Um papo no Cafofo do Artista sobre pensamento, política, sociedade e os novos suportes em arte. Mais em https://www.youtube.com/watch?v=0GAxtfEB3hA&list=UUfxDDkznGCzR-Ydk6MqaerQ
1. Opinião Reflexiva
Uma conversa sobre poéticas artísticas,
discussão de pensamentos sociais e políticos e
novas possibilidades na arte
2. ● Qual é sua poética em arte?
→ Em quem consiste esta poética, quais as
bases que tem tomado para criar seu
pensamento?
→ Quais suas referências históricas diante de
um quadro em constante mudança
tecnológica?
→ Sua arte deve se prestar a que?
→ Como tem visto a arte atualmente?
12. E viva o sufrágio universal
e o naufrágio do homem
13. Até aí tá fácil, né?!
● Todos concordamos que as imagens vistas são bem familiares a
nós?
● Tem algum período que se familiarize e beba de sua poética?
● O que houve no oriente?
● A África (estou falando do continente, sim, o mesmo continente onde
está o Egito) subsaariana ocorreu o que além da escravidão?
● Você acredita que a universidade formou uma opinião ampla sua ou
restringiu sua visão a um eurocentrismo?
16. Leandro Joaquim, Vista da Lagoa do Boqueirão e Aqueduto de Santa Teresa,
1790
óleo sobre tela, 86x105 cm, Museu Histórico Nacional
● Retrato do cotidiano? Ou uma propaganda do governo mostrando uma obra
pública?
● Os arcos da Lapa existem até hoje, porém numa paisagem diferente, mais
modernizada.
● Alto/esquerdo da tela podemos reparar o convento (a religião ocupa um
lugar importante na cena, o alto, como falado anteriormente da obra de
Pedro Américo, Tiradentes Esquartejado, 1893.
● Centro da composição temos os arcos, a obra de engenharia da época.
● Logo abaixo a lagoa do Boqueirão e pessoas que se divertem nela.
● Parece haver grande harmonia entre os personagens da cena.
22. José Correia de Lima
● O retrato do primeiro herói negro em 1853:
● O Rio de Janeiro; Sua História, Monumentos, Homens Notáveis,
Usos e Curiosidades, Moreira de Azevedo, 1877:
“Naufragando em 09 de outubro de 1853 o vapor Pernambucana ao
sul da Laguna, morreram 28 pessoas, salvaram-se 42, e destas 13
deveram sua vida ao intrépido marinheiro Simão, que treze vezes
transpôs a nado as ondas, venceu insuperáveis perigos, expôs-se à
morte conseguindo arrancar das profundezas do mar, entre outros,
um cego, um militar que tinha uma perna a menos...”
23. Pedro Américo, A Batalha de Avahy, 1877
óleo sobre tela 6x11m
Museu Nacional de Belas Artes
24. Pedro AMÉRICO, Paz e Concórdia, 1895
40x62cm
Museu de Arte de São Paulo - MASP
26. Modesto Brocos
● Talvez a obra seja um marco no processo de miscigenação e eugenia traduzida pelo
espanhol Modesto Brocos.
● 1859 – Charlles Darwin lança seu livro; Origem da Espécies, onde ele trata da questão
da seleção natural (ambiente seleciona espécies mais adaptadas)
● Surge a teoria (ATENÇÃO!!! Não é uma teoria criada por Darwin) Darwinismo social;
→ Defende a superioridade da raça branca europeia
→ A raça branca é a portadora do conhecimento e esta deverá levá-lo às raças
inferiores; negros e índios
→ Defende que grupos populacionais mais desenvolvidos devem dominar grupos
populacionais menos desenvolvidos, ou socialmente inferiores
→ Defende ainda como “fardo” do europeu levar cultura aos selvagens
27.
28. Anita Malfatti
●
Principal figura do movimento de arte moderna e da semana de 22 (1922).
● Uma das maiores promessas da vanguarda de arte no Brasil, trazia da Europa uma vasta bagagem do aprendizado alemão.
●
1918 – expões trabalhos na rua Libero Badaró junto com amigos americanos; trazia um ar de novidade internacional e com
isso Monteiro Lobato, um crítico de arte da época emite a seguinte crítica no jornal O Estado de São Paulo; “A respeito da
exposição Malfatti”
“Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas(..) A outra espécie é formada pelos que
veem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes,
surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...) Embora eles se deem como novos, precursores de uma arte a vir,
nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranoia e com a mistificação.(...) Essas
considerações são provocadas pela exposição da senhora. Malfatti onde se notam acentuadíssimas tendências para uma
atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia”.
29. ● E foi assim que Monteiro Lobato deu fim a carreira de Anita Malfatti; a
elite paulistana recusou seus trabalhos depois de dada a crítica.
● O nacionalismo exacerbado de Monteiro Lobato não permitiu que ele
visse além de estrangeirismos na obra de Malfatti, para ele, Anita não
trazia o novo “brasileiríssimo” e sim modismos da velha Europa.
● Para Lobato a obra deveria prestar-se ao senso histórico, ao
nacionalismo e ir além de sua plástica, a obra deveria ter premissas
ideológicas. Pouco depois o mesmo Monteiro Lobato fora acusado até de
nazista devido ao seu extremo nacionalismo.
● Devemos lembrar que na Europa os movimentos do cubismo, futurismo e
expressionismo sofriam com as críticas em sua maioria.
30. ● E houve mais críticas de Monteiro Lobato;
“Teorizam aquilo com grande dispêndio de palavreado técnico, descobrem
na tela intenções inacessíveis ao vulgo, justificam-nas com independência
de interpretação do artista; a conclusão é que o público é uma besta e eles,
os entendidos, um grupo genial de iniciados nas transcendências sublimes
duma Estética Superior.”
● E quanto ao público que visita a exposição segue a crítica;
“Nenhuma impressão de prazer ou de beleza denunciam as caras; em
todas se lê o desapontamento de quem está incerto, duvidoso de si próprio
e dos outros, incapaz de raciocinar e muito desconfiado de que o
mistificaram grosseiramente.”
● Quanto a Anita; sua expressão era a estranheza, a opressão e a vergonha;
traços característicos do expressionismo e nos perguntamos diante do
quadro; - E é amarelo por quê? Por que, meu deus? - é amarelo porque
assim o é e será e pessoas erradas são assim. “É a humanidade exilada de
sua condição humana.” - Rafael Cardoso, Arte Brasileira em 25 quadros,
Record, pag. 179.
31. Vicente do Rego Monteiro, Atirador de Arcos, 1925
óleo sobre tela, 65x81cm
Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife
32.
33.
34. E aí; você acredita em que tipo de
arte?
● Isso não é um bombardeio sobre suas poéticas
artísticas!
● Isso não é uma transformação sobre seu jeito de
ver política!
● Isso não é um jeito de dar uma nó em sua cabeça!
● Afinal; em que arte acredita. Na que se pendura
na parede ou enfeita o centro de uma
sala/galeria?
36. ● O quadro inalcançável do museu e o tão fácil muro de pular do grafite.
● Clamamos por Tarsílas, Oswalds, Di Cavalcantis, Portinaris; nós ou a
elite. A periferia continua a produzir seus grafites, sambas e
movimentos culturais; quem parou foi a elite. Passamos pela
imbecilização da elite?
● A cultura de massa que tanto falamos; parte do povo ou da elite
dominadora de mídias que massifica isso ao povo?
● Cynara Menezes, autora do blog Socialista Morena;
“...Com a diferença de que, para eles, não será só uma paixão
intelectual. Sentiram na pele o que estão falando. Escreverão com as
vísceras. E é essa, para mim, a melhor definição de arte, sempre:
aquela que vem das vísceras.”