O documento discute a pecuária na Amazônia e argumenta que, com o manejo adequado da terra e reflorestamento, a pecuária pode ser uma atividade econômica sustentável que gera renda para a região e recupera áreas degradadas. Embora reconheça os excessos do passado, defende que a pecuária trouxe benefícios e, se realizada corretamente hoje em dia, pode continuar contribuindo para a Amazônia de forma ambientalmente responsável.
COMO PLANEJAR AS CIDADES PARA ENFRENTAR EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS.pdf
Pecuária no amazonas
1. A PECUÁRIA NO AMAZONAS
Tenho ouvido quase que diariamente os ecologistas
de plantão taxarem as atividades pecuárias,
principalmente a criação de bovinos e bufalinos,
como predadora do meio ambiente. Para ser mais
claro, dizem ser devastadora e a principal
responsável pelo desmatamento da Amazônia.
Essas observações merecem uma grande reflexão.
De início vamos separar o que aconteceu no Pará,
que não tendo alternativa optou pela exploração
madeireira e a criação de gado de forma extensiva.
O Amazonas apostou todas as suas fichas na Zona
Franca que acabara de se implantar em Manaus.
Ficamos literalmente dependentes da Zona Franca
de Manaus.
Por influencia dos paraenses, nas décadas sessenta
e setenta, com a substituição das fibras maturais
pelas sintéticas e a conseqüente decadência do
cultivo da juta e da malva, os municípios do Médio
e Baixo Amazonas, como alternativa de
sobrevivência fizeram a opção pela criação de
bovinos, transformando-se inicialmente as áreas de
várzea onde se cultivava a juta em pastagens para
alimentação do gado. Meus pais e muitos de seus
amigos produtores de fibras estavam entre eles.
Nos anos setenta os bancos oficiais, responsáveis
pelos financiamentos a longo prazo, ofereciam aos
1
2. que se propunham “criar gado” na Amazônia
incentivos que os encorajavam a dobrar as áreas
de pastagens para suportar mais animais.
Desmatar e queimar fazia parte de nossa cultura.
Chegávamos ao cumulo de derrubar as matas
ciliares para que as propriedades pudessem
aparecer aos olhos dos vizinhos.
Com a chegada dos militares ao poder a ocupação
da Amazônia pelo boi foi muito evidenciada, afinal
“ deveríamos ocupar para não entregar” . A
Belém/Brasília, a Transamazônica e a Perimetral
Norte tinham esse objetivo.
Ao avaliarmos a relação custo benefício dessas
atividades, sem paixões e radicalismos, veremos
que apesar dos excessos, trouxeram muitos
benefícios para o médio e baixo Amazonas.
Hoje, com novos conceitos e os avanços tecnológicos
resultantes de pesquisas, com foco especial para a
preservação do meio ambiente, atrevo-me, mesmo
correndo risco de ser mal interpretado, a
relacionar entre as alternativas de busca de
caminhos para gerar ocupação e renda em nosso
interior, principalmente nos municípios do Médio e
Baixo Amazonas, de Boca do Acre, Guajará, Apúi e
Ipixuna, a pecuária entre as atividades
econômicas, que por incrível que possa parecer, se
apresenta com resultados importantíssimos na
2
3. recuperação de áreas degradadas do Bioma
Amazônico.
Nesses municípios essas áreas de várzea que
serviram para o cultivo da juta e as de “terra
firme” que foram e continuam sendo
abandonadas após dois ou três cultivos seguidos de
mandioca, poderiam ser transformadas em
pastagens que de forma manejada (rotatividade),
poderiam receber muito animais por hectare.
Na implantação desses projetos se exigiria que
fossem replantadas as matas ciliares, revitalizadas
as nascentes e se reflorestasse a propriedade com
espécies nobres, nativas ou adaptadas a nossa
região.
Recursos para isso existem e estão disponíveis nos
bancos oficiais, falta-nos coragem, vontade política
e a determinação de fazer. Que tal nos
desarmarmos e discutir o assunto. Vou ficar na
torcida.
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