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SAÚDE CURSO EFA N/S PEDRO BRANDÃO
O fantasma da gripe A  Estava para escrever sobre este tema há algum tempo porque, na minha opinião, acho que as empresas farmacêuticas ganharam muito dinheiro com esta pandemia.  Fonte: http://sol.sapo.pt/blogs/jas/archive/2010/02/05/O-fantasma-da-Gripe-A.aspx (adaptado)
Mas hesitei sempre no último momento. E hesitei porquê? Porque a minha ideia era desvalorizar a doença – mas temia as eventuais consequências que isso pudesse ter.
É sempre muito delicado falar sobre a saúde. Uma pessoa dá conselhos com a melhor das intenções, ‘Olha faz isto e aquilo’, ‘Deixa estar, não te rales’, mas se as coisas correm mal as consequências podem ser graves. Assim, na dúvida, o melhor é estar calado. E foi isso que fiz.
Todos sabemos que qualquer gripe pode degenerar em pneumonia e provocar a morte. Qualquer gripe, repito. Mas se uma pessoa falecer em consequência da gripe A lá vêm as autoridades dizer que aquela morte poderia ter sido evitada se a vítima se tivesse vacinado.
As dúvidas acerca da doença já são públicas a nível nacional e internacional. Já outras doenças ainda recentes provocaram alarme e grande mediatismo, como a doença das vacas loucas e a gripe das aves.
Talvez por espírito de contradição, desconfio dos temas apresentados com grande aparato mediático. Quem não se lembra do alarme lançado com a doênça das vacas loucas ou com a gipe das aves
Ora, quantas pessoas morreram em Portugal em consequência dessas doenças? Poucas ou nenhuma, que eu saiba. Mas milhares ou milhões de animais foram abatidos. Houve prejuízos incalculáveis, empresas falidas, trabalhadores que ficaram sem emprego, famílias que caíram na desgraça.
Os assuntos de saúde, hoje, são sagrados. Ninguém se atreve a contestá-los. Ninguém se atreve a invocar o dinheiro gasto quando está em causa a saúde. O Governo faz cortes em tudo – mas, quando se trata da saúde, o caso fia mais fino. Quem quer ficar como responsável por uma morte que, em teoria, poderia ter sido evitada?
Assim, gastam-se milhões e milhões em exames médicos que, em muitos casos, eram desnecessários. Mas ninguém quer assumir a responsabilidade de os negar. A saúde deve ser a área onde há maior desperdício de meios.
Também por isso ninguém se indignou com as vacas, porcos e frangos abatidos aos milhões, empilhados em montes e queimados. Ninguém se interrogou: justificar-se-ia? Ninguém questionou: valeu a pena? E os animais não protestam...
Voltando à gripe A, ou H1N1, este vírus é semelhante ao da gripe normal, porventura até mais benigno e com uma mortalidade inferior.
No entanto, os media fizeram disto um prato forte, as notícias choveram, as pessoas alarmaram-se, o Ministério da Saúde tomou medidas (para não poder ser acusado de incúria), os hospitais cumpriram os preceitos estipulados, os gastos foram de muitos milhões.
Para se ter uma ideia, nos hospitais os suspeitos de gripe A eram consultados numa sala isolada, o médico e o enfermeiro que os observavam iam equipados com kits que incluíam barrete, óculos, máscara e luvas, que eram a seguir destruídos, as salas eram depois esterilizadas, bem como toda a roupa do médico e do  Enfermeiro
Aos hospitais, ao país, isto custou muitos milhões. Com que eficácia? Por cada dez ou vinte suspeitos havia apenas um doente: os outros eram levados ao hospital pelo pânico gerado pelo eco mediático.  Poder-se-á sempre dizer que, se não fossem estes cuidados, teria havido mais mortes.
Este tipo de fenómenos será, entretanto, cada vez mais frequente. É uma das consequências da globalização. Os media noticiam, as pessoas alarmam-se, os Governos não querem arriscar, as multinacionais da área movimentam-se: nunca se deve ter vendido tanto desinfectante para as mãos, tantas máscaras, tanto Tamiflu, como o ano passado e no princípio deste ano.
Claro que a factura vem depois. Quando o défice sobe terrivelmente, como aconteceu este ano, todos protestam. Todos criticam: não se devia ter feito isto ou aquilo. Ninguém se lembra dos gastos disparatados, dos milhões e milhões deitados à rua em consequência de pragas como estas doenças-fantasma.
FIM

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  • 1. SAÚDE CURSO EFA N/S PEDRO BRANDÃO
  • 2. O fantasma da gripe A Estava para escrever sobre este tema há algum tempo porque, na minha opinião, acho que as empresas farmacêuticas ganharam muito dinheiro com esta pandemia. Fonte: http://sol.sapo.pt/blogs/jas/archive/2010/02/05/O-fantasma-da-Gripe-A.aspx (adaptado)
  • 3. Mas hesitei sempre no último momento. E hesitei porquê? Porque a minha ideia era desvalorizar a doença – mas temia as eventuais consequências que isso pudesse ter.
  • 4. É sempre muito delicado falar sobre a saúde. Uma pessoa dá conselhos com a melhor das intenções, ‘Olha faz isto e aquilo’, ‘Deixa estar, não te rales’, mas se as coisas correm mal as consequências podem ser graves. Assim, na dúvida, o melhor é estar calado. E foi isso que fiz.
  • 5. Todos sabemos que qualquer gripe pode degenerar em pneumonia e provocar a morte. Qualquer gripe, repito. Mas se uma pessoa falecer em consequência da gripe A lá vêm as autoridades dizer que aquela morte poderia ter sido evitada se a vítima se tivesse vacinado.
  • 6. As dúvidas acerca da doença já são públicas a nível nacional e internacional. Já outras doenças ainda recentes provocaram alarme e grande mediatismo, como a doença das vacas loucas e a gripe das aves.
  • 7. Talvez por espírito de contradição, desconfio dos temas apresentados com grande aparato mediático. Quem não se lembra do alarme lançado com a doênça das vacas loucas ou com a gipe das aves
  • 8. Ora, quantas pessoas morreram em Portugal em consequência dessas doenças? Poucas ou nenhuma, que eu saiba. Mas milhares ou milhões de animais foram abatidos. Houve prejuízos incalculáveis, empresas falidas, trabalhadores que ficaram sem emprego, famílias que caíram na desgraça.
  • 9. Os assuntos de saúde, hoje, são sagrados. Ninguém se atreve a contestá-los. Ninguém se atreve a invocar o dinheiro gasto quando está em causa a saúde. O Governo faz cortes em tudo – mas, quando se trata da saúde, o caso fia mais fino. Quem quer ficar como responsável por uma morte que, em teoria, poderia ter sido evitada?
  • 10. Assim, gastam-se milhões e milhões em exames médicos que, em muitos casos, eram desnecessários. Mas ninguém quer assumir a responsabilidade de os negar. A saúde deve ser a área onde há maior desperdício de meios.
  • 11. Também por isso ninguém se indignou com as vacas, porcos e frangos abatidos aos milhões, empilhados em montes e queimados. Ninguém se interrogou: justificar-se-ia? Ninguém questionou: valeu a pena? E os animais não protestam...
  • 12. Voltando à gripe A, ou H1N1, este vírus é semelhante ao da gripe normal, porventura até mais benigno e com uma mortalidade inferior.
  • 13. No entanto, os media fizeram disto um prato forte, as notícias choveram, as pessoas alarmaram-se, o Ministério da Saúde tomou medidas (para não poder ser acusado de incúria), os hospitais cumpriram os preceitos estipulados, os gastos foram de muitos milhões.
  • 14. Para se ter uma ideia, nos hospitais os suspeitos de gripe A eram consultados numa sala isolada, o médico e o enfermeiro que os observavam iam equipados com kits que incluíam barrete, óculos, máscara e luvas, que eram a seguir destruídos, as salas eram depois esterilizadas, bem como toda a roupa do médico e do Enfermeiro
  • 15. Aos hospitais, ao país, isto custou muitos milhões. Com que eficácia? Por cada dez ou vinte suspeitos havia apenas um doente: os outros eram levados ao hospital pelo pânico gerado pelo eco mediático. Poder-se-á sempre dizer que, se não fossem estes cuidados, teria havido mais mortes.
  • 16. Este tipo de fenómenos será, entretanto, cada vez mais frequente. É uma das consequências da globalização. Os media noticiam, as pessoas alarmam-se, os Governos não querem arriscar, as multinacionais da área movimentam-se: nunca se deve ter vendido tanto desinfectante para as mãos, tantas máscaras, tanto Tamiflu, como o ano passado e no princípio deste ano.
  • 17. Claro que a factura vem depois. Quando o défice sobe terrivelmente, como aconteceu este ano, todos protestam. Todos criticam: não se devia ter feito isto ou aquilo. Ninguém se lembra dos gastos disparatados, dos milhões e milhões deitados à rua em consequência de pragas como estas doenças-fantasma.
  • 18. FIM