1. Seminário de Semiologia
Febre, hipertermia e hipotermia
Antônio Delacy Martini Vial
Caetano Sebastiany
Eduardo Lotti
Lukas Ogorodnik
Módulo 124
Rodrigo Bolsson Radins
UCPel
2. Objetivos
Compreender, esclarecer e discutir a
importância dos conceitos de
febre, hipertermia e hipotermia na
pratica médica contemporânea.
3. Anatomia e fisiologia
(hipotálamo)
http://www.colorado.edu/intphys/Class/IPHY3430-200/022endocrine1.htm
A
4. Definições
Febre – elevacao da temperatura corporal
que ultrapassa a variacao diaria normal e
ocorre associada a um aumento do ponto de
ajuste hipotalâmico (por exemplo de 37 para
39). É um mecanismo adaptativo de
benefício* para o organismo estimulando o
sistema imune e preservando a integridade
da membrana celular
termostato domestico
A
5. Capacidade fagocítica
Sobrevida em
e efeitos citotóxicos
situações de
infecção Crescimento e
virulência
Temperatura
corporal
Temperatura > 37,8˚C em um
feto dobra as chances de
defeitos no tubo neural de um
feto
Consumo de
Oxigênio, necessida
des hídricas e
calóricas
A
7. Hipotermia
Ocorre hipotermia quando há uma
reducao da temperatura corporal para
menos de 35 graus; caracteriza-se por
ser primaria e secundaria podendo
coexistir ou não com disfuncao
hipotalamica.
Hipotermia aguda: temperatura cai
rapidamente (lago frio).
Subaguda: demora horas (ambiente
frio).
Crônica: geralmente causada por uma
enfermidade.
A
9. Vasodilatação dos vasos Sistema nervoso
sangüíneos cutâneos simpático
Hipertermia Sudorese
Diminuição da produção
de calor
Vasoconstrição
Hipotermi Piloereção Excitação simpática
a
Aumento da termogênese
A
10.
11. Epidemiologia
A epidemiologia da febre depende de
dados locais ( muitas vezes
relacionados à estação do ano) e de
doenças existentes em locais
específicos, como malária e dengue.
Tais dados epidemiológicos podem
ser de grande auxilio na determinação
da etiologia da febre.
13. Caracterizar a hipotermia
Queda da temperatura
Rápida: imersão em água muito gelada
Lenta: exposição a ambientes mais
temperados
Intensidade da hipotermia
Leve: 32 a 35°C
Moderada: 30 a 32°C
Grave: abaixo de 30°C
14. Caracterizar a febre
Início - súbito:quase sempre acompanhada
dos demais sintomas da síndrome febril;
- gradual: prevalece a
sudorese, cefaléia e inapetência
Intensidade - de acordo com a temperatura
axilar:
-febre leve ou febrícula - até
37,5ºC
-febre moderada - de 37,5 a
38,5ºC
-febre alta ou elevada – acima
de 38,5ºC
15. Caracterizar a febre
• Duração - de poucos dias - em diversas
doenças infecciosas.
-prolongada – perdura no mínimo por
14 dias sem definição diagnóstica.
• Término
• EM CRISE: a febre desaparece
subitamente. Exemplo: malária.
• EM LISE: a febre diminui lentamente.
16. Caracterizar a febre
Modo de evolução da febre – é dada
pela análise do quadro térmico e da
anamnese;
Gráfico ou quadro térmico – é o
registro da temperatura em tabelas a
fim de se estabelecer o tipo de febre
apresentada pelo paciente (curva
térmica).
17. Febre Contínua: Variações até 1°C, sempre
acima do normal
Ex: febre tifóide, pneumonia;
40°C
39°C
38°C
37°C
18. Febre Intermitente: Hipertermia com períodos
cíclicos de apirexia (terçã, quartã ,cotidiana) Ex:
linfomas, malária, tuberculose;
39°C
38°C
37°C
36°C
19. Febre Remitente: Hipertermia diária com
variações maiores de 1°C, sem apirexia.
Ex: septicemia, pneumonia;
40°C
39°C
38°C
37°C
20. Febre Irregular ou Séptica: Picos muito altos
intercalados com por temp. baixas ou apirexia. Sem
caráter cíclicos, totalmente imprevisíveis.
Ex: septicemia;
39°C
38°C
37°C
36°C
21. Febre Recorrente ou Ondulante: Períodos de
temperatura normal, que dura dias ou semanas
seguidos por períodos com febre. Ex:
linfomas, tumores;
39°C
38°C
37°C
36°C
22. FATORES SUBJETIVOS
A percepção do estado febril varia de
pessoa para pessoa. Muitos pacientes
são capazes de avaliar com precisão
as elevações térmicas do seu
organismo, outros não;
D
23. Sintomas comuns da
síndrome febril
Febre
Astenia
Inapetência
Cefaléia
Taquicardia
Taquipnéia
Taquisfigmia
Oligúria
Dor no corpo
Calafrios
Sudorese
Náuseas
Vômitos
D
24. Sintomas comuns Hipotermia
• Respostas ao frio:
vasoconstrição, tremores, taquicardia;
• Leve (35 a 33 C):
tremores, letargia motora, espasmos
musculares, cianose;
• Moderada (33 a 30 C): MM.
rígidos, bradicardia, bradipnéia, sonolênc
ia;
• Grave (menos de 30 C):
da sonolência evolui para o coma;
25. Mecanismos fisiopatologicos
Células
passam
Estímulos para a PE na
produção de PE produzir corrente
PE circulatória
PGE2 PE chega na
atravessam a OVLT e regiões
barreira em torno do
hematoencefálic cérebro e
a até a área pré- estimula a
óptica do produção de
hipotálamo PGE2
febre
26. Mecanismos fisiopatologicos
Estímulos para produção de PE:
Endotoxinas de microorganismos, vírus e
bactérias
Hormônios( esteróides e progesterona)
Produtos de hidrólise
Pólen
Vacinas
Proteínas
Quem produz os PE?
Neutrófilos
Monócitos
Eosinófilos
Cél. De Kuppfer
Cél. Sinusoidais Esplênicas
Macrófagos alveolares
Cél. peritoniais
27. Mecanismos fisiopatologicos
Principais PE na corrente circulatória:
IL-1
IL-6
TNF
PIM( proteína alfa inflamatória do macrófago)
FNT( interferon alfa e beta)
28. Fármacos Anti-piréticos
Atuam na inibição da formação das
prostaglandinas. Muitos deles,
inibindo a ciclooxigenase.
Ex: paracetamol, dipirona, ácido acetil
salicílico.
31. Condições associadas ao
surgimento da febre
->por lesao tissular –
neoplasias, todas as infecçoes, lesoes
mecanicas, hemolinfopoieticas, afecço
es vasculares, doencas auto-
imunes, doencas do SNC.
32. Condições associadas ao
surgimento da febre
Em pacientes com neoplasias, o
aparecimento de febre é muito comum e
possui três mecanismos diferentes que
podem causá-la:
-> liberação de PE pela destruição tissular
ou por inflamação do tecido;
-> liberação de PE por liberação de
fatores auto-imunes induzidos pelas
células malignas;
-> produção de pirógeno pela própria
célula tumoral.
33. Condições associadas ao
surgimento da febre
Doenças infecciosas e parasitárias;
Doenças de sistema nervoso;
Febre induzida por medicamentos;
Febre de origem indeterminada;
Neoplasias;
34. Doenças Infecciosas e
parasitárias
Causa mais frequente de febre em todas as
faixas etárias;
Febre quase sempre presente em nas infecções
viróticas, bacterianas e por protozoários e nos
processos inflamatórios de fundo imunológico
(artrite reumatóide, lúpus eritematoso);
A febre logo se acompanha de sinais e sintomas
indicativos do órgão afetado;
Grupo que tem como característica febre
prolongada nem sempre com sintomatologia:
Tuberculose, Endocardite
Infecciosa, Brucelose, Salmonelose, Infecções
Piogênicas, Amebíase, Esquistossomose, Malári
a e Doença de Chagas Aguda.
35.
36. Doenças do sistema nervoso
* Quase sempre há febre após lesão
cerebral, em casos mais graves a febre é
elevada, podendo ter rápida ascensão antes
do óbito;
Hipertermia Neurogênica: a temperatura
pode se elevar após intervenções cirúrgicas
na região da fossa hipofisária e no 3º
ventrículo
• AVC: febre moderada, 37,5 a 39°C.
• Lesão da medula: grave distúrbio da
regulação da temperatura. Lesão na medula
cervical inferior temperatura muito baixa e na
medula cervical superior temperatura alta
(interrupção dos feixes aferente e eferentes
37. Febre Induzidas por drogas
Diversos mecanisnos: hipersensibilidade
mediada por anticorpos, contaminação de
frascos e soluções com
microorganismos, liberação de pirogênios
exógenos;
Sem padrão característico ( as pistas
dependem do quadro clínico, normalmente
febre sustentada ou intermitente com início
em uma a 2 horas e após 7 a 10 dias da
administração da droga);
Febre regride quando se interrompe o
medicamento;
Outros sinais: Exantema, dermatite
esfoliativa, vasculite e urticária.
38. Febre de origem
medicamentosa
*Febre, cefaléia e
1 a 3 semanas mialgias.
após início de
medicação.
Desaparece 2
a 3 dias após
suspensão do
uso.
Mais associada a
antibimicrobianos
(sobretudo β-lactâmicos);agentes
cardiovasculares (como
quinidina);antineoplásicos e
drogas de ação
no SNC (p.ex. fenitoína)
39. Hipertermia Maligna:
reação idiossincrática à
anestesia com
halotano, isoflurano e
enflurano.
- Causa: desordem
genética da regulação
do cálcio intracelular.
- Manifestações: Febre
alta, rigidez
muscular, taquicardia, a
rritmias e hipotensão.
40. Hipertermia maligna
Distúrbio genético autossômico
dominante no gene RYR1
A hipertermia maligna ocorre nos
indivíduos que apresentam uma
anormalidade hereditária no reticulo
sarcoplasmático dos músculos
esqueléticos. Quando submetido a
anestésicos em minutos ocorre
temperatura alta, aumento do
metabolismo, rigidez
muscular, rabdomiólise, acidose e
instabilidade cardiovascular; distúrbio
raro e freqüentemente fatal.
41. Febre de origem obscura
FOO ou FOI caracteriza-se por TA>
37,9ºC em várias ocasiões; febre com
duração de mais de 3 semanas;
impossibilidade de estabelecer um
diagnóstico a despeito de 1 semana
de investigação hospitalar.
4 tipos: FOO clássica, FOO
hospitalar, FOO neutropênica, FOO
associada a infecção pelo HIV.
42. FOO Clássica
3 consultas ambulatoriais ou 3 dias de
internação hospitalar ou 1 semana de
investigação ambulatorial “criteriosa e
invasiva” sem elucidação de uma
causa.
43. FOO hospitalar
Suscetibilidade do paciente associada
às complicações potenciais de
hospitalização.
As mais comuns complicações
hospitalares são:
ITU, pneumonia, infecções de
incisões cirúrgicas, infecções
relacionadas aos acessos e
monitorações intravasculares.
44. FOO neutropênica
Duração da doença pode ser
curta, mas se não tratada pode levar a
situações catastróficas.
Causas comuns: Candida e
Aspergillus, herpes vírus simples ou
CMV, tromboflebite séptica (associada
à cateteres).
45. FOO associada ao HIV
A infecção pelo HIV isoladamente
pode causar febre. Em mais de 80%
dos pacientes a FOO associada ao
HIV é por causas infecciosas, mas a
febre medicamentosa e o linfoma são
possibilidades importantes.
46. Investigação da febre
Início, Intensidade, Duração, Modo de
evolução, Término.
Níveis medidos;
Periodicidade;
Fatores que acompanham: calafrios, mal-
estar, vômitos, mialgias;
Uso de medicamentos (quais e em que
quantidade);
*Antitérmicos: influência sobre a curva térmica.
*Drogas que possam produzir febre.
Contato com pessoas portadoras de doenças que
possam produzir febre ou de doenças infecto-
contagiosas;
47. Entrada em florestas e cavernas;
Atividade e hábitos sexuais;
Viagens a regiões endêmicas;
Transfusão sanguínea, principalmente antes
dos anos 80 (hepatite);
Contato com animais;
Hábitos higiênicos;
Hábitos alimentares;
Hábitos de vida (uso de seringas ou agulhar
não esterelizados);
Emagrecimento (quanto e em que
velocidade);
Doenças pregressas e familiares;
Confirmar com familiares e amigos.
48. Exame Físico
Pesquisar: lesões cutâneas, lesões na
orofaringe, seios
paranasais, dentes, visceromegalias, l
infadenomegalias, fundo de
olho, boca, região anal e reto, massas
abdominais ou pélvicas e sopros
cardíacos;
Curva térmica deve ser pesquisada e
comparada;
* Deve ser repetido diariamente até o
diagnóstico ser obtido.
49. Valores Normais da Temperatura
os locais habituais da medida da temperatura
corpórea são: a axila, a boca e o ânus, sendo que
existem diferenças fisiológicas entre os locais:
Axilar - 35,5 a 37,0 °C
Bucal - 36,0 a 37,4 °C
Retal - 36,0 a 37,5 °C
Timpânica – 37,8 ºC
*Na medida oral, o termômetro deverá ser colocado
sob a língua, posicionando-o no canto do lábio;
*Na temperatura retal, o termômetro deverá possuir
bulbo arredondado e ser de maior calibre;
*Sinal de Lenander: a temperatura retal maior que
a axilar em valores acima de 1 grau, pode ser
indicativo de processo inflamatório intra-abdominal.
50.
51. Caso clinico
Identificação: Paciente P.B., sexo
masculino, casado, de 71, aposentado
(ex-torneiro mecânico), de cor
branca, natural de
Pelotas, procedente do PSM, religião
adventista.
QP: Febre de 38-39ºC há 7 dias
(07/08/2011).
52. Nota de internação 04/08/2011
S Paciente trazido pela ambulância do
SAMU. Recebe cuidado domiciliar.
Alzheimer há aproximadamente 10
anos, AVC prévio há 9 meses relatados
por sua esposa. Esposa refere que o
paciente tem uma escara de decúbito
em região trocantérica bilateralmente.
Apresenta exames e sonda vesical. Faz
uso de levotiroxina 150mg e lombicam
fólico. Sonda vesical com presença de
sangue (colocou sonda dia 28/05/2011).
53. Nota de internação 04/08/2011
O REG,
PA: 120x80 mmHg
FC: 80 bpm
FR: 17 irpm
AC: RR2T, BHF
AP: MV diminuídos difusamente, sem dispnéia
prévia e esforço respiratório.
Apresenta secreção no ouvido esquerdo não
notado pelos familiares.
NEURO: Plegia à esquerda, responde com
sons incompreensivos, abertura ocular
espontânea.
EQU: Enterobacter cloacal, sensível à
gentamicina/cefepiri e anicocina.
54. Nota de internação 04/08/2011
A Solicitado exames
Parkinson?
P Encaminhado ao HUSFP.
Receitado: Gentamicina.
55. Nota de evolução 07/08/2011
QP Febre de 38-39 ºC há 7 dias.
HDA 72 anos, acamado, afásico; foi
no PS há 3 dias, esposa trouxe EQU
infeccioso do dia 15/07/2011. No PS
iniciou com gentamicina. Interna na
enfermaria do HUFSP para melhora.
Revisão dos Sistemas Escara
trocantérica, presença de cistostomia.
56. Nota de evolução 07/08/2011
Exame físico:
REG, mucosas hipocoradas e
úmidas, AAA.
AC = RR2T, BNF
FC = 80 Bpm
FR = 15 Irpm
AP = MR +, SRA.
ABD = RHA +, depressível, indolor, sem
visceromegalias.
MMII = sem edema, extremidades
aquecidas, pulso pedioso
57. Nota de evolução 07/08/2011
Hipótese diagnóstica:
ITU
Conduta Inicial:
Hemograma com
plaquetas, Na, K, uréia, creatinina, EQ
U, urocultura e antibiograma.
58.
59.
60.
61. Bibliografia
Porto, Celmo Celeno. Semiologia
Médica, 6° ed., 2009;
Lopez, Mário. Semiologia
Médica, Revinter, 4º ed., 2001;
Cecil. Tratado de Medicina
Interna, Elsevier, tradução da 22ª
Edição, 2005;
Harrison. Medicina interna, 16 ed. Rio de
Janeiro: Mc Graw-Hill, 2006;