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1
Prof. EVERTON LIMA
TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA
LICENCIADO EM PEDAGOGIA
PÓS GRADUADO-ESPECIALISTA EM PEDAGOGIA EMPRESARIAL
Culturas Regionais
2
Importância econômica
No Brasil, a área plantada com frutas cítricas está ao redor de 1 milhão de hectares e a
produção supera 19 milhões de toneladas, a maior no mundo há alguns anos. O país é o maior
exportador de suco concentrado congelado de laranja, cujo valor das exportações, juntamente
com as de outros derivados, tem gerado cerca de 1,5 bilhão de dólares anuais.
Apesar da produção estar concentrada na região sudeste, com destaque para o estado de São
Paulo, que é responsável por aproximadamente 80% da produção brasileira, a região Nordeste
responde por 8,65% da produção nacional e 12,70% da área colhida. Com relação à região
Nordeste, destacam-se os estados da Bahia e Sergipe como o 2° e 3° produtores nacionais,
respectivamente, onde a Bahia responde por 54% da produção e 45% da área colhida, e
Sergipe responde por 39% da produção e 43% da área colhida. Juntos, Bahia e Sergipe,
representam cerca de 8% da produção citrícola brasileira.
A produção integrada de citros, portanto, vem contribuir como elemento de sustentabilidade e
competitividade para o agronegócio citros, e permitir além do aumento da qualidade dos
frutos, a possibilidade de abertura de novos nichos de mercado e a exportação dos mesmos,
devido o uso de normas que atendem rigorosos padrões de controle baseados na
sustentabilidade, aplicação de recursos naturais e regulação de mecanismos para a
substituição de insumos poluentes, utilizando instrumentos adequados de monitoramento dos
procedimentos e a rastreabilidade de todo o processo, tornando-o economicamente viável,
ambientalmente correto e socialmente justo.
Dessa forma, percebe-se que a produção integrada pode alavancar mais o cultivo de citros,
sobretudo em regiões onde existe uma maior carência na organização da base produtiva, na
obtenção produtos de maior qualidade, no desenvolvimento da citricultura mais competitiva,
com redução nos custos de produção, que permita ao produtor apresentar um produto
diferenciado, que agregue mais valor e garanta a permanência no mercado consumidor,
interno ou externo.
Distribuição geográfica e aspectos gerais
O gênero Citros tem como centro de origem a Ásia, porém se encontra em várias regiões em
todo mundo, onde representa em muitas delas a principal fonte de renda. Os elementos
climáticos exercem influência sobre os citros, destacando-se dentre esses a temperatura que,
além de ter efeito acentuado sobre a qualidade do fruto, foi o fator que determinou a
distribuição geográfica das plantas cítricas na grande faixa de 40º ao norte e sul do equador. É
interessante notar que as condições climáticas do Brasil permitem ao país desenvolver uma
citricultura tropical, dos arredores do equador até as proximidades do paralelo 20º Latitude
Sul, onde predominam temperaturas mais altas, e uma citricultura menos tropical, na região
que se estende da referida latitude até o Rio Grande do Sul, de clima mais frio. Com relação a
produção mundial de citros, o Brasil figura como primeiro produtor mundial com cerca de um
milhão de hectares plantados resultando em produção de mais de 18.500.000 toneladas. No
cenário nacional, o Estado de São Paulo é o primeiro produtor, seguido pela Bahia e Sergipe
respectivamente.
Insumos
3
O que são e Classificação
Os insumos podem ser classificados genericamente como todas as despesas e investimentos
que contribuem para formação de determinado resultado, mercadoria ou produto até o
acabamento ou consumo final. (Dicionário do Agrônomo, Editora Rígel, 1999).
Na atividade agrícola os insumos são compreendidos como todos os produtos necessários à
produção vegetal e animal: adubos, vacinas, tratores, sementes, entre outros.
Para serem considerados como insumos alternativos e serem aceitos na agricultura
agroecológica, todos os produtos e substâncias ( químicos, orgânicos, biológicos ou naturais)
devem atender os seguintes requisitos:
 Terem mínima ou nenhuma toxicidade (pertencentes ao grupo toxicológico IV).
 Terem eficiência no combate a insetos ou microorganismos nocivos às plantas.
 Terem custo reduzido para sua aquisição e emprego no campo.
 Serem de manejo e aplicação simples
 Devem ser fáceis de se obter.
Classificação dos Insumos:
Os insumos independentemente do sistema de produção (agroecológico
ou convencional) classificam-se em três tipos:
1) Biológicos: Compreendem produtos de origem animal ou vegetal.
Exemplos: restos de culturas (palhas, ramos, folhas) ou estercos usados
como adubos, sementes e mudas, extratos de plantas (caldas à base de
vegetais), fertilizantes orgânicos líquidos, adubos verdes, microorganismos
encontrados no ambiente natural, algas e outros produtos de origem
marinha, resíduos industriais do abate de animais (sangue, pó de chifres, pêlos, penas, etc.).
2) Químicos ou Minerais: Compreendem tanto substâncias provenientes
de rochas, quanto aquelas produzidas artificialmente pela indústria.
São eles: temofosfatos, caldas bordalesa e sulfocálcica, pós de rochas,
micronutrientes, calcários (para calagem), agrotóxicos, fertilizantes
altamente solúveis (usados na agricultura convencional), fertilizantes de
baixa solubilidade (aceitos pelas correntes agroecológicas).
3) Mecânicos: Compreendem máquinas e equipamentos agrícolas.
Exemplos: tratores e seus implementos (arados, adubadoras, roçadoras, pulverizadores, etc.),
Armadilhas para insetos, plásticos para cobertura de canteiros, equipamento de irrigação, etc.
Insumos: Modos de Utilização
A classificação, por si só, não fornece pistas suficientes sobre os insumos permitidos ou
proibidos na agricultura orgânica. Isso ocorre porque, tanto no modelo convencional quanto
no agroecológico de produção de alimentos, utiliza-se os três tipos de insumos. O que
distingue o uso de insumos entre um modelo e outro é o modo de se desenvolver o sistema de
produção.
O modelo de produção agrícola convencional baseia-se no uso de tecnologias voltadas para
priorizar a produtividade das lavouras, através do uso intensivo de adubos químicos sintéticos
(produzidos pela indústria) e mecânicos com alto consumo de petróleo, um recurso não-
4
renovável.
Além disso, é fundamental ressaltar a visão de curto prazo do modelo convencional. Esta
visão faz com que se procure extrair máximas produtividades da produção vegetal e animal,
desconsiderando os limites físicos e biológicos das espécies e do meio natural,
assim como o aspecto social da produção.
Com isso, ocorre, por exemplo, que o calendário de aplicação de fertilizantes e agrotóxicos ao
invés de seguir as necessidades das culturas, obedece a datas mensais de acordo com a
conveniência do agricultor. Ao mesmo tempo em que se injetam hormônios e antibióticos nos
animais se aumenta a suscetibilidade destes a doenças com rações ou instalações inadequados.
Compram-se sementes híbridas que necessitam de altas doses de adubos sintéticos altamente
solúveis e de agrotóxicos para terem altas produtividades, aumentando a dependência do
agricultor diante das indústrias de insumo. Estas, por sua vez, possuem o mesmo objetivo
primordial da produção convencional: maximizar seus lucros cada vez mais,
independentemente das conseqüências para a saúde das pessoas e do ambiente natural.
Exemplo de modelo agroecológico
O modelo agroecológico, por sua vez, considera que a atividade agropecuária precisa estar
apoiada numa base técnica de conhecimento adequada à diversidade e à complexidade dos
sistemas de produção de alimentos. Mais do que produtos isolados, o modelo agroecológico
busca desenvolver processos de produção capazes de integrar de modo harmônico todas as
dimensões que compõem o meio rural (ecológica, econômica, social , cultural) a fim de
promover a manutenção equilibrada do sistema no longo prazo.
Os conceitos de “otimização” e “manejo” da Agroecologia, substituem o de “maximização” e
“controle” do modelo convencional. A finalidade passa a ser a de produzir alimentos no longo
prazo, otimizando todos os recursos naturais disponíveis e priorizando a qualidade do produto
final.
Daí, o fato de se utilizarem no modelo agroecológico apenas os insumos que não agridam a
estrutura e a vida do solo, que não desequilibrem o metabolismo de plantas e animais , que
não causem riscos de vida para o agricultor e para o consumidor. Todas as proibições e
permissões de produtos consideram essas questões, pois as normas nada mais são do que o
reflexo dos princípios da Agroecologia, nos quais os insumos são meros coadjuvantes de um
sistema em que a inteligência humana assume o papel principal.
A seguir são apresentados, os mais conhecidos insumos agroecológicos:
1. Plantas Defensivas
O emprego de extratos, chás ou sucos de plantas, é uma alternativa viável para o combate de
muitas pragas e doenças.
Alho
5
O extrato de alho tem ação fungicida, combatendo doenças como o míldio e ferrugens, e ação
bactericida. É utilizado também como repelente de insetos nocivos como a lagarta da maçã e
o pulgão.
Chá de Cavalinha (Equisetum arvense ou Equisetum giganteum)
Indicado e empregado na horticultura, aumenta a resistência da planta contra insetos nocivos
em geral.
Cravo de Defunto
Combate pulgões, ácaros e algumas lagartas.
Fumo (Nicotina)
A nicotina contida no fumo é um excelente inseticida, tendo ação de contato contra pulgões,
tripes e outras pragas. Quando aplicada como cobertura do solo, pode prevenir o ataque de
lesmas, caracóis e lagartas cortadeiras.
Neem ou nim (Azaridachta indica)
Têm como princípio ativo a azadiractina, encontrada nas folhas e nos frutos, é indicada para o
combate à traças, lagartas, pulgões, gafanhotos, agindo como inseticida e repelente de pragas
em geral.
Pimenta
Tem boa eficiência quando concentrada e misturada com outros defensivos naturais no
combate aos pulgões, vaquinhas, grilos e lagartas.
Primavera ou Maravilha (Bougainvillea spectabilis ou Mirabilis jalapa)
Resultante da extração do suco das folhas destas plantas, torna-se um método eficiente para
imunizar mudas de tomate contra vira cabeça do tomateiro.
Urtiga
Planta empregada principalmente na horticultura, ela é útil no combate aos pulgões e para
aumentar a resistência natural.
2. Produtos Orgânicos como Agentes Defensivos
Cinzas
A cinza de madeira é um material rico em potássio, recomendado no controle de pragas e até
de algumas doenças, podendo ser aplicado na mistura com outros produtos naturais.
Farinha de Trigo
A farinha de trigo de uso doméstico pode ser efetiva no controle de ácaros, pulgões e lagartas
em hortas domésticas e comunitárias. Pulverizando-se de manhã as folhas atacadas, a farinha
seca ao sol, formando uma película que envolve as pragas e fazendo com que estas caiam com
o vento.
Leite
O leite em sua forma natural ou como soro é indicado para o controle de ácaros e ovos de
diversas lagartas, assim como no combate à várias doenças fúngicas e viróticas.
Sabão e suas Misturas
O sabão (não detergente) tem efeito inseticida e quando acrescentado a outros defensivos
naturais pode aumentar a sua efetividade. Sozinho, tem bom efeito sobre muitos insetos de
corpo mole como o pulgão, as lagartas e moscas brancas. A emulsão de sabão e querosene
transforma-se em um inseticida de contato, bastante indicado para o combate a insetos
sugadores.
3. Fertilizantes Agrícolas Alternativos
Utilizados como adubos foliares, estes fertilizantes têm como principal função a manutenção
de uma nutrição equilibrada da planta, levando-a desta forma a um aumento de sua resistência
natural contra pragas e moléstias.
6
Calda Biofertilizante
É preparada com estercos animais, restos de culturas, capins e resíduos orgânicos em um
processo de fermentação anaeróbica ou aeróbica. Existem vários produtos que podem ser
utilizados para enriquecerem o biofertilizante.
Supermagro
Indicado como fonte suplementar às plantas, o supermagro consiste em um biofertilizante
enriquecido com micronutrientes. É importante que a diluição correta seja respeitada na
aplicação.
Mudas e sementes
Os novos plantios devem ser realizados com mudas produzidas em ambiente protegido e
proveniente de viveiros registrados no órgão fiscalizador e devem trazer consigo o certificado
fitossanitário, além da identificação exigida por Lei mediante notas fiscais. Como não existem
programas de certificação de mudas no Estados citrícolas brasileiros, à exceção de São Paulo,
cabe ao viveirista enorme parcela de responsabilidade na produção das mudas, preparando
seus lotes de matrizes – copa e porta-enxerto – provenientes de material básico existente nas
instituições governamentais, garantindo dessa forma a multiplicação de material de boa
qualidade genética e fitossanitária. O padrão de qualidade das mudas deve atender o que está
disposto na legislação de cada estado que trata da produção e certificação de mudas.
Atualmente, nas regiões produtoras mais evoluídas do mundo citrícola, especialmente
naquelas onde ocorrem doenças disseminadas por insetos-vetores, as mudas são produzidas
em ambientes protegidos, com borbulhas e sementes originárias de blocos cultivados em
telados, que garantem a propagação de material sadio e produtivo. No Brasil, a Clorose
Variegada dos citros (CVC), está forçando o emprego dessa tecnologia. Nesses ambientes, a
utilização de técnicas apropriadas, como o uso de substratos, água de irrigação tratada contra
patógenos, fertirrigação, melhor combate a pragas e doenças, preparo da muda sem copa e
outros cuidados, o tempo de formação da muda é encurtado para cerca de 12 meses a partir da
semente.
As normas para produção de mudas cítricas estabelecem que elas devem ser podadas, quando
maduras, a 40-50cm do solo no caso de tangerineiras e 50-60cm quando forem laranjeiras,
limoeiros e pomeleiros. Para formar a copa, deixa-se desenvolver três ou quatro brotações, as
mais vigorosas e espaçadas convenientemente, distribuídas em espiral em torno da haste. No
método mais moderno e vantajoso, de muda vareta, faz-se apenas o desponte antes do plantio,
levando-se a muda para campo, onde a copa é feita. Além do menor tempo que leva para ficar
pronta, esse tipo de muda facilita bastante o transporte e o plantio.
Para o caso específico da CVC, será exigido um laudo adicional da ausência da bactéria
Xillela fastidiosa. As mudas podem ser provenientes de enxertos, desde que atendam todos os
padrões estabelecidos na Lei de Produção de Mudas:
Fitossanidade Geral
Garantia de que as mesmas estejam livres de vírus e outros organismos patogênicos.
Verificação varietal
7
Identificação do tipo de porta-enxerto usado e da cultivar-copa que compõe o lote, em
etiqueta própria, conforme Normas e Padrões da respectiva Comissão Estadual de Sementes e
Mudas;
Qualidade da enxertia
Soldadura do enxerto uniforme, lisa, sem necrose e com diferença entre o diâmetro do porta-
enxerto, a 5 cm abaixo do ponto de enxertia, e o da cultivar-copa na base da brotação, não
superior a 0,5 cm;
Sanidade do sistema radicular do porta-enxerto
Raízes livres de doenças e pragas de solo, nematóides ou quaisquer outros fungos ou pragas;
Qualidade nutricional da muda
Livre de qualquer desequilíbrio nutricional;
Vigor da muda
Apresentar a 5 cm do ponto de enxertia, pelo menos, 12 mm de diâmetro e altura mínima de
60 cm;
Idade da muda
O porta-enxerto não deve ter mais do que 6 meses, a partir da data de semeadura, e a muda
enxertada, não mais do que 12 meses;
Qualidade das raízes do porta-enxerto
O sistema radicular, além de ser isento de agentes fitopatogênicos, deve apresentar boa
distribuição das raízes ao redor da raiz pivotante;
Aspecto geral da muda
No momento do plantio, a muda deve apresentar sistema radicular e aéreo perfeitos.
Produção Integrada de Citros - BA
Plantio
O plantio deve ser feito no período chuvoso de cada região ou em outra época, desde que
exista água suficiente para irrigar ou regar as mudas. Evitar sempre os dias ensolarados e
quentes, dando preferência aos nublados e de temperatura mais amena, sem ventos. A cova é
preparada para o plantio misturando-se a terra da camada superficial com a matéria orgânica.
A essa mistura acrescentam-se superfosfato simples e calcário em função da análise do solo.
Esse material deve ser misturado à terra da superfície, jogando-se a mistura no fundo da cova.
Procede-se o plantio dispondo-se a muda de modo que seu colo fique um pouco acima do
nível do solo (mais ou menos 5 cm). Os espaços entre as raízes são cheios com terra,
permanecendo elas estendidas em posição semelhante à que tinham no viveiro. Comprime-se
8
a terra sobre as raízes e ao redor da planta. Em seguida, faz-se uma “bacia” em torno da muda
e rega-se com 10 a 20 litros de água, para finamente cobrir-se com palha, capim seco ou
maravalha. Tutorar a muda se houver incidência de ventos fortes. As mudas de torrão ou
forradas na própria embalagem oferecem maior segurança, isto é, apresentam índice de
pegamento muito maior que as de raiz nua e requerem menores cuidados no plantio.
Implantação do pomar (plantio)
Para a escolha da área a ser implantado o pomar, a mesma deve estar de acordo com as leis de
preservação ambiental, com destaque para cuidados com a proteção das nascentes, flora e
fauna local, além de atender às recomendações técnicas para os citros.
O preparo do solo deve seguir as práticas conservacionistas. Recomenda-se a subsolagem que
pode ser realizada em área total ou no sulco de plantio (preparo mínimo), em substituição a
aração e gradagem. A subsolagem ou não em área total vai depender do estado do solo.
Pomares cítricos a serem implantados em área onde previamente existia elevado tráfego de
máquinas e na renovação de pomares velhos e improdutivos geralmente necessitam de
subsolagem total. Adicionar nesta etapa os corretivos e fertilizantes quando demonstrada a
necessidade através da análise de solo.
Na implantação de pomares, o espaçamento de plantio a ser utilizado dependerá do vigor da
variedade, porta-enxerto, fertilidade do solo e irrigação. O espaçamento entre as árvores
deverá ser aquele que minimize a erosão do solo, seguindo sempre que possível as curvas em
nível.
Cada talhão deverá ter um número de plantas que facilite e otimize as inspeções e tratamento
fitossanitário, devendo ser identificados e homogêneos quanto: a variedade, porta-enxerto,
tratos culturais, fitossanitários e providos de carreadores.
Nesta fase de implantação e formação do pomar fica proibido o cultivo intercalar de outros
gêneros que demandem controle fitossanitário específico com defensivos não registrados aos
citros.
O solo deve ser mantido protegido com cobertura verde ou morta e a área da propriedade deve
ser cercada, possuindo cerca viva ou quebra-vento.
Variedades
Porta-enxertos e Variedades para Copa
Como procedimento estabelecido nas Normas Técnicas da Produção Integrada de Frutas –
PIF, o produtor deve utilizar no talhão uma única variedade tanto para porta-enxerto como
para copa.
Tabela 1 – Principais copas, porta-enxertos e espaçamentos recomendáveis para a
cultura dos citros na Bahia e Sergipe.
Copa Porta-enxerto Espaçamento
(m)
Laranja Lima Limão Cravo 6 x 4
Baianinha, Salustiana, Pineapple, Limões Cravo,
Volkameriano e
6 x 4.
9
Parson Brown, Midsweet, Jaffa,
Sunstar, Gardner, Kona, Biondo,
Torregrosa
Rugoso da Flórida,
citrumelo Swingle
Pêra Cravo, Rugoso e
tangerina Cleópatra.
6 x 3, 6 x 2.
Natal, Valência Montemorelos e
Tuxpan
Limões Cravo,
Volkameriano e Rugoso
da Flórida
6 x 2, 6 x 4
Tangerinas e híbridos Cravo,
Ponkan, Swatow, Dancy, Murcott,
Lee, Page, Minneola, Robinson
Limão Cravo, tangerinas
Cleópatra, Sunki, Oneco
e Swatow
6 x 4, 6 x 2.
Lima da Pérsia Limões Cravo e
Volkameriano
7 x 4, 6 x 4
Limão Tahiti Limões Cravo e
Volkameriano, citrumelo
Swingle
7 x 4, 6 x 3
Pomelo Flame Limões Cravo e
Volkameriano, cit.
Swingle, citrange Carrizo
7 x 4, 6 x 4
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical
OBS.: São apresentadas várias opções de espaçamentos, considerando-se a
existência de solos mais e menos férteis, diversos tipos de manejo dos pomares,
possibilidade de irrigação e plantio de culturas intercalares e mesmo o uso de
diferentes porta-enxertos.
Tratos Culturais
Podas
As podas empregadas em pomares cítricos são de três tipos: poda de formação, de limpeza e
de rejuvenescimento. As podas, de um modo geral, devem supervisionadas por um técnico e
programados com antecedência os aspectos técnicos, tais como intensidade, época de
execução e tratamento de proteção dos locais cortados. A poda de formação tem como
objetivo formar a estrutura de sustentação, evitar a quebra de ramos e tornar a planta mais
equilibrada. A poda de formação é realizada na muda logo após a implantação do pomar,
sendo muito importante para as mudas do tipo palito ou vareta. Deve-se formar três pernadas
básicas, a partir de 45 cm até uma altura de 60 cm do solo.A poda de limpeza é feita para
retirada de ramos secos, atacados por pragas ou doenças e de ramos ladrões, improdutivos.
Essa poda elimina focos de pragas e doenças, e permite um melhor arejamento da planta.
10
Quando algum ramo doente é podado deve ser, preferencialmente, tratado com pasta cúprica.
Essa operação pode ser feita utilizando-se tesouras e serras de poda.
A poda de rejuvenescimento é recomendada para pomares velhos, que produzam safras
pequenas ou frutos de má qualidade, mas cujas plantas estejam sadias. Essa operação pode ser
feita com serrotes ou moto-serra e retirada toda a copa 30-40cm acima das pernadas, expondo
todo o tronco e a parte restante dos ramos principais, que devem, por isso, ser caiados, para
proteção contra os raios solares e eliminação de fungos e parasitas. Essa poda deve ser
empregada depois da colheita, efetuando-se as adubações recomendadas pela análise de solo e
folhas e, sempre que possível, efetuando-se o plantio de leguminosas nas ruas. Todo o
material resultante da operação deve ser retirado do pomar e queimado, podendo-se também,
triturá-lo nas entrelinhas com roçadeiras, caso não seja um material muito atacado por pragas
e doenças.
Fitorreguladores
Os fitorreguladores devem ser de uso restrito e somente devem ser empregados produtos
registrados para citros, mediante recomendações técnicas e legislação vigente. O emprego de
reguladores de crescimento deve ser específico para variedades em que se torne
imprescindível seu uso e quando não for possível ser substituído por outras práticas de
manejo.
Quadro 1. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros -
NTE.
Poda, desbrota e raleio
Obrigatório Recomendado Proibido
Permitido
com
restrição
Proceder poda de
limpeza quando
aplicável;
proteger os ferimentos
e regiões podadas com
produtos recomendados;
Eliminar as brotações
no porta-enxerto de
acordo com as
recomendações
técnicas;
Retirar do pomar os
restos da poda que
ofereçam riscos
fitossanitários;
Proceder a desinfestação
das ferramentas.
Podar as plantas mediante
finalidade preestabelecida
e com acompanhamento
técnico, maximizando sua
eficácia e rentabilidade;
Proceder ao raleio de
frutas para otimizar peso,
tamanho e qualidade;
Proceder poda no período
de formação;
Realizar poda de abertura
em plantas adultas,
quando necessário;
Triturar os restos de poda
não contaminantes,
mantendo-os sobre o
solo.
Manter no
pomar os
ramos
contaminantes
retirados na
poda.
---
Fitorreguladores de síntese
Utilizar somente
produtos químicos
Evitar o uso generalizado
de fitorreguladores para
Proceder à
aplicação de
Proceder à
aplicação
11
registrados constantes
na grade PIC, mediante
receituário agronômico,
conforme legislação
vigente.
controle de crescimento
da planta, raleio e
desenvolvimento das
frutas.
agroquímicos
sem o devido
registro,
conforme
legislação
vigente e
utilizar
recursos
humanos sem
a devida
capacitação.
somente
quando
não puder
ser
substituído
por outras
práticas de
manejo.
Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.
Manejo e Conservação do solo
A redução da movimentação do solo é um dos princípios básicos em manejo e conservação do
solo, em função dos seguintes benefícios que proporciona: menores possibilidades de
compactação do solo; manutenção da estrutura do solo; maior infiltração de água no solo;
menores perdas de solo e água por erosão; maior disponibilidade de água para as plantas e
redução de custos.
A cobertura do solo, seja ela viva ou morta, é outro princípio básico em manejo e conservação
do solo, proporcionando os seguintes benefícios: redução dos efeitos negativos das chuvas e
enxurradas, ao evitar ou reduzir o impacto das gotas de chuva na superfície do solo;
incorporação de matéria orgânica e de nutrientes; melhoria da estrutura do solo; aumento da
infiltração e do armazenamento da água no solo; redução da temperatura do solo e de custos
relativos às capinas.
Quadro 2. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros - NTE.
Obrigatório Recomendado Proibido
Permitido com
restrição
Utilizar somente
herbicidas
registrados e
permitidos para
PIC e mediante
receituário
agronômico;
Utilizar
estratégias que
minimizem sua
utilização dentro
do ano agrícola;
Proceder o
registro das
aplicações no
caderno de
campo; respeitar
o período de
carência para
Controlar as plantas
infestantes,
preferencialmente por
meios manuais e/ou
mecânicos;
Reduzir o uso de
herbicidas;
Não aplicar
herbicidas pré-
emergentes.
Aplicar herbicidas
em área total,
exceto para plantio
direto;
Controlar o mato
exclusivamente
com equipamentos
que revolvam o
solo.
Utilizar
excepcionalmente
herbicidas pré-
emergentes em áreas
localizadas, mediante
justificativa técnica.
12
colheita.
Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.
Subsolagem
Em pomares adultos e em formação (1 a 2 anos), recomenda-se, quando necessário, subsolar o
solo nas entrelinhas dos citros o mais profundo possível (60 a 70cm) para reduzir a
compactação e o adensamento. Após essa operação, deve-se implementar as práticas de
manejo do solo recomendadas. A faixa a ser subsolada nas ruas da cultura é a mesma onde se
passa a grade e roçadeira para controle do mato. De uma maneira geral, deve-se respeitar uma
distância de 0,50 m para fora da copa. A subsolagem deve ser efetuada logo após as primeiras
chuvas de inverno, evitando solos extremamente secos ou úmidos até a camada a ser
trabalhada.
Quadro 3. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros -
NTE.
Obrigatório Recomendado Proibido
Permitido
com
restrição
Controlar os
processos de erosão;
Promover a melhoria
das condições
biológicas do solo,
manejando as plantas
infestantes, mantendo
a cobertura vegetal
para incrementar a
proteção do solo.
Evitar a gradagem e o
tráfego desnecessário de
máquinas nos pomares;
Efetuar subsolagem quando
for constatada tecnicamente
a sua necessidade;
Manter a diversidade de
espécies vegetais;
Cultivar e manejar espécies
vegetais (leguminosas e
outras) protetoras do solo;
evitar a roçagem rente ao
solo;
Manejar o mato em ruas
alternadas;
Eliminar espécies
hospedeiras de pragas.
Manter o solo
sem cobertura. ---
Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.
Mecanização do solo
O tráfego de máquinas no pomar deve ser minimizado por provocar compactação e
deformação na estrutura do solo, bem como, equipamentos desestruturadores como as grades
A subsolagem é recomendada quando forem detectados camadas de impedimento no perfil do
solo através de trincheiras, teste de compactação, penetrômetro ou coleta de amostras
indeformadas. Detectada a região compactada, o produtor deve procurar orientação técnica
sobre equipamentos e época adequada para efetuar a operação, prosseguindo com práticas de
13
adubação verde e manejo de plantas infestantes e redução de trânsito no pomar. O uso de
grade nos pomares deve ser limitado, devido aos efeitos prejudiciais que pode proporcionar
como corte de raízes, erosão, compactação, destruição de plantas benéficas, oscilação da
temperatura do solo, favorecer a perda de umidade e formar poeira.
Manejo de cobertura do solo
Tem a função de controlar processo de erosão e prover a melhoria das condições biológicas
do solo. Realizar o manejo integrado de plantas invasoras. Manter a diversidade de espécies
vegetais, favorecendo a estabilidade ecológica e minimizando o uso de herbicidas e roçar as
entrelinhas, posicionando o material sobre a superfície do solo "mulching" e/ou sob a copa
dos citros.
Em um experimento conduzido num solo de Tabuleiros Costeiros classificado como
Latossolo Amarelo álico coeso sob as combinações laranja "Pêra"/limoeiro ‘Volkameriano’ e
laranja ‘Pêra’/limoeiro ‘Cravo’, avaliou-se dois sistemas de preparo do solo na implantação
do pomar e controle de plantas infestantes. No sistema convencional adotado pela maioria dos
produtores, procedeu-se a aração, gradagem, abertura de covas e plantio das mudas cítricas e
controle mecânico do mato com três a quatro capinas nas linhas e mesmo número de
gradagens nas ruas durante o ano agrícola. No sistema melhorado, realizou-se um ano antes
do plantio uma subsolagem cruzada com profundidade média de 0,55 m, plantio direto do
feijão-de-porco como cultura de espera e melhoradora do solo. Realizou-se o plantio direto na
palhada, abrindo-se apenas as covas para colocação das mudas. Nesse sistema, o controle
integrado de plantas infestantes foi realizado dessecando-se o mato nas linhas com glifosato
duas vezes ao e nas ruas o plantio direto do feijão-de-porco em maio/junho e roçado
setembro/outubro para formação de cobertura morta. Observa-se pela tabela abaixo que três
anos após a implantação do pomar o manejo melhorado proporcionou melhorias significativas
dos atributos físicos do solo nas linhas e entrelinhas da cultura quando comparado ao sistema
convencional do produtor, proporcionando condições mais favoráveis para o crescimento e
produção da planta cítrica. Esse mesmo trabalho, mostrou que a melhoria da estrutura do solo
pelo preparo inicial com subsolagem e sua manutenção com a redução do trânsito de
máquinas pelo manejo integrado de plantas infestantes com coberturas vegetais, contribuiu
tanto na linha como na entrelinha da cultura, para maior retenção de água no perfil do solo em
71% dos meses avaliados em relação ao sistema convencional. Dessa forma, o período de
disponibilidade para a planta cítrica foi ampliado tanto nas linhas como nas entrelinhas da
cultura. Para as condições do Nordeste brasileiro e dos solos em estudo, esses resultados
contribuíram significativamente, para o aumento da produtividade pela redução das perdas de
frutos nos estádios cotonete, chumbinho e em muitos casos, na fase de pré-colheita (Carvalho
et al., 2003a).
Tabela 1. Médias das propriedades físicas do solo, na profundidade de 0 a
0,40 m, de dois sistemas de controle de plantas infestantes nas linhas e
entrelinhas da laranja ‘Pêra’ sobre dois porta-enxertos diferentes,
submetidas a dois manejos de solo em (Cruz das Almas, BA, 2002).
Manejos
Médias das propriedades físicas do solo
Porosidade
Densidade
do solo
Condutividade
hidráulicaTotal Macro Micro
Linha de plantio 42,93 18,52 24,41 1,41 19,45
14
(subsolagem +
plantio de
leguminosa)
Linha de plantio
(três capinas
manuais nas linhas
+ três gradagens
nas entrelinhas)
34,94 9,38 25,56 1,61 1,33
Alterações Médias
(%) na linha de
plantio
+22,9 +97,4 -4,7 -14,2 +1362
Entrelinha de
plantio
(subsolagem +
plantio de
leguminosa)
39,44 14,40 25,05 1,49 6,29
Entrelinha de
plantio (três
capinas manuais
nas linhas + três
gradagens nas
entrelinhas)
34,42 8,42 26,01 1,60 4,87
Alterações Médias
(%) nas entrelinhas
+14,6 +71 -3,8 -7,3 +29,1
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Herbicidas
Em pós-emergência, o glifosato é hoje o herbicida mais utilizado por proporcionar uma
cobertura morta, adequando-se muito bem ao manejo de coberturas vegetais na cultura. A
dose a ser aplicada dependerá da composição matoflorística e seu estádio de desenvolvimento.
A aplicação de herbicida em citros pode ser realizada por pulverizadores tratorizados e não
tratorizados. No primeiro caso, uma barra aplicadora própria para os citros é acoplada ao
trator, equipada com bicos em leque 110.01 (cor laranja) e um bico TK 0,5 na sua
extremidade para fazer o acabamento próximo ao tronco das laranjeiras. Recomenda-se para
esse tipo de aplicação velocidade do trator de 3-4 km/h, para proporcionar boa deposição da
calda do produto sobre o alvo (plantas daninhas) evitando falhas de aplicação. Desta forma, e
a depender do tipo do mato, pode-se limpar 2.000 a 3.000 plantas por dia, numa faixa de 1,80
a 2,00 m de cada lado da planta cítrica, com consumo médio de calda de 150 a 200 l/ha. São
suficientes 1.000 litros da calda para uma jornada diária de trabalho.
Nos pulverizadores costais, o bico mais indicado para a aplicação do glifosato é em leque
“Teejet” 110.02 de cor amarela, que permite boa cobertura sobre as plantas daninhas e um
consumo médio de calda, a depender do operador, de 250 a 300 l/ha. Para aumentar o
rendimento operacional, redução do custo de aplicação e simular a aplicação tratorizada,
recomenda-se aplicar em “varredura”.
15
Esse método de aplicação consiste na rotação da ponta do bico, deixando sua fenda paralela
(no mesmo sentido) da haste do pulverizador e, simulando a varredura de um terreiro, efetua-
se movimentos lentos na vareta do equipamento sentido direita e esquerda ao caminhar,
conseguindo-se assim, em uma só passagem aplicar numa faixa aproximada de 1,60 a 1,80 m
em cada lado da laranjeira. Nesse método de aplicação, um homem pode limpar 500 a 700
plantas por dia. Nas duas modalidades de aplicação, o ideal é que não ocorram chuvas nas
primeiras seis horas. Pode-se, também, optar pela utilização de métodos mecânicos e culturais
no controle de plantas daninhas.
Manejo do Solo e Mato nas entrelinhas
A cobertura vegetal protege o solo do impacto das gotas de chuva e irrigação que provocam
dispersão de partículas, mais tarde arrastadas pela enxurrada, do trânsito de máquinas,
reduzindo seu efeito sobre a compactação.
O produtor deve manejar melhor o mato, evitando concorrência pelos fatores de produção
como a água, explorando também, seu efeito benéfico como cobertura no período das chuvas.
Na época seca o mato deve ser mantido, preferencialmente, roçado baixinho, minimizando
sua concorrência por água com os citros.
Manejo de coberturas em citros
As práticas convencionalmente utilizadas no preparo e manejo dos solos em pomares e o
controle inadequado de plantas infestantes têm contribuído para aumentar sua degradação,
com redução da macroporosidade e aumento da compactação, refletindo na redução da
velocidade de infiltração e retenção de água no solo, atribuindo-se como as principais causas
da queda de rendimento da planta cítrica. A maioria dos pomares cítricos da Bahia e Sergipe,
está estabelecida em solo de Tabuleiros Costeiros caracterizados como de baixa fertilidade,
com reduzida capacidade para segurar água e adensados. Isso resulta em plantas de baixo
vigor e longevidade, com a concentração do sistema radicular (60 a 70%) nos primeiros 20cm
do perfil do solo. A presença de horizontes coesos em solos de tabuleiros reduz sua
profundidade efetiva, prejudicando a dinâmica da água no seu perfil e, principalmente, o
aprofundamento do sistema radicular das plantas cítricas em função da elevada resistência do
solo à penetração (Rezende et al., 2002). Esses fatos, associados aos constantes períodos de
estiagem que ocorrem durante o ano, fazem com que as plantas cítricas tornem-se vulneráveis
aos freqüentes estresses hídricos ao longo do ano, causando prejuízos à sua produtividade e
longevidade (Carvalho et al.,1999).
A cobertura vegetal protege o solo do impacto das gotas de chuva e irrigação que provocam
dispersão de partículas, mais tarde arrastadas pela enxurrada, do trânsito de máquinas,
reduzindo seu efeito sobre a compactação. O produtor deve manejar melhor o mato, evitando
concorrência pelos fatores de produção como a água, explorando também, seu efeito benéfico
como cobertura no período das chuvas. Na época seca o mato deve ser mantido,
preferencialmente, roçado baixinho, minimizando sua concorrência por água com os citros. O
citricultor deve plantar as coberturas vegetais nas entrelinhas do pomar nos meses maio e
junho para as condições da Bahia e Sergipe. Chama-se atenção para o manejo da vegetação
espontânea e coberturas vegetais (gramíneas e leguminosas) em ruas alternadas do pomar.
A citricultura convencional praticada em diferentes regiões é responsável por intensa
degradação ambiental, necessitando o desenvolvimento de sistemas de produção agrícola
economicamente viáveis, energeticamente eficientes pois atualmente não basta apenas
16
produzir, mas produzir com sustentabilidade, com riscos reduzidos e ao mesmo tempo,
protegendo e conservando os recursos naturais e o meio ambiente em geral.
São grandes os avanços que a citricultura brasileira tem dado nos aspectos relacionados à
planta para aumentar a produtividade, entretanto pequenos têm sido os avanços nas áreas de
manejo do solo (físico e químico) e relação solo planta, as quais têm sido importantes fatores
para a baixa produtividade dos pomares, relacionando-os ao uso e manejo inadequados do
solo no controle de plantas infestantes e com o trânsito exagerado de máquinas nos pomares
comprometendo sua capacidade produtiva. Dessa forma, as leguminosas devido as suas
características particulares e potencial para múltiplos usos, exercem mais que qualquer outra
família de plantas um papel significativo no sistema de produção de citros, seja como adubos
verdes ou como coberturas vegetais melhoradoras do solo no controle integrado de plantas
infestantes, associadas a outras práticas de manejo conservacionista.
O manejo adequado do solo no controle de plantas infestantes deve relacionar a condição
física do solo ao desenvolvimento radicular, crescimento da planta, mantendo a qualidade e
produtividade do solo, garantindo níveis adequados dos seus atributos físicos e químicos para
o desenvolvimento da planta como densidade do solo, estrutura, teor de matéria orgânica,
aeração, taxa de infiltração, drenagem e retenção de água.
Em experimento comparativo de uma parcela de laranja ‘Pêra’ em sistema PIC X área
convencional, em Cruz das Almas, BA, no ano de 2005 verificou-se que o pomar submetido à
PI obteve resultados satisfatórios e superiores ao convencional, como pode ser verificado nos
quadros a seguir:
Tabela 2. Características físicas dos frutos em Produção Integrada e
convencional (produtor), Cruz das Almas-2005.
Características
Físicas do fruto
‘Pêra’/limão ‘Cravo’ ‘Pêra’/limão
‘Volkameriano’
Produtor PIC Produtor PIC
Peso (g) 203,9 223,5 214,9 265,7
Altura (cm) 7,18 7,47 7,34 7,98
Diâmetro (cm) 7,24 7,50 7,26 7,9
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Tabela 3. Produtividade da planta cítrica, sobre dois porta-
enxertos, submetidas a dois tratamentos de preparo e manejo do
solo em Cruz das Almas - BA, 2005.
Produtividade média (t/ha)
Tratamentos
Laranja
‘Pêra’/limão
‘Cravo’
Laranja
‘Pêra’/limão
‘Volkameriano’
Subsolagem + plantio de
leguminosa – Produção
Integrada de Citros
34,4 25,5
Três capinas manuais nas
linhas + três gradagens nas
entrelinhas (Convencional)
26 20,1
Incremento de produção32% 27%
17
(%)
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Os valores para o carbono da biomassa microbiana do solo (BMS-C) no plantio de laranja ´
Pêra ` sob diferentes manejos do solo, são apresentados na Figura 1. Não foram observados
efeitos significativos dos diferentes manejos do solo, da época e do local de amostragem
(linha e entrelinha) para a variável BMS-C, ou seja não diferiu estatisticamente entre os dois
tratamentos (PIF e convencional).
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Fig. 1. Valores médios do carbono da biomassa microbiana do solo em função de diferentes
sistemas de produção na profundidade de 0-10 e 10-30 cm nas linhas e entrelinhas de plantio
de citros Cruz das Almas,BA, 2006.
A liberação de C-CO2, pela atividade microbiana do solo foi maior no tratamento em PIF que
envolve uso de subsolagem. Este efeito foi demonstrativo para a camada de 10-30cm na linha
e de 0-10cm na entrelinha. Como a subsolagem foi feita na linha, infere-se que esta maior
atividade microbiana na camada de 10-30cm na linha é resultado daquele manejo, ou seja,
foram criadas melhores condições para a atividade microbiana (Figura 2).
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Fig. 2. Valores médios para a respiração microbiana do solo em função de diferentes manejos
do solo, nas linhas e entrelinhas do plantio de citros.
Os resultados médios dos indicadores selecionados para avaliar a qualidade do solo foram, em
sua maioria, estatisticamente diferentes, entre os dois tratamentos testados (Quadro 3).
Verificou-se que a resistência do solo à penetração de raízes (RP100KPa) foi 10 % maior no
18
tratamento com gradagem + capinas manuais (T1 - Convencional), quando comparado ao
tratamento utilizando subsolagem + cobertura vegetal com feijão-de-porco (T2 – Produção
Integrada de Citros PIC). Porém, em ambos os tratamentos a RP100KPa manteve-se
limitante, pois seus valores foram acima do limite crítico estabelecido para este indicador. A
macroporosidade (MP) foi, aproximadamente, duas vezes maior no T2 em relação ao T1. O
valor da MP encontrada no T2 foi 90 % superior ao limite critico (0,10 m3 m-3) e 80 %
inferior no T1. Esses resultados podem ser atribuídos aos efeitos positivos da prática da
subsolagem e dos bioporos deixados no solo pela decomposição das raízes do feijão-de-porco
utilizado como cobertura vegetal. Segundo Reichert et al., (2003) o uso de espécies vegetais
que produzam grande massa radicular e cujas raízes possuam a habilidade de penetrar em
camadas compactadas deve integrar os sistemas de cultivo. Pois a decomposição dessas raízes
deixa poros contínuos e de maior estabilidade, que aumentam a infiltração de água no solo e
as trocas gasosas, agindo como subsoladores naturais.
Tabela 4. Valor dos indicadores de qualidade para um Latossolo Amarelo sob
dois sistemas de manejos para o cultivo de citros
Indicadores (1)
T1 -
Convencional
T2 – Produção Integrada de
Citros
Função crescimento radicular em profundidade
RP 100 KPa (MPa) 3,20 B 2,90 A
MP (m 3 m-3) 0,08 A 0,19 B
Ds (Kg dm-3) 1,55 A 1,46 B
m (%) 3,67 A 1,51 A
Função condução e armazenamento de água
Ko (cm h-1) 7,08 A 12,49 B
MP (m 3 m-3) 0,080 A 0,186 B
UV33KPa/PT 0,250 A 0,253 A
AD/PT 0,119 A 0,137 A
Função suprimento de nutrientes
pH em água 6,00 A 5,70 A
CTCpot (cmolc dm-3) 6,17 A 7,69 B
V (%) 52,63 A 77,75 B
M.O. (g Kg-1) 8,10 A 13,18 B
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
(1) RP100KPa = resistência à penetração a 100KPa de umidade no solo; MP =
macroporosidade do solo; Ds = densidade do solo; m = saturação por alumínio;
Ko = condutividade hidráulica do solo saturado; UV33KPa/PT = relação
umidade volumétrica retida a 33 KPa/porosidade total do solo; AD/PT = relação
água disponível/porosidade total do solo; CTC = capacidade de troca de cátions;
V = saturação por bases e M.O. = matéria orgânica. Letras maiúsculas
comparam, na linha, valores dos indicadores, em cada tratamento, pelo teste de
Tukey a 5%.
O valor da densidade do solo (Ds) foi significativamente menor no T2, ficando abaixo do
limite critico de 1,52 Kg dm-3 (Souza et al., 2003), quando comparados ao T1 que,
apresentou valores de Ds elevados refletindo na baixa aeração e condução de água no
solo (Abercrombie & Du Plessis, 1995).
A saturação por alumínio (m %) foi um dos indicadores que não diferiu entre os tratamentos
testados, seus valores foram muito baixos como era esperado tendo em vista, que a
subsolagem não produz diretamente efeitos químicos no solo. E por ser um indicador regido
pela função de padronização do tipo “menos é melhor”, seus escores padronizados foram
19
muito altos, não indicando limitação de ordem química ao crescimento radicular da planta
cítrica.
Na função condução e armazenamento de água (CAA) a condutividade hidráulica no solo
saturado (Ko) não foi limitante para ambos os tratamentos. Porém observou-se no T1, que seu
valor médio foi mais próximo do limite inferior (5,0 cm h-1) enquanto em T2 esse valor
aproximou-se do limite superior (15,0 cm h-1), indicando possível efeito da subsolagem mais
cobertura vegetal na condução de água, o que esta coerente também com os resultados da
macroporosidade, visto que a capacidade do solo em permitir a infiltração da água é reflexo
do seu volume de macroporos (Thomasson, 1978).
Os indicadores relacionados à disponibilidade de água desse solo para as plantas constituíram-
se em fatores limitantes da qualidade e não diferiram entre os tratamentos. Os valores da
relação UV33KPa/PT foram muito abaixo do limite critico de 0,55. Enquanto, a relação
AD/PT foi superior ao limite de 0,125 no T2 e inferior para T1. Esses resultados no T1 podem
ser atribuídos aos efeitos da gradagem aumentando a densidade do solo na superfície e
provocando diminuição da capacidade de retenção de água a baixas tensões, o que diminui a
água disponível às plantas (Portela et al., 2001).
Quando e como plantar as leguminosas
Deve-se dar preferência ao plantio direto dessas coberturas para evitar o efeito danoso da
gradagem sobre as propriedades físicas do solo, sistema radicular dos citros e pelo próprio
efeito benéfico e cumulativo sobre essas propriedades, proporcionado por essas leguminosas
como melhoradoras de solo. Nesse sistema de plantio é necessária a aplicação de um
herbicida pós-emergente à base de glifosate, para dessecação do mato presente nas entrelinhas
do pomar; após uma semana, procede-se o plantio mecanizado das leguminosas em sulcos ou
manual em covas ou buracos, neste último caso espaçados a cada 25 cm x 25 cm, colocando-
se duas a quatro sementes por buraco. O consumo de sementes por hectare é de 60 a 80 kg
para feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), 20-30 kg para crotalária (Crotalaria juncea) e de
12 a 15 kg para milheto (Pennisetum glaucum). No sistema de plantio direto, aponta-se
algumas vantagens em relação ao convencional a lanço, que são a retirada por completo da
grade do pomar para o controle de plantas daninhas, a segurança de que dificilmente
necessitará de uma replanta em função da melhor condição competitiva dada as leguminosas
pelo dessecamento do mato e pela disponibilidade de água, em virtude da formação da
cobertura morta, o menor risco de erosão, o menor gasto de sementes por hectare e,
consequentemente a redução de custos.
Roçagem das leguminosas
A roçagem dessas leguminosas pode ser mecanizada ou manual a depender da condição do
citricultor, e efetuada a 20-25 cm do solo para formação de uma boa cobertura verde. Para os
estados da Bahia e Sergipe, recomenda-se a roçagem em setembro/outubro. Esse manejo
recomendado para as leguminosas é muito importante, pois no período de deficiência hídrica
no solo (período de seca), não se recomenda a convivência do pomar com estas plantas para
evitar a concorrência por água. Quando ceifadas, o sistema radicular permanece no solo,
decompõe-se, promovendo a descompactação biológica do solo.
Material propagativo
Os novos plantios devem ser realizados com mudas produzidas em ambiente protegido e
proveniente de viveiros registrados no órgão fiscalizador e devem trazer consigo o certificado
fitossanitário, além da identificação exigida por Lei mediante notas fiscais. Para os Estado que
20
ainda não possuem programas de certificação de mudas, cabe ao viveirista uma maior parcela
de responsabilidade na produção das mesmas, preparando seus lotes de matrizes – copa e
porta-enxerto – provenientes de material básico existente nas instituições governamentais,
garantindo dessa forma a multiplicação de material de boa qualidade genética e fitossanitária.
O padrão de qualidade das mudas deve atender o que está disposto na legislação de cada
estado que trata da produção e certificação de mudas.
Quadro 4. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros - NTE .
Sementes, porta-enxertos, borbulhas e mudas
Obrigatório Recomendado Proibido
Permitido com
restrição
Utilizar
mudas
produzidas de
acordo com a
legislação
vigente em
cada estado
da federação.
Utilizar mudas fiscalizadas ou
certificadas, produzidas em
ambiente protegido, a partir de
material sadio e com certificação
genética;
Priorizar o uso de porta-enxertos e
variedades-copa compatíveis,
resistentes ou tolerantes a pragas;
Analisar os materiais em
laboratórios credenciados
principalmente quanto a
Phytophthora, nematóides e
clorose variegada dos citros.
Transitar
portando
material
propagativo
sem a
competente
autorização e
registro de
procedência,
conforme
legislação
pertinente.
É permitido uso
de borbulhas de
lima ácida Tahiti
clone Quebra-
galho, desde que
a produção de
mudas atenda as
demais exigências
previstas em
normas da
legislação
vigente.
Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.
As normas para produção de mudas cítricas estabelecem que elas devem ser podadas, quando
maduras, a 40-50cm do solo no caso de tangerineiras e 50-60cm quando forem laranjeiras,
limoeiros e pomeleiros. Para formar a copa, deixa-se desenvolver três ou quatro brotações, as
mais vigorosas e espaçadas convenientemente, distribuídas em espiral em torno da haste. No
método mais moderno e vantajoso, de muda vareta, faz-se apenas o desponte antes do plantio,
levando-se a muda para campo, onde a copa é feita. Além do menor tempo que leva para ficar
pronta, esse tipo de muda facilita bastante o transporte e o plantio.
Para o caso específico da Clorose Variegada dos Citros - CVC, será exigido um laudo
adicional da ausência da bactéria Xillela fastidiosa. As mudas podem ser provenientes de
enxertos, desde que atendam aos padrões estabelecidos na Lei de Produção de Mudas:
Fitossanidade geral: garantia de que as mesmas estejam livres de vírus e outros organismos
patogênicos.
Verificação varietal: identificação do tipo de porta-enxerto usado e da cultivar-copa que
compõe o lote, em etiqueta própria, conforme Normas e Padrões da respectiva Comissão
Estadual de Sementes e Mudas;
Qualidade da enxertia: soldadura do enxerto uniforme, lisa, sem necrose e com diferença entre
o diâmetro do porta-enxerto, a 5 cm abaixo do ponto de enxertia, e o da cultivar-copa na base
da brotação, não superior a 0,5 cm;
21
Sanidade do sistema radicular do porta-enxerto: raízes livres de doenças e pragas de solo,
nematóides ou quaisquer outros fungos ou pragas;
Qualidade nutricional da muda: livre de qualquer desequilíbrio nutricional;
Vigor da muda: apresentar a 5 cm do ponto de enxertia, pelo menos, 12 mm de diâmetro e
altura mínima de 60 cm;
Idade da muda: o porta-enxerto não deve ter mais do que 6 meses, a partir da data de
semeadura, e a muda enxertada, não mais do que 12 meses;
Qualidade das raízes do porta-enxerto: o sistema radicular, além de ser isento de agentes
fitopatogênicos, deve apresentar boa distribuição das raízes ao redor da raiz pivotante;
Aspecto geral da muda: no momento do plantio, a muda deve apresentar sistema radicular e
aéreo perfeitos.
Implantação do pomar
Para a escolha da área a ser implantado o pomar, a mesma deve estar de acordo com as leis de
preservação ambiental, com destaque para cuidados com a proteção das nascentes, flora e
fauna local, além de atender às recomendações técnicas para os citros. O preparo do solo deve
seguir as práticas conservacionistas. Recomenda-se a subsolagem que pode ser realizada em
área total ou no sulco de plantio (preparo mínimo), em substituição a aração e gradagem. A
subsolagem ou não em área total vai depender do estado do solo. Pomares cítricos a serem
implantados em área onde previamente existia elevado tráfego de máquinas e na renovação de
pomares velhos e improdutivos geralmente necessitam de subsolagem total. Adicionar nesta
etapa os corretivos e fertilizantes quando demonstrada a necessidade através da análise de
solo.
Na implantação de pomares, o espaçamento de plantio a ser utilizado dependerá do vigor da
variedade, porta-enxerto, fertilidade do solo e irrigação. O espaçamento entre as árvores
deverá ser aquele que minimize a erosão do solo, seguindo sempre que possível as curvas em
nível. Cada talhão deverá ter um número de plantas que facilite e otimize as inspeções e
tratamento fitossanitário, devendo ser identificados e homogêneos quanto: a variedade, porta-
enxerto, tratos culturais, fitossanitários e providos de carreadores.
Nesta fase de implantação e formação do pomar fica proibido o cultivo intercalar de outros
gêneros que demandem controle fitossanitário específico com defensivos não registrados aos
citros. O solo deve ser mantido protegido com cobertura verde ou morta e a área da
propriedade deve ser cercada, possuindo cerca viva ou quebra-vento.
Quadro 5. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros
- NTE.
Plantios novos
Obrigatório Recomendado Proibido
Permitido
com
restrição
22
Respeitar a
legislação
ambiental e
considerar a
aptidão
edafoclimática da
área;
Manejar o solo,
restos vegetais e
pragas mediante
técnicas de
manejo
sustentável;
Analisar o solo
física e
quimicamente
para definir as
correções
necessárias;
Utilizar uma
combinação
copa/porta-
enxerto por talhão.
Plantar adubos verdes
em área total antes do
plantio dos citros e
como cultura
intercalar em pós-
plantio;
Realizar análise
biológica do solo;
Utilizar técnicas de
cultivo mínimo nos
pomares;
Definir o espaçamento
e densidade levando
em consideração o
vigor da combinação
copa/porta-enxerto, a
fertilidade do solo, os
tratos culturais e a
irrigação;
Dispor o plantio
acompanhando as
curvas em nível.
Proceder à
desinfestação
química do solo
sem supervisão do
responsável
técnico;
Realizar cultivo
intercalar de outras
espécies que
demandem
controle
fitossanitário com
agroquímicos não
registrados para
citros.
Implantar
pomares em
terrenos com
declividade
acima de 20%
dentro dos
limites
permitidos
pelas leis
ambientais,
somente com
o uso de
patamares;
Plantar em
áreas
encharcadas
desde que
feita a
drenagem
adequada,
atendendo a
legislação
ambiental.
Localização
Observar as
condições
edafoclimáticas e
compatibilidade
com os requisitos
da cultura dos
citros e do
mercado.
Implantar quebra
ventos em áreas
sujeitas à alta
incidência de ventos
fortes.
No caso de replantio,
realizar antes rotação
de cultura por pelo
menos um ciclo da
cultura em rotação.
--- ---
Porta-enxertos e copas
Utilizar cultivares
de porta-enxertos
e copas
recomendados
pela pesquisa.
--- --- ---
Sistema de plantio
Realizar análise
física e química
do solo e proceder
as correções
necessárias
conforme
requisitos
Realizar análise
biológica do solo. --- ---
23
técnicos.
Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.
Cultura - Laranja
Aspectos Gerais:
A planta tem origem provável na Ásia - Índia, China, países vizinhos de clima subtropical
úmido - daí foi para a Europa e para o Brasil trazida por portugueses no século XVI.
O cultivo da laranjeira está disseminado por mais de 60 países e, na produção mundial de
cítricos, a laranja participa com 69%. Em 1994 foram produzidas 58.731.000 toneladas
participando o Brasil com 31,6%, E.U.A com 16,2%, China com 10,5%, Espanha com 4,42%
e México com 4,4% (FAO). Em 1993/94, no mercado internacional, a laranja in natura
ofertou 4,4 milhões de toneladas; a Espanha (33%) e E.U.A (14%) lideram esse mercado. No
de processados de citros o Brasil destaca-se como maior exportador mundial de suco
concentrado suprindo 80% da demanda mundial.
No Brasil a citricultura é significativa para os estados de São Paulo (80% da oferta nacional),
Sergipe (4,8%), Bahia (3,8%) e Minas Gerais (3,8%); em 1994, o país produziu 17.420.377
toneladas de frutos em área próxima a 900.000 hectares (IBGE).
Em 1994 a Bahia produziu 668.873 toneladas de frutos, em área colhida de 42.748 ha. com
rendimento de 15.647 kg/ha (80% da variedade Pêra); as principais regiões econômicas
produtoras foram Litoral Norte, Recôncavo Sul, Nordeste e Sudoeste (juntas alcançaram 90%
da produção). Destacaram-se, entre os municípios maiores produtores, Rio Real (44%),
Inhambupe (7%), Cruz das Almas (6%), Sapeaçu (5%) e Alagoinhas (4%), (IBGE - PAM).
A produção baiana destina-se ao consumo da fruta fresca e a agroindústria; o suco
concentrado é quase todo exportado para a Europa (Alemanha, Inglaterra), E.U.A, e Canadá
(1994/95 - Promoexport).
Botânica/Descrição/Variedades:
Cientificamente a laranja-doce é conhecida como Citros sinesis e a laranja-azeda como Citrus
aurantium, ambas Dicotyledonae, Rutaceae. Na laranja-doce destacam-se as variedades Pera
(maturação semi-tardia), Natal (tardia), Valencia (tardia), Bahia (semi-precoce), Baianinha
(semi-precoce); Lima, Piralima, Hamlim (semi-precoce), a espécie laranja-azeda é
representada pelas laranjas-da-terra.
A laranja doce tem porte médio, folhas tamanho médio com ápice ponteaguda base
arredondada, pecíolo pouco alado, flores com tamanho médio, solitárias ou em racimos, com
20-25 estames, ovário com 10-13 lóculos. Sementes ovóides, levemente enrugadas e
poliembrionicas.
A laranja azeda tem porte médio a grande, folha com lâmina estreita, ponteaguda, base
arredondada, flores grandes, completas; fruto ácido e amargo, de difícil consumo. Dos brotos,
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folhas e casca do fruto retira-se uma série de óleos essenciais, aromáticos, de alto valor em
perfumaria e farmacopéia.
Composição por 100 g. da fruta fresca é: calorias (63), glicídios (9,9 g), proteína (0,6 g),
lipídios (0,1), cálcio (45 mg), fósforo (28 mg), ferro (0,2 mg), magnésio (26 mg), Vitamina A
(14 mcg), Vitamina B (40 mcg), Vitamina B2 (21 mcg), Vitamina C (40,9 mcg), potássio.
Utilização da laranjeira:
Folhas : Contém óleo essencial utilizado em indústria.
Flores : Procuradas para ornamentação diversa; é melifica.
Fruto : O sumo da laranja-doce é utilizado, em nível caseiro, para preparo de sucos, refrescos
e sorvetes; na indústria o sumo compõe sucos concentrados e refrigerantes. A casca da
laranja-da-terra é utilizada para o preparo de geléias, doces (em calda, cristalizados), bebidas.
Necessidades da Planta:
Clima - A faixa de temperatura para vegetação está entre 22ºC e 33ºC (nunca acima de 36ºC e
nunca abaixo de 12ºC) com média anual em torno de 25ºC; sob altas temperaturas a laranjeira
emite, ao longo do ano, vários surtos vegetativos seguidos de fluxos florais que possibilitam
maturação de frutos em várias épocas.O ideal anual de chuvas está em 1.200 mm. bem
distribuídos ao longo do ano; déficit hídrico deve ser corrigido com irrigação artificial. A
umidade do ar deve estar em 80%.Clima influi na qualidade e composição do fruto (teor de
suco, de sólidos, maturação, volume de frutos, outros).
Solos : Embora possa desenvolver-se em vários tipos de solos- de arenosos a argilosos desde
que sejam profundos e permeáveis- a laranjeira prefere os solos areno-argilosos e até argilosos
porosos, profundos e bem drenados. Evitar solos rasos e sujeitos a encharcamentos; pH na
faixa 6,0 a 6,5.
Formação do Pomar:
A muda de laranjeira: deve ser obtida a viveiristas credenciados por órgãos oficiais. Deve
ser enxerto (por borbulhia) maduro vigoroso, enxertia a 20 cm de altura do solo, com 3 a 4
brotações (ramos) a 60cm. de altura (espaçados para formação da copa) distribuídos em
espiral em torno do caule e sistema radicular abundante. As mudas raiz nua devem ter raízes
barreadas (com barro) para transporte.
Para compor o pomar: sugere-se plantio de variedades Lima e Hamlin (10%), Baianinha
(15%), Valencia e/ou Natal (15%) e Pera (para sucos), com 60%.
Localização do pomar: próximo a estradas e mercado consumidor, de fácil acesso. O terreno
deve ser plano a ligeiramente ondulado; em áreas com declividade até 5% alinhar plantas em
nível e em terrenos com declividade superior usar outras práticas conservacionistas além das
curvas de nível. O plantio, em terreno plano, deve ser feito em retângulo.
Preparo do solo: se possível retirar amostras de solo e enviar a laboratório de análises, com
boa antecedência ao plantio (150 dias) para recomendações para corretivos e adubos.As
operações de preparo de solo passam por desmatamento, destoca, queima, controle de
formigas e cupins, aplicação de corretivo, aração e gradagens. A destoca pode ser feita em
período de 2 a 5 anos (segundo extensão da área de plantio) e o produtor poderá cultivar
lavouras de ciclo curto entre os tocos.
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A aplicação do corretivo (calcário dolomítico) deve ser feita antes da aração (metade da
dose) e antes da primeira gradagem (segunda metade) a 60 a 90 dias antes do plantio.
Os espaçamentos recomendados para o plantio são: 6 m x 4 m (Baianinha, Valencia) que
proporciona 416 plantas/hectare e 6 m x 3 m (Pera, Natal e Rubi) o que proporciona 555
plantas por hectare.
Covas/adubação básica: as covas devem ter dimensões de 60 cm x 60 cm x 60 cm e na sua
abertura separar a terra dos primeiros 15-20 cm de altura. A abertura deve ser feita 30 dias
antes do plantio. Em plantios extensos sulcos podem ser feitos com sulcador de cana segundo
as linhas de nível (terrenos acidentados). Caso não haja recomendação de análise de solo
colocar 1 kg de calcário dolomítico no fundo da cova e cobrir com um pouco de terra logo
após a abertura da cova em seguida misturar 200 g de superfosfato simples, 15-20 litros de
esterco de curral curtido à terra separada e lançar na cova.
Plantio:
No período chuvoso típico da região ou em qualquer época, com auxílio da irrigação, efetuar
o plantio; escolher dias nublados, sem ventos e com temperatura amena.No plantio colocar
colo da muda 5 cm acima da superfície do solo; as raízes das mudas nuas devem ficar
estendidas (sem dobras) e os espaços entre as raízes cheios com terra. Comprime-se a terra a
medida que se enche a cova, faz-se "bacia" com terra e cobre-se a bacia com palha ou
maravalha ou capim seco (sem sementes); se houver ventos fortes tutora-se a muda.
Tratos Culturais:
- Caso não haja chuvas no pós-plantio irrigar a cova com 20 l. de água por semana.
 Eliminar brotações (ainda novas) que se apresentem abaixo do ponto de enxertia
notadamente nos primeiros 2 anos de vida.
 Podar ramos secos, doentes, ramos ladrões vegetativos; efetuar limpeza do tronco e
ramos grossos (com escova) caiando em seguida com calda bordalesa a 3%.
 Capinar, nas ruas de plantio e na época seca, com grade de disco e com ceifadeira no
período chuvoso. Em coroamento sob copa da planta, capinar com enxada (época
seca) ou com foice ou estrovenga no período chuvoso.
 Se o custo permitir plantar leguminosas (mangalô, feijão-de-corda, feijão-de-porco)
nas ruas.
Adubação:
Deficiências de micronutrientes mais comuns (Cruz das Almas) são de zinco e manganês; são
corrigidas com aplicações em pulverização foliar, com solução contendo 300 g de sulfato de
zinco e 300 g de sulfato de manganês em 100 litros de água.
Caso não haja recomendações de laboratório para adubações sugere-se a utilização das
quantidades da Tabela 1. Aplicar as doses logo após o início do período chuvoso e, pouco
antes do seu fim. 60 dias e 90 dias pós plantio aplicar 50 g. de uréia fertilizante por cova e por
vez. Aplicar sob a copa da planta com leve incorporação (2/3 para dentro e 1/3 para fora da
projeção da copa).
Tabela 1 - Adubação de Laranjeira (por pé)
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Ano Início das
chuvas
Fim das
chuvas
Esterco Uréia
S.S (1) KCl (2)
Ureia
KCl (2)
2º 20 l 100g 200g - 100g -
3º 25 l 150g 300g - 150g -
4º 30 l 200g 400g
40g
200g
40g
5º 30 l 250g 500g
200g
250g
200g
6º 35 l 250g 500g
200g
250g
200g
7º 35 l 350g 650g
250g
300g
200g
8º 40 l 350g 650g
250g
300g
200g
9º(3) 45 l 500g 1000g
300g
500g
250g
(1) Superfosfato Simples
(2) Cloreto de Potássio
(3) Em diante
Consorciação:
O uso de culturas intercalares é indicado; sugere-se culturas de amendoim, batata-doce,
inhame, feijão, abobora, abacaxi, mamão e maracujá. Deve-se preferir culturas de baixo porte
e de curta duração; a linha mais externa do seu plantio deve ficar a 1,5 a 2,0m. da linha de
plantio da laranjeira. O seu plantio deve ser orientado no sentido leste-oeste e a cultura deve
ser adubada.
Tratamento Sanitário:
Tratos culturais adequados (para equilíbrio populacional entre pragas x inimigos naturais),
idade das plantas no pomar (até 4 anos exige aplicação de químicos), inspeção periódica do
laranjal (verificar presença de pragas, grau de infestação, presença de inimigos) aplicações de
químicos em focos, período do dia a efetuar tratamento, dentre outros, são procedimentos
imprescindíveis para eficiência do controle de pragas/doenças.
Pragas:
Inúmeras pragas atacam a laranjeira a saber:
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Ácaros: da falsa ferrugem, das gemas e da leprose e que podem ser controlados com produtos
a base de enxofre, de quinometionato e de dicofol.
Coleobrocas: que podem ser controladas com fosfina pasta, paratiom, DDVP em injeção
(orifício do caule).
Pulgões: controlados com paratiom ou acefato ou pirimicarb.
Mosca-das-frutas: controlar com fentiom ou tricloform ou malatiom.
Cochonilhas: de placas (Orthezia), de escamas (farinha, virgula) cabeça-de-prego, são
controladas por aplicação de óleo mineral + inseticidas fosforados (paratiom, malatiom,
diazinom).
Na Bahia as pragas mais importantes são:
Broca-da-laranjeira: Cratosomus flavofosciatus (Guerim, 1844) Coleóptera, Curculionídea.
O adulto é besouro com forma convexa, tem 22mm. de comprimento e faixas e manchas
amarelas no dorso; a fêmea faz orifício no tronco da planta e aí deposita um ovo. Eclodindo o
ovo libera larva (lagarta) volumosa, esbranquiçada e sem patas que broqueia o tronco e ramos
grossos abrindo galerias longitudinais. Os sinais de ataque são galerias e orifícios que
expelem serragem em forma de pelotas.
Controle:
 Limpeza do(s) orifício(s) e destruição mecânica (com arame da larva).
 Desobstrução do orifício e aplicação através dele de fosfina pasta (1cm.) ou de
paratiom metil (2cm3
.) em injeção. Vedar orifício com argila ou cera-de-abelha.
Iniciar controle logo que apareça serragem no solo.
 Plantio no pomar (evitar excesso de população) da planta Maria Preta que atrai os
besouros. Capturar o inseto na Maria Preta e exterminá-lo.
Cochonilhas: Cabeça-de-prego: Chrysomphalus ficus (Ashmead. 1880)
Escama farinha: Pinnaspis aspidistrae (Signoret, 1869)
Escama virgula: Mytilococcus beckii (Newman, 1869) Homoptera, Diaspididae.
De placas: Orthezia praelonga (Douglas, 1891), Homoptera, Ortheziidae.Todas alimentam-se
da seiva da laranjeira e podem eliminar secreções açucaradas que atraem formigas e fungos
(fumagina).
Cabeça-de-prego: inseto provido de escama circular, cor violácea escura, que ataca folhas e
frutos.
Escama farinha: inseto com carapaça alongada que vive no tronco, haste e folhas que tomam
aspecto esbranquiçado.
Escama vírgula: carapaça de forma em vírgula, cor marrom claro, vivendo em folhas e
frutos.
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De placas: corpo provido de placas ou laminas cereas, esbranquiçadas, com cauda alongada
(ovissaco); vive em folhas e ramos.
Controle:
 Capinar sob-copa da planta e aplicar aldicarb a 1,5cm. de profundidade no solo;
pulverizar plantas infestadas com fosalone ou dicrotofos para a cochonilhas de placas.
 Para as outras escovar tronco e ramos e aplicar calda, contendo óleo mineral e
inseticidas dimetoato ou malatiom ou metidatiom.
OBS: não misturar enxofre e óleo mineral, não aplicar óleo em horas quentes do dia e sobre
frutos com menos de 5cm. de diâmetro e a menos de 50 dias de colheita.
Doenças:
Estiolamento: (Damping-off) - Sementeira (fungos). Sementes apodrecem sem germinar
plantas novas ficam amareladas (colo apodrecido), tombam e morrem.
Controle: aplicação de PCNB (regar superfície de canteiro com 2 l. de calda/M2
), ou aplicar
benomyl ou quintozene preventivamente, semeando-se 48 horas depois.
Verrugose: Sementeira e viveiro (fungo). Lesões em folhas e brotos impedem o crescimento
apical da planta; afeta alguns porta enxertos.
Aplicar benomyl, logo no aparecimento dos sintomas; 15 dias após aplicar mancozeb ou
oxicloreto de cobre.
Gomose: Pomar (fungo). Afeta casca e parte externa do lenho nas raízes, tronco (colo) e até
ramos. A região afetada apresenta goma marrom; planta pode morrer. Pulverizar com Fosetyl
ou Metalaxil em intervalos de 20 dias; raspar parte doente e pincelar com pasta bordalesa.
Melanose: Pomar (fungo). Pequenas lesões arredondadas, coloração escura, recobrem
grandes áreas de frutos, folhas e ramos. Podar galhos secos e pulverizar, pós florada, com
benomyl ou oxicloreto de cobre.
Colheita/Rendimento/Comercialização:
Colheita - Evitar machucar o fruto, romper a sua casca e o apodrecimento.
Usar escada (madeira leve e arredondada) sacolas de colheita (de lona, com fundo falso) com
capacidade de 20Kg., tesoura ou alicate de colheita, (lâminas curtas e pontas arredondadas) e
cestos ou caixas plásticas com capacidade de 27Kg.
- No ato de colher rejeitar frutos orvalhados ou molhados, evitar derrubar fruto ao solo, colher
frutos no mesmo estágio de maturação e evitar exposição do fruto ao sol. Um homem pode
colher 10 mil frutos/dia.
Rendimento - Considerando-se início de produção aos 4 anos de vida colhe-se 100 frutos por
laranjeira/ano, 150 frutos (5º ano), 200 frutos (6º ano), 250 frutos (7º ano), 300 frutos ( 8º
ano), em geral. Pés safreiros (10 anos), podem produzir 350 frutos (Bahia), 420 frutos
(Baianinha) e 580 frutos (Pera).
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Comercialização - Há forte presença de agente intermediário com poucos produtores
vendendo diretamente ao consumidor; empresas fornecem, sob contrato, laranjas à rede de
supermercados. A laranja Pera deteve em 1990, 82,24% dos frutos comercializados na Bahia;
a oferta cresce de maio a setembro quando alcança o pico (69% do total anual colhido).
Cultura - Limão Tahiti
Aspectos Gerais:
Tornou-se conhecido em 1875 na Califórnia (EUA) com origem provável em Tahiti;
estabeleceu-se, definitivamente, no sul do estado da Flórida.
Entre os principais produtores mundiais de limas ácidas encontram-se o México, Estados
Unidos da América, Egito, Índia e Brasil.
No Brasil, com plantios acima de 40 mil hectares, o limão Tahiti tem grande importância
comercial; os estados maiores produtores são: São Paulo com 70% e Rio de Janeiro com 8%
da produção nacional.
A Bahia, situada entre os cinco maiores produtores nacionais, tem as regiões econômicas do
Litoral Norte e Recôncavo Sul como maiores produtores do limão Tahiti. Sua área plantada
está acima de 1.000 hectares (1990).
Botânica/Descrição/Composição:
- O limão Tahiti é propriamente uma limeira ácida conhecida por Citrus latifólia, (Tanaka),
Dicotyledonae, Rutaceae.
- Com porte médio a grande a planta é expansiva, curvada, vigorosa; as folhas adultas têm cor
verde e são lanceoladas e as folhas novas e brotos tem cor purpúrea. A floração ocorre ao
longo do ano (principalmente setembro e outubro); os frutos são ovais, oblongos ou
levemente elípticos, casca fina, superfície lisa e cor amarelo-pálida na maturação. Estão
maduros em torno de 120 dias após a floração; as sementes são raras ou ausentes.
- O suco representa 50% do peso do fruto; tem teores médios de 9% (brix), acidez em 6%, 20
a 40 mg de ácido ascórbico (Vit. C).
Usos do Limão Tahiti:
- O suco do limão Tahiti é usado em culinária, na limpeza e preparo de alimentos (carnes,
massas, bolos, confeitos) e no preparo de refresco - limonada.
- Em medicina caseira o fruto é utilizado como auxiliar no tratamento de gripes e deficiência
de Vit. C.
- Óleo da casca do fruto é aromático.
Necessidades da Planta:
Clima - Temperatura deve estar entre 26 e 28ºC (25 a 31ºC) as chuvas em torno de 1.200 mm
anuais
30
(1.000 - 2.000) bem distribuídos (120 mm mensais), a umidade relativa do ar entre 70% e
80%. Em locais com ventos fortes tutorar a planta.
Solos - Solos mais adequados para o limão Tahiti são os leves, bem drenados, arejados,
profundos, sem impedimento para penetração da raízes. Solos areno-argilosos (de arenoso a
levemente argiloso) são preferidos, pH entre 5,5 e 6,5. Topografia plana a levemente
ondulada.
Implantação do Pomar:
Mudas - Devem resultar de enxertos sobre limão Cravo ou limão Rugoso que proporcionam
crescimento rápido, boa produção, frutos de qualidade e maior tolerância à seca embora
sensíveis à podridão radicular.
Os enxertos sobre tangerina Cleópatra são aceitáveis. A muda, de indiscutível qualidade, deve
ter procedência e sanidade garantidas, enxertia feita a 25-30 cm de altura, possuir três a
quatros ramos (galhos) a 60 cm do solo e raízes desenvolvidas, sem estarem enoveladas.
Preparo da área:
Consiste na roçagem destoca e enleiramento do mato; essas operações devem ser feitas 5-6
meses antes do plantio.
Em seguida efetuar aração e gradagens; em caso de aplicação de corretivo do solo em área
total aplicar metade da dose antes da aração e a segunda metade antes da 1ª gradagem.
Marcação/Espaçamento:
Nivelado o terreno efetua-se a marcação da área; para o Nordeste do Brasil adota-se os
espaçamentos de 7,0m x 6,0m e 7,0m e 5,0m. Em plantios extensos dividir o pomar em
talhões de 10.000 a 20.000 plantas (quadras de 3.000 a 5.000 plantas) com corredores para
caminhões.
Coveamento/Adubação:
As covas podem ser abertas à mão ou com implementos, devem ter dimensões 40 cm x 40 cm
x 40 cm a 60 cm x 60 cm x 60 cm; na abertura separar a terra dos primeiros 15-20 cm de
altura.
- Em caso de não haver recomendações (decorrentes de análises de solo) para calagem e
adubação, aplicar 1 kg de calcário dolomitico ao fundo de cada cova cobrindo-o com um
pouco de terra; misturar 50 g de cloreto de potássio com 200 g de super fosfato simples e 10
litros de esterco de curral bem curtido à terra separada e lançar em cada cova.
Plantio:
O plantio deve ser feito em horas frescas do dia ou em dias nublados com o solo úmido. Deve
-se usar régua de plantio para bom alinhamento. Ajusta-se a muda na cova de modo que o
colo da planta fique ligeiramente acima do nível do solo e os espaçamentos entre raízes cheios
com terra. Após plantio fazer uma "bacia" em torno da muda regar com abundância sem
encharcar e cobrir solo com capim seco (sem sementes) ou com palha.
Tratos Culturais:
Controle de Ervas Daninhas - O cultivo do solo, controle de ervas pode ser feito com grade
(2 operações/ano) na época seca e com ceifa do mato na época de chuvas. Em cultivos
irrigados no semi-árido usa-se roçadeira nas entrelinhas e herbicidas na projeção da copa. As
plantas devem ser "coroadas" sempre que houver mato alto (com enxada).
31
Irrigação:
A irrigação aumenta a produção e eleva a qualidade do fruto; no semi-árido a irrigação é
indispensável. Os sistemas de irrigação mais utilizados são os de aspersão e o de irrigação
localizada (gotejamento, microaspersão) que aplica água em geral abaixo da copa da planta.
Sulcos, bacia de inundação temporária são outros métodos. Nos cerrados maiores
produtividades foram obtidas utilizando-se sistema de gotejo a cada metro (120 l água/planta
em turnos de rega de 4 dias). Em regiões úmidas a irrigação pode elevar a produção em 35% a
75%.
Culturas intercalares:
Cultivo intercalar é prática em pequenas/médias propriedades; pode-se usar leguminosas
(feijão de porco, leucena, crotalaria) ou abacaxi, amendoim, batata doce, feijão, mandioca,
milho, no pomar jovem do limão Tahiti.
As culturas intercalares devem ter baixo porte e ciclo curto, e situar-se a distância de 1,5 - 2 m
da linha de plantio do limoeiro.
Podas:
Devem reduzir-se à eliminação de galhos secos, doentes ou praguejados e nascidos abaixo do
ponto de enxertia.
Adubação:
60 dias após plantio recomenda-se aplicar 50 g de uréia/planta repetindo-se 30-40 dias após.
A partir do 2º ano recomenda-se as seguintes doses, em gramas/planta (para a Bahia):
Anos Ureia
Março
Julho
Super
Simples
Março
Cloreto
Potássio
Março
Julho
2º 100 100 200 - -
3º 150 150 300 - -
4º 200 200 400 40 40
5º 250 250 500 200 200
6º 250 250 500 200 200
7º 350 300 650 250 200
8º 350 300 650 250 200
9º
(diante)
500 500 1.000 300 250
Para deficiências de zinco e manganês recomenda-se pulverizações foliares com solução
composta de 300 g. de sulfato de zinco, 300 g. de sulfato de manganês, 300 g. de cal em 100
litros de água.
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Pragas:
Orthezia: Orthezia praelonga (Doug., 1991) Homoptera, Ortheziiae.Também chamada
cochonilha de placas; tem corpo provido de placas ou lâminas cereas com cauda alongada que
acumula ovos; eficiente sugador o inseto injeta toxina na planta ao sugar a seiva e sua
excreção estimula aparecimento da "fumagina" (cobertura escura) nas folhas. Mudas, vento,
vestimentas disseminam o inseto. A praga é mais prejudicial no período seco e expolia a
planta, atacando folhas e frutos.
O controle é efetuado pela aplicação de inseticidas sistêmicos granulados aplicados ao solo
em torno da planta a 10 - 15 cm de profundidade. Observar o período de carência do produto
químico. Entre os indicados cita-se aldicarb, dissulfoton, carbofuran.
Escama-Farinha: Pinnaspis aspidistrae (Sing, 1869) Homoptera, Diaspididae.Cochonilha
com carapaça, ataca tronco e ramos que apresentam coloração esbranquiçada. A sucção da
seiva da planta pelo inseto causa rachadura na casca e facilita a penetração de agentes de
doenças (gomose).
Controle via pincelamento de tronco e ramos com o seguinte preparo: 1 Kg (enxofre
molhável), 2 Kg de cal, 0,5 Kg de sal de cozinha, 15 g. de diazinom ou 35 g. de malatiom e 15
litros de água.
Ácaro-da-Ferrugem: Phyllocoptruta oleivora (Aslm. 1879), Acari, Eriophyidae.Infesta
folhas, ramos e frutos causando nestes cor prateada à casca além de aspecto áspero; os frutos
apresentam tamanho, peso e percentagem de suco reduzidos. As folhas podem desenvolver
doença (mancha de graxa). Em infestação severa há queda acentuada de folhas e frutos.
Controle, efetuar controle quando 10% de frutos apresentarem 30 ou mais ácaros. Acariciadas
à base de dicofol, quinometionato ou enxofre molhável são indicados para o controle.
Coleobroca: Cratosomus flavofasciatus (Guerin, 1844) Coleoptera, Curculionidae. Inseto
adulto é besouro preto com faixas amarelas no tórax e asas. Ovos são depositados no tronco e
ramos; a lagarta esbranquiçada penetra, cava galerias no sentido longitudinal e expele
serragem, em forma de pétalas, pelo orifício de entrada.
Controle feito pela injeção de calda inseticida via orifício utilizando-se formicida liquido,
gasolina, querosene, ou pasta de fosfato de alumínio (que libera gás). Após aplicação fechar
orifício com cera de abelha, argila ou sabão.
Cochonilha Cabeça de Prego: Crysomphalus ficus (Aslmd., 1880) Homoptera, Diaspi-
didae. Importante na fase jovem do pomar a cochonilha tem forma circular, convexa, cor
violácea. Períodos secos com alta temperatura favorecem a multiplicação do inseto. Localiza-
se na face inferior das folhas e nos frutos, suga seiva e líquidos e deprecia os frutos
comercialmente.
Seu controle é feito por pulverizações com produtos químicos à base de óleo mineral a 1% ou
óleo mineral + inseticidas fosforados (diazinom, malatiom, paratiom).
Doenças:
Causadas por vírus, fungos, bactérias e distúrbios fisiológicos.
Tristeza: (Vírus)
Planta apresenta redução no crescimento já nos viveiros. Em galhos ou ramos, retirando-se
33
sua casca, observa-se caneluras (riscos). Folhas novas com nervuras polidas
e frutos com diâmetro reduzido (coquinhos).
Controle: uso de borbulhas vindas de plantas imunizadas.
Exocorte: (Vírus)
Crescimento limitado, vegetação esparsa e folhas com coloração de pouco brilho. Doença
transmitida por enxertia ou ferramentas contaminadas (canivete, tesoura de poda).
Controle: uso de borbulhas comprovadamente sadias.
Gomose: (fungo)
Doenças das mais prejudiciais em regiões tropicais úmidas; lesões pardas aparecem na base
ou colo da planta, nas raízes e galhos baixos, com exsudação de goma pelo
fendilhamento. Mais adiante ocorre apodrecimento dos tecidos.
Controle: usar variedades resistentes, enxertia alta, facilitar aeração da base da planta e
drenagem do terreno, usar de fungicidas sistêmicos (fosetyl-Al) em pulverizações ou
pincelamento do tronco.
Declínio: (distúrbio fisiológico)
Murchamento irreversível da folhagem, demonstração de deficiência de manganês e zinco em
níveis elevados, sem brotações; depois há queda de folhas, morte de ponteiros.
Controle: uso de porta-enxertos diversificados.
Colheita:
O material deve ser: sacola de colheita (20 kg), feita de lona com fundo falso, cestos e caixas
plásticas para 27 kg. Evitar retirar frutos com varas ou ganchos, frutos molhados ou
orvalhados, derrubar frutos ao solo, frutos excessivamente maduros ou verdes. Usar tesoura
cortando o pedúnculo, rente ao cálice. Não machucar os frutos na colheita e transporte.
Produção:
Precoce, a limeira ácida Tahiti apresenta produção significativa a partir do 3º ano de vida; no
Recôncavo Baiano um pomar aos 4 anos produz 107.000 frutos hectare (300 frutos por
planta). Aos 11 anos de vida a produção alcança 1.128 frutos/planta (113 kg) ou 403.000
frutos/hectare.Pomares paulistas produzem 8-15 kg/planta (3º ano), 64 a 86 kg/planta (5º ano)
e 98-117 kg/planta (7º ano).
Cultivo do Coqueiro
Apresentação
O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma palmeira perene originária do Sudeste Asiático e foi
introduzida no Brasil em 1553 pelos portugueses. A planta é considerada uma das árvores
mais importantes do mundo, devido ser uma atividade que gera emprego e renda em vários
países do globo, onde seus frutos podem ser consumidos in natura ou industrializado na forma
de mais de 100 produtos e subprodutos. Além disso, raiz, estipe, inflorescência, folhas e
palmito geram diversos subprodutos ou derivados de interesse econômico. Além disso, o
coqueiro é utilizado como planta paisagística para embelezar praças, canteiros públicos,
chácaras e fazendas.
34
Aspectos climáticos
Os principais municípios produtores de coco se caracterizam por apresentar clima tropical,
úmido e quente, com classificação de Köppen tipo Aw. Apresenta um período seco bem
definido durante a estação de inverno, quando ocorrem precipitações inferiores a 50 mm/mês,
nestes meses, junho, julho e agosto a média de precipitação é inferior a 20mm /mês. A média
anual de precipitação varia de 1.400 a 2.500 mm/ano, e a média anual da temperatura do ar
fica entre 24° e 26° , com temperaturas máximas entre 24° C e 26° C e mínimas entre 17° e
23° C. A média anual de umidade relativa do ar varia de 80% a 90% no verão, e em torno de
75%, no outono inverno.
Aspectos edáficos
Os solos se distribuem em: 58% Latossolos (sendo vermelho-amarelo 26%, Amarelos 16% e
Vermelho, também 16%); 12% Argissolo (Podzólico, Terra Roxa, Alissolo, Nitossolo e
Luvissolo), 11% Neossolos (Solos litólicos, Areias Quartzosas, Regossolos e Solos Aluviais),
10% Cambissolo, 9% Gleissolo.
As áreas cultivadas com coco são predominantemente de solos do tipo Latossolo, que
apresentam como características serem: profundos, bem drenados e geralmente ácidos.
Apresentam fertilidade natural baixa, havendo necessidade de correção e adubação.
Clima
O coqueiro é uma palmeira nativa de regiões quentes, úmidas e com bastante luz. Para o seu
bom desenvolvimento, necessita de temperaturas médias anuais em torno de 27°C, sendo que,
temperaturas menores que 15°C e superiores a 36° são prejudiciais.
A umidade relativa ideal é de 80%. Níveis de umidade relativa inferiores a 60% prejudicam a
planta devido ao aumento na taxa de transpiração. Umidade relativa superior a 90%, causa
queda de frutos e aumento na incidência de doenças.
A precipitação ideal para o desenvolvimento e produção da cultura, está entre 1.500 a
1.600mm bem distribuídos durante o ano todo, com uma média de 130 mm/mês. Para
precipitações inferiores a 50mm/mês, durante 3 meses, recomenda-se o uso de irrigação, pois,
o déficit hídrico é extremamente prejudicial à cultura, causando queda de frutos. Por outro
lado, chuvas excessivas podem causar redução na incidência de luz, na polinização e na
aeração do solo, podendo ainda provocar lixiviação de nutrientes. Locais com lençol freático
raso (um a quatro metros) são recomendados para o coqueiro e não há necessidade de
irrigação pois, as raízes da planta conseguem absorver água a esta profundidade.
Luz, o coqueiro precisa de, pelo menos, 2.000 horas anuais, com um mínimo de 120
horas/mês, os dias nublados causam redução da fotossíntese e consequentemente redução na
produtividade. Com base nestes exigências de clima verifica-se que o Estado de Rondônia
apresenta boas condições para o desenvolvimento da cultura.
Solo
Deve se escolher áreas com textura areno-argilosa, ou levemente argilosa, com boa
disponibilidade de água, boa aeração, profundidade mínima de um metro, e com ausência de
impedimentos físicos ou químicos. Evitar solos rasos, pedregosos, extremamente argilosos e
sujeitos a encharcamento.
35
Cultivares
O coqueiro pode ser anão, gigante ou híbrido. As variedades de coqueiro anão verde,
vermelha e amarela são as mais recomendadas para a produção de frutos visando ao mercado
de água de coco, sendo o anão verde o preferido pelo consumidores. As variedades vermelha
e amarela estão associadas à idéia incorreta de que o fruto amarelo ou vermelho está maduro.
As variedades anãs são de porte baixo, podendo atingir 12 m. São bastante precoces, iniciando
a produção entre 30 e 36 meses de idade. Apresentam produção variando de 80 a 200
frutos/planta/ano, distribuída durante o ano todo. Estas variedades apresentam vida útil de 30
a 40 anos, e têm os frutos pequenos, com pouca polpa, apresentando água muito saborosa. Em
Rondônia praticamente toda a produção esta voltada para a comercialização da água de coco,
com predominância da variedade anã verde.
Instalação do coqueiral
O preparo do solo deve ser feito de forma convencional com uma aração e duas gradagens.
Deve-se fazer a análise química do solo para avaliação da necessidade de calagem e
adubação.
Marcação da área
Feito o preparo do solo, deve-se fazer a marcação e o piqueteamento da área observando-se o
espaçamento de 7,5 m x 7,5 m, em quadrado (177 plantas/ha) ou em triângulo equilátero (205
plantas/ha). É comum encontrarmos espaçamentos de 8 x 7 metros os pomares do Estado que
também é recomendado.
Época de plantio
A melhor época para plantio é o inicio da estação chuvosa. Em cultivo irrigado o plantio pode
ser realizado em qualquer época do ano. A maioria dos pomares de Rondônia são plantados
sem utilização de irrigação, o que causa redução de produtividade e atraso no início da
colheita, uma vez que a Região apresenta cerca de 3 meses com precipitações inferiores a 50
mm.
Aquisição de mudas
As mudas devem ser adquiridas de viveiristas idôneos que apresentem o certificado de origem
destas. As mudas devem ser eretas, ter entre quatro e seis folhas, altura de 50 cm a 70 cm,
com idade entre cinco e seis meses. Além disso, devem apresentar bom aspecto, com ausência
de sintomas de deficiência nutricional, e de ataque de pragas e doenças. No Estado existem
pouquíssimos viveiros registrados o que dificulta a implantação de pomares com mudas de
boa qualidade, uma alternativa é a aquisição de sementes certificadas de outras Regiões (o
Nordeste por exemplo) ou o produtor selecionar plantas de alto padrão genético de sua área
para produzir suas próprias mudas. É bastante comum encontrar em Rondônia pomares
formados com misturas de variedades, com cultivares híbridas, gigantes e anãs num mesmo
local.
Produção das mudas
Escolha da planta matriz
O coqueiro anão apresenta uma alta taxa de auto-fecundação, com isso, existe uma grande
probabilidade da semente selecionada dar origem a uma planta bastante semelhante à planta
36
matriz. Portanto, recomenda-se selecionar plantas com bom aspecto nutricional; em plena
produção; precoces; com tronco reto; livres de sintomas de pragas e doenças; grande número
de folhas (30 a 35); grande número de cachos, bem apoiados sobre as folhas e com pedúnculo
curto; grande número de flores femininas; grande número de frutos (acima de 10) e frutos de
formato redondo.
Colheita dos frutos-sementes
Os frutos-sementes devem ser colhidos quando estiverem totalmente maduros, o que ocorre
após 11 a 12 meses após a abertura do cacho floral da planta. Não deve-se colher frutos caídos
por apresentarem baixo poder germinativo. O ponto de colheita é reconhecido pelo secamento
e coloração marrom do fruto, depois da ocorrência de perda acentuada de peso do fruto, que
passou de 2kg, quando verde, para 1,0 a 1,5 kg quando no ponto ideal.
Preparo das sementes
Os frutos-sementes após a colheita devem ser estocados ao ar livre e na sombra, durante 10
dias, para terminar o processo de maturação. Embora tenha alguns autores que recomendam o
entalhe do fruto, ou seja o corte de uma parte da casca fibrosa do fruto, visado aumentar a
hidratação e germinação da semente, existem dados de pesquisa mostrando que esta prática
não trouxe ganhos significativos na germinação das sementes, sendo portanto uma prática não
recomendada, uma vez que aumenta o custo de produção das mudas.
Implantação do viveiro
O viveiro deve ser instalado em área de topografia plana, próximo da fonte de água, em local
ventilado, de fácil acesso, longe de coqueirais velhos e doentes, além disso deve-se preferir
locais com solos de textura média a arenosa e bem drenados.
Dimensões do canteiro
O canteiro deve ter entre 1,0 e 1,5 m de largura, 15 cm de profundidade e comprimento
variável, em função do número de sementes e tamanho da área. Recomenda-se deixar um
espaço entre os canteiros de 0,5m para facilitar o trânsito de pessoas no viveiro. Além disso, o
viveiro deve ser instalado a pleno sol, sem necessidade de cobertura.
Posição das sementes
As sementes são colocadas no viveiro, na posição vertical, com a região de inserção no cacho,
voltada para cima. Alguns autores recomendam a colocação das sementes na posição
horizontal, entretanto, pesquisadores observaram que a utilização de sementes na posição
vertical, apresentaram vantagens, como: maior facilidade de transporte, redução do problema
de quebra de coleto, dispensa o entalhe, permite maior número de sementes/m², possibilita
melhor centralização da muda na cova, favorece um maior enraizamento da planta no campo e
permite o plantio da muda em maior profundidade. Um problema seria um maior gasto com
mão de obra para "equilibrar" a semente na posição vertical.
Irrigação
As sementes no viveiro necessitam de cerca de 6 a 7mm de água por dia, isto corresponde a 6
a 7 litros de água/m²/dia. Recomenda-se que a irrigação seja diária e em dois turnos, de manhã
e a tarde.
37
Descarte de sementes e mudas
Pesquisadores mostraram que existem uma correlação entre início de germinação e
precocidade de produção. Neste sentido, recomenda-se eliminar as sementes que não
germinarem até 120 dias após o plantio. Nesta oportunidade elimina-se também as mudas
raquíticas, deformadas, estioladas, albinas e de aspecto ruim. Todo o material descartado deve
ser queimado.
Tipos de produção de mudas
Basicamente existe duas maneiras de se produzir as mudas do coqueiro, 1- coloca-se a
semente no germinador, deste para o viveiro e depois para o campo, ou 2- a semente fica no
germinador e depois vai para o campo. O mais utilizado em Rondônia e de uso mais frequente
atualmente juntos aos cocoiculturores do Brasil é o segundo método que permite um menor
gasto com mão de obra, leva-se uma muda mais jovem para o campo, facilitando o seu
pegamento. A seguir detalharemos os dois métodos.
Produção de mudas: Germinador – Viveiro - Campo.
Este método consiste na produção de mudas que passam por duas fases antes de ir para o local
definitivo. Na primeira, as sementes são colocadas para germinar e depois repicadas no
viveiro.
Germinador: nesta fase as sementes são distribuídas no canteiro na densidade de 25 a 30
sementes/m² e cobertas com 2/3 de sua altura com terra. Em seguida, na medida do possível,
cobre-se o 1/3 restante com palha de arroz ou serragem. As sementes iniciam a germinação
entre 40 e 60 dias após o plantio no germinador. Quando a brotação apresentar cerca de 15 cm
deve ser repicada para o viveiro.
Viveiro: no viveiro, o solo deve ser preparado com antecedência, utilizando-se o método
tradicional, 1 aração e 2 gradagens. Além disso, recomenda-se fazer a análise de solo e se
necessário fazer a calagem do solo. A área deverá ser piqueteada, num espaçamento de 60 x
60cm, em triângulo equilátero, para se realizar a repicagem das mudas. Estas deverão ser
plantadas, se possível, em dias nublados, tendo as raízes cortadas a 2 cm da semente. A
repicagem deve ser feita tomando-se o cuidado de não enterrar o coleto da planta. As mudas
permanecerão no viveiro por 4 a 5 meses. Por ocasião do transplantio eliminam-se as mudas
raquíticas, com poucas folhas e que apresentarem baixo desenvolvimento. Neste método
produz-se 3 mudas/m² de canteiro.
Produção de mudas: Germinador – Campo.
Este método consiste na produção de mudas do germinador direto para o campo. As sementes
são distribuídas nos canteiros na densidade de 15 sementes/m² e também cobertas com 2/3 da
sua altura com terra, e o restante com palha de arroz ou serragem. As mudas permanecerão no
germinador por 5 a 7 meses quando, também, deve-se fazer um descarte das mudas mais
fracas. Neste método produz-se de 10 a 15 mudas/ m² de canteiro.
Padrão da muda
A muda de boa qualidade é ereta, com 4 a 6 folhas, altura de 50 a 70 cm, mais de 11 cm de
diâmetro do coleto, cor uniforme, sem deformações e ausência de sintomas de ataques de
pragas e doenças.
38
Adubação
Sementeira
Quando se opta pelo método germinador-campo, o solo deste germinador deve ser adubado,
para isso geralmente, aplica-se em solos pobres, por m², antes de se colocar as sementes, 5
litros de esterco de curral curtido, 200 g de superfosfato simples, 100g de cloreto de potássio,
5 gramas de FTE BR 12 (micronutrientes) e calcário, na quantidade a ser calculada, conforme
resultado da análise de solo. Após esta adubação deve-se fazer uma incorporação deste
material, a 5 cm de profundidade.
Viveiro
Caso se opte pelo sistema germinador-viveiro-campo, o solo do germinador não precisa ser
adubado, mas, sim o solo do viveiro. Neste sentido, deve-se aplicar por planta a quantidade de
30 gramas de uréia, 60 gramas de superfosfato simples e 30 gramas de cloreto de potássio,
esta adubação deverá ser aplicada 30 dias após a repicagem das mudas. Após 60 dias aplica-se
50 gramas de uréia mais 30 gramas de cloreto de potássio.
Tratos culturais
Controle de plantas daninhas
O viveiro deve ser mantido livre de plantas daninhas, pois, algumas são hospedeiras de
insetos vetores ou de fonte de inoculo de doenças do coqueiro. O controle deve ser realizado
dentro do viveiro e numa faixa de no mínimo 10 metros de largura ao redor das plantas. Os
herbicidas recomendados para a cultura são: Paraquat dicloreto (extremamente tóxico) e
Gliphosato (altamente tóxico).
Controle de pragas e doenças
Para obtenção de mudas de bom padrão, necessário se faz o monitoramento periódico das
mudas visando identificar o ataque de pragas e doenças e realizar o seu controle.
COVA
A cova de plantio deve ter as dimensões de 0,80 x 0,80 x 0,80 m, para solos arenosos e 0,60
m x 0,60 m x 0,80 m para solos argilo-arenosos, Estas covas podem ser abertas manualmente
ou com broca acoplada ao trator com bitola de 50 cm, terminando-se a abertura, com o auxílio
de uma pá reta, por exemplo, para chegar às dimensões desejadas evitando-se o espelhamento
(compactação das paredes da cova).
Deve-se separar a terra retirada dos primeiros 40cm da cova e misturar com 800 g de
superfosfato simples + 30 a 50 litros de esterco bovino + 30 g de FTE BR 12 (ou 20 gramas
de bórax + 20 gramas de sulfato de cobre). Esta recomendação de adubação refere-se a solos
de baixa fertilidade; em solos mais férteis deve-se fazer uma redução proporcional à
fertilidade.
Plantio
Realizar o plantio 30 dias após o enchimento das covas. O plantio deve ser feito de
preferência em dias nublados e no início do período chuvoso. As mudas devem ter suas raízes
podadas, ficando com dois cm de comprimento, e ser colocadas no centro da cova, cobertas
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Culturas Regionais Nordeste

  • 1. 1 Prof. EVERTON LIMA TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA LICENCIADO EM PEDAGOGIA PÓS GRADUADO-ESPECIALISTA EM PEDAGOGIA EMPRESARIAL Culturas Regionais
  • 2. 2 Importância econômica No Brasil, a área plantada com frutas cítricas está ao redor de 1 milhão de hectares e a produção supera 19 milhões de toneladas, a maior no mundo há alguns anos. O país é o maior exportador de suco concentrado congelado de laranja, cujo valor das exportações, juntamente com as de outros derivados, tem gerado cerca de 1,5 bilhão de dólares anuais. Apesar da produção estar concentrada na região sudeste, com destaque para o estado de São Paulo, que é responsável por aproximadamente 80% da produção brasileira, a região Nordeste responde por 8,65% da produção nacional e 12,70% da área colhida. Com relação à região Nordeste, destacam-se os estados da Bahia e Sergipe como o 2° e 3° produtores nacionais, respectivamente, onde a Bahia responde por 54% da produção e 45% da área colhida, e Sergipe responde por 39% da produção e 43% da área colhida. Juntos, Bahia e Sergipe, representam cerca de 8% da produção citrícola brasileira. A produção integrada de citros, portanto, vem contribuir como elemento de sustentabilidade e competitividade para o agronegócio citros, e permitir além do aumento da qualidade dos frutos, a possibilidade de abertura de novos nichos de mercado e a exportação dos mesmos, devido o uso de normas que atendem rigorosos padrões de controle baseados na sustentabilidade, aplicação de recursos naturais e regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes, utilizando instrumentos adequados de monitoramento dos procedimentos e a rastreabilidade de todo o processo, tornando-o economicamente viável, ambientalmente correto e socialmente justo. Dessa forma, percebe-se que a produção integrada pode alavancar mais o cultivo de citros, sobretudo em regiões onde existe uma maior carência na organização da base produtiva, na obtenção produtos de maior qualidade, no desenvolvimento da citricultura mais competitiva, com redução nos custos de produção, que permita ao produtor apresentar um produto diferenciado, que agregue mais valor e garanta a permanência no mercado consumidor, interno ou externo. Distribuição geográfica e aspectos gerais O gênero Citros tem como centro de origem a Ásia, porém se encontra em várias regiões em todo mundo, onde representa em muitas delas a principal fonte de renda. Os elementos climáticos exercem influência sobre os citros, destacando-se dentre esses a temperatura que, além de ter efeito acentuado sobre a qualidade do fruto, foi o fator que determinou a distribuição geográfica das plantas cítricas na grande faixa de 40º ao norte e sul do equador. É interessante notar que as condições climáticas do Brasil permitem ao país desenvolver uma citricultura tropical, dos arredores do equador até as proximidades do paralelo 20º Latitude Sul, onde predominam temperaturas mais altas, e uma citricultura menos tropical, na região que se estende da referida latitude até o Rio Grande do Sul, de clima mais frio. Com relação a produção mundial de citros, o Brasil figura como primeiro produtor mundial com cerca de um milhão de hectares plantados resultando em produção de mais de 18.500.000 toneladas. No cenário nacional, o Estado de São Paulo é o primeiro produtor, seguido pela Bahia e Sergipe respectivamente. Insumos
  • 3. 3 O que são e Classificação Os insumos podem ser classificados genericamente como todas as despesas e investimentos que contribuem para formação de determinado resultado, mercadoria ou produto até o acabamento ou consumo final. (Dicionário do Agrônomo, Editora Rígel, 1999). Na atividade agrícola os insumos são compreendidos como todos os produtos necessários à produção vegetal e animal: adubos, vacinas, tratores, sementes, entre outros. Para serem considerados como insumos alternativos e serem aceitos na agricultura agroecológica, todos os produtos e substâncias ( químicos, orgânicos, biológicos ou naturais) devem atender os seguintes requisitos:  Terem mínima ou nenhuma toxicidade (pertencentes ao grupo toxicológico IV).  Terem eficiência no combate a insetos ou microorganismos nocivos às plantas.  Terem custo reduzido para sua aquisição e emprego no campo.  Serem de manejo e aplicação simples  Devem ser fáceis de se obter. Classificação dos Insumos: Os insumos independentemente do sistema de produção (agroecológico ou convencional) classificam-se em três tipos: 1) Biológicos: Compreendem produtos de origem animal ou vegetal. Exemplos: restos de culturas (palhas, ramos, folhas) ou estercos usados como adubos, sementes e mudas, extratos de plantas (caldas à base de vegetais), fertilizantes orgânicos líquidos, adubos verdes, microorganismos encontrados no ambiente natural, algas e outros produtos de origem marinha, resíduos industriais do abate de animais (sangue, pó de chifres, pêlos, penas, etc.). 2) Químicos ou Minerais: Compreendem tanto substâncias provenientes de rochas, quanto aquelas produzidas artificialmente pela indústria. São eles: temofosfatos, caldas bordalesa e sulfocálcica, pós de rochas, micronutrientes, calcários (para calagem), agrotóxicos, fertilizantes altamente solúveis (usados na agricultura convencional), fertilizantes de baixa solubilidade (aceitos pelas correntes agroecológicas). 3) Mecânicos: Compreendem máquinas e equipamentos agrícolas. Exemplos: tratores e seus implementos (arados, adubadoras, roçadoras, pulverizadores, etc.), Armadilhas para insetos, plásticos para cobertura de canteiros, equipamento de irrigação, etc. Insumos: Modos de Utilização A classificação, por si só, não fornece pistas suficientes sobre os insumos permitidos ou proibidos na agricultura orgânica. Isso ocorre porque, tanto no modelo convencional quanto no agroecológico de produção de alimentos, utiliza-se os três tipos de insumos. O que distingue o uso de insumos entre um modelo e outro é o modo de se desenvolver o sistema de produção. O modelo de produção agrícola convencional baseia-se no uso de tecnologias voltadas para priorizar a produtividade das lavouras, através do uso intensivo de adubos químicos sintéticos (produzidos pela indústria) e mecânicos com alto consumo de petróleo, um recurso não-
  • 4. 4 renovável. Além disso, é fundamental ressaltar a visão de curto prazo do modelo convencional. Esta visão faz com que se procure extrair máximas produtividades da produção vegetal e animal, desconsiderando os limites físicos e biológicos das espécies e do meio natural, assim como o aspecto social da produção. Com isso, ocorre, por exemplo, que o calendário de aplicação de fertilizantes e agrotóxicos ao invés de seguir as necessidades das culturas, obedece a datas mensais de acordo com a conveniência do agricultor. Ao mesmo tempo em que se injetam hormônios e antibióticos nos animais se aumenta a suscetibilidade destes a doenças com rações ou instalações inadequados. Compram-se sementes híbridas que necessitam de altas doses de adubos sintéticos altamente solúveis e de agrotóxicos para terem altas produtividades, aumentando a dependência do agricultor diante das indústrias de insumo. Estas, por sua vez, possuem o mesmo objetivo primordial da produção convencional: maximizar seus lucros cada vez mais, independentemente das conseqüências para a saúde das pessoas e do ambiente natural. Exemplo de modelo agroecológico O modelo agroecológico, por sua vez, considera que a atividade agropecuária precisa estar apoiada numa base técnica de conhecimento adequada à diversidade e à complexidade dos sistemas de produção de alimentos. Mais do que produtos isolados, o modelo agroecológico busca desenvolver processos de produção capazes de integrar de modo harmônico todas as dimensões que compõem o meio rural (ecológica, econômica, social , cultural) a fim de promover a manutenção equilibrada do sistema no longo prazo. Os conceitos de “otimização” e “manejo” da Agroecologia, substituem o de “maximização” e “controle” do modelo convencional. A finalidade passa a ser a de produzir alimentos no longo prazo, otimizando todos os recursos naturais disponíveis e priorizando a qualidade do produto final. Daí, o fato de se utilizarem no modelo agroecológico apenas os insumos que não agridam a estrutura e a vida do solo, que não desequilibrem o metabolismo de plantas e animais , que não causem riscos de vida para o agricultor e para o consumidor. Todas as proibições e permissões de produtos consideram essas questões, pois as normas nada mais são do que o reflexo dos princípios da Agroecologia, nos quais os insumos são meros coadjuvantes de um sistema em que a inteligência humana assume o papel principal. A seguir são apresentados, os mais conhecidos insumos agroecológicos: 1. Plantas Defensivas O emprego de extratos, chás ou sucos de plantas, é uma alternativa viável para o combate de muitas pragas e doenças. Alho
  • 5. 5 O extrato de alho tem ação fungicida, combatendo doenças como o míldio e ferrugens, e ação bactericida. É utilizado também como repelente de insetos nocivos como a lagarta da maçã e o pulgão. Chá de Cavalinha (Equisetum arvense ou Equisetum giganteum) Indicado e empregado na horticultura, aumenta a resistência da planta contra insetos nocivos em geral. Cravo de Defunto Combate pulgões, ácaros e algumas lagartas. Fumo (Nicotina) A nicotina contida no fumo é um excelente inseticida, tendo ação de contato contra pulgões, tripes e outras pragas. Quando aplicada como cobertura do solo, pode prevenir o ataque de lesmas, caracóis e lagartas cortadeiras. Neem ou nim (Azaridachta indica) Têm como princípio ativo a azadiractina, encontrada nas folhas e nos frutos, é indicada para o combate à traças, lagartas, pulgões, gafanhotos, agindo como inseticida e repelente de pragas em geral. Pimenta Tem boa eficiência quando concentrada e misturada com outros defensivos naturais no combate aos pulgões, vaquinhas, grilos e lagartas. Primavera ou Maravilha (Bougainvillea spectabilis ou Mirabilis jalapa) Resultante da extração do suco das folhas destas plantas, torna-se um método eficiente para imunizar mudas de tomate contra vira cabeça do tomateiro. Urtiga Planta empregada principalmente na horticultura, ela é útil no combate aos pulgões e para aumentar a resistência natural. 2. Produtos Orgânicos como Agentes Defensivos Cinzas A cinza de madeira é um material rico em potássio, recomendado no controle de pragas e até de algumas doenças, podendo ser aplicado na mistura com outros produtos naturais. Farinha de Trigo A farinha de trigo de uso doméstico pode ser efetiva no controle de ácaros, pulgões e lagartas em hortas domésticas e comunitárias. Pulverizando-se de manhã as folhas atacadas, a farinha seca ao sol, formando uma película que envolve as pragas e fazendo com que estas caiam com o vento. Leite O leite em sua forma natural ou como soro é indicado para o controle de ácaros e ovos de diversas lagartas, assim como no combate à várias doenças fúngicas e viróticas. Sabão e suas Misturas O sabão (não detergente) tem efeito inseticida e quando acrescentado a outros defensivos naturais pode aumentar a sua efetividade. Sozinho, tem bom efeito sobre muitos insetos de corpo mole como o pulgão, as lagartas e moscas brancas. A emulsão de sabão e querosene transforma-se em um inseticida de contato, bastante indicado para o combate a insetos sugadores. 3. Fertilizantes Agrícolas Alternativos Utilizados como adubos foliares, estes fertilizantes têm como principal função a manutenção de uma nutrição equilibrada da planta, levando-a desta forma a um aumento de sua resistência natural contra pragas e moléstias.
  • 6. 6 Calda Biofertilizante É preparada com estercos animais, restos de culturas, capins e resíduos orgânicos em um processo de fermentação anaeróbica ou aeróbica. Existem vários produtos que podem ser utilizados para enriquecerem o biofertilizante. Supermagro Indicado como fonte suplementar às plantas, o supermagro consiste em um biofertilizante enriquecido com micronutrientes. É importante que a diluição correta seja respeitada na aplicação. Mudas e sementes Os novos plantios devem ser realizados com mudas produzidas em ambiente protegido e proveniente de viveiros registrados no órgão fiscalizador e devem trazer consigo o certificado fitossanitário, além da identificação exigida por Lei mediante notas fiscais. Como não existem programas de certificação de mudas no Estados citrícolas brasileiros, à exceção de São Paulo, cabe ao viveirista enorme parcela de responsabilidade na produção das mudas, preparando seus lotes de matrizes – copa e porta-enxerto – provenientes de material básico existente nas instituições governamentais, garantindo dessa forma a multiplicação de material de boa qualidade genética e fitossanitária. O padrão de qualidade das mudas deve atender o que está disposto na legislação de cada estado que trata da produção e certificação de mudas. Atualmente, nas regiões produtoras mais evoluídas do mundo citrícola, especialmente naquelas onde ocorrem doenças disseminadas por insetos-vetores, as mudas são produzidas em ambientes protegidos, com borbulhas e sementes originárias de blocos cultivados em telados, que garantem a propagação de material sadio e produtivo. No Brasil, a Clorose Variegada dos citros (CVC), está forçando o emprego dessa tecnologia. Nesses ambientes, a utilização de técnicas apropriadas, como o uso de substratos, água de irrigação tratada contra patógenos, fertirrigação, melhor combate a pragas e doenças, preparo da muda sem copa e outros cuidados, o tempo de formação da muda é encurtado para cerca de 12 meses a partir da semente. As normas para produção de mudas cítricas estabelecem que elas devem ser podadas, quando maduras, a 40-50cm do solo no caso de tangerineiras e 50-60cm quando forem laranjeiras, limoeiros e pomeleiros. Para formar a copa, deixa-se desenvolver três ou quatro brotações, as mais vigorosas e espaçadas convenientemente, distribuídas em espiral em torno da haste. No método mais moderno e vantajoso, de muda vareta, faz-se apenas o desponte antes do plantio, levando-se a muda para campo, onde a copa é feita. Além do menor tempo que leva para ficar pronta, esse tipo de muda facilita bastante o transporte e o plantio. Para o caso específico da CVC, será exigido um laudo adicional da ausência da bactéria Xillela fastidiosa. As mudas podem ser provenientes de enxertos, desde que atendam todos os padrões estabelecidos na Lei de Produção de Mudas: Fitossanidade Geral Garantia de que as mesmas estejam livres de vírus e outros organismos patogênicos. Verificação varietal
  • 7. 7 Identificação do tipo de porta-enxerto usado e da cultivar-copa que compõe o lote, em etiqueta própria, conforme Normas e Padrões da respectiva Comissão Estadual de Sementes e Mudas; Qualidade da enxertia Soldadura do enxerto uniforme, lisa, sem necrose e com diferença entre o diâmetro do porta- enxerto, a 5 cm abaixo do ponto de enxertia, e o da cultivar-copa na base da brotação, não superior a 0,5 cm; Sanidade do sistema radicular do porta-enxerto Raízes livres de doenças e pragas de solo, nematóides ou quaisquer outros fungos ou pragas; Qualidade nutricional da muda Livre de qualquer desequilíbrio nutricional; Vigor da muda Apresentar a 5 cm do ponto de enxertia, pelo menos, 12 mm de diâmetro e altura mínima de 60 cm; Idade da muda O porta-enxerto não deve ter mais do que 6 meses, a partir da data de semeadura, e a muda enxertada, não mais do que 12 meses; Qualidade das raízes do porta-enxerto O sistema radicular, além de ser isento de agentes fitopatogênicos, deve apresentar boa distribuição das raízes ao redor da raiz pivotante; Aspecto geral da muda No momento do plantio, a muda deve apresentar sistema radicular e aéreo perfeitos. Produção Integrada de Citros - BA Plantio O plantio deve ser feito no período chuvoso de cada região ou em outra época, desde que exista água suficiente para irrigar ou regar as mudas. Evitar sempre os dias ensolarados e quentes, dando preferência aos nublados e de temperatura mais amena, sem ventos. A cova é preparada para o plantio misturando-se a terra da camada superficial com a matéria orgânica. A essa mistura acrescentam-se superfosfato simples e calcário em função da análise do solo. Esse material deve ser misturado à terra da superfície, jogando-se a mistura no fundo da cova. Procede-se o plantio dispondo-se a muda de modo que seu colo fique um pouco acima do nível do solo (mais ou menos 5 cm). Os espaços entre as raízes são cheios com terra, permanecendo elas estendidas em posição semelhante à que tinham no viveiro. Comprime-se
  • 8. 8 a terra sobre as raízes e ao redor da planta. Em seguida, faz-se uma “bacia” em torno da muda e rega-se com 10 a 20 litros de água, para finamente cobrir-se com palha, capim seco ou maravalha. Tutorar a muda se houver incidência de ventos fortes. As mudas de torrão ou forradas na própria embalagem oferecem maior segurança, isto é, apresentam índice de pegamento muito maior que as de raiz nua e requerem menores cuidados no plantio. Implantação do pomar (plantio) Para a escolha da área a ser implantado o pomar, a mesma deve estar de acordo com as leis de preservação ambiental, com destaque para cuidados com a proteção das nascentes, flora e fauna local, além de atender às recomendações técnicas para os citros. O preparo do solo deve seguir as práticas conservacionistas. Recomenda-se a subsolagem que pode ser realizada em área total ou no sulco de plantio (preparo mínimo), em substituição a aração e gradagem. A subsolagem ou não em área total vai depender do estado do solo. Pomares cítricos a serem implantados em área onde previamente existia elevado tráfego de máquinas e na renovação de pomares velhos e improdutivos geralmente necessitam de subsolagem total. Adicionar nesta etapa os corretivos e fertilizantes quando demonstrada a necessidade através da análise de solo. Na implantação de pomares, o espaçamento de plantio a ser utilizado dependerá do vigor da variedade, porta-enxerto, fertilidade do solo e irrigação. O espaçamento entre as árvores deverá ser aquele que minimize a erosão do solo, seguindo sempre que possível as curvas em nível. Cada talhão deverá ter um número de plantas que facilite e otimize as inspeções e tratamento fitossanitário, devendo ser identificados e homogêneos quanto: a variedade, porta-enxerto, tratos culturais, fitossanitários e providos de carreadores. Nesta fase de implantação e formação do pomar fica proibido o cultivo intercalar de outros gêneros que demandem controle fitossanitário específico com defensivos não registrados aos citros. O solo deve ser mantido protegido com cobertura verde ou morta e a área da propriedade deve ser cercada, possuindo cerca viva ou quebra-vento. Variedades Porta-enxertos e Variedades para Copa Como procedimento estabelecido nas Normas Técnicas da Produção Integrada de Frutas – PIF, o produtor deve utilizar no talhão uma única variedade tanto para porta-enxerto como para copa. Tabela 1 – Principais copas, porta-enxertos e espaçamentos recomendáveis para a cultura dos citros na Bahia e Sergipe. Copa Porta-enxerto Espaçamento (m) Laranja Lima Limão Cravo 6 x 4 Baianinha, Salustiana, Pineapple, Limões Cravo, Volkameriano e 6 x 4.
  • 9. 9 Parson Brown, Midsweet, Jaffa, Sunstar, Gardner, Kona, Biondo, Torregrosa Rugoso da Flórida, citrumelo Swingle Pêra Cravo, Rugoso e tangerina Cleópatra. 6 x 3, 6 x 2. Natal, Valência Montemorelos e Tuxpan Limões Cravo, Volkameriano e Rugoso da Flórida 6 x 2, 6 x 4 Tangerinas e híbridos Cravo, Ponkan, Swatow, Dancy, Murcott, Lee, Page, Minneola, Robinson Limão Cravo, tangerinas Cleópatra, Sunki, Oneco e Swatow 6 x 4, 6 x 2. Lima da Pérsia Limões Cravo e Volkameriano 7 x 4, 6 x 4 Limão Tahiti Limões Cravo e Volkameriano, citrumelo Swingle 7 x 4, 6 x 3 Pomelo Flame Limões Cravo e Volkameriano, cit. Swingle, citrange Carrizo 7 x 4, 6 x 4 Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical OBS.: São apresentadas várias opções de espaçamentos, considerando-se a existência de solos mais e menos férteis, diversos tipos de manejo dos pomares, possibilidade de irrigação e plantio de culturas intercalares e mesmo o uso de diferentes porta-enxertos. Tratos Culturais Podas As podas empregadas em pomares cítricos são de três tipos: poda de formação, de limpeza e de rejuvenescimento. As podas, de um modo geral, devem supervisionadas por um técnico e programados com antecedência os aspectos técnicos, tais como intensidade, época de execução e tratamento de proteção dos locais cortados. A poda de formação tem como objetivo formar a estrutura de sustentação, evitar a quebra de ramos e tornar a planta mais equilibrada. A poda de formação é realizada na muda logo após a implantação do pomar, sendo muito importante para as mudas do tipo palito ou vareta. Deve-se formar três pernadas básicas, a partir de 45 cm até uma altura de 60 cm do solo.A poda de limpeza é feita para retirada de ramos secos, atacados por pragas ou doenças e de ramos ladrões, improdutivos. Essa poda elimina focos de pragas e doenças, e permite um melhor arejamento da planta.
  • 10. 10 Quando algum ramo doente é podado deve ser, preferencialmente, tratado com pasta cúprica. Essa operação pode ser feita utilizando-se tesouras e serras de poda. A poda de rejuvenescimento é recomendada para pomares velhos, que produzam safras pequenas ou frutos de má qualidade, mas cujas plantas estejam sadias. Essa operação pode ser feita com serrotes ou moto-serra e retirada toda a copa 30-40cm acima das pernadas, expondo todo o tronco e a parte restante dos ramos principais, que devem, por isso, ser caiados, para proteção contra os raios solares e eliminação de fungos e parasitas. Essa poda deve ser empregada depois da colheita, efetuando-se as adubações recomendadas pela análise de solo e folhas e, sempre que possível, efetuando-se o plantio de leguminosas nas ruas. Todo o material resultante da operação deve ser retirado do pomar e queimado, podendo-se também, triturá-lo nas entrelinhas com roçadeiras, caso não seja um material muito atacado por pragas e doenças. Fitorreguladores Os fitorreguladores devem ser de uso restrito e somente devem ser empregados produtos registrados para citros, mediante recomendações técnicas e legislação vigente. O emprego de reguladores de crescimento deve ser específico para variedades em que se torne imprescindível seu uso e quando não for possível ser substituído por outras práticas de manejo. Quadro 1. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros - NTE. Poda, desbrota e raleio Obrigatório Recomendado Proibido Permitido com restrição Proceder poda de limpeza quando aplicável; proteger os ferimentos e regiões podadas com produtos recomendados; Eliminar as brotações no porta-enxerto de acordo com as recomendações técnicas; Retirar do pomar os restos da poda que ofereçam riscos fitossanitários; Proceder a desinfestação das ferramentas. Podar as plantas mediante finalidade preestabelecida e com acompanhamento técnico, maximizando sua eficácia e rentabilidade; Proceder ao raleio de frutas para otimizar peso, tamanho e qualidade; Proceder poda no período de formação; Realizar poda de abertura em plantas adultas, quando necessário; Triturar os restos de poda não contaminantes, mantendo-os sobre o solo. Manter no pomar os ramos contaminantes retirados na poda. --- Fitorreguladores de síntese Utilizar somente produtos químicos Evitar o uso generalizado de fitorreguladores para Proceder à aplicação de Proceder à aplicação
  • 11. 11 registrados constantes na grade PIC, mediante receituário agronômico, conforme legislação vigente. controle de crescimento da planta, raleio e desenvolvimento das frutas. agroquímicos sem o devido registro, conforme legislação vigente e utilizar recursos humanos sem a devida capacitação. somente quando não puder ser substituído por outras práticas de manejo. Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA. Manejo e Conservação do solo A redução da movimentação do solo é um dos princípios básicos em manejo e conservação do solo, em função dos seguintes benefícios que proporciona: menores possibilidades de compactação do solo; manutenção da estrutura do solo; maior infiltração de água no solo; menores perdas de solo e água por erosão; maior disponibilidade de água para as plantas e redução de custos. A cobertura do solo, seja ela viva ou morta, é outro princípio básico em manejo e conservação do solo, proporcionando os seguintes benefícios: redução dos efeitos negativos das chuvas e enxurradas, ao evitar ou reduzir o impacto das gotas de chuva na superfície do solo; incorporação de matéria orgânica e de nutrientes; melhoria da estrutura do solo; aumento da infiltração e do armazenamento da água no solo; redução da temperatura do solo e de custos relativos às capinas. Quadro 2. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros - NTE. Obrigatório Recomendado Proibido Permitido com restrição Utilizar somente herbicidas registrados e permitidos para PIC e mediante receituário agronômico; Utilizar estratégias que minimizem sua utilização dentro do ano agrícola; Proceder o registro das aplicações no caderno de campo; respeitar o período de carência para Controlar as plantas infestantes, preferencialmente por meios manuais e/ou mecânicos; Reduzir o uso de herbicidas; Não aplicar herbicidas pré- emergentes. Aplicar herbicidas em área total, exceto para plantio direto; Controlar o mato exclusivamente com equipamentos que revolvam o solo. Utilizar excepcionalmente herbicidas pré- emergentes em áreas localizadas, mediante justificativa técnica.
  • 12. 12 colheita. Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA. Subsolagem Em pomares adultos e em formação (1 a 2 anos), recomenda-se, quando necessário, subsolar o solo nas entrelinhas dos citros o mais profundo possível (60 a 70cm) para reduzir a compactação e o adensamento. Após essa operação, deve-se implementar as práticas de manejo do solo recomendadas. A faixa a ser subsolada nas ruas da cultura é a mesma onde se passa a grade e roçadeira para controle do mato. De uma maneira geral, deve-se respeitar uma distância de 0,50 m para fora da copa. A subsolagem deve ser efetuada logo após as primeiras chuvas de inverno, evitando solos extremamente secos ou úmidos até a camada a ser trabalhada. Quadro 3. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros - NTE. Obrigatório Recomendado Proibido Permitido com restrição Controlar os processos de erosão; Promover a melhoria das condições biológicas do solo, manejando as plantas infestantes, mantendo a cobertura vegetal para incrementar a proteção do solo. Evitar a gradagem e o tráfego desnecessário de máquinas nos pomares; Efetuar subsolagem quando for constatada tecnicamente a sua necessidade; Manter a diversidade de espécies vegetais; Cultivar e manejar espécies vegetais (leguminosas e outras) protetoras do solo; evitar a roçagem rente ao solo; Manejar o mato em ruas alternadas; Eliminar espécies hospedeiras de pragas. Manter o solo sem cobertura. --- Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA. Mecanização do solo O tráfego de máquinas no pomar deve ser minimizado por provocar compactação e deformação na estrutura do solo, bem como, equipamentos desestruturadores como as grades A subsolagem é recomendada quando forem detectados camadas de impedimento no perfil do solo através de trincheiras, teste de compactação, penetrômetro ou coleta de amostras indeformadas. Detectada a região compactada, o produtor deve procurar orientação técnica sobre equipamentos e época adequada para efetuar a operação, prosseguindo com práticas de
  • 13. 13 adubação verde e manejo de plantas infestantes e redução de trânsito no pomar. O uso de grade nos pomares deve ser limitado, devido aos efeitos prejudiciais que pode proporcionar como corte de raízes, erosão, compactação, destruição de plantas benéficas, oscilação da temperatura do solo, favorecer a perda de umidade e formar poeira. Manejo de cobertura do solo Tem a função de controlar processo de erosão e prover a melhoria das condições biológicas do solo. Realizar o manejo integrado de plantas invasoras. Manter a diversidade de espécies vegetais, favorecendo a estabilidade ecológica e minimizando o uso de herbicidas e roçar as entrelinhas, posicionando o material sobre a superfície do solo "mulching" e/ou sob a copa dos citros. Em um experimento conduzido num solo de Tabuleiros Costeiros classificado como Latossolo Amarelo álico coeso sob as combinações laranja "Pêra"/limoeiro ‘Volkameriano’ e laranja ‘Pêra’/limoeiro ‘Cravo’, avaliou-se dois sistemas de preparo do solo na implantação do pomar e controle de plantas infestantes. No sistema convencional adotado pela maioria dos produtores, procedeu-se a aração, gradagem, abertura de covas e plantio das mudas cítricas e controle mecânico do mato com três a quatro capinas nas linhas e mesmo número de gradagens nas ruas durante o ano agrícola. No sistema melhorado, realizou-se um ano antes do plantio uma subsolagem cruzada com profundidade média de 0,55 m, plantio direto do feijão-de-porco como cultura de espera e melhoradora do solo. Realizou-se o plantio direto na palhada, abrindo-se apenas as covas para colocação das mudas. Nesse sistema, o controle integrado de plantas infestantes foi realizado dessecando-se o mato nas linhas com glifosato duas vezes ao e nas ruas o plantio direto do feijão-de-porco em maio/junho e roçado setembro/outubro para formação de cobertura morta. Observa-se pela tabela abaixo que três anos após a implantação do pomar o manejo melhorado proporcionou melhorias significativas dos atributos físicos do solo nas linhas e entrelinhas da cultura quando comparado ao sistema convencional do produtor, proporcionando condições mais favoráveis para o crescimento e produção da planta cítrica. Esse mesmo trabalho, mostrou que a melhoria da estrutura do solo pelo preparo inicial com subsolagem e sua manutenção com a redução do trânsito de máquinas pelo manejo integrado de plantas infestantes com coberturas vegetais, contribuiu tanto na linha como na entrelinha da cultura, para maior retenção de água no perfil do solo em 71% dos meses avaliados em relação ao sistema convencional. Dessa forma, o período de disponibilidade para a planta cítrica foi ampliado tanto nas linhas como nas entrelinhas da cultura. Para as condições do Nordeste brasileiro e dos solos em estudo, esses resultados contribuíram significativamente, para o aumento da produtividade pela redução das perdas de frutos nos estádios cotonete, chumbinho e em muitos casos, na fase de pré-colheita (Carvalho et al., 2003a). Tabela 1. Médias das propriedades físicas do solo, na profundidade de 0 a 0,40 m, de dois sistemas de controle de plantas infestantes nas linhas e entrelinhas da laranja ‘Pêra’ sobre dois porta-enxertos diferentes, submetidas a dois manejos de solo em (Cruz das Almas, BA, 2002). Manejos Médias das propriedades físicas do solo Porosidade Densidade do solo Condutividade hidráulicaTotal Macro Micro Linha de plantio 42,93 18,52 24,41 1,41 19,45
  • 14. 14 (subsolagem + plantio de leguminosa) Linha de plantio (três capinas manuais nas linhas + três gradagens nas entrelinhas) 34,94 9,38 25,56 1,61 1,33 Alterações Médias (%) na linha de plantio +22,9 +97,4 -4,7 -14,2 +1362 Entrelinha de plantio (subsolagem + plantio de leguminosa) 39,44 14,40 25,05 1,49 6,29 Entrelinha de plantio (três capinas manuais nas linhas + três gradagens nas entrelinhas) 34,42 8,42 26,01 1,60 4,87 Alterações Médias (%) nas entrelinhas +14,6 +71 -3,8 -7,3 +29,1 Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. Herbicidas Em pós-emergência, o glifosato é hoje o herbicida mais utilizado por proporcionar uma cobertura morta, adequando-se muito bem ao manejo de coberturas vegetais na cultura. A dose a ser aplicada dependerá da composição matoflorística e seu estádio de desenvolvimento. A aplicação de herbicida em citros pode ser realizada por pulverizadores tratorizados e não tratorizados. No primeiro caso, uma barra aplicadora própria para os citros é acoplada ao trator, equipada com bicos em leque 110.01 (cor laranja) e um bico TK 0,5 na sua extremidade para fazer o acabamento próximo ao tronco das laranjeiras. Recomenda-se para esse tipo de aplicação velocidade do trator de 3-4 km/h, para proporcionar boa deposição da calda do produto sobre o alvo (plantas daninhas) evitando falhas de aplicação. Desta forma, e a depender do tipo do mato, pode-se limpar 2.000 a 3.000 plantas por dia, numa faixa de 1,80 a 2,00 m de cada lado da planta cítrica, com consumo médio de calda de 150 a 200 l/ha. São suficientes 1.000 litros da calda para uma jornada diária de trabalho. Nos pulverizadores costais, o bico mais indicado para a aplicação do glifosato é em leque “Teejet” 110.02 de cor amarela, que permite boa cobertura sobre as plantas daninhas e um consumo médio de calda, a depender do operador, de 250 a 300 l/ha. Para aumentar o rendimento operacional, redução do custo de aplicação e simular a aplicação tratorizada, recomenda-se aplicar em “varredura”.
  • 15. 15 Esse método de aplicação consiste na rotação da ponta do bico, deixando sua fenda paralela (no mesmo sentido) da haste do pulverizador e, simulando a varredura de um terreiro, efetua- se movimentos lentos na vareta do equipamento sentido direita e esquerda ao caminhar, conseguindo-se assim, em uma só passagem aplicar numa faixa aproximada de 1,60 a 1,80 m em cada lado da laranjeira. Nesse método de aplicação, um homem pode limpar 500 a 700 plantas por dia. Nas duas modalidades de aplicação, o ideal é que não ocorram chuvas nas primeiras seis horas. Pode-se, também, optar pela utilização de métodos mecânicos e culturais no controle de plantas daninhas. Manejo do Solo e Mato nas entrelinhas A cobertura vegetal protege o solo do impacto das gotas de chuva e irrigação que provocam dispersão de partículas, mais tarde arrastadas pela enxurrada, do trânsito de máquinas, reduzindo seu efeito sobre a compactação. O produtor deve manejar melhor o mato, evitando concorrência pelos fatores de produção como a água, explorando também, seu efeito benéfico como cobertura no período das chuvas. Na época seca o mato deve ser mantido, preferencialmente, roçado baixinho, minimizando sua concorrência por água com os citros. Manejo de coberturas em citros As práticas convencionalmente utilizadas no preparo e manejo dos solos em pomares e o controle inadequado de plantas infestantes têm contribuído para aumentar sua degradação, com redução da macroporosidade e aumento da compactação, refletindo na redução da velocidade de infiltração e retenção de água no solo, atribuindo-se como as principais causas da queda de rendimento da planta cítrica. A maioria dos pomares cítricos da Bahia e Sergipe, está estabelecida em solo de Tabuleiros Costeiros caracterizados como de baixa fertilidade, com reduzida capacidade para segurar água e adensados. Isso resulta em plantas de baixo vigor e longevidade, com a concentração do sistema radicular (60 a 70%) nos primeiros 20cm do perfil do solo. A presença de horizontes coesos em solos de tabuleiros reduz sua profundidade efetiva, prejudicando a dinâmica da água no seu perfil e, principalmente, o aprofundamento do sistema radicular das plantas cítricas em função da elevada resistência do solo à penetração (Rezende et al., 2002). Esses fatos, associados aos constantes períodos de estiagem que ocorrem durante o ano, fazem com que as plantas cítricas tornem-se vulneráveis aos freqüentes estresses hídricos ao longo do ano, causando prejuízos à sua produtividade e longevidade (Carvalho et al.,1999). A cobertura vegetal protege o solo do impacto das gotas de chuva e irrigação que provocam dispersão de partículas, mais tarde arrastadas pela enxurrada, do trânsito de máquinas, reduzindo seu efeito sobre a compactação. O produtor deve manejar melhor o mato, evitando concorrência pelos fatores de produção como a água, explorando também, seu efeito benéfico como cobertura no período das chuvas. Na época seca o mato deve ser mantido, preferencialmente, roçado baixinho, minimizando sua concorrência por água com os citros. O citricultor deve plantar as coberturas vegetais nas entrelinhas do pomar nos meses maio e junho para as condições da Bahia e Sergipe. Chama-se atenção para o manejo da vegetação espontânea e coberturas vegetais (gramíneas e leguminosas) em ruas alternadas do pomar. A citricultura convencional praticada em diferentes regiões é responsável por intensa degradação ambiental, necessitando o desenvolvimento de sistemas de produção agrícola economicamente viáveis, energeticamente eficientes pois atualmente não basta apenas
  • 16. 16 produzir, mas produzir com sustentabilidade, com riscos reduzidos e ao mesmo tempo, protegendo e conservando os recursos naturais e o meio ambiente em geral. São grandes os avanços que a citricultura brasileira tem dado nos aspectos relacionados à planta para aumentar a produtividade, entretanto pequenos têm sido os avanços nas áreas de manejo do solo (físico e químico) e relação solo planta, as quais têm sido importantes fatores para a baixa produtividade dos pomares, relacionando-os ao uso e manejo inadequados do solo no controle de plantas infestantes e com o trânsito exagerado de máquinas nos pomares comprometendo sua capacidade produtiva. Dessa forma, as leguminosas devido as suas características particulares e potencial para múltiplos usos, exercem mais que qualquer outra família de plantas um papel significativo no sistema de produção de citros, seja como adubos verdes ou como coberturas vegetais melhoradoras do solo no controle integrado de plantas infestantes, associadas a outras práticas de manejo conservacionista. O manejo adequado do solo no controle de plantas infestantes deve relacionar a condição física do solo ao desenvolvimento radicular, crescimento da planta, mantendo a qualidade e produtividade do solo, garantindo níveis adequados dos seus atributos físicos e químicos para o desenvolvimento da planta como densidade do solo, estrutura, teor de matéria orgânica, aeração, taxa de infiltração, drenagem e retenção de água. Em experimento comparativo de uma parcela de laranja ‘Pêra’ em sistema PIC X área convencional, em Cruz das Almas, BA, no ano de 2005 verificou-se que o pomar submetido à PI obteve resultados satisfatórios e superiores ao convencional, como pode ser verificado nos quadros a seguir: Tabela 2. Características físicas dos frutos em Produção Integrada e convencional (produtor), Cruz das Almas-2005. Características Físicas do fruto ‘Pêra’/limão ‘Cravo’ ‘Pêra’/limão ‘Volkameriano’ Produtor PIC Produtor PIC Peso (g) 203,9 223,5 214,9 265,7 Altura (cm) 7,18 7,47 7,34 7,98 Diâmetro (cm) 7,24 7,50 7,26 7,9 Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. Tabela 3. Produtividade da planta cítrica, sobre dois porta- enxertos, submetidas a dois tratamentos de preparo e manejo do solo em Cruz das Almas - BA, 2005. Produtividade média (t/ha) Tratamentos Laranja ‘Pêra’/limão ‘Cravo’ Laranja ‘Pêra’/limão ‘Volkameriano’ Subsolagem + plantio de leguminosa – Produção Integrada de Citros 34,4 25,5 Três capinas manuais nas linhas + três gradagens nas entrelinhas (Convencional) 26 20,1 Incremento de produção32% 27%
  • 17. 17 (%) Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. Os valores para o carbono da biomassa microbiana do solo (BMS-C) no plantio de laranja ´ Pêra ` sob diferentes manejos do solo, são apresentados na Figura 1. Não foram observados efeitos significativos dos diferentes manejos do solo, da época e do local de amostragem (linha e entrelinha) para a variável BMS-C, ou seja não diferiu estatisticamente entre os dois tratamentos (PIF e convencional). Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. Fig. 1. Valores médios do carbono da biomassa microbiana do solo em função de diferentes sistemas de produção na profundidade de 0-10 e 10-30 cm nas linhas e entrelinhas de plantio de citros Cruz das Almas,BA, 2006. A liberação de C-CO2, pela atividade microbiana do solo foi maior no tratamento em PIF que envolve uso de subsolagem. Este efeito foi demonstrativo para a camada de 10-30cm na linha e de 0-10cm na entrelinha. Como a subsolagem foi feita na linha, infere-se que esta maior atividade microbiana na camada de 10-30cm na linha é resultado daquele manejo, ou seja, foram criadas melhores condições para a atividade microbiana (Figura 2). Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. Fig. 2. Valores médios para a respiração microbiana do solo em função de diferentes manejos do solo, nas linhas e entrelinhas do plantio de citros. Os resultados médios dos indicadores selecionados para avaliar a qualidade do solo foram, em sua maioria, estatisticamente diferentes, entre os dois tratamentos testados (Quadro 3). Verificou-se que a resistência do solo à penetração de raízes (RP100KPa) foi 10 % maior no
  • 18. 18 tratamento com gradagem + capinas manuais (T1 - Convencional), quando comparado ao tratamento utilizando subsolagem + cobertura vegetal com feijão-de-porco (T2 – Produção Integrada de Citros PIC). Porém, em ambos os tratamentos a RP100KPa manteve-se limitante, pois seus valores foram acima do limite crítico estabelecido para este indicador. A macroporosidade (MP) foi, aproximadamente, duas vezes maior no T2 em relação ao T1. O valor da MP encontrada no T2 foi 90 % superior ao limite critico (0,10 m3 m-3) e 80 % inferior no T1. Esses resultados podem ser atribuídos aos efeitos positivos da prática da subsolagem e dos bioporos deixados no solo pela decomposição das raízes do feijão-de-porco utilizado como cobertura vegetal. Segundo Reichert et al., (2003) o uso de espécies vegetais que produzam grande massa radicular e cujas raízes possuam a habilidade de penetrar em camadas compactadas deve integrar os sistemas de cultivo. Pois a decomposição dessas raízes deixa poros contínuos e de maior estabilidade, que aumentam a infiltração de água no solo e as trocas gasosas, agindo como subsoladores naturais. Tabela 4. Valor dos indicadores de qualidade para um Latossolo Amarelo sob dois sistemas de manejos para o cultivo de citros Indicadores (1) T1 - Convencional T2 – Produção Integrada de Citros Função crescimento radicular em profundidade RP 100 KPa (MPa) 3,20 B 2,90 A MP (m 3 m-3) 0,08 A 0,19 B Ds (Kg dm-3) 1,55 A 1,46 B m (%) 3,67 A 1,51 A Função condução e armazenamento de água Ko (cm h-1) 7,08 A 12,49 B MP (m 3 m-3) 0,080 A 0,186 B UV33KPa/PT 0,250 A 0,253 A AD/PT 0,119 A 0,137 A Função suprimento de nutrientes pH em água 6,00 A 5,70 A CTCpot (cmolc dm-3) 6,17 A 7,69 B V (%) 52,63 A 77,75 B M.O. (g Kg-1) 8,10 A 13,18 B Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. (1) RP100KPa = resistência à penetração a 100KPa de umidade no solo; MP = macroporosidade do solo; Ds = densidade do solo; m = saturação por alumínio; Ko = condutividade hidráulica do solo saturado; UV33KPa/PT = relação umidade volumétrica retida a 33 KPa/porosidade total do solo; AD/PT = relação água disponível/porosidade total do solo; CTC = capacidade de troca de cátions; V = saturação por bases e M.O. = matéria orgânica. Letras maiúsculas comparam, na linha, valores dos indicadores, em cada tratamento, pelo teste de Tukey a 5%. O valor da densidade do solo (Ds) foi significativamente menor no T2, ficando abaixo do limite critico de 1,52 Kg dm-3 (Souza et al., 2003), quando comparados ao T1 que, apresentou valores de Ds elevados refletindo na baixa aeração e condução de água no solo (Abercrombie & Du Plessis, 1995). A saturação por alumínio (m %) foi um dos indicadores que não diferiu entre os tratamentos testados, seus valores foram muito baixos como era esperado tendo em vista, que a subsolagem não produz diretamente efeitos químicos no solo. E por ser um indicador regido pela função de padronização do tipo “menos é melhor”, seus escores padronizados foram
  • 19. 19 muito altos, não indicando limitação de ordem química ao crescimento radicular da planta cítrica. Na função condução e armazenamento de água (CAA) a condutividade hidráulica no solo saturado (Ko) não foi limitante para ambos os tratamentos. Porém observou-se no T1, que seu valor médio foi mais próximo do limite inferior (5,0 cm h-1) enquanto em T2 esse valor aproximou-se do limite superior (15,0 cm h-1), indicando possível efeito da subsolagem mais cobertura vegetal na condução de água, o que esta coerente também com os resultados da macroporosidade, visto que a capacidade do solo em permitir a infiltração da água é reflexo do seu volume de macroporos (Thomasson, 1978). Os indicadores relacionados à disponibilidade de água desse solo para as plantas constituíram- se em fatores limitantes da qualidade e não diferiram entre os tratamentos. Os valores da relação UV33KPa/PT foram muito abaixo do limite critico de 0,55. Enquanto, a relação AD/PT foi superior ao limite de 0,125 no T2 e inferior para T1. Esses resultados no T1 podem ser atribuídos aos efeitos da gradagem aumentando a densidade do solo na superfície e provocando diminuição da capacidade de retenção de água a baixas tensões, o que diminui a água disponível às plantas (Portela et al., 2001). Quando e como plantar as leguminosas Deve-se dar preferência ao plantio direto dessas coberturas para evitar o efeito danoso da gradagem sobre as propriedades físicas do solo, sistema radicular dos citros e pelo próprio efeito benéfico e cumulativo sobre essas propriedades, proporcionado por essas leguminosas como melhoradoras de solo. Nesse sistema de plantio é necessária a aplicação de um herbicida pós-emergente à base de glifosate, para dessecação do mato presente nas entrelinhas do pomar; após uma semana, procede-se o plantio mecanizado das leguminosas em sulcos ou manual em covas ou buracos, neste último caso espaçados a cada 25 cm x 25 cm, colocando- se duas a quatro sementes por buraco. O consumo de sementes por hectare é de 60 a 80 kg para feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), 20-30 kg para crotalária (Crotalaria juncea) e de 12 a 15 kg para milheto (Pennisetum glaucum). No sistema de plantio direto, aponta-se algumas vantagens em relação ao convencional a lanço, que são a retirada por completo da grade do pomar para o controle de plantas daninhas, a segurança de que dificilmente necessitará de uma replanta em função da melhor condição competitiva dada as leguminosas pelo dessecamento do mato e pela disponibilidade de água, em virtude da formação da cobertura morta, o menor risco de erosão, o menor gasto de sementes por hectare e, consequentemente a redução de custos. Roçagem das leguminosas A roçagem dessas leguminosas pode ser mecanizada ou manual a depender da condição do citricultor, e efetuada a 20-25 cm do solo para formação de uma boa cobertura verde. Para os estados da Bahia e Sergipe, recomenda-se a roçagem em setembro/outubro. Esse manejo recomendado para as leguminosas é muito importante, pois no período de deficiência hídrica no solo (período de seca), não se recomenda a convivência do pomar com estas plantas para evitar a concorrência por água. Quando ceifadas, o sistema radicular permanece no solo, decompõe-se, promovendo a descompactação biológica do solo. Material propagativo Os novos plantios devem ser realizados com mudas produzidas em ambiente protegido e proveniente de viveiros registrados no órgão fiscalizador e devem trazer consigo o certificado fitossanitário, além da identificação exigida por Lei mediante notas fiscais. Para os Estado que
  • 20. 20 ainda não possuem programas de certificação de mudas, cabe ao viveirista uma maior parcela de responsabilidade na produção das mesmas, preparando seus lotes de matrizes – copa e porta-enxerto – provenientes de material básico existente nas instituições governamentais, garantindo dessa forma a multiplicação de material de boa qualidade genética e fitossanitária. O padrão de qualidade das mudas deve atender o que está disposto na legislação de cada estado que trata da produção e certificação de mudas. Quadro 4. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros - NTE . Sementes, porta-enxertos, borbulhas e mudas Obrigatório Recomendado Proibido Permitido com restrição Utilizar mudas produzidas de acordo com a legislação vigente em cada estado da federação. Utilizar mudas fiscalizadas ou certificadas, produzidas em ambiente protegido, a partir de material sadio e com certificação genética; Priorizar o uso de porta-enxertos e variedades-copa compatíveis, resistentes ou tolerantes a pragas; Analisar os materiais em laboratórios credenciados principalmente quanto a Phytophthora, nematóides e clorose variegada dos citros. Transitar portando material propagativo sem a competente autorização e registro de procedência, conforme legislação pertinente. É permitido uso de borbulhas de lima ácida Tahiti clone Quebra- galho, desde que a produção de mudas atenda as demais exigências previstas em normas da legislação vigente. Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA. As normas para produção de mudas cítricas estabelecem que elas devem ser podadas, quando maduras, a 40-50cm do solo no caso de tangerineiras e 50-60cm quando forem laranjeiras, limoeiros e pomeleiros. Para formar a copa, deixa-se desenvolver três ou quatro brotações, as mais vigorosas e espaçadas convenientemente, distribuídas em espiral em torno da haste. No método mais moderno e vantajoso, de muda vareta, faz-se apenas o desponte antes do plantio, levando-se a muda para campo, onde a copa é feita. Além do menor tempo que leva para ficar pronta, esse tipo de muda facilita bastante o transporte e o plantio. Para o caso específico da Clorose Variegada dos Citros - CVC, será exigido um laudo adicional da ausência da bactéria Xillela fastidiosa. As mudas podem ser provenientes de enxertos, desde que atendam aos padrões estabelecidos na Lei de Produção de Mudas: Fitossanidade geral: garantia de que as mesmas estejam livres de vírus e outros organismos patogênicos. Verificação varietal: identificação do tipo de porta-enxerto usado e da cultivar-copa que compõe o lote, em etiqueta própria, conforme Normas e Padrões da respectiva Comissão Estadual de Sementes e Mudas; Qualidade da enxertia: soldadura do enxerto uniforme, lisa, sem necrose e com diferença entre o diâmetro do porta-enxerto, a 5 cm abaixo do ponto de enxertia, e o da cultivar-copa na base da brotação, não superior a 0,5 cm;
  • 21. 21 Sanidade do sistema radicular do porta-enxerto: raízes livres de doenças e pragas de solo, nematóides ou quaisquer outros fungos ou pragas; Qualidade nutricional da muda: livre de qualquer desequilíbrio nutricional; Vigor da muda: apresentar a 5 cm do ponto de enxertia, pelo menos, 12 mm de diâmetro e altura mínima de 60 cm; Idade da muda: o porta-enxerto não deve ter mais do que 6 meses, a partir da data de semeadura, e a muda enxertada, não mais do que 12 meses; Qualidade das raízes do porta-enxerto: o sistema radicular, além de ser isento de agentes fitopatogênicos, deve apresentar boa distribuição das raízes ao redor da raiz pivotante; Aspecto geral da muda: no momento do plantio, a muda deve apresentar sistema radicular e aéreo perfeitos. Implantação do pomar Para a escolha da área a ser implantado o pomar, a mesma deve estar de acordo com as leis de preservação ambiental, com destaque para cuidados com a proteção das nascentes, flora e fauna local, além de atender às recomendações técnicas para os citros. O preparo do solo deve seguir as práticas conservacionistas. Recomenda-se a subsolagem que pode ser realizada em área total ou no sulco de plantio (preparo mínimo), em substituição a aração e gradagem. A subsolagem ou não em área total vai depender do estado do solo. Pomares cítricos a serem implantados em área onde previamente existia elevado tráfego de máquinas e na renovação de pomares velhos e improdutivos geralmente necessitam de subsolagem total. Adicionar nesta etapa os corretivos e fertilizantes quando demonstrada a necessidade através da análise de solo. Na implantação de pomares, o espaçamento de plantio a ser utilizado dependerá do vigor da variedade, porta-enxerto, fertilidade do solo e irrigação. O espaçamento entre as árvores deverá ser aquele que minimize a erosão do solo, seguindo sempre que possível as curvas em nível. Cada talhão deverá ter um número de plantas que facilite e otimize as inspeções e tratamento fitossanitário, devendo ser identificados e homogêneos quanto: a variedade, porta- enxerto, tratos culturais, fitossanitários e providos de carreadores. Nesta fase de implantação e formação do pomar fica proibido o cultivo intercalar de outros gêneros que demandem controle fitossanitário específico com defensivos não registrados aos citros. O solo deve ser mantido protegido com cobertura verde ou morta e a área da propriedade deve ser cercada, possuindo cerca viva ou quebra-vento. Quadro 5. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros - NTE. Plantios novos Obrigatório Recomendado Proibido Permitido com restrição
  • 22. 22 Respeitar a legislação ambiental e considerar a aptidão edafoclimática da área; Manejar o solo, restos vegetais e pragas mediante técnicas de manejo sustentável; Analisar o solo física e quimicamente para definir as correções necessárias; Utilizar uma combinação copa/porta- enxerto por talhão. Plantar adubos verdes em área total antes do plantio dos citros e como cultura intercalar em pós- plantio; Realizar análise biológica do solo; Utilizar técnicas de cultivo mínimo nos pomares; Definir o espaçamento e densidade levando em consideração o vigor da combinação copa/porta-enxerto, a fertilidade do solo, os tratos culturais e a irrigação; Dispor o plantio acompanhando as curvas em nível. Proceder à desinfestação química do solo sem supervisão do responsável técnico; Realizar cultivo intercalar de outras espécies que demandem controle fitossanitário com agroquímicos não registrados para citros. Implantar pomares em terrenos com declividade acima de 20% dentro dos limites permitidos pelas leis ambientais, somente com o uso de patamares; Plantar em áreas encharcadas desde que feita a drenagem adequada, atendendo a legislação ambiental. Localização Observar as condições edafoclimáticas e compatibilidade com os requisitos da cultura dos citros e do mercado. Implantar quebra ventos em áreas sujeitas à alta incidência de ventos fortes. No caso de replantio, realizar antes rotação de cultura por pelo menos um ciclo da cultura em rotação. --- --- Porta-enxertos e copas Utilizar cultivares de porta-enxertos e copas recomendados pela pesquisa. --- --- --- Sistema de plantio Realizar análise física e química do solo e proceder as correções necessárias conforme requisitos Realizar análise biológica do solo. --- ---
  • 23. 23 técnicos. Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA. Cultura - Laranja Aspectos Gerais: A planta tem origem provável na Ásia - Índia, China, países vizinhos de clima subtropical úmido - daí foi para a Europa e para o Brasil trazida por portugueses no século XVI. O cultivo da laranjeira está disseminado por mais de 60 países e, na produção mundial de cítricos, a laranja participa com 69%. Em 1994 foram produzidas 58.731.000 toneladas participando o Brasil com 31,6%, E.U.A com 16,2%, China com 10,5%, Espanha com 4,42% e México com 4,4% (FAO). Em 1993/94, no mercado internacional, a laranja in natura ofertou 4,4 milhões de toneladas; a Espanha (33%) e E.U.A (14%) lideram esse mercado. No de processados de citros o Brasil destaca-se como maior exportador mundial de suco concentrado suprindo 80% da demanda mundial. No Brasil a citricultura é significativa para os estados de São Paulo (80% da oferta nacional), Sergipe (4,8%), Bahia (3,8%) e Minas Gerais (3,8%); em 1994, o país produziu 17.420.377 toneladas de frutos em área próxima a 900.000 hectares (IBGE). Em 1994 a Bahia produziu 668.873 toneladas de frutos, em área colhida de 42.748 ha. com rendimento de 15.647 kg/ha (80% da variedade Pêra); as principais regiões econômicas produtoras foram Litoral Norte, Recôncavo Sul, Nordeste e Sudoeste (juntas alcançaram 90% da produção). Destacaram-se, entre os municípios maiores produtores, Rio Real (44%), Inhambupe (7%), Cruz das Almas (6%), Sapeaçu (5%) e Alagoinhas (4%), (IBGE - PAM). A produção baiana destina-se ao consumo da fruta fresca e a agroindústria; o suco concentrado é quase todo exportado para a Europa (Alemanha, Inglaterra), E.U.A, e Canadá (1994/95 - Promoexport). Botânica/Descrição/Variedades: Cientificamente a laranja-doce é conhecida como Citros sinesis e a laranja-azeda como Citrus aurantium, ambas Dicotyledonae, Rutaceae. Na laranja-doce destacam-se as variedades Pera (maturação semi-tardia), Natal (tardia), Valencia (tardia), Bahia (semi-precoce), Baianinha (semi-precoce); Lima, Piralima, Hamlim (semi-precoce), a espécie laranja-azeda é representada pelas laranjas-da-terra. A laranja doce tem porte médio, folhas tamanho médio com ápice ponteaguda base arredondada, pecíolo pouco alado, flores com tamanho médio, solitárias ou em racimos, com 20-25 estames, ovário com 10-13 lóculos. Sementes ovóides, levemente enrugadas e poliembrionicas. A laranja azeda tem porte médio a grande, folha com lâmina estreita, ponteaguda, base arredondada, flores grandes, completas; fruto ácido e amargo, de difícil consumo. Dos brotos,
  • 24. 24 folhas e casca do fruto retira-se uma série de óleos essenciais, aromáticos, de alto valor em perfumaria e farmacopéia. Composição por 100 g. da fruta fresca é: calorias (63), glicídios (9,9 g), proteína (0,6 g), lipídios (0,1), cálcio (45 mg), fósforo (28 mg), ferro (0,2 mg), magnésio (26 mg), Vitamina A (14 mcg), Vitamina B (40 mcg), Vitamina B2 (21 mcg), Vitamina C (40,9 mcg), potássio. Utilização da laranjeira: Folhas : Contém óleo essencial utilizado em indústria. Flores : Procuradas para ornamentação diversa; é melifica. Fruto : O sumo da laranja-doce é utilizado, em nível caseiro, para preparo de sucos, refrescos e sorvetes; na indústria o sumo compõe sucos concentrados e refrigerantes. A casca da laranja-da-terra é utilizada para o preparo de geléias, doces (em calda, cristalizados), bebidas. Necessidades da Planta: Clima - A faixa de temperatura para vegetação está entre 22ºC e 33ºC (nunca acima de 36ºC e nunca abaixo de 12ºC) com média anual em torno de 25ºC; sob altas temperaturas a laranjeira emite, ao longo do ano, vários surtos vegetativos seguidos de fluxos florais que possibilitam maturação de frutos em várias épocas.O ideal anual de chuvas está em 1.200 mm. bem distribuídos ao longo do ano; déficit hídrico deve ser corrigido com irrigação artificial. A umidade do ar deve estar em 80%.Clima influi na qualidade e composição do fruto (teor de suco, de sólidos, maturação, volume de frutos, outros). Solos : Embora possa desenvolver-se em vários tipos de solos- de arenosos a argilosos desde que sejam profundos e permeáveis- a laranjeira prefere os solos areno-argilosos e até argilosos porosos, profundos e bem drenados. Evitar solos rasos e sujeitos a encharcamentos; pH na faixa 6,0 a 6,5. Formação do Pomar: A muda de laranjeira: deve ser obtida a viveiristas credenciados por órgãos oficiais. Deve ser enxerto (por borbulhia) maduro vigoroso, enxertia a 20 cm de altura do solo, com 3 a 4 brotações (ramos) a 60cm. de altura (espaçados para formação da copa) distribuídos em espiral em torno do caule e sistema radicular abundante. As mudas raiz nua devem ter raízes barreadas (com barro) para transporte. Para compor o pomar: sugere-se plantio de variedades Lima e Hamlin (10%), Baianinha (15%), Valencia e/ou Natal (15%) e Pera (para sucos), com 60%. Localização do pomar: próximo a estradas e mercado consumidor, de fácil acesso. O terreno deve ser plano a ligeiramente ondulado; em áreas com declividade até 5% alinhar plantas em nível e em terrenos com declividade superior usar outras práticas conservacionistas além das curvas de nível. O plantio, em terreno plano, deve ser feito em retângulo. Preparo do solo: se possível retirar amostras de solo e enviar a laboratório de análises, com boa antecedência ao plantio (150 dias) para recomendações para corretivos e adubos.As operações de preparo de solo passam por desmatamento, destoca, queima, controle de formigas e cupins, aplicação de corretivo, aração e gradagens. A destoca pode ser feita em período de 2 a 5 anos (segundo extensão da área de plantio) e o produtor poderá cultivar lavouras de ciclo curto entre os tocos.
  • 25. 25 A aplicação do corretivo (calcário dolomítico) deve ser feita antes da aração (metade da dose) e antes da primeira gradagem (segunda metade) a 60 a 90 dias antes do plantio. Os espaçamentos recomendados para o plantio são: 6 m x 4 m (Baianinha, Valencia) que proporciona 416 plantas/hectare e 6 m x 3 m (Pera, Natal e Rubi) o que proporciona 555 plantas por hectare. Covas/adubação básica: as covas devem ter dimensões de 60 cm x 60 cm x 60 cm e na sua abertura separar a terra dos primeiros 15-20 cm de altura. A abertura deve ser feita 30 dias antes do plantio. Em plantios extensos sulcos podem ser feitos com sulcador de cana segundo as linhas de nível (terrenos acidentados). Caso não haja recomendação de análise de solo colocar 1 kg de calcário dolomítico no fundo da cova e cobrir com um pouco de terra logo após a abertura da cova em seguida misturar 200 g de superfosfato simples, 15-20 litros de esterco de curral curtido à terra separada e lançar na cova. Plantio: No período chuvoso típico da região ou em qualquer época, com auxílio da irrigação, efetuar o plantio; escolher dias nublados, sem ventos e com temperatura amena.No plantio colocar colo da muda 5 cm acima da superfície do solo; as raízes das mudas nuas devem ficar estendidas (sem dobras) e os espaços entre as raízes cheios com terra. Comprime-se a terra a medida que se enche a cova, faz-se "bacia" com terra e cobre-se a bacia com palha ou maravalha ou capim seco (sem sementes); se houver ventos fortes tutora-se a muda. Tratos Culturais: - Caso não haja chuvas no pós-plantio irrigar a cova com 20 l. de água por semana.  Eliminar brotações (ainda novas) que se apresentem abaixo do ponto de enxertia notadamente nos primeiros 2 anos de vida.  Podar ramos secos, doentes, ramos ladrões vegetativos; efetuar limpeza do tronco e ramos grossos (com escova) caiando em seguida com calda bordalesa a 3%.  Capinar, nas ruas de plantio e na época seca, com grade de disco e com ceifadeira no período chuvoso. Em coroamento sob copa da planta, capinar com enxada (época seca) ou com foice ou estrovenga no período chuvoso.  Se o custo permitir plantar leguminosas (mangalô, feijão-de-corda, feijão-de-porco) nas ruas. Adubação: Deficiências de micronutrientes mais comuns (Cruz das Almas) são de zinco e manganês; são corrigidas com aplicações em pulverização foliar, com solução contendo 300 g de sulfato de zinco e 300 g de sulfato de manganês em 100 litros de água. Caso não haja recomendações de laboratório para adubações sugere-se a utilização das quantidades da Tabela 1. Aplicar as doses logo após o início do período chuvoso e, pouco antes do seu fim. 60 dias e 90 dias pós plantio aplicar 50 g. de uréia fertilizante por cova e por vez. Aplicar sob a copa da planta com leve incorporação (2/3 para dentro e 1/3 para fora da projeção da copa). Tabela 1 - Adubação de Laranjeira (por pé)
  • 26. 26 Ano Início das chuvas Fim das chuvas Esterco Uréia S.S (1) KCl (2) Ureia KCl (2) 2º 20 l 100g 200g - 100g - 3º 25 l 150g 300g - 150g - 4º 30 l 200g 400g 40g 200g 40g 5º 30 l 250g 500g 200g 250g 200g 6º 35 l 250g 500g 200g 250g 200g 7º 35 l 350g 650g 250g 300g 200g 8º 40 l 350g 650g 250g 300g 200g 9º(3) 45 l 500g 1000g 300g 500g 250g (1) Superfosfato Simples (2) Cloreto de Potássio (3) Em diante Consorciação: O uso de culturas intercalares é indicado; sugere-se culturas de amendoim, batata-doce, inhame, feijão, abobora, abacaxi, mamão e maracujá. Deve-se preferir culturas de baixo porte e de curta duração; a linha mais externa do seu plantio deve ficar a 1,5 a 2,0m. da linha de plantio da laranjeira. O seu plantio deve ser orientado no sentido leste-oeste e a cultura deve ser adubada. Tratamento Sanitário: Tratos culturais adequados (para equilíbrio populacional entre pragas x inimigos naturais), idade das plantas no pomar (até 4 anos exige aplicação de químicos), inspeção periódica do laranjal (verificar presença de pragas, grau de infestação, presença de inimigos) aplicações de químicos em focos, período do dia a efetuar tratamento, dentre outros, são procedimentos imprescindíveis para eficiência do controle de pragas/doenças. Pragas: Inúmeras pragas atacam a laranjeira a saber:
  • 27. 27 Ácaros: da falsa ferrugem, das gemas e da leprose e que podem ser controlados com produtos a base de enxofre, de quinometionato e de dicofol. Coleobrocas: que podem ser controladas com fosfina pasta, paratiom, DDVP em injeção (orifício do caule). Pulgões: controlados com paratiom ou acefato ou pirimicarb. Mosca-das-frutas: controlar com fentiom ou tricloform ou malatiom. Cochonilhas: de placas (Orthezia), de escamas (farinha, virgula) cabeça-de-prego, são controladas por aplicação de óleo mineral + inseticidas fosforados (paratiom, malatiom, diazinom). Na Bahia as pragas mais importantes são: Broca-da-laranjeira: Cratosomus flavofosciatus (Guerim, 1844) Coleóptera, Curculionídea. O adulto é besouro com forma convexa, tem 22mm. de comprimento e faixas e manchas amarelas no dorso; a fêmea faz orifício no tronco da planta e aí deposita um ovo. Eclodindo o ovo libera larva (lagarta) volumosa, esbranquiçada e sem patas que broqueia o tronco e ramos grossos abrindo galerias longitudinais. Os sinais de ataque são galerias e orifícios que expelem serragem em forma de pelotas. Controle:  Limpeza do(s) orifício(s) e destruição mecânica (com arame da larva).  Desobstrução do orifício e aplicação através dele de fosfina pasta (1cm.) ou de paratiom metil (2cm3 .) em injeção. Vedar orifício com argila ou cera-de-abelha. Iniciar controle logo que apareça serragem no solo.  Plantio no pomar (evitar excesso de população) da planta Maria Preta que atrai os besouros. Capturar o inseto na Maria Preta e exterminá-lo. Cochonilhas: Cabeça-de-prego: Chrysomphalus ficus (Ashmead. 1880) Escama farinha: Pinnaspis aspidistrae (Signoret, 1869) Escama virgula: Mytilococcus beckii (Newman, 1869) Homoptera, Diaspididae. De placas: Orthezia praelonga (Douglas, 1891), Homoptera, Ortheziidae.Todas alimentam-se da seiva da laranjeira e podem eliminar secreções açucaradas que atraem formigas e fungos (fumagina). Cabeça-de-prego: inseto provido de escama circular, cor violácea escura, que ataca folhas e frutos. Escama farinha: inseto com carapaça alongada que vive no tronco, haste e folhas que tomam aspecto esbranquiçado. Escama vírgula: carapaça de forma em vírgula, cor marrom claro, vivendo em folhas e frutos.
  • 28. 28 De placas: corpo provido de placas ou laminas cereas, esbranquiçadas, com cauda alongada (ovissaco); vive em folhas e ramos. Controle:  Capinar sob-copa da planta e aplicar aldicarb a 1,5cm. de profundidade no solo; pulverizar plantas infestadas com fosalone ou dicrotofos para a cochonilhas de placas.  Para as outras escovar tronco e ramos e aplicar calda, contendo óleo mineral e inseticidas dimetoato ou malatiom ou metidatiom. OBS: não misturar enxofre e óleo mineral, não aplicar óleo em horas quentes do dia e sobre frutos com menos de 5cm. de diâmetro e a menos de 50 dias de colheita. Doenças: Estiolamento: (Damping-off) - Sementeira (fungos). Sementes apodrecem sem germinar plantas novas ficam amareladas (colo apodrecido), tombam e morrem. Controle: aplicação de PCNB (regar superfície de canteiro com 2 l. de calda/M2 ), ou aplicar benomyl ou quintozene preventivamente, semeando-se 48 horas depois. Verrugose: Sementeira e viveiro (fungo). Lesões em folhas e brotos impedem o crescimento apical da planta; afeta alguns porta enxertos. Aplicar benomyl, logo no aparecimento dos sintomas; 15 dias após aplicar mancozeb ou oxicloreto de cobre. Gomose: Pomar (fungo). Afeta casca e parte externa do lenho nas raízes, tronco (colo) e até ramos. A região afetada apresenta goma marrom; planta pode morrer. Pulverizar com Fosetyl ou Metalaxil em intervalos de 20 dias; raspar parte doente e pincelar com pasta bordalesa. Melanose: Pomar (fungo). Pequenas lesões arredondadas, coloração escura, recobrem grandes áreas de frutos, folhas e ramos. Podar galhos secos e pulverizar, pós florada, com benomyl ou oxicloreto de cobre. Colheita/Rendimento/Comercialização: Colheita - Evitar machucar o fruto, romper a sua casca e o apodrecimento. Usar escada (madeira leve e arredondada) sacolas de colheita (de lona, com fundo falso) com capacidade de 20Kg., tesoura ou alicate de colheita, (lâminas curtas e pontas arredondadas) e cestos ou caixas plásticas com capacidade de 27Kg. - No ato de colher rejeitar frutos orvalhados ou molhados, evitar derrubar fruto ao solo, colher frutos no mesmo estágio de maturação e evitar exposição do fruto ao sol. Um homem pode colher 10 mil frutos/dia. Rendimento - Considerando-se início de produção aos 4 anos de vida colhe-se 100 frutos por laranjeira/ano, 150 frutos (5º ano), 200 frutos (6º ano), 250 frutos (7º ano), 300 frutos ( 8º ano), em geral. Pés safreiros (10 anos), podem produzir 350 frutos (Bahia), 420 frutos (Baianinha) e 580 frutos (Pera).
  • 29. 29 Comercialização - Há forte presença de agente intermediário com poucos produtores vendendo diretamente ao consumidor; empresas fornecem, sob contrato, laranjas à rede de supermercados. A laranja Pera deteve em 1990, 82,24% dos frutos comercializados na Bahia; a oferta cresce de maio a setembro quando alcança o pico (69% do total anual colhido). Cultura - Limão Tahiti Aspectos Gerais: Tornou-se conhecido em 1875 na Califórnia (EUA) com origem provável em Tahiti; estabeleceu-se, definitivamente, no sul do estado da Flórida. Entre os principais produtores mundiais de limas ácidas encontram-se o México, Estados Unidos da América, Egito, Índia e Brasil. No Brasil, com plantios acima de 40 mil hectares, o limão Tahiti tem grande importância comercial; os estados maiores produtores são: São Paulo com 70% e Rio de Janeiro com 8% da produção nacional. A Bahia, situada entre os cinco maiores produtores nacionais, tem as regiões econômicas do Litoral Norte e Recôncavo Sul como maiores produtores do limão Tahiti. Sua área plantada está acima de 1.000 hectares (1990). Botânica/Descrição/Composição: - O limão Tahiti é propriamente uma limeira ácida conhecida por Citrus latifólia, (Tanaka), Dicotyledonae, Rutaceae. - Com porte médio a grande a planta é expansiva, curvada, vigorosa; as folhas adultas têm cor verde e são lanceoladas e as folhas novas e brotos tem cor purpúrea. A floração ocorre ao longo do ano (principalmente setembro e outubro); os frutos são ovais, oblongos ou levemente elípticos, casca fina, superfície lisa e cor amarelo-pálida na maturação. Estão maduros em torno de 120 dias após a floração; as sementes são raras ou ausentes. - O suco representa 50% do peso do fruto; tem teores médios de 9% (brix), acidez em 6%, 20 a 40 mg de ácido ascórbico (Vit. C). Usos do Limão Tahiti: - O suco do limão Tahiti é usado em culinária, na limpeza e preparo de alimentos (carnes, massas, bolos, confeitos) e no preparo de refresco - limonada. - Em medicina caseira o fruto é utilizado como auxiliar no tratamento de gripes e deficiência de Vit. C. - Óleo da casca do fruto é aromático. Necessidades da Planta: Clima - Temperatura deve estar entre 26 e 28ºC (25 a 31ºC) as chuvas em torno de 1.200 mm anuais
  • 30. 30 (1.000 - 2.000) bem distribuídos (120 mm mensais), a umidade relativa do ar entre 70% e 80%. Em locais com ventos fortes tutorar a planta. Solos - Solos mais adequados para o limão Tahiti são os leves, bem drenados, arejados, profundos, sem impedimento para penetração da raízes. Solos areno-argilosos (de arenoso a levemente argiloso) são preferidos, pH entre 5,5 e 6,5. Topografia plana a levemente ondulada. Implantação do Pomar: Mudas - Devem resultar de enxertos sobre limão Cravo ou limão Rugoso que proporcionam crescimento rápido, boa produção, frutos de qualidade e maior tolerância à seca embora sensíveis à podridão radicular. Os enxertos sobre tangerina Cleópatra são aceitáveis. A muda, de indiscutível qualidade, deve ter procedência e sanidade garantidas, enxertia feita a 25-30 cm de altura, possuir três a quatros ramos (galhos) a 60 cm do solo e raízes desenvolvidas, sem estarem enoveladas. Preparo da área: Consiste na roçagem destoca e enleiramento do mato; essas operações devem ser feitas 5-6 meses antes do plantio. Em seguida efetuar aração e gradagens; em caso de aplicação de corretivo do solo em área total aplicar metade da dose antes da aração e a segunda metade antes da 1ª gradagem. Marcação/Espaçamento: Nivelado o terreno efetua-se a marcação da área; para o Nordeste do Brasil adota-se os espaçamentos de 7,0m x 6,0m e 7,0m e 5,0m. Em plantios extensos dividir o pomar em talhões de 10.000 a 20.000 plantas (quadras de 3.000 a 5.000 plantas) com corredores para caminhões. Coveamento/Adubação: As covas podem ser abertas à mão ou com implementos, devem ter dimensões 40 cm x 40 cm x 40 cm a 60 cm x 60 cm x 60 cm; na abertura separar a terra dos primeiros 15-20 cm de altura. - Em caso de não haver recomendações (decorrentes de análises de solo) para calagem e adubação, aplicar 1 kg de calcário dolomitico ao fundo de cada cova cobrindo-o com um pouco de terra; misturar 50 g de cloreto de potássio com 200 g de super fosfato simples e 10 litros de esterco de curral bem curtido à terra separada e lançar em cada cova. Plantio: O plantio deve ser feito em horas frescas do dia ou em dias nublados com o solo úmido. Deve -se usar régua de plantio para bom alinhamento. Ajusta-se a muda na cova de modo que o colo da planta fique ligeiramente acima do nível do solo e os espaçamentos entre raízes cheios com terra. Após plantio fazer uma "bacia" em torno da muda regar com abundância sem encharcar e cobrir solo com capim seco (sem sementes) ou com palha. Tratos Culturais: Controle de Ervas Daninhas - O cultivo do solo, controle de ervas pode ser feito com grade (2 operações/ano) na época seca e com ceifa do mato na época de chuvas. Em cultivos irrigados no semi-árido usa-se roçadeira nas entrelinhas e herbicidas na projeção da copa. As plantas devem ser "coroadas" sempre que houver mato alto (com enxada).
  • 31. 31 Irrigação: A irrigação aumenta a produção e eleva a qualidade do fruto; no semi-árido a irrigação é indispensável. Os sistemas de irrigação mais utilizados são os de aspersão e o de irrigação localizada (gotejamento, microaspersão) que aplica água em geral abaixo da copa da planta. Sulcos, bacia de inundação temporária são outros métodos. Nos cerrados maiores produtividades foram obtidas utilizando-se sistema de gotejo a cada metro (120 l água/planta em turnos de rega de 4 dias). Em regiões úmidas a irrigação pode elevar a produção em 35% a 75%. Culturas intercalares: Cultivo intercalar é prática em pequenas/médias propriedades; pode-se usar leguminosas (feijão de porco, leucena, crotalaria) ou abacaxi, amendoim, batata doce, feijão, mandioca, milho, no pomar jovem do limão Tahiti. As culturas intercalares devem ter baixo porte e ciclo curto, e situar-se a distância de 1,5 - 2 m da linha de plantio do limoeiro. Podas: Devem reduzir-se à eliminação de galhos secos, doentes ou praguejados e nascidos abaixo do ponto de enxertia. Adubação: 60 dias após plantio recomenda-se aplicar 50 g de uréia/planta repetindo-se 30-40 dias após. A partir do 2º ano recomenda-se as seguintes doses, em gramas/planta (para a Bahia): Anos Ureia Março Julho Super Simples Março Cloreto Potássio Março Julho 2º 100 100 200 - - 3º 150 150 300 - - 4º 200 200 400 40 40 5º 250 250 500 200 200 6º 250 250 500 200 200 7º 350 300 650 250 200 8º 350 300 650 250 200 9º (diante) 500 500 1.000 300 250 Para deficiências de zinco e manganês recomenda-se pulverizações foliares com solução composta de 300 g. de sulfato de zinco, 300 g. de sulfato de manganês, 300 g. de cal em 100 litros de água.
  • 32. 32 Pragas: Orthezia: Orthezia praelonga (Doug., 1991) Homoptera, Ortheziiae.Também chamada cochonilha de placas; tem corpo provido de placas ou lâminas cereas com cauda alongada que acumula ovos; eficiente sugador o inseto injeta toxina na planta ao sugar a seiva e sua excreção estimula aparecimento da "fumagina" (cobertura escura) nas folhas. Mudas, vento, vestimentas disseminam o inseto. A praga é mais prejudicial no período seco e expolia a planta, atacando folhas e frutos. O controle é efetuado pela aplicação de inseticidas sistêmicos granulados aplicados ao solo em torno da planta a 10 - 15 cm de profundidade. Observar o período de carência do produto químico. Entre os indicados cita-se aldicarb, dissulfoton, carbofuran. Escama-Farinha: Pinnaspis aspidistrae (Sing, 1869) Homoptera, Diaspididae.Cochonilha com carapaça, ataca tronco e ramos que apresentam coloração esbranquiçada. A sucção da seiva da planta pelo inseto causa rachadura na casca e facilita a penetração de agentes de doenças (gomose). Controle via pincelamento de tronco e ramos com o seguinte preparo: 1 Kg (enxofre molhável), 2 Kg de cal, 0,5 Kg de sal de cozinha, 15 g. de diazinom ou 35 g. de malatiom e 15 litros de água. Ácaro-da-Ferrugem: Phyllocoptruta oleivora (Aslm. 1879), Acari, Eriophyidae.Infesta folhas, ramos e frutos causando nestes cor prateada à casca além de aspecto áspero; os frutos apresentam tamanho, peso e percentagem de suco reduzidos. As folhas podem desenvolver doença (mancha de graxa). Em infestação severa há queda acentuada de folhas e frutos. Controle, efetuar controle quando 10% de frutos apresentarem 30 ou mais ácaros. Acariciadas à base de dicofol, quinometionato ou enxofre molhável são indicados para o controle. Coleobroca: Cratosomus flavofasciatus (Guerin, 1844) Coleoptera, Curculionidae. Inseto adulto é besouro preto com faixas amarelas no tórax e asas. Ovos são depositados no tronco e ramos; a lagarta esbranquiçada penetra, cava galerias no sentido longitudinal e expele serragem, em forma de pétalas, pelo orifício de entrada. Controle feito pela injeção de calda inseticida via orifício utilizando-se formicida liquido, gasolina, querosene, ou pasta de fosfato de alumínio (que libera gás). Após aplicação fechar orifício com cera de abelha, argila ou sabão. Cochonilha Cabeça de Prego: Crysomphalus ficus (Aslmd., 1880) Homoptera, Diaspi- didae. Importante na fase jovem do pomar a cochonilha tem forma circular, convexa, cor violácea. Períodos secos com alta temperatura favorecem a multiplicação do inseto. Localiza- se na face inferior das folhas e nos frutos, suga seiva e líquidos e deprecia os frutos comercialmente. Seu controle é feito por pulverizações com produtos químicos à base de óleo mineral a 1% ou óleo mineral + inseticidas fosforados (diazinom, malatiom, paratiom). Doenças: Causadas por vírus, fungos, bactérias e distúrbios fisiológicos. Tristeza: (Vírus) Planta apresenta redução no crescimento já nos viveiros. Em galhos ou ramos, retirando-se
  • 33. 33 sua casca, observa-se caneluras (riscos). Folhas novas com nervuras polidas e frutos com diâmetro reduzido (coquinhos). Controle: uso de borbulhas vindas de plantas imunizadas. Exocorte: (Vírus) Crescimento limitado, vegetação esparsa e folhas com coloração de pouco brilho. Doença transmitida por enxertia ou ferramentas contaminadas (canivete, tesoura de poda). Controle: uso de borbulhas comprovadamente sadias. Gomose: (fungo) Doenças das mais prejudiciais em regiões tropicais úmidas; lesões pardas aparecem na base ou colo da planta, nas raízes e galhos baixos, com exsudação de goma pelo fendilhamento. Mais adiante ocorre apodrecimento dos tecidos. Controle: usar variedades resistentes, enxertia alta, facilitar aeração da base da planta e drenagem do terreno, usar de fungicidas sistêmicos (fosetyl-Al) em pulverizações ou pincelamento do tronco. Declínio: (distúrbio fisiológico) Murchamento irreversível da folhagem, demonstração de deficiência de manganês e zinco em níveis elevados, sem brotações; depois há queda de folhas, morte de ponteiros. Controle: uso de porta-enxertos diversificados. Colheita: O material deve ser: sacola de colheita (20 kg), feita de lona com fundo falso, cestos e caixas plásticas para 27 kg. Evitar retirar frutos com varas ou ganchos, frutos molhados ou orvalhados, derrubar frutos ao solo, frutos excessivamente maduros ou verdes. Usar tesoura cortando o pedúnculo, rente ao cálice. Não machucar os frutos na colheita e transporte. Produção: Precoce, a limeira ácida Tahiti apresenta produção significativa a partir do 3º ano de vida; no Recôncavo Baiano um pomar aos 4 anos produz 107.000 frutos hectare (300 frutos por planta). Aos 11 anos de vida a produção alcança 1.128 frutos/planta (113 kg) ou 403.000 frutos/hectare.Pomares paulistas produzem 8-15 kg/planta (3º ano), 64 a 86 kg/planta (5º ano) e 98-117 kg/planta (7º ano). Cultivo do Coqueiro Apresentação O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma palmeira perene originária do Sudeste Asiático e foi introduzida no Brasil em 1553 pelos portugueses. A planta é considerada uma das árvores mais importantes do mundo, devido ser uma atividade que gera emprego e renda em vários países do globo, onde seus frutos podem ser consumidos in natura ou industrializado na forma de mais de 100 produtos e subprodutos. Além disso, raiz, estipe, inflorescência, folhas e palmito geram diversos subprodutos ou derivados de interesse econômico. Além disso, o coqueiro é utilizado como planta paisagística para embelezar praças, canteiros públicos, chácaras e fazendas.
  • 34. 34 Aspectos climáticos Os principais municípios produtores de coco se caracterizam por apresentar clima tropical, úmido e quente, com classificação de Köppen tipo Aw. Apresenta um período seco bem definido durante a estação de inverno, quando ocorrem precipitações inferiores a 50 mm/mês, nestes meses, junho, julho e agosto a média de precipitação é inferior a 20mm /mês. A média anual de precipitação varia de 1.400 a 2.500 mm/ano, e a média anual da temperatura do ar fica entre 24° e 26° , com temperaturas máximas entre 24° C e 26° C e mínimas entre 17° e 23° C. A média anual de umidade relativa do ar varia de 80% a 90% no verão, e em torno de 75%, no outono inverno. Aspectos edáficos Os solos se distribuem em: 58% Latossolos (sendo vermelho-amarelo 26%, Amarelos 16% e Vermelho, também 16%); 12% Argissolo (Podzólico, Terra Roxa, Alissolo, Nitossolo e Luvissolo), 11% Neossolos (Solos litólicos, Areias Quartzosas, Regossolos e Solos Aluviais), 10% Cambissolo, 9% Gleissolo. As áreas cultivadas com coco são predominantemente de solos do tipo Latossolo, que apresentam como características serem: profundos, bem drenados e geralmente ácidos. Apresentam fertilidade natural baixa, havendo necessidade de correção e adubação. Clima O coqueiro é uma palmeira nativa de regiões quentes, úmidas e com bastante luz. Para o seu bom desenvolvimento, necessita de temperaturas médias anuais em torno de 27°C, sendo que, temperaturas menores que 15°C e superiores a 36° são prejudiciais. A umidade relativa ideal é de 80%. Níveis de umidade relativa inferiores a 60% prejudicam a planta devido ao aumento na taxa de transpiração. Umidade relativa superior a 90%, causa queda de frutos e aumento na incidência de doenças. A precipitação ideal para o desenvolvimento e produção da cultura, está entre 1.500 a 1.600mm bem distribuídos durante o ano todo, com uma média de 130 mm/mês. Para precipitações inferiores a 50mm/mês, durante 3 meses, recomenda-se o uso de irrigação, pois, o déficit hídrico é extremamente prejudicial à cultura, causando queda de frutos. Por outro lado, chuvas excessivas podem causar redução na incidência de luz, na polinização e na aeração do solo, podendo ainda provocar lixiviação de nutrientes. Locais com lençol freático raso (um a quatro metros) são recomendados para o coqueiro e não há necessidade de irrigação pois, as raízes da planta conseguem absorver água a esta profundidade. Luz, o coqueiro precisa de, pelo menos, 2.000 horas anuais, com um mínimo de 120 horas/mês, os dias nublados causam redução da fotossíntese e consequentemente redução na produtividade. Com base nestes exigências de clima verifica-se que o Estado de Rondônia apresenta boas condições para o desenvolvimento da cultura. Solo Deve se escolher áreas com textura areno-argilosa, ou levemente argilosa, com boa disponibilidade de água, boa aeração, profundidade mínima de um metro, e com ausência de impedimentos físicos ou químicos. Evitar solos rasos, pedregosos, extremamente argilosos e sujeitos a encharcamento.
  • 35. 35 Cultivares O coqueiro pode ser anão, gigante ou híbrido. As variedades de coqueiro anão verde, vermelha e amarela são as mais recomendadas para a produção de frutos visando ao mercado de água de coco, sendo o anão verde o preferido pelo consumidores. As variedades vermelha e amarela estão associadas à idéia incorreta de que o fruto amarelo ou vermelho está maduro. As variedades anãs são de porte baixo, podendo atingir 12 m. São bastante precoces, iniciando a produção entre 30 e 36 meses de idade. Apresentam produção variando de 80 a 200 frutos/planta/ano, distribuída durante o ano todo. Estas variedades apresentam vida útil de 30 a 40 anos, e têm os frutos pequenos, com pouca polpa, apresentando água muito saborosa. Em Rondônia praticamente toda a produção esta voltada para a comercialização da água de coco, com predominância da variedade anã verde. Instalação do coqueiral O preparo do solo deve ser feito de forma convencional com uma aração e duas gradagens. Deve-se fazer a análise química do solo para avaliação da necessidade de calagem e adubação. Marcação da área Feito o preparo do solo, deve-se fazer a marcação e o piqueteamento da área observando-se o espaçamento de 7,5 m x 7,5 m, em quadrado (177 plantas/ha) ou em triângulo equilátero (205 plantas/ha). É comum encontrarmos espaçamentos de 8 x 7 metros os pomares do Estado que também é recomendado. Época de plantio A melhor época para plantio é o inicio da estação chuvosa. Em cultivo irrigado o plantio pode ser realizado em qualquer época do ano. A maioria dos pomares de Rondônia são plantados sem utilização de irrigação, o que causa redução de produtividade e atraso no início da colheita, uma vez que a Região apresenta cerca de 3 meses com precipitações inferiores a 50 mm. Aquisição de mudas As mudas devem ser adquiridas de viveiristas idôneos que apresentem o certificado de origem destas. As mudas devem ser eretas, ter entre quatro e seis folhas, altura de 50 cm a 70 cm, com idade entre cinco e seis meses. Além disso, devem apresentar bom aspecto, com ausência de sintomas de deficiência nutricional, e de ataque de pragas e doenças. No Estado existem pouquíssimos viveiros registrados o que dificulta a implantação de pomares com mudas de boa qualidade, uma alternativa é a aquisição de sementes certificadas de outras Regiões (o Nordeste por exemplo) ou o produtor selecionar plantas de alto padrão genético de sua área para produzir suas próprias mudas. É bastante comum encontrar em Rondônia pomares formados com misturas de variedades, com cultivares híbridas, gigantes e anãs num mesmo local. Produção das mudas Escolha da planta matriz O coqueiro anão apresenta uma alta taxa de auto-fecundação, com isso, existe uma grande probabilidade da semente selecionada dar origem a uma planta bastante semelhante à planta
  • 36. 36 matriz. Portanto, recomenda-se selecionar plantas com bom aspecto nutricional; em plena produção; precoces; com tronco reto; livres de sintomas de pragas e doenças; grande número de folhas (30 a 35); grande número de cachos, bem apoiados sobre as folhas e com pedúnculo curto; grande número de flores femininas; grande número de frutos (acima de 10) e frutos de formato redondo. Colheita dos frutos-sementes Os frutos-sementes devem ser colhidos quando estiverem totalmente maduros, o que ocorre após 11 a 12 meses após a abertura do cacho floral da planta. Não deve-se colher frutos caídos por apresentarem baixo poder germinativo. O ponto de colheita é reconhecido pelo secamento e coloração marrom do fruto, depois da ocorrência de perda acentuada de peso do fruto, que passou de 2kg, quando verde, para 1,0 a 1,5 kg quando no ponto ideal. Preparo das sementes Os frutos-sementes após a colheita devem ser estocados ao ar livre e na sombra, durante 10 dias, para terminar o processo de maturação. Embora tenha alguns autores que recomendam o entalhe do fruto, ou seja o corte de uma parte da casca fibrosa do fruto, visado aumentar a hidratação e germinação da semente, existem dados de pesquisa mostrando que esta prática não trouxe ganhos significativos na germinação das sementes, sendo portanto uma prática não recomendada, uma vez que aumenta o custo de produção das mudas. Implantação do viveiro O viveiro deve ser instalado em área de topografia plana, próximo da fonte de água, em local ventilado, de fácil acesso, longe de coqueirais velhos e doentes, além disso deve-se preferir locais com solos de textura média a arenosa e bem drenados. Dimensões do canteiro O canteiro deve ter entre 1,0 e 1,5 m de largura, 15 cm de profundidade e comprimento variável, em função do número de sementes e tamanho da área. Recomenda-se deixar um espaço entre os canteiros de 0,5m para facilitar o trânsito de pessoas no viveiro. Além disso, o viveiro deve ser instalado a pleno sol, sem necessidade de cobertura. Posição das sementes As sementes são colocadas no viveiro, na posição vertical, com a região de inserção no cacho, voltada para cima. Alguns autores recomendam a colocação das sementes na posição horizontal, entretanto, pesquisadores observaram que a utilização de sementes na posição vertical, apresentaram vantagens, como: maior facilidade de transporte, redução do problema de quebra de coleto, dispensa o entalhe, permite maior número de sementes/m², possibilita melhor centralização da muda na cova, favorece um maior enraizamento da planta no campo e permite o plantio da muda em maior profundidade. Um problema seria um maior gasto com mão de obra para "equilibrar" a semente na posição vertical. Irrigação As sementes no viveiro necessitam de cerca de 6 a 7mm de água por dia, isto corresponde a 6 a 7 litros de água/m²/dia. Recomenda-se que a irrigação seja diária e em dois turnos, de manhã e a tarde.
  • 37. 37 Descarte de sementes e mudas Pesquisadores mostraram que existem uma correlação entre início de germinação e precocidade de produção. Neste sentido, recomenda-se eliminar as sementes que não germinarem até 120 dias após o plantio. Nesta oportunidade elimina-se também as mudas raquíticas, deformadas, estioladas, albinas e de aspecto ruim. Todo o material descartado deve ser queimado. Tipos de produção de mudas Basicamente existe duas maneiras de se produzir as mudas do coqueiro, 1- coloca-se a semente no germinador, deste para o viveiro e depois para o campo, ou 2- a semente fica no germinador e depois vai para o campo. O mais utilizado em Rondônia e de uso mais frequente atualmente juntos aos cocoiculturores do Brasil é o segundo método que permite um menor gasto com mão de obra, leva-se uma muda mais jovem para o campo, facilitando o seu pegamento. A seguir detalharemos os dois métodos. Produção de mudas: Germinador – Viveiro - Campo. Este método consiste na produção de mudas que passam por duas fases antes de ir para o local definitivo. Na primeira, as sementes são colocadas para germinar e depois repicadas no viveiro. Germinador: nesta fase as sementes são distribuídas no canteiro na densidade de 25 a 30 sementes/m² e cobertas com 2/3 de sua altura com terra. Em seguida, na medida do possível, cobre-se o 1/3 restante com palha de arroz ou serragem. As sementes iniciam a germinação entre 40 e 60 dias após o plantio no germinador. Quando a brotação apresentar cerca de 15 cm deve ser repicada para o viveiro. Viveiro: no viveiro, o solo deve ser preparado com antecedência, utilizando-se o método tradicional, 1 aração e 2 gradagens. Além disso, recomenda-se fazer a análise de solo e se necessário fazer a calagem do solo. A área deverá ser piqueteada, num espaçamento de 60 x 60cm, em triângulo equilátero, para se realizar a repicagem das mudas. Estas deverão ser plantadas, se possível, em dias nublados, tendo as raízes cortadas a 2 cm da semente. A repicagem deve ser feita tomando-se o cuidado de não enterrar o coleto da planta. As mudas permanecerão no viveiro por 4 a 5 meses. Por ocasião do transplantio eliminam-se as mudas raquíticas, com poucas folhas e que apresentarem baixo desenvolvimento. Neste método produz-se 3 mudas/m² de canteiro. Produção de mudas: Germinador – Campo. Este método consiste na produção de mudas do germinador direto para o campo. As sementes são distribuídas nos canteiros na densidade de 15 sementes/m² e também cobertas com 2/3 da sua altura com terra, e o restante com palha de arroz ou serragem. As mudas permanecerão no germinador por 5 a 7 meses quando, também, deve-se fazer um descarte das mudas mais fracas. Neste método produz-se de 10 a 15 mudas/ m² de canteiro. Padrão da muda A muda de boa qualidade é ereta, com 4 a 6 folhas, altura de 50 a 70 cm, mais de 11 cm de diâmetro do coleto, cor uniforme, sem deformações e ausência de sintomas de ataques de pragas e doenças.
  • 38. 38 Adubação Sementeira Quando se opta pelo método germinador-campo, o solo deste germinador deve ser adubado, para isso geralmente, aplica-se em solos pobres, por m², antes de se colocar as sementes, 5 litros de esterco de curral curtido, 200 g de superfosfato simples, 100g de cloreto de potássio, 5 gramas de FTE BR 12 (micronutrientes) e calcário, na quantidade a ser calculada, conforme resultado da análise de solo. Após esta adubação deve-se fazer uma incorporação deste material, a 5 cm de profundidade. Viveiro Caso se opte pelo sistema germinador-viveiro-campo, o solo do germinador não precisa ser adubado, mas, sim o solo do viveiro. Neste sentido, deve-se aplicar por planta a quantidade de 30 gramas de uréia, 60 gramas de superfosfato simples e 30 gramas de cloreto de potássio, esta adubação deverá ser aplicada 30 dias após a repicagem das mudas. Após 60 dias aplica-se 50 gramas de uréia mais 30 gramas de cloreto de potássio. Tratos culturais Controle de plantas daninhas O viveiro deve ser mantido livre de plantas daninhas, pois, algumas são hospedeiras de insetos vetores ou de fonte de inoculo de doenças do coqueiro. O controle deve ser realizado dentro do viveiro e numa faixa de no mínimo 10 metros de largura ao redor das plantas. Os herbicidas recomendados para a cultura são: Paraquat dicloreto (extremamente tóxico) e Gliphosato (altamente tóxico). Controle de pragas e doenças Para obtenção de mudas de bom padrão, necessário se faz o monitoramento periódico das mudas visando identificar o ataque de pragas e doenças e realizar o seu controle. COVA A cova de plantio deve ter as dimensões de 0,80 x 0,80 x 0,80 m, para solos arenosos e 0,60 m x 0,60 m x 0,80 m para solos argilo-arenosos, Estas covas podem ser abertas manualmente ou com broca acoplada ao trator com bitola de 50 cm, terminando-se a abertura, com o auxílio de uma pá reta, por exemplo, para chegar às dimensões desejadas evitando-se o espelhamento (compactação das paredes da cova). Deve-se separar a terra retirada dos primeiros 40cm da cova e misturar com 800 g de superfosfato simples + 30 a 50 litros de esterco bovino + 30 g de FTE BR 12 (ou 20 gramas de bórax + 20 gramas de sulfato de cobre). Esta recomendação de adubação refere-se a solos de baixa fertilidade; em solos mais férteis deve-se fazer uma redução proporcional à fertilidade. Plantio Realizar o plantio 30 dias após o enchimento das covas. O plantio deve ser feito de preferência em dias nublados e no início do período chuvoso. As mudas devem ter suas raízes podadas, ficando com dois cm de comprimento, e ser colocadas no centro da cova, cobertas