Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Aceprensa jovens de bairro
1. Página ::Aceprensa:: Print Jovens de bairro com valores em decadênciae 1 de 3
Jovens de bairro com valores em decadência
Assinado por Juan Domínguez
Data: 22 Agosto 2011
Surtos de violência e desordens como os que por estes dias ocorreram em Inglaterra ou em
2005 nas banlieues francesas suscitam em geral todo o tipo de interpretações. Uma delas
procura a explicação na marginalização laboral e social dos jovens dos bairros
desfavorecidos; outra vê nestes jovens vândalos o resultado da crise da família e da escola,
que não lhes conseguiram transmitir os valores indispensáveis para a vida em sociedade.
A primeira propõe como solução maiores gastos sociais nesses bairros; a segunda insiste na
recuperação da autoridade familiar e da disciplina na escola como recursos necessários à educação.
Qualquer destes diagnósticos tem a sua parte de verdade, e as soluções propostas não têm por que
ser alternativas.
Numa coisa todos coincidem: nas sociedades ditas desenvolvidas, como sejam o Reino Unido ou
França, existe um estrato de jovens quase todos sem emprego, sem formação e sem valores, que
outra ocupação não têm senão comprar roupa de moda, o último smartphone ou ténis desportivos
de marca. Tendo recebido uma educação errada, centrada no princípio da gratificação imediata, e
carecendo de perspectivas de melhor futuro, as suas frustrações explodem de vez em quando em
desordens, saques e violência.
Violência consumista
Alguns analistas salientam que tais desordens se geram em bairros desfavorecidos, onde quase não
há oportunidades de emprego nem de melhor posição social. Desemprego juvenil, fracasso escolar,
casas deterioradas e difusão de drogas oferecem um terreno fértil à delinquência de rua e aos
bandos violentos.
De qualquer modo, a escassez e a pobreza são relativas. "Um ethos social
Contrariamente aos pobres de antigamente, estes jovens têm hoje perverso nega aos menos
favorecidos uma
cobertas as suas necessidades básicas pelo Estado Social. Não roubam disciplina que lhes pode
para comer, mas para arranjar um iPad. "A maioria não rouba por dar capacidade de fugir à
necessidade, mas simplesmente porque pode roubar", explica Jim ratoeira da dependência"
Waddington, perito em ordem pública (El País, 11-08-2011). "O facto de
muitos deles procederem de bairros desfavorecidos deve-se, sobretudo, à falta de controlo social.
Os rapazes das zonas desfavorecidas fazem habitualmente mais vida de rua, o que torna mais
provável que se unam a grupos que pretendem causar distúrbios".
Outro traço distintivo dos distúrbios actuais - contrariamente ao que acontecia anos atrás - é que a
violência de rua não se faz hoje em dia por reivindicações sociais nem políticas. É o pontapé na
montra, a destruição gratuita ou o incêndio provocado, na busca de emoções fortes e de coisas
apetecíveis.
O diagnóstico baseado em factores sociais salienta, com razão, a falta de oportunidades vitais de
muitos destes jovens. Um rapaz de 19 anos que participou nos saques de Londres declarava ao
International Herald Tribune (10-08-2011) que ninguém lhe dava oportunidades, que já tinha deixado
de procurar emprego e que recebia um subsídio de 152 libras mensais (cerca de 175 euros). "Dão-
me o bastante para comer e passar o dia a ver televisão. Já nem pago contas". Uma boa
demonstração do resultado de fazer um gasto social sem exigir nada em troca.
Nem pai nem professor
Para sair desta situação de dependência seria igualmente necessário que família e a escola
cumprissem o seu papel educativo. Mas se de algo estão privados estes jovens é de uma família
sólida. No Reino Unido, mais de um terço dos menores de 18 anos vive numa família monoparental
(21,5%), numa família em que os pais coabitam sem ser casados ou em famílias reconstruídas
(12,6%). A percentagem de crianças que vivem com pais casados (64,5%) é uma das mais baixas
da OCDE, situando-se ao mesmo nível que a França.
http://www.aceprensa.pt/articulos/print/2011/aug/22/jovens-de-bairro-com-valores-e... 25-08-2011
2. Página ::Aceprensa:: Print Jovens de bairro com valores em decadênciae 2 de 3
Se de alguma coisa estão privados é de uma família sólida
O problema não reside apenas no facto de nestes bairros muitas famílias não terem um pai em
casa, mas também no facto de quando o pai está presente, ter perdido todo o controlo sobre a vida
dos filhos, por estar ele mesmo desempregado ou não ter valores a transmitir. Max Hastings escreve
em MailOnline (10-08-2011) que "a ruptura das famílias, a nefasta promoção da maternidade
monoparental como estado desejável, a decadência da vida doméstica a tal ponto que as refeições
em família se converteram numa raridade, tudo isso influiu de modo decisivo no estado destes
jovens".
E influiu com o consentimento tácito ou expresso da política social do governo. O politicamente
correcto impôs um novo tabu, comenta Joanna Bogle (MercatorNet, 12-08-2011): "Dizer que as
crianças crescem melhor quando têm pai e mãe casados e comprometidos com a vida familiar
converteu-se em motivo de desdém e de chacota. Nenhum assistente social ou professor pode já
falar a favor do casamento se não se quiser expor a uma denúncia perante os tribunais ou a arruinar
a sua carreira". Mas a fractura da vida familiar tem consideráveis custos sociais, como ultimamente
se tem vindo a verificar.
A escola também não conseguiu adiantar nada com estes jovens, que não confiam no estudo para
ascender socialmente, não acham o ambiente propício a aprender nem estão dispostos a deixar
professor nenhum fazer-se respeitar.
Vítimas de um ethos social falseado
O diagnóstico que tende a deitar as culpas para a falta de ajudas sociais fica, no mínimo, a meio
caminho. Estes jovens, afirma Max Hastings, "são vítimas de um ethos social perverso, que converte
a liberdade pessoal num bem absoluto e nega aos menos favorecidos a disciplina - o amor forte -
que é a única coisa que os pode tornar capazes de fugir da ratoeira em que caíram".
Sem dúvida que é preciso ajudá-los a mudar de vida. Mas, continua Hastings, "é extremamente
difícil ajudar esta gente, jovens ou adultos, sem impor alguma medida de coação, coisa que a
sociedade moderna acha inaceitável. Estes rapazes são o que são porque ninguém os consegue
induzir a fazer nada diferente nem melhor".
Qualquer gasto social será inútil se não se reforçar a fibra moral destes jovens.
O resultado é "carecerem de um código de valores que os dissuada de se comportarem de modo
anti-social ou até mesmo criminoso, existindo igualmente poucas probabilidades de serem
castigados se assim se comportarem".
Cameron abriu agora a caixa dos trovões e vem dizer "aos sem lei": "Iremos buscar-vos, iremos
encontrar-vos e acusar-vos perante os tribunais; vamos castigar-vos e haveis de pagar por tudo
quanto tiverdes feito". É justo e urgente. Mas uma vez mais se comprova que, quando uma
sociedade é branda na educação acaba por ter um Código Penal mais duro.
É duvidoso que os vândalos encapuçados que destroem montras para roubar e queimam carros
estejam dispostos a mudar de conduta se não temerem medidas repressivas. De qualquer modo,
quando os comportamentos anti-sociais não são exclusivos de uma minoria, mas cultivados por todo
um estrato social, são precisos mais expedientes para mudar a situação. Será necessário reforçar a
formação profissional, estimular o emprego juvenil, criar laços de comunidade, oferecendo uma
oportunidade honesta a quem estiver disposto a procurá-la.
Mas a experiência mostra também que todo este esforço pode ser inútil se não for estimulada a fibra
moral destes jovens. É preciso um trabalho continuado de formação para criar qualidades de
carácter, de disciplina, de laboriosidade, de compromisso familiar, que permitam tirar partido das
ajudas sociais. Nada que se resolva numa legislatura.
Ao contrário dos económicos, os valores éticos sempre tendem a ficar em alta quando rebenta uma
crise. Agora não há político nem perito social que não concorde na necessidade de reforçar o
compromisso familiar, a autoridade dos professores, o autodomínio dos jovens face aos desejos
instintivos. É preciso é que a política social do governo tenha tudo isso em conta.
http://www.aceprensa.pt/articulos/print/2011/aug/22/jovens-de-bairro-com-valores-e... 25-08-2011
3. Página ::Aceprensa:: Print Jovens de bairro com valores em decadênciae 3 de 3
Juan Domínguez
http://www.aceprensa.pt/articulos/print/2011/aug/22/jovens-de-bairro-com-valores-e... 25-08-2011