1. COLÉGIO MILITAR DE CAMPO GRANDE
DISCIPLINA DE HISTÓRIA 1º ANO DO ENSINO MÉDIO
ASSUNTO: INVASÕES HOLANDESA E INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA
1. INVASÕES HOLANDESAS
Antecedentes: A Confederação das Sete Províncias Unidas, atualmente a
Holanda, pertencia a Espanha conseguindo a independência em 1579, depois
de uma guerra de 70 anos.
Como a Espanha perdeu a guerra, decretou que as suas colônias não
poderiam comercializar com os holandeses. O Brasil pertencia a Portugal que,
pela União Ibérica estava unido a Espanha, por isso, também foi proibido de
comercializar com a Holanda.
Lembramos que os holandeses eram responsáveis pelo refinamento do
açúcar e também da distribuição do mesmo na Europa, ou seja, lucravam
muito com o açúcar brasileiro. Com a proibição perderam muito dinheiro. Foi ai
que o governo holandês decidiu invadir o Brasil e recuperar seus interesses na
exploração açucareira.
Invasão Holandesa em Salvador em 1624: a primeira tentativa de invasão
holandesa aconteceu no ano de 1624 e foi na cidade de Salvador, que era a
capital do Brasil.
O governador geral, Diogo de Mendonça Furtado, organizou a defesa mas foi preso
e mandado para a Holanda. Matias de Albuquerque, sucessor do governador, juntamente com o
bispo D. Marcos Teixeira organizaram a defesa usando a tática de pequenos ataques de emboscada,
que impediam a saída dos holandeses da capital.
No começo a Espanha não tomou nenhuma medida para a expulsão dos holandeses. Mas
depois, receando que o domínio holandês se estendesse também até o México e o Peru, onde
havia ricas minas de ouro e prata, mandaram uma poderosa esquadra, que juntamente com a
resistência por terra conseguiram expulsar os holandeses da Bahia.
A cidade do Salvador ficou tão empobrecida com a ocupação holandesa que o governador
não tinha dinheiro nem para pagar as tropas. Naquele tempo um soldado ganhava um vintém por
dia, o que correspondia num mês, em moeda atual, à quantia de sessenta centavos.
Logo em seguida, para se recuperarem do golpe sofrido, os holandeses
roubaram uma embarcação espanhola cheia de prata americana.
Invasão holandesa em Pernambuco: (1630- 1654): no ano de 1630, com
o uso de 77 barcos e mais de 7000 homens os holandeses chegaram até à
região de Pernambuco.
Liderados por Matias de Albuquerque, que era governador da capitania,
os portugueses ofereceram resistência à invasão holandesa no território
brasileiro, mas com poucos recursos ( 03 caravelas e 27 soldados) foram
derrotados e nada puderam fazer contra a esquadra inimiga. Os holandeses
tomaram facilmente Recife e Olinda. Matias de Albuquerque, porém, ainda teve tempo de incendiar
vinte e quatro navios que estavam no porto, carregados de pau-brasil e açúcar, para que o inimigo
não se apoderasse dessas riquezas.
Para cortar as comunicações entre Recife e Olinda, Matias de Albuquerque fundou o Arraial do
Bom Jesus que, durante cinco anos, resistiu a todos os ataques.
2. Em Pernambuco a situação dos invasores era cada vez mais difícil, pois as guerrilhas e
emboscadas impediam que eles avançassem para o interior. Mas, em 1632, a deserção de Domingos
Fernandes Calabar, que antes havia lutado ao lado de Matias de Albuquerque, favoreceu os
holandeses.
Guiados por Calabar, que conhecia o território, os holandeses foram aos poucos ganhando território
e conquistaram o Arraial do Bom Jesus, em 1635. Matias de Albuquerque não pôde mais ficar em
Pernambuco e retirou-se para Alagoas, numa longa caminhada, acompanhado de milhares de
pessoas, homens, mulheres e até crianças, que não queriam viver sob o domínio dos invasores.
Durante essa retirada, houve o combate de Porto Calvo e Calabar foi entregue aos insurretos, que o
enforcaram. Logo em seguida Matias de Albuquerque foi chamado a Portugal e acusado de não ter
sabido defender a colônia. Com isso o movimento enfraqueceu.
Em 1637, chegava a Pernambuco, para governar os domínios holandeses
no Brasil, o Conde João Maurício de Nassau, que para vencer a resistência,
ofereceu vantajosos acordos em que prometia investir na formação de novas
lavouras e na construção de engenhos. Com isso, os proprietários de terras
pernambucanos passaram a apoiar a entrada dos holandeses no Brasil. Ele fez
muito boa administração e chegou a conquistar a simpatia dos vencidos. Só
depois de sua volta para a Europa, é que recomeçou a luta, até a expulsão
definitiva dos invasores.
Realizações de Maurício de Nassau no Brasil:
• Estabeleceu relações amistosas entre holandeses, comerciantes e
latifundiários. Estes restauraram seus engenhos com empréstimos concedidos
pela WIC, utilizados também na venda a crédito dos engenhos abandonados,
visando restabelecer a produção de açúcar.
• Organizou a Câmara dos Escabinos, um conselho composto de brasileiros
e holandeses para decidir algumas questões.
• Dividiu a Nova Holanda em quatro estados: Alagoas, Itamaracá, Paraíba
e Rio Grande.
• Permitiu a liberdade de culto e a construção de sinagogas e de um
zoológico.
• Obrigou o plantio de mandioca, alimento dos escravos e proibiu a
derrubada de cajueiros.
• Impediu o lançamento do bagaço da cana nos rios.
• Promoveu eventos culturais e encarregou pintores de catalogar, pintar e
estudar a fauna e flora brasileira.
• Embelezou a cidade de Recife, que chamou de Maurícia, com pontes
sobre os rios.
• Restaurou a cidade de Olinda.
• Construiu Friburgo para sua moradia.
• Liderou a conquista de Angola, São Tomé e do Maranhão em 1641.
No ano de 1643 Nassau recebeu a carta de dispensa dos Estados Gerais, com a
promessa de o designar para importantes funções na Europa. Partiu numa
esquadra de treze naus que transportava carga avaliada em 2,6 milhões de
florins. A sua bagagem pessoal ocupava duas naus.
3. INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA
Após a volta de Maurício de Nassau para a Europa a Companhia das Índias
Ocidentais, passaram a exigir dos senhores de engenho o pagamento total de
suas dividas. Como boa parte dos produtores de açúcar de Pernambuco eram
inadimplentes, a Companhia das Índias Ocidentais ordenou a confiscação de
bens. Não querendo ficar no prejuízo, os senhores de engenho iniciaram uma
revolta armada conhecida como Insurreição Pernambucana.
Em Agosto de 1645 João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros,
liderando um grande número de nativos, deram início aos combates, sendo
que os principais confrontos ocorreram na Batalha do Monte Tabocas e
na Batalha de Guararapes. Nos combates também destacaram-se o
negro Henrique Dias e o indígena Felipe Camarão.
Somente em 1648 a Insurreição Pernambucana chegaria ao fim. Os
holandeses foram derrotados depois que Portugal mandou auxilio aos
pernambucanos.
Mesmo vencidos no campo de batalha a Holanda foi indenizada por
Portugal ao receber um grande pagamento em dinheiro e possessões
territoriais no Oriente. Em 1661 Portugal e Holanda assinaram o Tratado de
Haia. Ao assinar este tratado a Holanda se comprometeu em deixar de lado
seu interesse pelos centros produtores de açúcar do nordeste brasileiro. Em
troca os holandeses receberam de Portugal uma elevada quantia em ouro além
do território do Ceilão e Ilhas Molucas.
Esse movimento assinala o início do nacionalismo brasileiro, pois os
elementos étnicos brancos, africanos e indígenas fundiram os seus interesses
na luta pelo Brasil e não por Portugal. Foi esse movimento que deu à
população local a verdadeira compreensão de seu valor, incutindo no povo o
espírito de rebeldia contra qualquer tipo de opressão.