O documento discute a intuição como uma forma de conhecimento que surge sem o uso da lógica ou razão. A intuição é descrita como flashes rápidos que fornecem percepções úteis e insights importantes. Também é explicado que a intuição pode ser desenvolvida através do relaxamento, silêncio e meditação, para que as pessoas possam confiar mais em suas impressões intuitivas.
2. Para Carl Gustav Jung a intuição é uma das quatro maneiras do homem entender a realidade.
As outras são: sensação, pensamento e sentimento. Segundo Jung, a intuição utiliza a psique
para discernir sobre fatos e pessoas. Segundo ele, as características de um ser intuitivo são,
basicamente:
1. Observação holística,
2. Confiança nos pressentimentos,
3. Consciência ou visão de futuro, e,
4. Imaginação.
Uma frase que melhor define a intuição é a que diz: ''Sei o que fazer, mas não sei por quê''. A
maioria das pessoas já sentiu medo de tomar uma decisão sabidamente acertada, mas
impulsiva, e depois se arrependeu de não ter agido de imediato. A intuição simplesmente sabe,
instantaneamente. Enquanto a razão trabalha, a intuição procede em flashes. A intuição capta
vislumbres da realidade em fragmentos e pedaços, normalmente em forma simbólica. Esses
símbolos precisam ser interpretados e montados para que surja uma figura coerente. O difícil é
fazer essa interpretação. Os especialistas asseguram que é possível aumentar a capacidade
intuitiva, desde que a razão saia de férias. Minha sugestão é dizer à lógica que ela merece um
descanso.
É preciso disciplina e tempo para reconstruir as distinções ontológicas que favorecem a
capacidade de se desenvolver a intuição:
1. Relaxamento é essencial, porque o ritmo alucinado de vida é inimigo público das
impressões instantâneas;
2. Momentos de silêncio para aquietar o corpo, as emoções e a linguagem, também
ajudam a intuição a fluir facilmente;
3. Exercícios respiratórios e meditações mudam a freqüência adrenérgética do coração -
que faz a pessoa ficar ansiosa - para a freqüência vagal - tranqüila, que oferece
espaço para manifestações intuitivas.
Ouvir a intuição se tornou uma expressão banalizada, mas é a partir do silêncio que se pode
obter melhor desempenho. As pessoas muitas vezes precisam parar de lutar e encontrar uma
calma confiante para conseguir entender o que se passa no seu contexto. A intuição faz
enxergar o futuro próximo. O processo intuitivo colabora então com a performance do coach,
na medida em quem se silencia a preocupação e/ou esforço para o entendimento de uma
conversação, e se permite uma “observação flutuante” de todo o contexto. Assim, o
observador, acreditando nas “imagens” que lhe são reveladas instantaneamente, deixa que
uma parte mais profunda de si mesmo possa emergir. O silêncio e a serenidade trazem a
intuição necessária para o melhor desempenho.
Investir na intuição contribui na hora de se fazer um diagnóstico relacional. Como todo
profissional, o coach é bombardeado por uma infinidade de dados oriundos do “coachado”, e
deve ser capaz de identificar rapidamente o que de fato importa. O profissional que sabe
escutar a intuição e que tem a visão do todo é mais efetivo em suas interações
conversacionais.
A manifestação da intuição se dá devido à enorme quantidade de informações sensoriais,
coletadas e armazenadas na mente, e que estão disponíveis instantaneamente, diante de um
problema ou de uma inquietação. Aprender a ir além dos limites da razão e discernir esse
avançar como uma competência do ser é um dos requisitos ''básicos'' da interação de coach.
O perfil do coach, portanto, requer saber trafegar entre o desconhecido - a idéia intuitiva,
inovadora - e o conhecido - o real. O que faz a diferença é a agilidade com que o se alterna
esses dois comportamentos. O coach deve lidar com mais riscos que o profissional clássico.
Deve saber avaliar rapidamente a situação e conduzir a pessoa a um novo posicionamento
diante da queixa, descobrindo assim novas possibilidades. Isso nem sempre é possível
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3. utilizando-se das ferramentas racionais, posto serem elas fortes mecanismos de defesa. Então,
deve-se ouvir a intuição, mas aprendendo a reconhecer como ela se manifesta.
Desenvolver a habilidade intuitiva capacita o coach a ajudar o outro a projetar-se no futuro,
utilizando-se de “informações” que lhe são dadas pelo contexto conversacional. Aqui tudo é
fundamental: o local, o cheiro, a estética, o clima emocional, a própria conversa, etc. Ser
intuitivo é perceber o que está em volta do fato.
Cientistas não têm intuição sobre arte - só sobre ciência. Músicos costumam ter flashes
criativos sobre música. Pode parecer estranho, mas é o conhecimento adquirido e a
experiência acumulada que faz o profissional ter um canal aberto com a intuição. As pessoas
não têm mais talento, têm mais paixão por seus assuntos, e é essa paixão que as faz perceber
coisas que outros não percebem. Aí está uma nova distinção das distinções. Einstein investia
tempo, todos os dias, viajando pelo imensurável espaço além da atmosfera terrestre com sua
imaginação intuitiva. Quem quiser ter mais intuição sobre alguma coisa deve aumentar sua
paixão sobre ela. Às vezes, é preciso deixar de lado a mania de querer provar. Nem tudo é
exato. Há um mundo de possibilidades naquilo que sentimos. Acreditar nessa possibilidade nos
torna observadores mais competentes. Por isso digo que “não vivemos em mundos perfeitos,
vivemos em mundos possíveis”.
Alguns exemplos de processos intuitivos:
1 - Gladwell conta a história de uma estátua grega que estava para ser adquirida pelo Getty
Museum da Califórnia por US$ 10 milhões. O museu contratou geólogos e advogados, que,
depois de 14 meses fazendo os mais diferentes testes e checando documentos, confirmaram a
autenticidade da obra. Posteriormente à compra, três historiadores de arte viram a estátua e,
em menos de um minuto, chegaram à conclusão de que era falsa. Outra rodada de estudos
constatou a falsificação. Baseados no pressentimento, os três acertaram, enquanto a equipe de
especialistas que verificaram racionalmente a estátua errou.
2 - Desde os anos 80, o psicólogo John Gottman, da Universidade de Washington, vem
trabalhando com casais em seu Love Lab. Gottman deixa o casal numa sala e grava sua
conversa. Depois de ver três minutos da gravação, o psicólogo é capaz de dizer se o
casamento vai durar ou não com 95% de certeza.
3 - Experiente treinador de tênis, Vic Braden descobriu que tinha a capacidade de “divinhar”
quando um jogador iria fazer dupla falta - o que, no tênis, significa errar o saque duas vezes
consecutivo. Ele só não sabia o que o levava a ter tal pressentimento. Várias empresas
bancaram, em vão, testes em busca da chave do tesouro. Aposentado, mas ainda adivinhador
Braden só sabe que alguma coisa em seu inconsciente o ''liga'' para ver o “invisível”.
4 - Uma psicóloga chamada Nalini Ambady pediu a um grupo de estudantes que avaliasse o
comportamento de um professor vendo um vídeo de apenas dez segundos. A avaliação deles
foi a mesma de uma turma que estudou durante um semestre com o tal professor. Nalini fez o
mesmo teste com outro grupo de alunos. Desta vez, o vídeo tinha somente dois segundos.
Mesmo assim, o resultado foi bastante parecido. Ou seja: as primeiras impressões podem ser
muito reveladoras.
5 - Para demonstrar como a experiência e/ou a falta de maturidade podem influir na intuição, o
autor conta dois casos que aconteceram em Nova York. No primeiro, há um relato sobre dois
jovens policiais que mataram um homem com vários tiros ao imaginarem que ele estava
puxando um revólver para atirar, quando o sujeito estava apenas pegando a carteira para
apresentar os documentos. Todo mundo toma decisões rápidas. Quem se baseia em
preconceitos e aparência pode intuir mal, enquanto quem sabe ouvir a voz interior reconhece
instantaneamente os bons pressentimentos. Estar atento aos pequenos detalhes faz toda a
diferença.
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4. A intuição é a bola da vez entre os estudiosos dos fenômenos da Ontologia da Linguagem, que
a consideram essencial para o sucesso pessoal e profissional. Alguns exemplos da utilidade da
intuição:
• Permite ter visão de futuro (e saber como fazê-la funcionar);
• Ajuda a identificar membros produtivos de um grupo;
• Mobiliza a energia da equipe para determinado foco;
• Auxilia a investigar as oportunidades e a examinar problemas antes que surjam de fato;
• Faz discernir qual informação é importante rapidamente (e descartar aquela que não é
relevante), no processo conversacional;
• Ajuda a não desviar a atenção de um objetivo por causa de dúvidas ou receios;
• Facilita a intimidade dos relacionamentos, porque valoriza as relações.
A intuição é muito útil para nos orientar neste mundo mediano em que
vivemos, situado entre o muito pequeno e o extremamente grande. O conhecimento dito
quot;intuitivoquot;, é o momento subjetivo da mais imediata forma de atividade que o observador
desenvolve na natureza e na sociedade, com vistas à produção da sua existência.
Nosso cérebro não foi projetado para quot;compreenderquot; as realidades subatômicas ou
macroscópicas da relação espaço-temporal. Na verdade ele foi projetado para nos oferecer
condições de interação no limite de nossas relações. A racionalidade, ao reduzir a realidade à
objetividade, desconectou-nos da vivência integral. O mundo racional é apenas um dos lados
da vida. A intuição é a ferramenta que nos coloca em contato com outros lados.
Einstein, por exemplo, graças à sua intuição, nos fez perceber que existem fenômenos ocultos
nas relações físicas, ainda não acessíveis ao conhecimento humano formal. No entanto, é
precisamente o desconhecimento desta realidade subjacente que nos faz “imaginar” o
desconhecido como possível, no entanto indemonstrável. Vale dizer, Einstein, por causa da
sua intuição, não aceitou a demonstração racional como algo intrínseco à ciência, mas
acrescentou ao mundo “objetivo” a subjetividade da imaginação criativa, fruto intuitivo de seu
modelo cósmico. Essa foi a razão de seu sucesso como pensador. Mas é bom que se ressalve
que os termos quot;subjetividade e imaginação criativaquot; não são sinônimos de quot;inexplicáveisquot;.
A INTUIÇÃO NAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Aqui, o processo do conhecimento é análogo ao processo de trabalho: a matéria-bruta são os
dados sensórios; os instrumentos quot;de trabalhoquot; - no caso, instrumentos de cognição - as formas
inatas do pensamento e da linguagem; e o produto final o conhecimento. O que forja a
quot;identidadequot; entre a estrutura da mente humana e a estrutura da realidade objetiva (sem essa
identidade não haveria como o juízo se adequar ao fato, isto é, não existiria a quot;verdadequot;), foi o
mesmo mecanismo responsável pela adaptação dos organismos vivos ao meio ambiente, a
saber: a seleção natural.
Mas será que existe alguma maneira alternativa de se aceder à verdade? Ou seja, será que
existe uma outra forma de conhecimento que não seja essa combinação experiência/raciocínio
lógico-matemático? Penso que sim, e acho que tal alternativa - a intuição - tem um papel
importante nas ciências cujo objeto de investigação é precisamente os quot;universais formaisquot; do
pensamento e da linguagem. Por quê? Ora, se há em nossas mentes formas e princípios inatos
e a priori, com queria Kant, então o conhecimento de tais princípios é, em larga medida, um
reconhecimento. Os matemáticos e os lógicos, cientistas que se distinguem pelo acentuado
pendor ao cartesianismo, são também, via de regra, homens altamente intuitivos.
A bem da verdade, a intuição é essencial em todas as ciências quot;humanasquot;, dado que nessas
ciências, o ser humano é ao mesmo tempo sujeito e objeto do conhecimento. Ou seja, o que
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5. distingue a metodologia das ciências naturais da metodologia das ciências humanas é,
precisamente, a função de destaque que a intuição desempenha nesta última.
Com efeito, um físico, ao olhar para o céu, não sabe o que vai encontrar lá. Aquele ponto
luminoso pode ser uma estrela, um planeta, uma galáxia distante ou algo absolutamente
desconhecido. Somente após um laborioso processo de confronto com uma profusão de dados
já registrados é que o físico começará a ter uma idéia do que seja tal ponto de luz. Já um
cientista da sociedade, um coach, por exemplo, ao interagir com outro observador já “sabe” de
antemão do que se trata; ou seja, antes mesmo de uma análise minuciosa, tem ele uma idéia -
vaga, sem contornos, quot;intuitivaquot; - do que seja aquela situação. Dito em outros termos, nas
ciências humanas o ponto de partida do processo cognitivo é sempre uma idéia vaga e
imprecisa, uma verdade meramente esboçada, aquilo que Kant denominou de conhecimento
quot;antepredicativoquot; da realidade - em oposição ao conhecimento quot;teórico-predicativoquot;, que advém
após os procedimentos da análise.
No plano epistemológico, o que distingue um racionalista de um irracionalista não é o fato dos
racionalistas menosprezarem a intuição como quot;momentoquot; do processo cognitivo. Todos os
quot;bonsquot; racionalistas conhecem a função da intuição em tal processo. Para eles, a antítese
intuição/razão é uma falácia. Aliás, quem busca a verdade sabe, por intuição, que alguma
verdade existe. Mesmo que seja a verdade que o observador quer que seja.
Marx, que, sem sombra de dúvida foi um grande pensador racionalista do século XIX, quer se
concorde com ele ou não, disse certa vez que tudo que é humano não lhe era estranhoquot;.
Significa dizer que, ao menos nas ciências da sociedade e do espírito, o pensador jamais parte
do absolutamente zero.
Realmente, o que distingue o racionalista do irracionalista é que este último tende a exagerar o
papel da intuição no processo do conhecimento, às vezes negligenciando por completo os
rigores da análise. Para essa turma, todo conhecimento quot;profundoquot; da realidade é sempre fruto
de uma grande quot;sacaçãoquot;. E como as sacações geniais pressupõem gênios, os irracionalistas
estão sempre idolatrando quot;grandes homensquot;, sendo Nietzsche, atualmente, o dileto guru,
principalmente de Maturana, Echeverria e, modéstia à parte, meu. Pelo menos no que se refere
aos processos de coaching; embora não façamos parte dos irracionalistas.
A INTUIÇÃO NO PROCESSO DO CONHECIMENTO
Observamos o mundo não apenas com nossos sentidos, mas também com nossas distinções:
experiências, vivências e aprendizagens através do tempo.
Sabe-se, no entanto, que temos dois tipos de distinções: um que se forma no transcurso da
vida individual, mediante a interação do indivíduo com o meio e através do processo de
aprendizado; e outro, mais primitiva, que se transmite de uma geração a outra por meio da
herança genética.
Trata-se esta última de uma distinção que começou a se formar no exato momento em que o
primeiro organismo vivo surgiu sobre a face da Terra (logo, uma distinção que, em larga
medida, é anterior ao gênero humano).
Essas informações arquetípicas do meio ambiente que, antes de constarem no cérebro, já
estavam presentes nos genes, constituem aquele conhecimento quot;a prioriquot; da realidade (quot;a
prioriquot; com relação ao indivíduo) que, para a imensa maioria das pessoas, é inquestionável.
Quando falo em intuição, portanto, refiro-me àquela percepção do mundo intimamente
associada a esse conhecimento inato: um conhecimento cuja função é orientar o indivíduo
dentro das fronteiras relacionais do seu habitat, e que é um instrumento de sobrevivência entre
distintos observadores.
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6. Essas informações são evidências (para Descartes, a intuição é a visão da evidência). Mas tais
evidências, tais verdades quot;apriorísticasquot; são, em larga medida, verdades quot;regionaisquot;, isto é,
verdades atinentes aos fatos e aos fenômenos do nosso mundo mediano.
Claro que podemos falar de uma intuição quot;secundáriaquot;, associada aos conhecimentos
quot;culturaisquot; que obtemos graças à nossa interação com o mundo ou que nos são transmitidos
pela sociedade através da construção da linguagem, da emocionalidade e da corporalidade.
A intuição quot;secundáriaquot;, ao meu ver, não é um ato, mas um quot;processoquot; perceptivo
subconsciente (nada a ver com quot;inconscientequot;) em que o sujeito se vale mais da imagem e
menos do conceito. Ademais, a intuição é um raciocínio não tanto por indução ou por dedução,
mas por quot;abduçãoquot;.
A quot;abduçãoquot; é um raciocínio por analogia. Foi o semiologista Peirce quem primeiro utilizou o
termo quot;abduçãoquot; para designar esse tipo de raciocínio, que em inglês significa quot;raptoquot;,
quot;rapinagemquot;. Umberto Eco explica essa modalidade de operação mental do seguinte modo: “Se
tenho um resultado curioso no campo dos fenômenos ainda não estudados, não posso
procurar uma Lei daquele campo [...]. Preciso 'raptar' ou 'tomar emprestada' uma lei de noutro
lugar. Como vêem, devo raciocinar por analogia,quot; ou mais ousadamente, intuir”.
Assim, particularmente, assumo que é a intuição que liga a ciência (enquanto informação
sistematizada), ao mundo da vida, isto é, ao mundo cotidiano em que vivemos, agimos,
fazemos projetos, nos relacionamos.
Em outros termos, é nesse nosso mundo científico-capitalista regido pelas formais e
impiedosas leis da oferta e da procura; leis que, como as regras de qualquer jogo de azar,
dividem os homens em vencedores e perdedores (estes a grande maioria); que transformam a
sociedade humana num cruel campo de batalha, mas que, graças aos antagonismos que
criam, reproduzem sempre de uma forma ampliada a riqueza dos homens, é que se redescobre
os processos intuitivos (portanto não lógico-racionalistas) como uma alternativa um pouco mais
humana de relacionamento.
A GUISA DE CONCLUSÃO
A palavra intuição é compreendida de diferentes maneiras por diferentes pessoas. Para uns ela
é o discernimento rápido, a percepção clara e imediata. Para outros é a capacidade de
pressentir acontecimentos ou caminhos que levam a soluções de difíceis problemas. Mas onde
e como se origina a intuição? Qual o seu significado?
Os ensinamentos escolares são, muitas vezes e em muitas matérias, extensos e áridos, tendo
pouco a ver com a realidade natural. Desde cedo os estudantes têm as suas mentes
empanturradas de teorias abstratas na maior parte criadas pelo cérebro humano. O ideal seria
aprender observando o inter-relacionamento da natureza com suas florestas, rios, mares,
montanhas, fauna e flora, com o homem em sua capacidade pessoal e social de
transformação, preservando a alegria de viver em diversidade.
Os meios de comunicação também pressionam a mente com uma enormidade de informações
elaboradas de tal forma que penetram em nosso íntimo com formas negativas e destrutivas. Os
vídeo games e vídeo clipe também dão a sua contribuição no embrutecimento da sensibilidade
infantil. Isso tudo sobrecarrega a mente. Ou então, a própria vaidade leva o indivíduo a
complicar as coisas para valorizá-las ao invés de buscar a firmeza que há na simplificação.
Assim, de geração em geração a intuição se tem esvaído da face da Terra.
Muitos estudiosos estão percebendo que a busca frenética do cérebro para querer
compreender tudo está levando a uma congestão mental, travando a tomada de decisões
porque os seres humanos estão perdendo a capacidade de distinguir intuitivamente o caminho
mais adequado. Sobrecarregados e inseguros ficam rodeando os problemas, fazendo analises
sobre analises. Vacilantes, perderam a intuição até para as coisas mais simples.
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7. A intuição se tornou tão misteriosa e desconhecida devido ao próprio afastamento dos seres
humanos que a deixaram de lado para se apegar com exclusividade ao raciocínio, quando na
verdade, intuição e raciocínio deveriam trabalhar juntos.
Algumas pessoas que não se deixaram dominar de todo pelo intelecto e que por isso mesmo
ainda conservam alguma capacidade intuitiva, por vezes vislumbram idéias tão fortes que ao
falarem, demonstram tanta firmeza e convicção que para muitos se afigura como ousadia ou
impertinência, porque suas palavras são tão penetrantes que extravasam qualquer limitação,
indo direto ao âmago do problema sem maiores rodeios ou delongas. Aqui temos uma
esperança relacional, considerando que é isso que a ontologia da linguagem se propõe a fazer
e é isso que as atuações de coaching buscam.
Contudo, tais pessoas sempre encontram resistência exatamente da parte dos seres humanos
predominantemente intelectivos, os quais se sentem afrontados por não perceberem que não
se trata apenas de agilidade mental, mas sim da utilização de uma certa capacidade intuitiva
perdida por eles, a qual os capacitaria a enxergar mais longe. Por isso mesmo não conseguem
compreender com a mesma rapidez, procurando criar dificuldades com o seu desprezo ao
invés de oferecerem o seu apoio e reconhecimento. A desconfiança impossibilita que haja uma
sadia união de esforços. Mas num futuro não muito distante, espero, os seres humanos estarão
alcançando o real significado dos processos relacionais, pois estarão adquirindo as distinções
do equilíbrio entre a intuição e o raciocínio.
Intuição é um caminho para o saber, igual a qualquer outra fonte de informação como
enxergar, escutar, ler, etc. E como nestas outras fontes, você pode treinar-se para usar sua
intuição. Com sua intuição educada, então, será possível decidir mais rápido, com menos
esforço e com maior senso de realização.
Por fim, Aqui vão algumas práticas, que podem ajudá-lo no processo, de treinamento de sua
intuição.
1. Abra-se para as novidades. Assim, sua intuição poderá se infiltrar na sua consciência
ao invés de ser filtrada pela sua consciência.
2. Respeite suas próprias emoções, sensações, sentimentos, pensamentos, pois quanto
maior contato você tiver com o que você sente, mais fácil fica ouvir sua intuição.
3. Respeite a intuição dos outros. Isto não quer dizer que você deve aceitar tudo que os
outros dizem, mas sim entender que nem tudo pode ser explicado.
4. Desista da vaidade e do medo de errar. Lembre-se: erros não destroem uma carreira, a
vaidade sim. A vaidade é o quot;liquidificadorquot; de intuição.
5. Lembre-se que a intuição está sempre correta, mas fique alerta para a interpretação
que você pode estar somando a ela. Você pode estar interpretando mal.
6. Entenda que a sua intuição chega a você passando por uma série de filtros
(pressupostos culturais, preconceitos, falsas premissas) e que por isso alguns
pensamentos intuitivos passam um mau pedaço para chegar até você ... e nem sempre
chegam inteiros.
7. Teste sua intuição, comece a atuar de acordo com ela e busque descobrir o que está
aprendendo.
Pratique escutar e confiar na sua intuição, para pequenas e grandes decisões. Afinal, quando
chega o momento, você nunca terá todos os elementos para poder decidir racionalmente,
mesmo...
Reflitam em paz!
Homero Reis
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