I. O documento discute as desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo resultantes das relações econômicas entre países. II. Desde o século XVI, as nações européias organizaram o espaço econômico mundial de forma desigual, criando relações de dependência entre centros ricos industrializados e periferias pobres e subdesenvolvidas. III. Essas desigualdades permanecem e são medidas por índices como o IDH, que mostra que os países africanos ocupam as piores posições.
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CMCG Geografia 1º EM Profª Nilza M. P. Alonso
Nota de Aula As desigualdades socioeconômicas do Mundo Contemporâneo.
Objetivo: as desigualdades sociais do Mundo Contemporâneo, face às relações econômicas.
LT vol 1. Cap.9 A pobreza no mundo.
Vol. Único: cap 2: Desigualdade e exclusão no mundo e no Brasil.
I. Introdução.
Pode-se considerar que a partir do século XVI as nações européias, desencadeiam um processo
de organização do espaço econômico mundial, que foi responsável por um conjunto de transformações
que afetaram todo o planeta.
A incorporação de novas terras (abrigando povos e culturas diferentes) sob o “comando” dos
países europeus implicou o uso de novas línguas, religiões, novos hábitos de consumo, incorporação de
novas tecnologias...
Tudo isso criou formas de dominação política e econômica e pôs à mostra as desigualdades, não
apenas culturais, que se estabeleceram entre os europeus, e os povos submetidos a sua dominação,
numa espécie de “jogo” de ”nós” (europeus e europeizados) e os “outros”, que serviram como
instrumentos de dominação, justificados pela suposta “superioridade” do branco, pelo “atraso“ dos
povos submetidos.
É a partir da montagem de uma economia mundial, organizada em função dos interesses das
nações dominantes, que o espaço mundial se organiza, inicialmente em Metrópoles e Colônias, depois
em Países Industrializados e Países produtores de matérias-primas, que as desigualdades se formaram
e se mantêm. Hoje, elas são perceptíveis a partir das chamadas relações Centro-Periferia, que
envolvem de um lado os países capitalistas centrais (ricos, desenvolvidos, industrializados) e sua
periferia (pobre ou „emergente‟, subdesenvolvida, pouco industrializada, dependente) representada
tanto pelos Novos Países Industrializados, quanto pelos países cuja estrutura de produção ainda reflete
a situação vigente na fase Imperialista do Capitalismo.
Muitas dessas diferenças podem ser percebidas no mundo em que vivemos, e servem de base
para as divisões entre os países. Ricos e pobres, desenvolvidos e subdesenvolvidos; Primeiro, Segundo
(enquanto ainda existia de fato) e Terceiro Mundo; G7, G22 e o G ”resto” são algumas da forma de se
perceber as desigualdades existentes, que envolvem não só as diferenças de etnias, línguas, usos e
costumes, mas também as formas de organização da economia, o acesso às tecnologias e aos bens
produzidos.
II. As várias faces das desigualdades.
As desigualdades podem ser vistas como resultado de dois processos principais e integrados:
1. a evolução do Sistema Capitalista
2. e o desenvolvimento de vários tipos de cultura que se traduzem nas formas de ser, agir,
pensar e fazer de cada grupo humano, que, por sua vez se refletem nas diferentes formas de
organização socioeconômica e política.
Como regra geral, podemos dizer que os povos europeus são os grandes responsáveis pela
estruturação da chamada civilização cristã ocidental capitalista.
Ela é resultado de uma espécie de “transplante” da civilização européia por quase todo o
planeta, e cujas principais características podem ser percebidas no estudo das diferentes regiões e
países que compõem o Mundo Atual.
Fala-se em civilização cristã ocidental capitalista, pois as características predominantes no
planeta decorrem do papel desempenhado pela Europa que difundiu sua língua, seu modelo econômico
e político em todos os continentes.
Ela é considerada:
CRISTÃ, não só do ponto de vista das religiões professadas mas, também, em função de preceitos
morais e éticos que lhe são atribuídos, transformados em normas de comportamento disseminados
entre as várias sociedades, e em nome dos quais muitas barbaridades já foram cometidas.
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OCIDENTAL porque envolve em sua grande parte blocos e países ocupados, explorados e organizados
pelos países europeus, embora não estejam necessariamente localizados à sua vizinhança. São áreas
que apresentam formas de organização econômica (capitalismo) social (divisão em classes), política (as
democracias, por exemplo) e cultural (formas de ser, agir, pensar e fazer) fortemente influenciadas
pelos países capitalistas centrais. Suas características mais marcantes, hoje, relacionam-se à ênfase ao
consumo de bens, dos mais diferentes tipos, que atravessam fronteiras e impulsionam “necessidades”
induzidas pela moda, pela propaganda e pelos avanços da tecnologia. O bloco de países identificados
como ocidentais é encabeçado por um grupo restrito de países e grandes empresas que derivam direta
ou indiretamente da europeização e da expansão do sistema capitalista mundial.
CAPITALISTA porque a base de sua organização econômica implica na apropriação dos chamados
fatores de produção: terras, minas, máquinas e equipamentos e dinheiro, muito dinheiro (capital).
É a partir da apropriação dos fatores de produção por um grupo restrito de pessoas ou empresas (os
capitalistas) que as classes sociais são divididas, fazendo com que as pessoas que não detêm a posse
do capital vendam sua capacidade de trabalho, a troco de um salário. Os mecanismos de produção e
consumo são ditados pelos interesses do capital e passam a interferir em todos os aspectos da vida
social.
As principais características da civilização cristã, ocidental capitalista podem ser resumidas em
função do predomínio da “democracia pluripartidária, [com] a hegemonia da propriedade privada e da
livre iniciativa, [com] uma rica sociedade de consumo que apresenta altos índices de produtividade e
elevada competitividade.” (Sene & Moreira, in Geografia – espaço geográfico e globalização. Scipione,
p. 57)
À medida que se desenvolvia e se expandia, o Sistema Capitalista vai evoluindo de acordo com
três grandes fases – Mercantil, Industrial e Monopolista – que representam as formas de obtenção de
riquezas de cada uma delas: comércio, indústria e investimentos.
O estudo dessas fases permite acompanhar a organização do espaço econômico mundial e entender os
processos de relação estabelecidos entre os países “centrais”, os donos do capital, e os “periféricos” que
se apresentam como áreas de investimento e expansão dos países capitalistas centrais e, por isso,
dependentes das decisões tomadas nas áreas “centrais”.
Essas características gerais, apenas esboçadas, servem de “modelo” de comparação e análise no
estudo das desigualdades. Em outras palavras, poderíamos dizer que o grau de aceitação desse
“modelo” serve para que se estabeleçam as grandes linhas de desigualdades existentes no Mundo
Atual.
Os países ou regiões que mais se aproximam do modelo são mais ricos, mais desenvolvidos tem
populações com melhor qualidade de vida e assim por diante.
Os outros são considerados atrasados, subdesenvolvidos, têm suas populações vivendo em
condições precárias e onde os indicadores socioeconômicos de renda, alfabetização e qualidade de vida
são extremamente precários.
Mesmo assim há inúmeras diferenças e variáveis que atuam sobre o conjunto.
Há nações, povos e países que não se enquadram plenamente ao modelo, como é o caso dos
países muçulmanos, de certos países asiáticos como a China e a Índia... Há também povos que não se
integraram ao sistema vivendo como que à margem como é o caso de algumas populações indígenas
do Brasil, ou dos inuits (esquimós).
Como as desigualdades podem ser analisadas sob vários aspectos além dos já citados a ONU -
Organização das Nações Unidas – criou, nos anos 90, o chamado IDH – o Índice de Desenvolvimento
Humano.
O IDH avalia as condições de renda, escolaridade e expectativa de vida das populações de cerca
de 180 países. A partir desse levantamento atribui-se uma espécie de “nota” que varia de 0, a pior
situação, a 1, a melhor. A partir do IDH estabelece-se um ranking de países. Em sua última edição o
país de melhor qualidade de vida é a Noruega e o pior é Níger. (As posições podem variar de uma
edição para outra). Os 20 últimos colocados são países africanos.
O Brasil ocupa uma situação intermediária que de certa forma distorce as enormes
desigualdades internas existentes no nosso país.
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O conjunto de problemas e situações que envolvem as questões da desigualdade faz com que seja ela
seja considerada como um dos grandes problemas atuais.
Ao lado das questões ambientais, do desemprego e das distorções quanto à acumulação do
capital e a distribuição de renda, as desigualdades são geradas, também pela reprodução ampliada do
capital (que beneficia especialmente os países centrais) e a obsolescência planejada (que estimula o
consumo do supérfluo e do descartável, implicando em produtos cada vez mais caros). As mudanças
ocorridas com a Nova Divisão Internacional do Trabalho implicam no aumento crescente do
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desemprego, estimulado pelo uso de novas tecnologias que alteram as formas de trabalhar, e são
apontados pela queda de renda e pelo aumento das desigualdades entre ricos e pobres.
EXERCÍCIOS.
1. Sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento dos países é correto afirmar que
I. o subdesenvolvimento tem suas raízes no processo de expansão capitalista, desde as
Grandes Navegações no século XVI, portanto desde o Colonialismo, passando pelo
Imperialismo do século XIX, e chegando até o atual estágio de globalização.
II. Todos os países subdesenvolvidos apresentam, em maior ou menor grau, dependência
econômica, financeira, tecnológica e profundas desigualdades sociais.
III. O modelo de desenvolvimento oferecido pelos países ricos, calcado numa sociedade de
consumo, é absolutamente impossível de ser mundializado por ser ecologicamente
insustentável.
IV. Apenas a renda per capita alta e concentrada, como no caso da Arábia Saudita, indica o grau
de desenvolvimento de um país ou região.
V. Os países desenvolvidos mostram uma distribuição bem mais equilibrada da renda entre a
população.
Estão corretas apenas
(A) I, II, III e IV.
(B) II, III, IV e V.
(C) I, II, III e V.
(D) I, III, IV e V.
(E) I, II, III, IV e V.
2. (UFES, adaptada) De acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a África
subsaariana abriga os 20 países mais pobres do mundo. Neles cerca de 30% da população sofre de
subalimentação.
Sobre a pobreza nesses países africanos é correto afirmar que
(A) as conjunturas climáticas e/ou políticas adversas são responsáveis pela miséria de enorme
parcela da população.
(B) o aumento da importação de alimentos e o crescimento das receitas de exportação
favoreceram o equilíbrio da balança comercial mas, encareceram os produtos mais
consumidos pela população.
(C) o índice de pobreza na região do Sahel (faixa de transição do deserto do Saara para as áreas
tropicais e equatoriais localizadas mais ao sul) é menor do que em outras regiões do
continente, devido às condições climáticas favoráveis.
(D) as políticas de controle de natalidade adotadas por esses países ajudaram a derrubar as
taxas de crescimento vegetativo mas, foram insuficientes para reduzir as taxas de
fertilidade e mortalidade infantil o que agrava a incidência da fome.
(E) a persistência de conflitos étnicos e religiosos interrompeu a exploração de recursos
minerais, como petróleo e minérios, o que provocou a queda das receitas e como
conseqüência a disponibilidade de alimentos para a população.
3. (CESGRANRIO) No pós-guerra, difundiu-se o uso de uma classificação, em que os diversos países
foram divididos formando o Primeiro, o Segundo e o Terceiro Mundos. Essa classificação, no entanto,
apresenta inúmeros inconvenientes e tem-se mostrado inadequada, por que
(A) fundamenta-se em critérios de divisão baseados em fatores naturais e raciais.
(B) impede que sejam agrupados países, como o Brasil, que tem características híbridas.
(C) não leva em conta elementos de ordem política e econômica para dividir/agrupar as várias
nações.
(D) não considera a existência de espaços subdesenvolvidos no interior dos países do Primeiro
Mundo, rebaixando alguns deles para o Segundo Mundo.
(E) mantêm alguns países socialistas, como Cuba e Coréia do Norte, no grupo do Terceiro Mundo,
quando deveriam estar no grupo do Primeiro Mundo.
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4. Indique o fator que não contribui para explicar a pobreza que atinge a maior parte da população
da África Subsaariana.
(A) a degradação das estruturas sociais tradicionais deflagrada pelo processo de colonização
européia.
(B) O monopólio das melhores terras pela agricultura de exportação, em detrimento da agricultura
de alimentos para atender os mercados internos.
(C) A combinação de elevadas taxas de crescimento vegetativo e a retração generalizada do valor
das exportações agrícolas e minerais.
(D) O êxodo rural acelerado, provocado pela modernização técnica da agricultura e pela
implantação de economias industriais de exportação.
(E) Os conflitos internos e guerras civis que refletem a falência política dos Estados e desorganizam
as atividades econômicas.
5. " O primeiro problema do Mundo Atual é a fome. O problema é tão antigo como o homem, mas
agrava-se cada vez mais. O crescimento da população mundial é cada vez mais acelerado,
principalmente nos países pobres. O problema da fome não interessa apenas um país: ele é um
problema mundial. A fome não se reflete apenas na maior ou menor eficiência da organização
econômica e social de um país: a fome põe em questão todo o equilíbrio internacional, aguça o
confronto entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, entre os países que tem de sobra e os países
que não tem o indispensável. A fome estimula o confronto entre as concepções Capitalistas de bem
estar social e a realidade; opõe internacionalismo com diferentes tipos de nacionalismos.
"A fome é um aspecto extremo do subdesenvolvimento e o subdesenvolvimento é que é, de
fato, 'o primeiro problema do mundo atual ' porque ao mesmo tempo que se conhecem os meios de
combate- lo , os egoísmos de classes ou nacionais, retardam qualquer ação para resolver o contraste
entre a abundância e a miséria."
(adaptado de "O Século XX" - Edições VEJA- 1972)
Com relação ao problema da fome abordado no texto, é correto afirmar que
I. é um problema do Mundo Atual, porque suas implicações não se restringem a um único país.
II. está na base do confronto entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos. e se acentuou a partir
do crescimento da população mundial.
III. é um aspecto do subdesenvolvimento e ambos são considerados como os problemas mais
graves do mundo atual, pois refletem as contradições da estrutura econômica e social de cada país
IV. é um aspecto extremo do subdesenvolvimento já superado com as inovações tecnológicas e a
globalização da economia.
Estão corretas apenas
(A) I, II e IV.
(B) I, II e III.
(C) II, III e IV.
(D) I, III e IV
(E) I, II, III e IV.
6. (FATEC-SP) Os países subdesenvolvidos constituem a periferia do sistema capitalista
internacional. Neles dominam grandes desigualdades sociais e forte exploração da mão-de-obra. A
riqueza e os elevados padrões de vida dos países desenvolvidos centrais são em boa parte garantidos
pela dependência e descapitalização da periferia.
O texto permite afirmar corretamente que
(A) esses países caminham para uma igualdade de condições de vida em relação aos países
capitalistas centrais.
(B) não matem relações com os países do centro do capitalismo internacional.
(C) os países pobres são responsáveis pela manutenção dos elevados padrões de vida da população
dos países ricos, graças à ordem econômica vigente entre os países centrais e os periféricos.
(D) os países desenvolvidos, através de programas de ajuda e apoio financeiro, financiam
programas de desenvolvimento nos países periféricos permitindo que estes superem suas condições de
atraso econômico.
(E) os países desenvolvidos conseguiram elevar seu padrão de vida, graças à Revolução Industrial,
independentemente do que ocorria em outras partes do planeta.
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7. O processo de globalização tem determinado um realinhamento da posição das nações no cenário
mundial. Observe os dados a seguir.
D ISPAR ID AD ES MU N D IAIS
90%
75% 86% 83%
82%
60%
45%
30%
15% 18% 17%
14%
0%
PIB Mundial Exportações População
Ricos Pobres
Fonte: UN Report, New York, Oxford, 1999
1. ricos 86%, pobres 14%; 2. ricos 82%, pobres 18%; 3. ricos 17%, pobres 83%.
A situação indicada no gráfico é produto
(A) da crescente participação dos países pobres na produção da riqueza mundial, já que há alguns anos
eles controlavam apenas 8% do PIB mundial.
(B) do rápido crescimento da população dos países pobres, o que determina queda de sua participação
no PIB mundial e nas exportações.
(C) de um processo de concentração da riqueza, que se acelerou a partir da Revolução Industrial e está
se agravando com a globalização.
(D) da Nova Ordem Internacional que alterou o equilíbrio anteriormente existente entre as nações
pobres e ricas.
(E) nenhuma das respostas.
8. Pode-se caracterizar, em parte, a complexidade socioeconômica do Brasil em função
(A) da elevada dívida externa, usada para financiar o alto Índice de Desenvolvimento Humano do país.
(B) a elevada concentração de terras utilizadas como reserva de valor e para o agronegócio.
(C) a exportação de produtos tecnológicos, principal componente da balança comercial brasileira.
(D) pela concentração de renda no estados do Centro-Sul, devido à presença de imigrantes europeus.
(E) queda da produção agrícola de exportação, devido às políticas protecionistas dos países capitalistas
centrais.
9. O mundo contemporâneo é marcado por um conjunto de desigualdades existentes entre os
diferentes países e em seu interior. As Nações Unidas criaram um indicador socioeconômico, chamado
de IDH, que permite compará-los considerando seu nível de desenvolvimento.
O que representa a sigla IDH? Quais os dados utilizados no levantamento? A utilização desse
indicador permitiu agrupar os países em três níveis de desenvolvimento: alto, médio e baixo, dê um
exemplo de cada um deles. Quais as críticas apresentadas com relação à sua utilização?
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