SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  20
Télécharger pour lire hors ligne
Aula 2 – Reprodução Artificial de Peixes


Objetivos


   • Nesta aula iremos aprender como é na realizada a propagação
       artificial de peixes migratórios.
   • Iremos conhecer o histórico da indução a desova em peixes e quem
       foi o pai dela.
   • Iremos saber como fisiologicamente funciona a reprodução dos
       peixes.
   • Iremos ainda conhecer os diversos hormônios que poderão ser
       utilizados na hipofização.
   • Iremos também conhecer como é feito na prática a extração de uma
       hipófise e como é feito o preparo dela para aplicação em peixes.
   • Por fim mostraremos todo procedimento prático que são realizados
       para reprodução artificial de peixes.


2.1 Propagação artificial de peixes migratórios


       Prezados alunos, nesta aula iniciaremos fazendo um breve histórico
da propagação artificial em peixes migratórios. Iremos conhecer o pai da
piscicultura do Brasil e a importância dele para o mundo. Depois iremos
estudar a fisiologia reprodutiva dos peixes. Iremos também conhecer como
na prática retiramos uma hipófise de peixe e em seguida como prepará-la
para ser aplicada em um peixe. Finalmente, iremos de uma maneira prática,
conhecer todos os procedimentos que atualmente são empregados para
indução artificial de peixes.
2.2. Como tudo começou.


      Como já sabemos a piscicultura, é uma atividade das mais
antigas, pois já era praticada por povos milenares antes de Cristo.
Existem muitos relatos de que os povos do antigo Egito já desenvolviam
criações de peixes desde o ano de 2.500 A.C. Os chineses, por
exemplo, já cultivam a carpa capim desde dinastia Tang (618-914 a.C).
No entanto, por trata-se de um peixe que não reproduz e viveiros, pois é
um peixe de piracema, isto é, precisa realizar a migração para poder
reproduzir, o cultivo era realizado através de alevinos obtidos no
ambiente natural.
      E quais são estes métodos ou condições adequadas? Bem, entre
estes métodos podemos destacar a simulação de enchentes, a
colocação de substratos que servem de refúgio ou lugar de desova,
elevação da temperatura, etc.. Tais procedimentos foram úteis e
obtiveram sucesso para muitas espécies de peixes como bagres,
tilápias, algumas carpas e muito outros peixes. No entanto, estes
simuladores de ambientes naturais e outros métodos de indução a
desova não funcionavam naquelas espécies conhecidas como reofílicas,
ou seja, que migra na época da reprodução. Como exemplo destas
espécies podemos citar, a carpa capim, o matrinxã, o tambaqui, a
pirapitinga e muitas outras.


Saiba mais


Espermiação:    consiste       na   liberação   dos   espermatozóides,   células
especializadas dos machos que irão fecundar os ovócitos das fêmeas.


      Muitos anos se passaram sem que nenhum sucesso na desova
de peixes migradores tornasse realidade; até que em 1930 um Argentino
chamado de Houssay obteve a liberação de ovos através da
implantação da hipófise de peixe em outros peixes ovovivíparos. Esta
notícia científica chegou aos ouvidos de um brasileiro chamado de
Rodolpho Von Ihering que logo empenhou, ele seu grupo, em
desenvolver pesquisas em peixes reofílicos brasileiros. Poucos anos
depois (1935) Ihering obteve sucesso na indução à maturação final e
desova de um peixe migrador, o curibatá Prochilodus sp..
       Os resultados dessa pesquisa foram então divulgados no XV
Congresso Internacional de Fisiologia, em Leningrado e Moscou. A
técnica denominada, por Ihering e seu grupo, de “hipofisação” ficou
mundialmente conhecida.
Saiba mais
Ovovivíparos – São os animais cujo embrião se desenvolve dentro de um
ovo alojado no corpo da mãe. O ovo recebe assim proteção, mas
desenvolve-se a partir do material nutritivo existente dentro do ovo


       Podemos então definir hipofização como um conjunto de técnicas
empregadas na aplicação de hormônios hipofisários ou artificiais, em
peixes sexualmente maduros, visando provocar a maturação final e
ovulação nas fêmeas, como também da emissão do líquido espermático
nos machos em condições de fecundação. Portanto, mesmo que o
hormônio que é aplicado em um peixe não seja de origem hipofisária,
assim mesmo a ação será chamada de hipofização.


3.3 O Pai da Piscicultura do Brasil.
       Antes de continuarmos nossa aula vamos conhecer um pouco da
história de um homem muito importante, não somente para a piscicultura do
Brasil, mas a mundial, Rodolpho Theodor Wilhelm Gaspar von Ihering
(Figura 1).
Figura 1. Rodolpho Von Ihering considerado o pai da piscicultura do Brasil
Fonte: http://www.ao.com.br/ao137.htm



         A primeira impressão que dar é que ao ler seu nome é que parece
tratar-se de uma pessoa estrangeira. Na verdade ele nasceu no Brasil,
precisamente na cidade de Taquara do Mundo Novo, no estado do Rio
Grande do Sul em 17 de julho de 1883.
         Ele era filho e neto de pessoas importantes, o pai chamado Hermann
Friedrich Albrecht von Ihering zoólogo e seu avô Caspar Rudolf von Ihering
um importante jurista. Rodolpho Von Ihering teve a formação em zoologia de
maneira natural, à medida que freqüentava o laboratório de seu pai. Depois,
em 1911, passou quase um ano trabalhando na Estação Biológica de
Nápoles e depois, na Universidade de Viena. Atuou, também, no laboratório
de entomologia do Muséum National d´Histoire Naturelle, em Paris, com o
professor e entomologista Louis Eugène Bouvier (1856-1944).
         A partir de 1927 ele direcionou a pesquisa no ramo da ictiologia,
publicando vários trabalhos sobre sistemática, classificando inúmeras novas
espécies de peixes. Em 1934, ele juntamente com a sua equipe,
desenvolveu um método artificial de reprodução de peixes, conhecido como
hipofisação, pelo qual foi considerado o pai da piscicultura no Brasil, e
obteve reconhecimento internacional por desenvolver este sistema pioneiro
de fecundação artificial de peixes. Fato que para nós brasileiros temos em
muito de nos orgulharmos.
         Pela sua pesquisa o Governo da época (1937) convidou Rodolpho
Von Ihering para organizar estações de piscicultura no estado de São Paulo
e Rio Grande do Sul. Rodolpho von Ihering faleceu no dia 15 de setembro de
1939.
3.4. Controle e Mecanismo Hormonais.


Caros alunos,


      Vamos saber agora como funcionam o controle e o os mecanismos
hormonais nos peixes.
      Sabemos que os estímulos ambientais são captados pelas
estruturas sensoriais dos olhos, sistema olfatório, auditivo dos peixes e
transmitido ao cérebro. Estes estímulos captados pelos peixes podem
ser, por exemplo, a chuva abundante, mudança de temperatura no
ambiente, mudança da coloração da água, feromônios e muitos outros.
Estas informações chegam ao hipotálamo do animal que responde
automaticamente       pela   liberação   de   mensageiros   químicos,   os
hormônios.


Saiba mais
      O que significa Feromônios: Os feromônios ou ainda feromonas são
aquelas substâncias químicas que são lançadas por um indivíduo que
quando captadas por outros animais de uma mesma espécie (intra-
específica), permitem o reconhecimento mútuo e sexual dos indivíduos.


Saiba mais
O   que   significa    Hormônio:    Os    hormônios   são   substancias      que
desempenham o estímulo encargo ou transporte de mensagem.


      Os elementos do sistema envolvidos e responsáveis pela reprodução
dos peixes são:
          • O hipotálamo – Região do cérebro que produz neurohormônios,
             dentre eles aqueles responsáveis pela inibição e pelo estimulo
•   da reprodução que são: a dopamina e o hormônio liberador da
              gonadotropina (GnRH), respectivamente.


          • A hipófise – Glândula responsável em produzir vários
              hormônios entre eles àqueles responsáveis pela reprodução.


          • As gônadas (ovários e testículos) - Produzem as células
              sexuais (Gametas) necessárias para a sua reprodução.




Figura. 2- Mostrando todo mecanismo hormonal envolvidos na reprodução
dos peixes.
Fonte: Ventuieri & Bernardino, 1999.


Caro aluno,


    Para entender o mecanismo hormonal envolvido na reprodução dos
peixes será necessário acompanhar a figura 2. Vamos então simular o que
acontece com um peixe qualquer existente na natureza, por exemplo, um
tambaqui do sexo feminino. Assim, iremos dividir em etapas para você
melhor compreender.
Etapa 1.


    Nosso tambaqui já maduro sexual nada tranquilamente em rio
amazônico e, como não há nenhum estimulo ambiental que são sentidos
pelos órgãos sensoriais (olhos, olfato, narinas audição) nada acontece.
    Mas de repente começa a chover no local e o nosso tambaqui detecta
isto e estas mensagens são levadas ao cérebro. Este por sua vez envia
estas para o hipotálamo. No hipotálamo, como já vimos anteriormente,
produz neurohormônios, entre eles há dois responsáveis pela reprodução: A
dopamina e os hormônios liberadores da gonadotropina (GnRH). A
dopamina inibe a reprodução enquanto que o GnRH induz a mesma.
    Se os estímulos forem positivos (pois está chovendo, o rio está cheio e
tudo está propício para que nosso peixe possa se reproduzir) então
hipotálamo reduz a produção de dopamina e aumenta a produção de GnRH
e o envia para a hipófise dando “ok” para o início da reprodução.


    Etapa 2.


      A Hipófise que dentre vários hormônios que produz há dois
responsáveis pelo controle da reprodução (Ver figura 2):


           • Hormônio gonadotrópico I (GtH I) e,
           • Hormônio gonadotrópico II (GtH II)


      Assim, a hipófise ao receber as informações vindas do hipotálamo
lança na corrente sanguínea o hormônio gonadotrófico I que vai até as
gônadas (ovário, já que é uma fêmea) de nosso tambaqui. As gônadas por
sua vez, começam a produzir esteróides conhecido como Estradiol 17β que
irão agir na maturação dos gametas e o leva através da corrente sanguínea
e é transportado até o fígado. Neste, o estradiol estimula a produção do
precursor do vitelo, a vitelogenina, que volta para o ovário (pela corrente
sanguínea) e é incorporado pelo os ovócitos (ovos) em crescimento.


    Etapa 3.


      Uma vez que a deposição do vitelo (conhecida como vitelogênese) se
completa, ocorre uma redução do hormônio gonadotropina I pela hipófise e,
este começa a liberar no sangue a gonadotropina II. Este hormônio faz com
a gônada mude a produção do estradiol para outro hormônio conhecido
como progestinas. Este fará com que o nosso tambaqui complete a
maturação dos ovócitos e, os estes estarão prontos para ser ovulados, o que
resultará na desova.
    Nos machos, os testículos recebem ações das gonadotropinas durante
seu desenvolvimento, mas outros hormônios como os andrógenos e
progestinas estão envolvidos no processo.




3.5. A hipofização e os tipos de hormônios utilizados na piscicultura


      Caro aluno,


      Olhando mais vez a figura 2, vamos agora pensar um pouco, de que
forma os cientistas puderam obter em cativeiro a desova de um peixe de
piracema. Na atualidade temos na verdade várias formas de indução a
desova de peixes, como segue:


      a. Os inibidores da dopamina


      Sabemos, por exemplo, que o hipotálamo produz um neurohormônio
conhecido como dopamina e que esta por sua vez é um inibidor da
reprodução, não é mesmo? Ora! Se utilizarmos uma substância que iniba a
produção de dopamina então haverá conseqüentemente uma alteração na
produção dos hormônios liberadores da gonadotropina (GnRH) fazendo com
que os estímulos da reprodução seja iniciados.
      Os dois inibidores da dopamina mais conhecidos são a domperidona
e a pimozida. Estas substâncias são encontradas no comercio.


      b. Hormônios Liberadores de Gonadotropinas - GnRHsLiberador ou
           luteinizante


      Como vimos, o início do processo reprodutivo é iniciado quando os
hormônio    liberadores   da   gonadotropina    (GnRH)      é   produzido   pelo
hipotálamo. Na verdade há vários tipos de GnRH, um dos mais conhecidos é
o LHRH (Luteinizing-hormone Releasing Hormone).
      Um     fato   bastante   interessante    de   saber   é    os   hormônios
gonadotropicos produzidas pelos peixes não são as mesmas do luteinizante
de mamíferos, mas são análogos, isto é, a cadeia de aminoácido de um é
muito parecida com a de outro. Assim, a molécula de GnRH de peixes
(salmão) é 80% idêntica a do LHRH de mamíferos (tabela 1) e por isso elas
podem ser utilizada para indução a desova de peixes.


           • A dosagem de LHRH para fêmeas é de 10 a 15mg/kg e 3 a
              5mg/kg para os machos.
Tabela 1. Seqüências de aminoácidos de GnRH de mamíferos de algumas
espécies de peixe.
                   1          2      3     4      5      6     7     8     9     10
Mamífero               pGLU    HIS   TRP    SER   TYR    GLY   LEU   ARG   PRO   GLY-
                                                                                 NH2
Salmão                 pGLU    HIS   TRP    SER   TYR    GLY   TRP   LEC   PRO   GLY-
                                                                                 NH2
Catfish                pGLU    HIS   TRP    SER    HIS   GLY   LEU   ASN   PRO   GLY-
                                                                                 NH2
Pacu                   pGLU    HIS   TRP    SER   TYR    GLY   LEU   SER   PRO   GLY-
                                                                                 NH2
Fonte: Ventuieri & Bernardino 1999.


              c.        Gonadotropinas (GtHs)


              •         HCG


          Outra maneira de induzirmos a desova é aumentando as taxas dos
hormônios gonadotróficos. Neste caso temos dois caminhos: ou utilizamos
hormônios de origem hipofisária ou de origem placentária
                        Este último, um do mais conhecido é o HCC (Gonadotropina
Coriônica) é obtido através da urina de mulheres grávidas. Após sua
purificação poderá ser normalmente utilizado para a indução a desova de
peixes.


          •             Extrato de Hipófises de peixes


          Caro aluno,


          Finalmente chegamos à técnica de indução mais conhecida, sendo
aquela utilizada por Rodolpho Von Ihering. Por este motivo iremos agora
falar desta técnica mais detalhadamente. Tentaremos ainda tentar, ao
máximo, mostrar como é feito na realidade nos Laboratórios de propagação
artificial de peixes.
       Iniciaremos então conhecendo onde, no peixe, localiza-se a hipófise.
Esta glândula endócrina, localizada na cabeça dos peixes, no interior duma
depressão do osso conhecida como sela túrcica do esfenóide. Vamos então,
seguindo como mostra a figura 3, seguir cada passo, como segue:


       a. Primeiro temos que fazer com que o peixe fique bem fixo para que
            possamos fazer os cortes sem problemas. Para isso podemos
            construir como mostra figuras, um imobilizador de peixe,
            conhecido como calha de detenção.


       b. Com auxílio de um arco de serra, serramos transversalmente, na
            posição logo atrás dos olhos; este corte vai até a posição
            perpendicular as narinas do peixe.


       c.   Podemos em seguida fazer um corte horizontal com o arco de
            serra da posição iniciando nas narinas indo encontrar o corte
            transversal. Outra maneira é usar um instrumento chamado de
            costótomo, e fazemos como mostra a figura 3.1.


       d. Utilizando uma pinça afastamos o encéfalo, e logo abaixo
            encontraremos a sela túrcica do esfenóide e lá, estará a hipófise
            protegida por uma membrana. A hipófise é de forma esférica e é
            bem pequena (ver figura 3.4).


       e. Finalmente como auxílio de uma pinça ou mesmo com a tampa de
            uma caneta BIC retiramos a hipófise.
Figura 3. Mostrando uma das formas prática de retirada de uma hipófise em
um peixe.
Fonte: Fontenele, 1981.




3.6. Preparação da dose hormonal


      Caro aluno,


      Agora que aprendemos a retirar uma hipófise iremos em seguida
saber como prepará-la e, conseqüentemente aplicá-la em um peixe. Bem, o
primeiro passo é preparação dela que é tal como é descrito abaixo:
a. Com base no peso dos peixes e das hipófises, determina-se o
número de glândulas que serão usadas na dose.
         b. Esterilização de seringa e tubos de ensaio. Desinfetar, com éter
sulfúrico, todo material que irar ser usado.
         c. Com auxílio da pinça, retirar as hipófises do frasco e colocá-las no
gral, deitando-se sobre elas 2 a 3 gotas de glicerina líquida, a fim de facilitar
a maceração e a diluição das mesmas no soro fisiológico,
         d. Macerar as hipófises com auxílio do pistilo em um gral.
         e. Transferir, com auxílio da seringa sem agulha, o triturado de
hipófise.
         f. Centrifugar durante 1 minuto em centrífuga manual ou elétrica; e
         g. Transferir para outro tubo de ensaio a parte líquida centrifugada,
que contém hormônios hipofisários prontos para serem aplicados em um
peixe.


3.6. Dosagens e aplicação das doses


         Caro aluno,


         Iremos agora conhecer a quantidade de hipófise que iremos utilizar
assim como o número aplicações que devemos usar para cada peixe. Como
a dosagens são diferentes para fêmeas e machos, faremos isto
separadamente, como segue:


            • Fêmeas


            Na propagação artificial aplicam-se duas doses hormonais nas
         fêmeas. Sendo que se utiliza um total de 5mg de hipófise seca/kg de
         peso corporal da fêmea.
               Na primeira dose aplica-se 10%, ou seja, 0,5mg/kg e na
         segunda 90% (4,5mg/kg).
Há um ditado que diz:


             “É bom ser avarento na 1ª dose e generoso na 2ª dose” e isto
      deve ser seguido.


          • Machos


      Necessita-se apenas de uma pequena dose hormonal, ou seja, a
metade daquela dose utilizada nas fêmeas. Aplica-se, assim, 2,5mg de
hipófise por kg de peixe. Nos machos é realizado apenas uma aplicação que
é dada simultaneamente quando da segunda dosagem            aplicada nas
fêmeas.




3.6. Aplicação do hormônio


      Finalmente chegamos a fase de aplicação do hormônio. Para facilitar
o entendimento iremos mostrar uma seqüência de fotos que mostra como na
pratica faz-se a aplicação, como segue:
      A figura 5 mostra como se aplica a hipófise em um peixe, de uma
maneira geral, podemos aplicar na cavidade abdominal ou se preferir
intramuscular na parte dorsal do peixe.
Figura 5. Aplicação do hormônio na cavidade abdominal.


       Doze horas depois se aplica a segunda dose, tanto nas fêmeas como
nos machos. É possível que as fêmeas possam perder os ovócitos ainda no
tanque. Assim, é comum fazer a sutura em X no orifício genital.
       Antes de passarmos adiante, precisamos conhecer como se
determina o tempo certo de retirar as fêmeas e machos dos tanques para
que possa obter os ovos e espermatozóides. Para isto precisamos calcular o
que chamamos de hora-grau.
       Hora-grau é definido como a soma das temperaturas da água do
tanque onde se encontram reprodutores e reprodutrizes. Este somatório é
obtido pela soma em cada hora decorridas após a injeção da segunda dose
hormonal nos peixes. Deste modo, para cada espécie de peixe existe uma
hora grau que varia ainda de acordo com a temperatura ambiente da água.
Observe na tabela 2, como foi calculada a hora-grau para um tambaqui após
a aplicação da 2° dose de hipófise, note que quando o somatório atingiu a
266,7 o peixe estava pronto para realizar a extrusão.


Saiba mais


Extrusão em peixes – Técnica que consiste na coleta de óvulos e sêmen
diretamente de ovários e testículos, mediante pressões exercidas na região
ventral dos peixes, na direção do orifício genital.
Tabela 2. Temperatura da água após a segunda dose em um tambaqui,
Colossoma macropomum até a desova.
Hora                                  Grau
8:30                                  28,1
9:30                                  28,4
!0:30                                 28,8
11:30                                 29,3
12:30                                 29,8
13:30                                 30,3
14:30                                 30,7
15:30                                 30,7
16:00                                 30,6
Soma                                  266,7
Fonte: Cavalcante-Filho, 2009


        Após a segunda dosagem de hipófise e seguido a hora-grau está na
hora de retiramos a fêmea e o macho para realizar a extrusão do sêmen.
        Primeiro tiramos a fêmea e a colocamos sob uma esponja. A cabeça
do indivíduo deve ser coberta com uma toalha para evitar que ela se agite,
mantendo-se calma, como mostra a figura 7.
        Assim, pressionamos o abdômen da fêmea no sentido do orifício
genital e note que os ovócitos da fêmea fluem normalmente no balde. O
mesmo procedimento é feito com os machos.
        Depois da extrusão realizamos a mistura dos ovócitos com o esperma
com auxílio de material macio; exemplo, uma pena de uma ave. Logo em
seguida, é só adicionar água até que todo material seja totalmente coberto
como mostra a figura 8. Assim, os ovócitos serão fecundados.
Você




Figura 7. Mostrando a extrusão, ou seja, coleta de óvulos e sêmen de
ovários e testículos.




Figura 8. Mostrando o procedimento realizado após a extrusão.


       O próximo procedimento será o transporte dos ovos para incubadoras
que é feito em sacos plástico com água insuflado com oxigênio.
Figura 9. Incubadoras onde serão transferidos os ovos fecundados dos
peixes hipofisados.
Fonte: codevasf.gov.br, acesso janeiro 2011.



       As incubadoras devem ter água corrente na velocidade de
       7L/segundo. Após a eclosão, as larvas ainda são mantidas nas nelas
       até passarem a pós-larvas. Em seguida são transferidas para
       incubadora de 200 litros. Densidade de pós-larvas de até 100.000
       pós-larvas por um período de até 5 dias.


       Resumo


       Nesta aula, conhecemos a história de como foi inventada a indução a
desova mundial. Vimos um pouco sobre como fisiologicamente os peixes se
reproduzem e como é feito a dosagem, cuidados e aplicação de hormônio
em peixes.
Referências


Aguas Claras-Tecnologia na Produção de Peixes. Quem é o Pai da
Piscicultura?    http://www.grupoaguasclaras.com.br/artigos/quem-e-o-
pai-da-piscicultura. Acesso: janeiro 2011.

BOCK, C. L.; PADOVANI, C. R. Considerações sobre a reprodução
artificial e alevinagem de pacu (Piaractus mesopotamicus, Holmberg,
1887) em viveiros. Acta Scientiarum, Maringa, PN, 22(2):495-501, 2000.

BOMBARDELLI, R. A; SYPERRECK, M. A.; SANCHES, E. A. Hormônio
liberador de gonadotrofinas em peixes: aspectos básicos e suas
aplicações. Arquivos de Ciências. Veterinárias e Zoologia, UNIPAR,
Umuarama, 9(1):59-65, 2006

CARMARGO, J. B. et al. Cultivo de Alevinos de Carpa Capim
(Ctenopharyngodon Idella) Alimentados dom Ração e Forragens
Cultivadas Pastures. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, 12(2,): p.
211-215, 2006.

CAVALCANTE FILHO, L. A. et al. Técnica de Propagação Artificial em
Tambaqui (Colossoma macropomum) (Cuvier, 1818). IX Jornada de
Ensino, Pesquisa e extensão-Jepex. Universidade Federal de Pernambuco,
Recife, 4p.

Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930).
Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. IHERING, RODOLPHO THEODOR
WILHELM GASPAR VON. (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br).
Acesso: Janeiro 2011.

FAO. Cultured Species information Programme Ctenopharyngodon
idellus         (Valenciennes,           1844).       Disponível       em
http://www.fao.org/fishery/culturedspecies/Ctenopharyngodon_idella/en.
Acesso: janeiro 2011.

FONTENELE, O. Métodos de hipofização de peixes adotado pleo DNOCS.
DNOCS, Fotaleza. 30p,1981.

MURFAS, L. D. S. Manipulação do ciclo e da eficiência reprodutiva em
espécies nativas de peixes de água doce Revista Brasileira de
Reprodução Animal. Supl, Belo Horizonte.6: 70-76, 2009.

NAVARRO, R. D. et al. Reprodução induzida de curimbatá (Prochilodus
affinis) com uso de extrato bruto hipofisário de rã touro (Rana
catesbeiana). Zootecnia Tropical, Macaray, 25(2): 143-147. 2007.
PONZI-JR, M. Otimização da taxa de fertilização e eclosão de larvas de
tambaqui, Colossoma Macropomumn(Cuvier, 1816) abolindo Instrumentos.
DISSERTAÇÃO de Mestrado, Universidade Federal Rural de Pernambuco,
Recife. 2003, 34p.

STREIT-JR, D. P. et al. As tendências da utilização do extrato de
hipófise na reprodução de peixes – revisão. Arquivos de Ciências
Veterinária e Zoologia, Unipae, Umuarama. 5(2): 231-238. 2002.

ZANIBONI-FILHO; F; WEINGARTNER, M. Técnicas de indução da
reprodução de peixes migradores. Revista Brasileira de Reprodução
Animal, Belo Horizonte, 31(3): 367-373, 207.

VENTUERI, R. & BERNARDINO, G. 1999. Hormônios na reprodução
artificial de peixes. Panorama da Aqüicultura, Rio de Janeiro, 55(9) : p. 39-
49, 1999.

Contenu connexe

Tendances (12)

Sistema Reprodutor Comparado - Fisiologia Comparada
Sistema Reprodutor Comparado - Fisiologia ComparadaSistema Reprodutor Comparado - Fisiologia Comparada
Sistema Reprodutor Comparado - Fisiologia Comparada
 
S7 lamabri em bft
S7 lamabri em bftS7 lamabri em bft
S7 lamabri em bft
 
Desova
DesovaDesova
Desova
 
Apresentação de Jonas Rodrigues Leite
Apresentação de Jonas Rodrigues LeiteApresentação de Jonas Rodrigues Leite
Apresentação de Jonas Rodrigues Leite
 
Aula 1 piscicultura - questões economicas e mercado consumidor
Aula 1   piscicultura - questões economicas e mercado consumidorAula 1   piscicultura - questões economicas e mercado consumidor
Aula 1 piscicultura - questões economicas e mercado consumidor
 
Apresentação de Wesley F. Annunciação
Apresentação de Wesley F. AnnunciaçãoApresentação de Wesley F. Annunciação
Apresentação de Wesley F. Annunciação
 
Artópodes
ArtópodesArtópodes
Artópodes
 
Aula 05
Aula 05Aula 05
Aula 05
 
13
1313
13
 
1ª F.I - DRAGÃO DE KOMODO
1ª F.I - DRAGÃO DE KOMODO1ª F.I - DRAGÃO DE KOMODO
1ª F.I - DRAGÃO DE KOMODO
 
Daphnia
DaphniaDaphnia
Daphnia
 
Manejo de Insetos nas cultura de soja, milho e algodão na Região de Goiás e M...
Manejo de Insetos nas cultura de soja, milho e algodão na Região de Goiás e M...Manejo de Insetos nas cultura de soja, milho e algodão na Região de Goiás e M...
Manejo de Insetos nas cultura de soja, milho e algodão na Região de Goiás e M...
 

En vedette

En vedette (20)

Piscicultura
Piscicultura Piscicultura
Piscicultura
 
Piscicultura
PisciculturaPiscicultura
Piscicultura
 
Piscicultura
PisciculturaPiscicultura
Piscicultura
 
Ictio3
Ictio3Ictio3
Ictio3
 
Emoção, enriquecimento ambiental e bem estar em peixes-slideshare
Emoção, enriquecimento ambiental e bem estar em peixes-slideshareEmoção, enriquecimento ambiental e bem estar em peixes-slideshare
Emoção, enriquecimento ambiental e bem estar em peixes-slideshare
 
aquaCultura
aquaCulturaaquaCultura
aquaCultura
 
Fisiologia de peixes
Fisiologia de peixesFisiologia de peixes
Fisiologia de peixes
 
Aquacultura/Aquicultura
Aquacultura/Aquicultura Aquacultura/Aquicultura
Aquacultura/Aquicultura
 
Umbuzeiro - Caatinga
Umbuzeiro - Caatinga Umbuzeiro - Caatinga
Umbuzeiro - Caatinga
 
Visita Técnica a Estação de Piscicultura de Bebedouro-PE, 3ª/EPB
Visita Técnica a Estação de Piscicultura de Bebedouro-PE, 3ª/EPBVisita Técnica a Estação de Piscicultura de Bebedouro-PE, 3ª/EPB
Visita Técnica a Estação de Piscicultura de Bebedouro-PE, 3ª/EPB
 
A dureza em aquários de água doce
A dureza em aquários de água doceA dureza em aquários de água doce
A dureza em aquários de água doce
 
Manejo animais silvestres
Manejo animais silvestresManejo animais silvestres
Manejo animais silvestres
 
piscicultura
pisciculturapiscicultura
piscicultura
 
Aquicultura
AquiculturaAquicultura
Aquicultura
 
Piscicultura
PisciculturaPiscicultura
Piscicultura
 
APOSTILA DE PISCICULTURA BASICA EM VIVEIROS ESCAVADOS
APOSTILA DE PISCICULTURA BASICA EM VIVEIROS ESCAVADOSAPOSTILA DE PISCICULTURA BASICA EM VIVEIROS ESCAVADOS
APOSTILA DE PISCICULTURA BASICA EM VIVEIROS ESCAVADOS
 
Piscicultura
Piscicultura Piscicultura
Piscicultura
 
Reprodução nos animais
Reprodução nos animais Reprodução nos animais
Reprodução nos animais
 
Aula: Sistema Endócrino (Power Point)
Aula: Sistema Endócrino (Power Point)Aula: Sistema Endócrino (Power Point)
Aula: Sistema Endócrino (Power Point)
 
Aquacultura
AquaculturaAquacultura
Aquacultura
 

Similaire à Propagação artificial aula 2

Introdução a Embriologia
Introdução a Embriologia Introdução a Embriologia
Introdução a Embriologia Anderson Santana
 
apostila2012fisioII.pdf
apostila2012fisioII.pdfapostila2012fisioII.pdf
apostila2012fisioII.pdfmilenasiebel
 
Fisiologia sistema digestório_
Fisiologia sistema digestório_Fisiologia sistema digestório_
Fisiologia sistema digestório_Grayce Guilherme
 
Rinobatos horkelli: Desenvolvimento e ciclo sexual das fêmeas no Sul do Brasil
Rinobatos horkelli: Desenvolvimento e ciclo sexual das fêmeas no Sul do BrasilRinobatos horkelli: Desenvolvimento e ciclo sexual das fêmeas no Sul do Brasil
Rinobatos horkelli: Desenvolvimento e ciclo sexual das fêmeas no Sul do BrasilNicole Russo Guerrato
 
Sistemas reprodutores masculino e feminino/ regulação hormonal
Sistemas reprodutores masculino e feminino/ regulação hormonalSistemas reprodutores masculino e feminino/ regulação hormonal
Sistemas reprodutores masculino e feminino/ regulação hormonalBE ESGN
 
Quiz sobre Sistema Reprodutor HUMANO.pptx
Quiz sobre Sistema Reprodutor HUMANO.pptxQuiz sobre Sistema Reprodutor HUMANO.pptx
Quiz sobre Sistema Reprodutor HUMANO.pptxDayane53
 
Anatomia e fisiologia de peixes
Anatomia e fisiologia de peixesAnatomia e fisiologia de peixes
Anatomia e fisiologia de peixesLucianoQuadros3
 
Reprodução Nos Animais
Reprodução Nos AnimaisReprodução Nos Animais
Reprodução Nos Animaisvisiense
 
Sistema Límbico_EC2019 (1).pdf
Sistema Límbico_EC2019 (1).pdfSistema Límbico_EC2019 (1).pdf
Sistema Límbico_EC2019 (1).pdfMartolino Prova
 
Fisiologia Reprodutiva - Macho.pdf
Fisiologia Reprodutiva - Macho.pdfFisiologia Reprodutiva - Macho.pdf
Fisiologia Reprodutiva - Macho.pdfFernandaSantos690601
 
Aula 8 o ectoplasma
Aula 8 o  ectoplasmaAula 8 o  ectoplasma
Aula 8 o ectoplasmajcevadro
 
AULA 1- Introdução a biologia no ensino medio.pptx
AULA 1- Introdução a biologia no ensino medio.pptxAULA 1- Introdução a biologia no ensino medio.pptx
AULA 1- Introdução a biologia no ensino medio.pptxFranciscaalineBrito
 
Fisiologia Humana - Sistema Reprodutor e Regulação Hormonal
Fisiologia Humana - Sistema Reprodutor e Regulação HormonalFisiologia Humana - Sistema Reprodutor e Regulação Hormonal
Fisiologia Humana - Sistema Reprodutor e Regulação HormonalAlexandre Alves De Sousa
 

Similaire à Propagação artificial aula 2 (20)

Introdução a Embriologia
Introdução a Embriologia Introdução a Embriologia
Introdução a Embriologia
 
apostila2012fisioII.pdf
apostila2012fisioII.pdfapostila2012fisioII.pdf
apostila2012fisioII.pdf
 
Fisiologia sistema digestório_
Fisiologia sistema digestório_Fisiologia sistema digestório_
Fisiologia sistema digestório_
 
Rinobatos horkelli: Desenvolvimento e ciclo sexual das fêmeas no Sul do Brasil
Rinobatos horkelli: Desenvolvimento e ciclo sexual das fêmeas no Sul do BrasilRinobatos horkelli: Desenvolvimento e ciclo sexual das fêmeas no Sul do Brasil
Rinobatos horkelli: Desenvolvimento e ciclo sexual das fêmeas no Sul do Brasil
 
Hipófise anatofisiologia
Hipófise anatofisiologiaHipófise anatofisiologia
Hipófise anatofisiologia
 
Sistemas reprodutores masculino e feminino/ regulação hormonal
Sistemas reprodutores masculino e feminino/ regulação hormonalSistemas reprodutores masculino e feminino/ regulação hormonal
Sistemas reprodutores masculino e feminino/ regulação hormonal
 
Quiz sobre Sistema Reprodutor HUMANO.pptx
Quiz sobre Sistema Reprodutor HUMANO.pptxQuiz sobre Sistema Reprodutor HUMANO.pptx
Quiz sobre Sistema Reprodutor HUMANO.pptx
 
Anatomia e fisiologia de peixes
Anatomia e fisiologia de peixesAnatomia e fisiologia de peixes
Anatomia e fisiologia de peixes
 
Reprodução Nos Animais
Reprodução Nos AnimaisReprodução Nos Animais
Reprodução Nos Animais
 
Biologia
BiologiaBiologia
Biologia
 
Larissa psicanalise
Larissa psicanaliseLarissa psicanalise
Larissa psicanalise
 
Sistema Límbico_EC2019 (1).pdf
Sistema Límbico_EC2019 (1).pdfSistema Límbico_EC2019 (1).pdf
Sistema Límbico_EC2019 (1).pdf
 
Poríferos
PoríferosPoríferos
Poríferos
 
Biologia
BiologiaBiologia
Biologia
 
Classe insecta
Classe insectaClasse insecta
Classe insecta
 
Fisiologia Reprodutiva - Macho.pdf
Fisiologia Reprodutiva - Macho.pdfFisiologia Reprodutiva - Macho.pdf
Fisiologia Reprodutiva - Macho.pdf
 
Aula 8 o ectoplasma
Aula 8 o  ectoplasmaAula 8 o  ectoplasma
Aula 8 o ectoplasma
 
AULA 1- Introdução a biologia no ensino medio.pptx
AULA 1- Introdução a biologia no ensino medio.pptxAULA 1- Introdução a biologia no ensino medio.pptx
AULA 1- Introdução a biologia no ensino medio.pptx
 
Fisiologia Humana - Sistema Reprodutor e Regulação Hormonal
Fisiologia Humana - Sistema Reprodutor e Regulação HormonalFisiologia Humana - Sistema Reprodutor e Regulação Hormonal
Fisiologia Humana - Sistema Reprodutor e Regulação Hormonal
 
Gaba3
Gaba3Gaba3
Gaba3
 

Dernier

Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedJaquelineBertagliaCe
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...AnaAugustaLagesZuqui
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxAntonioVieira539017
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxJustinoTeixeira1
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geralQUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geralAntonioVieira539017
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptxJssicaCassiano2
 
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdfAPRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdfgerathird
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeitotatianehilda
 
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptxCópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptxSilvana Silva
 
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptxPoesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptxPabloGabrielKdabra
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...azulassessoria9
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxMarcosLemes28
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmicolourivalcaburite
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfamarianegodoi
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfAutonoma
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*Viviane Moreiras
 
classe gramatical Substantivo apresentação..pptx
classe gramatical Substantivo apresentação..pptxclasse gramatical Substantivo apresentação..pptx
classe gramatical Substantivo apresentação..pptxLuciana Luciana
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptjricardo76
 

Dernier (20)

Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geralQUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdfAPRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
 
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptxCópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
 
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptxPoesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
classe gramatical Substantivo apresentação..pptx
classe gramatical Substantivo apresentação..pptxclasse gramatical Substantivo apresentação..pptx
classe gramatical Substantivo apresentação..pptx
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
 

Propagação artificial aula 2

  • 1. Aula 2 – Reprodução Artificial de Peixes Objetivos • Nesta aula iremos aprender como é na realizada a propagação artificial de peixes migratórios. • Iremos conhecer o histórico da indução a desova em peixes e quem foi o pai dela. • Iremos saber como fisiologicamente funciona a reprodução dos peixes. • Iremos ainda conhecer os diversos hormônios que poderão ser utilizados na hipofização. • Iremos também conhecer como é feito na prática a extração de uma hipófise e como é feito o preparo dela para aplicação em peixes. • Por fim mostraremos todo procedimento prático que são realizados para reprodução artificial de peixes. 2.1 Propagação artificial de peixes migratórios Prezados alunos, nesta aula iniciaremos fazendo um breve histórico da propagação artificial em peixes migratórios. Iremos conhecer o pai da piscicultura do Brasil e a importância dele para o mundo. Depois iremos estudar a fisiologia reprodutiva dos peixes. Iremos também conhecer como na prática retiramos uma hipófise de peixe e em seguida como prepará-la para ser aplicada em um peixe. Finalmente, iremos de uma maneira prática, conhecer todos os procedimentos que atualmente são empregados para indução artificial de peixes.
  • 2. 2.2. Como tudo começou. Como já sabemos a piscicultura, é uma atividade das mais antigas, pois já era praticada por povos milenares antes de Cristo. Existem muitos relatos de que os povos do antigo Egito já desenvolviam criações de peixes desde o ano de 2.500 A.C. Os chineses, por exemplo, já cultivam a carpa capim desde dinastia Tang (618-914 a.C). No entanto, por trata-se de um peixe que não reproduz e viveiros, pois é um peixe de piracema, isto é, precisa realizar a migração para poder reproduzir, o cultivo era realizado através de alevinos obtidos no ambiente natural. E quais são estes métodos ou condições adequadas? Bem, entre estes métodos podemos destacar a simulação de enchentes, a colocação de substratos que servem de refúgio ou lugar de desova, elevação da temperatura, etc.. Tais procedimentos foram úteis e obtiveram sucesso para muitas espécies de peixes como bagres, tilápias, algumas carpas e muito outros peixes. No entanto, estes simuladores de ambientes naturais e outros métodos de indução a desova não funcionavam naquelas espécies conhecidas como reofílicas, ou seja, que migra na época da reprodução. Como exemplo destas espécies podemos citar, a carpa capim, o matrinxã, o tambaqui, a pirapitinga e muitas outras. Saiba mais Espermiação: consiste na liberação dos espermatozóides, células especializadas dos machos que irão fecundar os ovócitos das fêmeas. Muitos anos se passaram sem que nenhum sucesso na desova de peixes migradores tornasse realidade; até que em 1930 um Argentino chamado de Houssay obteve a liberação de ovos através da
  • 3. implantação da hipófise de peixe em outros peixes ovovivíparos. Esta notícia científica chegou aos ouvidos de um brasileiro chamado de Rodolpho Von Ihering que logo empenhou, ele seu grupo, em desenvolver pesquisas em peixes reofílicos brasileiros. Poucos anos depois (1935) Ihering obteve sucesso na indução à maturação final e desova de um peixe migrador, o curibatá Prochilodus sp.. Os resultados dessa pesquisa foram então divulgados no XV Congresso Internacional de Fisiologia, em Leningrado e Moscou. A técnica denominada, por Ihering e seu grupo, de “hipofisação” ficou mundialmente conhecida. Saiba mais Ovovivíparos – São os animais cujo embrião se desenvolve dentro de um ovo alojado no corpo da mãe. O ovo recebe assim proteção, mas desenvolve-se a partir do material nutritivo existente dentro do ovo Podemos então definir hipofização como um conjunto de técnicas empregadas na aplicação de hormônios hipofisários ou artificiais, em peixes sexualmente maduros, visando provocar a maturação final e ovulação nas fêmeas, como também da emissão do líquido espermático nos machos em condições de fecundação. Portanto, mesmo que o hormônio que é aplicado em um peixe não seja de origem hipofisária, assim mesmo a ação será chamada de hipofização. 3.3 O Pai da Piscicultura do Brasil. Antes de continuarmos nossa aula vamos conhecer um pouco da história de um homem muito importante, não somente para a piscicultura do Brasil, mas a mundial, Rodolpho Theodor Wilhelm Gaspar von Ihering (Figura 1).
  • 4. Figura 1. Rodolpho Von Ihering considerado o pai da piscicultura do Brasil Fonte: http://www.ao.com.br/ao137.htm A primeira impressão que dar é que ao ler seu nome é que parece tratar-se de uma pessoa estrangeira. Na verdade ele nasceu no Brasil, precisamente na cidade de Taquara do Mundo Novo, no estado do Rio Grande do Sul em 17 de julho de 1883. Ele era filho e neto de pessoas importantes, o pai chamado Hermann Friedrich Albrecht von Ihering zoólogo e seu avô Caspar Rudolf von Ihering um importante jurista. Rodolpho Von Ihering teve a formação em zoologia de maneira natural, à medida que freqüentava o laboratório de seu pai. Depois, em 1911, passou quase um ano trabalhando na Estação Biológica de Nápoles e depois, na Universidade de Viena. Atuou, também, no laboratório de entomologia do Muséum National d´Histoire Naturelle, em Paris, com o professor e entomologista Louis Eugène Bouvier (1856-1944). A partir de 1927 ele direcionou a pesquisa no ramo da ictiologia, publicando vários trabalhos sobre sistemática, classificando inúmeras novas espécies de peixes. Em 1934, ele juntamente com a sua equipe, desenvolveu um método artificial de reprodução de peixes, conhecido como hipofisação, pelo qual foi considerado o pai da piscicultura no Brasil, e obteve reconhecimento internacional por desenvolver este sistema pioneiro de fecundação artificial de peixes. Fato que para nós brasileiros temos em muito de nos orgulharmos. Pela sua pesquisa o Governo da época (1937) convidou Rodolpho Von Ihering para organizar estações de piscicultura no estado de São Paulo e Rio Grande do Sul. Rodolpho von Ihering faleceu no dia 15 de setembro de 1939.
  • 5. 3.4. Controle e Mecanismo Hormonais. Caros alunos, Vamos saber agora como funcionam o controle e o os mecanismos hormonais nos peixes. Sabemos que os estímulos ambientais são captados pelas estruturas sensoriais dos olhos, sistema olfatório, auditivo dos peixes e transmitido ao cérebro. Estes estímulos captados pelos peixes podem ser, por exemplo, a chuva abundante, mudança de temperatura no ambiente, mudança da coloração da água, feromônios e muitos outros. Estas informações chegam ao hipotálamo do animal que responde automaticamente pela liberação de mensageiros químicos, os hormônios. Saiba mais O que significa Feromônios: Os feromônios ou ainda feromonas são aquelas substâncias químicas que são lançadas por um indivíduo que quando captadas por outros animais de uma mesma espécie (intra- específica), permitem o reconhecimento mútuo e sexual dos indivíduos. Saiba mais O que significa Hormônio: Os hormônios são substancias que desempenham o estímulo encargo ou transporte de mensagem. Os elementos do sistema envolvidos e responsáveis pela reprodução dos peixes são: • O hipotálamo – Região do cérebro que produz neurohormônios, dentre eles aqueles responsáveis pela inibição e pelo estimulo
  • 6. da reprodução que são: a dopamina e o hormônio liberador da gonadotropina (GnRH), respectivamente. • A hipófise – Glândula responsável em produzir vários hormônios entre eles àqueles responsáveis pela reprodução. • As gônadas (ovários e testículos) - Produzem as células sexuais (Gametas) necessárias para a sua reprodução. Figura. 2- Mostrando todo mecanismo hormonal envolvidos na reprodução dos peixes. Fonte: Ventuieri & Bernardino, 1999. Caro aluno, Para entender o mecanismo hormonal envolvido na reprodução dos peixes será necessário acompanhar a figura 2. Vamos então simular o que acontece com um peixe qualquer existente na natureza, por exemplo, um
  • 7. tambaqui do sexo feminino. Assim, iremos dividir em etapas para você melhor compreender. Etapa 1. Nosso tambaqui já maduro sexual nada tranquilamente em rio amazônico e, como não há nenhum estimulo ambiental que são sentidos pelos órgãos sensoriais (olhos, olfato, narinas audição) nada acontece. Mas de repente começa a chover no local e o nosso tambaqui detecta isto e estas mensagens são levadas ao cérebro. Este por sua vez envia estas para o hipotálamo. No hipotálamo, como já vimos anteriormente, produz neurohormônios, entre eles há dois responsáveis pela reprodução: A dopamina e os hormônios liberadores da gonadotropina (GnRH). A dopamina inibe a reprodução enquanto que o GnRH induz a mesma. Se os estímulos forem positivos (pois está chovendo, o rio está cheio e tudo está propício para que nosso peixe possa se reproduzir) então hipotálamo reduz a produção de dopamina e aumenta a produção de GnRH e o envia para a hipófise dando “ok” para o início da reprodução. Etapa 2. A Hipófise que dentre vários hormônios que produz há dois responsáveis pelo controle da reprodução (Ver figura 2): • Hormônio gonadotrópico I (GtH I) e, • Hormônio gonadotrópico II (GtH II) Assim, a hipófise ao receber as informações vindas do hipotálamo lança na corrente sanguínea o hormônio gonadotrófico I que vai até as gônadas (ovário, já que é uma fêmea) de nosso tambaqui. As gônadas por sua vez, começam a produzir esteróides conhecido como Estradiol 17β que irão agir na maturação dos gametas e o leva através da corrente sanguínea
  • 8. e é transportado até o fígado. Neste, o estradiol estimula a produção do precursor do vitelo, a vitelogenina, que volta para o ovário (pela corrente sanguínea) e é incorporado pelo os ovócitos (ovos) em crescimento. Etapa 3. Uma vez que a deposição do vitelo (conhecida como vitelogênese) se completa, ocorre uma redução do hormônio gonadotropina I pela hipófise e, este começa a liberar no sangue a gonadotropina II. Este hormônio faz com a gônada mude a produção do estradiol para outro hormônio conhecido como progestinas. Este fará com que o nosso tambaqui complete a maturação dos ovócitos e, os estes estarão prontos para ser ovulados, o que resultará na desova. Nos machos, os testículos recebem ações das gonadotropinas durante seu desenvolvimento, mas outros hormônios como os andrógenos e progestinas estão envolvidos no processo. 3.5. A hipofização e os tipos de hormônios utilizados na piscicultura Caro aluno, Olhando mais vez a figura 2, vamos agora pensar um pouco, de que forma os cientistas puderam obter em cativeiro a desova de um peixe de piracema. Na atualidade temos na verdade várias formas de indução a desova de peixes, como segue: a. Os inibidores da dopamina Sabemos, por exemplo, que o hipotálamo produz um neurohormônio conhecido como dopamina e que esta por sua vez é um inibidor da
  • 9. reprodução, não é mesmo? Ora! Se utilizarmos uma substância que iniba a produção de dopamina então haverá conseqüentemente uma alteração na produção dos hormônios liberadores da gonadotropina (GnRH) fazendo com que os estímulos da reprodução seja iniciados. Os dois inibidores da dopamina mais conhecidos são a domperidona e a pimozida. Estas substâncias são encontradas no comercio. b. Hormônios Liberadores de Gonadotropinas - GnRHsLiberador ou luteinizante Como vimos, o início do processo reprodutivo é iniciado quando os hormônio liberadores da gonadotropina (GnRH) é produzido pelo hipotálamo. Na verdade há vários tipos de GnRH, um dos mais conhecidos é o LHRH (Luteinizing-hormone Releasing Hormone). Um fato bastante interessante de saber é os hormônios gonadotropicos produzidas pelos peixes não são as mesmas do luteinizante de mamíferos, mas são análogos, isto é, a cadeia de aminoácido de um é muito parecida com a de outro. Assim, a molécula de GnRH de peixes (salmão) é 80% idêntica a do LHRH de mamíferos (tabela 1) e por isso elas podem ser utilizada para indução a desova de peixes. • A dosagem de LHRH para fêmeas é de 10 a 15mg/kg e 3 a 5mg/kg para os machos.
  • 10. Tabela 1. Seqüências de aminoácidos de GnRH de mamíferos de algumas espécies de peixe. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Mamífero pGLU HIS TRP SER TYR GLY LEU ARG PRO GLY- NH2 Salmão pGLU HIS TRP SER TYR GLY TRP LEC PRO GLY- NH2 Catfish pGLU HIS TRP SER HIS GLY LEU ASN PRO GLY- NH2 Pacu pGLU HIS TRP SER TYR GLY LEU SER PRO GLY- NH2 Fonte: Ventuieri & Bernardino 1999. c. Gonadotropinas (GtHs) • HCG Outra maneira de induzirmos a desova é aumentando as taxas dos hormônios gonadotróficos. Neste caso temos dois caminhos: ou utilizamos hormônios de origem hipofisária ou de origem placentária Este último, um do mais conhecido é o HCC (Gonadotropina Coriônica) é obtido através da urina de mulheres grávidas. Após sua purificação poderá ser normalmente utilizado para a indução a desova de peixes. • Extrato de Hipófises de peixes Caro aluno, Finalmente chegamos à técnica de indução mais conhecida, sendo aquela utilizada por Rodolpho Von Ihering. Por este motivo iremos agora falar desta técnica mais detalhadamente. Tentaremos ainda tentar, ao
  • 11. máximo, mostrar como é feito na realidade nos Laboratórios de propagação artificial de peixes. Iniciaremos então conhecendo onde, no peixe, localiza-se a hipófise. Esta glândula endócrina, localizada na cabeça dos peixes, no interior duma depressão do osso conhecida como sela túrcica do esfenóide. Vamos então, seguindo como mostra a figura 3, seguir cada passo, como segue: a. Primeiro temos que fazer com que o peixe fique bem fixo para que possamos fazer os cortes sem problemas. Para isso podemos construir como mostra figuras, um imobilizador de peixe, conhecido como calha de detenção. b. Com auxílio de um arco de serra, serramos transversalmente, na posição logo atrás dos olhos; este corte vai até a posição perpendicular as narinas do peixe. c. Podemos em seguida fazer um corte horizontal com o arco de serra da posição iniciando nas narinas indo encontrar o corte transversal. Outra maneira é usar um instrumento chamado de costótomo, e fazemos como mostra a figura 3.1. d. Utilizando uma pinça afastamos o encéfalo, e logo abaixo encontraremos a sela túrcica do esfenóide e lá, estará a hipófise protegida por uma membrana. A hipófise é de forma esférica e é bem pequena (ver figura 3.4). e. Finalmente como auxílio de uma pinça ou mesmo com a tampa de uma caneta BIC retiramos a hipófise.
  • 12. Figura 3. Mostrando uma das formas prática de retirada de uma hipófise em um peixe. Fonte: Fontenele, 1981. 3.6. Preparação da dose hormonal Caro aluno, Agora que aprendemos a retirar uma hipófise iremos em seguida saber como prepará-la e, conseqüentemente aplicá-la em um peixe. Bem, o primeiro passo é preparação dela que é tal como é descrito abaixo:
  • 13. a. Com base no peso dos peixes e das hipófises, determina-se o número de glândulas que serão usadas na dose. b. Esterilização de seringa e tubos de ensaio. Desinfetar, com éter sulfúrico, todo material que irar ser usado. c. Com auxílio da pinça, retirar as hipófises do frasco e colocá-las no gral, deitando-se sobre elas 2 a 3 gotas de glicerina líquida, a fim de facilitar a maceração e a diluição das mesmas no soro fisiológico, d. Macerar as hipófises com auxílio do pistilo em um gral. e. Transferir, com auxílio da seringa sem agulha, o triturado de hipófise. f. Centrifugar durante 1 minuto em centrífuga manual ou elétrica; e g. Transferir para outro tubo de ensaio a parte líquida centrifugada, que contém hormônios hipofisários prontos para serem aplicados em um peixe. 3.6. Dosagens e aplicação das doses Caro aluno, Iremos agora conhecer a quantidade de hipófise que iremos utilizar assim como o número aplicações que devemos usar para cada peixe. Como a dosagens são diferentes para fêmeas e machos, faremos isto separadamente, como segue: • Fêmeas Na propagação artificial aplicam-se duas doses hormonais nas fêmeas. Sendo que se utiliza um total de 5mg de hipófise seca/kg de peso corporal da fêmea. Na primeira dose aplica-se 10%, ou seja, 0,5mg/kg e na segunda 90% (4,5mg/kg).
  • 14. Há um ditado que diz: “É bom ser avarento na 1ª dose e generoso na 2ª dose” e isto deve ser seguido. • Machos Necessita-se apenas de uma pequena dose hormonal, ou seja, a metade daquela dose utilizada nas fêmeas. Aplica-se, assim, 2,5mg de hipófise por kg de peixe. Nos machos é realizado apenas uma aplicação que é dada simultaneamente quando da segunda dosagem aplicada nas fêmeas. 3.6. Aplicação do hormônio Finalmente chegamos a fase de aplicação do hormônio. Para facilitar o entendimento iremos mostrar uma seqüência de fotos que mostra como na pratica faz-se a aplicação, como segue: A figura 5 mostra como se aplica a hipófise em um peixe, de uma maneira geral, podemos aplicar na cavidade abdominal ou se preferir intramuscular na parte dorsal do peixe.
  • 15. Figura 5. Aplicação do hormônio na cavidade abdominal. Doze horas depois se aplica a segunda dose, tanto nas fêmeas como nos machos. É possível que as fêmeas possam perder os ovócitos ainda no tanque. Assim, é comum fazer a sutura em X no orifício genital. Antes de passarmos adiante, precisamos conhecer como se determina o tempo certo de retirar as fêmeas e machos dos tanques para que possa obter os ovos e espermatozóides. Para isto precisamos calcular o que chamamos de hora-grau. Hora-grau é definido como a soma das temperaturas da água do tanque onde se encontram reprodutores e reprodutrizes. Este somatório é obtido pela soma em cada hora decorridas após a injeção da segunda dose hormonal nos peixes. Deste modo, para cada espécie de peixe existe uma hora grau que varia ainda de acordo com a temperatura ambiente da água. Observe na tabela 2, como foi calculada a hora-grau para um tambaqui após a aplicação da 2° dose de hipófise, note que quando o somatório atingiu a 266,7 o peixe estava pronto para realizar a extrusão. Saiba mais Extrusão em peixes – Técnica que consiste na coleta de óvulos e sêmen diretamente de ovários e testículos, mediante pressões exercidas na região ventral dos peixes, na direção do orifício genital.
  • 16. Tabela 2. Temperatura da água após a segunda dose em um tambaqui, Colossoma macropomum até a desova. Hora Grau 8:30 28,1 9:30 28,4 !0:30 28,8 11:30 29,3 12:30 29,8 13:30 30,3 14:30 30,7 15:30 30,7 16:00 30,6 Soma 266,7 Fonte: Cavalcante-Filho, 2009 Após a segunda dosagem de hipófise e seguido a hora-grau está na hora de retiramos a fêmea e o macho para realizar a extrusão do sêmen. Primeiro tiramos a fêmea e a colocamos sob uma esponja. A cabeça do indivíduo deve ser coberta com uma toalha para evitar que ela se agite, mantendo-se calma, como mostra a figura 7. Assim, pressionamos o abdômen da fêmea no sentido do orifício genital e note que os ovócitos da fêmea fluem normalmente no balde. O mesmo procedimento é feito com os machos. Depois da extrusão realizamos a mistura dos ovócitos com o esperma com auxílio de material macio; exemplo, uma pena de uma ave. Logo em seguida, é só adicionar água até que todo material seja totalmente coberto como mostra a figura 8. Assim, os ovócitos serão fecundados.
  • 17. Você Figura 7. Mostrando a extrusão, ou seja, coleta de óvulos e sêmen de ovários e testículos. Figura 8. Mostrando o procedimento realizado após a extrusão. O próximo procedimento será o transporte dos ovos para incubadoras que é feito em sacos plástico com água insuflado com oxigênio.
  • 18. Figura 9. Incubadoras onde serão transferidos os ovos fecundados dos peixes hipofisados. Fonte: codevasf.gov.br, acesso janeiro 2011. As incubadoras devem ter água corrente na velocidade de 7L/segundo. Após a eclosão, as larvas ainda são mantidas nas nelas até passarem a pós-larvas. Em seguida são transferidas para incubadora de 200 litros. Densidade de pós-larvas de até 100.000 pós-larvas por um período de até 5 dias. Resumo Nesta aula, conhecemos a história de como foi inventada a indução a desova mundial. Vimos um pouco sobre como fisiologicamente os peixes se reproduzem e como é feito a dosagem, cuidados e aplicação de hormônio em peixes.
  • 19. Referências Aguas Claras-Tecnologia na Produção de Peixes. Quem é o Pai da Piscicultura? http://www.grupoaguasclaras.com.br/artigos/quem-e-o- pai-da-piscicultura. Acesso: janeiro 2011. BOCK, C. L.; PADOVANI, C. R. Considerações sobre a reprodução artificial e alevinagem de pacu (Piaractus mesopotamicus, Holmberg, 1887) em viveiros. Acta Scientiarum, Maringa, PN, 22(2):495-501, 2000. BOMBARDELLI, R. A; SYPERRECK, M. A.; SANCHES, E. A. Hormônio liberador de gonadotrofinas em peixes: aspectos básicos e suas aplicações. Arquivos de Ciências. Veterinárias e Zoologia, UNIPAR, Umuarama, 9(1):59-65, 2006 CARMARGO, J. B. et al. Cultivo de Alevinos de Carpa Capim (Ctenopharyngodon Idella) Alimentados dom Ração e Forragens Cultivadas Pastures. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, 12(2,): p. 211-215, 2006. CAVALCANTE FILHO, L. A. et al. Técnica de Propagação Artificial em Tambaqui (Colossoma macropomum) (Cuvier, 1818). IX Jornada de Ensino, Pesquisa e extensão-Jepex. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 4p. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930). Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. IHERING, RODOLPHO THEODOR WILHELM GASPAR VON. (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br). Acesso: Janeiro 2011. FAO. Cultured Species information Programme Ctenopharyngodon idellus (Valenciennes, 1844). Disponível em http://www.fao.org/fishery/culturedspecies/Ctenopharyngodon_idella/en. Acesso: janeiro 2011. FONTENELE, O. Métodos de hipofização de peixes adotado pleo DNOCS. DNOCS, Fotaleza. 30p,1981. MURFAS, L. D. S. Manipulação do ciclo e da eficiência reprodutiva em espécies nativas de peixes de água doce Revista Brasileira de Reprodução Animal. Supl, Belo Horizonte.6: 70-76, 2009. NAVARRO, R. D. et al. Reprodução induzida de curimbatá (Prochilodus affinis) com uso de extrato bruto hipofisário de rã touro (Rana catesbeiana). Zootecnia Tropical, Macaray, 25(2): 143-147. 2007.
  • 20. PONZI-JR, M. Otimização da taxa de fertilização e eclosão de larvas de tambaqui, Colossoma Macropomumn(Cuvier, 1816) abolindo Instrumentos. DISSERTAÇÃO de Mestrado, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. 2003, 34p. STREIT-JR, D. P. et al. As tendências da utilização do extrato de hipófise na reprodução de peixes – revisão. Arquivos de Ciências Veterinária e Zoologia, Unipae, Umuarama. 5(2): 231-238. 2002. ZANIBONI-FILHO; F; WEINGARTNER, M. Técnicas de indução da reprodução de peixes migradores. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, 31(3): 367-373, 207. VENTUERI, R. & BERNARDINO, G. 1999. Hormônios na reprodução artificial de peixes. Panorama da Aqüicultura, Rio de Janeiro, 55(9) : p. 39- 49, 1999.