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CMCG – Colégio Militar de Campo Grande
                                 Seção de Ensino “E” - 1º ano
                           Língua Portuguesa - Ten Graciela Granetto
Nota de aula: História da Língua Portuguesa

         A história da formação da língua portuguesa começa no final do primeiro milênio antes de
Cristo, quando os romanos iniciaram o processo de conquista. Por isso, podemos dizer que essa
história é marcada por guerras, cruzadas e disputas territoriais.
         Os romanos, habitantes do Lácio, eram falantes do latim. Na marcha pela ocupação de novos
territórios, levaram sua língua às regiões conquistadas. Os povos dessas regiões sofreram um
processo de dominação cultural em que o latim era a língua de contato.
         O latim possuía duas formas: o latim clássico, que era empregado pelas pessoas cultas e pela
classe dominante (poetas, filósofos, senadores, etc.), e o latim vulgar, que era a língua utilizada pela
burocracia romana e pelos soldados.
         O português originou-se do latim vulgar, a variante popular, que foi introduzida na península
Ibérica pelos conquistadores romanos. Do contato da língua do conquistador com as dos
conquistados resultaram variedades regionais que deram origem aos vários romances, expressão
derivada de romanice loqui ( falar como os romanos). Damos o nome de neolatinas às línguas
modernas que provêm desses romances. No caso da Península Ibérica, podemos citar o catalão, o
castelhano e o galego-português, do qual resultou a língua portuguesa.
         As grandes navegações, a partir do século XV d.C. ampliaram os domínios de Portugal e
levaram a Língua Portuguesa às novas terras da África (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São
Tomé e Príncipe), ilhas próximas da costa africana (Açores, Madeira), Ásia (Macau, Goa, Damão,
Diu), Oceania (Timor) e América (Brasil).




Na evolução da Língua Portuguesa destacam-se três períodos:

1) Fase Proto-histórica - compreende o período anterior ao século XII, com textos escritos em
latim bárbaro (modalidade usada apenas em documentos, por essa razão também denominada de
latim tabeliônico).

2) Fase do Português Arcaico - do século XII ao século XVI, compreendendo dois períodos
distintos:
a) do século XII ao XIV, com textos em galego-português;
b) do século XIV ao XVI, com a separação entre o galego e o português.

3) Fase do Português Moderno - inicia-se a partir do século XVI, quando a língua se uniformiza,
adquirindo as características do português atual. A literatura renascentista portuguesa, notadamente
produzida por Camões, desempenhou papel fundamental nesse processo de uniformização. Em
1536, o padre Fernão de Oliveira publicou a primeira gramática de Língua Portuguesa, a
"Grammatica de Lingoagem Portuguesa". Seu estilo baseava-se no conceito clássico de gramática,
entendida como "arte de falar e escrever corretamente".
A língua portuguesa no Brasil, tomou a sua forma na complexa interação entre a língua do
colonizador (e, portanto, do poder e do prestígio), as numerosas línguas indígenas brasileiras, as
também numerosas línguas africanas chegadas pelo tráfico negreiro (oficial entre 1549 e 1830, não
oficial antes e depois desses limites), e finalmente as línguas dos que emigraram para o Brasil da
Europa e da Ásia, sobretudo a partir de meados do século XIX.




        Diante da multidão de línguas indígenas e africanas, o português, para impor-se, usou os
mais variados recursos. Uma das primeiras medidas foi determinar que os índios fossem instruídos
em Língua Portuguesa . Mas os jesuítas, por conhecerem o tupi (reduzida por eles à língua geral)
melhor que os representantes de outras ordens religiosas e melhor também que os colonos recém-
chegados, mantiveram a barreira línguística como forma de manter seu domínio sobre os índios.
        Em agosto de 1759, um Alvará instituia o uso obrigatório da Língua Portuguesa , com todo o
seu poder unificador, e, em consequência, o abandono progressivo da língua geral, que, na verdade,
já se encontrava restrita, sobretudo em São Paulo, às comunidades rurais do interior. Apesar das
objeções a essa imposição, em 1798, a Língua Portuguesa já tinha se expandido e sido adotada nas
regiões tipicamente tupi do Brasil, ainda que muitos indivíduos tivessem dificuldade em usá-la.
        Resumindo a questão da Língua Portuguesa no Brasil colonial, pode-se dizer que, durante
três séculos, o português e o tupi, ou língua geral, existiram lado a lado, influenciando-se
reciprocamente e cruzando-se. O tupi era a língua doméstica, familiar e corrente dos colonos, e o
português, a língua oficial, que as crianças, mamelucos e também filhos de índios aprendiam nas
escolas, mas não falavam em casa. A realidade linguística era muito complexa, porque, com o
português, conviviam as várias línguas indígenas e as várias línguas faladas pelos negros no Brasil.
        O processo cultural que impôs uma língua vitoriosa sobre as outras não foi fácil, nem
sempre pacífico. Mas aprender a Língua Portuguesa se tornou quase uma questão de sobrevivência.
Alguns africanos, por exemplo, aprendiam rápido, outros sofriam verdadeiros processos de
adestramento, mas todos, índios e negros, tinham que aprendê-la. A variedade de tribos indígenas e
africanas facilitou a obra portuguesa, que, como foi dito, preferiu, por medida de segurança,
importar grupos dialetais diferentes, que não se entendiam e deviam se esforçar para buscar na fala
portuguesa o meio de comunicar suas necessidades pessoais e sociais.
        A guerra contra os índios e os negros, subjugando-os todos, era também uma guerra
linguística e cultural, que resultava num desentendimento total, numa fragmentação de culturas e
línguas. Acrescente-se a isto o fato de que o português do Brasil e o de Portugal já se apresentavam
em formas desiguais.
        A vitória real e verdadeira se deu quando, na Assembléia Constituinte de 1823,
representantes de várias províncias brasileiras falaram uns com os outros, notando as diferenças de
prosódia, mas a igualdade da língua que era falada por todos. Era a primeira vez que brasileiros
falavam sua própria língua, a qual se formara competindo com línguas indígenas e negras, e na qual
se notavam variações provenientes dos diferentes grupos do português falado em regiões diversas. A
vitória do português dependeu mais de fatores históricos que linguísticos.


                                                                                                     Referências:
        http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-da-populacao-brasileira/historia-da-lingua-portuguesa.php
                          http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bases-tematicas/historia-da-lingua-portuguesa.html

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  • 1. CMCG – Colégio Militar de Campo Grande Seção de Ensino “E” - 1º ano Língua Portuguesa - Ten Graciela Granetto Nota de aula: História da Língua Portuguesa A história da formação da língua portuguesa começa no final do primeiro milênio antes de Cristo, quando os romanos iniciaram o processo de conquista. Por isso, podemos dizer que essa história é marcada por guerras, cruzadas e disputas territoriais. Os romanos, habitantes do Lácio, eram falantes do latim. Na marcha pela ocupação de novos territórios, levaram sua língua às regiões conquistadas. Os povos dessas regiões sofreram um processo de dominação cultural em que o latim era a língua de contato. O latim possuía duas formas: o latim clássico, que era empregado pelas pessoas cultas e pela classe dominante (poetas, filósofos, senadores, etc.), e o latim vulgar, que era a língua utilizada pela burocracia romana e pelos soldados. O português originou-se do latim vulgar, a variante popular, que foi introduzida na península Ibérica pelos conquistadores romanos. Do contato da língua do conquistador com as dos conquistados resultaram variedades regionais que deram origem aos vários romances, expressão derivada de romanice loqui ( falar como os romanos). Damos o nome de neolatinas às línguas modernas que provêm desses romances. No caso da Península Ibérica, podemos citar o catalão, o castelhano e o galego-português, do qual resultou a língua portuguesa. As grandes navegações, a partir do século XV d.C. ampliaram os domínios de Portugal e levaram a Língua Portuguesa às novas terras da África (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe), ilhas próximas da costa africana (Açores, Madeira), Ásia (Macau, Goa, Damão, Diu), Oceania (Timor) e América (Brasil). Na evolução da Língua Portuguesa destacam-se três períodos: 1) Fase Proto-histórica - compreende o período anterior ao século XII, com textos escritos em latim bárbaro (modalidade usada apenas em documentos, por essa razão também denominada de latim tabeliônico). 2) Fase do Português Arcaico - do século XII ao século XVI, compreendendo dois períodos distintos: a) do século XII ao XIV, com textos em galego-português; b) do século XIV ao XVI, com a separação entre o galego e o português. 3) Fase do Português Moderno - inicia-se a partir do século XVI, quando a língua se uniformiza, adquirindo as características do português atual. A literatura renascentista portuguesa, notadamente produzida por Camões, desempenhou papel fundamental nesse processo de uniformização. Em 1536, o padre Fernão de Oliveira publicou a primeira gramática de Língua Portuguesa, a "Grammatica de Lingoagem Portuguesa". Seu estilo baseava-se no conceito clássico de gramática, entendida como "arte de falar e escrever corretamente".
  • 2. A língua portuguesa no Brasil, tomou a sua forma na complexa interação entre a língua do colonizador (e, portanto, do poder e do prestígio), as numerosas línguas indígenas brasileiras, as também numerosas línguas africanas chegadas pelo tráfico negreiro (oficial entre 1549 e 1830, não oficial antes e depois desses limites), e finalmente as línguas dos que emigraram para o Brasil da Europa e da Ásia, sobretudo a partir de meados do século XIX. Diante da multidão de línguas indígenas e africanas, o português, para impor-se, usou os mais variados recursos. Uma das primeiras medidas foi determinar que os índios fossem instruídos em Língua Portuguesa . Mas os jesuítas, por conhecerem o tupi (reduzida por eles à língua geral) melhor que os representantes de outras ordens religiosas e melhor também que os colonos recém- chegados, mantiveram a barreira línguística como forma de manter seu domínio sobre os índios. Em agosto de 1759, um Alvará instituia o uso obrigatório da Língua Portuguesa , com todo o seu poder unificador, e, em consequência, o abandono progressivo da língua geral, que, na verdade, já se encontrava restrita, sobretudo em São Paulo, às comunidades rurais do interior. Apesar das objeções a essa imposição, em 1798, a Língua Portuguesa já tinha se expandido e sido adotada nas regiões tipicamente tupi do Brasil, ainda que muitos indivíduos tivessem dificuldade em usá-la. Resumindo a questão da Língua Portuguesa no Brasil colonial, pode-se dizer que, durante três séculos, o português e o tupi, ou língua geral, existiram lado a lado, influenciando-se reciprocamente e cruzando-se. O tupi era a língua doméstica, familiar e corrente dos colonos, e o português, a língua oficial, que as crianças, mamelucos e também filhos de índios aprendiam nas escolas, mas não falavam em casa. A realidade linguística era muito complexa, porque, com o português, conviviam as várias línguas indígenas e as várias línguas faladas pelos negros no Brasil. O processo cultural que impôs uma língua vitoriosa sobre as outras não foi fácil, nem sempre pacífico. Mas aprender a Língua Portuguesa se tornou quase uma questão de sobrevivência. Alguns africanos, por exemplo, aprendiam rápido, outros sofriam verdadeiros processos de adestramento, mas todos, índios e negros, tinham que aprendê-la. A variedade de tribos indígenas e africanas facilitou a obra portuguesa, que, como foi dito, preferiu, por medida de segurança, importar grupos dialetais diferentes, que não se entendiam e deviam se esforçar para buscar na fala portuguesa o meio de comunicar suas necessidades pessoais e sociais. A guerra contra os índios e os negros, subjugando-os todos, era também uma guerra linguística e cultural, que resultava num desentendimento total, numa fragmentação de culturas e línguas. Acrescente-se a isto o fato de que o português do Brasil e o de Portugal já se apresentavam em formas desiguais. A vitória real e verdadeira se deu quando, na Assembléia Constituinte de 1823, representantes de várias províncias brasileiras falaram uns com os outros, notando as diferenças de prosódia, mas a igualdade da língua que era falada por todos. Era a primeira vez que brasileiros falavam sua própria língua, a qual se formara competindo com línguas indígenas e negras, e na qual se notavam variações provenientes dos diferentes grupos do português falado em regiões diversas. A vitória do português dependeu mais de fatores históricos que linguísticos. Referências: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-da-populacao-brasileira/historia-da-lingua-portuguesa.php http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bases-tematicas/historia-da-lingua-portuguesa.html