Este documento discute as divergências entre economistas liberais e seus críticos sobre a eficiência do mercado e o nível ideal de intervenção estatal. Apresenta as origens do pensamento liberal com Adam Smith e como evoluiu com autores posteriores. Também discute as críticas de Marx e Keynes ao liberalismo, apontando problemas como desemprego e crises. O objetivo é entender os principais pontos de divergência entre essas visões para analisar diferentes diagnósticos e prescrições econômicas.
Aula 38 david ricardo - principais pontos teóricos
O que é o neoliberalismo? Os principais pontos de vista
1. UNIVERSIDADE DE BRASÌLIA SUMÁRIO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
A Série Textos Didáticos tem como objetivo contribuir para a atualização da
Bibliografia de uso corrente nos cursos de graduação em Economia. Resumo ................................................................................................. 04
Editor
1 . O liberalismo econômico e o neo-liberalismo .................................. 06
Bernardo Mueller
Diagramação e Editoração Eletrônica 2. Os críticos ......................................................................................... 09
Ismar Marques Teixeira
2.1. Marx ........................................................ ........................... 09
Apoio
Projetos Gerais DEX - UnB e CORECON-DF 2.2. Keynes .................................................................................. 12
Ficho Catalográfica
3. O ressurgimento das cinzas: o novo debate liberal.......................„.. 13
Mollo/Maria de Lourdes Rollemberg
O ~liberalismo: O que é? De onde veio? Para onde vai?
Universidade de Brasília; Departamento de Economia
1996 20p, Série Textos Didáticos, 17
17. O Neoliberalismo: O que é? De onde veio? Para
onde vai?
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2. O Neoliberalismo O que é ? De onde veio?
Para onde vai?
Maria de Lourdes Rollembera Mollo
RESUMO:
Os economistas não pensam da mesma forma sobre os diferentes assuntos.
Nesta aula teremos oportunidade de ver um exemplo bem concreto e atual desse tipo
de divergência, por meio da discussão entre os economistas chamados liberais e dos
seus críticos. A divergência aqui analisada, sobre a maior ou menor eficiência do
mercado e, conseqüentemente. a defesa de menor ou maior intervenção estatal é um
ponto de separação importante entre as escolas de pensamento econômico. Ela está
na base das diferenças de diagnósticos para os diversos problemas econômicos a
serem tratados ao longo do curso, e das prescrições diferentes para resolvê-los.
Assim. o objetivo geral deste texto é discutir as razões dos principais pontos de
divergência, nos argumentos que sustentam sua defesa, tanto no que se refere às
déias liberais quanto às de seus críticos, e em algumas das conseqüência destas
idéias.
3. O Neoliberalismo
O que é? De onde veio? Para onde vai? as conseqüências do mesmo em termos de prescrições econômicas. Como nem todos
os economistas têm idéias liberais, é preciso também conhecer os argumentos dos seus
Maria de Lourdes Rollemberg Mollo* críticos, bem como o que propõem como alternativa em termos de prescrições
econômicas.
"Um dos maiores temores do presidente Fernando Henrique Cardoso é que lhe
deixem marcado com o rótulo de neoliberal»(Cláudia Antunes em artigo no JB de 16
1. O liberalismo econômico e o neo-liberalismo
de setembro/95 Idéias/Livros).
"Acabou a macroeconomia. O que se tem hoje é uma neo-microeconomia, que O liberalismo econômico encontra sua expressão mais ampla nos escritos dos
domina a economia mundial" (Celso Furtado, JB de l o de outubro/95). economistas chamados clássicos e dos seus sucessores, os neo-clássicos. A concepção
liberal em economia prega a liberdade de mercado, por acreditar que ele é auto
"Precisamos de uma política industrial, agrícola, fundiária , de distribuição de regulador e que é a melhor maneira de articulação entre os indivíduos de uma
riqueza e, aí sim, também uma reforma fiscal e tributária" (Reinaldo Gonçalves, JB de sociedade, a mais eficiente. Esta doutrina apoia-se em idéias de individualismo,
1 de outubro de 1995). competição, eficiência, privatização, abertura de mercados, desregulamentação, e
espírito empresarial, sobre as quais teceremos comentários ao longo do texto a seguir.
"Não é porque a gente estabilizou que os investimentos diretos vão acontecer. O liberalismo econômico nasceu com Adam Smith, pensador do século XIX,
A gente tem dado pouquíssima importância a uma política estratégica de investimento que acreditava que se os indivíduos fossem deixados livres haveria algo como uma
(Edward Amadeo, JB de 1o de outubro/95). "mão invisível" que garantiria o bem-estar coletivo a partir destes interesses
individuais. Daí o nome liberalismo, liberdade para ação dos indivíduos, operando
"O Brasil precisa de uma política deliberada de criação de empregos como tem num sistema de mercado livre. A tônica era, nas palavras de outro liberal, J.B. Say, o
o Japão"(Celso Furtado, O Estado de São Paulo, 2 de outubro de 1995). "laissez-faire, laissez-passer" (deixai fazer, deixai passar).
Segundo Smith, o desejo do indivíduo de melhorar sua condição de vida,
"O Estado não tem dinheiro para investir. A nova lógica exige uma associação realizando trocas para reduzir a dureza e a fadiga do trabalho, e acumulando para
com parceiros estratégicos que tragam tecnologia» (Paulo Guedes, JB de lo de aumentar o seu padrão de vida, acabaria por conduzir ao bem estar coletivo, mesmo
outubro/95). quando não houvesse essa intenção ou planejamento deliberado nesse sentido. Para
ele, cada indivíduo esforça-se ao máximo para empregar seu capital na sustentação da
"O paradoxo do desemprego em meio a um capitalismo relativamente próspero indústria doméstica, de forma a que esta indústria seja conduzida a produzir o maior
não encontra fácil explicação" (Roberto Campos, em artigo A Grande Praga, Folha de valor; cada indivíduo necessariamente trabalha para tomar a renda anual da sociedade
São Paulo de 10 de outubro de 1995). a maior possível. "Geralmente, na realidade, ele não tenciona promover o interesse
público nem sabe até que ponto o está promovendo ... visa apenas seu próprio ganho e,
As frases acima, publicadas em diferentes jornais do país, mostram, em neste, como em muitos casos, é levado como que por uma mão invisível a promover
primeiro lugar, opiniões distintas sobre várias questões, todas ligadas à posição mais um objetivo que não fazia parte de suas intenções" (Smith, 1983, p. 379).
ou menos liberal dos economistas. Entendê-las, perceber o que está por trás de cada Havia, nesta época, por parte dos economistas chamados clássicos (e também
afirmação, requer que se tenha claro, em primeiro lugar, o que é o tão falado neo- dos seus críticos), uma preocupação em analisar a economia a partir do entendimento
liberalismo, conhecer a origem dos seus argumentos e como esses evoluíram, e saber do processo de produção como um todo e do processo de distribuição do que foi
produzido (entre as classes que compunham a sociedade, ou seja, os trabalhadores
assalariados, os capitalistas e os donos de terra) e, sobretudo, estavam esses
* A autora, professora do Departamento de Economia da Universidade de Brasília - UnB, agradece os comentários
de Adriana Amado e Vânia Bastos, que permitiram aperfeiçoar as primeiras versões deste trabalho, embora se economistas preocupados em entender como se dava a articulação entre estes dois
responsabilize integralmente pelas idéias aqui transcritas . processos de produção e distribuição.
4. Assim é que a chamada lei de Say, outro marco da concepção liberal, dizia que "a grande mercado onde se oferecem fatores de produção (trabalho, capital e terra) de um lado, e
oferta cria sua própria procura". Trata-se de entender o processo produtivo como criando os bens e serviços, do outro, tenda para o equilíbrio. Trata-se de novo de conceber a Lei de Say
rendimentos em termos de salários, lucros e renda, necessários à aquisição dos frutos da como verdadeira. Os rendimentos dos vendedores de fatores de produção, ou seja, os salários,
produção, constituindo, portanto, um processo auto-sustentado realizado por meio do os lucros e as rendas fundiárias, adquirem a produção de bens e serviços. Se não há consumo
mercado, onde são pagos os rendimentos e adquiridos os produtos. imediato, ou seja, se as pessoas poupam, isto não é problema, porque como esta poupança
A aceitação da lei de Say está ligada a uma visão de economia onde os indivíduos depende da taxa de juro (e cresce com a taxa de juro) e o investimento também depende da
buscam satisfazer suas necessidades ou seu consumo em diferentes datas, e onde a lógica de taxa de juro (de forma decrescente), haverá sempre uma taxa de juro que iguala a poupança e
funcionamento econômico é, então, derivada deste objetivo. É isto que conduz Ricardo, o investimento, ou seja, tudo o que for poupado será investido e não haverá nem sobra de
outro expoente do liberalismo econômico, a dizer que "ninguém produz a não ser para rendimentos nem sobras de produtos, conforme indicado no Quadro 1 abaixo. Cabe, pois,
consumir ou vender..." e "os produtos sempre são comprados com outros produtos ou com segundo estes autores, deixar o mercado livre e as ofertas e procuras se igualarão.
serviços" (Ricardo, 1982, p. 197, 198) e, em conseqüência disso, a acreditar que a produção
não podia sobrar ou não conseguir ser vendida de forma generalizada. A tendência seria,
pois, que a oferta agregada de produtos e a procura agregada por eles tendessem a se
igualar. Não haveria desemprego generalizado, mas apenas transitório e localizado. Uma
vez que a tendência ao equilíbrio estava garantida neste gênero de raciocínio, cabia apenas
preservar o livre jogo das forças de mercado.
As teses liberais de eficiência reguladora do mercado quando deixado livre vão ser
continuadas por outros autores até os nossos dias, a partir da introdução de diferentes
argumentos novos. Todos os argumentos, porém, têm em comum uma característica herdada
das idéias de Smith: a de que o que garante o caráter regulador do mercado é a liberdade de
ação individual, o respeito ao interesse de cada indivíduo¹.
Assim, destaca-se em primeiro lugar Hayek, para quem a intervenção estatal no A poupança (S) é tudo o que, da renda disponível das pessoas, não é consumido. Para os
sistema produtivo era danosa. Hayek era avesso aos sistemas de justiça social propostos pelos neoclássicos, ela pode ser vista como a oferta potencial de fundos ou recursos a serem
socialistas e social-democratas, por julgar que eles requerem a ação estatal extensiva. Além emprestados, e por isso quanto maior a taxa de jura (i), maior o interesse em poupar. Por
disso, achava que a possibilidade de crise no sistema econômico estava ligada ao desrespeito outro lado, esta taxa de juro maior recompensa a espera do consumidor que poupou e que
à soberania do indivíduo enquanto consumidor. Este desrespeito surgia quando o crédito era só poderá consumir no futuro. O investimento (1) é o gasto no aumento da capacidade de
concedido. Isto ocorra, conforme Hayek, porque o crédito bancário não derivava de poupança produção. Segundo os neoclássicos , ele pode ser visto como a demanda de recursos para
prévia, e só esta poupança poderia sinalizar adequadamente as preferências dos agentes serem tomados emprestados. Esta demanda declina com a taxa de juro, porque quando a
quanto ao consumo presente ou ao consumo futuro, de forma que os bens fossem produzidos taxa de juro cai, maior é o número de investidores para quem ela é compensada pela
na medida ideal para atender aos consumos desejados em diferentes datas. rentabilidade do capital que foi investido. Como a poupança cresce com a taxa de juro e o
A teoria neoclássica, por sua vez, acha-se construída sobre os alicerces das investimento decresce, haverá sempre um ponto de cruzamento das duas curvas, a uma
preferências individuais maximizadoras da utilidade dos bens para os consumidores e determinada taxa de juro. Haverá, pois, sempre uma taxa de juro (de equilíbrio) que
maximizadoras dos lucros dos produtores e das preferências individuais intertemporais dos igualará a poupança com o investimento, garantindo a Lei de Say, que assume a igualdade
poupadores. Observa-se de novo o consumo (em diferentes datas) e a satisfação das entre ofertas e procuras nos diferentes mercados.
necessidades e interesses individuais, em lugar de destaque no argumento econômico. São as
preferências individuais que permitem garantir que o mundo econômico, visto como
¹ Trata-se do chamado individualismo metodológico no jargão dos economistas.
5. tende a se ampliar e se alastrar pelo sistema produtivo como um todo, com conseqüências
2. Os críticos
sociais danosas como o desemprego.
A existência de moeda intermediando as compras e vendas, e a possibilidade de
2.1 – Marx interrupção das mesmas interrompendo o processo de acumulação de capital, seja por
dificuldade de achar compradores ou por retenção de moeda de forma generalizada, ou por
Desde o século XIX, século em que viveu Ricardo, a idéia de tendência ao
equilíbrio entre oferta e procura agregadas, que traduz a lei de Say, foi contestada, qualquer outra razão abria, segundo Marx, a possibilidade de crises. Além de analisar essas
destacando-se a posição de Marx a este respeito. possibilidades, Marx chamava atenção para as causas ou as razões efetivas que tenderiam a
Segundo Marx, o objetivo da produção capitalista não é o consumo, ou a levar às crises no capitalismo (ver o Quadro 2 abaixo).
satisfação das necessidades individuais, como deixava entender Ricardo na citação O processo de produção capitalista, cujo objetivo não é o consumo, ou a satisfação
mencionada anteriormente e como acreditam os outros liberais, seus sucessores, a ponto de das necessidades, como pensava Ricardo, mas a acumulação de capital, possui, segundo
construírem seus argumentos a partir desta idéia. O objetivo da produção capitalista, para Marx, rena tendência intrínseca a excluir dos seus frutos grande parte da população. Isto
Marx, responsável por sua lógica de funcionamento, é a acumulação de valor em termos ocorre seja via desemprego, seja via salários baixos, no primeiro caso como efeito da
monetários. Na sociedade capitalista produz-se mercadorias e não meros produtos, ou seja, concorrência através do uso de técnicas cada vez mais intensivas em capital e, no segundo
o objetivo é, desde que a produção se inicia, a venda do que foi produzido, para a obtenção caso, como imposição da lógica do sistema capitalista onde o objetivo é o lucro, e o lucro
de um valor, e um valor maior, ao final do processo. As mercadorias se caracterizam por máximo possível². Assim, para Marx, "a razão última de todas as crises continua sendo
serem frutos de trabalhos realizados de forma privada, aparentemente independerntes uns sempre a pobreza e a limitação do consumo das massas em face do impulso da produção
dos outros, mas que são, ao mesmo tempo, parte de um sistema de divisão social do capitalista: o de desenvolver as forças produtivas como se tivessem apenas por limite o
trabalho. Ou seja, a independência entre produtores é apenas aparente, porque as poder absoluto de consumo da sociedade" (Marx, 1974, p. 556). Haveriam, portanto, razões
mercadorias precisam ser vendidas, e os trabalhos privados contidos nelas precisam ser que poderiam levar à superprodução, ou seja a uma produção maior do que a chamada
transformados em dinheiro, para garantir a seus produtores sua permanência como tal, ou demanda solvável, ou demanda com disponibilidade dos recursos necessários para adquirir
seja, para garantir sua inserção social no processo de produção. Este processo é então o as mercadorias. A lei de Say não era, portanto, válida, na concepção de Marx. Ao contrário
processo pelo qual os trabalhos privados são socializados, e isto, como vimos, dá-se com a da visão harmônica contida nesta lei, de um sistema que tende a igualar oferta e demanda
utilização de dinheiro. A conversão das mercadorias em dinheiro é, pois, conversão de agregadas, Marx chamava atenção para o caráter antagônico desse sistema, sua lógica
trabalho privado em trabalho social, porque a moeda é o representante do trabalho social. excludente, decorrente do seu objetivo de maximizar lucros a partir da exploração do
Percebe-se, aqui, que nesta visão a moeda aparece como algo muito importante que articula trabalho alheio.
toda a sociedade através do seu funcionamento econômico. Por isso Marx dizia que a
moeda é uma relação social. A importância social que a moeda tem nesse tipo de
interpretação faz com que ela possa inclusive ser desejada por ela mesma, e então retida
pelas pessoas em determinadas fases.
Ora, a apreensão deste papel da moeda impede que se possa pensar a economia
capitalista como possuindo produtos que são trocados por produtos, como pensava Ricardo.
O papel da moeda separando as compras das vendas abre a possibilidade formal de
existência de interrupções nas compras e vendas que permeiam o circuito econômico e então
a possibilidade de crises. O crédito, por sua vez, permitindo que esta separação entre
compras e vendas se amplie, facilita, por um lado, as próprias compras e vendas mas, por
outro, amplia a possibilidade da própria crise e sua extensão, caso venha a acontecer. As
crises estão sendo vistas aqui como ausência de equilíbrio entre oferta de mercadorias e
procura das mesmas, que
²
Assim, para Marx, o desemprego não é um paradoxo na economia capitalista, como pensa
Roberto Campos, conforme expresso na frase transcrita no inicio deste trabalho.
6. QUADRO 2 2.2- Keynes
Marx se referiu ao longo de sua obra a dois tipos de razões que levariam a crises no capitalismo:
a tendência da taxa de lucro a decrescer e a tendência à superprodução ou ao subconsumo. Por urra lado, mencionava a
queda tendencial da taxa de lucro, que é a medida da rentabilidade dos capitalistas. Esta, ao desestimular o Keynes foi o segundo crítico de destaque do liberalismo. Formado na tradição
Investimento, pode conduzir à queda no emprego e nos salários, levando a uma crise de subconsumo, ou seja de
consumo inferior à produção. Este subconsumo poderia também surgir diretamente da tendência inerente à lógica de
neoclássica, é contra as conclusões liberais desta escola que ele se insurge, modificando, para
funcionamento do sistema capitalista de desempregar, como conseqüência da mecanização, e de reduzir salários para isso, alguns dos seus pressupostos e razões teóricas. Estruturou,
aumentar os lucros dos capitalistas Individuais. A queda de consumo que daí tenderia a advir não seria compensada assim, sua crítica, negando a idéia neoclássica mencionada anteriormente de que toda a poupança
necessariamente peio aumento do consumo dos capitalistas porque estes, embora aumentando seu consumo absoluto
com o aumento dos lucros, precisariam, destinar cada vez maior parcela de lucros - ao investimento, ou à acumulação fosse necessariamente destinada a investimento. Para Keynes, quem poupa não e quem investe,
de capital, para não sucumbir à concorrência. Assim, ter-se-ia inicialmente uma produção de meios de consumo e pode não haver coincidência entre a renda que deixa de ser gasta no consumo (poupança) e
superior ao próprio consumo, o que por si só levaria à redução de produção e, conseqüentemente, ao desemprego e aquela que é gasta na compra de máquinas, equipamentos e instalações para ampliação da
levaria ao mesmo tempo à suspensão das encomendas de meios de proa", o que espalharia e agravaria o problema do
desemprego, reduzindo ainda mais o consumo, e assim sucessivamente.
produção (investimento). Assim, pode vazar renda do circuito econômico, sem que ela volte sob
a forma de compra de outros bens, o que provoca uma deficiência de renda monetária necessária
à aquisição de mercadorias (ver esquema simplificado no Quadro 3 abaixo). A isto Keynes
chamava deficiência de procura efetiva. Há, por isso, sobra de produto, que não consegue ser
vendido e então demissão de operários, desemprego e, com ele, nova redução de demanda o que
conduz a sobra ainda maior de bens, e assim sucessivamente, como ocorreu na crise de 1929,
presenciada por Keynes.
Para Keynes, como os determinantes da poupança são diferentes dos determinantes do
investimento, ao contrário do que pensavam os neoclássicos, não há nada que garanta a
coincidência deles em algum nível. Além disso, Keynes achava que o investimento poderia não
se realizar porque as pessoas podiam em certas ocasiões achar-se inseguras sobre o que poderia
ocorrer no futuro, que Keynes chamava atenção que é incerto. Assim, como os poupadores são
diferentes dos consumidores, a poupança, ou o não consumo, pode ser decidida, e os
rendimentos monetários que vazaram do circuito econômico ao invés de serem incutidos podem
ser retidos sob a forma de moeda entesourada, ou preferência pela liquidez , como Keynes
chamava. A moeda seria, neste caso, um seguro contra a incerteza, uma vez que ela pode se
converter mais facilmente do que qualquer bem ou ativo em outros bens ou ativos, ou seja, ela é
o ativo mais líquido e mais interessante de ser retido em situação da incerteza, quando não se
sabe o que é melhor fazer. Ocorre que, se esta retenção de moeda ocorre de forma generalizada,
falta demanda pelos bens, que passam então a sobrar, desmentindo a lei de Say e o caráter auto-
regulador do mercado afirmado por ela. Isso é ainda mais importante se nos lembrarmos que a
moeda não pode ser produzida sem limites, o que impede que sua retenção possa ser
compensada com nova produção.
7. Revolução Industrial, sustentado este último nos argumentos fornecidos pelos
economistas clássicos. As teses liberais foram abaladas pela crise dos anos trinta, e
Keynes teorizou então sobre a importância do Estado, dando o status de "política
econômica" à intervenção estatal, e colocando-se o pensamento econômico
intervencionista, herdeiro das concepções keynesianas, como pensamento dominante
no imediato pós-guerra. Os problemas da política keynesiana vão fazer, finalmente,
ressurgir das cinzas, com mais sofisticação, as teses liberais e o debate em tomo delas.
Assim é que a preocupação com o comportamento individual, como base do
jogo eficiente das forças de mercado, aparece de novo nas correntes econômicas neo-
liberais mais modernas, que vêm dominando o pensamento econômico: os chamados
novos clássicos, de um lado, e os novos keynesianos, de outro. Os novos clássicos, cujo
representante mais importante é o ganhador do Prêmio Nobel de economia em 1995,
Robert Lucas, constroem seus argumentos a partir da idéia que eles chamam de
nacionalidade do agente econômico individual. Esta nacionalidade é definida como o
conhecimento que o indivíduo racional tem do modelo econômico. Este conhecimento
permite ao agente econômico antecipar-se à história, porque, segundo os novos
O esquema abaixo representa urna economia com empresas que vendem bens clássicos, eles conhecem a priori o resultado das mudanças dentro do modelo
e serviços que são comprados pelas famílias, que por sua vez vendem fatores de econômico e antecipam-se a elas. Este tipo de idéia nega a possibilidade do Estado
produção (trabalho, capital e terra), e por isso recebem salários , lucros , juros e rendas intervir no mercado, porque a própria ação estatal seria antecipada pelos indivíduos e
fundiárias que lhes permitem comprar os bens e serviços. Trata-se, pois, de um contrabalançada. Assim, os novos clássicos reforçam a idéia liberal de deixar o mercado
circuito de renda que garante que as rendas geradas no processo de produção são as agir livremente, de respeito às vontades individuais.
mesmas que compramos bens e serviços produzidos nele. A poupança, enquanto um Por outro lado, os novos clássicos afirmam não apenas a inviabilidade da
não consumo, significa um vazamento desta renda. O investimento, por sua vez, intervenção estatal mas o seu desinteresse, uma vez que crêem que o mercado é mais
corresponde a uma re-injeção de renda no circuito. Assim, só se houver garantia de eficiente na alocação de recursos do que o Estado.
que a poupança sempre se igualará o investimento, como pensavam os neoclássicos, é A crença na eficiência do comportamento individual operando no mercado é tão
que a lei de Say permanece válida. É disso que Keynes duvidava porque os importante no pensamento novo-clássico, que eles acham que mesmo as questões
determinantes da poupança e do investimento, para ele, eram diferentes, ao contrário maiores (macroeconômicas) de desemprego, crescimento, inflação, precisam ser
do que pensavam os neoclássicos, para quem tanto a poupança quanto o investimento entendidas como somatório de ações individuais e que, por isso, é preciso entender qual
dependiam da taxa de juro. Para Keynes a poupança dependia da renda das pessoas, e a ação individual que, uma vez agregada às outras, leva à conseqüência
o investimento dependia da relação entre a rentabilidade esperada do investimento e a macroeconômica que se quer analisar³ . Por outro lado, pregam a liberdade para estas
taxa de ,juro. ações individuais, como forma de garantir o equilíbrio nos mercados e,
conseqüentemente, o bom funcionamento do sistema econômico.
O comportamento individual é também objeto de muita análise por parte de um
outro grupo menos liberal que os novos clássicos. Tratam-se dos novos keynesianos.
3. O ressurgimento das cinzas: o novo debate liberal São chamados assim porque, tal como Keynes, percebem dificuldades que impedem o
mercado de funcionar como auto-regulador sempre. Segundo eles, os
A longa duração do debate entre liberais e seus críticos não impediu que o
3
tempo todo o Estado estivesse presente, embora de formas distintas, nem que as teorias Isto se chama. em linguagem econômica, buscar fundamentos microeconômicos da macroeconomia.
econômicas se sucedessem, alternando-se como dominantes. Assim, ao Estado É este tipo de preocupação que conduz Furtado, nas frases arroladas no início deste texto a dizer que o
que se faz hoje é una neo-microeconomia.
protecionista do mercantilismo seguiu-se o Estado liberal dos primórdios da
8. preços dos bens e serviços ou dos fatores de produção não são sempre flexíveis. A razão destas opções, como vocês já devem estar deduzindo, é que esses
Existem razões (falhas de mercado) que embora não se devam ao próprio mercado, teóricos continuam achando que o mercado é mais eficiente para decidir sobre como
fazem com que os preços não variem o suficiente para igualar ofertas e demandas e isto alocar recursos, e que o Estado, ao traçar políticas que afetem o comportamento
acaba por requerer alguma participação do Estado. individual dos agentes tende a produzir resultados menos eficientes. Daí serem também
Para esta corrente, e esta parece dominar hoje na política econômica brasileira, liberais, embora menos que os outros (novos-clássicos), que não admitem nenhuma
é preciso, contudo, respeitar ao máximo as ações e comportamentos individuais, tanto forma de política econômica como eficiente..
do ponto de vista analítico, na busca das razões para ações individuais que conduzem à Embora a tese dos novos keynesianos seja a de não fazer política discricionária
própria rigidez de preços, quanto do ponto de vista concreto, nas prescrições de política ou discriminatória por acreditar que o respeito às vontades e aos comportamentos
econômica. Esse respeito às vontades individuais é buscado exatamente porque os individuais seja mais eficiente como forma de alocar recursos, seus críticos frisam que
novos-keynesianos embora creiam em problemas como os de rigidez de preços, ainda não há maior discriminação do que tratar como iguais agentes em desigualdade de
assim não querem tirar todas as funções do mercado por acreditarem nelas. condições, e isto tanto mais quanto maiores forem as desigualdades. Esta crítica
A intervenção do Estado, para os novos clássicos deve ser evitada tanto no que ressalta, portanto, que os efeitos das políticas liberais são mais danosos em situações
se refere à esfera macroeconômica quanto à esfera macroeconômica. Isto significa que como a brasileira, de enormes desigualdades económico-sociais.
pregam o "laissez-faire" tanto quanto à condução de problemas maiores (macro) como Curioso é notar que Keynes, em primeiro lugar, apesar de entusiasta da política
a condução dos processos de crescimento, inflação, ajustamento externo, etc., quarto econômica, era mais céptico com relação à política monetária do que com relação à
no que se refere á condução de setores específicos (micro), agricultura , indústria, política fiscal, justamente porque, segundo ele, ela dependia demais da reação individual
desempenho regional, etc. Mesmo no que se refere à política monetária, canal de dos agentes. Se esta reação não fosse coerente com as necessidades agregadas da
atuação passível de ser usado pelos liberais menos ortodoxos, como veremos adiante, economia, e poderiam não ser, os efeitos almejados não seriam alcançados. Para
deve ser evitada para o grupo dos novos-clássicos, que tem uma posição ultra liberal. garantir tais efeitos, Keynes pregava um papel do Estado muito mais ativo e direto, por
Devem haver regras pré-determinadas de emissão de moeda, anunciadas com meio de políticas de investimento e/ou política fiscal em geral, que não dependiam da
antecedência, a serem seguidas pelo Governo, o que significa tirar graus de liberdade da subjetividade dos agentes econômicos individuais.
ação do Governo. Além disso, embora Keynes, no início de sua carreira, tenha usado alguns
Os novos keynesianos, contudo, pregam o "laissez faire" do lado micro, pressupostos e desenvolvido algumas idéias hoje retomadas pelos novos-keynesianos,
rejeitando como ineficientes as políticas setoriais e regionais, mas vêem como sua obra se modificou muito ao longo de sua vida, tendo chegado ao final dela com
necessária a intervenção macro da política econômica, uma vez que o mercado não se idéias que conflitam com algumas das teses defendidas pelos novos-keynesianos
ajusta sozinho no curto prazo. Neste caso, eles preferem atuar através de política atualmente. Daí porque, os autores chamados pós-keynesianos, mais heterodoxos e
monetária, ou seja, mexendo na taxa de juro ou na quantidade de moeda do sistema, e mais à esquerda dos novos keynesianos, são contra várias das idéias destes.
então forçando uma contração ou expansão da atividade econômica, porque crêem A primeira discordância a destacar aqui é com relação à pertinência de se
que esta é a maneira que mais respeita as leis do mercado, a forma menos deduzir explicações macroeconômicas de razões relacionadas a comportamentos
discricionária de atuar, uma vez que a definição sobre a moeda ou a taxa de juro é individuais. Esta discordância se devia, em parte, ao fato de que, para Keynes os
uma só para a economia como um todo. Negam-se, pois, a propor e executar uma agentes tinham não apenas lógicas de comportamentos diferentes, como importâncias
política industrial ou uma política regional que priorize alguns setores ou algumas ou pesos diferenciados. Ou seja, na opinião de Keynes, a decisão do capitalista, por
regiões com o intuito, por exemplo, de resolver problemas de desemprego, exemplo, tinha um impacto maior para o funcionamento da economia do que a decisão
subdesenvolvimento, ou atendimento a necessidades e objetivos específicos da dos trabalhadores. Ora, se os agentes têm reações diferenciadas e com pesos diferentes,
sociedade4. ou seja, se são heterogêneos, suas ações individuais não podem ser agregadas, somadas,
para explicar um fato macroeconômico. Só isso já é um desacordo com a posição novo-
keynesiana. Mas a questão não termina aí. Mais importante do que isso, os
comportamentos individuais, segundo Keynes, dependiam do próprio ambiente
4
macroeconômico, como por exemplo do lugar ocupado e do papel desempenhado pelo
Essa é a posição oposta à de alguns dos autores citados no início deste texto, que querem, ao agente econômico no processo de acumulação de capital, se
contrário. a implementação de políticas industrial, agrícola, regional, de investimento, de aumento de
emprego etc.
15
9. especulador ou se empresário, ou do grau de incerteza em meio à qual tomaria sua amplitude de possibilidades de articulação dos mercados, que fazem crer num único
decisão. Tratava-se pois, para Keynes, mais de buscar as razões macro que afetavam o mercado gigantesco, global. Não apenas observa-se a generalização da abertura de
comportamento individual (micro) e não o contrário, como querem os novos clássicos mercados externos, tanto no que se refere aos fluxos comerciais quanto aos
e os novos keynesianos5 . investimentos e movimentos de capitais, como observam-se práticas produtivas no
Essa questão também é compartilhada por autores marxistas que se negam a processo de acumulação de capital que parecem não levar em conta as fronteiras
ver o comportamento individual como algo independente da lógica de funcionamento nacionais. É o caso das empresas onde a sede das decisões está em um país, a
do sistema econômico. É a lógica capitalista que conduz à busca de lucro, e esta acaba concepção dos produtos e processos em outro, enquanto a mão de obra é recrutada e
por exigir comportamentos do capitalista, diferentes e antagônicos aos do trabalhador, utilizada em um terceiro e a matéria prima fornecida por um quarto, e assim
explorado pelos primeiros. Esta lógica afeta diferenciadamente os comportamentos e sucessivamente.
conduz a tendências típicas desse modo de produção, como desempregar em busca do Este processo foi se desenvolvendo no mundo todo, paralelamente à
aumento da produtividade para ganhar a concorrência; centralizar e concentrar capital chamada desregulamentação, ou seja, o processo de retirada dos controles do Estado e
em monopólios e oligopólios como resultado desta mesma concorrência e isto, à privatização, ou entrega à iniciativa privada de empreendimentos anteriormente
segundo Marx, levaria a crises recorrentes por dificuldades de venda da produção, levados a efeito pelo Estado. T rata-se, pois, de um processo amplo de liberalização e
porque a renda tende a se concentrar nas mãos de poucos e/ou porque a taxa de lucro ampliação de mercados que segue de perto o receituário liberal por permitir o estímulo
tende contraditoriamente a cair quanto mais os capitalistas se esforçam por aumentá-la. ao livre jogo das forças de mercado. Intenso é esse jogo num mundo em que se
São a oposição de interesses e o caráter antagônico das relações entre ampliam os movimentos de mercadorias, serviços, investimentos e sobretudo de
capitalistas, de um lado, e trabalhadores, do outro, segundo Marx, e a incerteza que capitais que são investidos e reinvestidos em várias praças de vários países, com a
banha a economia e que afeta as decisões de investimento, segundo Keynes, que agilidade permitida pela retirada dos controles estatais (desregulamentação), mas
impedem esses autores de ver o mercado como regulador, e tendendo ao equilíbrio. também pela existência de canais informatizados muito mais ágeis do que os do
As convicções diferentes destes autores, os levam a posições distintas sobre passado.
crescimento, estabilização, política econômica mais adequada, inflação, e demais temas Segundo os liberais, este processo traz inúmeras vantagens. Os investimentos
econômicos, como veremos ao longo deste curso. São estas convicções distintas que os podem ser feitos em lugares onde se encontrem as melhores (mais baratas) dotações de
levam a divergir, em particular, quanto a questões como as da privatização e da recursos, e com a tecnologia mais eficiente. Os produtos daí decorrentes tendem a ser
globalização. mais baratos porque a concorrência é acirrada. A padronização dos produtos (Mac
Quanto à privatização, a conclusão é imediata. Quanto mais liberal é a Donald, Pizza Hut, Benetton) é garantia de nível mínimo de qualidade elevado. A
posição, maior é o interesse em privatizar, por acreditarem eles que a busca de ampliação de mercados amplia as possibilidades de crescimento dos países que se
interesses individuais é mais eficiente no processo de condução de empresas, o que inserirem na globalização. A concorrência reduz a inflação dos países participantes,
leva à preferência pela iniciativa privada , ao invés da estatal, quando se quer garantir a porque força a queda dos preços dos produtos concorrentes e então os custos de
boa performance do chamado espírito empresarial. produção em geral.
Quanto ao processo de globalização, ele é a forma específica tomada na A estas vantagens os críticos, de concepção econômica dita heterodoxa, opõem
atualidade pelo processo de internacionalização da economia, que se desenvolve há alguns problemas sérios que vêm se mostrando com freqüência e generalidade
muito tempo. No início este processo se restringia a movimentos de mercadorias; em alarmantes. O processo de globalização, ao invés de reduzir as desigualdades vem
seguida desenvolveram-se os movimentos de capitais de empréstimos para financiar o ampliando-as. Esta ampliação se percebe, em termos gerais, em dois processos que
comércio de mercadorias e de serviços; mais adiante observou-se o transplante do acompanham de perto a globalização. Tratam-se dos processos chamados de
capital produtivo, com indústrias se instalando em outros países, e o crescimento de polarização e marginalização. O processo de polarização é aquele que concentra as
empresas multinacionais. O que caracteriza hoje o processo de globalização é a transações de bens, serviços, investimentos e capitais em geral em três pólos mais
desenvolvidos do mundo capitalista: os EUA, a CEE e o Japão, sendo os ganhos ou a
maior parte deles distribuídos entre os três pólos, o que aumenta a distância em termos
5 de renda e desenvolvimento entre estes e os demais. O processo de globalização é
Observe-se , além disso, que não se trata de uma concepção sem importância para as conclusões
que os diferentes autores tiram, porque elas são parte da construção teórica que os conduz a tais
aquele que literalmente exclui alguns países e impede grande crescimento de outros e,
conclusões. Eliminar tais pressupostos, portanto, significa alterar fundamentalmente os resultados.
10. no interior dos próprios países mais globalizados, deixa à margem dos beneficias do N° 4 - Conceitos fundamentais para o exame da questão externa
crescimento uma imensa parcela da população 6. brasileira Maria Luiza Silva Falcão, 42p
Assim é que nos EUA crescem os problemas de desemprego, (5,6% da
população ativa em 95), dos negros e minorias, seqüelas do governo Reagan, o mesmo N° 5 - O berço da idéias econômicas
ocorrendo na Inglaterra de Mrs. Thachter (8,2% de desemprego) 7.
Na Europa, generalizam-se as taxas de desemprego como percentagem da Maria de Lourdes Rollemberg Mollo, 42p.
população ativa que, em 1995 foram estimadas variar de 9,2% na Alemanha até 24.1%
na Espanha, passando por taxas também elevadas em países como França (12%) e
Itália (11,1 %), apesar do crescimento econômico ter ocorrido a taxas razoáveis8. N° 6 - Teorias de distribuição funcional - clássica, neoclássica e
No Brasil a concorrência provocada pela abertura sem dúvida levou a ganhos keynesiana Steve De Castro, 12p.
substanciais da chamada eficiência, esta definida como redução de preços e ganhos na
qualidade dos produtos. Entretanto, o crescimento enorme recente do desemprego N° 7 - Lições de equilíbrio geral econômico: Um texto
industrial em São Paulo (o chamado desemprego estrutural) deixará muita gente fora da introdutório Rodrigo Andrés de Souza Penãloza,
possibilidade de se beneficiar destes próprios ganhos, e até de garantir a sua 80p.
sobrevivência imediata.
Ficam as questões: Para quem são os ganhos da globalização? Precisamos nos N° 8 - Agricultura e desenvolvimento econômico - Uma abordagem
inserir da forma mais liberal na globalização ou podemos fazer políticas industrial e multisetorial Charles Curt Muller, 66p.
regional que priorizem setores mais absorvedores de mão de obra, centrados no imenso
potencial de mercado interno que temos?
N° 9 - Previdência Social. perspectivas de manutenção do equilíbrio
A tônica da política econômica até o momento vem privilegiando a política financeiro Dércio Garcia Munhoz, 43p.
monetária, e o argumento é de que ela é o que importa no momento, por garantir a
estabilidade de preços, requisito para qualquer processo de crescimento . Crescer
somente, porém, não garantirá a incorporação dessa massa imensa de pessoas N° 10 - O processo Brasileiro de industrialização: Uma visão
marginalizadas e excluídas do processo produtivo. E preciso contemplá-las como o geral Flávio Versiani/Wilson Suzigan, 43p.
objetivo da política econômica, ou aqueles a quem se destinam os furtos do processo
produtivo, e não encará-las como se fossem mero resultado residual do processo de N° 11 - Trabalho abstrato e valor na teoria
estabilização/globalização. marxista 1.1. Rubim, 45p.
LISTA DOS TEXTOS DIDÁTICOS DISPONIVEIS N° 12 - Uma introdução aos salários indiretos no
Brasil Jorge Saba Arbache, 30p.
N° 1 - Inflação: notas introdutórias sobre diferentes interpretações Mana de
Lourdes Rollemberg Mollo, 34p. N° 13 - Efficiency wages, insiders - outsiders e determinação de salários: teorias e
evidência'
N° 2- Teorias do crescimento econômico Vânia Lomônaco Bastos, 41 p. Francisco G. Carneiro, 26p.
N° 3- Déficit Público: diferentes conceitos e medidas Oliveira, M. T. R.. 19p.
N° 14 - Antecedentes da grande transformação - evolução da economia brasileira da
6 Ë esse processo que deixa surpreso Roberto Campos, na frase mencionada no inicio deste texto. proclamação da república ao fim da II° guerra
7 Perspectives Economiques de OCDE 1995.
Charles C. Mueller, 143p.
8 Idem.