Baile da Saudade / Loja Maçônica Segredo, Força e União de Juazeiro Ba
Ilhéus o caos tem hora e data marcada
1. ILHÉUS – O CAOS TEM HORA E DATA MARCADA
- PONTE VERSUS LANCHAS –
Vai e volta, o tema sobre a travessia centro zona sul, via transporte marítimo
vem à tona. E não tem como esquecer isto, ainda mais agora, que o verão pra
valer começa a bater às portas da nossa cidade.
Para quem gosta de caos, se preparem, faltam apenas exatos trinta dias, e
para o entrave definitivo, apenas cinquenta dias. No dia 30/31 de dezembro,
Ilhéus deverá parar sobre e sob a ponte, sem que se possa mover uma simples
palha do palheiro, de um lado para outro. Que viver, verás.
É difícil, para nós leigos entendermos, que empresários não atentem para isso,
e não disponibilizem este Meio de Transporte em tempo. A não ser que os
entraves sejam outros, que desconhecemos.
Pontal e o centro poderiam ser um grande estacionamento, bem mais
confortável, eficiente e acima de tudo, prático e rápido se conseguíssemos por
em prática, o que no passado foi à solução entre os dois extremos.
Temos conhecimento, que desde 1991, existe uma Lei de número 2404, que já
foi alvo de nossos comentários em 14.01.2008, aqui mesmo no
www.r2cpress.com.br, com o título: Pontal – Travessia de Lancha já tem Lei.
2. O texto de 1991 autoriza a concessão de serviço de transporte coletivo
marítimo entre o centro de Ilhéus e as localidades de Pontal, Teotônio Vilela,
Maria Jape e Rio do Engenho. Inclusive, foi uma iniciativa do “cidadão
ilheense”, José Leite de Souza, quando exercia a presidência da CDL, que
reivindicou ao então prefeito João Lírio, e daí para a Câmara de Vereadores,
que foi aprovado por unanimidade.
Somos sabedor da importância da volta desta travessia, e agora então, com
lanchas mais modernas; e quem vem sempre batendo nesta tecla é amigo Guy
Valério do Sarrafo, é que insistimos mais uma vez pela volta das lanchas.
A travessia mais rápida e simples poderá ser entre, a Praia do Cristo e a
Maramata, enquanto a PROMESSA da nova ponte, não saia em definitivo do
papel e a “toque de caixa”.
Até as empresas Viametro e São Miguel, poderiam tomar a iniciativa e
disponibilizassem com clareza todo o processo e valor da passagem, e na pior
das hipóteses fosse o mesmo preço dos coletivos urbanos.
Se tiver outros interessados na administração/execução desta travessia, seria
hora de regaçar as mangas e aproveitar para obter lucros. Isto podem ter
certeza, pois a volta das lanchas, não será apenas para travessia, mas para
passeios, pelos nossos rio e pontos atrativos, não só por turistas, como
também pelos cidadãos ilheenses, que iriam finalmente conhecer uma nova
Ilhéus, que é de conhecimento de poucos.
3. Isto deverá perdurar por muitos anos, até as promessas do governador, pare
de prometer e cumprir, como fez o grande ex-governador da Bahia, Lomanto
Júnior, que prometeu, e foi à luta, com lideranças da cidade, e o governo
federal, e cumpriu, inaugurando dez (10) meses depois, em 15.08.1966 a
ponte, tão prometida desde a época de Dom Pedro II.
E que a promessa da ponte atual não seja só eleitoreira...
Para quem não conhece a história inicial desta travessia, transpusemos aqui o
texto do livro Pontal- Ontem & hoje – Memórias, esgotado desde 2009.
AS LANCHAS
Eu acho que poucos bairros de Ilhéus tenham tantas histórias pra contar. O
Pontal por não estar totalmente inteirado até 1966 com o centro da cidade e
com os demais bairros, aqui era como se fosse outra cidade, até nos
chamavam de “índios”. Quando criança, ouvi dizer de uns dois casos de
rapazes que moravam do outro lado, terem que retornar a nado, principalmente
quando tentavam namorar alguma “menina” do bairro, quando esta “menina” já
era cobiçada por um pontalense.
Até 15 de agosto de 1966, o bairro do Pontal interligava-se com o centro da
cidade via travessia em embarcações tipos: lanchas, “besouros”, e canoas. E
nada tão oportuno começar com uma foto de 1923, tirada no Porto das
Lanchas e nada menos com Jorge Amado com 11 anos, ao lado de seus pais,
o coronel João Amado de Faria e sua mãe Eulália Leal Amado.
As lanchas maiores acomodavam até oitenta passageiros, já os “besouros”
comportavam aproximadamente quatro pessoas e eram mais usados como
fretamento, por aqueles que não queriam aguardar os horários estabelecidos
de saídas das lanchas e que tinham um poder aquisitivo maior.
As canoas eram utilizadas para o transporte de cargas, travessia de carros e
caminhões, ou ainda eram utilizadas como último recurso pelos “atrasadinhos”,
que não partiam até as 23 horas, limite de encerramento na travessia por
lanchas. Dos donos e ou condutores de “besouros” lembro-me de Mané
Paquete, Zé Gato, Arlindo, Ednaldo (Nego Frequete) e de canoas os senhores
Joventino, José Domingos (Pernalonga), Antenor, Alcídes e Rodão.
As lembranças nos levam a citar as lanchas com suas denominações e
características: UBAITABA, NÚBIA, BAIANA, IRAPUAN, APORÁ e
CRISTALEIRA; movidas à gasolina, excetuando a “Cristaleira”, que era movida
a diesel e tinha suas laterais visuais (proteção contra chuva) toda em vidros,
daí esta denominação, as demais eram protegidas por lonas. A Ubaitaba era a
mais exuberante; a Irapuan a mais luxuosa, seus assentos eram acolchoados;
4. a Baiana foi a única a pegar fogo no dia 25 de maio de 1963, num sábado, por
volta das 12h30min, próximo a “boca da barra”, era como chamávamos o local
em frente ao Cristo, na entrada da baía do Pontal. Nesse incêndio ficaram dois
registros inesquecíveis – a bravura do Delegado de Policia de Ilhéus, o Sr.
Oscar Armando de Souza Gallo (Dr. Gallo), que salvou principalmente crianças
e mulheres com suas sacolas, colocando-as nas embarcações que vieram ao
socorro e só pulando no mar quando seu paletó já estava em chamas, vindo a
falecer 45 dias depois, não resistindo às queimaduras. O outro foi a coragem e
determinação da jovem Olga Bezerra, de apenas 10 anos, filha de Moacir
Bezerra, um caminhoneiro muito conhecido do bairro, que fez a travessia a
nado até a praia do Pontal. Todos os demais passageiros foram resgatados por
diversas embarcações.
Para colocar uma lancha em movimento era necessário contar com os
seguintes profissionais: o proeiro (responsável pela atracação, colocação da
“prancha” para embarque e desembarque, e ainda auxiliava os passageiros na
subida e descida pela prancha das embarcações); o mestre (responsável pela
condução da embarcação) e o motorista/cobrador (responsável pela
mecânica do motor e ainda por algum tempo como cobrador das passagens ou
recebedor dos bilhetes, quando vendidos nas bilheterias no porto das lanchas).
Profissionais dessa época: Proeiros: Deraldo, Toroco, Manezinho, Zé
Biquinha, Chiquinho, Ailton, Luizão, Bananal. Mestres: Didiel, Matias, Antonio
Lobisomem, Afrânio, Sabino, Antonio Bebeca, Almiro (Mestre Areia).
Motoristas/Cobradores: Berlito, Zequinha Paquete, João, Toninho, Creone,
Giru, Zé Gato.
Quando por um defeito mecânico o motor de uma lancha ou besouro deixava
de funcionar na Baía do Pontal, curiosamente dizíamos que a lancha ou
besouro “deu prego”. Nesse caso, ficávamos a depender do movimento da
maré e da habilidade do mestre para que a travessia fosse um sucesso. Muitas
vezes os passageiros entravam em pânico, com muitas gritarias, choros e
promessas para que tudo se resolvesse. Mas, nunca houve nenhum registro de
algum acidente fatal.
As lembranças nos remetem ao casal Berlito Sampaio, motorista de uma das
lanchas e Meire Bonfim na bilheteria, que depois de um longo período em
águas navegadas tornaram-se marido e mulher, estando aí vivos pra contar um
pouco desta travessia, às vezes muito perigosa, mas, mesmo assim, ainda nos
traz saudades.
Com a inauguração da Ponte (1966), a ligação entre Pontal e o Centro, ficou
com as duas opções até 1967. Opções que ao nosso entender deveriam
perdurar até hoje. Acreditamos que a cidade ganharia muito com isso,
5. principalmente no aspecto turístico, mas Ilhéus tem dessas coisas, restando
nos contentarmos com esta foto de 2007, tendo o mar como lembrança.
JOSÉ REZENDE MENDONÇA