O documento discute as tendências de consumo emergentes no Brasil. Em especial, destaca 3 nichos de mercado: 1) Mulheres da classe C têm mais renda e autonomia de compra; 2) Idosos com mais de 55 anos têm maior expectativa de vida e renda sobrando; 3) Lares de solteiros representam 12,2% da população e buscam porções menores e alimentos práticos.
La industria de los centros comerciales en latinoamérica en 2014
Materia capa
1. Capa mercado
Onde está o
dinheiro?
Com tantas mudanças recentes, novos nichos surgem. A SuperVarejo
foi investigar o caminho do crescimento nesse Brasil de oportunidades
[ Por Natalie Catuogno revista@supervarejo.com.br ]
J
oana é cabeleireira e mora na Bahia. Divide as con- vel. Preferiria que o supermercadista perto da sua casa tivesse
tas da casa com o companheiro, tem o segundo grau delivery e busca soluções, não produtos.
completo, acabou de comprar uma TV de tela fina e, As histórias são fictícias, claro, mas sintetizam algumas das
preocupada com a saúde da família, paga mais caro por transformações pelas quais a sociedade brasileira passou nessa dé-
marcas que considera melhores, incluiu mais frutas cada, encerrada em 2010. Tais mudanças tiveram impacto no mo-
no cardápio, além de ter abolido o suco em pó para consumir, do de viver da população e, claro, em sua forma de gastar também.
preferencialmente, o néctar pronto para beber. Ultimamente, Para descobrir onde estão as verbas que podem ser aplicadas
também anda experimentando uns queijos importados. pelo consumidor no negócio do supermercadista, a SuperVarejo
Manoel, por outro lado, vive sozinho com a mulher, no inte- selecionou e analisou dados oficiais e pesquisas, ouviu consul-
rior de São Paulo, da aposentadoria e da renda do pé-de-meia tores, especialistas e empresários e mapeou, com a ajuda deles,
que fizeram. Como já casaram os filhos, o dinheirinho dá para os principais nichos e os anseios dos clientes por trás deles.
as contas e ainda sobra um pouquinho. Por isso, viajam em O resultado? As mulheres estão ganhando – e gastando –
excursões duas vezes por ano, compram sempre um bom vi- mais, a expectativa de vida dos idosos aumentou, os jovens
nho e gostam mesmo de cozinhar para os netos, nos finais de moram sozinhos, saúde virou uma grande preocupação e os
semana. A avó, Maria, prefere fazer seu famoso macarrão com alimentos saudáveis estão na ordem do dia. Produtos de alto
ingredientes frescos, que ela compra no dia, nos três supermer- valor agregado entraram de vez – e pela porta da frente – nas
cados onde pesquisa preço e abastece sua casa. cozinhas de praticamente todas as classes sociais e são os ex-
Já Paula tem vinte e poucos anos. É urbana, adora balada, tremos – e não mais as capitais de sempre – que sustentam o
amigos e tecnologia. Não viveria sem computador. Até para crescimento do País. “Quem não estiver desenvolvendo agora
fazer as compras precisa do notebook: pesquisa preços e even- estratégias para atrair esses consumidores, quem não estiver
tualmente adquire produtos via internet. Se tem de ir à loja, pensando em quais serão as demandas deles em 2020, não irá
prefere fazer isso à noite, para não pegar filas. Procura porções mais resistir”, diz o professor do Núcleo de Estudos do Varejo
menores, já que mora sozinha, e compra com frequência em- da ESPM, Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira.
balagens de carnes, frios e verduras previamente separadas Nas páginas seguintes, SuperVarejo detalha mais os nichos
pelo supermercado. Ligada à ecologia, leva sua própria sacola, de mercado que estão emergindo a partir dos consumidores,
consome orgânicos e procura manter uma alimentação saudá- das categorias de produtos e das regiões em alta.
36 SuperVarejo abril 2012
3. Capa mercado
Consumidores:
Mulheres poderosas,
idosos endinheirados e
solteiros em ascensão
• Mulher da classe C tem mais renda e autonomia de compra
• Idosos recebem 7% mais do que gastam
• Lares “single” avançam 33%
Shutterstock
38 SuperVarejo abril 2012
4. arquivo
De 2002 a 2011, a renda feminina aumentou mais de 68%. O
que significa dizer que as mulheres ganham hoje praticamente
dois terços a mais do que ganhavam no passado. No mesmo
período, a renda dos homens aumentou apenas 43%.
Entre os emergentes, esse avanço significa ainda mais, pois
as mulheres contribuem com 41% da renda da casa, contra
25% na classe A, segundo estudo recente divulgado pelo Data
Popular, instituto de pesquisa especializado na classe C. “Nas
classes emergentes mais mulheres trabalham, pois suas ren-
das são indispensáveis para a manutenção das famílias. Esse
fenômeno já não ocorre na elite. Além disso, o contingente
feminino da classe C é mais escolarizado que o masculino, o
que justifica os salários mais equivalentes”, explica o diretor
do Data Popular, Renato Meirelles.
Na prática, é mais autonomia e poder de compra para um
grupo que sempre liderou as principais decisões de compra da
família. Na classe C, 70% das mulheres são responsáveis por
administrar o orçamento familiar. “Elas são mais informadas
e mais escolarizadas que os companheiros e decidem a compra
inclusive de itens como carro, computador e TV”, diz Meirelles.
Contingente feminino com mais dinheiro ajuda a explicar,
por exemplo, o avanço da cesta de higiene e beleza, a terceira
que mais cresceu em 2011 (2,5%). As categorias desse segmento Oliveira, da ESPM: mulher está mais ativa,
intolerante, preparada e pesquisa cada vez mais
crescem também em valor agregado e, hoje, 55% da cesta é
composta por produtos “premium”, favorecidos pelas compras
de indulgência. Mais informada (45% delas leem revistas, segundo o Data
Mas o aumento de renda não beneficiou apenas a mulher: com Popular), essa mulher pesquisa preços e visita diversos canais
os recursos delas, as famílias começaram a ter sobra para investir antes de escolher onde comprar. Também usa a internet para
em itens mais caros, de maior valor agregado, lembra a diretora comparar as melhores opções, mesmo que efetue a transação nu-
da GS&MD – Gouvêa de Souza, Cristiane Osso. Novas categorias ma loja física, dizem os especialistas ouvidos pela SuperVarejo.
entraram para a cesta de compras – como vinhos e iogurtes – e Preço, no entanto, não é o mais importante. 71% das mulhe-
os alimentos que já eram costumeiramente comprados, sofreram res desse estrato social consideram a qualidade o fator que mais
um upgrade para seus similares mais caros e sofisticados. pesa na hora de decidir a compra de alimentos. “Isso acontece,
Como o consumo interno é o que tem movido a economia e em geral, porque se o produto não for bom, ela não tem como
grande parte dele se deve às classes emergentes, a mulher da desprezá-lo e substituir por um melhor. Além disso, é ela quem
classe C tem tido papel de protagonista no enredo de avanços, cozinha e quem levaria a culpa se a refeição ficasse ruim. En-
especialmente no setor supermercadista. tão, prefere não arriscar”, conta Meirelles, do Data Popular,
instituto responsável pelo dado.
Do que as mulheres gostam É por essa razão que mais de 50% delas dão mais importância
A família tem papel fundamental na vida dessas mulheres. às marcas de alimentos hoje do que davam há cinco anos. Com
Alguns dados do estudo conduzido pelo Data Popular não dei- vontade de não errar e mais dinheiro disponível, elas gastam
xam dúvida: 56% dizem não sacrificar horas com a família em mais para garantir a qualidade.
benefício da carreira ou trabalho, e 72% delas tomam para si Como gostam de receber os amigos e parentes em casa (80%
a responsabilidade de liderar a busca familiar por saúde. “O delas, segundo estudo do Data Popular), aderiram à cozinha
desafio é entender os seus anseios, pois ela está mais ativa, americana -“para conversar enquanto cozinham”, esclarece
intolerante, preparada e pesquisa cada vez mais”, explica o Meirelles – e procuram por refeições práticas, rápidas, mas
professor do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM, Roberto semiprontas, de modo que possam dar seu toque ao prato, como
Nascimento Azevedo de Oliveira. massa pronta de lasanha e steaks, por exemplo.
abril 2012 SuperVarejo 39
5. Capa mercado
O pulo do gato para os varejistas é saber se comunicar com importado. Segundo os especialistas ouvidos pela SuperVarejo,
esse público que, ao mesmo tempo em que compõe o estrato so- é preciso tratar dos problemas cotidianos dessa mulher para
cial que mais se identifica com as roupas da mocinha da novela, atendê-la. “Falta comunicação adequada, pela qual a mulher
almeja viajar de avião, comprar um notebook e usar perfume emergente se sinta representada”.
40 SuperVarejo abril 2012
6. Capa mercado
Um exemplo? Não adianta vender saúde para ela na base Uma das explicações para isso é que fazem parte desse grupo
do “menos”. Segundo Meirelles, o discurso dos alimentos com os homens e mulheres bem-sucedidos que, nessa faixa etária já
menos sódio, menos gordura, menos calorias não convence chegaram ao topo nas suas respectivas carreiras, com salário,
esse grupo a pagar mais. Aqui, vale a lógica do “mais”: mais claro, compatível. “As pessoas nessa situação costumam gastar
vitamina, mais proteína, mais sais minerais. Portanto, ao invés mais com as compras do tipo ‘eu mereço’, investem em alimentos
de elencar ingredientes que o alimento saudável não tem, vale gourmet, pois costumam cozinhar para os amigos nos finais de
a pena ressaltar o que ele tem de sobra. semana, e compram com frequência artigos como bons vinhos”,
explica a diretora da GS&MD-Gouvêa de Souza, Cristiane Osso.
A vida começa aos 50 Outro grupo que se destaca dentro dessa faixa etária é com-
Com o aumento consistente da expectativa de vida do bra- posto pelos casais cujos filhos já saíram de casa, o que ajuda a
sileiro, que saltou para 72 anos nas últimas décadas, os 50 fazer o salário sobrar no fim do mês. A economia é potencia-
anos são considerados os novos 40. Ou seja, o que antes já foi lizada pela capacidade de pechincha das donas de casa com
considerado o auge da maturidade é agora só um preâmbulo: mais de 50, que costumam ter uma relação específica com o
o auge mesmo chega aos 50. E com dinheiro no bolso. ponto-de-venda: elas gostam de ir fisicamente às lojas, de ficar
A população com mais de 55 anos no Brasil, segundo dados por lá, de pesquisar. Por isso, vão a vários canais diferentes e
do IBGE, passou de 8,7% do total em 1980 para 13,3% em 2008. compram nos que oferecem melhor custo-benefício, explicam
E a tendência é de crescimento: o instituto estima que, em os analistas ouvidos pela reportagem.
2020, esse grupo representará 19,2% dos brasileiros. Embora tenham mais tempo livre, essas donas de casa tam-
A boa notícia não é somente que eles estão crescendo, mas bém valorizam praticidade, pois ocupam seu dia com mais lazer
que têm mais recursos para gastar. Segundo pesquisa da Kan- e atividades de saúde. Mas não são das que dariam tudo por
tar Worldpanel, nos lares em que a dona de casa tem 50 anos ou uma lasanha congelada. Ao contrário, compram mais alimen-
mais (32% do total da amostra da consultoria), está sobrando tos frescos e têm o hábito de cozinhar para os filhos, netos e
cerca de 7% da renda. agregados nos finais de semana, diz Cristiane, da GS&MD.
O que os cinquentões querem
arquivo
“Essas pessoas compram menos do que poderiam porque não
têm o que comprar”, defende o professor do Núcleo de Estudo
do Varejo da ESPM, Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira.
“O varejo não faz nenhum trabalho com esse público. É preciso
colocar esse objetivo, conhecer esse grupo, a demanda, os cos-
tumes, o que quer comprar, de que forma e a que horas. Depois,
desenvolver uma estratégia para eles e divulgá-la corretamente
no PDV”, arremata ele.
Faltam, por exemplo, alimentos fracionados adequados às fa-
mílias com pais nessa faixa etária, geralmente menores. Outra
coisa que costuma incomodar os mais velhos é o rótulo, cada
vez menor, lembra Oliveira. Claro que aumentar o tamanho do
rótulo está fora do raio de ação do varejista, mas ele pode, por
intermédio de uma boa comunicação visual, facilitar a vida do
cliente nas categorias mais procuradas por essa turma.
Para o consultor do Sebrae-SP, Renato Fonseca, os varejistas
estão devendo também serviços adequados, seja de entrega,
seja de empacotamento ou mesmo de relacionamento. Ele conta
sobre uma iniciativa que chamou sua atenção, há pouco tempo:
um pequeno supermercado que passou a oferecer aulas de Tai
Chi Chuan no estacionamento, aos sábados pela manhã. “Quan-
Fonseca, do SEBRAE-SP: varejistas do eu estive lá, estava lotado”, diz. “Isso cria uma possibilidade
estão devendo serviços adequados
sensacional de trazer o cliente para dentro da loja”.
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7. Capa mercado
Sozinhos, mas não solitários São ecologicamente corretos, não gostam do desperdício que
Representando 12,2% da população, os solteiros – ou aque- representa, por exemplo, levar para casa um pé de alface que
les que moram sozinhos – compõem o setor populacional que não vão dar conta de comer antes de estragar.
mais cresceu nos últimos 10 anos: 33% segundo dados da Kantar Por essa razão, investir em porcionar alguns produtos na loja
Worldpanel. Com as taxas de matrimônio caindo e as de divórcio (como FLV, por exemplo) ou vendê-los a granel (caso dos grãos,
aumentando, é fácil entender o dado. O desafio, no entanto, está carnes e frios) pode ser uma boa estratégia. “A rede Pão de Açúcar
em como atender a um público crescente, exigente e com bom tem o cuidado de transformar alimentos em suas lojas para o mer-
poder aquisitivo, já que não há uma família para sustentar. “O va- cado single. Assim, esse público encontra desde carnes em porções
rejista que cativar essas pessoas vai se dar bem, justamente por menores, até embalagens com pães de fabricação própria e frutas
ser um grupo em franco crescimento quantitativo e que dispõe fatiadas, que são ideais para o consumo individual. A rotisserie
de mais recursos para gastar, geralmente investidos na satisfação acaba sendo também sinônimo de praticidade para os solteiros”,
de seus próprios desejos”, avalia Cristiane, da GS&MD. explica o diretor de Operações da rede, João Edson Gravata.
Ou seja, eles gastam mais com produtos de alto valor agregado, O Pão de Açúcar oferece a possibilidade, por exemplo, de o
não se importam tanto com preço e valorizam as boas experiên- cliente comprar a porção de carne que desejar, nem que seja
cias de compra. Trata-se de um grupo majoritariamente urbano, um único bife. Também porciona frutas, verduras e legumes
que precisa de serviços, como entrega, refeição pronta, atendi- em bandejas de porções individuais. Na rotisserie, o cliente
mento online, e paga por isso. “Há outras particularidades. No pode comprar a granel ou uma porção individual já definida.
delivery, por exemplo, precisam contar com entrega agendada E a marca exclusiva Taeq tem em sua linha massas em peque-
e em horários alternativos, pois estão fora o dia todo”, explica nas quantidades (350g), refeições prontas individuais (como
a diretora comercial da Kantar Worldpanel, Christine Pereira. as sopas de 400g) e embalagens de 13g que a rede considera
Horários alternativos também são importantes para quem bastante procuradas pelo público single.
prefere comprar direto na loja, ao invés de recorrer à entrega. Um Para Cristiane, da GS&MD, no entanto, há ainda mais uma
supermercado que feche às 20h ou mesmo às 22h talvez não seja demanda: os solteiros querem soluções, não apenas produtos.
adequado a um grupo que trabalha ao menos uma dúzia de horas Ela exemplifica dizendo que os integrantes desse grupo até
por dia e ainda encontra pique para emendar num happy hour. gostam de cozinhar em casa e receber amigos, mas sem passar
Por absoluta falta de tempo, são avessos a filas e ficam o mí- o dia na cozinha. Por isso, valorizam os semiprontos naturais
nimo possível no PDV. É importante, portanto, que a loja seja e gourmet. “Uma pessoa que mora sozinha tem pouca louça,
amigável, com pouca espera no checkout e uma ambientação coisa de quatro pratos. Como faz para receber? Vai acertar o va-
que chame a atenção desse grupo e o ajude a encontrar o que rejista que oferecer não apenas a comida pronta ou pré-pronta
procura, avaliam os especialistas. Em se tratando de categorias na rotisserie, mas entregar o alimento em recipientes que vão
de produtos, os single sentem falta, sim, de porções menores. à mesa e que sejam descartáveis”, sugere.
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8. Capa mercado
Categorias de produtos:
Saúde vai bem na gôndola,
e alto valor agregado
sobe ainda mais
• 58% estão consumindo menos sal, menos gordura, menos fritura
• Cesta de perecíveis avançou graças a sobremesas prontas e queijos
Shutterstock
46 SuperVarejo abril 2012
9. Saudabilidade é o nome do jogo. O que, dificuldades, como o segmento dos light.
há pouco mais de dois anos, era considera- No grupo dos que foram beneficiados, Carregue modernid a d e
da uma tendência de consumo, hoje é tema estão os sucos prontos para beber, espe-
para sua
central na escolha dos alimentos de famílias cialmente nas versões “família”: 800 ml loja
em todas as classes sociais. Pudera. Segun- ou 1 litro, explica a coordenadora de Aná-
do pesquisa recente da Kantar Worldpanel, lises Especiais da Nielsen, Laura Tonus-
a saúde ocupa o segundo lugar no ranking si. A categoria cresceu 21,1% no primeiro
de preocupações do brasileiro e tira o sono semestre de 2011 ante o mesmo período
de 55% dos pesquisados pelo instituto. do ano passado. Em 2010, já tinha experi-
Portanto, parte dos brasileiros está mentado avanço respeitável: 13,7%.
Mais praticidade de
determinada a comer melhor (39%) e a Ocorre que o produto surfa bem em duas acomodação, design
comer menos (26%). O melhor, no caso, ondas simultâneas e igualmente fortes. É inovador, várias opções
refere-se a reduzir a ingestão de sal, gor- considerado saudável e, ao mesmo tempo,
dura e fritura, por exemplo. De acordo prático e saboroso. Tem conquistado lugar
de modelos e cores,
com o estudo conduzido pela Kantar, 58% de destaque e aumentado a penetração, rodas que deslizam com
dos pesquisados tenta diminuir a ingestão especialmente na mesa das classes A e B. facilidade...
de um desses ingredientes. Já o vinho – que cresceu impressio-
Também inclui um esforço para mudar nantes 35,5% (comparando novamente
a dieta e incluir refeições mais equilibra- o primeiro semestre deste ano com igual ...Carrinhos modernos
das (39%) e prestar mais atenção às infor- período do ano passado, segundo a Niel-
que carregam hoje as
mações nutricionais contidas nos rótulos: sen) – conseguiu juntar suas caracterís-
metade dos ouvidos mudou de atitude e, ticas funcionais a um preço competitivo, necessidades do futuro.
agora, dá mais valor a esses dados. que permitiu aliviar parte da demanda
Isso significa mais vendas? Não necessa- reprimida das classes C e D pela bebida.
riamente. Na prática, algumas categorias “Foram os vinhos de preço baixo, nas lojas
de produtos foram beneficiadas pelo apelo voltadas para os emergentes, que puxaram
saudável, como os orgânicos, os vinhos, os essa alta”, explica Tonussi, da Nielsen.
funcionais. Mas outras ainda encontram Das propriedades saudáveis do vinho,
como diminuir a incidência do chamado
colesterol ruim (ligado à aterosclerose) e
arquivo
diminuir a formação de coágulos, a maio-
ria delas também está presente no suco
de uva integral, “hit” entre a classe média
bem informada. Tanto é assim que a Vi-
nícola Aurora, por exemplo, duplicou sua
produção de uvas para sucos desde 2008,
conquistou selo da Sociedade Brasileira de
Cardiologia e ainda diversificou as uvas
empregadas na produção do suco integral,
acrescentando à linha as uvas verdes.
Os orgânicos também vêm tendo avan-
+
ços significativos. “Trata-se de um grupo
de produtos que cresce entre 30% e 40%
ao ano. O desempenho só não é melhor
porque não temos muitos insumos orgâni-
cos no País para ampliar a oferta”, explica
Laura, da Nielsen: vinhos de preço baixo nas lojas a gerente comercial de Orgânicos do Pão
voltadas a emergentes puxaram a alta no consumo
de Açúcar, Sandra Caires.
SAC 0800 551796
47
www.idecar.com.br
abril 2012 SuperVarejo
11. arquivo
Boa parte desses produtos, que, entre
outras coisas, são produzidos sem o uso
de defensivos agrícolas, tem tido êxito
não apenas pela saudabilidade, mas pe-
los preços em queda. A carne orgânica,
A partir de agora,
por exemplo, que já chegou a custar 80% ASSOCIADOS APAS
a mais que a tradicional, hoje custa só 30%
mais, explica Caires. tem muito mais motivos
Entre os alimentos que não conseguiram
ainda penetração e crescimento consisten-
para SORRIR!
te, mesmo sendo considerados saudáveis,
os diet e light estão em pior situação. Ape- A Prodent com a experiência de
nas 25% dos brasileiros consomem produ- muitos anos em gestão de planos
tos light, segundo estudo da Kantar.
odontológicos corporativos,
Há, basicamente, dois problemas, diz
a diretora comercial da Kantar Worldpa- Christiane, da Kantar: brasileiro ainda firmou uma parceria com a APAS
considera sabor dos produtos light como não ideal para que você possa oferecer
nel, Christine Pereira: primeiro, o sabor e
segundo, o preço. O brasileiro ainda con- aos seus funcionários, a melhor
sidera que o sabor desses produtos não rada (15,9%), sobremesa pronta (14,7%) e assistência odontológica do
é o ideal, não condiz com o que espera- queijo (10,6%). O desempenho de produtos
mercado com características e
vam, tendo em vista as versões “originais”. mais sofisticados explica-se basicamente
Além disso, esse tipo de produto é, em mé- por dois fatores: 1) aumento de renda, seja
condições exclusivas.
dia, 83% mais caro que os regulares, o que das classes C e D, seja do público AB e; 2) o
espanta ainda mais os potenciais clientes. aumento das compras do tipo “eu mereço”, A Prodent
O consumo também não é de massa: de indulgência, aquelas em que o consumi- tem atualmente:
“as mulheres das classes C e D não têm dor se presenteia com um “mimo” que lhe
o mesmo padrão de beleza das da elite. dê satisfação adquirir.
+ de 17.000 opções
de atendimento
Elas até fazem regime, mas não querem Esse tipo de compra já representa 32% em todo o Brasil.
ficar magérrimas. Daí, também, porque de todas as aquisições, de acordo com es-
não têm tanto interesse pelos light”, ex- tudo da Kantar Worldpanel. Em 2004, era
+ de 1.300
empresas clientes.
plica o diretor do Data Popular, Renato só 23%. Não à toa, mais da metade dos
Meirelles, instituto de pesquisa especia- produtos de higiene e beleza vendidos são + de 500.000
lizado em mercados emergentes. “A ten- marcas premium. associados.
dência dos saudáveis veio para ficar, mas Não à toa também, o varejo alimentar
o supermercadista tem de mostrar para o tem assistido ao crescimento de linhas de
consumidor que os saudáveis também são produtos especiais em categorias antes ti-
gostosos, pois o maior peso, na compra, das como básicas, como cervejas, azeites e
ainda é por produtos que deem prazer”, até arroz. E, claro, as categorias tradicio-
sugere Pereira. nalmente mais sofisticadas, como vinhos
e queijos, são diretamente impactadas pe-
Mais valor agregado la tendência. “As vendas de queijos tem
A cesta de perecíveis – uma das mais crescido bem, em 2010 crescemos 15%,
importantes para o faturamento do su- com destaque para os queijos especiais Saiba mais:
permercadista – foi a que mais cresceu que cresceram mais de 20%. E temos uma 11 3926-9466 (SP e GDE SP)
no primeiro semestre de 2011, de acordo expectativa muito boa para 2011 e para os
0800 701 4506 (Demais localidades)
com dados da Nielsen. próximos anos”, diz o gerente comercial
Avançou 5,9%, puxada por três catego- nacional de Queijos do Pão de Açúcar, Luis
rias de alto valor agregado: pasta refrige- Otavio Possas.
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www.prodent.com.br
12. Capa mercado
Regiões:
Brasil
cresce nos
extremos
• Sul puxou alta do consumo novamente
• Norte e Nordeste continuam
avançando a passos largos
Basta pegar um parque industrial forte, diversificado e dis- Para o presidente da Associação Paranaense de Supermerca-
tribuído geograficamente, juntar com a preferência inequívoca dos, Pedro Joanir Zonta, o que explica o bom desempenho do
pelas marcas locais e temperar com classe média consolidada estado, principalmente, é um crescimento similar ao do Bra-
para ter aumento de consumo. A equação garantiu à região sil, preço alto das commodities (Paraná é grande produtor de
Sul, mais uma vez, o título de segmento geográfico que mais alguma delas), pleno emprego e uma classe C que é maior que
cresceu (9%) em consumo no País. Os dados são da Kantar a do Nordeste. “Tem também uma boa distribuição de renda
Worldpanel e referem-se ao primeiro semestre de 2011 versus e isso impacta no consumo. As próprias redes regionais têm
o mesmo período de 2010, em volume. investido na abertura de novas lojas e na reforma das antigas,
Dados da Nielsen apontam na mesma direção. Foi o Sul que para atender melhor o consumidor e despertar o desejo de con-
puxou a alta de 2,1 no acumulado de todas as cestas, conside- sumo”, explica Zonta.
rando todo o território nacional. Desse total, os três estados su- O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, An-
listas representam, juntos, 1,12, ou seja, mais de 50% do avanço. tonio Cesa Longo, destaca outros fatores para o crescimento,
50 SuperVarejo abril 2012
14. Capa mercado
Shutterstock
tais como a indústria pujante do estado e a preferência dos con-
terrâneos pelas marcas locais. “Isso favorece nossa indústria
alimentícia, que é muito forte aqui, e gera ainda mais empregos,
cujos salários são gastos em compras nas nossas lojas. É um
círculo virtuoso”, diz ele.
“É a classe média vigorosa e o baixo índice de desigualdade
que sustentam o crescimento sulista, diz a diretora Comercial
da Kantar Worldpanel”, Christine Pereira.
Nordeste cresce mais que o Brasil
Se no Brasil, o crescimento das cestas auditadas pela Nielsen
foi de 2,1%, o Nordeste avançou ainda mais: 3,5%. O desempe-
nho da segunda região que mais cresceu em volume de vendas no
primeiro semestre de 2011 se deve, principalmente, ao aumento
de renda das classes CDE, que são majoritárias naquela região.
A região com maior proporção de lares com mais de cinco
pessoas, que é também a que tem mais jovens, acumula outra
liderança: a que mais cresce, justamente porque era a menos
favorecida, lembra Pereira, da Kantar. “Com mais poder de
compra, os consumidores nordestinos estão mudando de com-
portamento: eles veem mais rótulos, conhecem marcas, deco-
ram preços, estão mais observadores. Ou seja, amadurecendo.
E se dando ao luxo de comprar itens que antes não compravam”,
explica o professor do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM,
Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira.
Justamente por causa desse upgrade na cesta de compras,
os índices nordestinos registram crescimento acima da média
brasileira em categorias como suco pronto para beber, água
sanitária sem cloro e extrato de tomate. Cestas como higiene
e beleza, bebidas não-alcoólicas e perecíveis também tem tido
desempenho superior ao brasileiro, afirma Laura Tonussi, da
Nielsen. “Essas pessoas estão começando a consumir cate-
gorias que antes não consumiam, como água mineral. Esse
produto teve grande desempenho na avaliação da Nielsen jus-
tamente pela melhor distribuição de embalagens de 20 litros
no Nordeste. Além disso, também consomem produtos mais
caros de categorias que já consumiam; deixam de comprar
suco em pó para compra, eventualmente, do produto pronto
para beber”, explica ela.
FONTES DESTA MATÉRIA
Associação Gaúcha de Supermercados: (51) 2118-5200
Associação Paranaense de Supermercados: (41) 3263-7000
Data Popular: (11) 3218-2222
ESPM: (11) 5085-4600
GS&MD - Gouvêa de Souza: (11) 3405-6666
Kantar Worldpanel: (11) 4133-9700
Nielsen: (11) 4613-7000
Pão de Açúcar: www.paodeacucar.com.br
Sebrae-SP: 0800 570 0800
Vinícola Aurora: (54) 3455-2000
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