2. A prosa no Brasil romântico
Criação de um novo público, uma vez que a literatura
torna-se mais popular, o que não acontecia com os estilos
de época de características clássicas.
Surge o romance , forma mais acessível de manifestação
literária.
O teatro ganha novo impulso, abandonando as formas
clássicas.
Com a formação dos primeiros cursos universitários em
1827 e com o liberalismo burguês, dois novos elementos
da sociedade brasileira representam um mercado
consumidor a ser atingido: o estudante e mulher.
Com a vinda da família real, a imprensa passa a existir no
Brasil e, com ela, os folhetins, que desempenharam
importante papel no desenvolvimento no romance
romântico.
3. A prosa no Brasil romântico
A influência estrangeira na formação do romance brasileiro se
manifesta, principalmente, por intermédio do folhetim. E nem podia ser de modo
diferente. Nascido, entre outras circunstâncias, do crescente desenvolvimento da
imprensa, foi o folhetim que levou o romance a um público cada dia mais
numeroso e fiel, graças à técnica, muito sua, de interessar o leitor, de prendê-lo ao
desenrolar da intriga. (...) A técnica de corte no ponto culminante de uma cena ou
sequência de cenas, para que o leitor voltasse ao romance na publicação
imediata, foi a que mais universalmente se definiu, como característica essencial
do folhetim. O objetivo imediato era esse, de prender o leitor à revolução da
intriga, mas é fácil perceber que, por isso mesmo, ela introduziu numerosas
modificações na estrutura geral do romance; algumas de suas consequências são
o equilíbrio dos capítulos, disso resultando certa simetria na divisão externa; a
importância conferida aos acontecimentos de primeiro plano, que representam
elos de uma cadeia de eventos; a simplificação e a tipificação das personagens
e, finalmente, o desenvolvimento da capacidade de movimentação dramática, a
fim de subjugar a atenção do leitor.
Heron de Alencar. “José de Alencar e a ficção romântica”.
In Afrânio Coutinho, org. A literatura no Brasil. p. 281-283.
4. Leitores da prosa romântica
O aparecimento do romance e sua vulgarização, com o Romantismo, no
Brasil, assinala a conquista do público para a literatura. Está claro que o
público do tempo não é o mesmo de hoje: recruta-se naquelas camadas
que têm acesso à instrução, numa época em que esse acesso é uma
condição absoluta de classe. Ao elemento feminino da classe
dominante, cujos ócios permitiam, dentro da restrição dos parcos
conhecimentos destinados à mulher, voltar as suas atenções e preencher os
lazeres com a leitura, dirigia-se o romance sentimental que acabou por
constituir a caricatura do gênero e que Macedo, por exemplo, salvou da
perdição inteira com a vulgaridade de seu pequeno realismo, debruçado
sobre os detalhes. E ainda ao estudante, para o qual o casamento
representava um problema quase das mesmas proporções que
representava para a mulher. A tais elementos vêm juntar-se, pouco a
pouco, aqueles outros, pertencentes ao campo da embrionária classe
média — comerciantes, funcionários, militares — que se identificam com os
padrões e as normas da classe dominante e que, portanto, podem ser
englobados nela como constituindo o público do tempo.
Nelson Werneck Sodré. História da literatura. p. 319.
5. O Romance Urbano
É o que desenvolve tema ligado à vida
social, principalmente do Rio de Janeiro. A
variedade dos tipos humanos, os problemas
sociais e morais decorrentes do
desenvolvimento da cidade, tudo serviu de
fonte para os nossos romancistas, dentre os
quais se destacam: José de Alencar (Senhora ;
Lucíola), Joaquim Manuel de Macedo (A
Moreninha; O Moço Loiro) e Manuel Antônio de
Almeida (Memórias de um sargento de
milícias).
6. O Romance Sertanejo ou
Regionalista
Atração pelo pitoresco e o desejo de explorar
e investigar o Brasil do interior, fizeram o autor
romântico se interessar pela vida e hábitos das
populações que viviam distantes das cidades.
Abriam-se assim, para o romantismo, o campo
fecundo do romance sertanejo, que até hoje
continua a fornecer matéria a nossa literatura.
Nessa linha, destacam-se José de Alencar,
Taunay (Inocência) e Bernardo Guimarães (A
escrava Isaura; O Seminarista).
7. O Romance Histórico
Foi um dos principais meios encontrados pelos
românticos para a reinterpretação nacionalista
de fatos e personagens da nossa
história, numa revalorização e idealização de
nosso passado. Nessa linha, os autores mais
importantes são: José de Alencar (O Guarani;
As Minas de Prata; A guerra dos
Mascates), Bernardo Guimarães (Lendas e
romances; histórias e tradições da província de
Minas Gerais) e Franklin Távora (O Matuto;
Lourenço).
8. O Romance Indianista
Ainda na perspectiva de valorização de
nossas origens, surge o romance indianista,
tendo encontrado sua melhor realização
nas obras de José de Alencar, que
idealizou a figura do índio, exaltando-lhe a
nobreza e valentia. (Ubirajara; Iracema; O
Guarani).
9. Escritor brasileiro nascido no Rio de
Janeiro, que se tornou o autor mais lido
no Brasil do final da década de 40 até
o início dos anos 50. Formado em
Medicina pela Faculdade do Rio de
Janeiro (1844), não chegou a exercer a
profissão. A publicação de seu primeiro
romance, A Moreninha (1844), trouxe-
lhe muita fama e reconhecimento
nacional. Considerado o escritor da
classe média carioca em oposição à
aristocracia rural, sua obra apresentou
como características a descrição dos
costumes da sociedade carioca, suas
festas e tradições, com caráter
documental, tramas fáceis, pequenas
intrigas do amor e mistério e final feliz
com a vitória do amor. Escreveu vários
romances, novelas e contos e faleceu
na cidade onde nasceu. Na categoria
romance além de A Moreninha
(1844), publicou O Moço Loiro
(1845), Os Dois Amores (1848), Rosa
(1849), Vicentina (1853), O Forasteiro
(1856), Os Romances da Semana etc.
Joaquim Manuel
de Macedo
(1820-1882)
“Popularizou o Romance
Urbano no Brasil”
10. Macedo escreveu muito ao longo
de 36 anos de carreira: 18
romances, 16 peças de teatro, um
livro de contos, entre outras obras.
Consta que o editor lhe pagava
200 mil reais por romance
acabado, o que era
pouco, mesmo para quem não
vivia só das letras. De sua vasta
produção, os dois romances mais
conhecidos – A Moreninha e O
moço Loiro – registram os
costumes da sociedade carioca
do tempo, com personagens
extraídas da faixa social a que
pertencia o romancista e sobre a
qual escrevia: a burguesia.
Assim, desfilam em seus romances
o estudante conquistador, a moça
apaixonada e namoradeira, o
galã irresistível, a criada
intromedida, as solteironas nos seus
namoros... Macedo atendia à
expectativa do leitor
burguês, encantado com histórias
de amor que ocorriam nos
cenários que lhe eram conhecidos
e onde se via retratado como
protagonista.
11. José Martiniano de Alencar nasceu
em Mecejana, no Ceará, em 1 de
maio de 1829 e faleceu no Rio de
Janeiro (vítima de tuberculose
contraída na mocidade) em 12 de
dezembro de 1877. O escritor for-
mou-se em Direito e teve uma
brilhante carreira de
advogado, jornalista, deputado, minis
tro da justiça, orador, dramaturgo
e, sobre-
tudo, romancista. Embora não tenha
sido propriamente o criador do
romance romântico, título que cabe a
Joaquim Manuel de Macedo, Alencar
é considerado o maior romancista de
nossa literatura e um dos nossos
melhores escritores de todos os
tempos. Tinha um estilo poético
lírico, livre, muito pessoal. Seus
romances trazem os aspectos
históricos da formação do nosso
povo, da nossa gente. Através de sua
linguagem, os costumes, o meio
ambiente e a paisagem são
valorizados e o ser humano aparece
integrado a eles.
José de Alencar
(1829 - 1877)
“O maior responsável pelo
desenvolvimento do
projeto de Literatura
Brasileira do Romantismo”
12. Romances Urbanos
Focalizam o meio social carioca da
época (o Segundo Reinado). Criticam
com rigor a idolatria ao dinheiro, os
costumes burgueses, os conflitos sociais
que se refletem no relacionamento
homem-mulher. Obras: Cinco minutos
(1856); A Viuvinha (1857); Lucíola (1862);
Diva (1864); Sonhos Dóuro (1872); Senhora
(1875); Encarnação (1877).
Romances Regionalistas Exaltavam os
valores locais e americanos Obras: O
Gaúcho (1870); O Tronco do Ipê (1871); Til
(1872); O Sertanejo (1875)
Romances Históricos
Reconstituem nosso passado
histórico, aspectos coloniais e o
sentimento nativista.
Obras: As Minas de Prata 1º Vol. (1865); 2º
Vol. (1866); A Guerra dos Mascates 1º Vol.
(1871); 2º Vol. (1873).
Romances Indianistas
Focalizam os primeiros donos do Brasil e
seu contato com a civilização
portuguesa.
Obras: O Guarani (1857); Iracema
(1865);Ubirajara (1874).
13. Nasceu no Rio de Janeiro. De origem
pobre, conheceu de perto a classe
média que iria incorporar em seu
romance. Estudou belas-artes e
medicina, além de ter exercido o
jornalismo e atuado como tradutor.
Estava cumprindo sua função de
repórter quando morreu em um
naufrágio perto de Macaé, no estado
do Rio de Janeiro.
Manuel Antônio de Almeida é
considerado o primeiro romancista
tipicamente carioca. Escreveu um
romance urbano, em que incorporou
costumes e acontecimentos do Rio de
sua época. Como dissemos, extraiu do
povo remediado sua galeria de
personagens. A crítica vê em seu
romance um caráter picaresco. Esta
palavra designa um gênero literário de
origem espanhola (séculos XVI e XVII)
que tem como protagonista um herói
meio crônico, meio ridículo, o pícaro:
tipo de personagem
travessa, ardilosa, que vive de
expedientes, a expensas das várias
classes da sociedade. Como Memórias
de um Sargento de Milícias se trata de
uma perfeita crônica de costumes, há
sempre a preocupação do autor em
tudo datar e localizar, pois acima dos
figurantes está o acontecimento. O
acontecimento: esse é o núcleo de
tudo.
Manuel Antônio
de Almeida
“Consciente ou
inconscientemente,
marcou a passagem do
Romantismo para o
Realismo”
14. O romance de Manuel
Antônio de
Almeida, Memórias de um
sargento de
milícias, fugindo às
convenções do
Romantismo, é considerado
uma obra de transição para
o Realismo/Naturalismo.
Apesar de nesta obra
permanecerem muitas
convenções do
Romantismo, ela apresenta
como novidades:
personagens não
idealizadas, recolhidas de
uma classe social que ainda
não frequentava a literatura
– o povo
remediado, linguagem mais
popular, se comparada, por
exemplo, com o estilo de
Alencar, certa tendência à
comicidade.