SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  5
Entrevista:


 Mariana (Mainha)
 e Cleusa Oliveira,
 Baianas do Acarajé

                    M
                                ariana Oliveira, mais conhecida como
                                “a baiana da torre de TV”, é uma das
                                personagens mais conhecidas de Bra-
                    sília. Há quase quarenta anos na capital brasilei-
                    ra, a “Barraca da Mainha”, como é conhecido seu
                    pequeno empreendimento, faz sucesso entre os
                    turistas brasileiros e estrangeiros que visitam a
                    Capital Federal. Indicativo desse prestígio são os
                    convites que tanto Dona Mariana como sua filha
                    Dona Cleusa recebem de diversas autoridades
                    para fazerem o famoso acarajé em cerimônias
                    públicas. Nesta entrevista cedida a Textos do
                    Brasil, Dona Cleusa comenta algumas peculia-
                    ridades de seu ofício, registrado, recentemente,
                    como Patrimônio Histórico Imaterial.




Sabores do Brasil                                                    123
Foto: Anneluize Shmeil



  TB: A senhora sabe o que significa a                 beça”, fazem oferenda para Iansã. É aconselhável
  palavra acarajé?                                     que seja feito por quem é filha de Iansã.
        Baiana: A origem é da África. Vem de “aca-
  rá”, que significa bola de fogo. “Jé” quer dizer     TB: Quais são os rituais de uso do
  comer.                                               acarajé no candomblé?
                                                             Baiana: É a comida de Iansã. A gente faz
  TB: Apenas os filhos-de-santo podem                  os bolinhos e oferece para ela. Na origem – assim
  fazer o acarajé?                                     conta a história, que não é da minha época, nem
        Baiana: Sim. Os filhos-de-santo fazem aca-     da minha mãe, foi da minha “bisa” – as africanas
  rajé para oferenda. Quando estão “fazendo a ca-      vinham e faziam. Você sabe que a religião delas


124                                                                                  Textos do Brasil . Nº 13
era o candomblé. E só recebiam a graça se elas              As negras, as africanas
   rezassem, dançassem para o santo e oferecessem
   o acarajé. Umas oferecem só o bolinho cru. De-                 que vieram para o
   pende do que o santo pede. Outras oferecem frito
                                                                nosso país, davam um
   também, puro, sem nada. Oferecem no bambu-
   zal. Isso é para Iansã, isso não é “trabalho”! A               bolinho para Iansã
   gente vende o acarajé como “trabalho” também.
                                                                acalmar a sinhá. Não
   Mas, primeiro, nós damos a graça e, depois, nós
   “trabalhamos”. E as africanas – segundo as his-              era fazendo o mal, era
   tórias que ouço desde que nasci – eram muito
                                                                 fazendo o bem, para
   maltratadas pelas “sinhás”. Então, elas faziam
   o acarajé para comer e davam um pouco para                    que ela a sinhá não
   Iansã para que ela desse uma surra na “iaiá”. A
   fé remove montanha, né? Elas tinha fé de que a
                                                               judiasse tanto delas. E,
   “sinhá” ficaria mansinha, ficaria boa, acalmaria.            na mediação da fome,
   Iansã é dona do vento, é Santa Bárbara. Então
   elas faziam essa oferenda. É igual a quem tem fé
                                                                  fritava e comia. A
   em Santo Antônio. O que dar para Santo Antô-                 nossa história é linda!
   nio?! Um pãozinho. Ofereço um pãozinho para
   uma criança e Santo Antônio me dá uma graça.          TB: Como o acarajé é servido?
   As negras, as africanas que vieram para o nosso              Baiana: Quando eu nasci, minha mãe fazia
   país, davam um bolinho para Iansã acalmar a si-       o bolinho de feijão, fritava três camarõezinhos,
   nhá. Não era fazendo o mal, era fazendo o bem,        cortava, botava uma pimentinha e vatapá. Só
   para que ela, a sinhá, não judiasse tanto delas. E,   isso! Agora, não, como muita gente não come ca-
   na mediação da fome, fritava e comia. A nossa         marão, muitas baianas preparam tudo separado:
   história é linda!                                     vatapá, camarão e salada. Em Salvador, tem mui-
                                                         ta gente que já serve com caruru – outra comida
   TB: O acarajé utilizado no candomblé                  de orixá que não tem nada a ver com o acarajé.
   é diferente do que é vendido nos                      Isso é para o turista aprender a comer caruru.
   tabuleiros?
        Baiana: Depende do orixá que pedir. Al-          TB: O modo de se fazer acarajé se
   guns pedem frito, outros pedem cru. Iansã gosta       tornou patrimônio cultural do
   bem pequeno e frito. Puro, sem recheio.               Brasil...
                                                                Baiana: Graças a Deus! Principalmente ao
   TB: Quais são os “segredos” para se                   nosso esforço, porque se a gente não corresse
   fazer um bom acarajé?                                 atrás!... Havia pessoas fazendo a farinha de feijão
         Baiana: Bom, é segredo, né? (risos)             de qualquer jeito para exportação. Na embala-
                                                         gem tinha a figura de uma baiana, para dizer que




Sabores do Brasil                                                                                          125
falam que o baiano é mais preguiçoso. Ele não
              A nossa culinária
                                                           gosta de levantar cedo, ele não gosta muito do
               tem mil e tantos                            “batente”. São as baianas as que vão à luta. Le-
                                                           vantam cedo. Algumas vão lavar roupa na Lagoa
            pratos, então com um
                                                           do Abaeté. Outras vão para a casa da sinhá tra-
           pedacinho de pimenta,                           balhar. Outras são ótimas cozinheiras – porque
                                                           a nossa culinária tem mil e tantos pratos, então
           um pouquinho de dendê
                                                           com um pedacinho de pimenta, um pouquinho
            e uma água de peixe,                           de dendê e uma água de peixe, a gente faz di-
                                                           versas comidas. Por isso, ficamos felizes com es-
             a gente faz diversas
                                                           sas iniciativas. O acarajé é nosso, das baianas do
                  comidas.                                 acarajé.
                                                                  Agora, no resto do Brasil ainda falta regu-
      foi uma baiana que fez. Foi a nossa associação, lá   lamentação. Tem gente de todas as partes do Bra-
      de Salvador, que correu atrás para ser patrimônio    sil falando que é baiano e vendendo acarajé fei-
      nosso, para patentear a nossa culinária. Porque,     to de qualquer jeito. Eu não sei porque eles não
      se não, ia ser igual ao açaí, que o japonês paten-   regularizam. Já tem muito acarajé na rua. Tem
      teou. E não tem nada a ver! Veio aqui no Brasil,     muito, muito mesmo. Antigamente, muita gente
      comprou o açaí, patenteou e é dele! O acarajé é      olhava para o acarajé e dizia: “ai, eu não como
      nosso com muito orgulho!                             esse bicho!”. Hoje o Brasil inteiro come acarajé.


      TB: Por que a receita do acarajé não                 TB: Quais são os adereços típicos da
      pode ser modificada?                                 baiana do acarajé?
             Baiana: Porque não dá certo. Primeiro,               Baiana: A nossa farda. É importante a nossa
      porque é uma comida sagrada. Além disso, se          farda. Tem gente que gosta de estampada; outros
      modificasse não teria graça, ficaria ruim. Por       branca. Como a baiana geralmente é bem preti-
      exemplo, tinha uma propaganda que nós, baia-         nha, ela fica o máximo com a farda toda bran-
      nas, lutamos para tirar. Era uma propaganda de       quinha. Tem também as nossas guias-de-santo.
      uma fábrica de frios em que se colocava lingüiça     Tem muitas que usam guia e nem sabem quem
      no acarajé. Aquilo foi um deboche! Por ela ser de    é o santo! Aí não dá, né? É só para enfeite! Tem
      uma nação, por ela ser de uma religião, ninguém      que falar logo que é só para enfeite. Tem algumas
      deixa modificar a receita.                           baianas que também colocam uma folhinha de
                                                           arruda na cabeça, para afastar mau-olhado. As
      TB: Qual a importância da                            pessoas acham que é para tirar a dor-de-cabeça,
      regulamentação da profissão de                       mas é contra “quebranto”. E seca rapidinho...
      baiana do acarajé, como acontece em
      Salvador?                                            TB: O que mais existe no tabuleiro da
             Baiana: Para nós isso é muito importan-       baiana além do acarajé?
      te. Até porque já somos muitas. Muitas pessoas             Baiana: Ah! Tem muita coisa! Pode ter
                                                           abará, vatapá, cuscuz, cocada. No tabuleiro da

126                                                                                      Textos do Brasil . Nº 13
baiana não pode faltar cocada. Inclusive quan-               Os estrangeiros ficam
   do a gente faz eventos, onde muitas vezes não
   querem cocada porque tem muita sobremesa, eu                  encantados! Muito
   levo pelo menos 30, e se o freguês “panha”, tem
                                                                encantados. Às vezes
   que pagar! (risos). Tabuleiro sem cocada não tem
   graça!                                                      chega um ônibus, uma
                                                                 van de estrangeiros.
   TB: Como a senhora vê a concorrência
   da venda de acarajé em bares e                               Eles vêem e começam
   supermercados? É uma coisa boa ou
                                                                a provar desconfiados,
   ruim?
         Baiana: Para nós, não prejudicou em nada.               porque têm medo de
   Só expandiu a exposição do nosso produto, que
   é maravilhoso. É igual a churrasquinho que tem
                                                                “azangar a barriga”.
   em todo lugar e todo mundo vende. Mas o bom                 Aí pedem um, e fazem
   acarajé, só o feito na hora, pela baiana.
                                                                      “hummm”
   TB: As novidades tecnológicas,
   como o liqüidificador, facilitaram o                  TB: E eles costumam pedir quente
   preparo do acarajé?                                   (apimentado)?
          Baiana: Não. A gente não usa nada disso.              Baiana: Não. Eles têm medo. Só quem
   Liqüidificador a gente só usa para bater a man-       pede apimentado é o indonésio e o africano. Eles
   dioca e fazer o bobó. Até para bater o pão, a gente   comem o bolinho puro, puro com pimenta. Aí
   deixa de molho e bate com a mão. Nós temos que        eles falam “bagadu, bagadu”. Sei lá o que é “ba-
   manter a tradição. A gente não usa muito o li-        gadu”. Tô botando é pimenta!... (risos)
   qüidificador, principalmente para bater a massa.
   E tem mais: quando se começa a bater a massa,         TB: A senhora poderia nos dar a
   não se pode passar para outra. Quando começa a        receita do acarajé?
   bater, tem que bater até o fim.                             Baiana: Na medida do possível, posso. Até
                                                         porque, o acarajé depende sobretudo da “mão”
   TB: Qual a reação dos estrangeiros ao                 da baiana! Você compra o feijão-fradinho. Me-
   provar o acarajé?                                     lhor comprar muito (uns dois quilos) porque a
          Baiana: Ah! Ficam encantados! Muito en-        gente “quebra” um saco por dia. Quebra e deixa
   cantados. Às vezes chega um ônibus, uma van de        de molho para tirar a casca. Depois, você mói e
   estrangeiros. Eles vêem e começam a provar des-       bota tempero: sal e cebolinha branca. Cebola de
   confiados, porque têm medo de “azangar a bar-         cabeça. Não é a verde! Você pode bater bastante.
   riga”. Aí pedem um, e fazem “hummm”, igual a          Bota um pouquinho de sal, cebola e bate. O se-
   Ana Maria Braga, e, então, todo mundo come.           gredo é a batida! Depois faz o bolinho e frita no
                                                         dendê para dar cor. No óleo, fica branquinho.



Sabores do Brasil                                                                                        127

Contenu connexe

Tendances

Influências Africanas na Culinária Brasileira
Influências Africanas na Culinária BrasileiraInfluências Africanas na Culinária Brasileira
Influências Africanas na Culinária Brasileiraklauddia
 
Receitas 6ªB
Receitas   6ªBReceitas   6ªB
Receitas 6ªBMisa Di
 
Culinária afro-brasileira
Culinária afro-brasileiraCulinária afro-brasileira
Culinária afro-brasileiraMary Alvarenga
 
Palavras de origem africana turma 6ª feira- definitivo
Palavras de origem africana  turma 6ª feira- definitivoPalavras de origem africana  turma 6ª feira- definitivo
Palavras de origem africana turma 6ª feira- definitivojocelia cristrina cerqueira
 
Algumas palavras de origem africana
Algumas palavras de origem africanaAlgumas palavras de origem africana
Algumas palavras de origem africanamarise brandao
 
Programacao carnavalolinda2012
Programacao carnavalolinda2012Programacao carnavalolinda2012
Programacao carnavalolinda2012Portal NE10
 
História oral para crianças: desafios possíveis
História oral para crianças: desafios possíveisHistória oral para crianças: desafios possíveis
História oral para crianças: desafios possíveisPaulo Capone
 
Culinária da áfrica
Culinária da áfricaCulinária da áfrica
Culinária da áfricaMarta Baldez
 
Apresentação Bísaro| Salsicharia Tradicional
Apresentação Bísaro| Salsicharia TradicionalApresentação Bísaro| Salsicharia Tradicional
Apresentação Bísaro| Salsicharia TradicionalAlexandrina Fernandes
 
Carta de Cerveja Mario Rosa "Pão e Cerveja"
Carta de Cerveja Mario Rosa "Pão e Cerveja"Carta de Cerveja Mario Rosa "Pão e Cerveja"
Carta de Cerveja Mario Rosa "Pão e Cerveja"mariosjrosa
 
Catalogo leilao campo_alegre
Catalogo leilao campo_alegreCatalogo leilao campo_alegre
Catalogo leilao campo_alegreBeefPoint
 
Atividades
AtividadesAtividades
Atividadeslelabeto
 
Boletim 291 - 24/06/12
Boletim 291 - 24/06/12Boletim 291 - 24/06/12
Boletim 291 - 24/06/12stanaami
 

Tendances (20)

Newsletter Nº1
Newsletter Nº1Newsletter Nº1
Newsletter Nº1
 
Influências Africanas na Culinária Brasileira
Influências Africanas na Culinária BrasileiraInfluências Africanas na Culinária Brasileira
Influências Africanas na Culinária Brasileira
 
Receitas 6ªB
Receitas   6ªBReceitas   6ªB
Receitas 6ªB
 
Culinária afro-brasileira
Culinária afro-brasileiraCulinária afro-brasileira
Culinária afro-brasileira
 
Domingo 02-09
Domingo  02-09Domingo  02-09
Domingo 02-09
 
Palavras de origem africana turma 6ª feira- definitivo
Palavras de origem africana  turma 6ª feira- definitivoPalavras de origem africana  turma 6ª feira- definitivo
Palavras de origem africana turma 6ª feira- definitivo
 
Amazonia 02
Amazonia 02Amazonia 02
Amazonia 02
 
Algumas palavras de origem africana
Algumas palavras de origem africanaAlgumas palavras de origem africana
Algumas palavras de origem africana
 
VIAJANDO COM DOM BOSCO
VIAJANDO COM DOM BOSCOVIAJANDO COM DOM BOSCO
VIAJANDO COM DOM BOSCO
 
Programacao carnavalolinda2012
Programacao carnavalolinda2012Programacao carnavalolinda2012
Programacao carnavalolinda2012
 
História oral para crianças: desafios possíveis
História oral para crianças: desafios possíveisHistória oral para crianças: desafios possíveis
História oral para crianças: desafios possíveis
 
12dejunho oexpresso
12dejunho oexpresso12dejunho oexpresso
12dejunho oexpresso
 
Culinária da áfrica
Culinária da áfricaCulinária da áfrica
Culinária da áfrica
 
Apresentação Bísaro| Salsicharia Tradicional
Apresentação Bísaro| Salsicharia TradicionalApresentação Bísaro| Salsicharia Tradicional
Apresentação Bísaro| Salsicharia Tradicional
 
Carta de Cerveja Mario Rosa "Pão e Cerveja"
Carta de Cerveja Mario Rosa "Pão e Cerveja"Carta de Cerveja Mario Rosa "Pão e Cerveja"
Carta de Cerveja Mario Rosa "Pão e Cerveja"
 
Apresentacao_impar
Apresentacao_imparApresentacao_impar
Apresentacao_impar
 
Catalogo leilao campo_alegre
Catalogo leilao campo_alegreCatalogo leilao campo_alegre
Catalogo leilao campo_alegre
 
Atividades
AtividadesAtividades
Atividades
 
Boletim 291 - 24/06/12
Boletim 291 - 24/06/12Boletim 291 - 24/06/12
Boletim 291 - 24/06/12
 
Amazonia 04
Amazonia 04Amazonia 04
Amazonia 04
 

En vedette

Transformación y comercialización 2017 piensos
Transformación y comercialización 2017 piensosTransformación y comercialización 2017 piensos
Transformación y comercialización 2017 piensosAgronovo Ecoloxía S.L.
 
Sf2 organic low bush blueberries
Sf2 organic low bush blueberriesSf2 organic low bush blueberries
Sf2 organic low bush blueberriesacornorganic
 
Informatica el internet 1 c
Informatica el internet 1 cInformatica el internet 1 c
Informatica el internet 1 cJoselynalmeida
 
Урок на тему: "Описание физических свойств веществ" (8 класс)
Урок на тему: "Описание физических свойств веществ" (8 класс)Урок на тему: "Описание физических свойств веществ" (8 класс)
Урок на тему: "Описание физических свойств веществ" (8 класс)school17d
 
Pete Amend Clinical Resume 170109
Pete Amend Clinical Resume 170109Pete Amend Clinical Resume 170109
Pete Amend Clinical Resume 170109Pete Amend
 
CICLASUR 2016 - ARGENTINA - "Teresa de Los Andes, religiosa del Carmelo"
CICLASUR 2016 - ARGENTINA - "Teresa de Los Andes, religiosa del Carmelo"CICLASUR 2016 - ARGENTINA - "Teresa de Los Andes, religiosa del Carmelo"
CICLASUR 2016 - ARGENTINA - "Teresa de Los Andes, religiosa del Carmelo"ORDEN SEGLAR CARMELITAS DESCALZOS
 
Introdución a HTML IDATUX
Introdución a HTML IDATUXIntrodución a HTML IDATUX
Introdución a HTML IDATUXCarlos Vargas
 
Etoloģija- dzīvnieku uzvedība
Etoloģija- dzīvnieku uzvedībaEtoloģija- dzīvnieku uzvedība
Etoloģija- dzīvnieku uzvedībaAndris Ziemelis
 
Anatomija ievads - atkārtojums par šūnu un audiem
Anatomija ievads - atkārtojums par šūnu un audiemAnatomija ievads - atkārtojums par šūnu un audiem
Anatomija ievads - atkārtojums par šūnu un audiemAndris-Ziemelis
 

En vedette (20)

Transformación y comercialización 2017 piensos
Transformación y comercialización 2017 piensosTransformación y comercialización 2017 piensos
Transformación y comercialización 2017 piensos
 
Messak Article Libya Herald
Messak Article Libya HeraldMessak Article Libya Herald
Messak Article Libya Herald
 
Sf2 organic low bush blueberries
Sf2 organic low bush blueberriesSf2 organic low bush blueberries
Sf2 organic low bush blueberries
 
Nutrientes 01
Nutrientes 01Nutrientes 01
Nutrientes 01
 
PFC_o-dong
PFC_o-dongPFC_o-dong
PFC_o-dong
 
Informatica el internet 1 c
Informatica el internet 1 cInformatica el internet 1 c
Informatica el internet 1 c
 
Don de Piedad
Don de Piedad Don de Piedad
Don de Piedad
 
Lozano Human R
Lozano Human RLozano Human R
Lozano Human R
 
Урок на тему: "Описание физических свойств веществ" (8 класс)
Урок на тему: "Описание физических свойств веществ" (8 класс)Урок на тему: "Описание физических свойств веществ" (8 класс)
Урок на тему: "Описание физических свойств веществ" (8 класс)
 
Hinduismo 6a gr4
Hinduismo 6a gr4Hinduismo 6a gr4
Hinduismo 6a gr4
 
CV Manoj kumar
CV Manoj kumarCV Manoj kumar
CV Manoj kumar
 
Pete Amend Clinical Resume 170109
Pete Amend Clinical Resume 170109Pete Amend Clinical Resume 170109
Pete Amend Clinical Resume 170109
 
CICLASUR 2016 - ARGENTINA - "Teresa de Los Andes, religiosa del Carmelo"
CICLASUR 2016 - ARGENTINA - "Teresa de Los Andes, religiosa del Carmelo"CICLASUR 2016 - ARGENTINA - "Teresa de Los Andes, religiosa del Carmelo"
CICLASUR 2016 - ARGENTINA - "Teresa de Los Andes, religiosa del Carmelo"
 
Bezmugurkaulnieki 2
Bezmugurkaulnieki 2Bezmugurkaulnieki 2
Bezmugurkaulnieki 2
 
Lectuer html1
Lectuer  html1Lectuer  html1
Lectuer html1
 
Introdución a HTML IDATUX
Introdución a HTML IDATUXIntrodución a HTML IDATUX
Introdución a HTML IDATUX
 
Cilvēka ģenētika
Cilvēka ģenētikaCilvēka ģenētika
Cilvēka ģenētika
 
Etoloģija- dzīvnieku uzvedība
Etoloģija- dzīvnieku uzvedībaEtoloģija- dzīvnieku uzvedība
Etoloģija- dzīvnieku uzvedība
 
Anatomija ievads - atkārtojums par šūnu un audiem
Anatomija ievads - atkārtojums par šūnu un audiemAnatomija ievads - atkārtojums par šūnu un audiem
Anatomija ievads - atkārtojums par šūnu un audiem
 
F 12 06_uzdevumi_par_emv
F 12 06_uzdevumi_par_emvF 12 06_uzdevumi_par_emv
F 12 06_uzdevumi_par_emv
 

Similaire à Brasilidades bahianas

Similaire à Brasilidades bahianas (6)

Brasilcrianca
BrasilcriancaBrasilcrianca
Brasilcrianca
 
O S í N D I O S Para Blog
O S  í N D I O S Para BlogO S  í N D I O S Para Blog
O S í N D I O S Para Blog
 
Diversidade cultural
Diversidade culturalDiversidade cultural
Diversidade cultural
 
Pagna baianas
Pagna baianasPagna baianas
Pagna baianas
 
2014 oba-oba do recreio
2014   oba-oba do recreio2014   oba-oba do recreio
2014 oba-oba do recreio
 
Fiais da beira a aldeia
Fiais da beira a aldeia Fiais da beira a aldeia
Fiais da beira a aldeia
 

Plus de quituteira quitutes

Receita Pudim De Mandioca E Torta Garotada
Receita Pudim De Mandioca E Torta GarotadaReceita Pudim De Mandioca E Torta Garotada
Receita Pudim De Mandioca E Torta Garotadaquituteira quitutes
 
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassis
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com CassisReceita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassis
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassisquituteira quitutes
 
Receita Bife à Milanesa Recheado
Receita Bife à Milanesa RecheadoReceita Bife à Milanesa Recheado
Receita Bife à Milanesa Recheadoquituteira quitutes
 
Livro De Receitas Cocina Melhores Receitas
Livro De  Receitas  Cocina  Melhores  ReceitasLivro De  Receitas  Cocina  Melhores  Receitas
Livro De Receitas Cocina Melhores Receitasquituteira quitutes
 
Guia De Alimentos Naturais Vale Das Flores
Guia De Alimentos Naturais Vale Das FloresGuia De Alimentos Naturais Vale Das Flores
Guia De Alimentos Naturais Vale Das Floresquituteira quitutes
 
Frutas E Legumes Alimentos Poderosos
Frutas E Legumes Alimentos PoderososFrutas E Legumes Alimentos Poderosos
Frutas E Legumes Alimentos Poderososquituteira quitutes
 
Receitas E Dicas Colonial Med Spa
Receitas E Dicas Colonial Med SpaReceitas E Dicas Colonial Med Spa
Receitas E Dicas Colonial Med Spaquituteira quitutes
 

Plus de quituteira quitutes (20)

Receitas Soja
Receitas SojaReceitas Soja
Receitas Soja
 
Receitas Drinks
Receitas DrinksReceitas Drinks
Receitas Drinks
 
Receita Pudim De Mandioca E Torta Garotada
Receita Pudim De Mandioca E Torta GarotadaReceita Pudim De Mandioca E Torta Garotada
Receita Pudim De Mandioca E Torta Garotada
 
Receita GeléIa De Jabuticaba
Receita GeléIa De JabuticabaReceita GeléIa De Jabuticaba
Receita GeléIa De Jabuticaba
 
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassis
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com CassisReceita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassis
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassis
 
Receita Costela Poncho Verde
Receita Costela Poncho VerdeReceita Costela Poncho Verde
Receita Costela Poncho Verde
 
Receita Bife à Milanesa Recheado
Receita Bife à Milanesa RecheadoReceita Bife à Milanesa Recheado
Receita Bife à Milanesa Recheado
 
Livro De Receitas Naturais 02
Livro De Receitas Naturais 02Livro De Receitas Naturais 02
Livro De Receitas Naturais 02
 
Livro De Receitas Mundiais 02
Livro De Receitas Mundiais 02Livro De Receitas Mundiais 02
Livro De Receitas Mundiais 02
 
Comida Mineira
Comida MineiraComida Mineira
Comida Mineira
 
Receitas Walita
Receitas WalitaReceitas Walita
Receitas Walita
 
Receitas Holiday Christmas
Receitas  Holiday  ChristmasReceitas  Holiday  Christmas
Receitas Holiday Christmas
 
Livro De Receitas Cocina Melhores Receitas
Livro De  Receitas  Cocina  Melhores  ReceitasLivro De  Receitas  Cocina  Melhores  Receitas
Livro De Receitas Cocina Melhores Receitas
 
Receitas Chocolate Orkut
Receitas Chocolate OrkutReceitas Chocolate Orkut
Receitas Chocolate Orkut
 
Guia De Alimentos Naturais Vale Das Flores
Guia De Alimentos Naturais Vale Das FloresGuia De Alimentos Naturais Vale Das Flores
Guia De Alimentos Naturais Vale Das Flores
 
Frutas E Legumes Alimentos Poderosos
Frutas E Legumes Alimentos PoderososFrutas E Legumes Alimentos Poderosos
Frutas E Legumes Alimentos Poderosos
 
Receita Bolo De Iogurte
Receita Bolo De IogurteReceita Bolo De Iogurte
Receita Bolo De Iogurte
 
LinhaçA
LinhaçALinhaçA
LinhaçA
 
Receitas E Dicas Colonial Med Spa
Receitas E Dicas Colonial Med SpaReceitas E Dicas Colonial Med Spa
Receitas E Dicas Colonial Med Spa
 
Menu Chef Vol 20
Menu Chef Vol 20Menu Chef Vol 20
Menu Chef Vol 20
 

Dernier

BNCC versão final 600 folhas pdf 110518-
BNCC versão final 600 folhas pdf 110518-BNCC versão final 600 folhas pdf 110518-
BNCC versão final 600 folhas pdf 110518-ArianeMartiniWurster1
 
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entender
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entenderautismo conhecer.pptx, Conhecer para entender
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entenderLucliaResende1
 
ARTE BARROCA E ROCOCO BRASILEIRO-min.pdf
ARTE BARROCA E ROCOCO BRASILEIRO-min.pdfARTE BARROCA E ROCOCO BRASILEIRO-min.pdf
ARTE BARROCA E ROCOCO BRASILEIRO-min.pdfItaloAtsoc
 
Verbos - transitivos e intransitivos.pdf
Verbos -  transitivos e intransitivos.pdfVerbos -  transitivos e intransitivos.pdf
Verbos - transitivos e intransitivos.pdfKarinaSouzaCorreiaAl
 
Infografia | Eleições Europeias 2024-2029
Infografia | Eleições Europeias 2024-2029Infografia | Eleições Europeias 2024-2029
Infografia | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
Aprender Filosofia 8 ano - Editora Enovus
Aprender Filosofia 8 ano - Editora EnovusAprender Filosofia 8 ano - Editora Enovus
Aprender Filosofia 8 ano - Editora EnovusEditoraEnovus
 
Poder do convencimento,........... .
Poder do convencimento,...........         .Poder do convencimento,...........         .
Poder do convencimento,........... .WAGNERJESUSDACUNHA
 
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARX
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARXA CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARX
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARXHisrelBlog
 
Texto informatico - Mosquito Aedes Aegypti
Texto informatico - Mosquito Aedes AegyptiTexto informatico - Mosquito Aedes Aegypti
Texto informatico - Mosquito Aedes AegyptiMary Alvarenga
 
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptxQUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptxAntonioVieira539017
 
Seminário sobre a Escrita Alfabetica.pptx
Seminário sobre a Escrita Alfabetica.pptxSeminário sobre a Escrita Alfabetica.pptx
Seminário sobre a Escrita Alfabetica.pptxRBA
 
Apresentação sobrea dengue educação.pptx
Apresentação sobrea dengue educação.pptxApresentação sobrea dengue educação.pptx
Apresentação sobrea dengue educação.pptxtaloAugusto8
 
tipos textuais de lingua portugues a ensino medio.pptx
tipos textuais de lingua portugues a ensino medio.pptxtipos textuais de lingua portugues a ensino medio.pptx
tipos textuais de lingua portugues a ensino medio.pptxAlexSandroDaSilvaSan4
 
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus SousaO-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus SousaTeresaCosta92
 
fALLA CONVENTO JERUSALEN-MAEMÁTICO MARZAL 2024. Mitologia grega.pptx
fALLA CONVENTO JERUSALEN-MAEMÁTICO MARZAL 2024. Mitologia grega.pptxfALLA CONVENTO JERUSALEN-MAEMÁTICO MARZAL 2024. Mitologia grega.pptx
fALLA CONVENTO JERUSALEN-MAEMÁTICO MARZAL 2024. Mitologia grega.pptxXavi Villaplana
 
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacional
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacionalarte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacional
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacionalidicacia
 
aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofiaaula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino FilosofiaLucliaResende1
 

Dernier (20)

BNCC versão final 600 folhas pdf 110518-
BNCC versão final 600 folhas pdf 110518-BNCC versão final 600 folhas pdf 110518-
BNCC versão final 600 folhas pdf 110518-
 
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entender
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entenderautismo conhecer.pptx, Conhecer para entender
autismo conhecer.pptx, Conhecer para entender
 
ARTE BARROCA E ROCOCO BRASILEIRO-min.pdf
ARTE BARROCA E ROCOCO BRASILEIRO-min.pdfARTE BARROCA E ROCOCO BRASILEIRO-min.pdf
ARTE BARROCA E ROCOCO BRASILEIRO-min.pdf
 
Verbos - transitivos e intransitivos.pdf
Verbos -  transitivos e intransitivos.pdfVerbos -  transitivos e intransitivos.pdf
Verbos - transitivos e intransitivos.pdf
 
Infografia | Eleições Europeias 2024-2029
Infografia | Eleições Europeias 2024-2029Infografia | Eleições Europeias 2024-2029
Infografia | Eleições Europeias 2024-2029
 
Aprender Filosofia 8 ano - Editora Enovus
Aprender Filosofia 8 ano - Editora EnovusAprender Filosofia 8 ano - Editora Enovus
Aprender Filosofia 8 ano - Editora Enovus
 
Poder do convencimento,........... .
Poder do convencimento,...........         .Poder do convencimento,...........         .
Poder do convencimento,........... .
 
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARX
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARXA CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARX
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARX
 
Texto informatico - Mosquito Aedes Aegypti
Texto informatico - Mosquito Aedes AegyptiTexto informatico - Mosquito Aedes Aegypti
Texto informatico - Mosquito Aedes Aegypti
 
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptxQUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
 
Seminário sobre a Escrita Alfabetica.pptx
Seminário sobre a Escrita Alfabetica.pptxSeminário sobre a Escrita Alfabetica.pptx
Seminário sobre a Escrita Alfabetica.pptx
 
Apresentação sobrea dengue educação.pptx
Apresentação sobrea dengue educação.pptxApresentação sobrea dengue educação.pptx
Apresentação sobrea dengue educação.pptx
 
tipos textuais de lingua portugues a ensino medio.pptx
tipos textuais de lingua portugues a ensino medio.pptxtipos textuais de lingua portugues a ensino medio.pptx
tipos textuais de lingua portugues a ensino medio.pptx
 
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus SousaO-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
 
fALLA CONVENTO JERUSALEN-MAEMÁTICO MARZAL 2024. Mitologia grega.pptx
fALLA CONVENTO JERUSALEN-MAEMÁTICO MARZAL 2024. Mitologia grega.pptxfALLA CONVENTO JERUSALEN-MAEMÁTICO MARZAL 2024. Mitologia grega.pptx
fALLA CONVENTO JERUSALEN-MAEMÁTICO MARZAL 2024. Mitologia grega.pptx
 
(58 ESTUDO DE MARCOS) A MAIOR MARCHA DA HISTORIA.
(58 ESTUDO DE MARCOS) A MAIOR MARCHA DA HISTORIA.(58 ESTUDO DE MARCOS) A MAIOR MARCHA DA HISTORIA.
(58 ESTUDO DE MARCOS) A MAIOR MARCHA DA HISTORIA.
 
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacional
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacionalarte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacional
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacional
 
Abordagem 2. Análise temática (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdf
Abordagem 2. Análise temática (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdfAbordagem 2. Análise temática (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdf
Abordagem 2. Análise temática (Severino, 2013)_PdfToPowerPoint.pdf
 
aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofiaaula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino Filosofia
 

Brasilidades bahianas

  • 1. Entrevista: Mariana (Mainha) e Cleusa Oliveira, Baianas do Acarajé M ariana Oliveira, mais conhecida como “a baiana da torre de TV”, é uma das personagens mais conhecidas de Bra- sília. Há quase quarenta anos na capital brasilei- ra, a “Barraca da Mainha”, como é conhecido seu pequeno empreendimento, faz sucesso entre os turistas brasileiros e estrangeiros que visitam a Capital Federal. Indicativo desse prestígio são os convites que tanto Dona Mariana como sua filha Dona Cleusa recebem de diversas autoridades para fazerem o famoso acarajé em cerimônias públicas. Nesta entrevista cedida a Textos do Brasil, Dona Cleusa comenta algumas peculia- ridades de seu ofício, registrado, recentemente, como Patrimônio Histórico Imaterial. Sabores do Brasil 123
  • 2. Foto: Anneluize Shmeil TB: A senhora sabe o que significa a beça”, fazem oferenda para Iansã. É aconselhável palavra acarajé? que seja feito por quem é filha de Iansã. Baiana: A origem é da África. Vem de “aca- rá”, que significa bola de fogo. “Jé” quer dizer TB: Quais são os rituais de uso do comer. acarajé no candomblé? Baiana: É a comida de Iansã. A gente faz TB: Apenas os filhos-de-santo podem os bolinhos e oferece para ela. Na origem – assim fazer o acarajé? conta a história, que não é da minha época, nem Baiana: Sim. Os filhos-de-santo fazem aca- da minha mãe, foi da minha “bisa” – as africanas rajé para oferenda. Quando estão “fazendo a ca- vinham e faziam. Você sabe que a religião delas 124 Textos do Brasil . Nº 13
  • 3. era o candomblé. E só recebiam a graça se elas As negras, as africanas rezassem, dançassem para o santo e oferecessem o acarajé. Umas oferecem só o bolinho cru. De- que vieram para o pende do que o santo pede. Outras oferecem frito nosso país, davam um também, puro, sem nada. Oferecem no bambu- zal. Isso é para Iansã, isso não é “trabalho”! A bolinho para Iansã gente vende o acarajé como “trabalho” também. acalmar a sinhá. Não Mas, primeiro, nós damos a graça e, depois, nós “trabalhamos”. E as africanas – segundo as his- era fazendo o mal, era tórias que ouço desde que nasci – eram muito fazendo o bem, para maltratadas pelas “sinhás”. Então, elas faziam o acarajé para comer e davam um pouco para que ela a sinhá não Iansã para que ela desse uma surra na “iaiá”. A fé remove montanha, né? Elas tinha fé de que a judiasse tanto delas. E, “sinhá” ficaria mansinha, ficaria boa, acalmaria. na mediação da fome, Iansã é dona do vento, é Santa Bárbara. Então elas faziam essa oferenda. É igual a quem tem fé fritava e comia. A em Santo Antônio. O que dar para Santo Antô- nossa história é linda! nio?! Um pãozinho. Ofereço um pãozinho para uma criança e Santo Antônio me dá uma graça. TB: Como o acarajé é servido? As negras, as africanas que vieram para o nosso Baiana: Quando eu nasci, minha mãe fazia país, davam um bolinho para Iansã acalmar a si- o bolinho de feijão, fritava três camarõezinhos, nhá. Não era fazendo o mal, era fazendo o bem, cortava, botava uma pimentinha e vatapá. Só para que ela, a sinhá, não judiasse tanto delas. E, isso! Agora, não, como muita gente não come ca- na mediação da fome, fritava e comia. A nossa marão, muitas baianas preparam tudo separado: história é linda! vatapá, camarão e salada. Em Salvador, tem mui- ta gente que já serve com caruru – outra comida TB: O acarajé utilizado no candomblé de orixá que não tem nada a ver com o acarajé. é diferente do que é vendido nos Isso é para o turista aprender a comer caruru. tabuleiros? Baiana: Depende do orixá que pedir. Al- TB: O modo de se fazer acarajé se guns pedem frito, outros pedem cru. Iansã gosta tornou patrimônio cultural do bem pequeno e frito. Puro, sem recheio. Brasil... Baiana: Graças a Deus! Principalmente ao TB: Quais são os “segredos” para se nosso esforço, porque se a gente não corresse fazer um bom acarajé? atrás!... Havia pessoas fazendo a farinha de feijão Baiana: Bom, é segredo, né? (risos) de qualquer jeito para exportação. Na embala- gem tinha a figura de uma baiana, para dizer que Sabores do Brasil 125
  • 4. falam que o baiano é mais preguiçoso. Ele não A nossa culinária gosta de levantar cedo, ele não gosta muito do tem mil e tantos “batente”. São as baianas as que vão à luta. Le- vantam cedo. Algumas vão lavar roupa na Lagoa pratos, então com um do Abaeté. Outras vão para a casa da sinhá tra- pedacinho de pimenta, balhar. Outras são ótimas cozinheiras – porque a nossa culinária tem mil e tantos pratos, então um pouquinho de dendê com um pedacinho de pimenta, um pouquinho e uma água de peixe, de dendê e uma água de peixe, a gente faz di- versas comidas. Por isso, ficamos felizes com es- a gente faz diversas sas iniciativas. O acarajé é nosso, das baianas do comidas. acarajé. Agora, no resto do Brasil ainda falta regu- foi uma baiana que fez. Foi a nossa associação, lá lamentação. Tem gente de todas as partes do Bra- de Salvador, que correu atrás para ser patrimônio sil falando que é baiano e vendendo acarajé fei- nosso, para patentear a nossa culinária. Porque, to de qualquer jeito. Eu não sei porque eles não se não, ia ser igual ao açaí, que o japonês paten- regularizam. Já tem muito acarajé na rua. Tem teou. E não tem nada a ver! Veio aqui no Brasil, muito, muito mesmo. Antigamente, muita gente comprou o açaí, patenteou e é dele! O acarajé é olhava para o acarajé e dizia: “ai, eu não como nosso com muito orgulho! esse bicho!”. Hoje o Brasil inteiro come acarajé. TB: Por que a receita do acarajé não TB: Quais são os adereços típicos da pode ser modificada? baiana do acarajé? Baiana: Porque não dá certo. Primeiro, Baiana: A nossa farda. É importante a nossa porque é uma comida sagrada. Além disso, se farda. Tem gente que gosta de estampada; outros modificasse não teria graça, ficaria ruim. Por branca. Como a baiana geralmente é bem preti- exemplo, tinha uma propaganda que nós, baia- nha, ela fica o máximo com a farda toda bran- nas, lutamos para tirar. Era uma propaganda de quinha. Tem também as nossas guias-de-santo. uma fábrica de frios em que se colocava lingüiça Tem muitas que usam guia e nem sabem quem no acarajé. Aquilo foi um deboche! Por ela ser de é o santo! Aí não dá, né? É só para enfeite! Tem uma nação, por ela ser de uma religião, ninguém que falar logo que é só para enfeite. Tem algumas deixa modificar a receita. baianas que também colocam uma folhinha de arruda na cabeça, para afastar mau-olhado. As TB: Qual a importância da pessoas acham que é para tirar a dor-de-cabeça, regulamentação da profissão de mas é contra “quebranto”. E seca rapidinho... baiana do acarajé, como acontece em Salvador? TB: O que mais existe no tabuleiro da Baiana: Para nós isso é muito importan- baiana além do acarajé? te. Até porque já somos muitas. Muitas pessoas Baiana: Ah! Tem muita coisa! Pode ter abará, vatapá, cuscuz, cocada. No tabuleiro da 126 Textos do Brasil . Nº 13
  • 5. baiana não pode faltar cocada. Inclusive quan- Os estrangeiros ficam do a gente faz eventos, onde muitas vezes não querem cocada porque tem muita sobremesa, eu encantados! Muito levo pelo menos 30, e se o freguês “panha”, tem encantados. Às vezes que pagar! (risos). Tabuleiro sem cocada não tem graça! chega um ônibus, uma van de estrangeiros. TB: Como a senhora vê a concorrência da venda de acarajé em bares e Eles vêem e começam supermercados? É uma coisa boa ou a provar desconfiados, ruim? Baiana: Para nós, não prejudicou em nada. porque têm medo de Só expandiu a exposição do nosso produto, que é maravilhoso. É igual a churrasquinho que tem “azangar a barriga”. em todo lugar e todo mundo vende. Mas o bom Aí pedem um, e fazem acarajé, só o feito na hora, pela baiana. “hummm” TB: As novidades tecnológicas, como o liqüidificador, facilitaram o TB: E eles costumam pedir quente preparo do acarajé? (apimentado)? Baiana: Não. A gente não usa nada disso. Baiana: Não. Eles têm medo. Só quem Liqüidificador a gente só usa para bater a man- pede apimentado é o indonésio e o africano. Eles dioca e fazer o bobó. Até para bater o pão, a gente comem o bolinho puro, puro com pimenta. Aí deixa de molho e bate com a mão. Nós temos que eles falam “bagadu, bagadu”. Sei lá o que é “ba- manter a tradição. A gente não usa muito o li- gadu”. Tô botando é pimenta!... (risos) qüidificador, principalmente para bater a massa. E tem mais: quando se começa a bater a massa, TB: A senhora poderia nos dar a não se pode passar para outra. Quando começa a receita do acarajé? bater, tem que bater até o fim. Baiana: Na medida do possível, posso. Até porque, o acarajé depende sobretudo da “mão” TB: Qual a reação dos estrangeiros ao da baiana! Você compra o feijão-fradinho. Me- provar o acarajé? lhor comprar muito (uns dois quilos) porque a Baiana: Ah! Ficam encantados! Muito en- gente “quebra” um saco por dia. Quebra e deixa cantados. Às vezes chega um ônibus, uma van de de molho para tirar a casca. Depois, você mói e estrangeiros. Eles vêem e começam a provar des- bota tempero: sal e cebolinha branca. Cebola de confiados, porque têm medo de “azangar a bar- cabeça. Não é a verde! Você pode bater bastante. riga”. Aí pedem um, e fazem “hummm”, igual a Bota um pouquinho de sal, cebola e bate. O se- Ana Maria Braga, e, então, todo mundo come. gredo é a batida! Depois faz o bolinho e frita no dendê para dar cor. No óleo, fica branquinho. Sabores do Brasil 127