2. CRÔNICA DE UMA PRAÇA CHAMADA
BRASIL.
As discussões do segundo dia do Seminário
da Paz realizado em 18 e 19 de setembro de 2014
haviam cessado para uma pausa pro almoço.
Decidi como outros colegas meus, ficar pelo
centro mesmo, para fazer algumas coisas
necessárias. Assim, às 12h e 07min da tarde, após
dar um tchau pelo zapzap ao meu amigo e
músico da Bridge - Ministério, Léo Pissettí, eu,
Raimundo Soares de Andrade, passei a olhar e
observar as cenas de uma bela praça chamada
Brasil.
3. CRÔNICA DE UMA PRAÇA CHAMADA BRASIL.
"ELES" estavam lá. Passeando, conversando, dormindo,
vendendo, politicando, comendo, trabalhando, estudando. Indiferente
aos olhares de quem por lá passava, essas figuras, próprias daquele
lugar, ficavam no esquecimento e como que invisíveis perambulavam
de um canto para o outro e como estátuas se punham cada um em sua
posição de ataque, de repouso, ou de reflexão. Atentamente, eu as
fotografei no mais puro prazer de seus momentos bem peculiares.
Alguns, pedi autorização, outros nem perceberam que eu estava ali,
pois na verdade, quem os percebe? Homens? Deus? Sim... Deus, que lá
de cima olha para cada uma de suas criaturas e de seus filhos com
eterno amor.
4. - Ali na minha frente, sentado e pensativo, o senhor de azul,
olhava atentamente fixo no que o futuro lhe reservava. Uma
luz de esperança irradiava em seu olhar e traçar tais objetivos
se fazia notório.
5. - O calor intenso provocava naturalmente uma predisposição ao sono
suave do meio dia, assim, o descanso naquele lugar, era coletivo e cada
um procurava seu cantinho pra descansar. Homem, animal, animal,
homem. Todos juntos desfrutavam da mesma forma. Cama? Luxo? Pra
que? se o chão estava bem ali, abaixo do corpo de cada um como se
fosse feito de pena de ganso.
6. -Entre restos e sementes, um ser descansava e outro
trabalhava, porque para viver é preciso comer, trabalhar e
descansar. Essa é a vida? Essa é a vida!
7. - O coreto não emitia som algum e o mastro, estava solitário e
ninguém ao não ser uma pequena garrafinha vazia de pinga
lhe fazia companhia.
8. -Do lado da escadaria central, um ser igual a todos nós. Uma garrafa na
mão e o corpo encostado na velha árvore que acolhia ali todo dia as
tristezas e alegrias de quem lhe pedia encosto. Seu tronco era um banco
e as migalhas no chão, eram refeição. Homem e pombo se uniam na
disputa do bem estar social compartilhado sem receio algum, porque o
Senhor ama a quem dar e divide com alegria
9. - O picolezeiro sorridente, seguia em frente, pois o calor
daquele dia fazia a venda disparar e o seu suado dinheiro
ganhar. Quem quer comprar?seu suado dinheiro ganhar
10. - A vendedora de ervas medicinais ainda com um marmitex na
mão revelava o segredo da saúde e da felicidade física. Chás
"milagrosos" dizia ela, cura qualquer coisa, menos as doenças
da alma, essas, só Jesus na causa. Oferecer suas ervas era
demais e quem comprava, se admirava
11. - Um passo mais adiante eu percebi os fios trançados pelas
mãos do hippie, que fazia arte tão perfeita que nem as mais
belas galerias podiam decifrar o segredo de tanto encanto e
beleza. Um pequeno cachimbo artesanal revelava o que todos
já sabiam: Ele usava! Ele usava?
12. -No canto debaixo da praça, lá meio longe o violeiro arteiro
ouvia o grito de alarido de jovens destemidos pagos por algum
valor para se aliar ao político tal, que por todos dizia-se legal,
será? o tempo dirá.
13. A sede em mim bateu, mas coitado “deu”, o bebedouro estava logo ali ao
lado, ocupado, tinha nele alguém sentado. Água que era bom, não
existia. Mas, “Ele”, um ser igual a qualquer outro, refletia como um
sujeito visível e ao mesmo tempo invisível. Coçava a cabeça
desordenadamente como que girando num mundo oculto e obscuro.
14. -Já a sombrinha, azul clara da senhora que seguia em passos
semirrápidos cobriam o que ela queria e os estudantes sem
livros, com celulares em suas mãos, lançavam olhares com
risos e sonhos, engraçados e apreciados.
15. -A espera do próximo comprador, uma certa dona, em sua
poltrona, não de madeira nobre mas de plástico meio "pobre"
se sentia feliz, pois o pão nosso de cada dia, ali, ela
conseguia
16. - O vendedor de sonhos esperava quem pudesse um
cartãozinho comprar e o sonho de uma casa ou carro, realizar.
17. - Fiquei surpreso porque naquela árvore frondosa, lá no galho
mais alto, o pássaro preto, fitava seu olhar nos insetos a voar .
Sua felicidade era a mais pura liberdade e enquanto isso, todos,
lá embaixo, livres e soltos, andavam presos em seus próprios
mundos.
18. E o ipê amarelo, majestoso, era sincero e olhava a todos com
sua beleza radiante, envolvente, contagiante, aconchegante,
mágico.
19. - O sino da igreja não soava, mas a cruz exposta revelava a força da fé
de quem cria e fazia suas preces a Deus, o Senhor do universo.
Por fim, as 13h:07min, eu me encontrava sentado num banquinho de
plástico, no espetinho do beto que atendia a todos com tal simpatia que
preponderava a alegria e a satisfação de ser bem atendido.
20. Por fim, as 13h:07min, eu me encontrava sentado num banquinho de
plástico, no espetinho do beto que atendia a todos com tal simpatia que
preponderava a alegria e a satisfação de ser bem atendido. Assim, no
canto da praça, me satisfazia em comer um espeto de carne coberto de
farinha com pimenta e um refri gelado pago em metade pelo meu
amigo violeiro João Thalis, que me acompanhava com seu sorriso
contagiante sempre estampado em seu olhar animador como quando
faz com a viola na mão.
21. E a praça? Continua lá, recebendo quem por ela passar.
E mais um dia seguiu...bem ali na praça Brasil
Rondonópolis-MT,21/09/2014, BRASIL
Raimundo Soares de Andrade
Coordenador Pedagógico da Escola Eunice Souza dos Santos
prrsoares@homail.com