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Roteiro minha apresentação brasillis final
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ROTEIRO DA APRESENTAÇÃO BRASILLIS
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS
(SLIDE ERA UMA VEZ)
Boa tarde, meu nome é Pedro Milliet, e o tema da minha apresentação é “A arte
de contar histórias”. Sendo assim, nada melhor que começar a apresentação
contando uma pequena história pra vocês:
Era uma vez... Um turista mochileiro passava por uma cidadezinha no interior de Minas
e entrou num bar pra beber alguma coisa. As únicas pessoas lá dentro eram um
homem atrás do balcão (provavelmente o dono) e um coroa já meio bêbado inclinado
sobre um copo meio cheio de alguma coisa. Ele pediu uma cachacinha e todos ficam
em silêncio por algum tempo. De repente, o coroa vioua-se pra ele e disse: “Você vê
esse bar? Eu construí esse bar com minhas próprias mãos. Subi as paredes, cortei as
árvores que fizeram cada uma dessas cadeiras e mesas e esse balcão (bate com a
mão). Mas você acha que eu fiquei conhecido na cidade como o homem que construiu
o bar? NÃO... Ele aponta pra fora da porta e continua... você vê a ponte atravessando
o rio? Eu trabalhei dia e noite, no sol e na chuva pra construir aquela ponte. Mas você
acha que eu fiquei conhecido como o homem que construiu a ponte? NÃO... Vira-se
para o outro lado, e aponta para um muro enorme ao redor da escola... E aquele
muro? Tá vendo aquele muro? Pedra sobre pedra eu construí sozinho aquele muro
todo... Mas você acha que eu fiquei conhecido como o cara que construiu aquele
muro? NÃO... mas você transa com uma cabrita... (SLIDE CABRITA)
Bom, agora que eu já tenho a atenção de vocês, eu posso começar a contar uma
outra história: sobre a arte de contar histórias.
Afinal, o que é contar histórias?
Contar histórias é uma atividade que ocupa a imaginação humana há milhares de anos.
Gente de todos os lugares conta histórias para entreter, divertir, educar, preservar a
cultura, relembrar, incutir valores morais ou apenas passar o tempo. As pessoas
começaram a contar histórias muito antes de a escrita ter sido inventada.
(SLIDE AREIA) Antes da invenção da escrita, o ato de contar histórias era o jeito mais
importante de passar uma informação adiante. Tudo o que uma cultura necessitava
preservar — suas crenças, sua história e suas tradições. Mas não era qualquer
indivíduo da sociedade que podia contar as histórias. Cada geração deveria contar as
histórias de sua cultura para a geração seguinte. Era assim que as histórias eram
passadas adiante. O conhecimento transmitido desse modo, de uma pessoa para
outra, é chamado de tradição oral. Mesmo as culturas que usam a escrita usam a
tradição oral para passar certas informações.
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Em algumas culturas, todos podiam passar as histórias adiante. Em outras culturas,
somente os contadores de história especiais tinham essa tarefa tão importante. Os
melhores contadores de histórias tinham que ter ótima memória. Eles arranjavam
maneiras de contar suas narrativas de um jeito bem interessante. Isso ajudava a
reforçar a idéia de que as pessoas deveriam ouvir suas histórias e lembrar-se delas.
Alguns contadores cantavam suas histórias ou as narravam em forma de poesia.
Melodia, ritmo e rimas podiam, e ainda podem tornar as histórias bem mais fáceis de
ser relembradas.
Mas o que é interessante aqui é observar que só existem histórias porque existe
linguagem. E linguagem não depende necessariamente de palavras. Existe linguagem
verbal e não verbal. Mas é por meio da linguagem que as histórias são contadas e re
contadas.
Essa antiga arte de exprimir eventos que são reais ou inventados é freqüentemente
considerada como sendo um aspecto crucial da evolução da humanidade. Os seres
humanos são os únicos animais que têm a habilidade natural para usar comunicação
verbal de forma ordenada e plena de significado. Usamos essa habilidade por meio da
linguagem e por meio dela ensinamos e aprendemos, explicamos e nos convencemos,
enganamos e somos enganados. Por meio da linguagem montamos nossa relação com
o mundo.
(SLIDE RUPESTRE 1) As primeiras formas de narrativa de que se tem registro estão em
desenhos em rochas e paredes de cavernas, registrando o cotidiano e as lições
apreendidas.
(SLIDE RUPESTRE 2) Posteriormente, passaram a ser orais e combinavam gestos e
expressões: palavras eram faladas de uma pessoa para outra, de coração para coração,
num esforço de comunicar uma mensagem ou sentimento.
(SLIDE RUPESTRE 3) Com a invenção da escrita, histórias foram gravadas, transcritas e
compartilhadas através de grandes regiões do mundo. À medida que as atividades
humanas se tornaram mais refinadas e complexas, histórias visuais foram sendo
apresentadas em imagens gravadas em madeira, bambu, marfim e pedra, pintadas
sobre tela, seda e papel. Tecnicamente, existem muitos tipos de histórias, tais como
fábulas, parábolas, mitos e lendas. As histórias sempre expressam variados estados de
espírito, podendo ser humorísticas, inspiradoras, educativas, assustadoras, trágicas e
românticas, baseadas na vida de personagens também reais ou fictícios.
Particularmente, em tempos modernos, uma vasta indústria de entretenimento foi
construída sobre uma base sofisticada de narrativa multimídia. As avós, ou as babás
que nos contavam histórias foram substituídas pela televisão, pelos CDs e DVDs e a
arte de contar histórias à noite, antes de dormir, ou ao redor da fogueira como faziam
os antigos, vêm sendo substituída por outras formas mais digitais e menos orais, sem
dependerem tanto da memória de quem conta. A maneira como são transmitidas as
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histórias vão encontrando novas técnicas e formas de acordo com a forma de viver, com o
desenvolvimento tecnológico e ideologia dos diferentes grupos sociais, mas a tradição
permanece inalterada.
(SLIDE RUPESTRE 4) Vejam por exemplo o que acontece agora... O maior espaço para
se contar histórias da atualidade vocês sabem qual é? É o FB. Ali cada um fala, mostra,
reclama, se exprime, divulga e re conta. As redes sociais tornaram as histórias quase
banais de tão democráticas. Tudo agora é de todos e as histórias de cada um não
pertencem a ninguém.
Atualmente, no mundo dos negócios, consultores organizacionais e gerentes têm
também descoberto o poder da literatura oral e da arte de contar histórias nas
organizações. Mais recentemente homens de negócio têm utilizado técnicas de contar
histórias para apresentarem seus cases, montarem suas apresentações e venderem
seus produtos. Uma boa história de mudança estrutural numa organização pode
motivar organizações similares a mudar também; vejam o caso da Apple ou da
Chrysler. Da mesma forma, as histórias informais que as pessoas contam umas para as
outras sobre normas, políticas e iniciativas de mudança permeiam as culturas
empresariais e refletem o significado que as pessoas dão às intervenções nos mundos
dos negócios... vejam por exemplo a história recente do Google, ou da Disney,
contadas pelas pessoas que trabalharam lá... mesmo sem revelar os segredos. Talvez
até por não revelarem certos segredos as histórias se tornem ainda mais interessantes.
Muda o formato e a função dessas diferentes histórias, mas existem algumas regras
que permanecem inalteradas nessa arte, como por exemplo, a presença de elementos
essenciais nas narrativas, que as tornam mais memoráveis, surpreendentes,
entediantes, inspiradoras, repugnantes ou envolventes. Alguns desses elementos são
enredo, personagens, narrador e audiência. O narrador cria a experiência, enquanto a
audiência depreende a mensagem e cria imagens mentais pessoais a partir das
palavras ouvidas e dos gestos vistos. Nesta experiência, a audiência se torna cocriadora da arte. Lembrem-se sempre disso: uma história é um diálogo, não um
monólogo. Os narradores devem dialogar com a audiência, ajustando suas palavras em
resposta aos ouvintes e ao momento. Ser um bom contador de histórias é ser, antes de
tudo, um ouvinte atento.
É fundamental saber para quem você está contando essa história. Quem são os teus
ouvintes? Quais os assuntos que mais interessam a eles? Do que gostam? O que
fazem? Quais os preconceitos? Como você começa e fisga de imediato a atenção
deles? Do que riem, porque choram? Como você deve mudar o rumo da história caso
perceba que algo não está indo como você desejava? Qual o momento certo do
clímax? E como os levá-los à catarse e dar a história por terminada?
As histórias contadas por um povo ou em um canto do mundo vão mudando com o
tempo, conforme diferentes pessoas as recontam. Um contador de histórias pode
mudar uma história com o intuito de aprimorá-la. Ou pode simplesmente não se
lembrar de todo o conto com precisão e inventar algumas partes.
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(SLIDE PALAVRAS)
Mas aqui vale um destaque em relação às “palavras”, até porque elas são a base do
trabalho que iremos desenvolver na arte da interpretação – que nada mais é do que
recontar uma história.
A palavra “palavra” (do latim parabola, que por sua vez deriva do grego parabolé)
pode ser definida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua,
juntamente com a ideia associada a este conjunto. A função da palavra é representar
partes do pensamento humano, e por isto ela constitui uma unidade da linguagem
humana. Juntando palavras formamos as frases, e combinando estas frases... temos
uma história. Mas como escolher as palavras, como combiná-las? Porque algumas
combinações resultam em idéias que traduzem alegria e outras combinações nos
levam às lágrimas? Porque umas não fazem sentido, podendo provocar dúvidas ou até
mesmo despertar a ira? Todos são testemunhas de que com algumas palavras somos
seduzidos e nos entregamos e outras podem nos fazer calar para sempre.
E aqui eu vou contar uma outra história pra vocês:
(SLIDE BINGO 1) Eu tinha 8 ou 9 anos e, como era de costume em todos os finais de
semana, férias e feriados prolongados, estávamos na casa de praia com meus pais,
minha irmã, amiguinhos, tios e primos estávamos jogando víspora depois do jantar
(sabem o que é víspora?), bingo, onde alguém tira uma pecinha numerada de dentro
de um saco, canta o número e a gente vai marcando com caroços de feijão os números
sorteados naquelas cartelas quadriculadas e numeradas. O lugar era infestado de
mosquitos e não havia flit ou durma bem que desse conta de espantar aqueles
malditos mosquitos. Eu sempre fui muito alérgico e ficava todo empolado. Quanto
mais coçava, mais empolava. Os mosquitos me picavam nos dedos, na nuca, nos pés,
ao redor da boca... e teve um que me mordeu bem dentro da orelha. Eu me coçava,
mas não desgrudava do jogo e agarrado aos meus feijões prestava atenção nos
números que iam sendo cantados. Eu usava qualquer coisa que estivesse ao meu
alcance pra coçar aquela picadinha de mosquito que começava a inchar dentro do meu
ouvido. Lápis, garfo, palito de fósforo, unh, qualquer coisa...... coçava, coçava até
desistir de coçar uma mordida e começar a coçar outra.
Não me lembro bem como a noite terminou e nem quem ganhou no bingo, mas alguns
dias mais tarde, já de volta à cidade, minha mãe começou a perceber que eu não
estava ouvindo direito. Falava até alto comigo. Chegava a gritar para chamar minha
atenção, mas eu tinha, misteriosamente, ficado meio surdo do ouvido esquerdo. Aflita
como toda mãe e talvez meio preocupada por talvez ter que aprender linguagem de
sinais... me levou ao médico. Ele examinou, virou, mexeu e futucou meu ouvido por
horas. Já estava a ponto de desistir quando deu um suspiro de alívio mostrando na
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ponta da pinça o motivo da minha surdez: Lindo, pretinho, já meio descascado e dando
broto.
(SLIDE BINGO 2/FEIJÃO) O feijão do bingo.
(obrigado)
Contar histórias é uma forma de arte de improviso por vezes comparada à música,
mais precisamente ao Jazz. Atores, cantores, rappers e comediantes modernos podem
às vezes ser contadores de histórias, usando materiais tradicionais, originais ou
históricas ao produzirem suas canções. Geralmente, um narrador não memoriza um
conjunto de textos, mas aprende uma seqüência de incidentes que compõem uma
espécie de roteiro que faz sentido. Esse roteiro forma um arco narrativo (uma trama)
com um início, meio e fim. O narrador visualiza os personagens e cenários e então
improvisa o discurso. Por conseguinte, assim como uma sequência de jazz raramente é
reproduzida de maneira idêntica, nunca duas narrativas de uma mesma história oral
serão exatamente iguais.
Como parece que as histórias que eu estou contando estão agradando vocês, vou
contar mais uma bem curiosa.
(SLIDE HALLOWEEN) Eu era menino e a família foi para os Estados Unidos por conta do
trabalho de meu pai. Tudo era novidade, a escola, as palavras, o frio e chegou o
Halloween, que eu já conhecia com outro nome: esse negócio de criança ir de porta
em porta pegando doce era em dia de Cosme Damião, pra mim aquilo era dia de
Cosme e Damião, só que com outro nome. E era diferente: as crianças se fantasiavam,
o que era o máximo. Eu quis me fantasiar de Peter Pan. Nos dois anos seguintes eu fui
pirata e príncipe. E no outro ano voltamos ao Brasil. No meu primeiro Cosme e Damião
de volta é claro que eu queria me fantasiar de alguma coisa. Minha mãe dizia que não
tinha fantasia, que eu ficasse quieto, que Cosme Damião não era halloween, mas pra
mim não tinha como... e, se eu não podia ser príncipe, fantasma ou astronauta então
eu ia ser... santo... igual ao do pacotinho dos doces... e assim, peguei um lençol verde
da cama e uma toalha de mesa vermelha, cortei um buraco pra passar a cabeça,
amarrei um cinto na cintura e lá fui eu, vestido de Cosme, ou Damião, pegar doce
naquele “halloween” do dia 27 de setembro, debaixo de um calor infernal. peguei
muitos doces graças ao santo... e ganhei umas boas palmadas graças à minha
imaginação.
(obrigado)
(SLIDE PIXAR) Embora praticamente todos os seres humanos contem histórias, muitos
indivíduos elevaram esta habilidade ao nível de arte. Na década de 1970, uma assim
chamada "Renascença" da literatura oral teve início nos Estados Unidos e como
consequência, muitos narradores tornaram-se profissionais da literatura oral. Outro
resultado foi a criação da National Association for the Perpetuation and Preservation of
Storytelling (NAPPS), agora National Storytelling Network ("Rede Nacional de
Literatura Oral"). Esta organização profissional auxilia a organizar recursos para
narradores e organizadores de festivais. Na atualidade, existem dúzias de festivais de
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contadores de histórias e centenas de profissionais do ramo em todo o mundo. Eles
viajam com freqüência de festival em festival, onde fazem suas apresentações. Nos
intervalos dos festivais, realizam palestras e oficinas literárias onde ensinam seu ofício
para eventuais interessados.
A PIXAR tem até uma fórmula para se contar uma boa história:
Era uma vez um(a) ......................
Todos os dias ele(a) ..........................
Um dia .........................
por causa disso.........................................
Por causa disso ......................................................
Por causa disso .........................................
Até que finalmente.................................................
A necessidade de contar e ouvir histórias é essencial à espécie Homo sapiens –
aparentemente, é a segunda necessidade após nutrição e antes de amor e abrigo.
Milhões sobrevivem sem amor ou teto, quase ninguém pelo silêncio; o oposto do
silêncio leva rapidamente à narrativa, e o som da história é o som dominante em
nossas vidas, dos pequenos relatos dos nossos eventos cotidianos aos mais vastos
feitos da humanidade. Vejam essa imagem incrível do centro de distribuição de livreos
da Amazon.com em Seatle
Eu gostaria de mostrar um vídeo incrível para vocês, que dura apenas 2 minutos e
conta a história da humanidade. Sem palavras...
http://www.youtube.com/watch?v=MrqqD_Tsy4Q (2 minutes)
E assim já estamos perto do fim da minha apresentação e eu gostaria de contar a
última história, começando pelo final, que na verdade é um novo começo:
Essa história termina e recomeça aqui, comigo contando essas histórias pra vocês e
vendo essas mesmas histórias sendo recontadas em outro idioma num momento
irepetível.
Esse é o clímax dessa minha história. Eu em processo de formação me aprimorando
nas palavras trabalhando no ofício de bem contar para poder bem interpretar.
(SLIDE TRIBO) em 3 partes
E assim vem caminhando a humanidade. Nossas vidas, nossas culturas, nossa própria
existência são compostas de milhares de histórias que se sobrepõem. Tem sido assim
desde o início dos tempos e parece que assim será ainda por mais tempo que
possamos sequer imaginar. Assim são as histórias... Temos que mexer com o coração
dos nossos ouvintes. É importante que eles digam... AH..... e quando entenderem o “X”
da questão digam HÁ!!!
E assim a mágica se completa... AH HÁ!!! Nos tornamos cúmplices nesse momento. A
história não é mais “minha”, mas “nossa”. O eu desaparece e só existe o nós.
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Lembrem-se, contar uma história (assim como interpretar um texto) não é despejar
informações.
Uma boa história (assim como uma boa interpretação) não é a cereja no sundae... ela é
o próprio sundae!!
(SLIDE SUNDAE)
Como dizia o filósofo, pensamos, logo existimos. E se assim somos, é porque nos
contaram, e mais ainda, algo seremos como frutos do que um dia contaremos para
sermos felizes para sempre.
Obrigado...