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PERSONAGENS
MEMORIAL DO CONVENTO
PERSONAGENS

Em Memorial do Convento existem diversas e vastas personagens que
  formam dois grupos opostos: A aristocracia e o alto clero representam
  o grupo do poder, enquanto o povo e os oprimidos, que representam
  o grupo do contra-poder. Os primeiros são caracterizados pela falsidade,
  ridículo, ostentação e indiferença pelo sofrimento humano ou crueldade
  mal disfarçada de religiosidade. Os segundos são os heróis esquecidos
  pela História oficial, que ganham relevo e rebeldia através da ficção do
  romance.
Grupo do poder

                           D. JOÃO V
Proclamado rei a 1 de Janeiro de 1707, casou, no ano seguinte, com a
   princesa Maria Ana de Áustria e vive um dos mais longos reinados da
   nossa história. Surge na obra só pela sua promessa de erguer um convento
   se tivesse um filho varão do seu casamento.
O casal real cumpre, no início da obra, com artificialismo, os rituais de
  acasalamento. O autor escreverá o memorial para resgatar o papel dos
  oprimidos que o construíram. Rei e rainha são representantes do poder, da
  ordem e da repressão absolutista.
D. MARIA ANA JOSEFA
Esta personagem representa o papel da mulher da época: submissa,
  simples procriadora e objecto da vontade masculina. E por pertencer
  à casa real e por estar grávida, nem da festa da pós-Quaresma pode
  desfrutar, enquanto as outras mulheres comuns aproveitam o único
  dia de independência que têm com os seus amantes.
Grupo contra-poder


  PADRE BARTOLOMEU LOURENÇO DE GUSMÃO
 Tem por alcunha O Voador, gosto pelas viagens, estrangeirado, a ciência era,
   para ele, a preocupação verdadeiramente nobre. O rei mostra-se muito
   empenhado no progresso do seu invento. A populaça troça dele, Baltasar e
   Blimunda serão ouvintes atentos das suas histórias e sermões. A amizade
   destes dois seres, simples, enigmáticos, mas verdadeiros protagonistas do
   Memorial, é tão valiosa para o padre como necessária à
   representatividade da obra como símbolo de solidariedade e beleza em
   dicotomia com egoísmo e poder.
DOMENICO SCARLATTI

Veio como professor do irmão de D. João V, o infante D. António, passando
   depois a ser professor da infanta D. Maria Bárbara. Exerceu as funções
   de mestre-de-capela e professor da casa real de 1720 a 1729, tendo
   escrito inúmeras peças musicais durante esse tempo. No contexto do
   romance, para além do seu contributo na construção da passarola é
   determinante na cura da doença de Blimunda; durante uma semana tocou
   cravo para ela, até ela ter forças para se levantar.
BALTASAR E BLIMUNDA

São o casal que, simbolicamente, guardará os segredos dos infelizes, dos
  humilhados, dos condenados, enfim, dos oprimidos. Conhecem-se durante
  um autode-fé, levado a cabo pela Inquisição, o de 26 de Julho de 1711 e
  não mais deixam de se amar. Vivem um amor sem regras, natural e
  instintivo, entregando-se a jogos eróticos. A plenitude do amor é sentida
  no momento em que se amam e a procriação não é sonho que os atormente
  como sucede com os reis.
BLIMUNDA
Com poderes que a tornavam conhecedora dos outros nos seus bens e nos
  seus males, recusando-se, no entanto, a olhar Baltasar por dentro. Vai ser
  ela quem, com Baltasar, guardará a passarola quando o padre Bartolomeu
  vai para Espanha onde, afinal, acabará por morrer. Ela e Baltasar sentir-
  se-ão obrigados a guardá-la como sua, quando, após uma aventura voadora,
  conseguira aterrar na serra do Barregudo, não longe de Monte Junto,
  perdido o rasto do padre que desaparecera como fumo. Quando voltaram a
  Mafra, dois dias depois, todos achavam que tinha voado sobre as obras da
  basílica o Espírito Santo e fizeram uma procissão de agradecimento.
  Começaram a voltar ao local onde a passarola dormia para cuidar dela,
  remendá-la, compô-la e limpá-la.
Um dia Baltasar foi verificar os efeitos do tempo na passarola, mas
 Blimunda não o acompanhou e ele não voltou. Procurou-o durante 9 anos,
 infeliz de saudade, na sua sétima passagem por Lisboa encontrou-o entre
 os supliciados da Inquisição, a arder numa das fogueiras, disse-lhe "Vem"
 e a vontade dele não subiu para as estrelas pois pertencia à terra e a
 Blimunda
Baltasar, Blimunda e o padre Bartolomeu Lourenço formam um trio que vai
   pôr em prática o sonho de voar. Assim, o trabalho físico e artesanal de
   Baltasar liga-se à capacidade mágica de Blimunda e aos conhecimentos
   científicos do padre. Todos partilham do entusiasmo na construção da
   passarola, aos quais se junta um quarto elemento, o músico Domenico
   Scarlatti , que passa a tocar enquanto os outros trabalham. O saber
   artístico junta-se aos outros saberes e todos corporizam o sonho de voar.
Em Memorial do Convento, as personagens
    históricas convivem com as fictícias,




conduzindo à fusão entre realidade e ficção.

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  • 2. PERSONAGENS Em Memorial do Convento existem diversas e vastas personagens que formam dois grupos opostos: A aristocracia e o alto clero representam o grupo do poder, enquanto o povo e os oprimidos, que representam o grupo do contra-poder. Os primeiros são caracterizados pela falsidade, ridículo, ostentação e indiferença pelo sofrimento humano ou crueldade mal disfarçada de religiosidade. Os segundos são os heróis esquecidos pela História oficial, que ganham relevo e rebeldia através da ficção do romance.
  • 3. Grupo do poder D. JOÃO V Proclamado rei a 1 de Janeiro de 1707, casou, no ano seguinte, com a princesa Maria Ana de Áustria e vive um dos mais longos reinados da nossa história. Surge na obra só pela sua promessa de erguer um convento se tivesse um filho varão do seu casamento. O casal real cumpre, no início da obra, com artificialismo, os rituais de acasalamento. O autor escreverá o memorial para resgatar o papel dos oprimidos que o construíram. Rei e rainha são representantes do poder, da ordem e da repressão absolutista.
  • 4. D. MARIA ANA JOSEFA Esta personagem representa o papel da mulher da época: submissa, simples procriadora e objecto da vontade masculina. E por pertencer à casa real e por estar grávida, nem da festa da pós-Quaresma pode desfrutar, enquanto as outras mulheres comuns aproveitam o único dia de independência que têm com os seus amantes.
  • 5. Grupo contra-poder PADRE BARTOLOMEU LOURENÇO DE GUSMÃO Tem por alcunha O Voador, gosto pelas viagens, estrangeirado, a ciência era, para ele, a preocupação verdadeiramente nobre. O rei mostra-se muito empenhado no progresso do seu invento. A populaça troça dele, Baltasar e Blimunda serão ouvintes atentos das suas histórias e sermões. A amizade destes dois seres, simples, enigmáticos, mas verdadeiros protagonistas do Memorial, é tão valiosa para o padre como necessária à representatividade da obra como símbolo de solidariedade e beleza em dicotomia com egoísmo e poder.
  • 6. DOMENICO SCARLATTI Veio como professor do irmão de D. João V, o infante D. António, passando depois a ser professor da infanta D. Maria Bárbara. Exerceu as funções de mestre-de-capela e professor da casa real de 1720 a 1729, tendo escrito inúmeras peças musicais durante esse tempo. No contexto do romance, para além do seu contributo na construção da passarola é determinante na cura da doença de Blimunda; durante uma semana tocou cravo para ela, até ela ter forças para se levantar.
  • 7. BALTASAR E BLIMUNDA São o casal que, simbolicamente, guardará os segredos dos infelizes, dos humilhados, dos condenados, enfim, dos oprimidos. Conhecem-se durante um autode-fé, levado a cabo pela Inquisição, o de 26 de Julho de 1711 e não mais deixam de se amar. Vivem um amor sem regras, natural e instintivo, entregando-se a jogos eróticos. A plenitude do amor é sentida no momento em que se amam e a procriação não é sonho que os atormente como sucede com os reis.
  • 8. BLIMUNDA Com poderes que a tornavam conhecedora dos outros nos seus bens e nos seus males, recusando-se, no entanto, a olhar Baltasar por dentro. Vai ser ela quem, com Baltasar, guardará a passarola quando o padre Bartolomeu vai para Espanha onde, afinal, acabará por morrer. Ela e Baltasar sentir- se-ão obrigados a guardá-la como sua, quando, após uma aventura voadora, conseguira aterrar na serra do Barregudo, não longe de Monte Junto, perdido o rasto do padre que desaparecera como fumo. Quando voltaram a Mafra, dois dias depois, todos achavam que tinha voado sobre as obras da basílica o Espírito Santo e fizeram uma procissão de agradecimento. Começaram a voltar ao local onde a passarola dormia para cuidar dela, remendá-la, compô-la e limpá-la. Um dia Baltasar foi verificar os efeitos do tempo na passarola, mas Blimunda não o acompanhou e ele não voltou. Procurou-o durante 9 anos, infeliz de saudade, na sua sétima passagem por Lisboa encontrou-o entre os supliciados da Inquisição, a arder numa das fogueiras, disse-lhe "Vem" e a vontade dele não subiu para as estrelas pois pertencia à terra e a Blimunda
  • 9. Baltasar, Blimunda e o padre Bartolomeu Lourenço formam um trio que vai pôr em prática o sonho de voar. Assim, o trabalho físico e artesanal de Baltasar liga-se à capacidade mágica de Blimunda e aos conhecimentos científicos do padre. Todos partilham do entusiasmo na construção da passarola, aos quais se junta um quarto elemento, o músico Domenico Scarlatti , que passa a tocar enquanto os outros trabalham. O saber artístico junta-se aos outros saberes e todos corporizam o sonho de voar.
  • 10. Em Memorial do Convento, as personagens históricas convivem com as fictícias, conduzindo à fusão entre realidade e ficção.