Este documento apresenta um sermão para o Domingo de Páscoa. Resume a preparação durante a Quaresma para celebrar a ressurreição de Jesus, incluindo reflexões sobre os evangelhos de Mateus e João. Também descreve a importância de anunciar a morte e ressurreição de Jesus como fizeram os discípulos.
Como discípulos anunciamos a morte e ressurreição de jesus 27 03 2005 - dom de páscoa - 27 03 2005
1. COMO DISCÍPULOS ANUNCIAMOS A MORTE E A
RESSURREIÇÃO DE JESUS.
INTRODUÇÃO:
Queridos irmãos e irmãs...
Hoje é o Domingo de Páscoa. Muitos mais do que saborear os deliciosos
“Ovos de Chocolate”, somos convidados a celebrar a ressurreição de Jesus Cristo.
Durante todo o período da “Quaresma”, incentivados pelas leituras propostas
pelo Lecionário Comum, de forma especial as leituras dos Evangelhos, refletimos
sobre o ministério terreno de Jesus de Nazaré.
Refletimos durante todo este tempo, textos dos Evangelistas, Mateus e João,
que apresentavam a pessoa de Jesus e seu ministério terreno.
Lembremo-nos como Jesus foi apresentado por eles, recordando-nos de
alguns sermões pregados neste tempo litúrgico:
No Primeiro Domingo da Quaresma, 13/02, refletimos sobre a vitória
de Jesus sobre as tentações, estudando Mt 4,1-11. O título do sermão
foi: “Jesus venceu as tentações do diabo, nós também podemos
vencer”.
No Segundo Domingo, 20/02, baseados em Mt 17,1-9, refletimos
sobre a “Transfiguração de Jesus” (este também foi o título do sermão).
Nele, Jesus se revela aos discípulos como o “Filho de Deus”,
manifestando-lhes a glória do Pai.
No Terceiro, 27/02, refletimos sobre o diálogo de Jesus com a mulher
samaritana junto ao Poço de Jacó (João 4,5-42), o título do sermão foi:
“Jesus a Água da Vida”.
No Quarto, 06/03, não foram usadas as leituras do Lecionário, mas
sim, uma proposta de Liturgia enviada pelo CONIC, alusivo ao “Dia
Internacional da Mulher”.
No Quinto, 13/03, motivados pela leitura de João 11,1-45 refletimos
sobre a ressurreição de Lázaro, onde intitulei o sermão de: “Jesus tem
poder para dar a verdadeira vida”.
Domingo passado, 20/03, último Domingo da Quaresma, conhecido
como “Domingo da Paixão” ou “Domingo de Ramos”, baseado em Mt
27,11-54, refletimos sobre a paixão e a morte de Jesus. Nele vimos o
ápice da dedicação de Jesus. Ele se deu por amor aos homens.
Intitulei o sermão de: “O Cristão e o Compromisso com a Cruz”.
Como afirmei no início desse período litúrgico, a Quaresma é um período
reservado para a reflexão, o arrependimento e a conversão.
2. Assim como nos preparamos para realizar nossas festas (aniversário,
batizado, noivado, casamento, bodas, formatura, etc), nos preparamos durante este
tempo para celebrar a maior Festa do Cristianismo: a Ressurreição de Jesus.
Durante estes dias que precederam a Páscoa, realizamos em nossa igreja
local muitas atividades visando preparar o “Povo de Deus” para a celebração desta
importante festa.
Realizamos a “Campanha – Templo de Portas Abertas” que se encerrou
ontem; Realizamos a Campanha de Jejum e Oração, que se encerra hoje;
Participamos da “Campanha da Fraternidade 2005 – Ecumênica”; Assinamos,
enquanto igreja, o “Manifesto pela Paz”, declarando publicamente que nos dispomos
à construção de um mundo de paz, através de ações não violentas; Lançamos a
Campanha dos Talentos (SMM); Visitamos o Lar Betel; Realizamos uma devocional
especial junto às crianças e funcionários da creche “Marsheléa Dawsey”; Discutimos,
principalmente a Classe Alternativa, sobre a importância do trabalho junto as
crianças, em especial as da Escola Dominical Missionária – Trabalho desenvolvido
dominicalmente em nossa Chácara; Além de muitas outras atividades que não
temos tempo hábil para cita-las.
Durante todos este tempo nos preparamos, não de forma passiva, mas muito
ativa, para a Celebração da Festa da Páscoa.
Hoje é o Grande dia.... Aleluia!!!
Estamos iniciando esta importante Festa... Porque eu usei a palavra iniciar?
Vou explicar!
A Festa da Páscoa perdura por 50 dias. É uma grande e prolongada festa.
Compreende os dias, a partir de hoje (Páscoa) até o Domingo de Pentecostes
(15/05).
Neste Tempo Pascal somos convidados a refletir sobre o batismo cristão.
Este é um tempo oportuno para que aqueles que não são batizados assumam
um compromisso e se preparem para tal. E aqueles que já se batizaram, aproveitam
o momento para renovarem os votos do batismo.
Lembremo-nos que no batismo nós participamos da morte e ressurreição de
Jesus. Morremos para o mundo, e passamos a viver para Cristo.
Com o batismo e a profissão de Fé, passamos a percorrer o caminho
proposto por Deus de conversão e santificação. Temas tão marcantes na Teologia
Wesleyna.
As propostas do Lecionário Comum para este período são as seguintes:
As Primeiras Leituras são uma seqüência de textos dos Atos
dos Apóstolos
As Segundas Leituras são textos da 1ª Carta de Pedro
As Leituras do Evangelho, são retiradas do Evangelho de João.
3. Com a festa de Pentecostes termina este Tempo Pascal, ou seja, essa
Grande Festa, e retornamos para o “Tempo Comum”.
Portanto hoje, ao iniciarmos a festa somos convidados à leitura dos seguintes
textos:
1ª Leitura: At 10, 34-43
2ª Leitura: Cl 3,1-4
Evangelho: Jo 20,1-9
No sermão desta manhã, convido-os a refletir sobre 1ª Leitura, ou seja, Atos
10, 34-43
Este pequeno texto nos apresenta Cristo como aquele que, por obediência ao
Pai e amor aos homens, deu sua própria vida na cruz do Calvário, e por isso
experimentou a ressurreição. Por ter se humilhado, Deus o exaltou. Diante disso, os
discípulos, testemunhas oculares desse fato, devem assumir o compromisso de
proclamar esta verdade a todos os Homens.
Ouçamos a leitura da Palavra de Deus.
TEXTO: Atos 10, 34-43
34 Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus
não faz acepção de pessoas;
35 pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é
justo lhe é aceitável.
36 Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-
lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de
todos.
37 Vós conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judéia, tendo
começado desde a Galiléia, depois do batismo que João pregou,
38 como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com
poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos
os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele;
39 e nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus
e em Jerusalém; ao qual também tiraram a vida, pendurando -o no
madeiro.
40 A este ressuscitou Deus no terceiro dia e concedeu que fosse
manifesto,
41 não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente
escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele,
depois que ressurgiu dentre os mortos;
42 e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi
constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos.
43 Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu
nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados.
4. CONTEXTO
Como disse agora a pouco, durante este período litúrgico estaremos
realizando algumas leituras no livro de Atos dos Apóstolos.
A leitura que fizemos é a primeira de uma série. Portanto, aproveito este
momento para fazer alguns apontamentos introdutórios ao Livro de Atos dos
Apóstolos.
Primeiramente é importante destacar que a obra de Lucas, tanto o
“Evangelho” quanto os “Atos dos Apóstolos”, surgiram em torno dos anos 80 e 90
dC.
Este era um período em que, apesar de estruturada e organizada, a igreja vai
experimentar alguns ensinamentos que se desvirtuavam das doutrinas iniciais.
O objetivo de Lucas ao escrever seus textos foi o de fornecer um material que
servisse como parâmetro para que os cristãos pudessem avaliar as doutrinas
ensinadas pelos “mestres” nas igrejas. Naquele tempo havia surgido muitos “Falsos
Mestres”. Preocupado com isso Lucas vai escrever estes textos (Evangelho e Atos
dos Apóstolos).
No Livro de Atos ele se propõe a apresentar as ações/atitudes dos apóstolos,
que impulsionados pelo Espírito Santo, pregavam a Palavra de Deus.
Na realidade o que vemos é um texto que apresenta, numa linguagem
teológica uma pouco da história do surgimento e desenvolvimento da igreja primitiva.
Atos 1,8 resume muito bem o teor do livro: “Recebereis poder ao descer sobre
vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em
toda a Judéia e samaria, e até aos confins da terra”.
Ao estudarmos o livro, vemos que ele apresenta o avanço missionário da
igreja. Os apóstolos impulsionados pelo poder do espírito Santo, pregam a Palavra
de deus em muitos lugares.
Lucas vai apresentar dois importantes personagens, os quais personalizam as
ações dos apóstolos.
Primeiramente ele vai apresentar Pedro. Todas as atenções estão em sua
pessoa. Até o cap. 13, Pedro é o protagonista principal da história. Todos os
discursos importantes saem de sua boca.
Com início no capítulo 9, porém de forma mais efetiva, a partir do capítulo 13,
o protagonista principal passa a ser Paulo.
Pedro representa o desenvolvimento da igreja junto aos judaizantes, ou seja,
os cristãos de origem judaica. Paulo representa o desenvolvimento da igreja
gentílica, ou seja, os não judeus.
No texto que fizemos a leitura, Lucas apresenta um discurso de Pedro o qual
chamamos de “Querigma”. Querigma é a proclamação pública da fé cristã.
5. Na realidade trata-se do anuncio daquilo que acabamos de celebrar na
Semana Santa. Ou seja, Jesus veio ao mundo para pregar um novo reino. O mundo
não acolheu sua proposta. Pelo contrário, o crucificaram numa cruz. Mas Deus o
ressuscitou dos mortos, dando lhe poder para redimir os Homens. Jesus veio ao
mundo para salvar os Homens do pecado e reconcilia-los com Deus.
No decorrer do Livro de Atos encontramos vários discursos do apóstolo Pedro
onde ele apresenta esta mensagem querigmática.
O nosso texto, Pedro se encontra em Cesaréia, na casa do centurião romano,
chamado Cornélio.
Por ordem do Espírito Santo, ele entra na casa de Cornélio, prega a “Palavra”
e batiza todos os seus familiares.
O importante a ser destacado aqui, é que Cornélio é o primeiro “gentil/pagão”
a tornar-se cristão e ser aceito pelos apóstolos.
Ao narrar este episódio, Lucas está enfatizando o fato de a vida nova, que
nasce de Jesus, é para todos. Não há distinção de pessoas...
MENSAGEM
Ao lermos o texto, vemos Pedro anunciar Jesus como “O Ungido” de Deus
que tem todo o poder.
Após falar do ministério terreno de Jesus, e depois de sua morte e
ressurreição, Pedro afirma que ele tem poder de remir os pecados. Mas para que os
homens experimentem a remissão de seus pecados, precisam crer na obra
salvadora de Cristo.
No texto, Pedro apresenta o testemunho dos discípulos. Eles foram
testemunhas oculares de todos estes fatos. Eles acompanharam Jesus no seu
ministério terreno. Depois tiveram encontros com o Cristo ressurreto e agora
assumem a responsabilidade de anunciarem estas verdades. Cristo viveu, morreu e
ressuscitou.
Como afirmei no sermão do domingo passado, e este texto reforça a mesma
idéia, Jesus caminhou pela Palestina “fazendo o bem” e anunciando a proximidade
de um Reino de vida, amor e paz. Ele ensinou que o Pai era amor e que não excluía
ninguém, nem mesmo os pecadores.
Sua mensagem entrou em choque com a atmosfera de egoísmo, de má
vontade, de opressão que dominava o mundo.
As autoridades políticas e religiosas da época sentiram-se incomodadas com
sua mensagem. Por isso, o prenderam, julgaram injustamente e depois o mataram.
A morte do Senhor foi a conseqüência lógica de sua pregação.
Mas o que aprendemos através desse texto, é que Deus o ressuscitou dos
mortos e lhe deu poder para resgatar a humanidade.
6. APLICAÇÃO PASTORAL
Vejamos algumas lições que podemos aprender neste pequeno texto:
Não podemos nos esquecer que foi o compromisso de Cristo em cumprir,
obedientemente, a vontade de Deus, que lhe deu forças para enfrentar a opressão e
a morte.
Lembremo-nos sempre que nessa vida passamos por momentos difíceis, mas
se estivermos em Deus, no final experimentaremos a vitória. Como nos afirma o
texto bíblico: “ ...todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”.
Por confiar em Deus foi que Jesus experimentou a vitória. Que possamos
nós também, confiar plenamente nas ações de Deus. Ele sabe o que é melhor. Nele
teremos bom êxito.
Uma outra lição que podemos retirar desse texto, é o desafio de imitar a
Cristo. Para imitá-lo, devemos assumir os mesmos compromissos que ele assumiu
em sua vida e pregação.
Hoje, devemos anunciar que ele venceu a morte e vivo está. Logo, sua
mensagem não morreu, pelo contrário está viva e tem poder para mudar o mundo.
Assim como Pedro, devemos nós também, pregar Jesus Cristo aos Homens.
Devemos proclamar a vitória da cruz, através da ressurreição.
Que possamos nos unir à nossa irmã Simei Monteiro, declarando as
seguintes palavras:
Canto o novo canto da terra,
Do homem que ama e espera, Senhor,
A tua reconstrução.
Falo a nova língua do povo,
Palavras que já tem gosto, Senhor,
Palavras do coração.
Que Cristo veio e morreu, e não apenas viveu,
Que veio para ficar, e vem comigo morar.
Vivo a vida que é diferente,
Que quer ver a minha gente, Senhor,
Te amar e ser como Tu.
Quero mudar a face do mundo,
E dar-lhe amor mais profundo, Senhor,
Do que se costuma dar.
Pois Cristo veio e morreu, e não apenas viveu,
Que veio para ficar, e vem comigo lutar.
(Simei Monteiro)
7. Que Deus nos abençoe para que possamos usufruir da companhia
maravilhosa desse Cristo ressurreto. E para além disso, podermos compartilhar
dessa possibilidade com muitas outras pessoas.
Jesus ressuscitou, Aleluia! Portanto nós que já tivemos um encontro com Ele,
devemos proclamá-lo ao mundo. Façamos como Pedro e os demais apóstolos,
proclamemos o Cristo ressurreto.
Deus nos abençoe!
Rev. Paulo Dias Nogueira
Catedral Metodista de Piracicaba
Culto Matutino – 27/03//2005