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Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 67 
ISSN 1981-2841 
SEQUÊNCIA DE FIBONACCI: HISTÓRIA, 
PROPRIEDADES E RELAÇÕES COM A RAZÃO ÁUREA1 
FIBONACCI SEQUENCE: HISTORY, PROPERTIES AND 
CONNECTIONS WITH THE GOLDEN PROPORTION 
Lívia Da Cás Pereira2 e Marcio Violante Ferreira3 
RESUMO 
Apresenta-se, neste trabalho, um estudo relacionado à conhecida sequência de 
Fibonacci. O enfoque principal está na investigação das principais propriedades 
dessa sequência e na sua relação com o Número de Ouro (ou Razão Áurea). Faz-se, 
também, uso de construções geométricas para a obtenção do Retângulo Áureo e 
da divisão Áurea de um segmento. Demonstra-se, assim, a relação intrínseca que 
há entre o limite da sequência formada pela razão entre os números de Fibonacci 
com o valor da Razão Áurea. Este estudo engloba, pois, questões importantes da 
Análise Matemática e alguns resultados da Geometria Euclidiana. 
Palavras-chave: sequência de Fibonacci, Número de Ouro, divisão Áurea. 
ABSTRACT 
This work presents a study related to the well-known Fibonacci sequence. 
The main focus is on the research of the essential properties of that sequence and 
on its connection with the Golden Number (or Golden Proportion). The use of 
geometric constructions is also employed to obtain both the Divine Rectangle and 
Divine section of a segment. It shows, thus, the intrinsic connection that occurs 
between the limit of the sequence determined by the numbers of Fibonacci and 
the value of the Divine proportion. So, this study comprises important issues of 
Mathematical Analysis and some results of the Euclidean Geometry. 
Keywords: Fibonacci sequence, Golden number, Golden division. 
1 Trabalho Final de Graduação - TFG. 
2 Acadêmica do Curso de Matemática - UNIFRA. 
3 Orientador - UNIFRA.
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 68 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 
INTRODUÇÃO 
O matemático italiano Leonardo Pisano (ou Leonardo de Pisa) (1170- 
1250) nasceu em Pisa (Toscânia). Adquiriu o conhecimento matemático islâmico 
viajando pelo Mediterrâneo e, quando regressou a sua terra natal, utilizou os 
conhecimentos adquiridos em suas viagens para escrever trabalhos, dentre os quais 
se destacam três grandes obras: Liber Abbaci (1202), Pratica Geometrae (1220) 
e Liber Quadratorum (1225). O Liber Abbaci (Livro do Ábaco) refere-se ao 
estudo do cálculo aritmético e é considerado o melhor tratado sobre Aritmética 
e Álgebra da época. Nele estão contidas regras para o cálculo segundo os novos 
numerais indo-arábicos, assim como problemas relacionados ao cálculo de lucros, 
conversão de moedas, mensuração, problemas sobre movimento e o problema 
do Resto Chinês. Para a resolução de alguns desses problemas encontrados no 
livro, são utilizadas equações quadráticas, bem como justi cativas geométricas de 
fórmulas quadráticas. O livro apresenta, ainda, alguns métodos para somar séries. 
Dentre os problemas contidos no Liber Abbaci, destaca-se o conhecido 
“problema dos coelhos”, que se refere ao número de casais em uma população de 
coelhos após doze meses, considerando-se que: 
1) No primeiro mês tem-se apenas um casal; 
2) Casais reproduzem-se somente após o segundo mês de vida; 
3) Não há problemas genéticos no cruzamento cossanguíneo; 
4) Todos os meses, cada casal fértil dá à luz um novo casal; 
5) Os coelhos nunca morrem. 
Tal problema questiona: Quantos pares de coelhos podem ser gerados de 
um par de coelhos em um ano? 
Ao  xar como mês um o início do processo, tem-se, no início do 
primeiro mês, um único casal jovem. Já no segundo mês, esse casal será adulto. 
Considerando-se que um par adulto produz um novo par a cada mês, no início 
do terceiro mês existirão dois pares de coelhos, sendo um par adulto e outro 
recém-nascido. 
No início do quarto mês o par adulto produzirá mais um par, enquanto 
que o outro par completará um mês de vida e ainda não estará apto a reproduzir. 
Assim, existirão três pares de coelhos, sendo um par adulto, um par com um mês 
de idade e mais um par recém-nascido. 
No início do quinto mês existirão dois pares adultos, sendo que cada um 
já reproduziu um novo par e mais um par que completou um mês de vida. Logo, 
existirão cinco pares.
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 69 
No início do sexto mês existirão três pares adultos, sendo que cada 
um já produziu um novo par e mais dois pares que completam um mês de vida. 
Logo, existirão oito pares. 
Seguindo-se o mesmo raciocínio para os outros meses, obtém-se a famosa 
Sequência de Fibonacci, cujos primeiros termos são: 
1, 1 , 2 , 3 , 5 , 8 , 13 , 21 , 34 , 55 , 89 , 144 ,... 
Uma análise rápida mostra que cada termo da sequência acima é dado 
recursivamente pela expressão 
a n+1= a n-1 + an, n > 2 , (1) 
em que a1 = 1, a2 = 1, e n é o número de meses. 
Conforme Boyer (1974), tal sequência recebe o nome “Fibonacci” devido 
ao apelido dado a Leonardo por Baldassare Boncompagni, seu editor de trabalhos 
no século XIX, o qual signi ca “ lho de Bonaccio”. 
A proposta deste trabalho é fazer um estudo das propriedades da 
Sequência de Fibonacci, bem como apresentar algumas de suas aplicações. 
Além disso, faz-se algumas considerações sobre o Número de Ouro, o Retângulo 
Áureo e a Divisão Áurea, conceitos que têm uma relação intrínseca com a 
sequência (1). 
Na próxima seção, apresentam-se alguns resultados sobre a Sequência 
de Fibonacci. Optou-se por relacioná-los na forma de lemas e teoremas. Na seção 
seguinte, estuda-se o Número de Ouro, buscando compreender sua relação com 
a sequência (1). Nas duas últimas seções, demonstram-se processos geométricos 
construtivos para a obtenção do Retângulo Áureo e da Divisão Áurea de um 
segmento qualquer. 
PROPRIEDADES DA SEQUÊNCIA DE FIBONACCI 
A seguir, apresentam-se alguns resultados e/ou propriedades relacionados 
com a Sequência de Fibonacci, os quais serão dados na forma de lemas ou 
teoremas. Salienta-se que alguns desses resultados fazem parte de uma sequência 
de atividades propostas por Santos e Bianchini (2002). 
Começa-se com uma propriedade referente à soma dos n primeiros 
números da Sequência de Fibonacci:
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 70 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 
Teorema 1: A soma Sn, n> 1, dos n primeiros números da Sequência de Fibonacci 
é dada por 
Sn = an+2 - 1. 
Demonstração: Tem-se que 
a1 = a3 - a2 
a2 = a4 - a3 
a3 = a5 - 4 
... 
an-1 = an+1 - an 
an = an+2 - n+1 
Ao somar e simpli car termo a termo todas essas igualdades, obtém-se 
Sn = a1+ a2 + a3 + ... + an-1 + an = an+2 - a2 = an+2 - 1 
Exemplo: Qual a soma dos doze primeiros números de Fibonacci? 
Sendo n = 12, então 
S12 = a12+2 - 1 = a14 -1 = 377 - 1 = 376. 
Portanto, a soma dos doze primeiros termos é 376. 
A próxima propriedade refere-se à soma dos quadrados dos n primeiros 
números de Fibonacci: 
Teorema 2: A soma Sn² dos quadrados dos n primeiros números de Fibonacci é 
dada por 
Sn² = anan+1 
Demonstração: Por ser a1 = a2 = 1, tem-se que 
(a1)2 = a1a2, 
e, para k > 1, 
akak+1 - ak-1ak = ak (ak+1 - ak-1) = (ak)2, (2) 
já que, pela identidade (1), 
k k k a a a 1 1 
Fazendo-se k = 2,3,...,n na igualdade (2), obtém-se que
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 71 
(a1)2 = a1a2 
(a2)2 = a2a3 - a1a2 
(a3)2 = a3a4 - a2a3 
. 
. 
. 
(an-1)2 = an-1an - an-2 an-1 
(an)2 = anan+1 - an-1an. 
Ao somar membro a membro todas as n igualdades e simpli car a 
expressão resultante, tem-se 
Exemplo: Qual a soma dos quadrados dos s ete primeiros números da Sequência 
de Fibonacci? 
Pelo Teorema 2, 
1² + 1² + 2² + 3² + 5² + 8² + 13² = a7a8 = 13 • 21 = 273. 
Nesse caso, pode-se calcular diretamente: 
1 + 1 + 4 + 9 + 25 + 64 + 169 = 273 
Outra propriedade da sequência ressalta que quaisquer dos números 
consecutivos de Fibonacci são primos entre si. 
Teorema 3: Quaisquer dois números de Fibonacci consecutivos são primos entre 
si, isto é, 
mdc (an, an+1) = 1, 
para todo inteiro n > 1. 
Demonstração: A ideia da demonstração é utilizar o algoritmo de Euclides para 
determinar o mdc (an, an+1) = a2 = 1. 
Observa-se que 
1 
2 2 
1 
2 
3 
2 
2 
2 
1 ... n2 n n n n S a a a a a a a 
7 
1 
2 
n 
j a 
a a a 
n n n 
1 1 
a a a 
n n n 
a 1 
a a 
4 3 2 
2 0. 
. 
. 
. 
1 
1 
3 2 
1 2 
a a
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 72 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 
Portanto, 
mdc (an, an+1) = a2 =1. 
Observação: Os números de Fibonacci a3 = 2, a5 = 5, a7 = 13, a11 = 89 são todos 
primos. No entanto, não é verdade que an é primo para todo índice primo n > 2. 
Basta utilizar, por exemplo, n = 19. Percebe-se que a19 = 4181 = 37 • 113. 
O NÚMERO DE OURO 
A seguir, mostrar-se-á a conexão da Sequência de Fibonacci com o 
Número de Ouro (também chamado Razão Áurea). 
Considere-se a sequência 
r a 1 , n > 1, em que os an’s são os termos 
n 
n 
n a 
da Sequência de Fibonacci. Ela representa a taxa de crescimento do número de 
coelhos entre o (n + 1)-ésimo e o n-ésimo mês. Tal sequência é dada por: 
, ou seja, 1,2,1.5,1.666...,1.6,... 
, 8 
3 
, 3 
1 
Por meio do grá co abaixo, em que o eixo horizontal indica o índice n e o 
eixo vertical indica os respectivos valores de rn, pode-se perceber que a sequência 
tende a um valor entre 1.5 e 2. 
Figura 1 – Grá co da sequência rn. 
Teorema 4: Tem-se que (rn), n > 1, é dada recursivamente por 
1 1 1, 2 
1 n 
n . 
1 
r 
r e r 
n 
Demonstração: A partir da sequência anterior, dada por 
r a n 
1 , lembrando 
n 
n a 
,... 
5 
, 5 
2 
1 
, 2 
1
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 73 
que an+1 = an-1 + an , segue-se que 
a 
a a 
1 n n 
1 1 1 1 1 1 
a 
o que prova que 1, 2 1 
n . 
1 
n 
r 
r 
n 
a a 
n n 
n 
Por meio da relação anterior, nota-se que o limite r da sequência (rn), caso 
exista, é solução da equação r² - r - 1 = 0, que tem uma única raiz positiva. 
De fato, do Teorema anterior sabe-se que 
logo, 
ou seja, 
em que 
Segue-se, pois, que 
r 
n n n r 
r 1 1 4 
Como rn > 0, para todo n, conclui-se que 
1 5 
r 1 5 =1.618033988749895... 
2 
Nota-se que r é o conhecido “Número de Ouro”, comumente representado pela 
letra grega Phi ( ). 
O procedimento anterior, no entanto, é meramente formal. O que foi 
mostrado é que se a sequência rn é convergente, então seu limite é 
. 
1 
1 
n 
n 
n 
n 
n 
n 
n 
n r 
a 
a 
a 
a 
a 
r 
1 1 
n 1 
n r 
lim lim 1 1 
n 1 
r 
1 1 
r 
r 
r 2 r 1 0 
2 
2 
r 1 5 
2 
, 
, 
. 
.
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 74 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 
Para justi car a passagem ao limite na expressão 
1 1 
n 1 
r 
n r 
, 
deve-se mostrar que, de fato, rn é uma sequência convergente. 
Inicialmente, observa-se que 
, n > 3 . 
1 
2 1 
r 
n r 
n 2 
Considerem-se, agora, as subsequências (r2n) e (r2n-1) de (rn), ou seja, 
as subsequências de índices pares e ímpares, respectivamente. Mostrar-se-á por 
indução que (r2n) é decrescente e (r2n-1) é crescente. Com efeito, tem-se que: 
(i) 
2 5 2 4 r r . 
3 
(ii) Supõe-se válido para n = k, isto é, 
. 
Como a função 
é crescente, tem-se que 
. 
2k 2k 2 r r 
2 1 x 
, 0 
1 
x 
f x 
Isso mostra que (r2n) é decrescente. De modo análogo, demonstra-se que 
(r2n-1) é crescente. 
É importante observar que (r2n) é limitada inferiormente por 1 e (r2n-1) é 
limitada superiormente por 2. De acordo com Lima (1976), ambas são convergen-tes. 
Além disso, como satisfazem a mesma relação de recorrência 
, 
1 
2 1 
r 
n r 
n 2 
conclui-se que seus limites são iguais e, consequentemente, toda a sequência n r 
converge para esse mesmo limite, que é o valor r encontrado anteriormente.
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 75 
Considera-se, agora, a seguinte sequência de frações: 
1, 1 ,... 
(3) 
1 1 
1 1 
1 1 
, 1 
, 1 
1 1 
1 1 
1 1 
Conclui-se, facilmente, que tal sequência é exatamente a sequência 
1 , 1 , 1 ,... 
1 2 3 r r r 
Com efeito, a sequência (3) é dada recursivamente por 1 1 q e 
n 
, 2 
1 
1 
1 
q 
q 
n 
n 
. 
Por outro lado, sabe-se do lema anterior que r1 = 1 e 
Com 
q 1 
n r 
n 
1 
1 1 
1 1 
r 
n 
r 
n 
. 
. O limite q da sequência qn pode ser facilmente calculado. Com efeito, 
r , obtém-se que 
lembrando que rn é convergente e lim 0 n n 
n 
n n n 
. 
É importante ressaltar que o limite q encontrado acima é exatamente o inverso do 
Número de Ouro . 
O RETÂNGULO ÁUREO 
Diz-se que um retângulo ABCD qualquer é áureo quando ele apresenta 
a seguinte propriedade: se dele retira-se o quadrado ABFE, o retângulo CDEF 
restante será semelhante ao retângulo original,
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 76 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 
ou seja, 
a b 
. (4) 
a 
a b 
A construção de um Retângulo Áureo pode ser feita a partir dos 
seguintes passos: 
1) Constrói-se um quadrado ABFE de lado a e divide-se um dos lados 
desse quadrado ao meio. O ponto que intercepta a base do quadrado 
será chamado de ponto M. 
2) Em seguida, traça-se a diagonal que liga o ponto M ao seu vértice 
oposto, ou seja, o ponto F. 
3) Com o compasso  xado no ponto M, traça-se o arco de comprimento MF 
até que ele encontre o prolongamento da base. O ponto de intersecção 
do arco com o prolongamento da base será o ponto D.
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 77 
4) A partir do ponto D, traça-se um segmento de reta perpendicular à base 
do quadrado. Depois, prolonga-se o lado superior até que este encontre 
o segmento de reta. O retângulo é exatamente o Retângulo Áureo, 
o qual foi construído a partir de seu lado menor AE = EF = a, como 
mostra a  gura a seguir. 
Para comprovar que o retângulo ABCD é de fato áureo, basta 
observar que 
MF = MD = 
b a . 
2 
Aplicando o Teorema de Pitágoras ao triângulo MEF, obtém-se 
ou seja, 
2 
2 2 
b a a 2 
a , 
b² + ab = a² 
o qual equivale à relação (4). 
2 
, 
O Retângulo Áureo está intimamente ligado com a chamada Divisão 
Áurea de um segmento ou Divisão em Média e Extrema Razão, que será 
apresentada na seção seguinte.
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 78 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 
DIVISÃO ÁUREA 
Diz-se que um ponto C de um segmento de reta AB divide este segmento 
em média e extrema razão se 
  
. (5) 
 
 
Essa relação é idêntica a relação (4), quando considera-se AC = a e CB = b. 
Dela, conclui-se que 
b² + ab = a². (6) 
O número 
m a é conhecido como Razão Áurea. Ao dividir os membros da 
b 
equação (6) por b², tem-se 
m² = m + 1. 
A equação do segundo grau é a mesma obtida para o limite r da sequência 
estudada na seção 2. Portanto, 
. 
m 1 5 
2 
Uma forma de se dividir um segmento em média e extrema razão ocorre 
a partir dos seguintes passos: 
1) Utilizando o compasso, pode-se obter o ponto médio M do segmento AB. 
2) Em seguida, traça-se uma reta perpendicular ao segmento AB, passando pelo 
ponto B. 
3) Com o compasso  xado no ponto B, traça-se um arco de comprimento MB 
até que este cruze a reta perpendicular ao segmento AB. Obtém-se, assim, um 
segmento BD medindo exatamente a metade do seguimento AB.
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 79 
4) Unindo o ponto D ao ponto A, constrói-se o triângulo ABD. 
5) Com o compasso  xado no ponto D, traça-se um arco de comprimento DB até 
que ele cruze a hipotenusa AD do triângulo, obtendo o ponto E. 
6) Finalmente, com o compasso  xado no ponto A, traça-se um arco de 
comprimento EA até que este encontre o segmento AB. Chega-se, desse modo, 
ao ponto C, que divide o segmento AB em média e extrema razão.
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 80 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 
Com efeito, se AC = a e CB = b, então, da construção anterior, segue-se que 
AB = a + b, AE = a, e ED = BD = 
a b . 
2 
Assim, pelo Teorema de Pitágoras, 
ou seja, 
(a b) 2 (a b ) 2 ( 
a a b )2 
, 
2 
b(a b) a2 
que é equivalente à expressão (6). 
CONCLUSÃO 
2 
, 
O presente trabalho mostrou uma interessante conexão entre a Sequência 
de Fibonacci, a Razão Áurea de um segmento e o Número de Ouro . Pôde-se, 
por meio deste estudo, abordar conceitos importantes da Análise Matemática, 
principalmente na demonstração de algumas das propriedades dos números de 
Fibonacci. Outro ponto importante refere-se ao uso da Geometria Euclidiana, 
tanto na construção de um Retângulo Áureo e da Divisão Áurea de um segmento 
quanto na justi cativa dessas construções. 
Obviamente, este estudo não se encerra com este trabalho, pois muitas 
outras sequências numéricas têm relações com os números de Fibonacci e com o 
número de ouro e podem servir de base para trabalhos futuros. Um exemplo dessas 
sequências, e que não foi tratado aqui, é aquela cujo termo geral é dado pela soma 
1 1 ... 1 1, estudada por Ferreira, Bisognin e Bisognin (2007). 
Da mesma forma, encontram-se exemplos de muitas  guras geométricas 
que possuem interessantes propriedades relacionadas à Razão Áurea e que há 
séculos vem sendo motivo de estudos para muitos matemáticos. 
REFERÊNCIAS 
ALENCAR FILHO, Edgard de. Teoria Elementar dos Números. São Paulo: 
Nobel, 1981.
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 81 
BOYER, Carl. B. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blücher, 1974. 
FERREIRA, Marcio Violante; BISOGNIN, Eleni; BISOGNIN, Vanilde. 
Matemática no Ensino Superior: uma experiência usando a metodologia da 
resolução de problemas. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENSINO DA 
MATEMÁTICA, 2007. Anais... Canoas: ULBRA, 2007. 
LIMA, Elon Lages. Curso de Análise. Rio de Janeiro: Projeto Euclides – IMPA, 1976. 
SANTOS, Ângela Rocha; BIANCHINI, Waldecir. Aprendendo Cálculo com 
Maple. Rio de Janeiro: LTC, 2002.

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Fibonacci e Razão Áurea

  • 1. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 67 ISSN 1981-2841 SEQUÊNCIA DE FIBONACCI: HISTÓRIA, PROPRIEDADES E RELAÇÕES COM A RAZÃO ÁUREA1 FIBONACCI SEQUENCE: HISTORY, PROPERTIES AND CONNECTIONS WITH THE GOLDEN PROPORTION Lívia Da Cás Pereira2 e Marcio Violante Ferreira3 RESUMO Apresenta-se, neste trabalho, um estudo relacionado à conhecida sequência de Fibonacci. O enfoque principal está na investigação das principais propriedades dessa sequência e na sua relação com o Número de Ouro (ou Razão Áurea). Faz-se, também, uso de construções geométricas para a obtenção do Retângulo Áureo e da divisão Áurea de um segmento. Demonstra-se, assim, a relação intrínseca que há entre o limite da sequência formada pela razão entre os números de Fibonacci com o valor da Razão Áurea. Este estudo engloba, pois, questões importantes da Análise Matemática e alguns resultados da Geometria Euclidiana. Palavras-chave: sequência de Fibonacci, Número de Ouro, divisão Áurea. ABSTRACT This work presents a study related to the well-known Fibonacci sequence. The main focus is on the research of the essential properties of that sequence and on its connection with the Golden Number (or Golden Proportion). The use of geometric constructions is also employed to obtain both the Divine Rectangle and Divine section of a segment. It shows, thus, the intrinsic connection that occurs between the limit of the sequence determined by the numbers of Fibonacci and the value of the Divine proportion. So, this study comprises important issues of Mathematical Analysis and some results of the Euclidean Geometry. Keywords: Fibonacci sequence, Golden number, Golden division. 1 Trabalho Final de Graduação - TFG. 2 Acadêmica do Curso de Matemática - UNIFRA. 3 Orientador - UNIFRA.
  • 2. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 68 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. INTRODUÇÃO O matemático italiano Leonardo Pisano (ou Leonardo de Pisa) (1170- 1250) nasceu em Pisa (Toscânia). Adquiriu o conhecimento matemático islâmico viajando pelo Mediterrâneo e, quando regressou a sua terra natal, utilizou os conhecimentos adquiridos em suas viagens para escrever trabalhos, dentre os quais se destacam três grandes obras: Liber Abbaci (1202), Pratica Geometrae (1220) e Liber Quadratorum (1225). O Liber Abbaci (Livro do Ábaco) refere-se ao estudo do cálculo aritmético e é considerado o melhor tratado sobre Aritmética e Álgebra da época. Nele estão contidas regras para o cálculo segundo os novos numerais indo-arábicos, assim como problemas relacionados ao cálculo de lucros, conversão de moedas, mensuração, problemas sobre movimento e o problema do Resto Chinês. Para a resolução de alguns desses problemas encontrados no livro, são utilizadas equações quadráticas, bem como justi cativas geométricas de fórmulas quadráticas. O livro apresenta, ainda, alguns métodos para somar séries. Dentre os problemas contidos no Liber Abbaci, destaca-se o conhecido “problema dos coelhos”, que se refere ao número de casais em uma população de coelhos após doze meses, considerando-se que: 1) No primeiro mês tem-se apenas um casal; 2) Casais reproduzem-se somente após o segundo mês de vida; 3) Não há problemas genéticos no cruzamento cossanguíneo; 4) Todos os meses, cada casal fértil dá à luz um novo casal; 5) Os coelhos nunca morrem. Tal problema questiona: Quantos pares de coelhos podem ser gerados de um par de coelhos em um ano? Ao  xar como mês um o início do processo, tem-se, no início do primeiro mês, um único casal jovem. Já no segundo mês, esse casal será adulto. Considerando-se que um par adulto produz um novo par a cada mês, no início do terceiro mês existirão dois pares de coelhos, sendo um par adulto e outro recém-nascido. No início do quarto mês o par adulto produzirá mais um par, enquanto que o outro par completará um mês de vida e ainda não estará apto a reproduzir. Assim, existirão três pares de coelhos, sendo um par adulto, um par com um mês de idade e mais um par recém-nascido. No início do quinto mês existirão dois pares adultos, sendo que cada um já reproduziu um novo par e mais um par que completou um mês de vida. Logo, existirão cinco pares.
  • 3. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 69 No início do sexto mês existirão três pares adultos, sendo que cada um já produziu um novo par e mais dois pares que completam um mês de vida. Logo, existirão oito pares. Seguindo-se o mesmo raciocínio para os outros meses, obtém-se a famosa Sequência de Fibonacci, cujos primeiros termos são: 1, 1 , 2 , 3 , 5 , 8 , 13 , 21 , 34 , 55 , 89 , 144 ,... Uma análise rápida mostra que cada termo da sequência acima é dado recursivamente pela expressão a n+1= a n-1 + an, n > 2 , (1) em que a1 = 1, a2 = 1, e n é o número de meses. Conforme Boyer (1974), tal sequência recebe o nome “Fibonacci” devido ao apelido dado a Leonardo por Baldassare Boncompagni, seu editor de trabalhos no século XIX, o qual signi ca “ lho de Bonaccio”. A proposta deste trabalho é fazer um estudo das propriedades da Sequência de Fibonacci, bem como apresentar algumas de suas aplicações. Além disso, faz-se algumas considerações sobre o Número de Ouro, o Retângulo Áureo e a Divisão Áurea, conceitos que têm uma relação intrínseca com a sequência (1). Na próxima seção, apresentam-se alguns resultados sobre a Sequência de Fibonacci. Optou-se por relacioná-los na forma de lemas e teoremas. Na seção seguinte, estuda-se o Número de Ouro, buscando compreender sua relação com a sequência (1). Nas duas últimas seções, demonstram-se processos geométricos construtivos para a obtenção do Retângulo Áureo e da Divisão Áurea de um segmento qualquer. PROPRIEDADES DA SEQUÊNCIA DE FIBONACCI A seguir, apresentam-se alguns resultados e/ou propriedades relacionados com a Sequência de Fibonacci, os quais serão dados na forma de lemas ou teoremas. Salienta-se que alguns desses resultados fazem parte de uma sequência de atividades propostas por Santos e Bianchini (2002). Começa-se com uma propriedade referente à soma dos n primeiros números da Sequência de Fibonacci:
  • 4. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 70 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. Teorema 1: A soma Sn, n> 1, dos n primeiros números da Sequência de Fibonacci é dada por Sn = an+2 - 1. Demonstração: Tem-se que a1 = a3 - a2 a2 = a4 - a3 a3 = a5 - 4 ... an-1 = an+1 - an an = an+2 - n+1 Ao somar e simpli car termo a termo todas essas igualdades, obtém-se Sn = a1+ a2 + a3 + ... + an-1 + an = an+2 - a2 = an+2 - 1 Exemplo: Qual a soma dos doze primeiros números de Fibonacci? Sendo n = 12, então S12 = a12+2 - 1 = a14 -1 = 377 - 1 = 376. Portanto, a soma dos doze primeiros termos é 376. A próxima propriedade refere-se à soma dos quadrados dos n primeiros números de Fibonacci: Teorema 2: A soma Sn² dos quadrados dos n primeiros números de Fibonacci é dada por Sn² = anan+1 Demonstração: Por ser a1 = a2 = 1, tem-se que (a1)2 = a1a2, e, para k > 1, akak+1 - ak-1ak = ak (ak+1 - ak-1) = (ak)2, (2) já que, pela identidade (1), k k k a a a 1 1 Fazendo-se k = 2,3,...,n na igualdade (2), obtém-se que
  • 5. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 71 (a1)2 = a1a2 (a2)2 = a2a3 - a1a2 (a3)2 = a3a4 - a2a3 . . . (an-1)2 = an-1an - an-2 an-1 (an)2 = anan+1 - an-1an. Ao somar membro a membro todas as n igualdades e simpli car a expressão resultante, tem-se Exemplo: Qual a soma dos quadrados dos s ete primeiros números da Sequência de Fibonacci? Pelo Teorema 2, 1² + 1² + 2² + 3² + 5² + 8² + 13² = a7a8 = 13 • 21 = 273. Nesse caso, pode-se calcular diretamente: 1 + 1 + 4 + 9 + 25 + 64 + 169 = 273 Outra propriedade da sequência ressalta que quaisquer dos números consecutivos de Fibonacci são primos entre si. Teorema 3: Quaisquer dois números de Fibonacci consecutivos são primos entre si, isto é, mdc (an, an+1) = 1, para todo inteiro n > 1. Demonstração: A ideia da demonstração é utilizar o algoritmo de Euclides para determinar o mdc (an, an+1) = a2 = 1. Observa-se que 1 2 2 1 2 3 2 2 2 1 ... n2 n n n n S a a a a a a a 7 1 2 n j a a a a n n n 1 1 a a a n n n a 1 a a 4 3 2 2 0. . . . 1 1 3 2 1 2 a a
  • 6. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 72 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. Portanto, mdc (an, an+1) = a2 =1. Observação: Os números de Fibonacci a3 = 2, a5 = 5, a7 = 13, a11 = 89 são todos primos. No entanto, não é verdade que an é primo para todo índice primo n > 2. Basta utilizar, por exemplo, n = 19. Percebe-se que a19 = 4181 = 37 • 113. O NÚMERO DE OURO A seguir, mostrar-se-á a conexão da Sequência de Fibonacci com o Número de Ouro (também chamado Razão Áurea). Considere-se a sequência r a 1 , n > 1, em que os an’s são os termos n n n a da Sequência de Fibonacci. Ela representa a taxa de crescimento do número de coelhos entre o (n + 1)-ésimo e o n-ésimo mês. Tal sequência é dada por: , ou seja, 1,2,1.5,1.666...,1.6,... , 8 3 , 3 1 Por meio do grá co abaixo, em que o eixo horizontal indica o índice n e o eixo vertical indica os respectivos valores de rn, pode-se perceber que a sequência tende a um valor entre 1.5 e 2. Figura 1 – Grá co da sequência rn. Teorema 4: Tem-se que (rn), n > 1, é dada recursivamente por 1 1 1, 2 1 n n . 1 r r e r n Demonstração: A partir da sequência anterior, dada por r a n 1 , lembrando n n a ,... 5 , 5 2 1 , 2 1
  • 7. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 73 que an+1 = an-1 + an , segue-se que a a a 1 n n 1 1 1 1 1 1 a o que prova que 1, 2 1 n . 1 n r r n a a n n n Por meio da relação anterior, nota-se que o limite r da sequência (rn), caso exista, é solução da equação r² - r - 1 = 0, que tem uma única raiz positiva. De fato, do Teorema anterior sabe-se que logo, ou seja, em que Segue-se, pois, que r n n n r r 1 1 4 Como rn > 0, para todo n, conclui-se que 1 5 r 1 5 =1.618033988749895... 2 Nota-se que r é o conhecido “Número de Ouro”, comumente representado pela letra grega Phi ( ). O procedimento anterior, no entanto, é meramente formal. O que foi mostrado é que se a sequência rn é convergente, então seu limite é . 1 1 n n n n n n n n r a a a a a r 1 1 n 1 n r lim lim 1 1 n 1 r 1 1 r r r 2 r 1 0 2 2 r 1 5 2 , , . .
  • 8. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 74 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. Para justi car a passagem ao limite na expressão 1 1 n 1 r n r , deve-se mostrar que, de fato, rn é uma sequência convergente. Inicialmente, observa-se que , n > 3 . 1 2 1 r n r n 2 Considerem-se, agora, as subsequências (r2n) e (r2n-1) de (rn), ou seja, as subsequências de índices pares e ímpares, respectivamente. Mostrar-se-á por indução que (r2n) é decrescente e (r2n-1) é crescente. Com efeito, tem-se que: (i) 2 5 2 4 r r . 3 (ii) Supõe-se válido para n = k, isto é, . Como a função é crescente, tem-se que . 2k 2k 2 r r 2 1 x , 0 1 x f x Isso mostra que (r2n) é decrescente. De modo análogo, demonstra-se que (r2n-1) é crescente. É importante observar que (r2n) é limitada inferiormente por 1 e (r2n-1) é limitada superiormente por 2. De acordo com Lima (1976), ambas são convergen-tes. Além disso, como satisfazem a mesma relação de recorrência , 1 2 1 r n r n 2 conclui-se que seus limites são iguais e, consequentemente, toda a sequência n r converge para esse mesmo limite, que é o valor r encontrado anteriormente.
  • 9. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 75 Considera-se, agora, a seguinte sequência de frações: 1, 1 ,... (3) 1 1 1 1 1 1 , 1 , 1 1 1 1 1 1 1 Conclui-se, facilmente, que tal sequência é exatamente a sequência 1 , 1 , 1 ,... 1 2 3 r r r Com efeito, a sequência (3) é dada recursivamente por 1 1 q e n , 2 1 1 1 q q n n . Por outro lado, sabe-se do lema anterior que r1 = 1 e Com q 1 n r n 1 1 1 1 1 r n r n . . O limite q da sequência qn pode ser facilmente calculado. Com efeito, r , obtém-se que lembrando que rn é convergente e lim 0 n n n n n n . É importante ressaltar que o limite q encontrado acima é exatamente o inverso do Número de Ouro . O RETÂNGULO ÁUREO Diz-se que um retângulo ABCD qualquer é áureo quando ele apresenta a seguinte propriedade: se dele retira-se o quadrado ABFE, o retângulo CDEF restante será semelhante ao retângulo original,
  • 10. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 76 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. ou seja, a b . (4) a a b A construção de um Retângulo Áureo pode ser feita a partir dos seguintes passos: 1) Constrói-se um quadrado ABFE de lado a e divide-se um dos lados desse quadrado ao meio. O ponto que intercepta a base do quadrado será chamado de ponto M. 2) Em seguida, traça-se a diagonal que liga o ponto M ao seu vértice oposto, ou seja, o ponto F. 3) Com o compasso  xado no ponto M, traça-se o arco de comprimento MF até que ele encontre o prolongamento da base. O ponto de intersecção do arco com o prolongamento da base será o ponto D.
  • 11. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 77 4) A partir do ponto D, traça-se um segmento de reta perpendicular à base do quadrado. Depois, prolonga-se o lado superior até que este encontre o segmento de reta. O retângulo é exatamente o Retângulo Áureo, o qual foi construído a partir de seu lado menor AE = EF = a, como mostra a  gura a seguir. Para comprovar que o retângulo ABCD é de fato áureo, basta observar que MF = MD = b a . 2 Aplicando o Teorema de Pitágoras ao triângulo MEF, obtém-se ou seja, 2 2 2 b a a 2 a , b² + ab = a² o qual equivale à relação (4). 2 , O Retângulo Áureo está intimamente ligado com a chamada Divisão Áurea de um segmento ou Divisão em Média e Extrema Razão, que será apresentada na seção seguinte.
  • 12. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 78 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. DIVISÃO ÁUREA Diz-se que um ponto C de um segmento de reta AB divide este segmento em média e extrema razão se   . (5)   Essa relação é idêntica a relação (4), quando considera-se AC = a e CB = b. Dela, conclui-se que b² + ab = a². (6) O número m a é conhecido como Razão Áurea. Ao dividir os membros da b equação (6) por b², tem-se m² = m + 1. A equação do segundo grau é a mesma obtida para o limite r da sequência estudada na seção 2. Portanto, . m 1 5 2 Uma forma de se dividir um segmento em média e extrema razão ocorre a partir dos seguintes passos: 1) Utilizando o compasso, pode-se obter o ponto médio M do segmento AB. 2) Em seguida, traça-se uma reta perpendicular ao segmento AB, passando pelo ponto B. 3) Com o compasso  xado no ponto B, traça-se um arco de comprimento MB até que este cruze a reta perpendicular ao segmento AB. Obtém-se, assim, um segmento BD medindo exatamente a metade do seguimento AB.
  • 13. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 79 4) Unindo o ponto D ao ponto A, constrói-se o triângulo ABD. 5) Com o compasso  xado no ponto D, traça-se um arco de comprimento DB até que ele cruze a hipotenusa AD do triângulo, obtendo o ponto E. 6) Finalmente, com o compasso  xado no ponto A, traça-se um arco de comprimento EA até que este encontre o segmento AB. Chega-se, desse modo, ao ponto C, que divide o segmento AB em média e extrema razão.
  • 14. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 80 v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. Com efeito, se AC = a e CB = b, então, da construção anterior, segue-se que AB = a + b, AE = a, e ED = BD = a b . 2 Assim, pelo Teorema de Pitágoras, ou seja, (a b) 2 (a b ) 2 ( a a b )2 , 2 b(a b) a2 que é equivalente à expressão (6). CONCLUSÃO 2 , O presente trabalho mostrou uma interessante conexão entre a Sequência de Fibonacci, a Razão Áurea de um segmento e o Número de Ouro . Pôde-se, por meio deste estudo, abordar conceitos importantes da Análise Matemática, principalmente na demonstração de algumas das propriedades dos números de Fibonacci. Outro ponto importante refere-se ao uso da Geometria Euclidiana, tanto na construção de um Retângulo Áureo e da Divisão Áurea de um segmento quanto na justi cativa dessas construções. Obviamente, este estudo não se encerra com este trabalho, pois muitas outras sequências numéricas têm relações com os números de Fibonacci e com o número de ouro e podem servir de base para trabalhos futuros. Um exemplo dessas sequências, e que não foi tratado aqui, é aquela cujo termo geral é dado pela soma 1 1 ... 1 1, estudada por Ferreira, Bisognin e Bisognin (2007). Da mesma forma, encontram-se exemplos de muitas  guras geométricas que possuem interessantes propriedades relacionadas à Razão Áurea e que há séculos vem sendo motivo de estudos para muitos matemáticos. REFERÊNCIAS ALENCAR FILHO, Edgard de. Teoria Elementar dos Números. São Paulo: Nobel, 1981.
  • 15. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 9, n. 1, p. 67-81, 2008. 81 BOYER, Carl. B. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blücher, 1974. FERREIRA, Marcio Violante; BISOGNIN, Eleni; BISOGNIN, Vanilde. Matemática no Ensino Superior: uma experiência usando a metodologia da resolução de problemas. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENSINO DA MATEMÁTICA, 2007. Anais... Canoas: ULBRA, 2007. LIMA, Elon Lages. Curso de Análise. Rio de Janeiro: Projeto Euclides – IMPA, 1976. SANTOS, Ângela Rocha; BIANCHINI, Waldecir. Aprendendo Cálculo com Maple. Rio de Janeiro: LTC, 2002.