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Capa                                           mercado




Onde está o
dinheiro?
Com tantas mudanças recentes, novos nichos surgem. A SuperVarejo
foi investigar o caminho do crescimento nesse Brasil de oportunidades
[ Por Natalie Catuogno      revista@supervarejo.com.br   ]




J
         oana é cabeleireira e mora na Bahia. Divide as con-        vel. Preferiria que o supermercadista perto da sua casa tivesse
         tas da casa com o companheiro, tem o segundo grau          delivery e busca soluções, não produtos.
         completo, acabou de comprar uma TV de tela fina e,            As histórias são fictícias, claro, mas sintetizam algumas das
         preocupada com a saúde da família, paga mais caro por      transformações pelas quais a sociedade brasileira passou nessa dé-
         marcas que considera melhores, incluiu mais frutas         cada, encerrada em 2010. Tais mudanças tiveram impacto no mo-
no cardápio, além de ter abolido o suco em pó para consumir,        do de viver da população e, claro, em sua forma de gastar também.
preferencialmente, o néctar pronto para beber. Ultimamente,            Para descobrir onde estão as verbas que podem ser aplicadas
também anda experimentando uns queijos importados.                  pelo consumidor no negócio do supermercadista, a SuperVarejo
  Manoel, por outro lado, vive sozinho com a mulher, no inte-       selecionou e analisou dados oficiais e pesquisas, ouviu consul-
rior de São Paulo, da aposentadoria e da renda do pé-de-meia        tores, especialistas e empresários e mapeou, com a ajuda deles,
que fizeram. Como já casaram os filhos, o dinheirinho dá para       os principais nichos e os anseios dos clientes por trás deles.
as contas e ainda sobra um pouquinho. Por isso, viajam em              O resultado? As mulheres estão ganhando – e gastando –
excursões duas vezes por ano, compram sempre um bom vi-             mais, a expectativa de vida dos idosos aumentou, os jovens
nho e gostam mesmo de cozinhar para os netos, nos finais de         moram sozinhos, saúde virou uma grande preocupação e os
semana. A avó, Maria, prefere fazer seu famoso macarrão com         alimentos saudáveis estão na ordem do dia. Produtos de alto
ingredientes frescos, que ela compra no dia, nos três supermer-     valor agregado entraram de vez – e pela porta da frente – nas
cados onde pesquisa preço e abastece sua casa.                      cozinhas de praticamente todas as classes sociais e são os ex-
  Já Paula tem vinte e poucos anos. É urbana, adora balada,         tremos – e não mais as capitais de sempre – que sustentam o
amigos e tecnologia. Não viveria sem computador. Até para           crescimento do País. “Quem não estiver desenvolvendo agora
fazer as compras precisa do notebook: pesquisa preços e even-       estratégias para atrair esses consumidores, quem não estiver
tualmente adquire produtos via internet. Se tem de ir à loja,       pensando em quais serão as demandas deles em 2020, não irá
prefere fazer isso à noite, para não pegar filas. Procura porções   mais resistir”, diz o professor do Núcleo de Estudos do Varejo
menores, já que mora sozinha, e compra com frequência em-           da ESPM, Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira.
balagens de carnes, frios e verduras previamente separadas             Nas páginas seguintes, SuperVarejo detalha mais os nichos
pelo supermercado. Ligada à ecologia, leva sua própria sacola,      de mercado que estão emergindo a partir dos consumidores,
consome orgânicos e procura manter uma alimentação saudá-           das categorias de produtos e das regiões em alta.




36   SuperVarejo abril 2012
Shutterstock




abril 2012 SuperVarejo   37
Capa mercado



Consumidores:
Mulheres poderosas,
idosos endinheirados e
solteiros em ascensão
• Mulher da classe C tem mais renda e autonomia de compra
• Idosos recebem 7% mais do que gastam
• Lares “single” avançam 33%




                                                            Shutterstock




38   SuperVarejo abril 2012
arquivo
  De 2002 a 2011, a renda feminina aumentou mais de 68%. O
que significa dizer que as mulheres ganham hoje praticamente
dois terços a mais do que ganhavam no passado. No mesmo
período, a renda dos homens aumentou apenas 43%.
  Entre os emergentes, esse avanço significa ainda mais, pois
as mulheres contribuem com 41% da renda da casa, contra
25% na classe A, segundo estudo recente divulgado pelo Data
Popular, instituto de pesquisa especializado na classe C. “Nas
classes emergentes mais mulheres trabalham, pois suas ren-
das são indispensáveis para a manutenção das famílias. Esse
fenômeno já não ocorre na elite. Além disso, o contingente
feminino da classe C é mais escolarizado que o masculino, o
que justifica os salários mais equivalentes”, explica o diretor
do Data Popular, Renato Meirelles.
  Na prática, é mais autonomia e poder de compra para um
grupo que sempre liderou as principais decisões de compra da
família. Na classe C, 70% das mulheres são responsáveis por
administrar o orçamento familiar. “Elas são mais informadas
e mais escolarizadas que os companheiros e decidem a compra
inclusive de itens como carro, computador e TV”, diz Meirelles.
  Contingente feminino com mais dinheiro ajuda a explicar,
por exemplo, o avanço da cesta de higiene e beleza, a terceira
que mais cresceu em 2011 (2,5%). As categorias desse segmento                                     Oliveira, da ESPM: mulher está mais ativa,
                                                                                               intolerante, preparada e pesquisa cada vez mais
crescem também em valor agregado e, hoje, 55% da cesta é
composta por produtos “premium”, favorecidos pelas compras
de indulgência.                                                        Mais informada (45% delas leem revistas, segundo o Data
  Mas o aumento de renda não beneficiou apenas a mulher: com         Popular), essa mulher pesquisa preços e visita diversos canais
os recursos delas, as famílias começaram a ter sobra para investir   antes de escolher onde comprar. Também usa a internet para
em itens mais caros, de maior valor agregado, lembra a diretora      comparar as melhores opções, mesmo que efetue a transação nu-
da GS&MD – Gouvêa de Souza, Cristiane Osso. Novas categorias         ma loja física, dizem os especialistas ouvidos pela SuperVarejo.
entraram para a cesta de compras – como vinhos e iogurtes – e          Preço, no entanto, não é o mais importante. 71% das mulhe-
os alimentos que já eram costumeiramente comprados, sofreram         res desse estrato social consideram a qualidade o fator que mais
um upgrade para seus similares mais caros e sofisticados.            pesa na hora de decidir a compra de alimentos. “Isso acontece,
  Como o consumo interno é o que tem movido a economia e             em geral, porque se o produto não for bom, ela não tem como
grande parte dele se deve às classes emergentes, a mulher da         desprezá-lo e substituir por um melhor. Além disso, é ela quem
classe C tem tido papel de protagonista no enredo de avanços,        cozinha e quem levaria a culpa se a refeição ficasse ruim. En-
especialmente no setor supermercadista.                              tão, prefere não arriscar”, conta Meirelles, do Data Popular,
                                                                     instituto responsável pelo dado.
Do que as mulheres gostam                                              É por essa razão que mais de 50% delas dão mais importância
  A família tem papel fundamental na vida dessas mulheres.           às marcas de alimentos hoje do que davam há cinco anos. Com
Alguns dados do estudo conduzido pelo Data Popular não dei-          vontade de não errar e mais dinheiro disponível, elas gastam
xam dúvida: 56% dizem não sacrificar horas com a família em          mais para garantir a qualidade.
benefício da carreira ou trabalho, e 72% delas tomam para si           Como gostam de receber os amigos e parentes em casa (80%
a responsabilidade de liderar a busca familiar por saúde. “O         delas, segundo estudo do Data Popular), aderiram à cozinha
desafio é entender os seus anseios, pois ela está mais ativa,        americana -“para conversar enquanto cozinham”, esclarece
intolerante, preparada e pesquisa cada vez mais”, explica o          Meirelles – e procuram por refeições práticas, rápidas, mas
professor do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM, Roberto            semiprontas, de modo que possam dar seu toque ao prato, como
Nascimento Azevedo de Oliveira.                                      massa pronta de lasanha e steaks, por exemplo.



                                                                                                       abril 2012 SuperVarejo             39
Capa mercado


  O pulo do gato para os varejistas é saber se comunicar com      importado. Segundo os especialistas ouvidos pela SuperVarejo,
esse público que, ao mesmo tempo em que compõe o estrato so-      é preciso tratar dos problemas cotidianos dessa mulher para
cial que mais se identifica com as roupas da mocinha da novela,   atendê-la. “Falta comunicação adequada, pela qual a mulher
almeja viajar de avião, comprar um notebook e usar perfume        emergente se sinta representada”.




40   SuperVarejo abril 2012
Capa mercado


            Um exemplo? Não adianta vender saúde para ela na base              Uma das explicações para isso é que fazem parte desse grupo
          do “menos”. Segundo Meirelles, o discurso dos alimentos com       os homens e mulheres bem-sucedidos que, nessa faixa etária já
          menos sódio, menos gordura, menos calorias não convence           chegaram ao topo nas suas respectivas carreiras, com salário,
          esse grupo a pagar mais. Aqui, vale a lógica do “mais”: mais      claro, compatível. “As pessoas nessa situação costumam gastar
          vitamina, mais proteína, mais sais minerais. Portanto, ao invés   mais com as compras do tipo ‘eu mereço’, investem em alimentos
          de elencar ingredientes que o alimento saudável não tem, vale     gourmet, pois costumam cozinhar para os amigos nos finais de
          a pena ressaltar o que ele tem de sobra.                          semana, e compram com frequência artigos como bons vinhos”,
                                                                            explica a diretora da GS&MD-Gouvêa de Souza, Cristiane Osso.
          A vida começa aos 50                                                 Outro grupo que se destaca dentro dessa faixa etária é com-
             Com o aumento consistente da expectativa de vida do bra-       posto pelos casais cujos filhos já saíram de casa, o que ajuda a
          sileiro, que saltou para 72 anos nas últimas décadas, os 50       fazer o salário sobrar no fim do mês. A economia é potencia-
          anos são considerados os novos 40. Ou seja, o que antes já foi    lizada pela capacidade de pechincha das donas de casa com
          considerado o auge da maturidade é agora só um preâmbulo:         mais de 50, que costumam ter uma relação específica com o
          o auge mesmo chega aos 50. E com dinheiro no bolso.               ponto-de-venda: elas gostam de ir fisicamente às lojas, de ficar
             A população com mais de 55 anos no Brasil, segundo dados       por lá, de pesquisar. Por isso, vão a vários canais diferentes e
          do IBGE, passou de 8,7% do total em 1980 para 13,3% em 2008.      compram nos que oferecem melhor custo-benefício, explicam
          E a tendência é de crescimento: o instituto estima que, em        os analistas ouvidos pela reportagem.
          2020, esse grupo representará 19,2% dos brasileiros.                 Embora tenham mais tempo livre, essas donas de casa tam-
             A boa notícia não é somente que eles estão crescendo, mas      bém valorizam praticidade, pois ocupam seu dia com mais lazer
          que têm mais recursos para gastar. Segundo pesquisa da Kan-       e atividades de saúde. Mas não são das que dariam tudo por
          tar Worldpanel, nos lares em que a dona de casa tem 50 anos ou    uma lasanha congelada. Ao contrário, compram mais alimen-
          mais (32% do total da amostra da consultoria), está sobrando      tos frescos e têm o hábito de cozinhar para os filhos, netos e
          cerca de 7% da renda.                                             agregados nos finais de semana, diz Cristiane, da GS&MD.

                                                                            O que os cinquentões querem
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                                                                               “Essas pessoas compram menos do que poderiam porque não
                                                                            têm o que comprar”, defende o professor do Núcleo de Estudo
                                                                            do Varejo da ESPM, Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira.
                                                                            “O varejo não faz nenhum trabalho com esse público. É preciso
                                                                            colocar esse objetivo, conhecer esse grupo, a demanda, os cos-
                                                                            tumes, o que quer comprar, de que forma e a que horas. Depois,
                                                                            desenvolver uma estratégia para eles e divulgá-la corretamente
                                                                            no PDV”, arremata ele.
                                                                               Faltam, por exemplo, alimentos fracionados adequados às fa-
                                                                            mílias com pais nessa faixa etária, geralmente menores. Outra
                                                                            coisa que costuma incomodar os mais velhos é o rótulo, cada
                                                                            vez menor, lembra Oliveira. Claro que aumentar o tamanho do
                                                                            rótulo está fora do raio de ação do varejista, mas ele pode, por
                                                                            intermédio de uma boa comunicação visual, facilitar a vida do
                                                                            cliente nas categorias mais procuradas por essa turma.
                                                                               Para o consultor do Sebrae-SP, Renato Fonseca, os varejistas
                                                                            estão devendo também serviços adequados, seja de entrega,
                                                                            seja de empacotamento ou mesmo de relacionamento. Ele conta
                                                                            sobre uma iniciativa que chamou sua atenção, há pouco tempo:
                                                                            um pequeno supermercado que passou a oferecer aulas de Tai
                                                                            Chi Chuan no estacionamento, aos sábados pela manhã. “Quan-
           Fonseca, do SEBRAE-SP: varejistas                                do eu estive lá, estava lotado”, diz. “Isso cria uma possibilidade
           estão devendo serviços adequados
                                                                            sensacional de trazer o cliente para dentro da loja”.



          42   SuperVarejo abril 2012
Capa mercado




Sozinhos, mas não solitários                                         São ecologicamente corretos, não gostam do desperdício que
   Representando 12,2% da população, os solteiros – ou aque-         representa, por exemplo, levar para casa um pé de alface que
les que moram sozinhos – compõem o setor populacional que            não vão dar conta de comer antes de estragar.
mais cresceu nos últimos 10 anos: 33% segundo dados da Kantar           Por essa razão, investir em porcionar alguns produtos na loja
Worldpanel. Com as taxas de matrimônio caindo e as de divórcio       (como FLV, por exemplo) ou vendê-los a granel (caso dos grãos,
aumentando, é fácil entender o dado. O desafio, no entanto, está     carnes e frios) pode ser uma boa estratégia. “A rede Pão de Açúcar
em como atender a um público crescente, exigente e com bom           tem o cuidado de transformar alimentos em suas lojas para o mer-
poder aquisitivo, já que não há uma família para sustentar. “O va-   cado single. Assim, esse público encontra desde carnes em porções
rejista que cativar essas pessoas vai se dar bem, justamente por     menores, até embalagens com pães de fabricação própria e frutas
ser um grupo em franco crescimento quantitativo e que dispõe         fatiadas, que são ideais para o consumo individual. A rotisserie
de mais recursos para gastar, geralmente investidos na satisfação    acaba sendo também sinônimo de praticidade para os solteiros”,
de seus próprios desejos”, avalia Cristiane, da GS&MD.               explica o diretor de Operações da rede, João Edson Gravata.
   Ou seja, eles gastam mais com produtos de alto valor agregado,       O Pão de Açúcar oferece a possibilidade, por exemplo, de o
não se importam tanto com preço e valorizam as boas experiên-        cliente comprar a porção de carne que desejar, nem que seja
cias de compra. Trata-se de um grupo majoritariamente urbano,        um único bife. Também porciona frutas, verduras e legumes
que precisa de serviços, como entrega, refeição pronta, atendi-      em bandejas de porções individuais. Na rotisserie, o cliente
mento online, e paga por isso. “Há outras particularidades. No       pode comprar a granel ou uma porção individual já definida.
delivery, por exemplo, precisam contar com entrega agendada          E a marca exclusiva Taeq tem em sua linha massas em peque-
e em horários alternativos, pois estão fora o dia todo”, explica     nas quantidades (350g), refeições prontas individuais (como
a diretora comercial da Kantar Worldpanel, Christine Pereira.        as sopas de 400g) e embalagens de 13g que a rede considera
   Horários alternativos também são importantes para quem            bastante procuradas pelo público single.
prefere comprar direto na loja, ao invés de recorrer à entrega. Um      Para Cristiane, da GS&MD, no entanto, há ainda mais uma
supermercado que feche às 20h ou mesmo às 22h talvez não seja        demanda: os solteiros querem soluções, não apenas produtos.
adequado a um grupo que trabalha ao menos uma dúzia de horas         Ela exemplifica dizendo que os integrantes desse grupo até
por dia e ainda encontra pique para emendar num happy hour.          gostam de cozinhar em casa e receber amigos, mas sem passar
   Por absoluta falta de tempo, são avessos a filas e ficam o mí-    o dia na cozinha. Por isso, valorizam os semiprontos naturais
nimo possível no PDV. É importante, portanto, que a loja seja        e gourmet. “Uma pessoa que mora sozinha tem pouca louça,
amigável, com pouca espera no checkout e uma ambientação             coisa de quatro pratos. Como faz para receber? Vai acertar o va-
que chame a atenção desse grupo e o ajude a encontrar o que          rejista que oferecer não apenas a comida pronta ou pré-pronta
procura, avaliam os especialistas. Em se tratando de categorias      na rotisserie, mas entregar o alimento em recipientes que vão
de produtos, os single sentem falta, sim, de porções menores.        à mesa e que sejam descartáveis”, sugere.



44   SuperVarejo abril 2012
Capa mercado



Categorias de produtos:
Saúde vai bem na gôndola,
e alto valor agregado
sobe ainda mais
• 58% estão consumindo menos sal, menos gordura, menos fritura
• Cesta de perecíveis avançou graças a sobremesas prontas e queijos




                                                                      Shutterstock




46   SuperVarejo abril 2012
Saudabilidade é o nome do jogo. O que,             dificuldades, como o segmento dos light.
          há pouco mais de dois anos, era considera-               No grupo dos que foram beneficiados,       Carregue modernid a d e
          da uma tendência de consumo, hoje é tema              estão os sucos prontos para beber, espe-
                                                                                                                   para sua
          central na escolha dos alimentos de famílias          cialmente nas versões “família”: 800 ml                     loja
          em todas as classes sociais. Pudera. Segun-           ou 1 litro, explica a coordenadora de Aná-
          do pesquisa recente da Kantar Worldpanel,             lises Especiais da Nielsen, Laura Tonus-
          a saúde ocupa o segundo lugar no ranking              si. A categoria cresceu 21,1% no primeiro
          de preocupações do brasileiro e tira o sono           semestre de 2011 ante o mesmo período
          de 55% dos pesquisados pelo instituto.                do ano passado. Em 2010, já tinha experi-
             Portanto, parte dos brasileiros está               mentado avanço respeitável: 13,7%.
                                                                                                                Mais praticidade de
          determinada a comer melhor (39%) e a                     Ocorre que o produto surfa bem em duas       acomodação, design
          comer menos (26%). O melhor, no caso,                 ondas simultâneas e igualmente fortes. É      inovador, várias opções
          refere-se a reduzir a ingestão de sal, gor-           considerado saudável e, ao mesmo tempo,
          dura e fritura, por exemplo. De acordo                prático e saboroso. Tem conquistado lugar
                                                                                                                de modelos e cores,
          com o estudo conduzido pela Kantar, 58%               de destaque e aumentado a penetração,         rodas que deslizam com
          dos pesquisados tenta diminuir a ingestão             especialmente na mesa das classes A e B.             facilidade...
          de um desses ingredientes.                               Já o vinho – que cresceu impressio-
             Também inclui um esforço para mudar                nantes 35,5% (comparando novamente
          a dieta e incluir refeições mais equilibra-           o primeiro semestre deste ano com igual        ...Carrinhos modernos
          das (39%) e prestar mais atenção às infor-            período do ano passado, segundo a Niel-
                                                                                                                que carregam hoje as
          mações nutricionais contidas nos rótulos:             sen) – conseguiu juntar suas caracterís-
          metade dos ouvidos mudou de atitude e,                ticas funcionais a um preço competitivo,      necessidades do futuro.
          agora, dá mais valor a esses dados.                   que permitiu aliviar parte da demanda
             Isso significa mais vendas? Não necessa-           reprimida das classes C e D pela bebida.
          riamente. Na prática, algumas categorias              “Foram os vinhos de preço baixo, nas lojas
          de produtos foram beneficiadas pelo apelo             voltadas para os emergentes, que puxaram
          saudável, como os orgânicos, os vinhos, os            essa alta”, explica Tonussi, da Nielsen.
          funcionais. Mas outras ainda encontram                   Das propriedades saudáveis do vinho,
                                                                como diminuir a incidência do chamado
                                                                colesterol ruim (ligado à aterosclerose) e
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                                                                diminuir a formação de coágulos, a maio-
                                                                ria delas também está presente no suco
                                                                de uva integral, “hit” entre a classe média
                                                                bem informada. Tanto é assim que a Vi-
                                                                nícola Aurora, por exemplo, duplicou sua
                                                                produção de uvas para sucos desde 2008,
                                                                conquistou selo da Sociedade Brasileira de
                                                                Cardiologia e ainda diversificou as uvas
                                                                empregadas na produção do suco integral,
                                                                acrescentando à linha as uvas verdes.
                                                                   Os orgânicos também vêm tendo avan-



                                                                                                                +
                                                                ços significativos. “Trata-se de um grupo
                                                                de produtos que cresce entre 30% e 40%
                                                                ao ano. O desempenho só não é melhor
                                                                porque não temos muitos insumos orgâni-
                                                                cos no País para ampliar a oferta”, explica
           Laura, da Nielsen: vinhos de preço baixo nas lojas   a gerente comercial de Orgânicos do Pão
           voltadas a emergentes puxaram a alta no consumo
                                                                de Açúcar, Sandra Caires.

                                                                                                                  SAC 0800 551796
                                                                                                                                 47
                                                                                                                  www.idecar.com.br
                                                                                                                abril 2012 SuperVarejo
Capa mercado




48   SuperVarejo abril 2012
arquivo
   Boa parte desses produtos, que, entre
outras coisas, são produzidos sem o uso
de defensivos agrícolas, tem tido êxito
não apenas pela saudabilidade, mas pe-
los preços em queda. A carne orgânica,
                                                                                                               A partir de agora,
por exemplo, que já chegou a custar 80%                                                                        ASSOCIADOS APAS
a mais que a tradicional, hoje custa só 30%
mais, explica Caires.                                                                                          tem muito mais motivos
   Entre os alimentos que não conseguiram
ainda penetração e crescimento consisten-
                                                                                                               para SORRIR!
te, mesmo sendo considerados saudáveis,
os diet e light estão em pior situação. Ape-                                                                   A Prodent com a experiência de
nas 25% dos brasileiros consomem produ-                                                                        muitos anos em gestão de planos
tos light, segundo estudo da Kantar.
                                                                                                               odontológicos corporativos,
   Há, basicamente, dois problemas, diz
a diretora comercial da Kantar Worldpa-          Christiane, da Kantar: brasileiro ainda                       firmou uma parceria com a APAS
                                                 considera sabor dos produtos light como não ideal             para que você possa oferecer
nel, Christine Pereira: primeiro, o sabor e
segundo, o preço. O brasileiro ainda con-                                                                      aos seus funcionários, a melhor
sidera que o sabor desses produtos não         rada (15,9%), sobremesa pronta (14,7%) e                        assistência odontológica do
é o ideal, não condiz com o que espera-        queijo (10,6%). O desempenho de produtos
                                                                                                               mercado com características e
vam, tendo em vista as versões “originais”.    mais sofisticados explica-se basicamente
Além disso, esse tipo de produto é, em mé-     por dois fatores: 1) aumento de renda, seja
                                                                                                               condições exclusivas.
dia, 83% mais caro que os regulares, o que     das classes C e D, seja do público AB e; 2) o
espanta ainda mais os potenciais clientes.     aumento das compras do tipo “eu mereço”,                                             A Prodent
   O consumo também não é de massa:            de indulgência, aquelas em que o consumi-                                     tem atualmente:
“as mulheres das classes C e D não têm         dor se presenteia com um “mimo” que lhe
o mesmo padrão de beleza das da elite.         dê satisfação adquirir.
                                                                                                                             + de 17.000 opções
                                                                                                                                  de atendimento
Elas até fazem regime, mas não querem             Esse tipo de compra já representa 32%                                          em todo o Brasil.
ficar magérrimas. Daí, também, porque          de todas as aquisições, de acordo com es-
não têm tanto interesse pelos light”, ex-      tudo da Kantar Worldpanel. Em 2004, era
                                                                                                                                    + de 1.300
                                                                                                                               empresas clientes.
plica o diretor do Data Popular, Renato        só 23%. Não à toa, mais da metade dos
Meirelles, instituto de pesquisa especia-      produtos de higiene e beleza vendidos são                                          + de 500.000
lizado em mercados emergentes. “A ten-         marcas premium.                                                                        associados.
dência dos saudáveis veio para ficar, mas         Não à toa também, o varejo alimentar
o supermercadista tem de mostrar para o        tem assistido ao crescimento de linhas de
consumidor que os saudáveis também são         produtos especiais em categorias antes ti-
gostosos, pois o maior peso, na compra,        das como básicas, como cervejas, azeites e
ainda é por produtos que deem prazer”,         até arroz. E, claro, as categorias tradicio-
sugere Pereira.                                nalmente mais sofisticadas, como vinhos
                                               e queijos, são diretamente impactadas pe-
Mais valor agregado                            la tendência. “As vendas de queijos tem
   A cesta de perecíveis – uma das mais        crescido bem, em 2010 crescemos 15%,
importantes para o faturamento do su-          com destaque para os queijos especiais                                  Saiba mais:
permercadista – foi a que mais cresceu         que cresceram mais de 20%. E temos uma                            11 3926-9466 (SP e GDE SP)
no primeiro semestre de 2011, de acordo        expectativa muito boa para 2011 e para os
                                                                                                               0800 701 4506 (Demais localidades)
com dados da Nielsen.                          próximos anos”, diz o gerente comercial
   Avançou 5,9%, puxada por três catego-       nacional de Queijos do Pão de Açúcar, Luis
rias de alto valor agregado: pasta refrige-    Otavio Possas.



                                                                                                                 abril 2012 SuperVarejo 49
                                                                                                               www.prodent.com.br
Capa mercado




Regiões:
Brasil
cresce nos
extremos
• Sul puxou alta do consumo novamente
• Norte e Nordeste continuam
avançando a passos largos




   Basta pegar um parque industrial forte, diversificado e dis-         Para o presidente da Associação Paranaense de Supermerca-
tribuído geograficamente, juntar com a preferência inequívoca        dos, Pedro Joanir Zonta, o que explica o bom desempenho do
pelas marcas locais e temperar com classe média consolidada          estado, principalmente, é um crescimento similar ao do Bra-
para ter aumento de consumo. A equação garantiu à região             sil, preço alto das commodities (Paraná é grande produtor de
Sul, mais uma vez, o título de segmento geográfico que mais          alguma delas), pleno emprego e uma classe C que é maior que
cresceu (9%) em consumo no País. Os dados são da Kantar              a do Nordeste. “Tem também uma boa distribuição de renda
Worldpanel e referem-se ao primeiro semestre de 2011 versus          e isso impacta no consumo. As próprias redes regionais têm
o mesmo período de 2010, em volume.                                  investido na abertura de novas lojas e na reforma das antigas,
   Dados da Nielsen apontam na mesma direção. Foi o Sul que          para atender melhor o consumidor e despertar o desejo de con-
puxou a alta de 2,1 no acumulado de todas as cestas, conside-        sumo”, explica Zonta.
rando todo o território nacional. Desse total, os três estados su-      O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, An-
listas representam, juntos, 1,12, ou seja, mais de 50% do avanço.    tonio Cesa Longo, destaca outros fatores para o crescimento,



50   SuperVarejo abril 2012
abril 2012 SuperVarejo   51
Capa mercado




                              Shutterstock
                                             tais como a indústria pujante do estado e a preferência dos con-
                                             terrâneos pelas marcas locais. “Isso favorece nossa indústria
                                             alimentícia, que é muito forte aqui, e gera ainda mais empregos,
                                             cujos salários são gastos em compras nas nossas lojas. É um
                                             círculo virtuoso”, diz ele.
                                                “É a classe média vigorosa e o baixo índice de desigualdade
                                             que sustentam o crescimento sulista, diz a diretora Comercial
                                             da Kantar Worldpanel”, Christine Pereira.

                                             Nordeste cresce mais que o Brasil
                                                Se no Brasil, o crescimento das cestas auditadas pela Nielsen
                                             foi de 2,1%, o Nordeste avançou ainda mais: 3,5%. O desempe-
                                             nho da segunda região que mais cresceu em volume de vendas no
                                             primeiro semestre de 2011 se deve, principalmente, ao aumento
                                             de renda das classes CDE, que são majoritárias naquela região.
                                                A região com maior proporção de lares com mais de cinco
                                             pessoas, que é também a que tem mais jovens, acumula outra
                                             liderança: a que mais cresce, justamente porque era a menos
                                             favorecida, lembra Pereira, da Kantar. “Com mais poder de
                                             compra, os consumidores nordestinos estão mudando de com-
                                             portamento: eles veem mais rótulos, conhecem marcas, deco-
                                             ram preços, estão mais observadores. Ou seja, amadurecendo.
                                             E se dando ao luxo de comprar itens que antes não compravam”,
                                             explica o professor do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM,
                                             Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira.
                                                Justamente por causa desse upgrade na cesta de compras,
                                             os índices nordestinos registram crescimento acima da média
                                             brasileira em categorias como suco pronto para beber, água
                                             sanitária sem cloro e extrato de tomate. Cestas como higiene
                                             e beleza, bebidas não-alcoólicas e perecíveis também tem tido
                                             desempenho superior ao brasileiro, afirma Laura Tonussi, da
                                             Nielsen. “Essas pessoas estão começando a consumir cate-
                                             gorias que antes não consumiam, como água mineral. Esse
                                             produto teve grande desempenho na avaliação da Nielsen jus-
                                             tamente pela melhor distribuição de embalagens de 20 litros
                                             no Nordeste. Além disso, também consomem produtos mais
                                             caros de categorias que já consumiam; deixam de comprar
                                             suco em pó para compra, eventualmente, do produto pronto
                                             para beber”, explica ela.


                                             FONTES DESTA MATÉRIA
                                             Associação Gaúcha de Supermercados: (51) 2118-5200
                                             Associação Paranaense de Supermercados: (41) 3263-7000
                                             Data Popular: (11) 3218-2222
                                             ESPM: (11) 5085-4600
                                             GS&MD - Gouvêa de Souza: (11) 3405-6666
                                             Kantar Worldpanel: (11) 4133-9700
                                             Nielsen: (11) 4613-7000
                                             Pão de Açúcar: www.paodeacucar.com.br
                                             Sebrae-SP: 0800 570 0800
                                             Vinícola Aurora: (54) 3455-2000




52   SuperVarejo abril 2012

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  • 1. Capa mercado Onde está o dinheiro? Com tantas mudanças recentes, novos nichos surgem. A SuperVarejo foi investigar o caminho do crescimento nesse Brasil de oportunidades [ Por Natalie Catuogno revista@supervarejo.com.br ] J oana é cabeleireira e mora na Bahia. Divide as con- vel. Preferiria que o supermercadista perto da sua casa tivesse tas da casa com o companheiro, tem o segundo grau delivery e busca soluções, não produtos. completo, acabou de comprar uma TV de tela fina e, As histórias são fictícias, claro, mas sintetizam algumas das preocupada com a saúde da família, paga mais caro por transformações pelas quais a sociedade brasileira passou nessa dé- marcas que considera melhores, incluiu mais frutas cada, encerrada em 2010. Tais mudanças tiveram impacto no mo- no cardápio, além de ter abolido o suco em pó para consumir, do de viver da população e, claro, em sua forma de gastar também. preferencialmente, o néctar pronto para beber. Ultimamente, Para descobrir onde estão as verbas que podem ser aplicadas também anda experimentando uns queijos importados. pelo consumidor no negócio do supermercadista, a SuperVarejo Manoel, por outro lado, vive sozinho com a mulher, no inte- selecionou e analisou dados oficiais e pesquisas, ouviu consul- rior de São Paulo, da aposentadoria e da renda do pé-de-meia tores, especialistas e empresários e mapeou, com a ajuda deles, que fizeram. Como já casaram os filhos, o dinheirinho dá para os principais nichos e os anseios dos clientes por trás deles. as contas e ainda sobra um pouquinho. Por isso, viajam em O resultado? As mulheres estão ganhando – e gastando – excursões duas vezes por ano, compram sempre um bom vi- mais, a expectativa de vida dos idosos aumentou, os jovens nho e gostam mesmo de cozinhar para os netos, nos finais de moram sozinhos, saúde virou uma grande preocupação e os semana. A avó, Maria, prefere fazer seu famoso macarrão com alimentos saudáveis estão na ordem do dia. Produtos de alto ingredientes frescos, que ela compra no dia, nos três supermer- valor agregado entraram de vez – e pela porta da frente – nas cados onde pesquisa preço e abastece sua casa. cozinhas de praticamente todas as classes sociais e são os ex- Já Paula tem vinte e poucos anos. É urbana, adora balada, tremos – e não mais as capitais de sempre – que sustentam o amigos e tecnologia. Não viveria sem computador. Até para crescimento do País. “Quem não estiver desenvolvendo agora fazer as compras precisa do notebook: pesquisa preços e even- estratégias para atrair esses consumidores, quem não estiver tualmente adquire produtos via internet. Se tem de ir à loja, pensando em quais serão as demandas deles em 2020, não irá prefere fazer isso à noite, para não pegar filas. Procura porções mais resistir”, diz o professor do Núcleo de Estudos do Varejo menores, já que mora sozinha, e compra com frequência em- da ESPM, Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira. balagens de carnes, frios e verduras previamente separadas Nas páginas seguintes, SuperVarejo detalha mais os nichos pelo supermercado. Ligada à ecologia, leva sua própria sacola, de mercado que estão emergindo a partir dos consumidores, consome orgânicos e procura manter uma alimentação saudá- das categorias de produtos e das regiões em alta. 36 SuperVarejo abril 2012
  • 3. Capa mercado Consumidores: Mulheres poderosas, idosos endinheirados e solteiros em ascensão • Mulher da classe C tem mais renda e autonomia de compra • Idosos recebem 7% mais do que gastam • Lares “single” avançam 33% Shutterstock 38 SuperVarejo abril 2012
  • 4. arquivo De 2002 a 2011, a renda feminina aumentou mais de 68%. O que significa dizer que as mulheres ganham hoje praticamente dois terços a mais do que ganhavam no passado. No mesmo período, a renda dos homens aumentou apenas 43%. Entre os emergentes, esse avanço significa ainda mais, pois as mulheres contribuem com 41% da renda da casa, contra 25% na classe A, segundo estudo recente divulgado pelo Data Popular, instituto de pesquisa especializado na classe C. “Nas classes emergentes mais mulheres trabalham, pois suas ren- das são indispensáveis para a manutenção das famílias. Esse fenômeno já não ocorre na elite. Além disso, o contingente feminino da classe C é mais escolarizado que o masculino, o que justifica os salários mais equivalentes”, explica o diretor do Data Popular, Renato Meirelles. Na prática, é mais autonomia e poder de compra para um grupo que sempre liderou as principais decisões de compra da família. Na classe C, 70% das mulheres são responsáveis por administrar o orçamento familiar. “Elas são mais informadas e mais escolarizadas que os companheiros e decidem a compra inclusive de itens como carro, computador e TV”, diz Meirelles. Contingente feminino com mais dinheiro ajuda a explicar, por exemplo, o avanço da cesta de higiene e beleza, a terceira que mais cresceu em 2011 (2,5%). As categorias desse segmento Oliveira, da ESPM: mulher está mais ativa, intolerante, preparada e pesquisa cada vez mais crescem também em valor agregado e, hoje, 55% da cesta é composta por produtos “premium”, favorecidos pelas compras de indulgência. Mais informada (45% delas leem revistas, segundo o Data Mas o aumento de renda não beneficiou apenas a mulher: com Popular), essa mulher pesquisa preços e visita diversos canais os recursos delas, as famílias começaram a ter sobra para investir antes de escolher onde comprar. Também usa a internet para em itens mais caros, de maior valor agregado, lembra a diretora comparar as melhores opções, mesmo que efetue a transação nu- da GS&MD – Gouvêa de Souza, Cristiane Osso. Novas categorias ma loja física, dizem os especialistas ouvidos pela SuperVarejo. entraram para a cesta de compras – como vinhos e iogurtes – e Preço, no entanto, não é o mais importante. 71% das mulhe- os alimentos que já eram costumeiramente comprados, sofreram res desse estrato social consideram a qualidade o fator que mais um upgrade para seus similares mais caros e sofisticados. pesa na hora de decidir a compra de alimentos. “Isso acontece, Como o consumo interno é o que tem movido a economia e em geral, porque se o produto não for bom, ela não tem como grande parte dele se deve às classes emergentes, a mulher da desprezá-lo e substituir por um melhor. Além disso, é ela quem classe C tem tido papel de protagonista no enredo de avanços, cozinha e quem levaria a culpa se a refeição ficasse ruim. En- especialmente no setor supermercadista. tão, prefere não arriscar”, conta Meirelles, do Data Popular, instituto responsável pelo dado. Do que as mulheres gostam É por essa razão que mais de 50% delas dão mais importância A família tem papel fundamental na vida dessas mulheres. às marcas de alimentos hoje do que davam há cinco anos. Com Alguns dados do estudo conduzido pelo Data Popular não dei- vontade de não errar e mais dinheiro disponível, elas gastam xam dúvida: 56% dizem não sacrificar horas com a família em mais para garantir a qualidade. benefício da carreira ou trabalho, e 72% delas tomam para si Como gostam de receber os amigos e parentes em casa (80% a responsabilidade de liderar a busca familiar por saúde. “O delas, segundo estudo do Data Popular), aderiram à cozinha desafio é entender os seus anseios, pois ela está mais ativa, americana -“para conversar enquanto cozinham”, esclarece intolerante, preparada e pesquisa cada vez mais”, explica o Meirelles – e procuram por refeições práticas, rápidas, mas professor do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM, Roberto semiprontas, de modo que possam dar seu toque ao prato, como Nascimento Azevedo de Oliveira. massa pronta de lasanha e steaks, por exemplo. abril 2012 SuperVarejo 39
  • 5. Capa mercado O pulo do gato para os varejistas é saber se comunicar com importado. Segundo os especialistas ouvidos pela SuperVarejo, esse público que, ao mesmo tempo em que compõe o estrato so- é preciso tratar dos problemas cotidianos dessa mulher para cial que mais se identifica com as roupas da mocinha da novela, atendê-la. “Falta comunicação adequada, pela qual a mulher almeja viajar de avião, comprar um notebook e usar perfume emergente se sinta representada”. 40 SuperVarejo abril 2012
  • 6. Capa mercado Um exemplo? Não adianta vender saúde para ela na base Uma das explicações para isso é que fazem parte desse grupo do “menos”. Segundo Meirelles, o discurso dos alimentos com os homens e mulheres bem-sucedidos que, nessa faixa etária já menos sódio, menos gordura, menos calorias não convence chegaram ao topo nas suas respectivas carreiras, com salário, esse grupo a pagar mais. Aqui, vale a lógica do “mais”: mais claro, compatível. “As pessoas nessa situação costumam gastar vitamina, mais proteína, mais sais minerais. Portanto, ao invés mais com as compras do tipo ‘eu mereço’, investem em alimentos de elencar ingredientes que o alimento saudável não tem, vale gourmet, pois costumam cozinhar para os amigos nos finais de a pena ressaltar o que ele tem de sobra. semana, e compram com frequência artigos como bons vinhos”, explica a diretora da GS&MD-Gouvêa de Souza, Cristiane Osso. A vida começa aos 50 Outro grupo que se destaca dentro dessa faixa etária é com- Com o aumento consistente da expectativa de vida do bra- posto pelos casais cujos filhos já saíram de casa, o que ajuda a sileiro, que saltou para 72 anos nas últimas décadas, os 50 fazer o salário sobrar no fim do mês. A economia é potencia- anos são considerados os novos 40. Ou seja, o que antes já foi lizada pela capacidade de pechincha das donas de casa com considerado o auge da maturidade é agora só um preâmbulo: mais de 50, que costumam ter uma relação específica com o o auge mesmo chega aos 50. E com dinheiro no bolso. ponto-de-venda: elas gostam de ir fisicamente às lojas, de ficar A população com mais de 55 anos no Brasil, segundo dados por lá, de pesquisar. Por isso, vão a vários canais diferentes e do IBGE, passou de 8,7% do total em 1980 para 13,3% em 2008. compram nos que oferecem melhor custo-benefício, explicam E a tendência é de crescimento: o instituto estima que, em os analistas ouvidos pela reportagem. 2020, esse grupo representará 19,2% dos brasileiros. Embora tenham mais tempo livre, essas donas de casa tam- A boa notícia não é somente que eles estão crescendo, mas bém valorizam praticidade, pois ocupam seu dia com mais lazer que têm mais recursos para gastar. Segundo pesquisa da Kan- e atividades de saúde. Mas não são das que dariam tudo por tar Worldpanel, nos lares em que a dona de casa tem 50 anos ou uma lasanha congelada. Ao contrário, compram mais alimen- mais (32% do total da amostra da consultoria), está sobrando tos frescos e têm o hábito de cozinhar para os filhos, netos e cerca de 7% da renda. agregados nos finais de semana, diz Cristiane, da GS&MD. O que os cinquentões querem arquivo “Essas pessoas compram menos do que poderiam porque não têm o que comprar”, defende o professor do Núcleo de Estudo do Varejo da ESPM, Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira. “O varejo não faz nenhum trabalho com esse público. É preciso colocar esse objetivo, conhecer esse grupo, a demanda, os cos- tumes, o que quer comprar, de que forma e a que horas. Depois, desenvolver uma estratégia para eles e divulgá-la corretamente no PDV”, arremata ele. Faltam, por exemplo, alimentos fracionados adequados às fa- mílias com pais nessa faixa etária, geralmente menores. Outra coisa que costuma incomodar os mais velhos é o rótulo, cada vez menor, lembra Oliveira. Claro que aumentar o tamanho do rótulo está fora do raio de ação do varejista, mas ele pode, por intermédio de uma boa comunicação visual, facilitar a vida do cliente nas categorias mais procuradas por essa turma. Para o consultor do Sebrae-SP, Renato Fonseca, os varejistas estão devendo também serviços adequados, seja de entrega, seja de empacotamento ou mesmo de relacionamento. Ele conta sobre uma iniciativa que chamou sua atenção, há pouco tempo: um pequeno supermercado que passou a oferecer aulas de Tai Chi Chuan no estacionamento, aos sábados pela manhã. “Quan- Fonseca, do SEBRAE-SP: varejistas do eu estive lá, estava lotado”, diz. “Isso cria uma possibilidade estão devendo serviços adequados sensacional de trazer o cliente para dentro da loja”. 42 SuperVarejo abril 2012
  • 7. Capa mercado Sozinhos, mas não solitários São ecologicamente corretos, não gostam do desperdício que Representando 12,2% da população, os solteiros – ou aque- representa, por exemplo, levar para casa um pé de alface que les que moram sozinhos – compõem o setor populacional que não vão dar conta de comer antes de estragar. mais cresceu nos últimos 10 anos: 33% segundo dados da Kantar Por essa razão, investir em porcionar alguns produtos na loja Worldpanel. Com as taxas de matrimônio caindo e as de divórcio (como FLV, por exemplo) ou vendê-los a granel (caso dos grãos, aumentando, é fácil entender o dado. O desafio, no entanto, está carnes e frios) pode ser uma boa estratégia. “A rede Pão de Açúcar em como atender a um público crescente, exigente e com bom tem o cuidado de transformar alimentos em suas lojas para o mer- poder aquisitivo, já que não há uma família para sustentar. “O va- cado single. Assim, esse público encontra desde carnes em porções rejista que cativar essas pessoas vai se dar bem, justamente por menores, até embalagens com pães de fabricação própria e frutas ser um grupo em franco crescimento quantitativo e que dispõe fatiadas, que são ideais para o consumo individual. A rotisserie de mais recursos para gastar, geralmente investidos na satisfação acaba sendo também sinônimo de praticidade para os solteiros”, de seus próprios desejos”, avalia Cristiane, da GS&MD. explica o diretor de Operações da rede, João Edson Gravata. Ou seja, eles gastam mais com produtos de alto valor agregado, O Pão de Açúcar oferece a possibilidade, por exemplo, de o não se importam tanto com preço e valorizam as boas experiên- cliente comprar a porção de carne que desejar, nem que seja cias de compra. Trata-se de um grupo majoritariamente urbano, um único bife. Também porciona frutas, verduras e legumes que precisa de serviços, como entrega, refeição pronta, atendi- em bandejas de porções individuais. Na rotisserie, o cliente mento online, e paga por isso. “Há outras particularidades. No pode comprar a granel ou uma porção individual já definida. delivery, por exemplo, precisam contar com entrega agendada E a marca exclusiva Taeq tem em sua linha massas em peque- e em horários alternativos, pois estão fora o dia todo”, explica nas quantidades (350g), refeições prontas individuais (como a diretora comercial da Kantar Worldpanel, Christine Pereira. as sopas de 400g) e embalagens de 13g que a rede considera Horários alternativos também são importantes para quem bastante procuradas pelo público single. prefere comprar direto na loja, ao invés de recorrer à entrega. Um Para Cristiane, da GS&MD, no entanto, há ainda mais uma supermercado que feche às 20h ou mesmo às 22h talvez não seja demanda: os solteiros querem soluções, não apenas produtos. adequado a um grupo que trabalha ao menos uma dúzia de horas Ela exemplifica dizendo que os integrantes desse grupo até por dia e ainda encontra pique para emendar num happy hour. gostam de cozinhar em casa e receber amigos, mas sem passar Por absoluta falta de tempo, são avessos a filas e ficam o mí- o dia na cozinha. Por isso, valorizam os semiprontos naturais nimo possível no PDV. É importante, portanto, que a loja seja e gourmet. “Uma pessoa que mora sozinha tem pouca louça, amigável, com pouca espera no checkout e uma ambientação coisa de quatro pratos. Como faz para receber? Vai acertar o va- que chame a atenção desse grupo e o ajude a encontrar o que rejista que oferecer não apenas a comida pronta ou pré-pronta procura, avaliam os especialistas. Em se tratando de categorias na rotisserie, mas entregar o alimento em recipientes que vão de produtos, os single sentem falta, sim, de porções menores. à mesa e que sejam descartáveis”, sugere. 44 SuperVarejo abril 2012
  • 8. Capa mercado Categorias de produtos: Saúde vai bem na gôndola, e alto valor agregado sobe ainda mais • 58% estão consumindo menos sal, menos gordura, menos fritura • Cesta de perecíveis avançou graças a sobremesas prontas e queijos Shutterstock 46 SuperVarejo abril 2012
  • 9. Saudabilidade é o nome do jogo. O que, dificuldades, como o segmento dos light. há pouco mais de dois anos, era considera- No grupo dos que foram beneficiados, Carregue modernid a d e da uma tendência de consumo, hoje é tema estão os sucos prontos para beber, espe- para sua central na escolha dos alimentos de famílias cialmente nas versões “família”: 800 ml loja em todas as classes sociais. Pudera. Segun- ou 1 litro, explica a coordenadora de Aná- do pesquisa recente da Kantar Worldpanel, lises Especiais da Nielsen, Laura Tonus- a saúde ocupa o segundo lugar no ranking si. A categoria cresceu 21,1% no primeiro de preocupações do brasileiro e tira o sono semestre de 2011 ante o mesmo período de 55% dos pesquisados pelo instituto. do ano passado. Em 2010, já tinha experi- Portanto, parte dos brasileiros está mentado avanço respeitável: 13,7%. Mais praticidade de determinada a comer melhor (39%) e a Ocorre que o produto surfa bem em duas acomodação, design comer menos (26%). O melhor, no caso, ondas simultâneas e igualmente fortes. É inovador, várias opções refere-se a reduzir a ingestão de sal, gor- considerado saudável e, ao mesmo tempo, dura e fritura, por exemplo. De acordo prático e saboroso. Tem conquistado lugar de modelos e cores, com o estudo conduzido pela Kantar, 58% de destaque e aumentado a penetração, rodas que deslizam com dos pesquisados tenta diminuir a ingestão especialmente na mesa das classes A e B. facilidade... de um desses ingredientes. Já o vinho – que cresceu impressio- Também inclui um esforço para mudar nantes 35,5% (comparando novamente a dieta e incluir refeições mais equilibra- o primeiro semestre deste ano com igual ...Carrinhos modernos das (39%) e prestar mais atenção às infor- período do ano passado, segundo a Niel- que carregam hoje as mações nutricionais contidas nos rótulos: sen) – conseguiu juntar suas caracterís- metade dos ouvidos mudou de atitude e, ticas funcionais a um preço competitivo, necessidades do futuro. agora, dá mais valor a esses dados. que permitiu aliviar parte da demanda Isso significa mais vendas? Não necessa- reprimida das classes C e D pela bebida. riamente. Na prática, algumas categorias “Foram os vinhos de preço baixo, nas lojas de produtos foram beneficiadas pelo apelo voltadas para os emergentes, que puxaram saudável, como os orgânicos, os vinhos, os essa alta”, explica Tonussi, da Nielsen. funcionais. Mas outras ainda encontram Das propriedades saudáveis do vinho, como diminuir a incidência do chamado colesterol ruim (ligado à aterosclerose) e arquivo diminuir a formação de coágulos, a maio- ria delas também está presente no suco de uva integral, “hit” entre a classe média bem informada. Tanto é assim que a Vi- nícola Aurora, por exemplo, duplicou sua produção de uvas para sucos desde 2008, conquistou selo da Sociedade Brasileira de Cardiologia e ainda diversificou as uvas empregadas na produção do suco integral, acrescentando à linha as uvas verdes. Os orgânicos também vêm tendo avan- + ços significativos. “Trata-se de um grupo de produtos que cresce entre 30% e 40% ao ano. O desempenho só não é melhor porque não temos muitos insumos orgâni- cos no País para ampliar a oferta”, explica Laura, da Nielsen: vinhos de preço baixo nas lojas a gerente comercial de Orgânicos do Pão voltadas a emergentes puxaram a alta no consumo de Açúcar, Sandra Caires. SAC 0800 551796 47 www.idecar.com.br abril 2012 SuperVarejo
  • 10. Capa mercado 48 SuperVarejo abril 2012
  • 11. arquivo Boa parte desses produtos, que, entre outras coisas, são produzidos sem o uso de defensivos agrícolas, tem tido êxito não apenas pela saudabilidade, mas pe- los preços em queda. A carne orgânica, A partir de agora, por exemplo, que já chegou a custar 80% ASSOCIADOS APAS a mais que a tradicional, hoje custa só 30% mais, explica Caires. tem muito mais motivos Entre os alimentos que não conseguiram ainda penetração e crescimento consisten- para SORRIR! te, mesmo sendo considerados saudáveis, os diet e light estão em pior situação. Ape- A Prodent com a experiência de nas 25% dos brasileiros consomem produ- muitos anos em gestão de planos tos light, segundo estudo da Kantar. odontológicos corporativos, Há, basicamente, dois problemas, diz a diretora comercial da Kantar Worldpa- Christiane, da Kantar: brasileiro ainda firmou uma parceria com a APAS considera sabor dos produtos light como não ideal para que você possa oferecer nel, Christine Pereira: primeiro, o sabor e segundo, o preço. O brasileiro ainda con- aos seus funcionários, a melhor sidera que o sabor desses produtos não rada (15,9%), sobremesa pronta (14,7%) e assistência odontológica do é o ideal, não condiz com o que espera- queijo (10,6%). O desempenho de produtos mercado com características e vam, tendo em vista as versões “originais”. mais sofisticados explica-se basicamente Além disso, esse tipo de produto é, em mé- por dois fatores: 1) aumento de renda, seja condições exclusivas. dia, 83% mais caro que os regulares, o que das classes C e D, seja do público AB e; 2) o espanta ainda mais os potenciais clientes. aumento das compras do tipo “eu mereço”, A Prodent O consumo também não é de massa: de indulgência, aquelas em que o consumi- tem atualmente: “as mulheres das classes C e D não têm dor se presenteia com um “mimo” que lhe o mesmo padrão de beleza das da elite. dê satisfação adquirir. + de 17.000 opções de atendimento Elas até fazem regime, mas não querem Esse tipo de compra já representa 32% em todo o Brasil. ficar magérrimas. Daí, também, porque de todas as aquisições, de acordo com es- não têm tanto interesse pelos light”, ex- tudo da Kantar Worldpanel. Em 2004, era + de 1.300 empresas clientes. plica o diretor do Data Popular, Renato só 23%. Não à toa, mais da metade dos Meirelles, instituto de pesquisa especia- produtos de higiene e beleza vendidos são + de 500.000 lizado em mercados emergentes. “A ten- marcas premium. associados. dência dos saudáveis veio para ficar, mas Não à toa também, o varejo alimentar o supermercadista tem de mostrar para o tem assistido ao crescimento de linhas de consumidor que os saudáveis também são produtos especiais em categorias antes ti- gostosos, pois o maior peso, na compra, das como básicas, como cervejas, azeites e ainda é por produtos que deem prazer”, até arroz. E, claro, as categorias tradicio- sugere Pereira. nalmente mais sofisticadas, como vinhos e queijos, são diretamente impactadas pe- Mais valor agregado la tendência. “As vendas de queijos tem A cesta de perecíveis – uma das mais crescido bem, em 2010 crescemos 15%, importantes para o faturamento do su- com destaque para os queijos especiais Saiba mais: permercadista – foi a que mais cresceu que cresceram mais de 20%. E temos uma 11 3926-9466 (SP e GDE SP) no primeiro semestre de 2011, de acordo expectativa muito boa para 2011 e para os 0800 701 4506 (Demais localidades) com dados da Nielsen. próximos anos”, diz o gerente comercial Avançou 5,9%, puxada por três catego- nacional de Queijos do Pão de Açúcar, Luis rias de alto valor agregado: pasta refrige- Otavio Possas. abril 2012 SuperVarejo 49 www.prodent.com.br
  • 12. Capa mercado Regiões: Brasil cresce nos extremos • Sul puxou alta do consumo novamente • Norte e Nordeste continuam avançando a passos largos Basta pegar um parque industrial forte, diversificado e dis- Para o presidente da Associação Paranaense de Supermerca- tribuído geograficamente, juntar com a preferência inequívoca dos, Pedro Joanir Zonta, o que explica o bom desempenho do pelas marcas locais e temperar com classe média consolidada estado, principalmente, é um crescimento similar ao do Bra- para ter aumento de consumo. A equação garantiu à região sil, preço alto das commodities (Paraná é grande produtor de Sul, mais uma vez, o título de segmento geográfico que mais alguma delas), pleno emprego e uma classe C que é maior que cresceu (9%) em consumo no País. Os dados são da Kantar a do Nordeste. “Tem também uma boa distribuição de renda Worldpanel e referem-se ao primeiro semestre de 2011 versus e isso impacta no consumo. As próprias redes regionais têm o mesmo período de 2010, em volume. investido na abertura de novas lojas e na reforma das antigas, Dados da Nielsen apontam na mesma direção. Foi o Sul que para atender melhor o consumidor e despertar o desejo de con- puxou a alta de 2,1 no acumulado de todas as cestas, conside- sumo”, explica Zonta. rando todo o território nacional. Desse total, os três estados su- O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, An- listas representam, juntos, 1,12, ou seja, mais de 50% do avanço. tonio Cesa Longo, destaca outros fatores para o crescimento, 50 SuperVarejo abril 2012
  • 14. Capa mercado Shutterstock tais como a indústria pujante do estado e a preferência dos con- terrâneos pelas marcas locais. “Isso favorece nossa indústria alimentícia, que é muito forte aqui, e gera ainda mais empregos, cujos salários são gastos em compras nas nossas lojas. É um círculo virtuoso”, diz ele. “É a classe média vigorosa e o baixo índice de desigualdade que sustentam o crescimento sulista, diz a diretora Comercial da Kantar Worldpanel”, Christine Pereira. Nordeste cresce mais que o Brasil Se no Brasil, o crescimento das cestas auditadas pela Nielsen foi de 2,1%, o Nordeste avançou ainda mais: 3,5%. O desempe- nho da segunda região que mais cresceu em volume de vendas no primeiro semestre de 2011 se deve, principalmente, ao aumento de renda das classes CDE, que são majoritárias naquela região. A região com maior proporção de lares com mais de cinco pessoas, que é também a que tem mais jovens, acumula outra liderança: a que mais cresce, justamente porque era a menos favorecida, lembra Pereira, da Kantar. “Com mais poder de compra, os consumidores nordestinos estão mudando de com- portamento: eles veem mais rótulos, conhecem marcas, deco- ram preços, estão mais observadores. Ou seja, amadurecendo. E se dando ao luxo de comprar itens que antes não compravam”, explica o professor do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM, Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira. Justamente por causa desse upgrade na cesta de compras, os índices nordestinos registram crescimento acima da média brasileira em categorias como suco pronto para beber, água sanitária sem cloro e extrato de tomate. Cestas como higiene e beleza, bebidas não-alcoólicas e perecíveis também tem tido desempenho superior ao brasileiro, afirma Laura Tonussi, da Nielsen. “Essas pessoas estão começando a consumir cate- gorias que antes não consumiam, como água mineral. Esse produto teve grande desempenho na avaliação da Nielsen jus- tamente pela melhor distribuição de embalagens de 20 litros no Nordeste. Além disso, também consomem produtos mais caros de categorias que já consumiam; deixam de comprar suco em pó para compra, eventualmente, do produto pronto para beber”, explica ela. FONTES DESTA MATÉRIA Associação Gaúcha de Supermercados: (51) 2118-5200 Associação Paranaense de Supermercados: (41) 3263-7000 Data Popular: (11) 3218-2222 ESPM: (11) 5085-4600 GS&MD - Gouvêa de Souza: (11) 3405-6666 Kantar Worldpanel: (11) 4133-9700 Nielsen: (11) 4613-7000 Pão de Açúcar: www.paodeacucar.com.br Sebrae-SP: 0800 570 0800 Vinícola Aurora: (54) 3455-2000 52 SuperVarejo abril 2012