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Estados mentais de risco para esquizofrenia:
É possível a prevenção?




Ary Gadelha de Alencar Araripe Neto

PROESQ/LINC/PRISMA
Esquizofrenia

•Atinge entre 0,4 a 0,7% da população em geral
•Acomete indivíduos no auge do seu potencial
produtivo
•Curso costuma ser crônico e debilitante.
•Poucos     indivíduos    voltam      para      funcionamento
compatível com as expectativas pré-morbidas.




                Mathers 2006, Tohen 2000, Lieberman 2005, Swartz 2007
Sobrecarga da Doença
             DALY - Disability Adjusted Life Year (15-44 anos)

                     HIV/AIDS
Unipolar depressive disorders
      Road traffic accidents
                 Tuberculosis
        Alcohol use disorders
         Self inflicted injuries
     Iron-deficiency anemia
             Schizophrenia
    Bipolar affective disorder
                     Violence

                                   0
                                   0   2
                                       2   4
                                           4      66              88     10
                                                                          10         12
                                                                                      12
                                               Percent of Total
                                                   Source: WHO – World Health Report, 2001
Teoria do Neurodesenvolvimento


                Precoces

      •Complicações obstétricas
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                                           Tardios

                                        Uso de drogas
                                       Estresse crônico




  0         5               10    15    20 (Idade em anos)
Fases da Esquizofrenia


                        Prodrômica


          Pré-Mórbida

                                           Psicose




0     5          10      15          20 (Idade em anos)
Histórico

 • Karl Jasper (1913) – Humor delirante
   (wahnstimmung)

 • Klaus Konrad (1958) – Die Beginnende
   Schizophrenia
    – Trema – Humor delirante
    – Apofania – Anástrofe
    – Apocalipse - Ruptura
    – Consolidação
    – Fase residual
As apresentações clínicas pré-mórbidas passam a ser
compreendidas e investigadas como manifestações dos
processos biológicos subjacentes.
Estágio prodrômico


 •Critérios definidores de síndromes prodrômicas:

   •Critérios de ultra-alto risco

   •Sintomas básicos

                                    Miller et al., 2003;
                                    Klosterkötter et al., 2001
Ultra alto risco


   •Sintomas positivos atenuados;

   •Sintomas psicóticos breves e intermitentes;

   •Risco genético e deterioração funcional

    Conteúdo incomum do pensamento
    Grandiosidade
    Idéias persecutórias
    Anormalidades perceptuais
    Discurso desorganizado
Arch gen Psychiatry 2008;65: 28-37

•   291 indivíduos que preencheram critérios para UHR foram
    acompanhados por 2 anos e meio.

•   82 converteram - VPP de 35% para as síndromes prodrômicas
    isoladas.

•   Foram identificados 5 fatores relacionados a conversão para
    psicose.

•   A combinação de 3 desses fatores eleva o VPP para 74 a 81%

•   Tempo para conversão menor que 1 ano
Sintomas Básicos


  Conceito criado por Gerd Huber (1966):

“ Alterações sutis, vivenciadas subjetivamente como
  problemas na vontade, afeto, discurso, pensamento,
  percepção, atividade motora e tolerância ao stress”.
Arch gen Psychiatry 2001;58: 158-164



•   Presença de 1 BS, sens. 98% e espec. de 59%, VPP 70%
•   10 BS reunidos, sens. de 74% e espec. de 88%, VPP76,2% (COPER)




•   O tempo médio de duração da fase prodrômica foi de 5,6 anos.
Retirado de Klostekötter et al, 2009
Identificar marcadores comportamentais capazes
de predizer a evolução para psicose


                  Pródromos
                      X
           Estados mentais de Risco
Marcadores Neuro-biológicos
Neuropsicologia



 ródromos Vs Controles saudáveis


 onversão Vs Não-conversão


 ombinação de principais fatores
 preditivos aumenta sensibilidade
 e especificidade.



               Pflueger et al., 2007; Riecher-Rössler et al., 2009, Welham et al., 2010
Neuroimagem estrutural



Perda de volume cortical
progressiva   entre  indivíduos
que converteram para psicose;




                                  Sun et al., 2009
Neuroimagem molecular



Desregulação dopaminérgica inicia antes do primeiro episódio
psicótico.




                                                      (Howes, 2009)
Tratamento
É possível a prevenção?
Autor/Ano               Grupo de            Tamanho              Desfecho

                                Tratamento
                           comparação          dos grupos


McGorry et al., 2002     1.TCC + risperidona      31        1. Redução na conversão em
                        2.Terapia de suporte      28        6 meses (9,7 Vs 35%),
                                                            p=0,026
                                                            2. Não houve diferença com 1
                                                            ano de seguimento
Morrison et al., 2004       1. TCC                29        1.Redução na conversão em 1
                        2. Monitoramento          29        ano (6% vs 26%), p<0,05
                                                            2. Redução na conversão em
                                                            3 anos – grupo TCC
 McGlashan et al.,         1.Olanzapina           31        1. Redução nas taxas de
      2006                   2.Placebo            29           conversão, mas não foi
                                                               significativa
                                                            2. Altas índices de efeitos
                                                               colaterais
  Amminger et al.,         1. Omega 3             41        1. Redução significativa nas
      2010                 2. Placebo             40        taxas de conversão (4,9% Vs
                                                            27,5%, p=0,004
Tratar ou não tratar?
 “probably at-risk, certainly ill”
 Os que não converteram apresentavam maior
  isolamento      social,    pior   desempenho
  acadêmico, maiores taxas de desemprego
 Maior chance de desenvolver um transtorno
  psiquiátrico.



                        Fusar-Poli et al., 2009 ;Ruhrmann et al., 2010
Como tratar?
 Intervenção fase-específica
 EIPS
   Intervenção psicológica e redução de estressores
    psicossociais.
   Evitar prejuízo social, acadêmico, profissional.
 LIPS
   Intervenção farmacológica

                                       Klosterkötter et al., 2009
É possível prevenir a Esquizofrenia?

  – Prevenção Primária
    • Evitar a conversão
    • Prevenir Fatores de risco
    • Promover saúde mental – fatores protetores


  – Prevenção Secundária
    • Evitar os prejuízos


  – Prevenção Terciária
    • Reabilitação
Caso 1
D.J.H.Y., fem, 12 anos, cursando 6ª série e reside com os pais
•Os pais relatam que sempre foi muito tímida, mesmo no ambiente familiar.
Preferência por atividades solitárias. Apresenta dificuldades escolares e de
socialização, com poucos amigos na escola e/ou na rua em que mora.
•Há 01 ano acredita que a mãe pode ler e controlar os seus pensamentos à
distância; considera essa percepção estranha e não acha que isso seja
possível. Mesmo assim sente-se muito incomodada. Estes pensamentos
ocorrem até 02 vezes por semana, mas com duração inferior a uma hora.
Esses sintomas pioraram no último ano.
•Não tem história pessoal de uso de drogas ou esquizotipia; não tem história
familiar de psicose.
•CAARMS: + (conteúdo mental incomum, moderadamente grave)
•KSADS:TDAH subclínico (atenção), enurese atual, fobia social
•SOFAS: 65
Caso 2
•   E.L.S., masc, 15 anos, cursando o 1º colegial, reside com o pai e 02 irmãos.
•   Paciente tem bom desempenho escolar, sem repetições. Poucos amigos e
    prefere atividades solitárias ou que envolvam os familiares. Pueril.
•   Desde a infância, tem episódios caracterizados por sensação de
    estranheza ao entrar em ambientes conhecidos ou desconhecidos; relata
    “sentir o clima” do ambiente e ser capaz de prever o que aconteceu ali
    antes da sua entrada. Há 01 ano, houve intensificação destes sintomas,
    que passaram a ter freqüência diária e duração inferior a uma hora. No
    mesmo período, passou a apresentar alterações perceptuais auditivas que
    não consegue explicá-las ou evitar evitar e que o incomodam.
•   Não tem história pessoal de uso de drogas ou esquizotipia; não tem
    história familiar de psicose.
•   CAARMS: +
•   KSADS: -
•   SOFAS: 70
re ve nç
  ão



                        São Paulo e Porto Alegre


                        Crianças entre
                         6 to 12 anos
                        (9937)

             34 schools SP



23 schools
re ve nç ã o
Um longo
caminho…
Primeiros passos…
Equipe
•   Ary Gadelha         •   André Zugman           • Elaine – Ass Social
•   Ana Soledade        •   Bruno                  • Eliane – Auxiliar de
•   Bruno Sini          •   Dalton Roston            Enf.
•   Cristiano Noto      •   Elson Asevedo          • Ricardo – Auxiliar
                        •                            Admin
•   Elisa Brietzke          Luis Dieckman
                                                   • Sintia –
•   Paula Ramalho       •   Rodrigo Mansur
                                                     Secretaria/Auxiliar
•   Pedro Pan           •   Graccielle Rodrigues     de Pesquisa
•   Juliana Castro
•   Pedro Weingartner
•   Lisandra
•   Catarina

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Pax clinica prodromo

  • 1. Estados mentais de risco para esquizofrenia: É possível a prevenção? Ary Gadelha de Alencar Araripe Neto PROESQ/LINC/PRISMA
  • 2. Esquizofrenia •Atinge entre 0,4 a 0,7% da população em geral •Acomete indivíduos no auge do seu potencial produtivo •Curso costuma ser crônico e debilitante. •Poucos indivíduos voltam para funcionamento compatível com as expectativas pré-morbidas. Mathers 2006, Tohen 2000, Lieberman 2005, Swartz 2007
  • 3. Sobrecarga da Doença DALY - Disability Adjusted Life Year (15-44 anos) HIV/AIDS Unipolar depressive disorders Road traffic accidents Tuberculosis Alcohol use disorders Self inflicted injuries Iron-deficiency anemia Schizophrenia Bipolar affective disorder Violence 0 0 2 2 4 4 66 88 10 10 12 12 Percent of Total Source: WHO – World Health Report, 2001
  • 4. Teoria do Neurodesenvolvimento Precoces •Complicações obstétricas •Infecções perinatais Tardios Uso de drogas Estresse crônico 0 5 10 15 20 (Idade em anos)
  • 5. Fases da Esquizofrenia Prodrômica Pré-Mórbida Psicose 0 5 10 15 20 (Idade em anos)
  • 6. Histórico • Karl Jasper (1913) – Humor delirante (wahnstimmung) • Klaus Konrad (1958) – Die Beginnende Schizophrenia – Trema – Humor delirante – Apofania – Anástrofe – Apocalipse - Ruptura – Consolidação – Fase residual
  • 7. As apresentações clínicas pré-mórbidas passam a ser compreendidas e investigadas como manifestações dos processos biológicos subjacentes.
  • 8. Estágio prodrômico •Critérios definidores de síndromes prodrômicas: •Critérios de ultra-alto risco •Sintomas básicos Miller et al., 2003; Klosterkötter et al., 2001
  • 9. Ultra alto risco •Sintomas positivos atenuados; •Sintomas psicóticos breves e intermitentes; •Risco genético e deterioração funcional Conteúdo incomum do pensamento Grandiosidade Idéias persecutórias Anormalidades perceptuais Discurso desorganizado
  • 10. Arch gen Psychiatry 2008;65: 28-37 • 291 indivíduos que preencheram critérios para UHR foram acompanhados por 2 anos e meio. • 82 converteram - VPP de 35% para as síndromes prodrômicas isoladas. • Foram identificados 5 fatores relacionados a conversão para psicose. • A combinação de 3 desses fatores eleva o VPP para 74 a 81% • Tempo para conversão menor que 1 ano
  • 11. Sintomas Básicos Conceito criado por Gerd Huber (1966): “ Alterações sutis, vivenciadas subjetivamente como problemas na vontade, afeto, discurso, pensamento, percepção, atividade motora e tolerância ao stress”.
  • 12. Arch gen Psychiatry 2001;58: 158-164 • Presença de 1 BS, sens. 98% e espec. de 59%, VPP 70% • 10 BS reunidos, sens. de 74% e espec. de 88%, VPP76,2% (COPER) • O tempo médio de duração da fase prodrômica foi de 5,6 anos.
  • 14. Identificar marcadores comportamentais capazes de predizer a evolução para psicose Pródromos X Estados mentais de Risco
  • 16. Neuropsicologia ródromos Vs Controles saudáveis onversão Vs Não-conversão ombinação de principais fatores preditivos aumenta sensibilidade e especificidade. Pflueger et al., 2007; Riecher-Rössler et al., 2009, Welham et al., 2010
  • 17. Neuroimagem estrutural Perda de volume cortical progressiva entre indivíduos que converteram para psicose; Sun et al., 2009
  • 18. Neuroimagem molecular Desregulação dopaminérgica inicia antes do primeiro episódio psicótico. (Howes, 2009)
  • 20. Autor/Ano Grupo de Tamanho Desfecho Tratamento comparação dos grupos McGorry et al., 2002 1.TCC + risperidona 31 1. Redução na conversão em 2.Terapia de suporte 28 6 meses (9,7 Vs 35%), p=0,026 2. Não houve diferença com 1 ano de seguimento Morrison et al., 2004 1. TCC 29 1.Redução na conversão em 1 2. Monitoramento 29 ano (6% vs 26%), p<0,05 2. Redução na conversão em 3 anos – grupo TCC McGlashan et al., 1.Olanzapina 31 1. Redução nas taxas de 2006 2.Placebo 29 conversão, mas não foi significativa 2. Altas índices de efeitos colaterais Amminger et al., 1. Omega 3 41 1. Redução significativa nas 2010 2. Placebo 40 taxas de conversão (4,9% Vs 27,5%, p=0,004
  • 21.
  • 22. Tratar ou não tratar?  “probably at-risk, certainly ill”  Os que não converteram apresentavam maior isolamento social, pior desempenho acadêmico, maiores taxas de desemprego  Maior chance de desenvolver um transtorno psiquiátrico. Fusar-Poli et al., 2009 ;Ruhrmann et al., 2010
  • 23. Como tratar?  Intervenção fase-específica  EIPS  Intervenção psicológica e redução de estressores psicossociais.  Evitar prejuízo social, acadêmico, profissional.  LIPS  Intervenção farmacológica Klosterkötter et al., 2009
  • 24. É possível prevenir a Esquizofrenia? – Prevenção Primária • Evitar a conversão • Prevenir Fatores de risco • Promover saúde mental – fatores protetores – Prevenção Secundária • Evitar os prejuízos – Prevenção Terciária • Reabilitação
  • 25. Caso 1 D.J.H.Y., fem, 12 anos, cursando 6ª série e reside com os pais •Os pais relatam que sempre foi muito tímida, mesmo no ambiente familiar. Preferência por atividades solitárias. Apresenta dificuldades escolares e de socialização, com poucos amigos na escola e/ou na rua em que mora. •Há 01 ano acredita que a mãe pode ler e controlar os seus pensamentos à distância; considera essa percepção estranha e não acha que isso seja possível. Mesmo assim sente-se muito incomodada. Estes pensamentos ocorrem até 02 vezes por semana, mas com duração inferior a uma hora. Esses sintomas pioraram no último ano. •Não tem história pessoal de uso de drogas ou esquizotipia; não tem história familiar de psicose. •CAARMS: + (conteúdo mental incomum, moderadamente grave) •KSADS:TDAH subclínico (atenção), enurese atual, fobia social •SOFAS: 65
  • 26. Caso 2 • E.L.S., masc, 15 anos, cursando o 1º colegial, reside com o pai e 02 irmãos. • Paciente tem bom desempenho escolar, sem repetições. Poucos amigos e prefere atividades solitárias ou que envolvam os familiares. Pueril. • Desde a infância, tem episódios caracterizados por sensação de estranheza ao entrar em ambientes conhecidos ou desconhecidos; relata “sentir o clima” do ambiente e ser capaz de prever o que aconteceu ali antes da sua entrada. Há 01 ano, houve intensificação destes sintomas, que passaram a ter freqüência diária e duração inferior a uma hora. No mesmo período, passou a apresentar alterações perceptuais auditivas que não consegue explicá-las ou evitar evitar e que o incomodam. • Não tem história pessoal de uso de drogas ou esquizotipia; não tem história familiar de psicose. • CAARMS: + • KSADS: - • SOFAS: 70
  • 27.
  • 28.
  • 29.
  • 30. re ve nç ão São Paulo e Porto Alegre Crianças entre 6 to 12 anos (9937) 34 schools SP 23 schools
  • 31. re ve nç ã o
  • 34. Equipe • Ary Gadelha • André Zugman • Elaine – Ass Social • Ana Soledade • Bruno • Eliane – Auxiliar de • Bruno Sini • Dalton Roston Enf. • Cristiano Noto • Elson Asevedo • Ricardo – Auxiliar • Admin • Elisa Brietzke Luis Dieckman • Sintia – • Paula Ramalho • Rodrigo Mansur Secretaria/Auxiliar • Pedro Pan • Graccielle Rodrigues de Pesquisa • Juliana Castro • Pedro Weingartner • Lisandra • Catarina

Notes de l'éditeur

  1. Morel 1852 - Démence Précoce Forma peculiar e rápida de degeneração mental de início na adolescência, caracterizada por isolamento, negligência e estranhos maneirismos, e evoluindo com deterioração intelectual
  2. 1 – Não só esses indivíduos apresentam maiores taxas de conversão, mas também apresentam pior desempenho cognitivo 2 – Quando os indivíduos em pródromo são comparados a controles saudáveis, apresentam pior desempenho em vários domínios cognitivos, com destaque para memória de trabalho, planejamento e fluência verbal 3 – Medidas cognitivas melhoram a capacidade de predição de conversão para psicose em indivíduos em pródromo (go/no go e QI verbal)
  3. Quando comparados indivíduos que converteream e que não converteram, os indivíduos que converteram tiveram maior contração de superfície cortical
  4. 4 ensaios clínicos randomizados. N são pequenos T odos demonstraram redução na taxa de conversão, alguns não significativo 2 demonstraram efeitos