quase perdidos
no mar numa tempestade repentina. Além disso, os
membros da família indicados não são realmente
relacionados, tendo sido escolhido entre os
habitantes da ilha pelas suas qualidades
fotogênicas.(21)
(20)
15. Elephant Boy (1937)
Toomai (Sabu), um jovem rapaz que cresce na
Índia, almeja tornar-se um caçador. Mas
entretanto, ele ajuda o seu pai, condutor do
elefante, com Kala Nag, um elefante grande que
tem estado na sua família há quatro gerações.
Petersen (Walter Hudd) contrata o pai e Kala
Nag, entre outros, para uma apanha anual de
elefantes selvagens, no sentido de serem
domesticados e colocados ao serviço do governo.
Petersen acha Toomai divertido e sabendo que
ele só tem o pai para cuidar dele, permite que
o menino vá também na expedição.
Encontar elefantes revela-se difícil. (22)
O filme segue o caminho deste grupo até à
descoberta dos elefantes por parte do próprio
Toomai.(22)(23)
16. The Land (1942)
Documentário mostra o estado pobre em que a agricultura americana
havia caído durante a Grande Depressão.(25)
Produzido em parte pelo Departamento de Agricultura dos EUA, foi
suprimido quando considerado obsoleto pelo Estado após a entrada
dos EUA na Segunda Guerra Mundial. A principal preocupação do filme
é a erosão dos solos, um processo tão gradual como invisível. Vemos
imagens impressionantes da devastação provocada pelo tempo e de
certas práticas agrícolas, incluindo quase um século de produção
intensiva de algodão. O documentário é narrado, de forma bastante
dramática, pelo próprio Flaherty.(26)
(24)
17. Louisiana Story (1948)
Nos pântanos da Louisiana, um paraíso terrestre à
margem do mundo, vive uma comunidade pacata, de
necessidades modestas e alma pura. Para o pequeno
Napoleon - Ulysse Latour, um jovem "cajun", os dias
são passados em passeios pela densa e mágica
floresta no braço do Mississipi. A sua rotina lúdica
e deslumbramento pela natureza e animais, é alterada
com a chegada de operários para a extração de
petróleo do subsolo. O rapaz logo se familiariza com
eles, deixando os seus passeios silvestres de lado e
visitando os operários no campo petrolífero, que se
tornam seus amigos. A História de Louisiana é uma
homenagem à beleza, ao perigo e à fascinação pelos (27)
lugares selvagens da terra. A paisagem
fantasmagórica, cercada por água de todos os lados,
transforma este filme num lugar mágico, cheio de
paisagens escuras e animais exóticos, onde um
guindaste de petróleo desliza majestosamente por um
canal aos olhos de um miúdo de 12 anos. O diálogo é
mínimo e os actores não são profissionais. Mas, o
realizador Robert Flaherty, confia nas imagens
carregadas de lirismo e na música de Vrirgil
Thompson para sustentar a narrativa. Banda sonora de
Thompson, inspirada em temas "cajun" originais,
recebeu o Prémio Pulitzer.(28)
18. The Titan: Story of Michelangelo (1950)
A vida e obra do grande artista Michelangelo
Buonarroti são contadas no contexto histórico
de seu tempo. O filme começa com as suas
primeiras obras de arte, e segue a sua vida e
carreira à medida que ele alcança a sua fama
intemporal. O documentário inclui um olhar
detalhados em algumas das obras mais famosas
do artista. Este documentário foi realizado
por Robert Flaherty e Richard Lyford e Curt
Oertel.(29)
(9)
22. Exercício : Pesquisa de Autor
Unidade Curricular: Produção Audiovisual I
Docente: Pedro Rosário
Curso: Comunicação e Multimédia
Pesquisa feita por:
Paulo Carlos Gonçalves Fontes
Aluno 8503
2011-2012
UTAD