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Revista Canavieiros - Outubro de 2014
1
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
2
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
3
Editorial
A
revista de outubro é
muito especial para
nós, pois chegamos à
centésima edição e podemos
afirmar que o sentimento é de
dever cumprido, pois desde
2006 o nosso objetivo é levar à
você, leitor, as principais notí-
cias do setor sucroenergético,
através de entrevistas com re-
nomados especialistas, cobertu-
ra de eventos e artigos técnicos
a fim de contribuir com o seu
sucesso. A revista foi crescen-
do ao longo dos últimos oito
anos e, hoje, tem tiragem men-
sal de 21 mil e 500 exemplares,
abrangendo mais de 60 cidades,
sendo distribuída gratuitamente
para todos os associados e co-
operados, todas as destilarias e
usinas, além de empresas e pro-
fissionais ligados ao setor que
se cadastram no seu site.
A partir de agora iniciamos
um novo ciclo, que já vem com
um grande desafio. Como mos-
tra nossa matéria de capa, o
Departamento de Comunicação
iniciou a implantação da TV
Canaoeste, uma nova ferramen-
ta de comunicação à disposição
do produtor rural que possibili-
tará ampliar a disseminação da
agroindústria canavieira.
O destaque do mês fica por
conta da comemoração dos 30
anos da Usina Viralcool.Amaté-
ria mostra a trajetória da família
Tonielo em terras brasileiras até
atingir o estágio atual da usina,
que emprega mais de dois mil
funcionários e moerá mais de
2,5 milhões de toneladas nesta
safra. Destaca ainda as alternati-
vas para se aumentar a produção
de energia elétrica com o uso da
palha e quais são os desafios da
agricultura brasileira com a im-
plantação do Código Florestal e
a reforma tributária.
Atendendo a pedidos, a
centésima edição traz tam-
Uma nova fase
Boa leitura!
Conselho Editorial
RC
bém uma seleção de artigos
técnicos publicados nos últi-
mos dois anos. Além da colu-
na Caipirinha, assinada pelo
Professor Marcos Fava Neves
opinam no “Ponto de Vista”
Luiz Carlos Corrêa Carvalho e
Arnaldo Luiz Corrêa. Já o pes-
quisador científico do Institu-
to Biológico/APTA/SAA-SP e
diretor do Centro de Cana do
IAC, Marcos Guimarães de
Andrade Landell, assina arti-
go técnico sobre a produtivi-
dade agrícola e a busca pela
canavicultura de três dígitos.
Também tem entrevista com
Manoel Ortolan, presidente da
Canaoeste e Orplana.
As notícias do Sistema Co-
percana, Canaoeste e Sicoob
Cocred, artigos técnicos, as-
suntos legais, informações se-
toriais, classificados e dicas de
leitura e de português também
podem ser conferidas na revista
de outubro.
Expediente:
Conselho Editorial:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson
Editora:
Carla Rossini - MTb 39.788
Projeto gráfico e Diagramação:
Rafael H. Mermejo
Equipe de redação e fotos:
Andréia Vital, Carla Rodrigues, Fernanda
Clariano, Igor Savenhago e Rafael H. Mermejo
Comercial e Publicidade:
Marília F. Palaveri
(16) 3946-3300 - Ramal: 2208
atendimento@revistacanavieiros.com.br
Impressão: São Francisco Gráfica e Editora
Revisão: Lueli Vedovato
Tiragem DESTA EDIçÃO:
22.000 exemplares
ISSN: 1982-1530
A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente
aos cooperados, associados e fornecedores do
Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
As matérias assinadas e informes publicitários
são de responsabilidade de seus autores. A
reprodução parcial desta revista é autorizada,
desde que citada a fonte.
Endereço da Redação:
A/C Revista Canavieiros
Rua Augusto Zanini, 1591
Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550
Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008)
redacao@revistacanavieiros.com.br
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Revista Canavieiros - Outubro de 2014
4
14 - Ponto de Vista
Luiz Carlos Corrêa Carvalho
Diretor da Canaplan Consultoria Técnica e
Presidente da ABAG.
- Manoel Ortolan participa de homenagens na 57ª Semana “Luiz de Queiroz”
26 - Notícias Canaoeste
Ano VIII - Edição 100 - Outubro de 2014 - Circulação: Mensal
Índice:
E mais:
Capa - 30
Canaoeste lança TV e comemo-
ra 100ª edição da Canavieiros
Implantação da tevê corporati-
va e centésima edição da revista
marcam uma nova fase do Depar-
tamento de Comunicação da Cana-
oeste
18 - Notícias Copercana
- Cooperados e colaboradores da Copercana conhecem cadeia do amendoim nos EUA
- Copercana e Sicoob Cocred apoiam apresentações teatrais sobre cooperativismo
- Copercana e Canaoeste participam da 14ª edição do Prêmio Personalidades em Destaque
- Copercana realiza a VIII Reunião Técnica do Projeto Amendoim
28 - Notícias Sicoob Cocred
- Balancete Mensal
Pontos de Vista
.....................página 08
Coluna Caipirinha
.....................página 16
Destaques:
Produção de bioeletricidade
com uso da palha
.....................página 36
8º Grande Encontro de Sobre Va-
riedades de Cana-de-Açúcar.
.....................página 38
3º Fórum Nacional deAgronegócios
.....................página 40
Gesucro
.....................página 42
Viralcool 30 anos
.....................página 44
III Simpósio Trabalhista Sindical
.....................página 46
Assuntos Legais
.....................página 48
Informações Setoriais
.....................página 52
Artigos Técnicos:
Custo de Produção
.....................página 54
A canavicultura de três dígitos
.....................página 56
Acompanhamento da safra
.....................página 88
Classificados
.....................página 92
Agende-se
.....................página 95
Cultura
.....................página 98
58 - Artigos Técnicos
- Veja uma seleção especial de 15 artigos
publicados nas últimas edições da Canavieiros em
comemoração a 100ª edição.
05 - Entrevista
Manoel Ortolan
Presidente da Canaoeste
“O setor tem um potencial enorme para crescer”
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
5
Entrevista I
Manoel Ortolan
“O setor tem um potencial enorme para crescer”
Igor Savenhago
O presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São
Paulo), Manoel Ortolan, é um otimista em relação às possibilidades do setor sucroenergético. Tem
convicção de que as ações tomadas pelos empresários para diminuir os efeitos da crise que atinge
a produção de cana, açúcar, etanol e energia elétrica – como investimentos em logística, pesquisa
e tecnologia –, terão efeitos positivos, mesmo que não sejam a curto prazo.
Uma das apostas dele é que o apoio à pesquisa pode contribuir, significativamente, para o
aumento da produtividade e uma consequente redução de custos. Lembra, também, que existe
um grande potencial de geração da bioeletricidade a partir do bagaço e da palha, justamente no
período seco, em que o País mais precisa.
Em contrapartida, alerta para um possível encolhimento do setor, para o risco de que toda essa
pujança perca força se políticas públicas não direcionarem esforços que impulsionem os combus-
tíveis alternativos ao petróleo.
Revista Canavieiros: Diante das
instabilidades atravessadas pelo se-
tor sucroenergético nos últimos anos,
quais são suas projeções a curto, mé-
dio e longo prazos?
Manoel: Acredito no setor porque
ele tem soluções para alguns proble-
mas brasileiros. Temos o etanol como
solução alternativa ao petróleo. Te-
mos a cogeração de energia elétrica
através do bagaço e da palha para o
período de seca, principalmente. O
açúcar, como alimento energético
para o nosso País e para exportação.
Uma alcoolquímica que no futuro
poderá gerar novos produtos e, com
isso, mais riqueza para o País. O setor
tem um potencial enorme para cres-
cer. Isso é ótimo e anima todos nós!
No curto prazo creio que vamos
passar por momentos ainda ruins. Com
certeza haverá uma concentração entre
os produtores. Muitos estão arrendando
suas propriedades. Usinas continuarão
fechando e outras indo para recupera-
ção judicial. Em termos de produção, a
safra 2015/2016 não deverá ser muito
diferente da 2014/2015. O clima tem
sido muito desfavorável e, com certeza,
o plantio e a soqueira irão refletir isso.
No entanto, a médio prazo, temos
boas perspectivas de melhorar a pro-
dução. Não só temos boas variedades,
novas técnicas de plantio, produção de
mudas, novos insumos, fertilizantes, in-
seticidas, fungicidas, herbicidas, como
também métodos de avaliação de am-
bientes de produção, que nos permitem
selecionar o que é melhor para cada um
para maximizar a produção. Mas tem
que haver uma melhora do clima. Não é
possível continuar assim.
Em relação ao preço, também é pos-
sível termos uma perspectiva de melho-
ra, em função da situação da Petrobras,
redução de estoques mundiais do açú-
car e nossa produção ainda menor do
que poderia ser. Mas o bom é olhar para
frente, para o futuro, e enxergar o gran-
de potencial que temos, as oportunida-
des que certamente virão se fizermos a
nossa parte e o Governo fizer a dele.
Sabemos que, para o etanol, o mer-
cado interno pode crescer ou quase do-
brar. Hoje, só São Paulo tem demanda
forte do etanol como combustível. Com
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
6
Entrevista I
redução de ICMS (Imposto sobre Cir-
culação de Mercadorias e Serviços),
outros Estados também consumirão
mais. Estamos trabalhando para isso.
A crise de 2008 e a redução do preço
do petróleo tiraram um pouco o foco da
importância de melhorarmos o meio am-
biente. Com certeza isso volta e o etanol
irá ganhar o mundo nessa hora.Apesqui-
sa nos ajudará a ganhar competitividade,
mais cana, etanol e açúcar por hectare e
novos produtos.Atualmente produzimos
7 mil litros de etanol por hectare. Com o
etanol 2G, que já está aí, chegaremos a
10 mil, mas o potencial que se vislumbra
é de 25 mil litros por hectare.
A cana também responderá às pes-
quisas e vamos colher, no futuro, próxi-
mo de 110 toneladas por hectare. Isso já
seria possível não fosse o clima e uma
série de erros que cometemos durante a
expansão desenfreada.
Quanto ao Governo, esperamos que
haja melhoras para o setor. É preciso
trabalharmos para o reconhecimento
das externalidades do etanol e, com
isso, a volta da CIDE (Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico).
Crédito para pesquisa, cultivo, esto-
cagem, investimentos, temos tido, mas
é preciso que existam políticas públicas
que deem segurança ao empresário para
investir.
Revista Canavieiros: Com o
crescimento do País e a demanda
por energia elétrica, ramo em que o
setor sucroenergético tem desponta-
do, não parece inevitável que haja
uma retomada?
Manoel: É possível até se levarmos
em consideração a situação deste ano,
em que tivemos uma seca extrema, que
comprometeu, de maneira severa, os re-
servatórios, obrigando Governo e em-
presas a gastarem mais com energia. O
setor sucroenergético tem um potencial
enorme de produção, de geração, sobre-
tudo na Região Sudeste, que é a maior
consumidora. E com investimentos
bem menores, porque você não teria o
problema da distribuição, uma vez que
as usinas dispersas na região Centro-
-Sul já têm a malha à disposição, estão
próximas às redes. Poderíamos oferecer
energia no período crítico, que é exa-
tamente o período da safra. Há um po-
tencial grande a ser explorado. O que
é difícil de entender é o Governo não
ter dado condições para o setor crescer
como já deveria ter crescido.
Revista Canavieiros: Um dos moti-
vos para essa desatenção do Governo
pode ter sido a descoberta do pré-sal,
que, por ter gerado uma euforia, pode
ter provocado um desprezo por outras
fontes de energia?
Manoel: O pré-sal realmente trouxe
uma euforia grande, já que o mundo
sempre estará dependente do petróleo.
Mas nós teríamos um trunfo muito
grande no nosso País, que seria poder
contar com combustíveis alternativos
e que pudessem colaborar mais com o
meio ambiente. Sabemos que há uma
preocupação, ou pelo menos havia, com
a questão ambiental. Daí, a ênfase no
etanol como um caminho alternativo
para a redução do aquecimento global.
Hoje, o que vemos é que há um foco
no petróleo, talvez pelo fato de o Go-
verno tentar segurar a inflação contendo
o preço da gasolina. Com isso, aquela
prioridade que estava se dando ao eta-
nol, principalmente pelo lado do meio
ambiente, parece que caiu por terra.
Houve até, nos anos de 2006, 2007, um
apelo muito forte no mundo à produção
do etanol. Após a crise, como já disse,
parece que esqueceram um pouco do
meio ambiente, mas isso vai voltar.
Revista Canavieiros: Recentemen-
te, Alan Bojanic, representante, no
Brasil, da FAO (Organização das Na-
ções Unidas para Alimentação e Agri-
cultura), afirmou que a agricultura
brasileira será uma das que mais irão
contribuir para atender à demanda
por alimentos e energia no mundo nos
próximos anos e que, neste cenário,
o setor sucroenergético terá papel de
destaque. Isso não sinaliza boas pers-
pectivas para o setor?
Manoel: A declaração é corretíssi-
ma. Sabemos que, em função do aumen-
to da população, teremos que aumentar,
significativamente, nos próximos anos,
a produção de alimentos e energia. E
o Brasil, por ter terras, água, clima,
tudo favorecendo, terá que dar a maior
contribuição nesse sentido. Mas isso é
uma boa perspectiva desde que você
tenha, internamente, as condições ne-
cessárias. Isso exige investimento, um
forte apoio à pesquisa, para promover
ganhos de produtividade. O foco maior
tem que ser aí, em usar a expansão de
área da maneira mais racional possível.
Temos muito espaço para fazer crescer
a produção por unidade de área, princi-
palmente na pecuária, mas também em
outros setores. Quando comparamos
nossa produção de milho, soja, cana,
com outros países, vemos bastante es-
paço para desenvolver a produção, au-
mentando a produtividade. E isso só se
faz com pesquisa. Não tenho dúvidas de
que, para o Brasil, o potencial é muito
promissor, pelas características do País,
mas você precisa, fundamentalmente,
do apoio do Governo para traçar as me-
tas, os rumos para que isso aconteça.
Revista Canavieiros: Como avalia
a pesquisa no País? Está avançando
nesta linha?
Manoel: Está avançando sim. O que
temos é uma morosidade muito grande,
uma burocracia imensa, para que aquilo
que a pesquisa pode oferecer, e que já
é utilizado em outros países, como é o
caso dos transgênicos, possa evoluir no
Brasil. A aprovação de produtos para
a agricultura aqui é muito demorada.
Perde-se muito tempo. Gasta-se muito.
Mudanças precisam ser implementadas
para que o País possa crescer num rit-
mo mais forte, viabilizando a pesquisa
e sua aplicação num espaço de tempo
mais curto.RC
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
7
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
8
Ponto de Vista I
RC
Por que o eleitor brasileiro adora o biocombustível
brasileiro, mas desconhece os traumas do setor?
*José Luiz Tejon Megido
José Luiz Tejon Megido
A
o longo dos últimos quatro anos,
nos dedicamos a estudar o agro-
negócio não mais pelo ponto de
vista do antes e do dentro das porteiras
apenas, mas sim pelo olhar perceptivo do
consumidor final. Quer dizer, ir além da
cadeia produtiva. Confesso que o ex-mi-
nistro Roberto Rodrigues tem sido um
dos maiores incentivadores dessas pes-
quisas, as quais conduzimos no Núcleo
de Agronegócio da ESPM, junto com a
ABAG. Em todos os estudos que reali-
zamos, um deles uma pesquisa “qualita-
tiva” com grupos de homens e mulheres
do segmento social da classe C, da cida-
de de São Paulo; outro um levantamento
quantitativo, nas 12 maiores cidades em
termos de população do país objetivando
levantar a percepção do cidadão urbano,
de todas as classe sociais a respeito do
agronegócio; e agora, a mais recente, em
julho de 2014, outra pesquisa quantita-
tiva, batizada de “O eleitor brasileiro e
o agronegócio”; uma constante nesses
levantamentos tem apontado o “etanol”
e o “biodiesel” como nomes mentaliza-
dos e decodificados com pontas de “or-
gulho nacional”.
Num dos grupos qualitativos com
cidadãos da classe C, ouvimos: “o nos-
so biodiesel é muito melhor que o de-
les”, aí numa relação com os Estados
Unidos. Logicamente não teremos da
população nenhuma contextualização
de tecnologia ou de aprofundamento.
O que nos cabe nestes estudos é exa-
tamente identificar os níveis “perceptu-
ais” desses consumidores finais e elei-
tores. Hoje constatamos que a imagem
percebida do agronegócio como setor
econômico é reconhecida por mais de
90% dos eleitores como sendo de “mui-
ta importância para o país”, e ainda de
gerador de empregos mesmo nas cida-
des. Sobre as dificuldades que o setor
enfrenta, também existe percepção, em
níveis de 86,4%, que acham as estradas
do interior malconservadas, aumentan-
do os custos. Outros 86,3% dos eleito-
res afirmam que os portos brasileiros
são antigos e malgerenciados e por
isso prejudicam o agronegócio. Outros
81,2% votariam num candidato que en-
tenda de agronegócio.
Agora, sobre o setor específico da
cana de açúcar, os índices são da mes-
ma forma positivamente elevados. Sen-
do 89,9% dos eleitores consideram que
o Brasil precisa usar mais a energia re-
novável que vem da agricultura, como
o etanol e biodiesel; 86,3% consideram
o etanol e o biodiesel importantes para
diminuir a poluição. Sendo  que 92%
afirma ser muito prejudicial à poluição
das grandes cidades.
Claro que os estudos revelam tam-
bém preocupações e necessidades
imensas de ampliação da comunicação
e do diálogo com esse cidadão urbano,
por exemplo, 89,4% afirmam haver fal-
ta de informação sobre o agronegócio
no Brasil. Questões como florestas, de-
fensivos (conhecidos como agrotóxicos
pelo cidadão urbano), reforma agrária,
sustentabilidade, transgênicos, orgâni-
cos, terras, tributação, seguro, crédito
e água, existem vieses e muita super-
ficialidade no nível percebido, o que
permite usos para comunicar, ou para
“manipular” a opinião pública.
Entretanto, ao mesmo tempo em que
a imensa maioria dos eleitores tem uma
ótima imagem dos biocombustíveis, e
os considera um dos pontos de orgulho
nacional, por outro lado, quando ques-
tionamos qual dos três candidatos mais
bem pontuados em julho 2014 (à época
ainda o candidato Eduardo Campos),
qual das três opções seria aquela que
mais defenderia e promoveria os bio-
combustíveis no Brasil, a maioria apre-
sentou a representante do atual governo
como a melhor para o setor. Claro, fala-
mos sempre do ponto de vista das per-
cepções humanas. E, como o segmento
bem domina e conhece em profundida-
de os seus dramas e traumas, foi nes-
te atual governo que vivemos uma das
mais acentuadas crises do ramo, pelos
efeitos conhecidos dos preços da gaso-
lina e outros impactos de ordem fiscal,
tributária e política.
Como temos no Brasil caminhões
de diagnósticos e estudos, mas pouca
recomendação e ação efetiva, deixo
aqui pelo menos três sugestões de atos
comunicacionais fundamentais para o
segmento sucroalcooleiro.
Elevar o nível de informação sobre
os dramas e traumas que o setor vive,
e as implicações das não soluções para
o país, e para a qualidade de vida desse
cidadão, consumidor e eleitor brasilei-
ro. Aprender a falar com a população
não apenas dos seus feitos, mas tam-
bém elevar a sua consciência sobre suas
lutas, buscando aderência da sociedade.
Falar com o cidadão, e não esquecer de
uma poderosa infantaria urbana, que
atua nas bombas dos postos de gasolina.
Desatrelar a famosa relação 70%
do biocombustível com a gasolina. O
preço será sempre apenas um ingre-
diente das estratégias de marketing. Os
aspectos de poluição, saúde e qualida-
de de vida, bem como independência
agroenergética do país, precisam pre-
valecer na comunicação do produto
para o mercado.
Repaginar o setor, criar um novo
look & feel, estabelecer um padrão de
design retrofit e num disruptionway.
Acionar diagnósticos e governança de
redes sociais imediatamente.  Atuar do-
ravante como protagonista e deixar a
“vitimização” para trás.
Por que o cidadão, o eleitor, gosta do
nosso biocombustível, mas desconhece
as suas dores, e o troca na frígida rela-
ção dos 70%? Coisa simples: coisa da
arte comunicacional. Sejam bem-vin-
dos ao novo governo, seja ele qual for!
*diretor vice-presidente de Comu-
nicação do Conselho Científico para a
Agricultura Sustentável (CCAS), Diri-
ge o Núcleo de Agronegócio da ESPM,
Comentarista da Rede Estadão.
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
9
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
10
Ponto de Vista II
Roberto Fava Scare
Fonte: AgroFEA Ribeirão Preto/USP e Uni.Business
Gráfico dos Resultados Gerais ICFSS 1ª Rodada até a 17ª Rodada
AgroFEA Ribeirão Preto acompanha o Índice de
Confiança dos Fornecedores do Setor Sucroenergético
como Ferramenta para a Tomada de Decisão
*Roberto Fava Scare, Fernanda Branco Rodrigues e Beatriz Barison
D
esde agosto de 2011, o ICFSS
(Índice de Confiança dos For-
necedores do Setor Sucroener-
gético) Reed Multiplus/FUNDACE tem
como objetivo servir de ferramenta de
apoio à tomada de decisão e ser uma
fonte de informação sobre expectativas
e tendências que contribuam para análi-
ses e decisões por parte do empresariado
do setor. Gestores confiantes tendem a
investir e ampliar a produção para apro-
veitar as oportunidades identificadas,
gerando um crescimento geral no seg-
mento, caso todos os envolvidos estejam
preparados. Resultado da parceria entre
o Núcleo de Pesquisas em Agronegó-
cios da Faculdade de Economia, Admi-
nistração e Contabilidade de Ribeirão
Preto – AgroFEA Ribeirão Preto, a Reed
Multiplus, empresa com amplo destaque
na organização de eventos e feiras seto-
riais, e da FUNDACE (Fundação para
Pesquisa e Desenvolvimento da Admi-
nistração, Contabilidade e Economia),
o índice também visa minimizar perdas,
caso uma tendência de retração ou de
conservadorismo seja observada.
O ICFSS é construído com base nas
respostas obtidas de proprietários e gesto-
res de empresas que fornecem máquinas,
equipamentos e serviços para as usinas
sucroenergéticas. Seu questionário é apli-
cado trimestralmente e abrange empresas
localizadas nos polos de metal mecânica
de cidades como Piracicaba/SP e Sertão-
zinho/SP e fornecedores de serviços es-
palhados pelo País, com foco nas empre-
sas do Estado de São Paulo devido à sua
grande concentração setorial. Entres os
fornecedores estão empresas que atuam
na fabricação de tanques, reservatórios
metálicos, caldeiraria, equipamentos e
aparelhos para turbinas, esteiras e moen-
das, entre outras indústrias do setor.
O questionário é aplicado trimes-
tralmente durante os meses de janeiro,
abril, julho e outubro. As entrevistas
são realizadas via contato telefônico e
via e-mail, com o questionário disponí-
vel via Internet. São avaliadas variáveis
referentes às condições atuais relativas
aos últimos seis meses, e de tendências
futuras, que são relativas à expectativa
para os próximos seis meses. As variá-
veis de Economia Brasileira se referem
às expectativas e análises referentes ao
desempenho de todos os setores da eco-
nomia, bem como reflexos de mudan-
ças nas políticas
fiscais e monetá-
rias. Enfim, diver-
sos aspectos que
possam influen-
ciar a economia
nacional. As vari-
áveis do Sistema
Agroindustrial
Sucroenergético
refletem as análi-
ses referentes ao
desempenho geral
do sistema, consi-
derando todos os
elos de sua cadeia
produtiva e a in-
fluência de variá-
veis externas.
O Setor de Fornecedores do Setor
Sucroenergético retrata especificamen-
te como os gestores enxergam o setor
(elo) do Sistema Agroindustrial Sucro-
energético do qual suas empresas fazem
parte. As variáveis referentes à Empre-
sa retratam especificamente uma análi-
se sobre a organização na qual o gestor
atua, oferecendo uma visão interna do
desempenho das empresas.
O Índice de Confiança dos Forne-
cedores do Setor Sucroenergético é
um indicador de difusão que varia de
0,00 a 1,00, sendo que os valores aci-
ma de 0,50 pontos indicam empresá-
rios confiantes.
Conforme demonstra a tabela ao
lado, entre 2011 a 2013, a avaliação
do Índice sempre revelou resultados
positivos em relação à Confiança dos
Fornecedores do Setor Sucroener-
gético. As avaliações sobre as con-
dições atuais se mostravam abaixo
dos 0,50 pontos, porém a expectativa
dos empresários se mostrava positiva
quanto à economia geral, o sistema
agroindustrial sucroenergético e o
setor de fornecedores de máquinas,
equipamentos e serviços influencian-
do o índice geral.
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
11
Fonte: AgroFEA Ribeirão Preto/USP
Tabela de resultados das variáveis ICFSS 1ª Rodada até a 17ª Rodada
No início de 2014, as avaliações so-
bre as condições atuais e expectativas
dos gestores em relação à economia
geral, o sistema agroindustrial sucro-
energético e o setor de fornecedores
se degradaram em decorrência de in-
certezas no cenário macroeconômico
e de mais um ano de resultados nega-
tivos no setor sucroenergético. Nesse
contexto de mudanças, todo o sistema
agroindustrial foi prejudicado pela fal-
ta de investimentos, principalmente
no setor sucroenergético. A crise no
setor, que é considerada a mais severa
em décadas, causou prejuízo para as
usinas que atuam na produção de eta-
nol, açúcar e energia elétrica. Diante
desse contexto, não restaram boas ex-
pectativas aos fornecedores do setor
sucroenergético, revelando uma queda
histórica no ICFSS, chegando aos 0,42
pontos na última rodada de agosto.
A possibilidade de melhora ainda
não aparece no horizonte, segundo
os entrevistados, pois eles aguardam
a formação do novo cenário político
pós-eleições para definir os novos ru-
mos para o setor.
Os resultados e a elaboração dos ín-
dices e dos relatórios explicativos são
sempre divulgados após o encerramen-
to das entrevistas e processamento das
análises. A equipe de pesquisadores do
AgroFEA é composta por docentes a
alunos graduandos da FEA-RP lide-
radas pelos professores Roberto Fava
Scare - Coordenador, Prof. Dr. Lucia-
no Thomé e Castro, Prof. Dr. Marcos
Fava Neves e executado pelos pesqui-
sadores Fernanda Branco Rodrigues e
Beatriz Paro Barison
Para maiores informações e os bole-
tins trimestrais, as informações são dis-
ponibilizadas no site do AgroFEA, em:
<http://www.fearp.usp.br/agrofea>.RC
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
12
Ponto de Vista III
RC
O que poderia ter sido e não foi?
A
política de subsídio à gasolina,
adotada pelo atual Governo Fe-
deral, foi desastrosa para o setor
sucroenergético e contribuiu para a des-
construção de um segmento. Há cinco
anos, as estimativas da Archer Consul-
ting apontavam que para 2014/2015,
dado o crescimento da demanda por
etanol hidratado (chegamos a 62% dos
veículos flex usando etanol) e o igual-
mente sólido crescimento da frota na-
cional de veículos leves, chegaríamos
a moer no Centro-Sul 720 milhões de
toneladas. Este ano, o Centro-Sul deve
moer 550 milhões de ton. de cana.
Com a retórica de controlar a infla-
ção, o Governo faz com que a estatal do
petróleo importe gasolina a um preço
muito mais caro do que aquele que colo-
ca nos postos – um subsídio que é pago
por todos nós, contribuintes, em favor
daqueles que são proprietários de carros.
De acordo com números da ANP sobre
o consumo de combustíveis, no período
entre agosto de 2013 e julho de 2014, o
consumo total alcançou 54,98 bilhões de
litros, dos quais 11,84 bilhões de litros
de hidratado, 10,78 bilhões de litros de
anidro e 32,36 bilhões de litros de gaso-
lina A (antes da mistura). Em um ano,
o consumo nacional cresceu 8,70% em
relação ao ano anterior, ou seja, 4,4 bi-
lhões de litros, 90,6% de etanol.
Nesse ritmo, que coloca o consumo
nacional crescendo à taxa média de
6,19% ao ano nos últimos cinco anos,
se mantida a tendência, o Brasil vai
precisar para o ano safra de 2015/2016
de pelo menos mais 24 milhões de to-
neladas de cana. Os números dão conta
do caminho que o setor sucroalcooleiro
poderia ter galgado não fosse essa polí-
tica desastrosa.
Tivéssemos mantido as condições
favoráveis, quando o etanol era respon-
sável por 54,5% de todo o combustível
consumido pela frota nacional (Ciclo
Otto) e com preços ligeiramente ali-
nhados com o mercado internacional
do petróleo, que fazia o etanol atrativo
para o consumidor, o Centro-Sul esta-
ria moendo nessa safra corrente 720
milhões de toneladas de cana. Para tal,
teríamos mais de 30 novas usinas, in-
vestimentos próximos a 30 bilhões de
dólares e a geração de mais de 100 mil
novos postos de trabalho diretos e in-
diretos. Somem-se aí os investimentos
que não vieram e o etanol que deixamos
de vender no mercado interno e chega-
mos à cifra de US$ 50 bilhões. Compa-
rando com o potencial que tinha, o setor
encolheu pelo menos 20% nesses últi-
mos anos, em razão do fechamento de
várias unidades industriais e da falta de
investimento coibida pela falta de polí-
tica energética e pela falta de políticas
sérias do Governo atual.
E o maior contrassenso se refere ao
discurso pobre de salvar a inflação. O
FMI (Fundo Monetário Internacional),
em recente relatório, divide os subsí-
dios em dois: subsídios antes do im-
posto que reduzem o preço da energia
para o consumidor a um nível abaixo do
preço internacional, em que os gover-
nos camuflam os custos via perdas nas
empresas estatais (fato que ocorre cla-
ramente no Brasil). E o outro subsídio
após os impostos, em que se segura o
preço da energia a um nível consistente
(um mecanismo parecido com a CIDE -
Contribuição de Intervenção no Domí-
nio Econômico) e ajusta os custos via
redução ou aumento do imposto.
Em outro estudo de 2012, feito pelo
Fundo, constata-se que o subsídio atin-
ge as classes mais pobres da população,
ou seja, são elas que pagam a conta
indiretamente. O paradoxo consiste na
conclusão de que para cada aumento
de US$ 0,25 por litro no preço da ga-
solina, existe uma diminuição do poder
de compra dos mais pobres em 5%. Ou
seja, tem-se a impressão que o subsídio
* Arnaldo Luiz Corrêa
Setor sucroalcooleiro contabiliza perdas de R$ 30 bilhões
Arnaldo Luiz Corrêa
à gasolina traz benefícios aos menos
favorecidos, mas são eles que pagam a
conta por não ter disponíveis serviços
que lhes seriam essenciais, pois esse
subsídio drena dinheiro do orçamento
que poderia ser destinado a outras áreas
que trariam mais benefício aos mais po-
bres, de forma mais direcionada.
Além disso, no Brasil, o subsídio à
gasolina distorce o valor do etanol, cuja
paridade é vital para que o consumidor
decida pelo combustível. Paralisa o
fluxo de investimentos para o setor su-
croalcooleiro, que se vê de mãos amar-
radas impossibilitado de planejar seu
futuro, uma vez que não é dado saber
a formação de preços do combustível
no País, milhares de empregos são per-
didos com várias unidades industriais
fechando ou deixam de ser criados pela
falta de investimentos que possibilitaria
a construção de novas usinas.
*gestor de riscos em commodities
agrícolas, especialista no setor sucro-
alcooleiro, autor do livro Derivativos
Agrícolas, e diretor da Archer Con-
sulting – empresa de assessoria em
mercados de futuros, opções, deriva-
tivos e planejamento estratégico para
commodities agrícolas. E-mail:
contato@archerconsulting.com.br
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
13
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
14
Ponto de Vista VI
Safra canavieira 2015/16: desafios
A
história da agricultura canaviei-
ra brasileira nos últimos 40 – 50
anos tem sido de grandes transfor-
mações, na produção, diversificação e no
comércio, alicerçadas por um desenvol-
vimento tecnológico exuberante. Não só
se tornou o mais importante exportador
mundial, como o faz com clara competiti-
vidade em sustentabilidade comprovada.
Ainda antes de terminar a safra
2014/15, no Centro-Sul brasileiro, as
atenções do mercado se voltam ao que
seria sua próxima safra 2015/16. Quais
os cenários ou em qual direção cami-
nharia essa safra?
Claro que é muito cedo para uma
avaliação com maior profundidade.Afi-
nal, tem-se ainda a primavera (2014), o
verão e o outono (2015) para formar a
cana-de-açúcar que será colhida no ano
de 2015. Se tivéssemos projeções mais
seguras do clima para o médio prazo,
ter-se-ia um pouco mais de clareza.
Toda projeção que se preze tem, em
sua base, um banco de dados que seja
representativo, um grupo qualificado que
saiba considerar os aspectos-chave de
avaliação e um comportamento pragmá-
tico em relação aos componentes e condi-
cionantes da produção da cana-de-açúcar.
Essa avaliação se faz sobre os sinais
mais reais e as perspectivas dadas pelos
condicionantes de produtividade agrí-
cola, dos investimentos em plantio e do
uso das tecnologias disponíveis, sob o
enfoque técnico, além dos outros aspec-
tos como endividamento, dificuldade de
acesso ao crédito e considerar as condi-
ções medianas do clima, o que por si só
é um potencial indutor de erro.
O maior desafio nessa projeção, além
dos demais citados, está nas eleições
2014, para o cargo de Presidente do Bra-
sil. Afinal, tanto as questões macroeco-
nômicas como as relativas às políticas
públicas setoriais têm peso expressivo
nas ações privadas. Claramente o setor
privado busca custos menores, produ-
tividades maiores e mercados, mas no
Luiz Carlos Corrêa Carvalho* “A arte da previsão consiste em antecipar o que aconte-
cerá e depois explicar o porquê não aconteceu”
Winston Churchill
caso do setor sucroenergético, pelo lado
da energia, há uma clara e complexa re-
lação com a política energética do país.
Enquanto o mercado de açúcar mostra
globalmente elevado estoques e baixos
preços, o de etanol se vincula aos preços
da gasolina e, por “tabela”, cria limites
ao mercado de açúcar! Tal ocorre face
a intervenção do Governo Federal do
Brasil nos preços da gasolina, há muitos
anos (desde 2006).
O ano de 2015 carregará, ao mesmo
tempo, as mazelas represadas pelo Go-
verno Dilma nos campos da macroeco-
nomia (juros, câmbio, déficits fiscais e
na balança comercial, entre outros), nos
preços e subsídios à gasolina e energia
elétrica, na pressão de salários desca-
sados com produtividade e num certo
isolacionismo internacional do Brasil,
Afigura no formato do que se chama de uma recuperação W até a safra 2016/17,
inclusive, está alicerçada na análise dos componentes e condicionantes da oferta
canavieira no Brasil:
a) Componentes:
- Clima respondendo por 50% da produtividade;
- Variedades, Insumos e Operações Agrícolas pelos outros 50%.
b) Condicionantes:
Além dos macroaspectos como um processo de concentração voltando, crédito
difícil e endividamento, deve-se considerar outros fatores essenciais:
- Planejamento / Área Cultivada / Idade Média do Canavial / Uso de Tecnologia
/ Mercado / Recursos Humanos / Peso da Mecanização / Ambientes de Produção /
Preços / Peso da Cana Bis / Peso da Cana Plantio / Renovação do Canavial.
mais interessado em alguns “irmãos”
latinos. Carregará, também, as culpas
dos anos anteriores, especialmente este
ano de 2014. Foi um ano terrível com-
binando a avareza do céu, na forma de
seca e as inacreditáveis barbeiragens
das políticas públicas federais ao setor.
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
15
No percurso do caminho canavieiro,
terá a continuidade do percurso do longo
vale, que já atravessa, caracterizados por
uma curva “W” de oferta de produtos.
São esses os fatores que permitem, ao
menos em clima normal, projetar para a
safra 2015/16 uma posição de produção
em ATRs inferior à safra 2014/15, assim
como prospectar mais uma safra à frente
nessas mesmas condições.
Como um país de ativos caros, ren-
da baixa e, no setor canavieiro, dívidas
altas, as perspectivas na virada para um
novo Governo estariam na recondução
das políticas públicas anteriores (CIDE
- Contribuição de Intervenção no Do-
mínio Econômico, gasolina aos preços
internacionais, leilões de biomassa
energética a preços compensadores), no
entanto enfrentando um necessário con-
trole de inflação, na volta à meta, com
crescimento deprimido e uma pressão
da sociedade por dias melhores.
Entre questões claras, o processo de
concentração setorial deverá voltar com
força, tão logo fiquem claras e transpa-
rentes as ações de políticas públicas ou de
intervenções de governo muito reduzidas.
A manutenção do “status quo” eliminará
investimentos e criará forte pressão por
fechamentos de usinas e recuperações
judiciais, num setor de endividamento
elevado, em ano (2015) onde crédito será
o oásis para poucos. A concentração é o
oposto da expansão, no curto prazo; a fal-
ta de crédito limita a expansão ou o reju-
venescimento dos canaviais, implicando
em menor produtividade; em ambiente de
custos crescentes e preços de açúcar so-
mente iniciando recuperação a partir do
2º semestre de 2015, vale olhar a fotogra-
fia dos canaviais.
Base do processo e grosso modo,
70% dos custos dos produtos finais, o
canavial brasileiro está deixando no seu
aprendizado em mecanização, falhas e
compactações; no endividamento, difi-
culdades de uso de tecnologia via me-
nor investimento, claramente pressio-
nado pelas dificuldades de crédito. Para
atrapalhar ainda mais, o clima seco de
2014 manda herança maldita para 2015,
na forma de um canavial envelhecido e
menos produtivo.
Mesmo com o retorno das políticas
públicas essenciais à produtividade,
as limitações da dita herança maldita
ainda perdurarão por um tempo. O fato
esperado é a manutenção, até 2017, por
recuperação da oferta ao nível do que
foi em 2013!
Essa moagem diverge radicalmente
do que se viu na história mais recente do
Brasil Pós-PROÁLCOOL (1ª grande fase
de crescimento) e pós-carros flexíveis e
preços elevados do petróleo (pós-2004).
Naqueles períodos, o crescimento chegava
nos dois dígitos anuais. Imaginar a recupe-
raçãodoquefoiaofertaem2013,somente
quatro anos depois, era algo impensável na
citada segunda fase de crescimento.
As expectativas que se criam com
o Brasil, nessa linha de oferta, são a
de recuperação de fato dos preços do
açúcar via mercado a partir de 2016 e,
assim sendo, a tendência de uma safra
bastante alcooleira em 2015/16.
Quem viver, verá!!
*Diretor da Canaplan Consultoria
Técnica e Presidente da ABAG. RC
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
16
Como está o nosso agro? Contra-
riando a recuperação dos últimos me-
ses, em setembro o desempenho das
exportações do agro sofreu uma queda.
As exportações (US$ 8,30 bilhões), se
comparadas com o mesmo período de
2013 (US$ 8,96 bi), diminuíram 7,4%.
O saldo na balança do agro de setembro
foi de US$ 6,88 bi, uma queda de 9,4%
em relação a setembro de 2013.
O valor exportado acumulado no
ano (US$ 75,9 bilhões) teve queda de
2,7% quando comparado com o mesmo
período de 2013 (US$ 78,0 bilhões). O
saldo positivo acumulado no ano foi
de US$ 63,2 bilhões (3,2% menor que
o mesmo período em 2013). Se conti-
nuarmos nesse ritmo, fecharemos 2014
com um montante de US$ 101 bi, atin-
gindo a meta dos 100 bi, porém cabe
ressaltar que o acumulado de janeiro-
-setembro de 2013 tivemos uma expor-
tação de US$ 78,0 bi e fechamos 2013
com a cifra de US$ 99,9 bilhões.
Os demais produtos brasileiros fora
do agro tiveram uma queda de 4,8% nas
exportações (US$ 11,9 bi em 2013, para
US$ 11,3 bi em 2014), o que levou a
participação do agronegócio nas expor-
tações brasileiras a alcançar 43%.
O saldo da balança comercial brasi-
leira acumulado no ano teve uma boa
recuperação em relação a setembro de
2013, saindo de um déficit de US$ -1,8
bilhão para um déficit de US$ 694 mi-
lhões, mesmo com a recuperação a si-
tuação é não a desejada. Se não fosse o
agronegócio, a balança comercial brasi-
leira teria um déficit de US$ 64 bilhões
acumulados no ano, ou seja, mais uma
vez o agro evitou um desastre maior na
economia brasileira.
Como está nossa cana?
Começam a pipocar as opiniões
sobre a safra 2015/16. Não são boas,
por todo o sofrimento que aconteceu
com a cana na seca de 2014. Como a
rentabilidade ficou muito prejudicada,
estima-se que produtores gastaram bem
menos em insumos, e na renovação dos
canaviais. A safra pode começar mais
tarde também, para aproveitar o melhor
momento da cana, mesmo que isto se
traduza em mais ociosidade do parque
agrícola.
A moagem em setembro decepcio-
nou, somando quase 69 milhões de
toneladas, 11% a menos que setembro
de 2013, com produtividade 9% menor.
Já o processamento acumulado desde o
início da safra está praticamente igual a
2013, com 441,5 milhões de toneladas.
Espera-se um total de 545 milhões de
toneladas.
PECEGE mais uma vez aponta au-
mento de custos de produção e queda
de 8% na produtividade. É crise “pra
mais de metro”.
Como estão as empresas do setor?
Segundo a Unica, a safra 14/15
deve render às empresas do setor R$
70 bilhões e o endividamento ficar em
R$ 77 bilhões, que corresponde a 110%
do faturamento. Em 11 anos, a dívida
cresceu 19 vezes. É estarrecedora a
informação que 66 empresas, das 390
Usinas, estejam em recuperação judi-
cial. Vale lembrar que 44 usinas já fo-
ram fechadas, nos levando ao número
tradicional de 435 unidades no Brasil.
Como está o açúcar?
A Datagro estima que na safra
14/15 a produção mundial será de 170
milhões de toneladas e o consumo de
173,4 milhões. O Brasil deve produzir
35,7 milhões. Segundo a Datagro, os
estoques caem de 45,6% para 42,8% do
consumo total ao final da safra.
Existe um problema que se torna cada
vez mais perigoso, o incêndio dos termi-
nais com açúcar. Foram diversos casos
nos últimos meses, devido aos maiores
volumes de açúcar com menor umidade
sendo comercializados. Tanto o VHP
quando o VVHP oferecem mais riscos
devido à nuvem que se forma com pó de
açúcar e qualquer fagulha pode atrapa-
lhar, além de serem mais leves. O mais
recente destruiu o terminal TEAG, joint
venture da Cargill e Biosev.
Este mês falou-se bastante também
de riscos de intervenção do Governo
em conteúdos de açúcar em muitos pro-
dutos, o que seria uma ameaça ao setor.
Também problemas de caixa e ele-
vado endividamento das usinas na Índia
podem contribuir para acelerar o déficit
esperado no mercado mundial de açú-
car em 15/16.
Coluna Caipirinha
Marcos Fava Neves
Caipirinha
Uma Seca como Nunca Antes Vista na História deste País
Revista Canavieiros - Setembro de 2014
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
17
Como está o etanol?
Temos que observar este movimento
de queda de preços do petróleo, motiva-
do por uma menor taxa de crescimento
da economia chinesa e apreensão com
o crescimento mundial e por uma maior
produção dos EUA. A demanda espera-
da para o quarto trimestre, em consumo
diário, é de 93,5 milhões de barris, e em
julho foi de 93,9 milhões. O fator Estado
Islâmico e seus riscos na oferta aparen-
temente não está influindo no sentido
de amenizar esta queda de preços. Qual
será o comportamento da OPEP é uma
pergunta de fundamental importância ao
setor. Repercutiu estudo de um banco
dizendo que a estes preços não é mais
necessário um aumento do preço da ga-
solina, apenas a volta da CIDE.
Porém, estima-se que desde 2011
(agosto), quando a paridade não foi mais
respeitada, a Petrobras tenha perdido
quase US$ 12 bilhões. Quando se soma
isto às perdas pela CIDE ao etanol (quase
US$ 10 bilhões) tem-se uma perda total
de US$ 22 bilhões. Estima-se uma perda
média de US$ 0,10/litro no período.
É grande a expectativa do mercado
sobre o novo Governo e qual o comporta-
mento que será dado ao preço da gasolina.
Tudo indica que a política de preços deve
flutuar com o mercado internacional. A
Petrobras importa cerca de 80 mil barris
por dia de gasolina. Interessante que o pe-
tróleo mais barato ajuda nas importações
da empresa, mas mais do que prejudica
na sua rentabilidade no Brasil. Enquan-
to isto, o consumo de hidratado, desde o
início da safra está agora 5% menor que
ano passado até o final de setembro.Algo
totalmente sem sentido, pois os preços fi-
caram muito baixos todo este tempo para
as usinas e caíram ainda mais. Mais uma
vez observa-se o problema de distribui-
ção do etanol e margens. Perdemos outra
vez a chance este ano de interferir positi-
vamente nos preços do açúcar com maior
consumo de etanol no Brasil.
Em relação à infraestrutura, a boa
notícia é que o etanol-duto, que já liga
Ribeirão Preto a Paulínia, começa a
operar experimentalmente ligando Ri-
beirão até Uberaba. Uma obra que no
total envolve R$ 7 bilhões e terá 1,3 mil
km, podendo transportar 20 bilhões de
capacidade por ano. Como costumo di-
zer, basta São Paulo, Norte do Paraná e
Minas Gerais para acertar toda a ques-
tão do consumo de hidratado.
Quem é o homenageado do mês?
A coluna Caipirinha todo mês home-
nageia uma pessoa. Neste mês a home-
nagem vai para o amigo Alexandre Fi-
gliolino, engenheiro agrônomo, grande
estudioso e conhecedor do setor.
Haja Limão: o limão vai para a falta
de chuva... Que coisa louca, nunca ha-
via visto. A nossa sociedade elege neste
domingo seu presidente. O leitor está
vendo esta coluna após o resultado da
eleição e terminei na terça que antece-
deu ao domingo. Considero esta eleição
a mais importante da nossa história, ex-
tremamente equilibrada. Espero que,
no momento desta leitura, a sociedade
brasileira tenha optado pela mudança.
Na minha visão se esgotou o modelo
do PT para o Brasil. Mas se a sociedade
não optou, que a atual Presidente faça
o que prometeu. Vamos acreditar mais
uma vez. Tenho a minha consciência
tranquila, pois nesta eleição saí da mi-
nha zona de conforto totalmente.
Marcos Fava Neves é Professor
Titular da FEA/USP, Campus de
Ribeirão Preto. Em 2013 foi Profes-
sor Visitante Internacional da Purdue
University (EUA) RC
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
18
Cooperados e colaboradores da Copercana
conhecem cadeia do amendoim nos EUA
Notícias Copercana
D
ois colaboradores e cinco
produtores de amendoim da
Copercana integraram um
grupo de 30 pessoas que viajaram aos
Estados Unidos, de 27 de setembro a
4 de outubro, para conhecer a tecnolo-
gia aplicada na cultura. O destino foi
o Estado da Georgia, responsável por
metade da produção norte-americana
de amendoim. Lá, os brasileiros visi-
taram a universidade local, onde as-
sistiram a palestras com professores
de diversas áreas, entre elas novas va-
riedades, irrigação e controle de pra-
gas e doenças. Estiveram também em
fazendas para ver de perto o sistema
de plantio e colheita, e conheceram
empresas de beneficiamento.
Os Estados Unidos produzem cerca
de 2,5 milhões de toneladas de amen-
doim por ano, dos quais 80% são des-
tinados a consumo interno, sob a forma
de confeitos ou pasta. Mesmo não sendo
os maiores produtores mundiais – título
Igor Savenhago
que pertence a China, com 17 milhões
de toneladas/ano –, são referência para
os agricultores brasileiros por causa das
avançadas técnicas de manejo, que pro-
piciam alta produtividade e capacidade
de armazenamento por até dois anos.
Outro ponto que chamou a atenção da
comitiva de cooperados foi que 80% da
produção georgiana é irrigada, o que re-
duz os riscos de falta de oferta.
A viagem foi patrocinada por duas
empresas: MIAC Colombo e Syngen-
ta. Para os próximos anos, a proposta
é que mais agricultores conheçam o
sistema. Segundo o gerente da Una-
me - Unidade de Grãos da Copercana,
Augusto César Strini Paixão, que fez
parte do grupo, a experiência permitiu
o contato com informações que podem
ser muito bem aproveitadas no Brasil,
onde são produzidas anualmente 300
mil toneladas de amendoim.
“Foi uma viagem proveitosa, tanto
para os produtores como para a coo-
perativa, pois pudemos conhecer os
sistemas de recebimento, secagem e in-
dustrialização do amendoim produzido,
além de obter informações sobre mer-
cado. Agradecemos, em nome da dire-
toria da Copercana, à MIAC e à Syn-
genta, pela ótima oportunidade criada”,
afirma Paixão.
O engenheiro agrônomo da Coper-
cana Edgard Matrangolo Jr., que tam-
bém participou da comitiva, destacou
a alta tecnologia adotada nas lavouras
norte-americanas e a integração dos
produtores com a Universidade da Ge-
orgia, que, além de desenvolver pes-
Em viagem patrocinada pelas empresas Miac Colombo e Syngenta, eles estiveram no Estado
da Georgia, que responde por metade da produção norte-americana, onde assistiram a pales-
tras e visitaram fazendas e empresas de beneficiamento
Viagem do grupo ao Estado da Georgia foi patrocinada
pelas empresas Miac Colombo e Syngenta
Fazenda de amendoim no Estado da Georgia: alta
produtividade aliada a moderno sistema de logística
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
19
quisas direcionadas às principais de-
mandas das propriedades rurais, presta
toda a assistência técnica necessária.
“Outro fator relevante é que toda a es-
trutura de produção – tratores, planta-
deiras, pulverizadores, arrancadores e
colhedeiras –, é muito bem dimensio-
nada para cada área de produção”.
Além de Matrangolo e de Paixão,
representaram a Copercana Luiz Au-
gusto Barbosa do Carmo, que planta
Grupo que representou a Copercana foi composto
por sete pessoas: dois funcionários e cinco produtores
Empresas de beneficiamento garantem armazenamento
do amendoim por até dois anos e oferta o ano todo
RC
amendoim em Tupaciguara - MG, e
quatro produtores da região de Ri-
beirão Preto: Roberto Rossetti, João
Luiz Benedito Sanches, João Luiz
Benedito Sanches Jr. e Alex Danilo
Rodrigues.
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
20
Copercana e Sicoob Cocred apoiam apresentações
teatrais sobre cooperativismo
Notícias Copercana
I
ncentivar a cooperação por meio
da arte. Foi com música clássica
misturada a muito humor que as
crianças da Escola Municipal Elvira
Arruda de Sousa, localizada no Jardim
Alvorada, em Sertãozinho, SP, aprende-
ram os benefícios da colaboração e da
realização de ações coletivas nas tarefas
cotidianas.
No dia 13 de outubro, em come-
moração ao Dia das Crianças, os 360
alunos da escola, divididos em duas
turmas – uma de manhã e outra à tarde
– assistiram ao espetáculo teatral “Dois
por Quatro”, da Companhia Esparrama,
de São Paulo. As apresentações, que
integram o projeto Mosaico na Estra-
da, do Sescoop - Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo no
Estado de São Paulo, contaram com
apoio da Copercana e da Sicoob Co-
cred, que ofereceram a cada aluno uma
sacolinha educativa, alusiva à preserva-
ção do meio ambiente e que continha
salgadinho, minibolo e refrigerante.
A peça, que tem duração de 50 mi-
nutos, conta a saga de dois palhaços
que disputam a regência de um quar-
teto de cordas.
Igor Savenhago
O espetáculo “Dois por Quatro”, da companhia paulistana Esparrama, divertiu as
crianças da Escola Municipal Elvira Arruda de Sousa, em Sertãozinho, buscando despertar
para a importância de ações colaborativas
Ao longo de toda a história, a dupla
discute sobre quem tem mais compe-
tência para assumir o posto de maestro.
Até que percebem que podem atuar em
parceria e que, só assim, poderão garan-
tir que a orquestra toque em harmonia.
No palco, os atores Kléber Brianez
e Ranieri Guerra dão vida aos palhaços
Nerdolino e Batatinha, respectivamen-
te. Com bastante desenvoltura, intera-
gem a todo tempo com a plateia, para
alegria dos estudantes. “Em muitos lu-
gares onde a gente se apresenta, algu-
mas crianças nunca viram um palhaço
de perto. Então, é uma grande responsa-
bilidade. Você fala ‘nossa, que bom que
está sendo legal, que bom que vai gerar
um eco interessante’”, afirma Brianez.
Para Guerra, o Rani, como é carinho-
samente conhecido no grupo, a magia
do palhaço vai além da diversão. É um
instrumento de conquista. “É um tipo de
humor que anda cada vez mais sumido
da televisão. A gente já não vê mais. O
que a gente vê é um humor muito depre-
ciativo, que é o rir do outro, do peque-
no, do feio, do gordo, do sem dente. O
palhaço não faz isso. Ele chama para si
a inadequação e fala pra gente ‘olha só,
como nós, seres humanos, somos assim.
Simples e, muitas vezes, desajeitados’”.
As doses de humor da peça ajudam a
tirar um pouco da seriedade do univer-
so da música clássica. É o que acredita
Wellington Oliveira, um dos membros
da orquestra, formada pelos também
músicos Manoela, Eliézer e Érica. “A
proposta é essa: a gente tem um quar-
teto de cordas, mas tem dois atores, que
são palhaços, que entram um pouco
mais no universo da criança, transfor-
mando a situação numa brincadeira”.
A Companhia Esparrama é uma das
120 cadastradas pelo Sescoop-SP. Elas
se revezam nas apresentações promovi-
das em todo o Estado, que só neste ano
de 2014 devem chegar a 83. O analista
Ranieri (esq.) e Kléber se preparam para dar vida aos palhaços Nerdolino e Batatinha
Quarteto de cordas faz os últimos ajustes do palco
antes do início da peça
Wellington Oliveira, ao fundo, diz que humor insere
peça no universo infantil
Fotos:IgorSavenhago
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
21
de projetos culturais do serviço, Flávio
Bassetti, explica que a proposta é ensi-
nar de maneira descontraída. “O projeto
Mosaico na Estrada foi feito justamente
pra gente atingir o público infantil, falar
um pouco sobre cooperação, sobre coo-
perativismo, o que é cooperar, e para a
criançada entender de uma forma mais
lúdica, dinâmica, sem ficar aquela coisa
meio pedante, que a gente faz em pales-
tras”.
Tempo integral
A Escola Elvira Arruda de Sousa
atende crianças do Ensino Fundamen-
tal, sendo a única instituição de ensino
municipal em Sertãozinho a funcionar
em período integral. De manhã, os es-
tudantes frequentam aulas regulares e,
à tarde, participam de projetos, como
alfabetização tecnológica, linguagens,
produção textual, matemática lúdica,
coral, fanfarra e cineclube.
A diretora Luciana Fernandes Am-
brosio afirma que iniciativas culturais,
como o teatro, agregam valor ao con-
teúdo trabalhado em sala de aula. “Para
Personagens disputam quem deve
assumir o posto de maestro da orquestra
Ao final da peça, os palhaços percebem que podem
trabalhar em parceria
Batatinha se transforma em Madame Batata para
tentar iludir Nerdolino
Espetáculo é interativo: a todo tempo abre espaço para a participação das crianças
RC
nós, é de extrema importância, porque é
uma oportunidade que a escola oferece
para as crianças da comunidade, para
que elas tenham esse contato com a cul-
tura”. Ela classifica como uma “aliança
perfeita” a integração da música clás-
sica com o humor. “A peça conseguiu
trabalhar os conceitos de uma maneira
agradável. As crianças aqui da escola
têm aulas de musicalização e os palha-
ços trouxeram vida a esse conteúdo. Foi
perceptível como as crianças gostaram,
como elas amaram”.
As palavras de Luciana são comprova-
das pelas dos alunos Késia Cristina Jar-
dim Soares e Jean Paulo, ambos de nove
anos e que frequentam o 4º ano. A me-
nina diz que sempre teve curiosidade em
aprender música e que o teatro foi mais
uma oportunidade. Já Jean declara que a
maior lição está relacionada à conside-
ração pelo próximo. “Você deve sempre
fazer alguma coisa para ajudar, mas, antes
disso, deve perguntar se a pessoa quer ou
precisa de ajuda”. Sem dúvida, uma lição
de que cooperar é, também, respeitar as
vontades do outro.
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
22
Copercana e Canaoeste participam da 14ª edição do
Prêmio Personalidades em Destaque
N
o dia 25 de setembro aconteceu
no espaço Seasons, em Sertão-
zinho-SP, a 14ª edição do Prê-
mio Personalidades em Destaque que
reconheceu e homenageou empreende-
dores, reunindo executivos, empresas,
organizações e personalidades locais
que se destacaram em seus empreen-
dimentos na indústria e no comércio
nas categorias: nova geração de em-
preendedores; geração que teve grande
crescimento nos últimos anos e geração
tradicional de empreendedores.
Na ocasião também receberam ho-
menagens a ex-prefeita de Sertãozinho,
Maria Neli Mussa Tonielo, representa-
da pela sua filha Cláudia Tonielo e o
presidente do Garevi, o pastor Vander-
lei de Oliveira, por terem se destacado
pelos trabalhos realizados pela cidade
de Sertãozinho.
Estiveram presentes o presidente da
Copercana e da Sicoob Cocred, Antô-
nio Eduardo Tonielo, o presidente da
Canaoeste e da Orplana, Manoel Orto-
lan, o prefeito de Sertãozinho, José Al-
berto Gimenez, o presidente da Câmara
Municipal de Sertãozinho, Rogério Ma-
grini dos Santos, o presidente do CEI-
SE Br, Antonio Eduardo Tonielo Filho,
Fernanda Clariano
Antônio Eduardo Tonielo e Manoel Ortolan foram homenageados
o presidente da ACIS (Associação Co-
mercial e Industrial de Sertãozinho),
Geraldo José Zanadrea, o presidente do
Grupo Amarelinha, Antônio de Lima
Silva, vereadores e empreendedores.
Paraninfo no evento, Antonio Edu-
ardo Tonielo discursou sobre a impor-
tância do evento e falou com confiança
sobre uma possível mudança no setor
que vem atravessando um momento
difícil. “É uma grande satisfação po-
der participar como paraninfo neste
evento e poder entregar essa honra-
ria aos empresários do futuro. Vejo a
nova geração de empreendedores com
muita alegria e sei que eles irão con-
tribuir muito, pois o Brasil não pode
parar. Estamos atravessando uma fase
difícil, muito complicada, mas tenho
certeza que o povo de Sertãozinho é
um povo que acredita, que enfrenta as
dificuldades. Sei que estas dificuldades
estão chegando ao fim. Já está na hora
de vermos uma melhora porque o nos-
so setor vem sendo muito sacrificado.
Temos as eleições aí e qualquer resul-
tado que aconteça, qualquer um que
for escolhido para exercer o Governo,
precisa pensar na situação das nossas
empresas, não é apenas a indústria
sucroalcooleira, as indústrias de um
modo geral no País estão atravessando
uma fase difícil. Por isso temos que ter
confiança e eu acredito que chegou a
hora de começarmos a fazer as coisas
funcionarem, porque acredito que che-
gou a hora da virada”, disse Tonielo.
Na oportunidade, o anfitrião e jorna-
lista Alex Ramos foi agraciado com o
título de cidadão Sertanezino.
O evento também serviu de palco
para o anúncio da volta da empresa ZA-
NINI à cidade e contou com a presença
do presidente Dario Gaeta e de repre-
sentantes da diretoria.
14ª edição do Prêmio Personalidades em Destaque que
reconheceu e homenageou empreendedores
Antonio Eduardo Tonielo e Manoel Ortolan também receberam homenagem
Maria Neli Mussa Tonielo, ex-prefeita de
Sertãozinho, recebeu homenagem e foi representada
pela sua filha Cláudia Tonielo
RC
Notícias Copercana
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
23
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
24
Copercana realiza a VIII Reunião Técnica do
Projeto Amendoim
N
o dia 17 de setembro, a Uname
(Unidade de Grãos da Coper-
cana), realizou no auditório da
Canaoeste em Sertãozinho – SP, a VIII
Reunião Técnica do Projeto Amendoim
e reuniu diretores da cooperativa, pro-
dutores, cooperados, equipes técnicas e
as empresas Syngenta e Chemtura Agro
Solutions.
A reunião foi coordenada pelo ge-
rente da Uname, Augusto César Strini
Paixão. “Estamos praticamente inician-
do o plantio do amendoim e realizamos
essa reunião porque toda a informação
se faz importante neste momento. Ire-
mos abordar desde o início do plantio,
a compra e disponibilidade da semente,
novas tecnologias, área de plantio, pre-
ços, enfim, todas as informações que o
produtor necessita”, disse Paixão.
O gerente da Unidade de Grãos ainda
falou sobre expectativas para a produ-
ção do amendoim. Tivemos uma queda
muito grande na produção de amen-
doim, esperávamos uma safra com 2,5
milhões de sacas e acabamos colhendo
1,8 milhão, perdemos em torno de 27%
da produção esperada. Para este ano
resta a nós esquecermos, porque foi um
ano ruim, os preços não estão compen-
sando a queda da produção. Esperamos
que para o próximo ano a gente consiga
recuperar este ano de 2014 e a expecta-
tiva é bem melhor. Estamos buscando
novos mercados que valorizem mais o
nosso produto para 2015”.
Presente no evento, o presidente da
Copercana e da Sicoob Cocred, Anto-
nio Eduardo Tonielo, em sua explana-
ção pontuou a seca como um dos prin-
cipais fatores para a perda da qualidade
da produção. “Este ano não vai nos dei-
xar muita saudade, pois além de uma
colheita problemática, com sol e seca,
Fernanda Clariano
Profissionais da área de amendoim apresentaram números e trocaram
informações com produtores durante a reunião
tivemos ainda problemas com preço e
qualidade. Quando se tem qualidade
ruim, o preço consequentemente é ruim
e o mercado também acaba sendo ruim.
Mas isso não está acontecendo apenas
com o amendoim, estamos enfrentando
problemas com o açúcar. Com a seca,
todo mundo achou que o açúcar iria
disparar e ele despencou, por isso pre-
cisamos ficar atentos e trabalhar com
muita cautela, pois não temos nenhuma
segurança governamental, diferente de
outros países”, afirmou Tonielo.
As estratégias de manejo de aduba-
ção para a cultura do amendoim foram
apresentadas pelo engenheiro agrô-
nomo e pesquisador da Apta Regional
Ribeirão Preto, Dr. Denizart Bolonhe-
zi, que abordou uma análise crítica dos
caminhos necessários para o planeja-
mento da adubação de amendoim no
contexto da cana crua. “Nos últimos 20
anos, o amendoim passou por duas fa-
ses de mudanças drásticas. A primeira,
com a introdução de cultivares rasteiros
e a mecanização completa da lavoura
e, a segunda, uma preocupação grande
no processamento e na recepção des-
se produto. Nesse avanço tecnológico,
percebemos que a preocupação com a
fertilização, com os programas de nu-
trição e adubação do amendoim ficaram
um tanto quanto paralisados ou desa-
tualizados. O que tento passar aos pro-
dutores é que o planejamento da adu-
bação do amendoim tem que estar em
consonância com a realidade da cultura
hoje. As tabelas de adubação, todas as
programações de práticas visando à fer-
tilização do amendoim, foram geradas
numa época em que se cultivava genó-
tipos de porte ereto e de ciclo precoce,
patamares de produtividade bem infe-
riores aos que se obtêm hoje. Por isso,
Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e
da Sicoob Cocred, fez a abertura do evento
Augusto César Strini Paixão,
gerente da Uname
Notícias Copercana
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
25
há necessidade de se ajustar uma pro-
posta de planejamento de nutrição para
o amendoim adequada com o potencial
produtivo dos cultivares rasteiros hoje.
Nessa reunião, pretendo levá-los a pen-
sar em como fazer um planejamento de
adubação correto, mostrar a importân-
cia de se preocuparem com os aspectos
nutricionais no contexto do amendoim
em reforma de cana crua, que isso im-
plica tanto na eficiência da prática da
calagem, da fosfatagem e da aplicação
de gesso”, pontuou Bolonhezi.
No espaço técnico, empresas par-
ceiras apresentaram seus produtos que
estão disponíveis no mercado para a
cultura do amendoim. A Syngenta, atra-
vés do representante técnico de vendas,
Edemilson Marzochin, apresentou o
Elatus, um produto lançado este ano
para a cultura da soja e que já foi regis-
trado para a cultura do amendoim e a
Chentura Agro Solutions, representada
pelo técnico de vendas, Ricardo Fonse-
ca Lindenberg, trouxe os produtos Vita-
vax e Dimilin 80 WG.
O professor coordenador do PPG em
Agronomia (produção vegetal) FCAV/
UNESP – Jaboticabal – Departamento
de Engenharia Rural, dr. Rouverson Pe-
reira da Silva, fez uma apresentação so-
bre Inovações Tecnológicas na Colheita
Mecanizada do Amendoim e, de acordo
com ele, a inovação tecnológica é fun-
damental para que o produtor possa se
manter firme nos seus negócios tendo
ganhos positivos. “Quem não entrar
nessa nova era da inovação tecnológica
vai ficar perdido, vai sair do mercado. A
agricultura de precisão entra no pacote
de inovações tecnológicas, pois permite
que o produtor tenha um ganho maior,
possa gerenciar melhor a sua proprieda-
de e racionalizar melhor o uso dos in-
sumos e essa é a grande vantagem. Ra-
cionalizando os insumos, ele (produtor)
consegue aumentar a eficiência tanto
de aplicação como de rendimento das
máquinas. Isso vai resultar em ganhos
positivos - em lucros, fazendo com que
produtor possa vir a ter uma rentabili-
dade maior”, disse Silva.
As análises de mercado mundial fo-
ram abordadas pelo gerente administra-
tivo financeiro da CAP Agroindustrial,
Luis Eduardo Godoy, que apresentou
um histórico da produção, analisando
dados de 2005 até a estimativa de 2014,
em relação à área, produção, produti-
vidade, além dos principais mercados
como Europa e China e as perspectivas
futuras para o mercado brasileiro de
amendoim. “Para este ano temos uma
perspectiva de aumento principalmen-
te da produção americana na faixa de
19%. E da Argentina na faixa de 22%.
Teoricamente este será um ano de gran-
de volume no mercado internacional de
amendoim”, afirmou Godoy.
Eduardo Cândido Marçal, do de-
partamento comercial da CAP Agroin-
dustrial, fez uma análise de mercado
interno, onde explanou a importância
do amendoim, o espaço que ele vem
ganhando e a participação da Coperca-
na nesse mercado. Além disso, Eduardo
também abordou preço e perspectivas
para o futuro, onde afirmou que “atu-
almente os preços estão baixos com a
perspectiva de um aumento no mês de
setembro para frente”.
A engenheira agrônoma Nádia Strini
Paixão Batista discorreu sobre o ren-
dimento de amendoim e o que isso in-
fluencia. “Devido à seca no campo, o
grão não granou e tivemos uma queda
de grãos graúdos de aproximadamente
duas mil toneladas nesta safra, e esses
grãos refletem no valor agregado maior
no mercado. Com isso deixamos de fa-
turar. Além disso, os grãos estão mais
miúdos e não temos um produto na in-
dústria que é a “banda”, resultante da
quebra do grão graúdo. Para o ano que
Dr. Denizart Bolonhezi, engenheiro
agrônomo e pesquisador da
Apta Regional Ribeirão Preto
vem, como estamos com um déficit de
produção, esperamos que a safra seja
melhor para que possamos suprir essa
falta de produtividade que tivemos este
ano”, afirmou Nádia.
O pesquisador do IAC – na área
de melhoramento genético do amen-
doim, dr. Ignácio José de Godoy, e
produtores da região marcaram pre-
sença no encontro.
“A interação das empresas com os
produtores precisa ser frequente. O dia
a dia mostra que há a necessidade de
reciclagem, de treinamentos e, em mui-
tos casos, isso não existe. Essa reunião
técnica que a Copercana realiza é uma
iniciativa excelente e com certeza man-
tém o produtor bem informado, enfim,
reciclado. Eu acredito que a informação
é a base, o produtor também é um pro-
fissional, e precisa estar bem informado
quando vai à roça fazer o seu plantio.
Este ano, em função do clima que es-
tamos vivendo com a estiagem prolon-
gada, é difícil falar das expectativas em
relação à cultura do amendoim, mas se
for fazer uma análise de mercado, ele
é bastante favorável para o amendoim.
Eu tenho a impressão que o que esta-
mos passando em termos de prejuízo
para essa safra tem que ser encarado
como fato temporário, isso vai ser com
certeza superado nos próximos anos”,
disse, com otimismo, Godoy.
“Sempre participo e acho que esses
encontros são importantes porque te-
mos a oportunidade de adquirir novas
experiências e podemos colocá-las em
prática a cada safra. Além disso, o que
aprendemos sempre contribui para me-
lhorarmos nossa produtividade e tam-
bém o poder aquisitivo”, disse João
Paulo Cestari, produtor de Barretos
“É muito bom poder estar presente
e ficar por dentro das coisas que es-
tão acontecendo na cultura do amen-
doim. Estamos passando por algumas
dificuldades na parte da lavoura, mas
esses encontros são bons para poder-
mos saber o que fazer para melhorar
a produtividade e como trabalhar a
lavoura”, afirmou Marcelo Lucenti,
produtor de Ibitiúva RC
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
26
Manoel Ortolan participa de homenagens na
57ª Semana “Luiz de Queiroz”
Notícias Canaoeste
Assessoria de Comunicação da Canaoeste
Na ocasião, o presidente da Canaoeste e Orplana recebeu um quadro alusivo a
Medalha “Fernando Costa” na área de Cooperativismo
N
o dia 11 de outubro, o presi-
dente da Canaoeste e Orplana,
Manoel Ortolan, participou
da Sessão Solene de Encerramento da
57ª Semana “Luiz de Queiroz”, reali-
zada na USP-ESALQ, em Piracicaba.
Na ocasião foram homenageados ex-
-alunos das turmas quinquenais de En-
genharia Agronômica, Engenharia Flo-
restal, Economia Doméstica, Ciências
dos Alimentos, Ciências Biológicas,
Ciências Econômicas e Gestão Am-
biental. Comemoram seu ano jubilar
de formatura as turmas de 1936-1940-
1944-1949-1954-1959-1964-1969-
1974-1979-1984-1989-1994-1999-
2004-2009.
Integraram a mesa de autoridades
a secretária de Agricultura e Abasteci-
mento do Estado de São Paulo, Mônika
Bergamaschi, o deputado federal An-
tonio Carlos Mendes Thame, o diretor
da ESALQ, José Vicente Caixeta Filho,
e o ex-aluno mais velho da instituição,
engenheiro agrônomo Fernando Pente-
ado Cardoso, da turma de 1936.
Também foram homenageados com
uma placa pelos aniversários a AN-
DEF (Associação Nacional de Defesa
Vegetal) pelos 40 anos; SPG (Serviço
de Pós-Graduação) da ESALQ pelos
50 anos; ainda pelos 50 anos serão ho-
menageadas as repúblicas Arado, Gato
Preto e Poko Loko; AEASP (Associa-
ção dos Engenheiros Agrônomos do
Estado de São Paulo) pelos 70 anos;
CREA-SP (Conselho Regional de En-
genharia e Agronomia do Estado de
São Paulo) pelos 80 anos; USP (Uni-
versidade de São Paulo) pelos 80 anos;
SRB (Sociedade Rural Brasileira) pe-
los 95 anos; revista Scientia Agríco-
la pelos 70 anos; o ex-aluno Fernan-
do Penteado Cardoso pelos seus 100
anos de idade e 78 anos de formatura;
CALQ” (Centro Acadêmico “Luiz de
Queiroz) pelos 105 anos.
Em 17 de setembro de 2014, aAEASP
(Associação dos Engenheiros Agrôno-
mos do Estado de São Paulo) divulgou a
lista de engenheiros agrônomos que serão
homenageados durante a 43ª Edição da
Deusa Ceres. Entre aqueles que recebe-
rão o Prêmio Deusa Ceres, em abril de
2015, encontram-se egressos da ESALQ.
São eles Luiz Carlos Sayão Ferreira Lima
(engenheiro agrônomo do Ano), Sylmar
Denucci (Medalha “Fernando Costa”
- área de assistência técnica e extensão
rural), Manoel Ortolan (Medalha “Fer-
nando Costa” - área de cooperativismo),
Sinval Silveira Neto (Medalha “Fernando
Costa” - área de ensino) e José Osmar Lo-
renzi (Medalha “Fernando Costa” - área
de pesquisa). Pelo fato desses egressos
serem selecionados para receberem os
prêmios instituídos pela AEASP, todos
foram homenageados durante a cerimô-
nia de congraçamento da 57ª Semana
Luiz de Queiroz.
Os pesquisadores que foram agra-
ciados com o Prêmio Fundação Bunge
2014 em Ciências Agrárias e Artes, em
22 de setembro de 2014, no Palácio dos
Bandeirantes, em São Paulo, também
foram homenageados. São eles Hiroshi
Noda (Vida e Obra) e Fernando Dini
Andreote (Juventude).
O diretor da ESALQ, José Vicente
Caixeta Filho, ressaltou que o dia era
de festa, de memórias e de uma série de
justas homenagens. “É um momento de
congraçamento que envolve gerações
diversas e tenho certeza que o exem-
plo dos mais sêniores é inspiração para
a nossa geração, que busca contribuir
para ambientes cada vez mais sustentá-
veis”, disse.
O presidente da Adealq (Associação
dos Ex-alunos da ESALQ), Antony Hil-
grove Monti Sewell, agradeceu a pre-
sença de todos os ex-alunos representa-
dos pela associação.
A secretária Mônika Bergamaschi,
honorária da turma de formandos de
1965, transmitiu mensagem do gover-
nador GeraldoAlckmin, que se orgulha
da ESALQ. Agradeceu pela parceria e
pela acolhida. Desde 1996, o gabinete
da Secretaria Estadual de Agricultura
e Abastecimento é transferido à insti-
tuição durante a Semana Luiz de Quei-
roz. “O setor continua fazendo a dife-
rença no crescimento do país, graças
ao trabalho de cada um que aqui está,
cada um que nos representa Brasil afo-
ra”, afirmou.
Centenário, o engenheiro agrônomo
Fernando Penteado Cardoso afirmou
ser um privilegiado por poder comemo-
rar 78 anos da formatura e participar,
todos os anos, da Semana Luiz de Quei-
roz. Apresentou, com orgulho, números
que mostram a grandiosidade do agro-
negócio brasileiro, “possível graças aos
feitos dos produtores, com agrônomos
e população”.
Mendes Thame, deputado federal, fez a entrega da
homenagem ao Manoel Ortolan
RC
Foto:GerhardWaller(USPESALQ–Acom
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
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Revista Canavieiros - Outubro de 2014
28
Balancete Mensal - (prazos segregados)
Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do
Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados)
- Agosto/2014 - “valores em milhares de reais” - Setembro/2014 - “valores em milhares de reais”
Notícias Sicoob Cocred
Sertãozinho/SP, 31 de Agosto de 2014.
Sertãozinho/SP, 30 de Setembro de 2014
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
29
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
30
Reportagem de Capa
C
omo dizia Aberlado Barbosa, o
Chacrinha, quem não se comu-
nica se estrumbica. Mais de três
décadas depois, o jargão usado pelo velho
guerreiro ainda continua atual. Afinal, a
boa comunicação é essencial em qualquer
fase da vida, seja ela pessoal ou empresa-
rial. Atento a este princípio, a Canaoeste
vem investindo em sua comunicação,
buscando, assim, levar aos seus colabora-
dores e associados e aos interessados no
agronegócio informações que permeiam
a cadeia produtiva da cana-de-açúcar.
Prova desse empenho, em contribuir
com a disseminação de conteúdo re-
levante, é que a entidade junto com a
Copercana e Sicoob Cocred comemora
neste mês a centésima edição da Re-
vista Canavieiros. Criada há oito anos
para preencher uma lacuna no acesso ao
conhecimento setorial, a revista tem ti-
ragem mensal de 21 mil e 500 exempla-
res e abrange mais de 60 cidades, tendo
como os maiores focos de distribuição
o Estado de São Paulo - região de Ri-
beirão Preto - e Minas Gerais, onde as
filiais do sistema estão instaladas. Com
Implantação da tevê corporativa e centésima edição da revista marcam uma nova
fase do Departamento de Comunicação da Canaoeste
Andréia Vital
Canaoeste lança TV e comemora
100ª edição da Canavieiros
um público-alvo selecionado, como
produtores rurais, empresas e profissio-
nais ligados ao setor sucroenergético, a
revista é distribuída gratuitamente para
todos os associados e cooperados, todas
as destilarias e usinas, além de empre-
sas e profissionais ligados ao setor que
se cadastram no seu site.
“Percebemos a necessidade de se ter
uma ferramenta que atendesse à carência
de informação de nossos associados, ao
mesmo tempo, essa demanda existia com
relação ao nosso próprio colaborador.As-
sim nasceu a Revista Canavieiros como
também o Informativo da Canaoeste e o
Cred Notícias (informativo direcionado
aos colaboradores), para atender a essa
lacuna”, explica a gestora de comuni-
cação da Canaoeste e Copercana, Carla
Rossini, ressaltando que é um orgulho
chegar à centésima edição, lembrando
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
31
que o caminho trilhado até aqui foi ár-
duo, mas gratificante. “Como tudo evo-
lui, agora partimos para um novo desafio,
o da implantação da TV Canaoeste, que
chega num momento especial, justamente
quando comemoramos um marco da Ca-
navieiros”, constata a jornalista.
Para o presidente da Canaoeste, Ma-
noel Ortolan, a TV corporativa é muito
importante, porque agiliza e facilita a
comunicação com os produtores, quer
sejam da Copercana, da Canaoeste ou da
Cooperativa de Crédito. “Com a nova fer-
ramenta nós vamos poder veicular mais
informações, nos aproximando mais dos
interesses e das necessidades dos pro-
dutores, pois vamos procurar concentrar
nesta TV assuntos que possam ser de
interesse de todos, não só notícias, mas
também informações sobre cotações,
economia, legislação e desenvolvimento
de tecnologia”, conta Ortolan, lembrando
que nos dias atuais, a velocidade com que
essas informações chegam aos associados
é essencial. “Nós estamos tendo o maior
cuidado para estruturar de uma maneira
eficiente, a TV Canaoeste para que ela
cumpra com seu papel e perpetue. Há
uma organização por trás disso, tem um
investimento, então estamos procurando
da melhor forma possível iniciar este tra-
balho e eu acredito muito neste projeto,
que só tende a crescer”.
De acordo com Ortolan, a nova fer-
ramenta também ajudará a difundir o
conhecimento sobre o setor sucroener-
gético. “Embora seja um veículo restrito
de um segmento, eu acredito que a tevê
possa contribuir para a disseminação
de informações, como, por exemplo, as
vantagens do etanol, o desenvolvimento
de emprego e de renda que o setor pro-
porciona, etc. Além disso, as matérias
poderão ser acessadas em nossos sites,
facebook, twitter e youtube, então eu
acho que vamos conseguir ter um alcan-
ce maior em função dessa novidade que
é a TV Canaoeste”, disse entusiasmado.
Já sobre a Canavieiros, o presidente
da Canaoeste é enfático ao afirmar que
a revista representa muito para o setor e
é muito útil ao associado, já que o dei-
xa a par do que acontece no segmento.
“Nós já tivemos várias iniciativas frus-
tradas que começam e param por falta
de equipe e de organização, e o nosso
Departamento de Comunicação veio
se estruturando ao longo do tempo, se
organizando melhor e está fazendo um
bom trabalho”, disse ele, argumentando
que a centésima edição da revista é uma
prova disso. “Este departamento está
consolidado, a nossa revista está conso-
lidada, mas não é só a revista, existem
os boletins internos, e é neste sentido,
de crescer, de melhorar que nasceu a
ideia da TV Canaoeste, que eu espero
que tenha o mesmo sucesso da Revis-
ta Canavieiros e, como tal, se consoli-
de como um instrumento útil ao nosso
associado”, alegou, concluindo “É um
passo importante, arrojado que a Cana-
oeste está tomando, mas estamos fazen-
do isso conscientes de que existe um
departamento hoje que trabalha de uma
maneira forte para que as coisas cami-
nhem bem na área de comunicação”.
De acordo com o professor titular
de planejamento estratégico e cadeias
alimentares da FEA-RP/USP, Marcos
Fava Neves, uma política de comunica-
ção bem planejada é muito importante
para o setor sucroenergético. “É fun-
damental, pois com isso os produtores
ficam antenados no que está acontecen-
do, podem melhorar suas decisões es-
tratégicas e operacionais. É mais uma
fonte para ajudar nas ações coletivas
entre os produtores, tão necessárias
para a retomada do setor”.
Neves é colunista da Canavieiros e
traz todos os meses, na coluna Caipiri-
nha, os principais fatos econômicos que
cercam o segmento canavieiro. Para ele, a
chegada do veículo na centésima edição é
motivo de orgulho. “A Revista Canaviei-
ros se consolida como uma das principais
fontes de informação e reflexão sobre o
setor de cana no Brasil, cumprindo uma
função econômica, ambiental e social”.
Entrevista com Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste para a
TV durante a Fenasucro 2014
Investindo na comunicação
Ao fazer o balanço sobre os oito
anos da Canavieiros, o assessor das
diretorias do Sistema, Manoel Sérgio
Sicchieri, enfatiza que a revista cum-
priu seu papel ao levar o conhecimento
e aproximar as entidades e seus públi-
cos-alvos. “A revista passou a ser refe-
rência, tanto que cresceu muito nestes
últimos anos”.
Sicchieri destaca também a impor-
tância de se ter um departamento tão
atuante, que pode contribuir para o de-
senvolvimento da empresa. Portanto,
nada mais natural do que se investir
em novas ferramentas de comunicação,
Manoel Sérgio Sicchieri,
assessor das diretorias
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
32
como a TV Canaoeste, afinal, lembra
ele, as pesquisas mostram que as pes-
soas retêm 70% das informações que
veem contra 30% do que ouvem e re-
gistram 20% das mensagens escritas
divulgadas em meios impressos.
De acordo com o superintendente da
Canaoeste, Luiz Carlos Tasso Júnior,
o projeto da TV Canaoeste vem sendo
trabalhado há cerca de um ano e meio.
“A TV Canaoeste está nascendo com o
propósito de levar informação através de
novas tecnologias aos nossos associados,
além disso, transparecer de uma maneira
muito clara e objetiva o que a associa-
ção tem feito pelo associado. Isso num
primeiro momento, na segunda etapa,
queremos a expansão dessa tevê, com
mais conteúdo, desmistificando infor-
mações sobre o meio sucroenergético e
também para contribuir para que o nosso
associado mais produtivo, competitivo,
ajudando-o a aumentar a sua produtivi-
dade e sobrevivência neste mercado da
cana-de-açúcar”, disse Tasso.
Inicialmente o canal vem apresen-
tando matérias sobre o dia-a-dia do
Sistema Copercana, Canaoeste e Si-
coob Cocred. “No caso da Canaoeste,
mostrando a extensão rural, atuação dos
nossos agrônomos e como o associado
pode buscar informações. Já sobre a
Copercana, a programação traz a cober-
tura de feiras e eventos realizados pela
cooperativa. No caso do Sicoob Cocred,
a tevê vai apresentar a gama de produ-
tos oferecidos dentro da cooperativa de
crédito, como formas de aplicação, o
LCA, a poupança, entrevistas com nos-
sos gerentes, com gerentes de contas, a
apresentação dos custeios agrícolas, do
crédito rural, do investimento, enfim, a
gama de produtos que a gente oferece
ao nosso associado e cooperado”, expli-
cou o superintendente.
Na primeira fase, a TV corporativa
estará em 14 filiais da Canaoeste. O
projeto tem recurso inicial de R$ 30
mil, que é destinado à adaptação do
Departamento de Comunicação para a
compra de equipamentos e treinamento
de equipe. “Estamos dando oportunida-
de aos nossos colaboradores, de fazerem
treinamentos, curso e, assim, nós mes-
mos, de maneira caseira, mas com pro-
fissionais de excelência, estamos fazen-
do toda a parte de gravação, entrevistas,
edição e apresentação e é lógico que isso
não nascerá de um dia para o outro, mas
contamos com suporte de uma equipe
especializada que nos dá uma assistên-
cia e treinamento”, diz o superintenden-
te, explicando que a Canaoeste já conta
com jornalistas que dividem funções
para o sucesso do projeto. Atualmente,
a equipe de comunicação é formada por
jornalistas com experiência no agrone-
gócio, como Andréia Vital, Carla Ro-
drigues, Fernanda Clariano e Igor Sa-
venhago, pelo fotógrafo, diagramador
e futuro cinegrafista Rafael Mermejo
e comercial, Marília Palaveri. Também
conta com a expertise da empresa Ví-
deo Ativo, com o cinegrafista Breno
A visualização dos meios de comu-
nicação do Sistema ganha cada vez
mais espaço. Para se ter uma ideia, as
visitas mensais no site da Copercana
chegam a 10 mil; as da Canavieiros a
8.500 e as da Canaoeste a 4.300 por
mês. Já o facebook, na semana de 17
a 23 de outubro, alcançou mais de 11
mil pessoas, tendo atualmente sete mil
curtidas na página da revista, sendo
destes 1.200 conquistadas neste perío-
do, significando 22,7% a mais do que
na semana anterior. “A possibilidade de
se comunicar com diversas pessoas, em
diferentes locais, em tempo real, é uma
realidade que não pode ser desprezada,
afinal as mídias sociais fazem a cabeça
de diversas gerações”, explica Carla.
“Foi um caminho natural a ser trilhado
pelo departamento neste sentido de se
investir também na comunicação on-
-line, com cobertura de eventos e in-
serção de notícias nos sites, oferecendo
aos nossos leitores um flash do que eles
poderão ler em nossa revista”, conta a
jornalista, afirmando que esse acesso
deverá ser ampliado com a expansão da
TV Canaoeste.
Luiz Carlos Tasso Júnior,
superintendente da Canaoeste
José Eduardo de Melo Wiezel,
produtor de cana-de-açúcar
Eduardo de Araújo e da revisora de tex-
tos, Lueli Vedovato, todos coordenados
pela jornalista Carla Rossini.
A iniciativa já tem recebido elo-
gios e foi aprovada por José Eduardo
de Melo Wiezel, produtor de cana-de-
-açúcar da região de Ribeirão Preto,
interior de São Paulo. “A TV corpora-
tiva possibilitará uma maior interação
com as pessoas, além de conteúdos
relevantes que agregarão novidades e
conhecimentos aos telespectadores”,
afirmou Wiezel, contando que é assí-
duo leitor da Canavieiros, considerada
uma fonte de pesquisa e de conheci-
mento sobre o setor sucroenergético.
Presença na mídia cresce a cada dia
Reportagem de Capa
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
33
Para o coordenador de Comunica-
ção e Marketing da UDOP (União dos
Produtores de Bioenergia), Rogério
Mian, a TV corporativa se soma a ou-
tras importantes ferramentas de comu-
nicação, que visam diminuir a lacuna
entre as corporações e seus públicos.
Mian coordena a TV UDOP conside-
rada a primeira emissora de Web TV
do setor sucroenergético, criada para
difundir a bioenergia. “A TV UDOP
foi fundada em novembro de 2006,
portanto, completa neste ano 8 anos de
fundação. Sua programação contem-
pla matérias pontuais sobre eventos e
assuntos do interesse do setor da bio-
energia; bem como o Quadro Profis-
sões, que mostra quais são as funções
existentes no setor da bioenergia e as
pessoas que fazem deste setor referên-
cia no Brasil e no mundo; e também as
séries especiais, chamadas webséries,
com reportagens aprofundadas sobre
diversos temas, como a crise do setor,
Marcos Fava Neves durante entrevista para a TV Udop na Fenasucro 2014
Exemplos bem-sucedidos TV Corporativa é
uma tendência
Para Angelo Sartre, jornalista, espe-
cializado em marketing e com mestrado
em sociologia, com ampla experiência
em comunicação organizacional, as or-
ganizações estão reinventando a comu-
nicação interna na busca de engajamen-
to e produtividade. “Esse novo cenário
é uma consequência das mudanças do
mercado (avanço da tecnologia), mu-
dança no perfil dos profissionais (gera-
ção “Y”) e, até mesmo, no processo de
comunicação em rede”.
De acordo com ele, as formas tradi-
cionais de comunicação não se esgota-
ram, mas o processo de comunicação
está com novos nichos e exige diferen-
tes estratégias em busca da conquista
do público-alvo. “Assim, o ambiente
corporativo segue a mesma dinâmi-
ca e precisa se adequar ao novo perfil
do público interno”. Sartre é também
pesquisador na área de comunicação
corporativa e organizacional, além de
acompanhar os processos de instalação
de canais corporativos como a webrá-
dio do Hospital do Câncer de Barretos e
a TV Corporativa da Concessionária de
Rodovias Viapar (Paraná).
O jornalista acredita que a TV cor-
porativa é uma estratégia que está se
consolidando e a tendência é ganhar
mais força nos próximos anos. “Atu-
almente, temos grandes exemplos de
sucesso como a “TV Luiza”, criada em
dezembro de 2005, “TV Sabó”, “TV
Ambev”, criada em 1998, ou a “TV
do Hospital Santa Catarina”, de São
Paulo que foi uma das pioneiras nesse
segmento”, exemplifica o jornalista,
acrescentando que atualmente estima-
-se que existam mais de 500 empresas
com TV ou rádio corporativa. “A pers-
pectiva é que esses canais tenham um
crescimento, médio, de 20% ao ano, o
que representa duplicar esse volume
no período de cinco anos”.
De acordo com o especialista, a TV
Corporativa é um canal de comunica-
ção importante na estratégia de comu-
nicação segmentada, mas é preciso ter
um planejamento adequado para que o
a bioeletricidade e a segunda geração
do etanol”, conta o jornalista.
O projeto trouxe muitos benefícios
para a entidade, afirma Mian. “Atra-
vés da TV UDOP, a Agência UDOP de
Notícias agregou valor a seu conteúdo
e atingiu novo público cativo, que tem
promovido nossos vídeos a recordes
sucessivos de visualizações, o que traz
inúmeros benefícios ao setor, dentro
do propósito da UDOP de trabalhar a
imagem institucional do setor da bioe-
nergia”. Mas para chegar ao que é hoje,
foi preciso superar diversos obstáculos.
“Podemos enumerar vários desafios,
dentre eles o de criar um público para
vídeos na internet, uma vez que em
2006 as usinas, nosso principal público-
-alvo, tinham sérias restrições sobre a
veiculação de vídeos em suas redes, o
que representou um dos grandes para-
digmas a serem rompidos”, diz.
Segundo o jornalista, até hoje en-
frentam desafios diários para criar ma-
terial jornalístico que chame a atenção
dos seus expectadores e promovam a
difusão das ideias e conceitos sobre o
setor sucroenergético. “Queremos mos-
trar para nosso público interno e para
a sociedade quais são os propósitos e a
contribuição de nosso segmento, traba-
lho árduo se considerarmos os séculos
de passivo ambiental e social de nosso
setor, que hoje prima pela sustentabili-
dade do negócio”.
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
34
Reportagem de Capa
conteúdo desperte o interesse do públi-
co e alcance os objetivos da empresa.
Tem como vantagem a proximidade e
a fácil identificação, já que se trata de
um conteúdo exclusivo e direcionado
aos interesses do público-alvo. “A des-
vantagem é o custo de implantação e
manutenção, o que depende muito do
projeto e do uso do canal de comuni-
cação. No entanto, algumas empresas
deixam de investir por não ter uma
visão do resultado intangível desse
processo de comunicação”, diz Sartre,
ressaltando que quando se consegue
implantar uma política de comunica-
ção eficiente, as despesas com a im-
plantação passam a ser um investimen-
to estratégico de relevância.
Sobre o lançamento da TV corpo-
rativa da Canaoeste, o especialista as-
segura “Considerando a tradição e o
histórico da Canaoeste e Copercana,
tenho certeza que a TV corporativa
será uma ferramenta excelente, já que
as entidades terão como interagir com
os associados e produzir conteúdo
exclusivo que atendam aos interesses
dos produtores”, diz ele, lembran-
do que a dinâmica de uma televisão
permite o acesso rápido e com uma
velocidade maior do que os veículos
tradicionais como, por exemplo, as
produções impressas. “No setor agrí-
cola de nossa região, tenho certeza
que a TV corporativa da Canaoeste e
Copercana será uma ação de referên-
cia para outras empresas e entidades
do agronegócio e um ganho muito re-
levante para os associados”.
Opinião compartilhada com o jorna-
lista André Rezende, diretor do Núcleo
da Notícia Comunicação Corporativa e
especialista em planejamento, implan-
tação e gestão de conteúdo informativo
em produções de TV corporativa. “É
uma excelente iniciativa da Canaoeste,
que vai ampliar seus canais de comu-
nicação. Uma instituição que busca a
melhoria de suas relações por meio da
comunicação com certeza, aumenta
sua produtividade, mantém seu capital
humano engajado e agrega ainda mais
valor à sociedade”.
Angelo Sartre, jornalista, especializado em marketing e com mestrado em sociologia
RC
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
35
Revista Canavieiros - Outubro de 2014
36
Destaque I
Setor discute aumento da produção de
bioeletricidade com uso da palha
A
lternativas para aumentar a
produção de energia elétrica a
partir da cana-de-açúcar estive-
ram em debate no IV Seminário de Bio-
eletricidade promovido pelo CEISE Br
(Centro Nacional das Indústrias do Se-
tor Sucroenergético e Biocombustíveis)
e pela UNICA – (União da Indústria da
Cana-de-Açúcar), no Centro Empresa-
rial Zanini, em Sertãzinho, no último
dia 9 de outubro. Um dos destaques
foi a necessidade de adaptações nos
equipamentos para que as usinas apro-
veitem, principalmente, o potencial da
palha da cana como combustível, que,
misturada ao bagaço, pode alavancar a
eficiência das turbinas e o faturamento
das unidades produtoras.
Dados da própria Unica mostram
que as oportunidades de crescimento nes-
se setor são imensas. Das pouco mais de
400 usinas existentes no país, apenas cer-
ca de 40% vendem excedentes de energia
elétrica. As outras, segundo o presidente
do CEISE Br, Antonio Eduardo Tonie-
lo Filho, que abriu o evento juntamente
com Zilmar José de Souza, gerente em
Bioeletricidade da Unica, perderam a
oportunidade de, num passado recente,
investir no produto que ele já considera
o mais importante do setor. “Falo que a
energia está em primeiro numa usina, e
não mais em terceiro, atrás de açúcar e
etanol. Além de controlar todo o siste-
ma industrial, é algo que a gente nem
vê. A gente produz e já vai embora. De-
pois é só faturar para receber”.
Em 2012, o setor sucroenergético foi
responsável pela produção de 3% do
total de energia elétrica consumida no
território nacional. Até 2020, a previsão
é ampliar essa participação para 18%,
incremento que visa atender à deman-
da brasileira, que, até lá, deve subir,
aproximadamente, 4% ao ano. Com as
Seminário promovido pelo CEISE Br e pela Unica destacou potencial do combustível,
que, misturado ao bagaço, pode aumentar a eficiência das usinas e a participação do
setor sucroenergético na matriz energética brasileira
sucessivas crises de abastecimento de
água enfrentadas nos últimos anos, a
oferta de energia, segundo especialis-
tas, estará amparada em fontes como os
ventos e a (eólica) e a biomassa.
Para não perder essas chances, que
parecem únicas na história da cana-de-
-açúcar no Brasil, as usinas precisam
fazer, rapidamente, adequações nos par-
ques industriais. O alerta é de José Cam-
panari Neto, diretor da MCE Engenharia
e Sistemas, o primeiro a palestrar duran-
te o seminário. Durante a apresentação
“Eficiência Energética e Avanços Tec-
nológicos nas Plantas Industriais com
Resultados no Aumento da Geração de
Energia”, ele deu ênfase, entre os assun-
tos abordados, ao aproveitamento da pa-
lha da cana para cogeração de energia.
Segundo o executivo, além de aumentar
a eficiência do processo, este combustí-
vel, acrescido ao bagaço, contribui para
diminuir as dores de cabeça causadas
pelo aparecimento, após a adoção da
colheita mecanizada nos canaviais, do
enxofre e do cloro nas caldeiras, subs-
tâncias altamente corrosivas. “Nos últi-
mos anos, a qualidade do bagaço piorou
muito e a tendência é piorar ainda mais.
A biomassa que temos hoje já não per-
mite caldeiras de alto rendimento”.
Uma das medidas para minimizar
ou neutralizar o enxofre é implantar
caldeiras de baixo rendimento ou as de
leito fluidizado. Já o cloro está na ma-
téria verde que vai com a matéria-prima
para a indústria. Como ele é extrema-
mente volátil, deixar a palha secar no
campo para usar na cogeração de ener-
gia praticamente soluciona o problema.
Campanari aproveitou para exempli-
ficar o ganho em eficiência energética
nesse caso. Considerando um canavial
que produz 90 toneladas por hectare, o
volume gerado de palha será de 18 to-
neladas. Aproveitando-se um terço des-
se material e misturando ao bagaço, na
proporção de 33%, a produção de eletri-
cidade será 70% maior, convertendo em
lucro extra de R$ 1072,70 por hectare.
“Imaginem quanto de energia nós esta-
mos perdendo só com a palha”.
Multicombustíveis
Por isso, na visão dele, as caldeiras
devem estar preparadas para receber di-
versos combustíveis, não só bagaço. “A
usina pode estar numa região com dispo-
nibilidade de outros resíduos, como palha
de amendoim, casquinha de caroço de al-
godão e por aí vai”. Campanari lembrou,
porém, que não adianta somente reformar
o parque industrial se a quantidade de va-
Igor Savenhago
Da esq. para dir., Campanari, Campos, Castro, Tonielo Filho e
Zilmar José de Souza compuseram a mesa
Manoel Ortolan projeta futuro promissor para o setor sucroenergético
Manoel Ortolan projeta futuro promissor para o setor sucroenergético
Manoel Ortolan projeta futuro promissor para o setor sucroenergético
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Manoel Ortolan projeta futuro promissor para o setor sucroenergético

  • 1. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 1
  • 2. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 2
  • 3. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 3 Editorial A revista de outubro é muito especial para nós, pois chegamos à centésima edição e podemos afirmar que o sentimento é de dever cumprido, pois desde 2006 o nosso objetivo é levar à você, leitor, as principais notí- cias do setor sucroenergético, através de entrevistas com re- nomados especialistas, cobertu- ra de eventos e artigos técnicos a fim de contribuir com o seu sucesso. A revista foi crescen- do ao longo dos últimos oito anos e, hoje, tem tiragem men- sal de 21 mil e 500 exemplares, abrangendo mais de 60 cidades, sendo distribuída gratuitamente para todos os associados e co- operados, todas as destilarias e usinas, além de empresas e pro- fissionais ligados ao setor que se cadastram no seu site. A partir de agora iniciamos um novo ciclo, que já vem com um grande desafio. Como mos- tra nossa matéria de capa, o Departamento de Comunicação iniciou a implantação da TV Canaoeste, uma nova ferramen- ta de comunicação à disposição do produtor rural que possibili- tará ampliar a disseminação da agroindústria canavieira. O destaque do mês fica por conta da comemoração dos 30 anos da Usina Viralcool.Amaté- ria mostra a trajetória da família Tonielo em terras brasileiras até atingir o estágio atual da usina, que emprega mais de dois mil funcionários e moerá mais de 2,5 milhões de toneladas nesta safra. Destaca ainda as alternati- vas para se aumentar a produção de energia elétrica com o uso da palha e quais são os desafios da agricultura brasileira com a im- plantação do Código Florestal e a reforma tributária. Atendendo a pedidos, a centésima edição traz tam- Uma nova fase Boa leitura! Conselho Editorial RC bém uma seleção de artigos técnicos publicados nos últi- mos dois anos. Além da colu- na Caipirinha, assinada pelo Professor Marcos Fava Neves opinam no “Ponto de Vista” Luiz Carlos Corrêa Carvalho e Arnaldo Luiz Corrêa. Já o pes- quisador científico do Institu- to Biológico/APTA/SAA-SP e diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, assina arti- go técnico sobre a produtivi- dade agrícola e a busca pela canavicultura de três dígitos. Também tem entrevista com Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e Orplana. As notícias do Sistema Co- percana, Canaoeste e Sicoob Cocred, artigos técnicos, as- suntos legais, informações se- toriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidas na revista de outubro. Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Carla Rodrigues, Fernanda Clariano, Igor Savenhago e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 atendimento@revistacanavieiros.com.br Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 22.000 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) redacao@revistacanavieiros.com.br www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros
  • 4. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 4 14 - Ponto de Vista Luiz Carlos Corrêa Carvalho Diretor da Canaplan Consultoria Técnica e Presidente da ABAG. - Manoel Ortolan participa de homenagens na 57ª Semana “Luiz de Queiroz” 26 - Notícias Canaoeste Ano VIII - Edição 100 - Outubro de 2014 - Circulação: Mensal Índice: E mais: Capa - 30 Canaoeste lança TV e comemo- ra 100ª edição da Canavieiros Implantação da tevê corporati- va e centésima edição da revista marcam uma nova fase do Depar- tamento de Comunicação da Cana- oeste 18 - Notícias Copercana - Cooperados e colaboradores da Copercana conhecem cadeia do amendoim nos EUA - Copercana e Sicoob Cocred apoiam apresentações teatrais sobre cooperativismo - Copercana e Canaoeste participam da 14ª edição do Prêmio Personalidades em Destaque - Copercana realiza a VIII Reunião Técnica do Projeto Amendoim 28 - Notícias Sicoob Cocred - Balancete Mensal Pontos de Vista .....................página 08 Coluna Caipirinha .....................página 16 Destaques: Produção de bioeletricidade com uso da palha .....................página 36 8º Grande Encontro de Sobre Va- riedades de Cana-de-Açúcar. .....................página 38 3º Fórum Nacional deAgronegócios .....................página 40 Gesucro .....................página 42 Viralcool 30 anos .....................página 44 III Simpósio Trabalhista Sindical .....................página 46 Assuntos Legais .....................página 48 Informações Setoriais .....................página 52 Artigos Técnicos: Custo de Produção .....................página 54 A canavicultura de três dígitos .....................página 56 Acompanhamento da safra .....................página 88 Classificados .....................página 92 Agende-se .....................página 95 Cultura .....................página 98 58 - Artigos Técnicos - Veja uma seleção especial de 15 artigos publicados nas últimas edições da Canavieiros em comemoração a 100ª edição. 05 - Entrevista Manoel Ortolan Presidente da Canaoeste “O setor tem um potencial enorme para crescer”
  • 5. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 5 Entrevista I Manoel Ortolan “O setor tem um potencial enorme para crescer” Igor Savenhago O presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), Manoel Ortolan, é um otimista em relação às possibilidades do setor sucroenergético. Tem convicção de que as ações tomadas pelos empresários para diminuir os efeitos da crise que atinge a produção de cana, açúcar, etanol e energia elétrica – como investimentos em logística, pesquisa e tecnologia –, terão efeitos positivos, mesmo que não sejam a curto prazo. Uma das apostas dele é que o apoio à pesquisa pode contribuir, significativamente, para o aumento da produtividade e uma consequente redução de custos. Lembra, também, que existe um grande potencial de geração da bioeletricidade a partir do bagaço e da palha, justamente no período seco, em que o País mais precisa. Em contrapartida, alerta para um possível encolhimento do setor, para o risco de que toda essa pujança perca força se políticas públicas não direcionarem esforços que impulsionem os combus- tíveis alternativos ao petróleo. Revista Canavieiros: Diante das instabilidades atravessadas pelo se- tor sucroenergético nos últimos anos, quais são suas projeções a curto, mé- dio e longo prazos? Manoel: Acredito no setor porque ele tem soluções para alguns proble- mas brasileiros. Temos o etanol como solução alternativa ao petróleo. Te- mos a cogeração de energia elétrica através do bagaço e da palha para o período de seca, principalmente. O açúcar, como alimento energético para o nosso País e para exportação. Uma alcoolquímica que no futuro poderá gerar novos produtos e, com isso, mais riqueza para o País. O setor tem um potencial enorme para cres- cer. Isso é ótimo e anima todos nós! No curto prazo creio que vamos passar por momentos ainda ruins. Com certeza haverá uma concentração entre os produtores. Muitos estão arrendando suas propriedades. Usinas continuarão fechando e outras indo para recupera- ção judicial. Em termos de produção, a safra 2015/2016 não deverá ser muito diferente da 2014/2015. O clima tem sido muito desfavorável e, com certeza, o plantio e a soqueira irão refletir isso. No entanto, a médio prazo, temos boas perspectivas de melhorar a pro- dução. Não só temos boas variedades, novas técnicas de plantio, produção de mudas, novos insumos, fertilizantes, in- seticidas, fungicidas, herbicidas, como também métodos de avaliação de am- bientes de produção, que nos permitem selecionar o que é melhor para cada um para maximizar a produção. Mas tem que haver uma melhora do clima. Não é possível continuar assim. Em relação ao preço, também é pos- sível termos uma perspectiva de melho- ra, em função da situação da Petrobras, redução de estoques mundiais do açú- car e nossa produção ainda menor do que poderia ser. Mas o bom é olhar para frente, para o futuro, e enxergar o gran- de potencial que temos, as oportunida- des que certamente virão se fizermos a nossa parte e o Governo fizer a dele. Sabemos que, para o etanol, o mer- cado interno pode crescer ou quase do- brar. Hoje, só São Paulo tem demanda forte do etanol como combustível. Com
  • 6. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 6 Entrevista I redução de ICMS (Imposto sobre Cir- culação de Mercadorias e Serviços), outros Estados também consumirão mais. Estamos trabalhando para isso. A crise de 2008 e a redução do preço do petróleo tiraram um pouco o foco da importância de melhorarmos o meio am- biente. Com certeza isso volta e o etanol irá ganhar o mundo nessa hora.Apesqui- sa nos ajudará a ganhar competitividade, mais cana, etanol e açúcar por hectare e novos produtos.Atualmente produzimos 7 mil litros de etanol por hectare. Com o etanol 2G, que já está aí, chegaremos a 10 mil, mas o potencial que se vislumbra é de 25 mil litros por hectare. A cana também responderá às pes- quisas e vamos colher, no futuro, próxi- mo de 110 toneladas por hectare. Isso já seria possível não fosse o clima e uma série de erros que cometemos durante a expansão desenfreada. Quanto ao Governo, esperamos que haja melhoras para o setor. É preciso trabalharmos para o reconhecimento das externalidades do etanol e, com isso, a volta da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Crédito para pesquisa, cultivo, esto- cagem, investimentos, temos tido, mas é preciso que existam políticas públicas que deem segurança ao empresário para investir. Revista Canavieiros: Com o crescimento do País e a demanda por energia elétrica, ramo em que o setor sucroenergético tem desponta- do, não parece inevitável que haja uma retomada? Manoel: É possível até se levarmos em consideração a situação deste ano, em que tivemos uma seca extrema, que comprometeu, de maneira severa, os re- servatórios, obrigando Governo e em- presas a gastarem mais com energia. O setor sucroenergético tem um potencial enorme de produção, de geração, sobre- tudo na Região Sudeste, que é a maior consumidora. E com investimentos bem menores, porque você não teria o problema da distribuição, uma vez que as usinas dispersas na região Centro- -Sul já têm a malha à disposição, estão próximas às redes. Poderíamos oferecer energia no período crítico, que é exa- tamente o período da safra. Há um po- tencial grande a ser explorado. O que é difícil de entender é o Governo não ter dado condições para o setor crescer como já deveria ter crescido. Revista Canavieiros: Um dos moti- vos para essa desatenção do Governo pode ter sido a descoberta do pré-sal, que, por ter gerado uma euforia, pode ter provocado um desprezo por outras fontes de energia? Manoel: O pré-sal realmente trouxe uma euforia grande, já que o mundo sempre estará dependente do petróleo. Mas nós teríamos um trunfo muito grande no nosso País, que seria poder contar com combustíveis alternativos e que pudessem colaborar mais com o meio ambiente. Sabemos que há uma preocupação, ou pelo menos havia, com a questão ambiental. Daí, a ênfase no etanol como um caminho alternativo para a redução do aquecimento global. Hoje, o que vemos é que há um foco no petróleo, talvez pelo fato de o Go- verno tentar segurar a inflação contendo o preço da gasolina. Com isso, aquela prioridade que estava se dando ao eta- nol, principalmente pelo lado do meio ambiente, parece que caiu por terra. Houve até, nos anos de 2006, 2007, um apelo muito forte no mundo à produção do etanol. Após a crise, como já disse, parece que esqueceram um pouco do meio ambiente, mas isso vai voltar. Revista Canavieiros: Recentemen- te, Alan Bojanic, representante, no Brasil, da FAO (Organização das Na- ções Unidas para Alimentação e Agri- cultura), afirmou que a agricultura brasileira será uma das que mais irão contribuir para atender à demanda por alimentos e energia no mundo nos próximos anos e que, neste cenário, o setor sucroenergético terá papel de destaque. Isso não sinaliza boas pers- pectivas para o setor? Manoel: A declaração é corretíssi- ma. Sabemos que, em função do aumen- to da população, teremos que aumentar, significativamente, nos próximos anos, a produção de alimentos e energia. E o Brasil, por ter terras, água, clima, tudo favorecendo, terá que dar a maior contribuição nesse sentido. Mas isso é uma boa perspectiva desde que você tenha, internamente, as condições ne- cessárias. Isso exige investimento, um forte apoio à pesquisa, para promover ganhos de produtividade. O foco maior tem que ser aí, em usar a expansão de área da maneira mais racional possível. Temos muito espaço para fazer crescer a produção por unidade de área, princi- palmente na pecuária, mas também em outros setores. Quando comparamos nossa produção de milho, soja, cana, com outros países, vemos bastante es- paço para desenvolver a produção, au- mentando a produtividade. E isso só se faz com pesquisa. Não tenho dúvidas de que, para o Brasil, o potencial é muito promissor, pelas características do País, mas você precisa, fundamentalmente, do apoio do Governo para traçar as me- tas, os rumos para que isso aconteça. Revista Canavieiros: Como avalia a pesquisa no País? Está avançando nesta linha? Manoel: Está avançando sim. O que temos é uma morosidade muito grande, uma burocracia imensa, para que aquilo que a pesquisa pode oferecer, e que já é utilizado em outros países, como é o caso dos transgênicos, possa evoluir no Brasil. A aprovação de produtos para a agricultura aqui é muito demorada. Perde-se muito tempo. Gasta-se muito. Mudanças precisam ser implementadas para que o País possa crescer num rit- mo mais forte, viabilizando a pesquisa e sua aplicação num espaço de tempo mais curto.RC
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  • 8. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 8 Ponto de Vista I RC Por que o eleitor brasileiro adora o biocombustível brasileiro, mas desconhece os traumas do setor? *José Luiz Tejon Megido José Luiz Tejon Megido A o longo dos últimos quatro anos, nos dedicamos a estudar o agro- negócio não mais pelo ponto de vista do antes e do dentro das porteiras apenas, mas sim pelo olhar perceptivo do consumidor final. Quer dizer, ir além da cadeia produtiva. Confesso que o ex-mi- nistro Roberto Rodrigues tem sido um dos maiores incentivadores dessas pes- quisas, as quais conduzimos no Núcleo de Agronegócio da ESPM, junto com a ABAG. Em todos os estudos que reali- zamos, um deles uma pesquisa “qualita- tiva” com grupos de homens e mulheres do segmento social da classe C, da cida- de de São Paulo; outro um levantamento quantitativo, nas 12 maiores cidades em termos de população do país objetivando levantar a percepção do cidadão urbano, de todas as classe sociais a respeito do agronegócio; e agora, a mais recente, em julho de 2014, outra pesquisa quantita- tiva, batizada de “O eleitor brasileiro e o agronegócio”; uma constante nesses levantamentos tem apontado o “etanol” e o “biodiesel” como nomes mentaliza- dos e decodificados com pontas de “or- gulho nacional”. Num dos grupos qualitativos com cidadãos da classe C, ouvimos: “o nos- so biodiesel é muito melhor que o de- les”, aí numa relação com os Estados Unidos. Logicamente não teremos da população nenhuma contextualização de tecnologia ou de aprofundamento. O que nos cabe nestes estudos é exa- tamente identificar os níveis “perceptu- ais” desses consumidores finais e elei- tores. Hoje constatamos que a imagem percebida do agronegócio como setor econômico é reconhecida por mais de 90% dos eleitores como sendo de “mui- ta importância para o país”, e ainda de gerador de empregos mesmo nas cida- des. Sobre as dificuldades que o setor enfrenta, também existe percepção, em níveis de 86,4%, que acham as estradas do interior malconservadas, aumentan- do os custos. Outros 86,3% dos eleito- res afirmam que os portos brasileiros são antigos e malgerenciados e por isso prejudicam o agronegócio. Outros 81,2% votariam num candidato que en- tenda de agronegócio. Agora, sobre o setor específico da cana de açúcar, os índices são da mes- ma forma positivamente elevados. Sen- do 89,9% dos eleitores consideram que o Brasil precisa usar mais a energia re- novável que vem da agricultura, como o etanol e biodiesel; 86,3% consideram o etanol e o biodiesel importantes para diminuir a poluição. Sendo  que 92% afirma ser muito prejudicial à poluição das grandes cidades. Claro que os estudos revelam tam- bém preocupações e necessidades imensas de ampliação da comunicação e do diálogo com esse cidadão urbano, por exemplo, 89,4% afirmam haver fal- ta de informação sobre o agronegócio no Brasil. Questões como florestas, de- fensivos (conhecidos como agrotóxicos pelo cidadão urbano), reforma agrária, sustentabilidade, transgênicos, orgâni- cos, terras, tributação, seguro, crédito e água, existem vieses e muita super- ficialidade no nível percebido, o que permite usos para comunicar, ou para “manipular” a opinião pública. Entretanto, ao mesmo tempo em que a imensa maioria dos eleitores tem uma ótima imagem dos biocombustíveis, e os considera um dos pontos de orgulho nacional, por outro lado, quando ques- tionamos qual dos três candidatos mais bem pontuados em julho 2014 (à época ainda o candidato Eduardo Campos), qual das três opções seria aquela que mais defenderia e promoveria os bio- combustíveis no Brasil, a maioria apre- sentou a representante do atual governo como a melhor para o setor. Claro, fala- mos sempre do ponto de vista das per- cepções humanas. E, como o segmento bem domina e conhece em profundida- de os seus dramas e traumas, foi nes- te atual governo que vivemos uma das mais acentuadas crises do ramo, pelos efeitos conhecidos dos preços da gaso- lina e outros impactos de ordem fiscal, tributária e política. Como temos no Brasil caminhões de diagnósticos e estudos, mas pouca recomendação e ação efetiva, deixo aqui pelo menos três sugestões de atos comunicacionais fundamentais para o segmento sucroalcooleiro. Elevar o nível de informação sobre os dramas e traumas que o setor vive, e as implicações das não soluções para o país, e para a qualidade de vida desse cidadão, consumidor e eleitor brasilei- ro. Aprender a falar com a população não apenas dos seus feitos, mas tam- bém elevar a sua consciência sobre suas lutas, buscando aderência da sociedade. Falar com o cidadão, e não esquecer de uma poderosa infantaria urbana, que atua nas bombas dos postos de gasolina. Desatrelar a famosa relação 70% do biocombustível com a gasolina. O preço será sempre apenas um ingre- diente das estratégias de marketing. Os aspectos de poluição, saúde e qualida- de de vida, bem como independência agroenergética do país, precisam pre- valecer na comunicação do produto para o mercado. Repaginar o setor, criar um novo look & feel, estabelecer um padrão de design retrofit e num disruptionway. Acionar diagnósticos e governança de redes sociais imediatamente.  Atuar do- ravante como protagonista e deixar a “vitimização” para trás. Por que o cidadão, o eleitor, gosta do nosso biocombustível, mas desconhece as suas dores, e o troca na frígida rela- ção dos 70%? Coisa simples: coisa da arte comunicacional. Sejam bem-vin- dos ao novo governo, seja ele qual for! *diretor vice-presidente de Comu- nicação do Conselho Científico para a Agricultura Sustentável (CCAS), Diri- ge o Núcleo de Agronegócio da ESPM, Comentarista da Rede Estadão.
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  • 10. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 10 Ponto de Vista II Roberto Fava Scare Fonte: AgroFEA Ribeirão Preto/USP e Uni.Business Gráfico dos Resultados Gerais ICFSS 1ª Rodada até a 17ª Rodada AgroFEA Ribeirão Preto acompanha o Índice de Confiança dos Fornecedores do Setor Sucroenergético como Ferramenta para a Tomada de Decisão *Roberto Fava Scare, Fernanda Branco Rodrigues e Beatriz Barison D esde agosto de 2011, o ICFSS (Índice de Confiança dos For- necedores do Setor Sucroener- gético) Reed Multiplus/FUNDACE tem como objetivo servir de ferramenta de apoio à tomada de decisão e ser uma fonte de informação sobre expectativas e tendências que contribuam para análi- ses e decisões por parte do empresariado do setor. Gestores confiantes tendem a investir e ampliar a produção para apro- veitar as oportunidades identificadas, gerando um crescimento geral no seg- mento, caso todos os envolvidos estejam preparados. Resultado da parceria entre o Núcleo de Pesquisas em Agronegó- cios da Faculdade de Economia, Admi- nistração e Contabilidade de Ribeirão Preto – AgroFEA Ribeirão Preto, a Reed Multiplus, empresa com amplo destaque na organização de eventos e feiras seto- riais, e da FUNDACE (Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Admi- nistração, Contabilidade e Economia), o índice também visa minimizar perdas, caso uma tendência de retração ou de conservadorismo seja observada. O ICFSS é construído com base nas respostas obtidas de proprietários e gesto- res de empresas que fornecem máquinas, equipamentos e serviços para as usinas sucroenergéticas. Seu questionário é apli- cado trimestralmente e abrange empresas localizadas nos polos de metal mecânica de cidades como Piracicaba/SP e Sertão- zinho/SP e fornecedores de serviços es- palhados pelo País, com foco nas empre- sas do Estado de São Paulo devido à sua grande concentração setorial. Entres os fornecedores estão empresas que atuam na fabricação de tanques, reservatórios metálicos, caldeiraria, equipamentos e aparelhos para turbinas, esteiras e moen- das, entre outras indústrias do setor. O questionário é aplicado trimes- tralmente durante os meses de janeiro, abril, julho e outubro. As entrevistas são realizadas via contato telefônico e via e-mail, com o questionário disponí- vel via Internet. São avaliadas variáveis referentes às condições atuais relativas aos últimos seis meses, e de tendências futuras, que são relativas à expectativa para os próximos seis meses. As variá- veis de Economia Brasileira se referem às expectativas e análises referentes ao desempenho de todos os setores da eco- nomia, bem como reflexos de mudan- ças nas políticas fiscais e monetá- rias. Enfim, diver- sos aspectos que possam influen- ciar a economia nacional. As vari- áveis do Sistema Agroindustrial Sucroenergético refletem as análi- ses referentes ao desempenho geral do sistema, consi- derando todos os elos de sua cadeia produtiva e a in- fluência de variá- veis externas. O Setor de Fornecedores do Setor Sucroenergético retrata especificamen- te como os gestores enxergam o setor (elo) do Sistema Agroindustrial Sucro- energético do qual suas empresas fazem parte. As variáveis referentes à Empre- sa retratam especificamente uma análi- se sobre a organização na qual o gestor atua, oferecendo uma visão interna do desempenho das empresas. O Índice de Confiança dos Forne- cedores do Setor Sucroenergético é um indicador de difusão que varia de 0,00 a 1,00, sendo que os valores aci- ma de 0,50 pontos indicam empresá- rios confiantes. Conforme demonstra a tabela ao lado, entre 2011 a 2013, a avaliação do Índice sempre revelou resultados positivos em relação à Confiança dos Fornecedores do Setor Sucroener- gético. As avaliações sobre as con- dições atuais se mostravam abaixo dos 0,50 pontos, porém a expectativa dos empresários se mostrava positiva quanto à economia geral, o sistema agroindustrial sucroenergético e o setor de fornecedores de máquinas, equipamentos e serviços influencian- do o índice geral.
  • 11. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 11 Fonte: AgroFEA Ribeirão Preto/USP Tabela de resultados das variáveis ICFSS 1ª Rodada até a 17ª Rodada No início de 2014, as avaliações so- bre as condições atuais e expectativas dos gestores em relação à economia geral, o sistema agroindustrial sucro- energético e o setor de fornecedores se degradaram em decorrência de in- certezas no cenário macroeconômico e de mais um ano de resultados nega- tivos no setor sucroenergético. Nesse contexto de mudanças, todo o sistema agroindustrial foi prejudicado pela fal- ta de investimentos, principalmente no setor sucroenergético. A crise no setor, que é considerada a mais severa em décadas, causou prejuízo para as usinas que atuam na produção de eta- nol, açúcar e energia elétrica. Diante desse contexto, não restaram boas ex- pectativas aos fornecedores do setor sucroenergético, revelando uma queda histórica no ICFSS, chegando aos 0,42 pontos na última rodada de agosto. A possibilidade de melhora ainda não aparece no horizonte, segundo os entrevistados, pois eles aguardam a formação do novo cenário político pós-eleições para definir os novos ru- mos para o setor. Os resultados e a elaboração dos ín- dices e dos relatórios explicativos são sempre divulgados após o encerramen- to das entrevistas e processamento das análises. A equipe de pesquisadores do AgroFEA é composta por docentes a alunos graduandos da FEA-RP lide- radas pelos professores Roberto Fava Scare - Coordenador, Prof. Dr. Lucia- no Thomé e Castro, Prof. Dr. Marcos Fava Neves e executado pelos pesqui- sadores Fernanda Branco Rodrigues e Beatriz Paro Barison Para maiores informações e os bole- tins trimestrais, as informações são dis- ponibilizadas no site do AgroFEA, em: <http://www.fearp.usp.br/agrofea>.RC
  • 12. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 12 Ponto de Vista III RC O que poderia ter sido e não foi? A política de subsídio à gasolina, adotada pelo atual Governo Fe- deral, foi desastrosa para o setor sucroenergético e contribuiu para a des- construção de um segmento. Há cinco anos, as estimativas da Archer Consul- ting apontavam que para 2014/2015, dado o crescimento da demanda por etanol hidratado (chegamos a 62% dos veículos flex usando etanol) e o igual- mente sólido crescimento da frota na- cional de veículos leves, chegaríamos a moer no Centro-Sul 720 milhões de toneladas. Este ano, o Centro-Sul deve moer 550 milhões de ton. de cana. Com a retórica de controlar a infla- ção, o Governo faz com que a estatal do petróleo importe gasolina a um preço muito mais caro do que aquele que colo- ca nos postos – um subsídio que é pago por todos nós, contribuintes, em favor daqueles que são proprietários de carros. De acordo com números da ANP sobre o consumo de combustíveis, no período entre agosto de 2013 e julho de 2014, o consumo total alcançou 54,98 bilhões de litros, dos quais 11,84 bilhões de litros de hidratado, 10,78 bilhões de litros de anidro e 32,36 bilhões de litros de gaso- lina A (antes da mistura). Em um ano, o consumo nacional cresceu 8,70% em relação ao ano anterior, ou seja, 4,4 bi- lhões de litros, 90,6% de etanol. Nesse ritmo, que coloca o consumo nacional crescendo à taxa média de 6,19% ao ano nos últimos cinco anos, se mantida a tendência, o Brasil vai precisar para o ano safra de 2015/2016 de pelo menos mais 24 milhões de to- neladas de cana. Os números dão conta do caminho que o setor sucroalcooleiro poderia ter galgado não fosse essa polí- tica desastrosa. Tivéssemos mantido as condições favoráveis, quando o etanol era respon- sável por 54,5% de todo o combustível consumido pela frota nacional (Ciclo Otto) e com preços ligeiramente ali- nhados com o mercado internacional do petróleo, que fazia o etanol atrativo para o consumidor, o Centro-Sul esta- ria moendo nessa safra corrente 720 milhões de toneladas de cana. Para tal, teríamos mais de 30 novas usinas, in- vestimentos próximos a 30 bilhões de dólares e a geração de mais de 100 mil novos postos de trabalho diretos e in- diretos. Somem-se aí os investimentos que não vieram e o etanol que deixamos de vender no mercado interno e chega- mos à cifra de US$ 50 bilhões. Compa- rando com o potencial que tinha, o setor encolheu pelo menos 20% nesses últi- mos anos, em razão do fechamento de várias unidades industriais e da falta de investimento coibida pela falta de polí- tica energética e pela falta de políticas sérias do Governo atual. E o maior contrassenso se refere ao discurso pobre de salvar a inflação. O FMI (Fundo Monetário Internacional), em recente relatório, divide os subsí- dios em dois: subsídios antes do im- posto que reduzem o preço da energia para o consumidor a um nível abaixo do preço internacional, em que os gover- nos camuflam os custos via perdas nas empresas estatais (fato que ocorre cla- ramente no Brasil). E o outro subsídio após os impostos, em que se segura o preço da energia a um nível consistente (um mecanismo parecido com a CIDE - Contribuição de Intervenção no Domí- nio Econômico) e ajusta os custos via redução ou aumento do imposto. Em outro estudo de 2012, feito pelo Fundo, constata-se que o subsídio atin- ge as classes mais pobres da população, ou seja, são elas que pagam a conta indiretamente. O paradoxo consiste na conclusão de que para cada aumento de US$ 0,25 por litro no preço da ga- solina, existe uma diminuição do poder de compra dos mais pobres em 5%. Ou seja, tem-se a impressão que o subsídio * Arnaldo Luiz Corrêa Setor sucroalcooleiro contabiliza perdas de R$ 30 bilhões Arnaldo Luiz Corrêa à gasolina traz benefícios aos menos favorecidos, mas são eles que pagam a conta por não ter disponíveis serviços que lhes seriam essenciais, pois esse subsídio drena dinheiro do orçamento que poderia ser destinado a outras áreas que trariam mais benefício aos mais po- bres, de forma mais direcionada. Além disso, no Brasil, o subsídio à gasolina distorce o valor do etanol, cuja paridade é vital para que o consumidor decida pelo combustível. Paralisa o fluxo de investimentos para o setor su- croalcooleiro, que se vê de mãos amar- radas impossibilitado de planejar seu futuro, uma vez que não é dado saber a formação de preços do combustível no País, milhares de empregos são per- didos com várias unidades industriais fechando ou deixam de ser criados pela falta de investimentos que possibilitaria a construção de novas usinas. *gestor de riscos em commodities agrícolas, especialista no setor sucro- alcooleiro, autor do livro Derivativos Agrícolas, e diretor da Archer Con- sulting – empresa de assessoria em mercados de futuros, opções, deriva- tivos e planejamento estratégico para commodities agrícolas. E-mail: contato@archerconsulting.com.br
  • 13. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 13
  • 14. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 14 Ponto de Vista VI Safra canavieira 2015/16: desafios A história da agricultura canaviei- ra brasileira nos últimos 40 – 50 anos tem sido de grandes transfor- mações, na produção, diversificação e no comércio, alicerçadas por um desenvol- vimento tecnológico exuberante. Não só se tornou o mais importante exportador mundial, como o faz com clara competiti- vidade em sustentabilidade comprovada. Ainda antes de terminar a safra 2014/15, no Centro-Sul brasileiro, as atenções do mercado se voltam ao que seria sua próxima safra 2015/16. Quais os cenários ou em qual direção cami- nharia essa safra? Claro que é muito cedo para uma avaliação com maior profundidade.Afi- nal, tem-se ainda a primavera (2014), o verão e o outono (2015) para formar a cana-de-açúcar que será colhida no ano de 2015. Se tivéssemos projeções mais seguras do clima para o médio prazo, ter-se-ia um pouco mais de clareza. Toda projeção que se preze tem, em sua base, um banco de dados que seja representativo, um grupo qualificado que saiba considerar os aspectos-chave de avaliação e um comportamento pragmá- tico em relação aos componentes e condi- cionantes da produção da cana-de-açúcar. Essa avaliação se faz sobre os sinais mais reais e as perspectivas dadas pelos condicionantes de produtividade agrí- cola, dos investimentos em plantio e do uso das tecnologias disponíveis, sob o enfoque técnico, além dos outros aspec- tos como endividamento, dificuldade de acesso ao crédito e considerar as condi- ções medianas do clima, o que por si só é um potencial indutor de erro. O maior desafio nessa projeção, além dos demais citados, está nas eleições 2014, para o cargo de Presidente do Bra- sil. Afinal, tanto as questões macroeco- nômicas como as relativas às políticas públicas setoriais têm peso expressivo nas ações privadas. Claramente o setor privado busca custos menores, produ- tividades maiores e mercados, mas no Luiz Carlos Corrêa Carvalho* “A arte da previsão consiste em antecipar o que aconte- cerá e depois explicar o porquê não aconteceu” Winston Churchill caso do setor sucroenergético, pelo lado da energia, há uma clara e complexa re- lação com a política energética do país. Enquanto o mercado de açúcar mostra globalmente elevado estoques e baixos preços, o de etanol se vincula aos preços da gasolina e, por “tabela”, cria limites ao mercado de açúcar! Tal ocorre face a intervenção do Governo Federal do Brasil nos preços da gasolina, há muitos anos (desde 2006). O ano de 2015 carregará, ao mesmo tempo, as mazelas represadas pelo Go- verno Dilma nos campos da macroeco- nomia (juros, câmbio, déficits fiscais e na balança comercial, entre outros), nos preços e subsídios à gasolina e energia elétrica, na pressão de salários desca- sados com produtividade e num certo isolacionismo internacional do Brasil, Afigura no formato do que se chama de uma recuperação W até a safra 2016/17, inclusive, está alicerçada na análise dos componentes e condicionantes da oferta canavieira no Brasil: a) Componentes: - Clima respondendo por 50% da produtividade; - Variedades, Insumos e Operações Agrícolas pelos outros 50%. b) Condicionantes: Além dos macroaspectos como um processo de concentração voltando, crédito difícil e endividamento, deve-se considerar outros fatores essenciais: - Planejamento / Área Cultivada / Idade Média do Canavial / Uso de Tecnologia / Mercado / Recursos Humanos / Peso da Mecanização / Ambientes de Produção / Preços / Peso da Cana Bis / Peso da Cana Plantio / Renovação do Canavial. mais interessado em alguns “irmãos” latinos. Carregará, também, as culpas dos anos anteriores, especialmente este ano de 2014. Foi um ano terrível com- binando a avareza do céu, na forma de seca e as inacreditáveis barbeiragens das políticas públicas federais ao setor.
  • 15. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 15 No percurso do caminho canavieiro, terá a continuidade do percurso do longo vale, que já atravessa, caracterizados por uma curva “W” de oferta de produtos. São esses os fatores que permitem, ao menos em clima normal, projetar para a safra 2015/16 uma posição de produção em ATRs inferior à safra 2014/15, assim como prospectar mais uma safra à frente nessas mesmas condições. Como um país de ativos caros, ren- da baixa e, no setor canavieiro, dívidas altas, as perspectivas na virada para um novo Governo estariam na recondução das políticas públicas anteriores (CIDE - Contribuição de Intervenção no Do- mínio Econômico, gasolina aos preços internacionais, leilões de biomassa energética a preços compensadores), no entanto enfrentando um necessário con- trole de inflação, na volta à meta, com crescimento deprimido e uma pressão da sociedade por dias melhores. Entre questões claras, o processo de concentração setorial deverá voltar com força, tão logo fiquem claras e transpa- rentes as ações de políticas públicas ou de intervenções de governo muito reduzidas. A manutenção do “status quo” eliminará investimentos e criará forte pressão por fechamentos de usinas e recuperações judiciais, num setor de endividamento elevado, em ano (2015) onde crédito será o oásis para poucos. A concentração é o oposto da expansão, no curto prazo; a fal- ta de crédito limita a expansão ou o reju- venescimento dos canaviais, implicando em menor produtividade; em ambiente de custos crescentes e preços de açúcar so- mente iniciando recuperação a partir do 2º semestre de 2015, vale olhar a fotogra- fia dos canaviais. Base do processo e grosso modo, 70% dos custos dos produtos finais, o canavial brasileiro está deixando no seu aprendizado em mecanização, falhas e compactações; no endividamento, difi- culdades de uso de tecnologia via me- nor investimento, claramente pressio- nado pelas dificuldades de crédito. Para atrapalhar ainda mais, o clima seco de 2014 manda herança maldita para 2015, na forma de um canavial envelhecido e menos produtivo. Mesmo com o retorno das políticas públicas essenciais à produtividade, as limitações da dita herança maldita ainda perdurarão por um tempo. O fato esperado é a manutenção, até 2017, por recuperação da oferta ao nível do que foi em 2013! Essa moagem diverge radicalmente do que se viu na história mais recente do Brasil Pós-PROÁLCOOL (1ª grande fase de crescimento) e pós-carros flexíveis e preços elevados do petróleo (pós-2004). Naqueles períodos, o crescimento chegava nos dois dígitos anuais. Imaginar a recupe- raçãodoquefoiaofertaem2013,somente quatro anos depois, era algo impensável na citada segunda fase de crescimento. As expectativas que se criam com o Brasil, nessa linha de oferta, são a de recuperação de fato dos preços do açúcar via mercado a partir de 2016 e, assim sendo, a tendência de uma safra bastante alcooleira em 2015/16. Quem viver, verá!! *Diretor da Canaplan Consultoria Técnica e Presidente da ABAG. RC
  • 16. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 16 Como está o nosso agro? Contra- riando a recuperação dos últimos me- ses, em setembro o desempenho das exportações do agro sofreu uma queda. As exportações (US$ 8,30 bilhões), se comparadas com o mesmo período de 2013 (US$ 8,96 bi), diminuíram 7,4%. O saldo na balança do agro de setembro foi de US$ 6,88 bi, uma queda de 9,4% em relação a setembro de 2013. O valor exportado acumulado no ano (US$ 75,9 bilhões) teve queda de 2,7% quando comparado com o mesmo período de 2013 (US$ 78,0 bilhões). O saldo positivo acumulado no ano foi de US$ 63,2 bilhões (3,2% menor que o mesmo período em 2013). Se conti- nuarmos nesse ritmo, fecharemos 2014 com um montante de US$ 101 bi, atin- gindo a meta dos 100 bi, porém cabe ressaltar que o acumulado de janeiro- -setembro de 2013 tivemos uma expor- tação de US$ 78,0 bi e fechamos 2013 com a cifra de US$ 99,9 bilhões. Os demais produtos brasileiros fora do agro tiveram uma queda de 4,8% nas exportações (US$ 11,9 bi em 2013, para US$ 11,3 bi em 2014), o que levou a participação do agronegócio nas expor- tações brasileiras a alcançar 43%. O saldo da balança comercial brasi- leira acumulado no ano teve uma boa recuperação em relação a setembro de 2013, saindo de um déficit de US$ -1,8 bilhão para um déficit de US$ 694 mi- lhões, mesmo com a recuperação a si- tuação é não a desejada. Se não fosse o agronegócio, a balança comercial brasi- leira teria um déficit de US$ 64 bilhões acumulados no ano, ou seja, mais uma vez o agro evitou um desastre maior na economia brasileira. Como está nossa cana? Começam a pipocar as opiniões sobre a safra 2015/16. Não são boas, por todo o sofrimento que aconteceu com a cana na seca de 2014. Como a rentabilidade ficou muito prejudicada, estima-se que produtores gastaram bem menos em insumos, e na renovação dos canaviais. A safra pode começar mais tarde também, para aproveitar o melhor momento da cana, mesmo que isto se traduza em mais ociosidade do parque agrícola. A moagem em setembro decepcio- nou, somando quase 69 milhões de toneladas, 11% a menos que setembro de 2013, com produtividade 9% menor. Já o processamento acumulado desde o início da safra está praticamente igual a 2013, com 441,5 milhões de toneladas. Espera-se um total de 545 milhões de toneladas. PECEGE mais uma vez aponta au- mento de custos de produção e queda de 8% na produtividade. É crise “pra mais de metro”. Como estão as empresas do setor? Segundo a Unica, a safra 14/15 deve render às empresas do setor R$ 70 bilhões e o endividamento ficar em R$ 77 bilhões, que corresponde a 110% do faturamento. Em 11 anos, a dívida cresceu 19 vezes. É estarrecedora a informação que 66 empresas, das 390 Usinas, estejam em recuperação judi- cial. Vale lembrar que 44 usinas já fo- ram fechadas, nos levando ao número tradicional de 435 unidades no Brasil. Como está o açúcar? A Datagro estima que na safra 14/15 a produção mundial será de 170 milhões de toneladas e o consumo de 173,4 milhões. O Brasil deve produzir 35,7 milhões. Segundo a Datagro, os estoques caem de 45,6% para 42,8% do consumo total ao final da safra. Existe um problema que se torna cada vez mais perigoso, o incêndio dos termi- nais com açúcar. Foram diversos casos nos últimos meses, devido aos maiores volumes de açúcar com menor umidade sendo comercializados. Tanto o VHP quando o VVHP oferecem mais riscos devido à nuvem que se forma com pó de açúcar e qualquer fagulha pode atrapa- lhar, além de serem mais leves. O mais recente destruiu o terminal TEAG, joint venture da Cargill e Biosev. Este mês falou-se bastante também de riscos de intervenção do Governo em conteúdos de açúcar em muitos pro- dutos, o que seria uma ameaça ao setor. Também problemas de caixa e ele- vado endividamento das usinas na Índia podem contribuir para acelerar o déficit esperado no mercado mundial de açú- car em 15/16. Coluna Caipirinha Marcos Fava Neves Caipirinha Uma Seca como Nunca Antes Vista na História deste País Revista Canavieiros - Setembro de 2014
  • 17. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 17 Como está o etanol? Temos que observar este movimento de queda de preços do petróleo, motiva- do por uma menor taxa de crescimento da economia chinesa e apreensão com o crescimento mundial e por uma maior produção dos EUA. A demanda espera- da para o quarto trimestre, em consumo diário, é de 93,5 milhões de barris, e em julho foi de 93,9 milhões. O fator Estado Islâmico e seus riscos na oferta aparen- temente não está influindo no sentido de amenizar esta queda de preços. Qual será o comportamento da OPEP é uma pergunta de fundamental importância ao setor. Repercutiu estudo de um banco dizendo que a estes preços não é mais necessário um aumento do preço da ga- solina, apenas a volta da CIDE. Porém, estima-se que desde 2011 (agosto), quando a paridade não foi mais respeitada, a Petrobras tenha perdido quase US$ 12 bilhões. Quando se soma isto às perdas pela CIDE ao etanol (quase US$ 10 bilhões) tem-se uma perda total de US$ 22 bilhões. Estima-se uma perda média de US$ 0,10/litro no período. É grande a expectativa do mercado sobre o novo Governo e qual o comporta- mento que será dado ao preço da gasolina. Tudo indica que a política de preços deve flutuar com o mercado internacional. A Petrobras importa cerca de 80 mil barris por dia de gasolina. Interessante que o pe- tróleo mais barato ajuda nas importações da empresa, mas mais do que prejudica na sua rentabilidade no Brasil. Enquan- to isto, o consumo de hidratado, desde o início da safra está agora 5% menor que ano passado até o final de setembro.Algo totalmente sem sentido, pois os preços fi- caram muito baixos todo este tempo para as usinas e caíram ainda mais. Mais uma vez observa-se o problema de distribui- ção do etanol e margens. Perdemos outra vez a chance este ano de interferir positi- vamente nos preços do açúcar com maior consumo de etanol no Brasil. Em relação à infraestrutura, a boa notícia é que o etanol-duto, que já liga Ribeirão Preto a Paulínia, começa a operar experimentalmente ligando Ri- beirão até Uberaba. Uma obra que no total envolve R$ 7 bilhões e terá 1,3 mil km, podendo transportar 20 bilhões de capacidade por ano. Como costumo di- zer, basta São Paulo, Norte do Paraná e Minas Gerais para acertar toda a ques- tão do consumo de hidratado. Quem é o homenageado do mês? A coluna Caipirinha todo mês home- nageia uma pessoa. Neste mês a home- nagem vai para o amigo Alexandre Fi- gliolino, engenheiro agrônomo, grande estudioso e conhecedor do setor. Haja Limão: o limão vai para a falta de chuva... Que coisa louca, nunca ha- via visto. A nossa sociedade elege neste domingo seu presidente. O leitor está vendo esta coluna após o resultado da eleição e terminei na terça que antece- deu ao domingo. Considero esta eleição a mais importante da nossa história, ex- tremamente equilibrada. Espero que, no momento desta leitura, a sociedade brasileira tenha optado pela mudança. Na minha visão se esgotou o modelo do PT para o Brasil. Mas se a sociedade não optou, que a atual Presidente faça o que prometeu. Vamos acreditar mais uma vez. Tenho a minha consciência tranquila, pois nesta eleição saí da mi- nha zona de conforto totalmente. Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Profes- sor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) RC
  • 18. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 18 Cooperados e colaboradores da Copercana conhecem cadeia do amendoim nos EUA Notícias Copercana D ois colaboradores e cinco produtores de amendoim da Copercana integraram um grupo de 30 pessoas que viajaram aos Estados Unidos, de 27 de setembro a 4 de outubro, para conhecer a tecnolo- gia aplicada na cultura. O destino foi o Estado da Georgia, responsável por metade da produção norte-americana de amendoim. Lá, os brasileiros visi- taram a universidade local, onde as- sistiram a palestras com professores de diversas áreas, entre elas novas va- riedades, irrigação e controle de pra- gas e doenças. Estiveram também em fazendas para ver de perto o sistema de plantio e colheita, e conheceram empresas de beneficiamento. Os Estados Unidos produzem cerca de 2,5 milhões de toneladas de amen- doim por ano, dos quais 80% são des- tinados a consumo interno, sob a forma de confeitos ou pasta. Mesmo não sendo os maiores produtores mundiais – título Igor Savenhago que pertence a China, com 17 milhões de toneladas/ano –, são referência para os agricultores brasileiros por causa das avançadas técnicas de manejo, que pro- piciam alta produtividade e capacidade de armazenamento por até dois anos. Outro ponto que chamou a atenção da comitiva de cooperados foi que 80% da produção georgiana é irrigada, o que re- duz os riscos de falta de oferta. A viagem foi patrocinada por duas empresas: MIAC Colombo e Syngen- ta. Para os próximos anos, a proposta é que mais agricultores conheçam o sistema. Segundo o gerente da Una- me - Unidade de Grãos da Copercana, Augusto César Strini Paixão, que fez parte do grupo, a experiência permitiu o contato com informações que podem ser muito bem aproveitadas no Brasil, onde são produzidas anualmente 300 mil toneladas de amendoim. “Foi uma viagem proveitosa, tanto para os produtores como para a coo- perativa, pois pudemos conhecer os sistemas de recebimento, secagem e in- dustrialização do amendoim produzido, além de obter informações sobre mer- cado. Agradecemos, em nome da dire- toria da Copercana, à MIAC e à Syn- genta, pela ótima oportunidade criada”, afirma Paixão. O engenheiro agrônomo da Coper- cana Edgard Matrangolo Jr., que tam- bém participou da comitiva, destacou a alta tecnologia adotada nas lavouras norte-americanas e a integração dos produtores com a Universidade da Ge- orgia, que, além de desenvolver pes- Em viagem patrocinada pelas empresas Miac Colombo e Syngenta, eles estiveram no Estado da Georgia, que responde por metade da produção norte-americana, onde assistiram a pales- tras e visitaram fazendas e empresas de beneficiamento Viagem do grupo ao Estado da Georgia foi patrocinada pelas empresas Miac Colombo e Syngenta Fazenda de amendoim no Estado da Georgia: alta produtividade aliada a moderno sistema de logística
  • 19. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 19 quisas direcionadas às principais de- mandas das propriedades rurais, presta toda a assistência técnica necessária. “Outro fator relevante é que toda a es- trutura de produção – tratores, planta- deiras, pulverizadores, arrancadores e colhedeiras –, é muito bem dimensio- nada para cada área de produção”. Além de Matrangolo e de Paixão, representaram a Copercana Luiz Au- gusto Barbosa do Carmo, que planta Grupo que representou a Copercana foi composto por sete pessoas: dois funcionários e cinco produtores Empresas de beneficiamento garantem armazenamento do amendoim por até dois anos e oferta o ano todo RC amendoim em Tupaciguara - MG, e quatro produtores da região de Ri- beirão Preto: Roberto Rossetti, João Luiz Benedito Sanches, João Luiz Benedito Sanches Jr. e Alex Danilo Rodrigues.
  • 20. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 20 Copercana e Sicoob Cocred apoiam apresentações teatrais sobre cooperativismo Notícias Copercana I ncentivar a cooperação por meio da arte. Foi com música clássica misturada a muito humor que as crianças da Escola Municipal Elvira Arruda de Sousa, localizada no Jardim Alvorada, em Sertãozinho, SP, aprende- ram os benefícios da colaboração e da realização de ações coletivas nas tarefas cotidianas. No dia 13 de outubro, em come- moração ao Dia das Crianças, os 360 alunos da escola, divididos em duas turmas – uma de manhã e outra à tarde – assistiram ao espetáculo teatral “Dois por Quatro”, da Companhia Esparrama, de São Paulo. As apresentações, que integram o projeto Mosaico na Estra- da, do Sescoop - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo, contaram com apoio da Copercana e da Sicoob Co- cred, que ofereceram a cada aluno uma sacolinha educativa, alusiva à preserva- ção do meio ambiente e que continha salgadinho, minibolo e refrigerante. A peça, que tem duração de 50 mi- nutos, conta a saga de dois palhaços que disputam a regência de um quar- teto de cordas. Igor Savenhago O espetáculo “Dois por Quatro”, da companhia paulistana Esparrama, divertiu as crianças da Escola Municipal Elvira Arruda de Sousa, em Sertãozinho, buscando despertar para a importância de ações colaborativas Ao longo de toda a história, a dupla discute sobre quem tem mais compe- tência para assumir o posto de maestro. Até que percebem que podem atuar em parceria e que, só assim, poderão garan- tir que a orquestra toque em harmonia. No palco, os atores Kléber Brianez e Ranieri Guerra dão vida aos palhaços Nerdolino e Batatinha, respectivamen- te. Com bastante desenvoltura, intera- gem a todo tempo com a plateia, para alegria dos estudantes. “Em muitos lu- gares onde a gente se apresenta, algu- mas crianças nunca viram um palhaço de perto. Então, é uma grande responsa- bilidade. Você fala ‘nossa, que bom que está sendo legal, que bom que vai gerar um eco interessante’”, afirma Brianez. Para Guerra, o Rani, como é carinho- samente conhecido no grupo, a magia do palhaço vai além da diversão. É um instrumento de conquista. “É um tipo de humor que anda cada vez mais sumido da televisão. A gente já não vê mais. O que a gente vê é um humor muito depre- ciativo, que é o rir do outro, do peque- no, do feio, do gordo, do sem dente. O palhaço não faz isso. Ele chama para si a inadequação e fala pra gente ‘olha só, como nós, seres humanos, somos assim. Simples e, muitas vezes, desajeitados’”. As doses de humor da peça ajudam a tirar um pouco da seriedade do univer- so da música clássica. É o que acredita Wellington Oliveira, um dos membros da orquestra, formada pelos também músicos Manoela, Eliézer e Érica. “A proposta é essa: a gente tem um quar- teto de cordas, mas tem dois atores, que são palhaços, que entram um pouco mais no universo da criança, transfor- mando a situação numa brincadeira”. A Companhia Esparrama é uma das 120 cadastradas pelo Sescoop-SP. Elas se revezam nas apresentações promovi- das em todo o Estado, que só neste ano de 2014 devem chegar a 83. O analista Ranieri (esq.) e Kléber se preparam para dar vida aos palhaços Nerdolino e Batatinha Quarteto de cordas faz os últimos ajustes do palco antes do início da peça Wellington Oliveira, ao fundo, diz que humor insere peça no universo infantil Fotos:IgorSavenhago
  • 21. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 21 de projetos culturais do serviço, Flávio Bassetti, explica que a proposta é ensi- nar de maneira descontraída. “O projeto Mosaico na Estrada foi feito justamente pra gente atingir o público infantil, falar um pouco sobre cooperação, sobre coo- perativismo, o que é cooperar, e para a criançada entender de uma forma mais lúdica, dinâmica, sem ficar aquela coisa meio pedante, que a gente faz em pales- tras”. Tempo integral A Escola Elvira Arruda de Sousa atende crianças do Ensino Fundamen- tal, sendo a única instituição de ensino municipal em Sertãozinho a funcionar em período integral. De manhã, os es- tudantes frequentam aulas regulares e, à tarde, participam de projetos, como alfabetização tecnológica, linguagens, produção textual, matemática lúdica, coral, fanfarra e cineclube. A diretora Luciana Fernandes Am- brosio afirma que iniciativas culturais, como o teatro, agregam valor ao con- teúdo trabalhado em sala de aula. “Para Personagens disputam quem deve assumir o posto de maestro da orquestra Ao final da peça, os palhaços percebem que podem trabalhar em parceria Batatinha se transforma em Madame Batata para tentar iludir Nerdolino Espetáculo é interativo: a todo tempo abre espaço para a participação das crianças RC nós, é de extrema importância, porque é uma oportunidade que a escola oferece para as crianças da comunidade, para que elas tenham esse contato com a cul- tura”. Ela classifica como uma “aliança perfeita” a integração da música clás- sica com o humor. “A peça conseguiu trabalhar os conceitos de uma maneira agradável. As crianças aqui da escola têm aulas de musicalização e os palha- ços trouxeram vida a esse conteúdo. Foi perceptível como as crianças gostaram, como elas amaram”. As palavras de Luciana são comprova- das pelas dos alunos Késia Cristina Jar- dim Soares e Jean Paulo, ambos de nove anos e que frequentam o 4º ano. A me- nina diz que sempre teve curiosidade em aprender música e que o teatro foi mais uma oportunidade. Já Jean declara que a maior lição está relacionada à conside- ração pelo próximo. “Você deve sempre fazer alguma coisa para ajudar, mas, antes disso, deve perguntar se a pessoa quer ou precisa de ajuda”. Sem dúvida, uma lição de que cooperar é, também, respeitar as vontades do outro.
  • 22. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 22 Copercana e Canaoeste participam da 14ª edição do Prêmio Personalidades em Destaque N o dia 25 de setembro aconteceu no espaço Seasons, em Sertão- zinho-SP, a 14ª edição do Prê- mio Personalidades em Destaque que reconheceu e homenageou empreende- dores, reunindo executivos, empresas, organizações e personalidades locais que se destacaram em seus empreen- dimentos na indústria e no comércio nas categorias: nova geração de em- preendedores; geração que teve grande crescimento nos últimos anos e geração tradicional de empreendedores. Na ocasião também receberam ho- menagens a ex-prefeita de Sertãozinho, Maria Neli Mussa Tonielo, representa- da pela sua filha Cláudia Tonielo e o presidente do Garevi, o pastor Vander- lei de Oliveira, por terem se destacado pelos trabalhos realizados pela cidade de Sertãozinho. Estiveram presentes o presidente da Copercana e da Sicoob Cocred, Antô- nio Eduardo Tonielo, o presidente da Canaoeste e da Orplana, Manoel Orto- lan, o prefeito de Sertãozinho, José Al- berto Gimenez, o presidente da Câmara Municipal de Sertãozinho, Rogério Ma- grini dos Santos, o presidente do CEI- SE Br, Antonio Eduardo Tonielo Filho, Fernanda Clariano Antônio Eduardo Tonielo e Manoel Ortolan foram homenageados o presidente da ACIS (Associação Co- mercial e Industrial de Sertãozinho), Geraldo José Zanadrea, o presidente do Grupo Amarelinha, Antônio de Lima Silva, vereadores e empreendedores. Paraninfo no evento, Antonio Edu- ardo Tonielo discursou sobre a impor- tância do evento e falou com confiança sobre uma possível mudança no setor que vem atravessando um momento difícil. “É uma grande satisfação po- der participar como paraninfo neste evento e poder entregar essa honra- ria aos empresários do futuro. Vejo a nova geração de empreendedores com muita alegria e sei que eles irão con- tribuir muito, pois o Brasil não pode parar. Estamos atravessando uma fase difícil, muito complicada, mas tenho certeza que o povo de Sertãozinho é um povo que acredita, que enfrenta as dificuldades. Sei que estas dificuldades estão chegando ao fim. Já está na hora de vermos uma melhora porque o nos- so setor vem sendo muito sacrificado. Temos as eleições aí e qualquer resul- tado que aconteça, qualquer um que for escolhido para exercer o Governo, precisa pensar na situação das nossas empresas, não é apenas a indústria sucroalcooleira, as indústrias de um modo geral no País estão atravessando uma fase difícil. Por isso temos que ter confiança e eu acredito que chegou a hora de começarmos a fazer as coisas funcionarem, porque acredito que che- gou a hora da virada”, disse Tonielo. Na oportunidade, o anfitrião e jorna- lista Alex Ramos foi agraciado com o título de cidadão Sertanezino. O evento também serviu de palco para o anúncio da volta da empresa ZA- NINI à cidade e contou com a presença do presidente Dario Gaeta e de repre- sentantes da diretoria. 14ª edição do Prêmio Personalidades em Destaque que reconheceu e homenageou empreendedores Antonio Eduardo Tonielo e Manoel Ortolan também receberam homenagem Maria Neli Mussa Tonielo, ex-prefeita de Sertãozinho, recebeu homenagem e foi representada pela sua filha Cláudia Tonielo RC Notícias Copercana
  • 23. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 23
  • 24. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 24 Copercana realiza a VIII Reunião Técnica do Projeto Amendoim N o dia 17 de setembro, a Uname (Unidade de Grãos da Coper- cana), realizou no auditório da Canaoeste em Sertãozinho – SP, a VIII Reunião Técnica do Projeto Amendoim e reuniu diretores da cooperativa, pro- dutores, cooperados, equipes técnicas e as empresas Syngenta e Chemtura Agro Solutions. A reunião foi coordenada pelo ge- rente da Uname, Augusto César Strini Paixão. “Estamos praticamente inician- do o plantio do amendoim e realizamos essa reunião porque toda a informação se faz importante neste momento. Ire- mos abordar desde o início do plantio, a compra e disponibilidade da semente, novas tecnologias, área de plantio, pre- ços, enfim, todas as informações que o produtor necessita”, disse Paixão. O gerente da Unidade de Grãos ainda falou sobre expectativas para a produ- ção do amendoim. Tivemos uma queda muito grande na produção de amen- doim, esperávamos uma safra com 2,5 milhões de sacas e acabamos colhendo 1,8 milhão, perdemos em torno de 27% da produção esperada. Para este ano resta a nós esquecermos, porque foi um ano ruim, os preços não estão compen- sando a queda da produção. Esperamos que para o próximo ano a gente consiga recuperar este ano de 2014 e a expecta- tiva é bem melhor. Estamos buscando novos mercados que valorizem mais o nosso produto para 2015”. Presente no evento, o presidente da Copercana e da Sicoob Cocred, Anto- nio Eduardo Tonielo, em sua explana- ção pontuou a seca como um dos prin- cipais fatores para a perda da qualidade da produção. “Este ano não vai nos dei- xar muita saudade, pois além de uma colheita problemática, com sol e seca, Fernanda Clariano Profissionais da área de amendoim apresentaram números e trocaram informações com produtores durante a reunião tivemos ainda problemas com preço e qualidade. Quando se tem qualidade ruim, o preço consequentemente é ruim e o mercado também acaba sendo ruim. Mas isso não está acontecendo apenas com o amendoim, estamos enfrentando problemas com o açúcar. Com a seca, todo mundo achou que o açúcar iria disparar e ele despencou, por isso pre- cisamos ficar atentos e trabalhar com muita cautela, pois não temos nenhuma segurança governamental, diferente de outros países”, afirmou Tonielo. As estratégias de manejo de aduba- ção para a cultura do amendoim foram apresentadas pelo engenheiro agrô- nomo e pesquisador da Apta Regional Ribeirão Preto, Dr. Denizart Bolonhe- zi, que abordou uma análise crítica dos caminhos necessários para o planeja- mento da adubação de amendoim no contexto da cana crua. “Nos últimos 20 anos, o amendoim passou por duas fa- ses de mudanças drásticas. A primeira, com a introdução de cultivares rasteiros e a mecanização completa da lavoura e, a segunda, uma preocupação grande no processamento e na recepção des- se produto. Nesse avanço tecnológico, percebemos que a preocupação com a fertilização, com os programas de nu- trição e adubação do amendoim ficaram um tanto quanto paralisados ou desa- tualizados. O que tento passar aos pro- dutores é que o planejamento da adu- bação do amendoim tem que estar em consonância com a realidade da cultura hoje. As tabelas de adubação, todas as programações de práticas visando à fer- tilização do amendoim, foram geradas numa época em que se cultivava genó- tipos de porte ereto e de ciclo precoce, patamares de produtividade bem infe- riores aos que se obtêm hoje. Por isso, Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e da Sicoob Cocred, fez a abertura do evento Augusto César Strini Paixão, gerente da Uname Notícias Copercana
  • 25. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 25 há necessidade de se ajustar uma pro- posta de planejamento de nutrição para o amendoim adequada com o potencial produtivo dos cultivares rasteiros hoje. Nessa reunião, pretendo levá-los a pen- sar em como fazer um planejamento de adubação correto, mostrar a importân- cia de se preocuparem com os aspectos nutricionais no contexto do amendoim em reforma de cana crua, que isso im- plica tanto na eficiência da prática da calagem, da fosfatagem e da aplicação de gesso”, pontuou Bolonhezi. No espaço técnico, empresas par- ceiras apresentaram seus produtos que estão disponíveis no mercado para a cultura do amendoim. A Syngenta, atra- vés do representante técnico de vendas, Edemilson Marzochin, apresentou o Elatus, um produto lançado este ano para a cultura da soja e que já foi regis- trado para a cultura do amendoim e a Chentura Agro Solutions, representada pelo técnico de vendas, Ricardo Fonse- ca Lindenberg, trouxe os produtos Vita- vax e Dimilin 80 WG. O professor coordenador do PPG em Agronomia (produção vegetal) FCAV/ UNESP – Jaboticabal – Departamento de Engenharia Rural, dr. Rouverson Pe- reira da Silva, fez uma apresentação so- bre Inovações Tecnológicas na Colheita Mecanizada do Amendoim e, de acordo com ele, a inovação tecnológica é fun- damental para que o produtor possa se manter firme nos seus negócios tendo ganhos positivos. “Quem não entrar nessa nova era da inovação tecnológica vai ficar perdido, vai sair do mercado. A agricultura de precisão entra no pacote de inovações tecnológicas, pois permite que o produtor tenha um ganho maior, possa gerenciar melhor a sua proprieda- de e racionalizar melhor o uso dos in- sumos e essa é a grande vantagem. Ra- cionalizando os insumos, ele (produtor) consegue aumentar a eficiência tanto de aplicação como de rendimento das máquinas. Isso vai resultar em ganhos positivos - em lucros, fazendo com que produtor possa vir a ter uma rentabili- dade maior”, disse Silva. As análises de mercado mundial fo- ram abordadas pelo gerente administra- tivo financeiro da CAP Agroindustrial, Luis Eduardo Godoy, que apresentou um histórico da produção, analisando dados de 2005 até a estimativa de 2014, em relação à área, produção, produti- vidade, além dos principais mercados como Europa e China e as perspectivas futuras para o mercado brasileiro de amendoim. “Para este ano temos uma perspectiva de aumento principalmen- te da produção americana na faixa de 19%. E da Argentina na faixa de 22%. Teoricamente este será um ano de gran- de volume no mercado internacional de amendoim”, afirmou Godoy. Eduardo Cândido Marçal, do de- partamento comercial da CAP Agroin- dustrial, fez uma análise de mercado interno, onde explanou a importância do amendoim, o espaço que ele vem ganhando e a participação da Coperca- na nesse mercado. Além disso, Eduardo também abordou preço e perspectivas para o futuro, onde afirmou que “atu- almente os preços estão baixos com a perspectiva de um aumento no mês de setembro para frente”. A engenheira agrônoma Nádia Strini Paixão Batista discorreu sobre o ren- dimento de amendoim e o que isso in- fluencia. “Devido à seca no campo, o grão não granou e tivemos uma queda de grãos graúdos de aproximadamente duas mil toneladas nesta safra, e esses grãos refletem no valor agregado maior no mercado. Com isso deixamos de fa- turar. Além disso, os grãos estão mais miúdos e não temos um produto na in- dústria que é a “banda”, resultante da quebra do grão graúdo. Para o ano que Dr. Denizart Bolonhezi, engenheiro agrônomo e pesquisador da Apta Regional Ribeirão Preto vem, como estamos com um déficit de produção, esperamos que a safra seja melhor para que possamos suprir essa falta de produtividade que tivemos este ano”, afirmou Nádia. O pesquisador do IAC – na área de melhoramento genético do amen- doim, dr. Ignácio José de Godoy, e produtores da região marcaram pre- sença no encontro. “A interação das empresas com os produtores precisa ser frequente. O dia a dia mostra que há a necessidade de reciclagem, de treinamentos e, em mui- tos casos, isso não existe. Essa reunião técnica que a Copercana realiza é uma iniciativa excelente e com certeza man- tém o produtor bem informado, enfim, reciclado. Eu acredito que a informação é a base, o produtor também é um pro- fissional, e precisa estar bem informado quando vai à roça fazer o seu plantio. Este ano, em função do clima que es- tamos vivendo com a estiagem prolon- gada, é difícil falar das expectativas em relação à cultura do amendoim, mas se for fazer uma análise de mercado, ele é bastante favorável para o amendoim. Eu tenho a impressão que o que esta- mos passando em termos de prejuízo para essa safra tem que ser encarado como fato temporário, isso vai ser com certeza superado nos próximos anos”, disse, com otimismo, Godoy. “Sempre participo e acho que esses encontros são importantes porque te- mos a oportunidade de adquirir novas experiências e podemos colocá-las em prática a cada safra. Além disso, o que aprendemos sempre contribui para me- lhorarmos nossa produtividade e tam- bém o poder aquisitivo”, disse João Paulo Cestari, produtor de Barretos “É muito bom poder estar presente e ficar por dentro das coisas que es- tão acontecendo na cultura do amen- doim. Estamos passando por algumas dificuldades na parte da lavoura, mas esses encontros são bons para poder- mos saber o que fazer para melhorar a produtividade e como trabalhar a lavoura”, afirmou Marcelo Lucenti, produtor de Ibitiúva RC
  • 26. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 26 Manoel Ortolan participa de homenagens na 57ª Semana “Luiz de Queiroz” Notícias Canaoeste Assessoria de Comunicação da Canaoeste Na ocasião, o presidente da Canaoeste e Orplana recebeu um quadro alusivo a Medalha “Fernando Costa” na área de Cooperativismo N o dia 11 de outubro, o presi- dente da Canaoeste e Orplana, Manoel Ortolan, participou da Sessão Solene de Encerramento da 57ª Semana “Luiz de Queiroz”, reali- zada na USP-ESALQ, em Piracicaba. Na ocasião foram homenageados ex- -alunos das turmas quinquenais de En- genharia Agronômica, Engenharia Flo- restal, Economia Doméstica, Ciências dos Alimentos, Ciências Biológicas, Ciências Econômicas e Gestão Am- biental. Comemoram seu ano jubilar de formatura as turmas de 1936-1940- 1944-1949-1954-1959-1964-1969- 1974-1979-1984-1989-1994-1999- 2004-2009. Integraram a mesa de autoridades a secretária de Agricultura e Abasteci- mento do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi, o deputado federal An- tonio Carlos Mendes Thame, o diretor da ESALQ, José Vicente Caixeta Filho, e o ex-aluno mais velho da instituição, engenheiro agrônomo Fernando Pente- ado Cardoso, da turma de 1936. Também foram homenageados com uma placa pelos aniversários a AN- DEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal) pelos 40 anos; SPG (Serviço de Pós-Graduação) da ESALQ pelos 50 anos; ainda pelos 50 anos serão ho- menageadas as repúblicas Arado, Gato Preto e Poko Loko; AEASP (Associa- ção dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo) pelos 70 anos; CREA-SP (Conselho Regional de En- genharia e Agronomia do Estado de São Paulo) pelos 80 anos; USP (Uni- versidade de São Paulo) pelos 80 anos; SRB (Sociedade Rural Brasileira) pe- los 95 anos; revista Scientia Agríco- la pelos 70 anos; o ex-aluno Fernan- do Penteado Cardoso pelos seus 100 anos de idade e 78 anos de formatura; CALQ” (Centro Acadêmico “Luiz de Queiroz) pelos 105 anos. Em 17 de setembro de 2014, aAEASP (Associação dos Engenheiros Agrôno- mos do Estado de São Paulo) divulgou a lista de engenheiros agrônomos que serão homenageados durante a 43ª Edição da Deusa Ceres. Entre aqueles que recebe- rão o Prêmio Deusa Ceres, em abril de 2015, encontram-se egressos da ESALQ. São eles Luiz Carlos Sayão Ferreira Lima (engenheiro agrônomo do Ano), Sylmar Denucci (Medalha “Fernando Costa” - área de assistência técnica e extensão rural), Manoel Ortolan (Medalha “Fer- nando Costa” - área de cooperativismo), Sinval Silveira Neto (Medalha “Fernando Costa” - área de ensino) e José Osmar Lo- renzi (Medalha “Fernando Costa” - área de pesquisa). Pelo fato desses egressos serem selecionados para receberem os prêmios instituídos pela AEASP, todos foram homenageados durante a cerimô- nia de congraçamento da 57ª Semana Luiz de Queiroz. Os pesquisadores que foram agra- ciados com o Prêmio Fundação Bunge 2014 em Ciências Agrárias e Artes, em 22 de setembro de 2014, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, também foram homenageados. São eles Hiroshi Noda (Vida e Obra) e Fernando Dini Andreote (Juventude). O diretor da ESALQ, José Vicente Caixeta Filho, ressaltou que o dia era de festa, de memórias e de uma série de justas homenagens. “É um momento de congraçamento que envolve gerações diversas e tenho certeza que o exem- plo dos mais sêniores é inspiração para a nossa geração, que busca contribuir para ambientes cada vez mais sustentá- veis”, disse. O presidente da Adealq (Associação dos Ex-alunos da ESALQ), Antony Hil- grove Monti Sewell, agradeceu a pre- sença de todos os ex-alunos representa- dos pela associação. A secretária Mônika Bergamaschi, honorária da turma de formandos de 1965, transmitiu mensagem do gover- nador GeraldoAlckmin, que se orgulha da ESALQ. Agradeceu pela parceria e pela acolhida. Desde 1996, o gabinete da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento é transferido à insti- tuição durante a Semana Luiz de Quei- roz. “O setor continua fazendo a dife- rença no crescimento do país, graças ao trabalho de cada um que aqui está, cada um que nos representa Brasil afo- ra”, afirmou. Centenário, o engenheiro agrônomo Fernando Penteado Cardoso afirmou ser um privilegiado por poder comemo- rar 78 anos da formatura e participar, todos os anos, da Semana Luiz de Quei- roz. Apresentou, com orgulho, números que mostram a grandiosidade do agro- negócio brasileiro, “possível graças aos feitos dos produtores, com agrônomos e população”. Mendes Thame, deputado federal, fez a entrega da homenagem ao Manoel Ortolan RC Foto:GerhardWaller(USPESALQ–Acom
  • 27. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 27
  • 28. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 28 Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Agosto/2014 - “valores em milhares de reais” - Setembro/2014 - “valores em milhares de reais” Notícias Sicoob Cocred Sertãozinho/SP, 31 de Agosto de 2014. Sertãozinho/SP, 30 de Setembro de 2014
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  • 30. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 30 Reportagem de Capa C omo dizia Aberlado Barbosa, o Chacrinha, quem não se comu- nica se estrumbica. Mais de três décadas depois, o jargão usado pelo velho guerreiro ainda continua atual. Afinal, a boa comunicação é essencial em qualquer fase da vida, seja ela pessoal ou empresa- rial. Atento a este princípio, a Canaoeste vem investindo em sua comunicação, buscando, assim, levar aos seus colabora- dores e associados e aos interessados no agronegócio informações que permeiam a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Prova desse empenho, em contribuir com a disseminação de conteúdo re- levante, é que a entidade junto com a Copercana e Sicoob Cocred comemora neste mês a centésima edição da Re- vista Canavieiros. Criada há oito anos para preencher uma lacuna no acesso ao conhecimento setorial, a revista tem ti- ragem mensal de 21 mil e 500 exempla- res e abrange mais de 60 cidades, tendo como os maiores focos de distribuição o Estado de São Paulo - região de Ri- beirão Preto - e Minas Gerais, onde as filiais do sistema estão instaladas. Com Implantação da tevê corporativa e centésima edição da revista marcam uma nova fase do Departamento de Comunicação da Canaoeste Andréia Vital Canaoeste lança TV e comemora 100ª edição da Canavieiros um público-alvo selecionado, como produtores rurais, empresas e profissio- nais ligados ao setor sucroenergético, a revista é distribuída gratuitamente para todos os associados e cooperados, todas as destilarias e usinas, além de empre- sas e profissionais ligados ao setor que se cadastram no seu site. “Percebemos a necessidade de se ter uma ferramenta que atendesse à carência de informação de nossos associados, ao mesmo tempo, essa demanda existia com relação ao nosso próprio colaborador.As- sim nasceu a Revista Canavieiros como também o Informativo da Canaoeste e o Cred Notícias (informativo direcionado aos colaboradores), para atender a essa lacuna”, explica a gestora de comuni- cação da Canaoeste e Copercana, Carla Rossini, ressaltando que é um orgulho chegar à centésima edição, lembrando
  • 31. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 31 que o caminho trilhado até aqui foi ár- duo, mas gratificante. “Como tudo evo- lui, agora partimos para um novo desafio, o da implantação da TV Canaoeste, que chega num momento especial, justamente quando comemoramos um marco da Ca- navieiros”, constata a jornalista. Para o presidente da Canaoeste, Ma- noel Ortolan, a TV corporativa é muito importante, porque agiliza e facilita a comunicação com os produtores, quer sejam da Copercana, da Canaoeste ou da Cooperativa de Crédito. “Com a nova fer- ramenta nós vamos poder veicular mais informações, nos aproximando mais dos interesses e das necessidades dos pro- dutores, pois vamos procurar concentrar nesta TV assuntos que possam ser de interesse de todos, não só notícias, mas também informações sobre cotações, economia, legislação e desenvolvimento de tecnologia”, conta Ortolan, lembrando que nos dias atuais, a velocidade com que essas informações chegam aos associados é essencial. “Nós estamos tendo o maior cuidado para estruturar de uma maneira eficiente, a TV Canaoeste para que ela cumpra com seu papel e perpetue. Há uma organização por trás disso, tem um investimento, então estamos procurando da melhor forma possível iniciar este tra- balho e eu acredito muito neste projeto, que só tende a crescer”. De acordo com Ortolan, a nova fer- ramenta também ajudará a difundir o conhecimento sobre o setor sucroener- gético. “Embora seja um veículo restrito de um segmento, eu acredito que a tevê possa contribuir para a disseminação de informações, como, por exemplo, as vantagens do etanol, o desenvolvimento de emprego e de renda que o setor pro- porciona, etc. Além disso, as matérias poderão ser acessadas em nossos sites, facebook, twitter e youtube, então eu acho que vamos conseguir ter um alcan- ce maior em função dessa novidade que é a TV Canaoeste”, disse entusiasmado. Já sobre a Canavieiros, o presidente da Canaoeste é enfático ao afirmar que a revista representa muito para o setor e é muito útil ao associado, já que o dei- xa a par do que acontece no segmento. “Nós já tivemos várias iniciativas frus- tradas que começam e param por falta de equipe e de organização, e o nosso Departamento de Comunicação veio se estruturando ao longo do tempo, se organizando melhor e está fazendo um bom trabalho”, disse ele, argumentando que a centésima edição da revista é uma prova disso. “Este departamento está consolidado, a nossa revista está conso- lidada, mas não é só a revista, existem os boletins internos, e é neste sentido, de crescer, de melhorar que nasceu a ideia da TV Canaoeste, que eu espero que tenha o mesmo sucesso da Revis- ta Canavieiros e, como tal, se consoli- de como um instrumento útil ao nosso associado”, alegou, concluindo “É um passo importante, arrojado que a Cana- oeste está tomando, mas estamos fazen- do isso conscientes de que existe um departamento hoje que trabalha de uma maneira forte para que as coisas cami- nhem bem na área de comunicação”. De acordo com o professor titular de planejamento estratégico e cadeias alimentares da FEA-RP/USP, Marcos Fava Neves, uma política de comunica- ção bem planejada é muito importante para o setor sucroenergético. “É fun- damental, pois com isso os produtores ficam antenados no que está acontecen- do, podem melhorar suas decisões es- tratégicas e operacionais. É mais uma fonte para ajudar nas ações coletivas entre os produtores, tão necessárias para a retomada do setor”. Neves é colunista da Canavieiros e traz todos os meses, na coluna Caipiri- nha, os principais fatos econômicos que cercam o segmento canavieiro. Para ele, a chegada do veículo na centésima edição é motivo de orgulho. “A Revista Canaviei- ros se consolida como uma das principais fontes de informação e reflexão sobre o setor de cana no Brasil, cumprindo uma função econômica, ambiental e social”. Entrevista com Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste para a TV durante a Fenasucro 2014 Investindo na comunicação Ao fazer o balanço sobre os oito anos da Canavieiros, o assessor das diretorias do Sistema, Manoel Sérgio Sicchieri, enfatiza que a revista cum- priu seu papel ao levar o conhecimento e aproximar as entidades e seus públi- cos-alvos. “A revista passou a ser refe- rência, tanto que cresceu muito nestes últimos anos”. Sicchieri destaca também a impor- tância de se ter um departamento tão atuante, que pode contribuir para o de- senvolvimento da empresa. Portanto, nada mais natural do que se investir em novas ferramentas de comunicação, Manoel Sérgio Sicchieri, assessor das diretorias
  • 32. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 32 como a TV Canaoeste, afinal, lembra ele, as pesquisas mostram que as pes- soas retêm 70% das informações que veem contra 30% do que ouvem e re- gistram 20% das mensagens escritas divulgadas em meios impressos. De acordo com o superintendente da Canaoeste, Luiz Carlos Tasso Júnior, o projeto da TV Canaoeste vem sendo trabalhado há cerca de um ano e meio. “A TV Canaoeste está nascendo com o propósito de levar informação através de novas tecnologias aos nossos associados, além disso, transparecer de uma maneira muito clara e objetiva o que a associa- ção tem feito pelo associado. Isso num primeiro momento, na segunda etapa, queremos a expansão dessa tevê, com mais conteúdo, desmistificando infor- mações sobre o meio sucroenergético e também para contribuir para que o nosso associado mais produtivo, competitivo, ajudando-o a aumentar a sua produtivi- dade e sobrevivência neste mercado da cana-de-açúcar”, disse Tasso. Inicialmente o canal vem apresen- tando matérias sobre o dia-a-dia do Sistema Copercana, Canaoeste e Si- coob Cocred. “No caso da Canaoeste, mostrando a extensão rural, atuação dos nossos agrônomos e como o associado pode buscar informações. Já sobre a Copercana, a programação traz a cober- tura de feiras e eventos realizados pela cooperativa. No caso do Sicoob Cocred, a tevê vai apresentar a gama de produ- tos oferecidos dentro da cooperativa de crédito, como formas de aplicação, o LCA, a poupança, entrevistas com nos- sos gerentes, com gerentes de contas, a apresentação dos custeios agrícolas, do crédito rural, do investimento, enfim, a gama de produtos que a gente oferece ao nosso associado e cooperado”, expli- cou o superintendente. Na primeira fase, a TV corporativa estará em 14 filiais da Canaoeste. O projeto tem recurso inicial de R$ 30 mil, que é destinado à adaptação do Departamento de Comunicação para a compra de equipamentos e treinamento de equipe. “Estamos dando oportunida- de aos nossos colaboradores, de fazerem treinamentos, curso e, assim, nós mes- mos, de maneira caseira, mas com pro- fissionais de excelência, estamos fazen- do toda a parte de gravação, entrevistas, edição e apresentação e é lógico que isso não nascerá de um dia para o outro, mas contamos com suporte de uma equipe especializada que nos dá uma assistên- cia e treinamento”, diz o superintenden- te, explicando que a Canaoeste já conta com jornalistas que dividem funções para o sucesso do projeto. Atualmente, a equipe de comunicação é formada por jornalistas com experiência no agrone- gócio, como Andréia Vital, Carla Ro- drigues, Fernanda Clariano e Igor Sa- venhago, pelo fotógrafo, diagramador e futuro cinegrafista Rafael Mermejo e comercial, Marília Palaveri. Também conta com a expertise da empresa Ví- deo Ativo, com o cinegrafista Breno A visualização dos meios de comu- nicação do Sistema ganha cada vez mais espaço. Para se ter uma ideia, as visitas mensais no site da Copercana chegam a 10 mil; as da Canavieiros a 8.500 e as da Canaoeste a 4.300 por mês. Já o facebook, na semana de 17 a 23 de outubro, alcançou mais de 11 mil pessoas, tendo atualmente sete mil curtidas na página da revista, sendo destes 1.200 conquistadas neste perío- do, significando 22,7% a mais do que na semana anterior. “A possibilidade de se comunicar com diversas pessoas, em diferentes locais, em tempo real, é uma realidade que não pode ser desprezada, afinal as mídias sociais fazem a cabeça de diversas gerações”, explica Carla. “Foi um caminho natural a ser trilhado pelo departamento neste sentido de se investir também na comunicação on- -line, com cobertura de eventos e in- serção de notícias nos sites, oferecendo aos nossos leitores um flash do que eles poderão ler em nossa revista”, conta a jornalista, afirmando que esse acesso deverá ser ampliado com a expansão da TV Canaoeste. Luiz Carlos Tasso Júnior, superintendente da Canaoeste José Eduardo de Melo Wiezel, produtor de cana-de-açúcar Eduardo de Araújo e da revisora de tex- tos, Lueli Vedovato, todos coordenados pela jornalista Carla Rossini. A iniciativa já tem recebido elo- gios e foi aprovada por José Eduardo de Melo Wiezel, produtor de cana-de- -açúcar da região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. “A TV corpora- tiva possibilitará uma maior interação com as pessoas, além de conteúdos relevantes que agregarão novidades e conhecimentos aos telespectadores”, afirmou Wiezel, contando que é assí- duo leitor da Canavieiros, considerada uma fonte de pesquisa e de conheci- mento sobre o setor sucroenergético. Presença na mídia cresce a cada dia Reportagem de Capa
  • 33. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 33 Para o coordenador de Comunica- ção e Marketing da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), Rogério Mian, a TV corporativa se soma a ou- tras importantes ferramentas de comu- nicação, que visam diminuir a lacuna entre as corporações e seus públicos. Mian coordena a TV UDOP conside- rada a primeira emissora de Web TV do setor sucroenergético, criada para difundir a bioenergia. “A TV UDOP foi fundada em novembro de 2006, portanto, completa neste ano 8 anos de fundação. Sua programação contem- pla matérias pontuais sobre eventos e assuntos do interesse do setor da bio- energia; bem como o Quadro Profis- sões, que mostra quais são as funções existentes no setor da bioenergia e as pessoas que fazem deste setor referên- cia no Brasil e no mundo; e também as séries especiais, chamadas webséries, com reportagens aprofundadas sobre diversos temas, como a crise do setor, Marcos Fava Neves durante entrevista para a TV Udop na Fenasucro 2014 Exemplos bem-sucedidos TV Corporativa é uma tendência Para Angelo Sartre, jornalista, espe- cializado em marketing e com mestrado em sociologia, com ampla experiência em comunicação organizacional, as or- ganizações estão reinventando a comu- nicação interna na busca de engajamen- to e produtividade. “Esse novo cenário é uma consequência das mudanças do mercado (avanço da tecnologia), mu- dança no perfil dos profissionais (gera- ção “Y”) e, até mesmo, no processo de comunicação em rede”. De acordo com ele, as formas tradi- cionais de comunicação não se esgota- ram, mas o processo de comunicação está com novos nichos e exige diferen- tes estratégias em busca da conquista do público-alvo. “Assim, o ambiente corporativo segue a mesma dinâmi- ca e precisa se adequar ao novo perfil do público interno”. Sartre é também pesquisador na área de comunicação corporativa e organizacional, além de acompanhar os processos de instalação de canais corporativos como a webrá- dio do Hospital do Câncer de Barretos e a TV Corporativa da Concessionária de Rodovias Viapar (Paraná). O jornalista acredita que a TV cor- porativa é uma estratégia que está se consolidando e a tendência é ganhar mais força nos próximos anos. “Atu- almente, temos grandes exemplos de sucesso como a “TV Luiza”, criada em dezembro de 2005, “TV Sabó”, “TV Ambev”, criada em 1998, ou a “TV do Hospital Santa Catarina”, de São Paulo que foi uma das pioneiras nesse segmento”, exemplifica o jornalista, acrescentando que atualmente estima- -se que existam mais de 500 empresas com TV ou rádio corporativa. “A pers- pectiva é que esses canais tenham um crescimento, médio, de 20% ao ano, o que representa duplicar esse volume no período de cinco anos”. De acordo com o especialista, a TV Corporativa é um canal de comunica- ção importante na estratégia de comu- nicação segmentada, mas é preciso ter um planejamento adequado para que o a bioeletricidade e a segunda geração do etanol”, conta o jornalista. O projeto trouxe muitos benefícios para a entidade, afirma Mian. “Atra- vés da TV UDOP, a Agência UDOP de Notícias agregou valor a seu conteúdo e atingiu novo público cativo, que tem promovido nossos vídeos a recordes sucessivos de visualizações, o que traz inúmeros benefícios ao setor, dentro do propósito da UDOP de trabalhar a imagem institucional do setor da bioe- nergia”. Mas para chegar ao que é hoje, foi preciso superar diversos obstáculos. “Podemos enumerar vários desafios, dentre eles o de criar um público para vídeos na internet, uma vez que em 2006 as usinas, nosso principal público- -alvo, tinham sérias restrições sobre a veiculação de vídeos em suas redes, o que representou um dos grandes para- digmas a serem rompidos”, diz. Segundo o jornalista, até hoje en- frentam desafios diários para criar ma- terial jornalístico que chame a atenção dos seus expectadores e promovam a difusão das ideias e conceitos sobre o setor sucroenergético. “Queremos mos- trar para nosso público interno e para a sociedade quais são os propósitos e a contribuição de nosso segmento, traba- lho árduo se considerarmos os séculos de passivo ambiental e social de nosso setor, que hoje prima pela sustentabili- dade do negócio”.
  • 34. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 34 Reportagem de Capa conteúdo desperte o interesse do públi- co e alcance os objetivos da empresa. Tem como vantagem a proximidade e a fácil identificação, já que se trata de um conteúdo exclusivo e direcionado aos interesses do público-alvo. “A des- vantagem é o custo de implantação e manutenção, o que depende muito do projeto e do uso do canal de comuni- cação. No entanto, algumas empresas deixam de investir por não ter uma visão do resultado intangível desse processo de comunicação”, diz Sartre, ressaltando que quando se consegue implantar uma política de comunica- ção eficiente, as despesas com a im- plantação passam a ser um investimen- to estratégico de relevância. Sobre o lançamento da TV corpo- rativa da Canaoeste, o especialista as- segura “Considerando a tradição e o histórico da Canaoeste e Copercana, tenho certeza que a TV corporativa será uma ferramenta excelente, já que as entidades terão como interagir com os associados e produzir conteúdo exclusivo que atendam aos interesses dos produtores”, diz ele, lembran- do que a dinâmica de uma televisão permite o acesso rápido e com uma velocidade maior do que os veículos tradicionais como, por exemplo, as produções impressas. “No setor agrí- cola de nossa região, tenho certeza que a TV corporativa da Canaoeste e Copercana será uma ação de referên- cia para outras empresas e entidades do agronegócio e um ganho muito re- levante para os associados”. Opinião compartilhada com o jorna- lista André Rezende, diretor do Núcleo da Notícia Comunicação Corporativa e especialista em planejamento, implan- tação e gestão de conteúdo informativo em produções de TV corporativa. “É uma excelente iniciativa da Canaoeste, que vai ampliar seus canais de comu- nicação. Uma instituição que busca a melhoria de suas relações por meio da comunicação com certeza, aumenta sua produtividade, mantém seu capital humano engajado e agrega ainda mais valor à sociedade”. Angelo Sartre, jornalista, especializado em marketing e com mestrado em sociologia RC
  • 35. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 35
  • 36. Revista Canavieiros - Outubro de 2014 36 Destaque I Setor discute aumento da produção de bioeletricidade com uso da palha A lternativas para aumentar a produção de energia elétrica a partir da cana-de-açúcar estive- ram em debate no IV Seminário de Bio- eletricidade promovido pelo CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Se- tor Sucroenergético e Biocombustíveis) e pela UNICA – (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), no Centro Empresa- rial Zanini, em Sertãzinho, no último dia 9 de outubro. Um dos destaques foi a necessidade de adaptações nos equipamentos para que as usinas apro- veitem, principalmente, o potencial da palha da cana como combustível, que, misturada ao bagaço, pode alavancar a eficiência das turbinas e o faturamento das unidades produtoras. Dados da própria Unica mostram que as oportunidades de crescimento nes- se setor são imensas. Das pouco mais de 400 usinas existentes no país, apenas cer- ca de 40% vendem excedentes de energia elétrica. As outras, segundo o presidente do CEISE Br, Antonio Eduardo Tonie- lo Filho, que abriu o evento juntamente com Zilmar José de Souza, gerente em Bioeletricidade da Unica, perderam a oportunidade de, num passado recente, investir no produto que ele já considera o mais importante do setor. “Falo que a energia está em primeiro numa usina, e não mais em terceiro, atrás de açúcar e etanol. Além de controlar todo o siste- ma industrial, é algo que a gente nem vê. A gente produz e já vai embora. De- pois é só faturar para receber”. Em 2012, o setor sucroenergético foi responsável pela produção de 3% do total de energia elétrica consumida no território nacional. Até 2020, a previsão é ampliar essa participação para 18%, incremento que visa atender à deman- da brasileira, que, até lá, deve subir, aproximadamente, 4% ao ano. Com as Seminário promovido pelo CEISE Br e pela Unica destacou potencial do combustível, que, misturado ao bagaço, pode aumentar a eficiência das usinas e a participação do setor sucroenergético na matriz energética brasileira sucessivas crises de abastecimento de água enfrentadas nos últimos anos, a oferta de energia, segundo especialis- tas, estará amparada em fontes como os ventos e a (eólica) e a biomassa. Para não perder essas chances, que parecem únicas na história da cana-de- -açúcar no Brasil, as usinas precisam fazer, rapidamente, adequações nos par- ques industriais. O alerta é de José Cam- panari Neto, diretor da MCE Engenharia e Sistemas, o primeiro a palestrar duran- te o seminário. Durante a apresentação “Eficiência Energética e Avanços Tec- nológicos nas Plantas Industriais com Resultados no Aumento da Geração de Energia”, ele deu ênfase, entre os assun- tos abordados, ao aproveitamento da pa- lha da cana para cogeração de energia. Segundo o executivo, além de aumentar a eficiência do processo, este combustí- vel, acrescido ao bagaço, contribui para diminuir as dores de cabeça causadas pelo aparecimento, após a adoção da colheita mecanizada nos canaviais, do enxofre e do cloro nas caldeiras, subs- tâncias altamente corrosivas. “Nos últi- mos anos, a qualidade do bagaço piorou muito e a tendência é piorar ainda mais. A biomassa que temos hoje já não per- mite caldeiras de alto rendimento”. Uma das medidas para minimizar ou neutralizar o enxofre é implantar caldeiras de baixo rendimento ou as de leito fluidizado. Já o cloro está na ma- téria verde que vai com a matéria-prima para a indústria. Como ele é extrema- mente volátil, deixar a palha secar no campo para usar na cogeração de ener- gia praticamente soluciona o problema. Campanari aproveitou para exempli- ficar o ganho em eficiência energética nesse caso. Considerando um canavial que produz 90 toneladas por hectare, o volume gerado de palha será de 18 to- neladas. Aproveitando-se um terço des- se material e misturando ao bagaço, na proporção de 33%, a produção de eletri- cidade será 70% maior, convertendo em lucro extra de R$ 1072,70 por hectare. “Imaginem quanto de energia nós esta- mos perdendo só com a palha”. Multicombustíveis Por isso, na visão dele, as caldeiras devem estar preparadas para receber di- versos combustíveis, não só bagaço. “A usina pode estar numa região com dispo- nibilidade de outros resíduos, como palha de amendoim, casquinha de caroço de al- godão e por aí vai”. Campanari lembrou, porém, que não adianta somente reformar o parque industrial se a quantidade de va- Igor Savenhago Da esq. para dir., Campanari, Campos, Castro, Tonielo Filho e Zilmar José de Souza compuseram a mesa