O documento descreve a emergência do Simbolismo na literatura européia no final do século XIX, caracterizado por temas como a transitoriedade, a morte e o subjetivismo. Menciona poetas simbolistas portugueses e brasileiros como Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens e Camilo Pessanha, cuja obra reflete esses temas através do uso de imagens vagas e figuras de linguagem.
2. Não chega a
todos
Não responde a
questões
metafísicas
Surge o
Decadentismo
(vanguarda
simbolista de
tom pessimista)
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Ralph Eugene Meatyard
3. Aversão ao espírito científico
Busca de vivências vagas e pré-
lógicas; o “eu profundo”
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Cristais diluídos de clarões alacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos...
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Cristais diluídos de clarões alacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos...
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Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Passe, cantando, ante o perfil medonho
E o tropel cabalístico da Morte...
(Cruz e Sousa)
5. Tempestade, de Wiliam Turner, reflete este mundo nevoento,
nebuloso e quase incorpóreo que os simbolistas tanto valorizam
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6. Nova linguagem: neologismos;
vocabulário litúrgico; sintaxe
incomum
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Cróton selvagem, tinhorão lascivo,
Planta mortal, carnívora, sangrenta,
Da tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.
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Cróton selvagem, tinhorão lascivo,
Planta mortal, carnívora, sangrenta,
Da tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.
Nesse lábio mordente e convulsivo,
Ri, ri risadas de expressão violenta
O Amor, trágico e triste, e passa,lenta,
A morte, o espasmo gélido, aflitivo...
9. Obsessão pelo branco
(pureza, misticismo)
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Mãos de finada, aquelas mãos de neve,
De tons marfíneos, de ossatura rica,
Pairando no ar, num gesto brando e leve,
Que parece ordenar, mas que suplica.
(Alphonsus de Guimaraens)
10. Mergulho na caótico, no
vago, no ilógico, no
inefável...
Figuras de linguagem:
metáfora, sinestesia,
aliteração, assonância,
onomatopeia, maiúscula
alegorizante
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Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...
Formas do Amor, constelarmante puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
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Eugênio de Castro
Oaristos
Um Sonho
Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...
O sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...
Em Portugal: a partir de 1890
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Antônio Nobre
― poesia neorromântica:
tematiza o saudosismo, a
melancolia
Ai do Lusíada, coitado,
Que vem de tão longe, coberto de pó.
Que não ama, nem é amado,
Lúgubre Outono, no mês de Abril!
Que triste foi o seu fado!
Antes fosse pra soldado,
Antes fosse próprio Brasil...
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Ó virgens que passais, ao Sol-poente,
Pelas estradas ermas, a cantar!
Eu quero ouvir uma canção ardente,
Que me transporte ao meu perdido Lar.
(Antônio Nobre)
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Camilo Pessanha
Clepsidra (relógio dágua)
― tematiza a transitoriedade
― tom de dor, de desalento
Imagens que passais pela retina
Dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!...
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Passou o outono já, já torna o frio...
- Outono de seu riso magoado.
Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado...
- O sol, e as águas límpidas do rio.
Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?
Ficai, cabelos dela, flutuando,
E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando...
Onde ides a correr, melancolias?
- E, refratadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...
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No Brasil: a partir de 1893
Cruz e Sousa
― poesia: Broquéis (1893),
Faróis, Últimos Sonetos
― poesia em prosa: Missal
(1893), Evocações
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Cruz e Sousa: evolui de um aspecto individual
para o universal
Deus meu! Por uma questão banal da química
biológica do pigmento ficam alguns mais rebeldes e
curiosos fósseis preocupados, a ruminar primitivas
erudições, perdidos e atropelados pelas longas galerias
submarinas de uma sabedoria infinita, esmagadora,
irrevogável!
Mas, que importa tudo isso?! Qual é a cor da minha
forma, do meu sentir? Qual é a cor da tempestade de
dilacerações que me abala? Qual a dos meus sonhos e
gritos? Qual a dos meus desejos e febre?
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Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
― visão pessimista e espiritualista
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Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
― poesia impulsiva e sensual
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Carnais, sejam carnais tantos desejos,
Carnais, sejam carnais tantos anseios,
Palpitações e frêmitos e enleios,
Das harpas da emoção tantos arpejos...
Sonhos, que vão, por trêmulos adejos,
A noite, ao luar, intumescer os seios
Lácteos, de finos e azulados veios
De virgindade, de pudor, de pejos...
Sejam carnais todos os sonhos brumos
De estranhos, vagos, estrelados rumos
Onde as Visões do amor dormem geladas...
Sonhos, palpitações, desejos e ânsias
Formem, com claridades e fragrâncias,
A encarnação das lívidas Amadas!
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Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...
Formas do Amor, constelarmante puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
― tom
vago e
musical
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Alphonsus de Guimaraens
(Afonso Henrique da Costa Guimarães)
― poesia: D. Mística, Câmara Ardente,
Setenário das Dores de N. Senhora,
Pastoral dos Crentes do Amor e da Morte
― tematiza constantemente
a morte (projeção do amor
pela prima Constança)
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A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.
Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"
― tematiza constantemente a
morte (projeção do amor pela
prima Constança morta)
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Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
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E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
(“Ismália”)
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― morte é redenção, não horror
― outros temas: amor, Virgem Maria
Foi-lhe a vida um eterno mês de maio
Cheio de rezas brancas a Maria,
Que ela vivera como um desmaio.
Tão branca assim! Fizera-se de cera...
Sorriu-lhes Deus e ela que lhe sorria,
Virgem voltou como do céu descera. Constança