O documento discute como fatores psicológicos influenciam o comportamento de investidores e como isso pode tornar os mercados financeiros "ineficientes". Ele explica três comportamentos comuns - comportamento de rebanho, aversão ao risco e ancoragem - e como reconhecê-los pode ajudar investidores a minimizar riscos e identificar oportunidades. O autor argumenta que compreender a natureza humana e o próprio perfil de risco é essencial para o sucesso nos mercados financeiros.
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9 de JUNHO de 2014
Sábado de tarde, você e sua família decidem ir ao shopping para curtir um filme e fazer algumas compras
de final de semana...
A avenida de acesso ao shopping está extremamente movimentada como sempre – “isso faz parte” – você
pensa. Os últimos 300 metros antes da entrada do shopping são tão demorados quanto os 5kms que você
dirigiu para chegar lá. Ao se aproximar da última curva antes da entrada, você percebe que a maioria dos
carros vindos da avenida principal estão se alinhando em uma das duas pistas de conversão.
Ao perceber isto você:
A) Alinha seu carro atrás do último carro na fila mais longa, pois imagina que se a maioria dos carros
ali estão, deve-se existir um motivo perfeitamente plausível?
B) Decide “arriscar” e manobrar o carro para a segunda pista de acesso, ainda perplexo com a escolha
da maioria dos motoristas de ficarem na fila mais longa uma vez que a segunda pista de acesso
funciona perfeitamente!
E aí? Qual foi a sua escolha? E o que isso tem a ver com investimentos?
Você escolheu a opção A? Ótimo. É bem provável que você tenha um perfil mais conservador; o medo
de perda é bem maior que o desejo de ganho. Se você investe no mercado financeiro, é bem provável que
seja um investidor de longo prazo, mais cauteloso e metódico. Gosta de aprender sobre os mercados e
sabe da possíveis vantagens de investimentos em bolsa; ao mesmo tempo não gosta de riscos, prefere
ativos seguros e se decide arriscar, geralmente o faz após muita análise, leitura e consideração. Você talvez
prefira investir com o auxílio de assessores do que investir por si só. Você se encaixa no perfil da maioria
dos seres humanos, onde o receio da perda é muito maior que o prazer do ganho, e por isso, prefere
investimentos mais conservadores.
Escolheu a opção B? Você pode muito bem se encaixar no perfil de um “trader”. O medo da perda
existe, mas o desejo de ganho é maior. Você provavelmente tenha algum dinheiro na poupança ou títulos
do governo, mas a maioria de seu capital é dedicado a investimentos de renda variável, alguns mais
arriscados outros menos. Você é leitor ávido de livros e artigos sobre investimentos, solicita a opinião de
“experts” do mercado mas baseia a maioria de suas decisões, sejam elas boas ou não, no seu próprio
palpite ou “feeling” frente ao mercado.
O reconhecimento do perfil de investidor e tolerância ao risco é um importantíssimo aliado para qualquer
um que queira participar e ter chances de sucesso nos mercados financeiros.
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9 de JUNHO de 2014
FINANÇA COMPORTAMENTAL
O tópico de Behavioral Finance ou “Finança Comportamental” é um campo extremamente fascinante e ao
mesmo tempo polêmico. O estudo de Finança Comportamental tomou bastante corpo desde o crash dos
mercados financeiros em 2008. De acordo com experts do assunto, o campo procura estudar a influência
de fatores psicológicos no comportamento dos participantes de mercados financeiros e seu resultante
efeito nos mercados. O campo procura explicar o porquê e como os mercados podem ser “ineficientes” e
seus participantes menos que racionais.
HOMO SAPIENS X HOMO ECONOMICUS
A Teoria do Mercado Eficiente, parte do movimento neoclássico econômico do início do século XX procura
provar que os mercados financeiros refletem toda a informação publicamente disponível. Esta teoria
defende que não é possível alcançar retornos consistentes acima do retorno médio do mercado, já que os
“deslocamentos” de informação e precificação são mínimos.
De acordo com estas teorias, emoções e outros fatores externos não influenciam pessoas na tomada de
decisões econômicas. O conceito de HOMO ECONOMICUS é utilizado em várias das teorias neoclássicas
de economia. Dentro deste conceito o homem é visto como um ser racional que tem a habilidade de ser
objetivo na tomada de decisões para objetivos pré-determinados. Traduzindo, o conceito de HOMO
ECONOMICUS vê o ser humano como capaz de separar a emoção da razão, principalmente na hora de
tomar decisões econômicas para seu próprio interesse. Ou seja, ele aproxima a capacidade do ser humano
de ser tão objetivo em suas decisões quanto talvez, máquinas?!?
Acontece que, no mundo real, nós humanos somos seres extremamente suscetíveis a imensas variações
psicológicas e emocionais no nosso dia a dia. É dentro deste quadro que o campo de Finança
Comportamental defende o HOMO SAPIENS, como um ser racional mas suscetível, gerando assim um
enorme campo de estudos extremamente relevantes aos mercados financeiros. Afinal, mercados
financeiros são compostos em sua grande maioria por seres humanos, e pela própria definição de Finança
Comportamental, são mercados ineficientes ou sujeitos a deslocamentos de emoção contra razão, criando
armadilhas e oportunidades ao mesmo tempo.
COMO LIDAR E SE BENEFICIAR COM ISSO?
Compreender que somos afinal, seres imperfeitos, é o primeiro passo. Consequentemente chegamos à
conclusão de que mercados financeiros são também emotivos e ineficientes e desta maneira podemos
procurar adotar certos comportamentos que nos permitam pelo menos minimizar riscos e aumentar
oportunidades.
O segundo passo é compreender o nosso próprio perfil frente ao risco.
O terceiro passo é identificar alguns dos comportamentos humanos chaves que trazem ineficiência aos
mercados e evitar sermos pegos pelo furacões de emoções que nossa origem homo-sapiana torna tão
atrativos e perigosos (esclarecimento: me refiro à várias categorias de investimentos como mercado de
ações, renda fixa, moedas, commodities, quando uso a expressão “mercados”).
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9 de JUNHO de 2014
Alguns destes comportamentos são:
1. COMPORTAMENTO DE REBANHO
Este comportamento está evidente no nosso dia a dia e ainda mais evidente na história de mercados
financeiros. Uma das mais conhecidas “bolhas especulativas” originada pela natureza de comportamento
de rebanho humano foi a “febre da tulipa”. No início do século XVII, tulipas viraram um símbolo de status
na região dos países baixos, principalmente a Holanda.
A procura pela flor era tão alta que o primeiro contrato de futuros registrados foram criados. Comprava-se
direitos a posse de tulipas que ainda nem haviam sido plantadas. No auge da bolha, um bulbo famoso de
tulipa foi comprado por 6.000 florins (moeda da época) – o valor equivalente a mais de 24 toneladas de
trigo! O comportamento de rebanho está imensamente integrado em nossa sociedade e maneira de viver e
consequentemente, afeta os mercados financeiros. É importantíssimo compreender este fenômeno para
melhor identificação de potenciais “bolhas especulativas” como a das tulipas.
Bolhas especulativas podem ser definidas como situações em quais preços de ativos parecem ser baseados
em estimativas inconsistentes ou não plausíveis sobre o futuro. Por exemplo: no início da década de 2000
vários economistas nos EUA estimavam que o mercado imobiliário norte americano observaria anos
consecutivos de valorização, baseado em seus estudos de oferta x demanda na época.
Esta visão equívoca trouxe uma procura artificial ao mercado, dando espaço a ganância descontrolada, o
que por sua vez deu origem a comportamentos que quase acabaram com a economia norte americana em
2008, durante o estouro da bolha.
Bolhas são dificílimas de serem identificadas – mas aqui vai uma dica: quando a volatilidade e direção de
preços se torna impossível de prever com base em fatos reais de oferta x demanda, ali pode-se estar
formando a próxima bolha. Assim como aconteceu com commodities agrícolas na primeira metade de
2008 e como possivelmente esteja acontecendo com algumas destas mesmas commodities na primeira
metade deste ano.
LIÇÃO: o comportamento humano é extremamente errático; entenda isso, abrace isso. Nos mercados
financeiros, muitas vezes a emoção domina toda e qualquer razão. Entender isso pode lhe permitir até
lucrar com a próxima bolha, mas muita cautela, pois bolhas se desfazem com muito mais volatilidade e em
muito menos tempo do que levaram para ser infladas.
DICA: quando perceber um otimismo surreal sobre uma situação particular nos mercados (ex: China
continuará crescendo a mais de 7% ao ano e importando mercadorias e matérias primas em ritmo
exponencial nos próximos anos), ligue as antenas! Pode ter algo perigoso se desenvolvendo por ali...
2. AVERSÃO AO RISCO
É a tendência de seres humanos de tentar reduzir seus riscos e incertezas quando em situações que criam
tais riscos.
Por exemplo, é o motivo por qual algumas pessoas preferem continuadamente investir seu capital na
poupança (que lhes dá uma garantia de retorno, mesmo que pequeno mas com risco mínimo) versus
investir parte de seu capital no mercado financeiro (que tem maior potencial de retorno mas traz riscos e
incertezas).
Este fenômeno também explica a tendência de seres humanos de, com certas exceções, preferirem evitar
perdas do que investir para ganhar. Estudos mostram que seres humanos em sua grande maioria
precisam ver a possibilidade de ganho as vezes 2,5 a 3 vezes maior que o retorno garantido de um
investimento seguro para que considerem “arriscar” seu capital.
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9 de JUNHO de 2014
LIÇÃO: a aversão ao risco é real e presente em todos nós, mas em graus completamente diferentes.
Entenda o seu perfil de aversão ao risco e isto o ajudará para que tenha maior convicção nos
investimentos. Se você é uma pessoa que não gosta de risco mas decide arriscar “pra ver no que dá”, bem
provavelmente não terá uma boa ou prazerosa experiência no mercado financeiro.
DICA: saiba identificar não só o seu perfil, mas também o perfil de cada operação que fizer. Tenha
objetivos pré-determinados de pontos de entrada, saída, objetivo da operação e tempo de duração
esperada da operação. Sem isso, você pode facilmente virar vítima da famosa “operação de curto prazo
que vira um investimento de longo prazo”, pois entrou “para ganhar um dinheirinho rápido” e o mercado
foi contra. Ao invés de tratar aquilo como uma “aposta errada” e realizar um pequeno prejuízo, você
segura sua posição, mesmo ela indo contra e ignora fundamentos pois não quer perder.
Algumas raras vezes estes investimentos se tornam rentáveis e você se sente como um gênio – MAS – na
maioria das vezes, o Sr. Mercado não é tão gentil e o que poderia ser uma pequena perda, vira uma
situação bastante desagradável. O estudo da aversão ao risco prova que seres humanos em sua maioria
adotam comportamentos mais arriscados para evitar perdas do que para garantir ganhos. Por isso, leve
disciplina para as suas operações e com isso poderá minimizar os riscos e aproveitar as oportunidades com
maior frequência.
3. ANCORAGEM
No mundo de investimentos, é o fenômeno de amarrar ou ancorar pensamentos e conclusões a um ponto
de referência para um ativo - mesmo que este ponto não tenha relevância lógica alguma para a decisão a
ser tomada.
Tradução: Você quer comprar ações da empresa XYZ mas acha o preço de R$ 100 por ação “caro”, pois
está próximo ao nível mais alto de sua história. Você então coloca o ativo na sua lista de observação e, dali
6 meses vê uma excelente oportunidade de compra quando o ativo cai para R$60 por ação. Sem refazer
sua análise e “ancorando” seu pensamento no valor recente de $100 por ação, você toma a decisão de
comprar a ação pois acha ela “barata”.
O que você não parou para observar antes de tomar tal decisão de compra é que dois dos 5 maiores
clientes da empresa reduziram suas ordens em mais de 80% frente nos últimos meses. O preço atual de
R$60 reflete este e outros novos fatos relevantes. Você entra na ação por achar que está “barata” e faz um
mal investimento.
LIÇÃO: não deixe-se levar por pensamentos ilógicos ou sem fundamentos só porque você tem a
percepção de algo baseado em um fato do passado. Você já deve ter lido em vários extratos, sites, etc, a
escrita “investimentos carregam riscos; performance passada não é garantia de resultados futuros” ou algo
assim certo? Ok, então incorpore isso na sua estratégia e não se agarre a fatos alheios e isolados sem antes
fazer a tarefa de casa.
DICA: não use comparações de preços de uma ação, commodity ou qualquer outro ativo como seu maior
trunfo na hora de tomar uma decisão de compra ou venda. Aprenda a casar a análise fundamental com a
análise técnica para melhor identificação de pontos de entrada e saída de suas operações. Não existe uma
verdade absoluta no mercado e sim, uma combinação de fatores que podem aumentar suas chances de
sucesso. Adicionalmente, não fique lendo ou ouvindo só “experts” ou pessoas que defendem o ponto de
vista que você já tem quanto a um ativo. Procure alguém que tem a visão contrária a sua e peça pra ele(a)
construir o argumento contrário ao seu. Você bem provavelmente fará um bom debate, terá acesso a
novas perspectivas e poderá sair dali com seus pensamentos mais “desancorados”.
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9 de JUNHO de 2014
O campo de Finanças Comportamentais traz um ar novo a uma indústria fascinante mas ao mesmo tempo
perigosa. Os mercados financeiros evoluem com tremenda rapidez. A abrangência e velocidade da
disseminação de informação hoje em dia traz cada vez mais volatilidade, mas também mais
oportunidades, aos mercados.
A compreensão de fatores de risco e boa execução de uma estratégia tanto de ataque quanto de defesa, são
fatores importantíssimos para a possibilidade de sucesso nos mercados.
Por fim, o reconhecimento do próprio perfil psicológico é uma ferramenta não só importante, mas
essencial para participação duradoura e de sucesso no mundo de investimentos.
Por isso, na próxima vez que estiver na fila de trânsito, lembre-se... ... seu comportamento como motorista
pode estar lhe dando valiosíssimas dicas sobre seu perfil de investidor.
Use tais dicas ao seu favor... e boa sorte!
Até a próxima...
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CHEGA AO BRASIL...
FIQUEM LIGADOS””
PEDRO H DEJNEKA
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Esta obra tem como simples intuito informar e comunicar ao leitor a visão do autor.
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Situada em Chicago, IL – EUA e com representações no Brasil, tem o privilégio de trazer ao cliente Brasileiro e Latino Americano, uma análise mais ampla e global, de assuntos internacionais, regionais
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