O documento descreve a evolução da industrialização e seus impactos espaciais no Brasil. A industrialização começou no século 18 na Inglaterra e se espalhou para outros países europeus e as Américas. No Brasil, o processo começou no século 19 apoiado na economia cafeeira e se intensificou no século 20 com a intervenção estatal. Atualmente, há uma tendência de desconcentração industrial com novas plantas em locais fora de São Paulo. Investimentos em controle ambiental pela indústria brasileira cresceram 83,9%
2. A industrialização do espaço
mundial
As origens do processo de industrialização
remontam ao século XVlll, quando na sua segunda
metade, emergem na Inglaterra, grande
potência daquele período, uma série de
transformações de ordem
econômica, política, social e técnica, que
convencionou-se chamar de Revolução
Industrial.
Hoje esse processo já é conhecido como 1ª
Revolução Industrial, pois nos séculos XlX, e no
XX, novas transformações geraram a
emergência das 2ª e 3ª Revoluções Industriais.
3. As transformações de ordem espacial a partir da
indústria foram enormes, podemos citar como
exemplo as próprias mudanças ocorridas na
Inglaterra do século XlX, onde a indústria
associada a modernização do campo, gerou a
expulsam de milhares de camponeses em direção
das cidades, o que gerou a constituição de
cidades industriais que nesse mesmo século
ficaram conhecidas como cidades negras, em
decorrência da poluição atmosférica gerada
pelas indústrias.
4. Além disso, ocorreu uma grande mudança nas
relações sociais, as classes sociais do
capitalismo ficaram mais claras, de um lado os
donos dos meios de produção ( burguesia), que
objetivavam em primeiro lugar lucros cada vez
maiores, através da exploração da mão de obra
dos trabalhadores que ganhavam salários
miseráveis, e trabalhavam em condições
precárias, esses por sua vez constituindo o
chamado proletariado, (classe que vende sua
força de trabalho em troca de um salário), que
só vieram conseguir melhorias a partir do século
XX, e isso fruto de muitas lutas, através de
greves que forçaram os patrões e Estados a
concederem benefícios a essa camada da
sociedade.
5. O avanço da indústria, especialmente a
partir do século XlX, deu-se em direção
de outros países europeus como a
França, a Bélgica, a Holanda, a Alemanha,
a Itália, e de países fora da Europa,
como os EUA na América e o Japão na
Ásia, a grosso modo esses países viriam a
ser no século vindouro, as potências que
iriam dominar o mundo, em especial os
EUA, que hoje sem sombra de dúvidas
são a maior potência não apenas
econômica, industrial, mas também
militar do planeta.
6. A partir do século XX, especialmente após a 2ª
Guerra Mundial, países do chamado terceiro
mundo, também passaram por processos de
industrialização, como é o caso do Brasil.
Nesses países foi muito marcante a presença
do Estado nacional no processo de
industrialização, e das empresas
multinacionais (empresas estrangeiras), que
impulsionaram esse processo, e fizeram que
alguns países da periferia do mundo hoje
sejam potências industriais.
7. Só que diferentemente do que ocorreu nos países do
mundo desenvolvido, a industrialização não resultou
necessariamente na melhoria de vida das
populações, ou no desenvolvimento do país, pois esse
processo nos países subdesenvolvidos se deu de
forma dependente de capitais internacionais, o que
gerou um aprofundamento da dependência
externa, como o que é expresso através das dívidas
externas, além do que, as indústrias que para cá
vieram por já serem relativamente modernas não
geraram o número de empregos necessários para
absorver a mão de obra cada vez mais numerosa que
vinha do campo para as cidades, isso fez com que
ocorresse um processo de metropolização
acelerado, que não foi acompanhado de implantação
de infra- estrutura e da geração de empregos, o que
gerou um dos maiores problemas dos países
subdesenvolvidos hoje o inchaço das grandes
8.
9.
10. Pensar na origem da indústria no Brasil, tem que se
incluir necessariamente, a economia cafeeira
desenvolvida no pais durante o século XlX e boa
parte do XX, pois ela foi quem deu as bases para o
surgimento da indústria no país, que começou a
ocorrer ainda na Segunda metade do século XlX.
Dentre as contribuições da economia cafeeira para
a industrialização, podemos mencionar:
Acumulação de capital necessário para o processo;
Criação de infra-estrutura;
Formação de mercado de consumo;
Mão de obra utilizada, especialmente os migrantes
europeus não portugueses, como os italianos.
11. No início do século XX, a industrialização brasileira
ainda era incipiente, era mais vantajoso investir
no café, por exemplo, do que na indústria. Com a
crise de 1929, o rumo da economia brasileira
muda. Com a subida ao poder de Vargas, emerge o
pensamento urbano industrial, na chamada era
Vargas, o processo de industrialização é
impulsionado, com base nas políticas de caráter
keynesiano. O intervencionismo estatal na
economia é cada vez maior, criam-se empresas
estatais como
CVRD, Petrobrás, Eletrobrás, etc., com o
objetivo de industrializar o país.
12. No governo de JK, se dá a abertura ao capital
internacional, representado pelas empresas
multinacionais e pelos enormes empréstimos
para o estabelecimento de infra estrutura e de
grandes obras como a construção da capital
federal no centro do país, no planalto
central, Brasília.
Durante a ditadura militar, o Plano de metas de JK
é continuado, grandes projetos são
estabelecidos, a economia do país chega a
tornar-se a oitava do mundo. Durante o chamado
milagre brasileiro(1968-1973), a economia
brasileira passa a ser uma das que mais
cresce, essa festa toda só é parada em
decorrência da Crise do petróleo, que se dá a
13. A grande contradição desse crescimento se deve
ao fato que, por um lado ele foi gerado pelo
grande endividamento externo, e por outro
através de grande repressão ( vide o AI 5), e
arrocho salarial , sobre a classe trabalhadora
brasileira, confirmando a tendência de
Modernização conservadora da economia
nacional.
A partir da década de 90, e da emergência das
idéias neoliberais, o processo de industrialização
do país toma novo rumo, com a privatização de
grande parte das estatais e da abertura cada
vez maior da economia do país ao capital
internacional, além da retirada de direitos
trabalhistas históricos.
14. Mudanças espaciais também são verificadas na
distribuição atual das indústrias no país, pois
desde o início da industrialização, a tendência foi
de concentração espacial no Centro-sul,
especialmente em São Paulo, isso fez com que
esse estado se torne o grande centro da
economia nacional e em decorrência disso
recebesse os maiores fluxos migratórios, mas o
que se verifica atualmente é que a tendência
mundial atual de desconcentração industrial
também tem se abalado sobre o Brasil, pois
localidades do interior de São Paulo, do Sul do
país e até mesmo estados nordestinos começam a
receber plantas industriais que em outros tempos
se dirigiriam sem sombra de dúvidas para a
capital paulista.
15. Esse processo se deve em especial a
globalização da economia que tem acirrado a
competição entre as empresas, que com isso
buscam a redução dos custos de produção
buscando produzir onde é mais barato. Esse
processo todo tende a redesenhar não apenas
o espaço industrial brasileiro, mas de várias
áreas do mundo. O mais interessante no caso
brasileiro, é que ele não tem enfraquecido o
papel de São Paulo como cidade comandante
da economia nacional, mas pelo contrário
fortalece, pois o que se desconcentra é a
produção e não a decisão.
16.
17. Investimento da indústria em controle
ambiental cresce 83,9% entre 1997 e
2002
• O investimento em controle ambiental das
empresas industriais brasileiras (em valores
atualizados para 2002) passou de R$ 2,2 bilhões,
em 1997, para R$ 4,1 bilhões, em 2002. O
crescimento real (descontada a inflação no
período) nesse período foi de 83,9%. Em 1997,
apenas 3.823 empresas investiram em controle
ambiental, número que subiu para 6.691 em 2002 –
um aumento de 75,0%, bem superior ao
crescimento do total de empresas no mesmo
período (26,4%).
18. O investimento em controle ambiental das empresas
industriais brasileiras (em valores atualizados para
2002) passou de R$ 2,2 bilhões, em 1997, para R$ 4,1
bilhões, em 2002. O crescimento real (descontada a
inflação no período) nesse período foi de 83,9%. Em
1997, apenas 3.823 empresas investiram em controle
ambiental, número que subiu para 6.691 em 2002 – um
aumento de 75,0%, bem superior ao crescimento do
total de empresas no mesmo período (26,4%).
Em 1997, havia uma alta concentração dos
investimentos em controle ambiental nos setores de
alimentos e bebidas; já em 2002 a maior
concentração passou para as divisões de fabricação
de coque, refino de petróleo, elaboração de
combustíveis nucleares e produção de álcool.
19. Em 1997, havia uma alta concentração
dos investimentos em controle
ambiental nos setores de alimentos e
bebidas; já em 2002 a maior
concentração passou para as divisões
de fabricação de coque, refino de
petróleo, elaboração de combustíveis
nucleares e produção de álcool.
20. Todas as informações foram obtidas na Pesquisa
Industrial Anual Empresa (PIA-Empresa). Foram
consideradas, além da aquisição de máquinas industriais
que já incorporam à concepção de tecnologia limpa, a
aquisição de equipamentos, as obras com estação de
tratamento e os gastos necessários para colocar esses
itens em funcionamento. Não foram considerados gastos
com recuperação de áreas degradadas.
Os resultados principais desse estudo estão nas três
tabelas em anexo.
A participação do valor investido em controle ambiental
no conjunto das empresas que informaram esse tipo de
investimento aumentou de 13,9%, em 1997, para
18,7%, em 2002, alavancado pela indústria de
transformação, que aumentou em 92,6% o valor dos
investimentos em controle ambiental.
21.
22. • Em 1997, havia uma alta concentração dos
investimentos em controle ambiental nos
setores de alimentos e bebidas (19,4%),
seguidos pelos setores de refino de petróleo e
álcool (16,1%), metalurgia (14,0%) e celulose e
papel (11,5%). Juntos, eles responderam por
61,0% do total dos investimentos em controle
ambiental. Naquele ano, metade das 27
divisões da CNAE (Classificação Nacional de
Atividades Econômicas) respondeu por 89,8%
dos investimentos em controle ambiental no
país.
23. • Já em 2002, a maior concentração dos
investimentos em controle ambiental
passou para as indústrias de fabricação
de coque, refino de petróleo, elaboração
de combustíveis nucleares e produção de
álcool (42,1%), seguidas pelas de
fabricação de celulose e papel (15,5%) e
metalurgia básica (10,4%). Esses três
setores responderam por 68,0% dos
gastos ambientais. Com metade das
divisões da CNAE, em 2002, obtinham-se
94,4% dos investimentos em controle
ambiental, ou seja, houve aumento da
concentração desse tipo de gasto.
24. • Entre 1997 e 2002, o setor de fabricação de
coque, refino de petróleo, elaboração de
combustíveis nucleares e produção de álcool
aumentou em 382,3% o valor investido em
controle ambiental. Ressalta-se ainda o
crescimento real nos setores de celulose e
papel (148,6%), veículos automotores (80,7%)
e metalurgia básica (37,5%). Apenas em
alimentos e bebidas (-37,4%) ocorreu uma
substancial queda na participação dos
investimentos ambientais entre os anos
pesquisados. Esse setor passou da primeira
posição, em 1997, para a quarta posição, em
2002.
25.
26. • Uma característica marcante do investimento
ambiental é ser realizado pelas grandes
organizações. Em 1997 as 3.823 empresas que
investiram em controle ambiental
representavam 34,1% do valor da
transformação industrial do país. Em
2002, essa participação subiu para 48,1%.
• Dentre as categorias de uso, a de bens
intermediários1 foi a que mais investiu em
controle ambiental tanto em 1997 quanto em
2002. Esse setor, em geral, é apontado como o
que mais degrada o meio ambiente. O total
investido por essas indústrias teve
crescimento real de 176,9% entre 1997 e
2002.
27. Isso sugere a existência de certas motivações
associadas principalmente às exigências
impostas pelo comércio internacional, em
especial com os países desenvolvidos, cada vez
mais exigentes em relação ao cumprimento
das normas ambientais. Além dessa razão, há
ainda o receio das organizações de que danos
ou passivos ambientais afetem negativamente
a imagem corporativa; o crescimento de uma
cultura de consumo associada à produção mais
limpa (consumidor verde); pressões da
sociedade organizada; e um maior rigor das
agencias de regulação ambiental.
28. De 1997 para 2002, ocorreu uma inversão de posições entre as
categorias tradicional2 (23% para 10%) e tecnológica3 (de 15% para
11%) em relação à participação no total de investimentos em controle
ambiental.
29. A figura a seguir mostra uma comparação da composição do
investimento em controle ambiental dos setores da indústria no
Brasil, EUA, Espanha e Portugal.
30.
31.
32.
33. • 1 É,
em geral, intensiva em
recursos naturais e energia:
minerais não-metálicos
(vidro, cimento, cerâmicos);
metalurgia (ferro-
gusa, siderurgia, metais não-
ferrosos, fundição); papel e
papelão; fabricação de
coque, refino de petróleo e
produção álcool; e química
(fertilizantes, defensivos, pe
troquímicos, resinas).
34. • 2 Congrega as indústrias que,
independentemente do sistema
técnico de produção adotado, têm
como identidade a elaboração de
produtos manufaturados de menor
conteúdo tecnológico, destinados ao
consumo final: madeira, mobiliário,
couros e peles, têxteis, vestuário,
alimentícia, bebidas, fumo, editorial
e gráfica, entre outras.
35. • 3 Reúne os setores mais suscetíveis à
inovação tecnológica e à concorrência
internacional, sendo a principal fonte
de difusão do processo técnico para o
restante da indústria: mecânica,
material elétrico e de comunicações,
material de transporte, borracha,
farmacêuticos, perfumaria, sabões e
velas e plástico.
36.
37. Indústrias podem ser
classificadas com bases em
vários critérios, em geral o
mais utilizado é o que leva
em consideração o tipo e
destino do bem produzido:
38. •Indústrias de
base:
são aquelas que
produzem bens que
dão a base para o
funcionamento de
outras
indústrias, ou
seja, as chamadas
matérias primas
indústrias ou
insumos
industriais, como o
aço.
39. •Indústrias de
bens de capital ou
intermediária:
são aquelas que
produzem
equipamentos
necessários para o
funcionamento de
outras
indústrias, como as
de máquinas.
40. • Indústrias de bens de
consumo:
são aquelas que produzem bens
para o consumidor final, a
população comum, elas
subdividem-se em:
41. o Bens duráveis: as
que produzem bens
para consumo a
longo prazo, como
automóveis.
42. oBens não
duráveis:
as que produzem
bens para consumo
em geral
imediato, como as
de alimentos.
43. Se levarmos em consideração outros critérios como, por
exemplo:
• Maneira de produzir:
o Indústrias extrativas;
o Indústrias de processamento ou beneficiamento;
o Indústria de construção;
o Indústria de transformação ou manufatureira.
• Quantidade de matéria prima e energia utilizada:
o Indústrias leves;
o Indústrias pesadas.
• Tecnologia empregada:
o Indústrias tradicionais;
o Indústrias dinâmicas.
44.
45. Fatores locacionais devem ser entendidos como
as vantagens que um determinado local pode
oferecer para a instalação de uma indústria.
• Podem ser eles:
o Matéria prima abundante e barata;
o Mão de obra abundante e barata;
o Energia abundante e barata;
o Mercados consumidores;
o Infra estrutura;
o Vias de transporte e comunicações;
o Incentivos fiscais;
o Legislações fiscais, tributárias e ambientais
amenas.
46. Durante a 1ª Revolução industrial as indústrias inglesas
se concentraram nas proximidades das bacias
carboníferas, o que fez com que ali surgissem
importantes cidades industriais, que ganharam o apelido
de cidades negras, isso se deu em decorrência do
pequeno desenvolvimento em especial dos meios de
transporte. Na 2ª Revolução Industrial do final do
século XlX, com o desenvolvimento de novos meios de
transporte ( ferrovia) e a utilização de novas fontes de
energia ( eletricidade, petróleo, etc.) houve uma maior
liberdade na implantação de indústrias que fez com que
surgissem novas áreas industriais.
No século XX as metrópoles urbanas industriais passaram
a concentrar as maiores e mais importantes indústrias,
o que as tornou o centro da economia de vários países
do planeta, como é o caso da região metropolitana de
São Paulo no Brasil, ou do Manufacturing Belt nos EUA.
47. Atualmente a tendência é a da
desconcentração industrial, onde as
indústrias buscam novos locais onde os
custos de produção sejam menores, como
ocorre com o chamado Sun Belt nos
EUA, ou na relocalização produtiva que
estamos verificando no Brasil, isso gera
uma mudança significativa dos fluxos
migratórios, cidades como São Paulo ou Rio
de Janeiro, deixam de ser as maiores
captadoras de pessoas, cedendo esse posto
para cidades do interior de São Paulo
dentre outras localidades.
49. • Separação do trabalho por tarefas e níveis
hierárquicos.
• Racionalização da produção.
• Controle do tempo.
• Estabelecimento de níveis mínimos de
produtividade.
50. • Produção e consumo em massa.
• Extrema especialização do
trabalho.
• Rígida padronização da produção.
• Linha de montagem.
51. • Estratégias de produção e consumo em
escala planetária.
• Valorização da pesquisa científica.
• Desenvolvimento de novas tecnologias.
• Flexibilização dos contratos de
trabalho.