SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  10
Do outro lado, o pondo de vista
realista estava baseado na ideia
de poder. O ideal utópico, que
ignorava a política de balanço
do poder entre Estados, não
corresponderia a uma percepção
correta da realidade
internacional. A partir de uma
visão pessimista da natureza
humana, o realismo analisa a
política como confronto de interesses em função do poder. O
conceito-chave é o de Estado-nação, que representa o
elemento básico das relações internacionais e, na luta pelo
poder, a moralidade deve estar subordinada aos interesses
políticos.
Os céticos olham com desconfiança para a globalização enfatizando o
predomínio do Estado nacional e do poder: “frequentemente associado a essa
postura cética está um sólido apego a uma ontologia essencialmente marxista
ou realista”. (Held e McGrew, 2002, p. 16). A ordem internacional - sob a
égide cética -, ao estar associada à atuação das nações econômica e
militarmente mais poderosa, dependeria das políticas e preferências das
grandes potências.
Os globalistas, por sua vez, salientam que, no novo cenário internacional, o
conceito de soberania, autonomia e legitimidade do Estado está perdendo
força. O Estado-nação está declinando em áreas do multilateralismo entre
países: “três aspectos tendem a ser identificados na literatura globalista: a
transformação dos padrões dominantes da organização socioeconômica, a do
principio territorial e a do poder. Ao fazer desaparecer as limitações do espaço
e do tempo nos padrões de interação social, a globalização cria a possibilidade
de novas formas de organização social transnacional” (Held e McGrew, 2002,
p. 21).
O debate deverá continuar nas
próximas décadas. A realidade
mundial, entretanto, seguirá o
seu curso, obrigando a repensar
os conceitos teóricos e a
reformular as teorias das
relações internacionais, como de
fato está ocorrendo desde o
tristemente famoso 11 de
setembro de 2001.
O cenário atual, independentemente do que venha a ocorrer em um futuro mais ou
menos próximo, é de um mundo construído com base em Estados-nações. Tal como
comentava Fernando Henrique Cardoso, por ocasião da sua visita à Rússia em
janeiro de 2002, “a economia está globalizada, mas a política não” (O Estado de
S.Paulo, 16/1/2002, p.A3).
A mesma opinião manifestou George Kennan, experiente diplomata americano ao ser
indagado pela revista Veja (10/12/97) sobre o que significava globalização: “Para mim
nada. No sentido comercial e financeiro hoje há comunicações mais eficientes entre
países do que em outros tempos. No campo político, ainda estamos longe disso. Graças
a Deus! É uma boa política temer qualquer tipo de arranjo que se pretenda global. Sou
a favor dos arranjos regionais, porque são os que realmente funcionam. Portanto, não
vejo nada de novo que justifique o uso e abuso de palavras pomposas para descrever a
presente situação internacional”.
Um último comentário de Joseph Nye, diretor da Kennedy School of Government, de
Harvard, escrevendo a respeito do poderio americano no novo século, confirma os
pontos de vista citados anteriormente: “A revolução na informação, a mudança
tecnológica e a globalização não deverão substituir o Estado-nação, porém deverão
contribuir para complicar os atores e questões no mundo político” (The Economist,
23/3/2002, p. 25).
Debate entre globalistas e céticos sobre o declínio do Estado-nação

Contenu connexe

Tendances

O Fenómeno da Globalização
O Fenómeno da GlobalizaçãoO Fenómeno da Globalização
O Fenómeno da GlobalizaçãoMichele Pó
 
A revolução técnico científico-informacional como base da globalização
A revolução técnico científico-informacional como base da globalizaçãoA revolução técnico científico-informacional como base da globalização
A revolução técnico científico-informacional como base da globalizaçãoAndersonSousa873016
 
População europeia
População europeiaPopulação europeia
População europeiaAndré Aleixo
 
O processo de industrialização e urbanização do Brasil
O processo de industrialização e urbanização do BrasilO processo de industrialização e urbanização do Brasil
O processo de industrialização e urbanização do BrasilCristina Soares
 
Globalização cultural
Globalização culturalGlobalização cultural
Globalização culturalJessie1r98
 
Aula Geopolitica
Aula GeopoliticaAula Geopolitica
Aula GeopoliticaItalo Alan
 
Vantagens e desvantagens da globalização
Vantagens e desvantagens da globalizaçãoVantagens e desvantagens da globalização
Vantagens e desvantagens da globalizaçãoZé Stinson
 
Demografia
DemografiaDemografia
Demografiardbtava
 
1 globalização
1 globalização1 globalização
1 globalizaçãomanuela3016
 

Tendances (20)

O Fenómeno da Globalização
O Fenómeno da GlobalizaçãoO Fenómeno da Globalização
O Fenómeno da Globalização
 
A revolução técnico científico-informacional como base da globalização
A revolução técnico científico-informacional como base da globalizaçãoA revolução técnico científico-informacional como base da globalização
A revolução técnico científico-informacional como base da globalização
 
Guerra fria e o mundo bipolar
Guerra fria e o mundo bipolarGuerra fria e o mundo bipolar
Guerra fria e o mundo bipolar
 
Globalização
GlobalizaçãoGlobalização
Globalização
 
Globalização
GlobalizaçãoGlobalização
Globalização
 
26. conflitos no oriente médio
26. conflitos no oriente médio26. conflitos no oriente médio
26. conflitos no oriente médio
 
Migrações
MigraçõesMigrações
Migrações
 
População europeia
População europeiaPopulação europeia
População europeia
 
Globalização
GlobalizaçãoGlobalização
Globalização
 
O processo de industrialização e urbanização do Brasil
O processo de industrialização e urbanização do BrasilO processo de industrialização e urbanização do Brasil
O processo de industrialização e urbanização do Brasil
 
Terrorismo no século xxi
Terrorismo no século xxiTerrorismo no século xxi
Terrorismo no século xxi
 
Fome
FomeFome
Fome
 
Globalização cultural
Globalização culturalGlobalização cultural
Globalização cultural
 
Aula Geopolitica
Aula GeopoliticaAula Geopolitica
Aula Geopolitica
 
Vantagens e desvantagens da globalização
Vantagens e desvantagens da globalizaçãoVantagens e desvantagens da globalização
Vantagens e desvantagens da globalização
 
Mundialização e globalização
Mundialização e globalizaçãoMundialização e globalização
Mundialização e globalização
 
Mundo Bipolar
Mundo BipolarMundo Bipolar
Mundo Bipolar
 
Demografia
DemografiaDemografia
Demografia
 
Globalização
GlobalizaçãoGlobalização
Globalização
 
1 globalização
1 globalização1 globalização
1 globalização
 

En vedette

Globalização Aspetos Económicos, Financeiros, Culturais
Globalização Aspetos Económicos, Financeiros, CulturaisGlobalização Aspetos Económicos, Financeiros, Culturais
Globalização Aspetos Económicos, Financeiros, CulturaisBruno Pinto
 
Sociologia - Globalização
Sociologia   - Globalização Sociologia   - Globalização
Sociologia - Globalização Carmem Rocha
 
Globalização modulo4
Globalização modulo4Globalização modulo4
Globalização modulo4PTAI
 
Cultura Global ou Globalização das Culturas
Cultura Global ou Globalização das CulturasCultura Global ou Globalização das Culturas
Cultura Global ou Globalização das CulturasJorge Barbosa
 
Globalização - Ricardo
Globalização - RicardoGlobalização - Ricardo
Globalização - RicardoTurmaD
 
Globalização sociologia
Globalização   sociologiaGlobalização   sociologia
Globalização sociologiavozativaasd
 
Globalização historia
Globalização   historiaGlobalização   historia
Globalização historiaRute Teles
 
Brasil, Globalização e a Nova Ordem Mundial
Brasil, Globalização e a Nova Ordem MundialBrasil, Globalização e a Nova Ordem Mundial
Brasil, Globalização e a Nova Ordem MundialCristiane Freitas
 
O Papel das Organizações Internacionais
O Papel das Organizações InternacionaisO Papel das Organizações Internacionais
O Papel das Organizações InternacionaisJorge Barbosa
 
Slide GlobalizaçãO
Slide GlobalizaçãOSlide GlobalizaçãO
Slide GlobalizaçãOrsaloes
 
Política de remuneração das forças armadas
Política de remuneração das forças armadasPolítica de remuneração das forças armadas
Política de remuneração das forças armadasRicardo Montedo
 

En vedette (20)

Globalização Aspetos Económicos, Financeiros, Culturais
Globalização Aspetos Económicos, Financeiros, CulturaisGlobalização Aspetos Económicos, Financeiros, Culturais
Globalização Aspetos Económicos, Financeiros, Culturais
 
GLOBALIZAÇÃO CULTURAL
GLOBALIZAÇÃO CULTURALGLOBALIZAÇÃO CULTURAL
GLOBALIZAÇÃO CULTURAL
 
Sociologia - Globalização
Sociologia   - Globalização Sociologia   - Globalização
Sociologia - Globalização
 
Globalização
GlobalizaçãoGlobalização
Globalização
 
Globalização modulo4
Globalização modulo4Globalização modulo4
Globalização modulo4
 
Globalização
GlobalizaçãoGlobalização
Globalização
 
Cultura Global ou Globalização das Culturas
Cultura Global ou Globalização das CulturasCultura Global ou Globalização das Culturas
Cultura Global ou Globalização das Culturas
 
GLOBALIZAÇÃO
GLOBALIZAÇÃOGLOBALIZAÇÃO
GLOBALIZAÇÃO
 
Globalização - Ricardo
Globalização - RicardoGlobalização - Ricardo
Globalização - Ricardo
 
Globalização
GlobalizaçãoGlobalização
Globalização
 
Globalização sociologia
Globalização   sociologiaGlobalização   sociologia
Globalização sociologia
 
Globalização econômica
Globalização  econômicaGlobalização  econômica
Globalização econômica
 
Globalização historia
Globalização   historiaGlobalização   historia
Globalização historia
 
Brasil, Globalização e a Nova Ordem Mundial
Brasil, Globalização e a Nova Ordem MundialBrasil, Globalização e a Nova Ordem Mundial
Brasil, Globalização e a Nova Ordem Mundial
 
O Papel das Organizações Internacionais
O Papel das Organizações InternacionaisO Papel das Organizações Internacionais
O Papel das Organizações Internacionais
 
Organizações Internacionais
Organizações InternacionaisOrganizações Internacionais
Organizações Internacionais
 
Slide GlobalizaçãO
Slide GlobalizaçãOSlide GlobalizaçãO
Slide GlobalizaçãO
 
Globalização
GlobalizaçãoGlobalização
Globalização
 
Política de remuneração das forças armadas
Política de remuneração das forças armadasPolítica de remuneração das forças armadas
Política de remuneração das forças armadas
 
GLOBALIZAÇÃO
GLOBALIZAÇÃOGLOBALIZAÇÃO
GLOBALIZAÇÃO
 

Similaire à Debate entre globalistas e céticos sobre o declínio do Estado-nação

Crise Mundial e Interdependência nas Relações Internacionais, por Robson Coel...
Crise Mundial e Interdependência nas Relações Internacionais, por Robson Coel...Crise Mundial e Interdependência nas Relações Internacionais, por Robson Coel...
Crise Mundial e Interdependência nas Relações Internacionais, por Robson Coel...Robson Valdez
 
O EXERCÍCIO DO PODER E DA LIDERANÇA INTERNACIONAL NO SÉCULO XXI
O EXERCÍCIO DO PODER E DA LIDERANÇA INTERNACIONAL NO SÉCULO XXI O EXERCÍCIO DO PODER E DA LIDERANÇA INTERNACIONAL NO SÉCULO XXI
O EXERCÍCIO DO PODER E DA LIDERANÇA INTERNACIONAL NO SÉCULO XXI Johnny Kallay
 
Cadernos Opção Socialista - Edição 2
Cadernos Opção Socialista - Edição 2Cadernos Opção Socialista - Edição 2
Cadernos Opção Socialista - Edição 2Sofia Cavedon
 
Duas perspectivas de mundo: relações exteriores do Brasil entre1995 e 2006
Duas perspectivas de mundo: relações exteriores do Brasil entre1995 e 2006Duas perspectivas de mundo: relações exteriores do Brasil entre1995 e 2006
Duas perspectivas de mundo: relações exteriores do Brasil entre1995 e 2006Nina Santos
 
Geopolítica e o poder(3)
Geopolítica e o poder(3)Geopolítica e o poder(3)
Geopolítica e o poder(3)CIRINEU COSTA
 
10 hans morgenthau
10  hans morgenthau10  hans morgenthau
10 hans morgenthauRafael Pons
 
Artigo Pucminas Gustavo Servilha
Artigo Pucminas Gustavo ServilhaArtigo Pucminas Gustavo Servilha
Artigo Pucminas Gustavo Servilhaguest23053a
 
Diplomacia e Rel. Internacionais, por Alex Terra e Wagner Muniz, UERJ.pptx
Diplomacia e Rel. Internacionais, por Alex Terra e Wagner Muniz, UERJ.pptxDiplomacia e Rel. Internacionais, por Alex Terra e Wagner Muniz, UERJ.pptx
Diplomacia e Rel. Internacionais, por Alex Terra e Wagner Muniz, UERJ.pptxWagner Muniz
 
Realismo nas Relações Internacionais e sua cronologia
Realismo nas Relações Internacionais e sua cronologia Realismo nas Relações Internacionais e sua cronologia
Realismo nas Relações Internacionais e sua cronologia Sarah Silva
 
Instituições e desenvolvimento econômico na abordagem do excedente
Instituições e desenvolvimento econômico na abordagem do excedenteInstituições e desenvolvimento econômico na abordagem do excedente
Instituições e desenvolvimento econômico na abordagem do excedenteGrupo de Economia Política IE-UFRJ
 
Caos nas relações internacionais contemporâneas
Caos nas relações internacionais contemporâneasCaos nas relações internacionais contemporâneas
Caos nas relações internacionais contemporâneasFernando Alcoforado
 
omp,+Gerenciar+editora,+Livro_Gepolítica___19_05_2021___versão_1 (1).pdf
omp,+Gerenciar+editora,+Livro_Gepolítica___19_05_2021___versão_1 (1).pdfomp,+Gerenciar+editora,+Livro_Gepolítica___19_05_2021___versão_1 (1).pdf
omp,+Gerenciar+editora,+Livro_Gepolítica___19_05_2021___versão_1 (1).pdfPablo Mereles
 

Similaire à Debate entre globalistas e céticos sobre o declínio do Estado-nação (13)

Crise Mundial e Interdependência nas Relações Internacionais, por Robson Coel...
Crise Mundial e Interdependência nas Relações Internacionais, por Robson Coel...Crise Mundial e Interdependência nas Relações Internacionais, por Robson Coel...
Crise Mundial e Interdependência nas Relações Internacionais, por Robson Coel...
 
1963 3442-1-pb
1963 3442-1-pb1963 3442-1-pb
1963 3442-1-pb
 
O EXERCÍCIO DO PODER E DA LIDERANÇA INTERNACIONAL NO SÉCULO XXI
O EXERCÍCIO DO PODER E DA LIDERANÇA INTERNACIONAL NO SÉCULO XXI O EXERCÍCIO DO PODER E DA LIDERANÇA INTERNACIONAL NO SÉCULO XXI
O EXERCÍCIO DO PODER E DA LIDERANÇA INTERNACIONAL NO SÉCULO XXI
 
Cadernos Opção Socialista - Edição 2
Cadernos Opção Socialista - Edição 2Cadernos Opção Socialista - Edição 2
Cadernos Opção Socialista - Edição 2
 
Duas perspectivas de mundo: relações exteriores do Brasil entre1995 e 2006
Duas perspectivas de mundo: relações exteriores do Brasil entre1995 e 2006Duas perspectivas de mundo: relações exteriores do Brasil entre1995 e 2006
Duas perspectivas de mundo: relações exteriores do Brasil entre1995 e 2006
 
Geopolítica e o poder(3)
Geopolítica e o poder(3)Geopolítica e o poder(3)
Geopolítica e o poder(3)
 
10 hans morgenthau
10  hans morgenthau10  hans morgenthau
10 hans morgenthau
 
Artigo Pucminas Gustavo Servilha
Artigo Pucminas Gustavo ServilhaArtigo Pucminas Gustavo Servilha
Artigo Pucminas Gustavo Servilha
 
Diplomacia e Rel. Internacionais, por Alex Terra e Wagner Muniz, UERJ.pptx
Diplomacia e Rel. Internacionais, por Alex Terra e Wagner Muniz, UERJ.pptxDiplomacia e Rel. Internacionais, por Alex Terra e Wagner Muniz, UERJ.pptx
Diplomacia e Rel. Internacionais, por Alex Terra e Wagner Muniz, UERJ.pptx
 
Realismo nas Relações Internacionais e sua cronologia
Realismo nas Relações Internacionais e sua cronologia Realismo nas Relações Internacionais e sua cronologia
Realismo nas Relações Internacionais e sua cronologia
 
Instituições e desenvolvimento econômico na abordagem do excedente
Instituições e desenvolvimento econômico na abordagem do excedenteInstituições e desenvolvimento econômico na abordagem do excedente
Instituições e desenvolvimento econômico na abordagem do excedente
 
Caos nas relações internacionais contemporâneas
Caos nas relações internacionais contemporâneasCaos nas relações internacionais contemporâneas
Caos nas relações internacionais contemporâneas
 
omp,+Gerenciar+editora,+Livro_Gepolítica___19_05_2021___versão_1 (1).pdf
omp,+Gerenciar+editora,+Livro_Gepolítica___19_05_2021___versão_1 (1).pdfomp,+Gerenciar+editora,+Livro_Gepolítica___19_05_2021___versão_1 (1).pdf
omp,+Gerenciar+editora,+Livro_Gepolítica___19_05_2021___versão_1 (1).pdf
 

Plus de Rodolfo Ferreira de Oliveira (20)

Preconceito Linguístico
Preconceito LinguísticoPreconceito Linguístico
Preconceito Linguístico
 
Um Tubarão Gigantesco do Cretáceo Inferior na Formação do Duck Creek do Texas.
Um Tubarão Gigantesco do Cretáceo Inferior na Formação do Duck Creek do Texas.Um Tubarão Gigantesco do Cretáceo Inferior na Formação do Duck Creek do Texas.
Um Tubarão Gigantesco do Cretáceo Inferior na Formação do Duck Creek do Texas.
 
O olhar imperial e a invenção da África
O olhar imperial e a invenção da ÁfricaO olhar imperial e a invenção da África
O olhar imperial e a invenção da África
 
Marie Curie
Marie CurieMarie Curie
Marie Curie
 
Estrelas
EstrelasEstrelas
Estrelas
 
Fungos
FungosFungos
Fungos
 
Café
CaféCafé
Café
 
Origem e evolução do ser humano
Origem e evolução do ser humanoOrigem e evolução do ser humano
Origem e evolução do ser humano
 
Cabo Verde
Cabo VerdeCabo Verde
Cabo Verde
 
Conhecimento Empírico
Conhecimento EmpíricoConhecimento Empírico
Conhecimento Empírico
 
Feitorias
FeitoriasFeitorias
Feitorias
 
O trabalho escravo no brasil
O trabalho escravo no brasilO trabalho escravo no brasil
O trabalho escravo no brasil
 
As Leis de Newton
As Leis de NewtonAs Leis de Newton
As Leis de Newton
 
A linguagem visual
A linguagem visualA linguagem visual
A linguagem visual
 
Gametogênese
GametogêneseGametogênese
Gametogênese
 
Células tronco embrionárias
Células tronco embrionáriasCélulas tronco embrionárias
Células tronco embrionárias
 
Raça e etnia
Raça e etniaRaça e etnia
Raça e etnia
 
Tecido Conjuntivo
Tecido ConjuntivoTecido Conjuntivo
Tecido Conjuntivo
 
Unidade
UnidadeUnidade
Unidade
 
Movimento uniforme
Movimento uniformeMovimento uniforme
Movimento uniforme
 

Dernier

Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfFrancisco Márcio Bezerra Oliveira
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecniCleidianeCarvalhoPer
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médiorosenilrucks
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxkellyneamaral
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 

Dernier (20)

Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecni
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 

Debate entre globalistas e céticos sobre o declínio do Estado-nação

  • 1.
  • 2.
  • 3.
  • 4.
  • 5. Do outro lado, o pondo de vista realista estava baseado na ideia de poder. O ideal utópico, que ignorava a política de balanço do poder entre Estados, não corresponderia a uma percepção correta da realidade internacional. A partir de uma visão pessimista da natureza humana, o realismo analisa a política como confronto de interesses em função do poder. O conceito-chave é o de Estado-nação, que representa o elemento básico das relações internacionais e, na luta pelo poder, a moralidade deve estar subordinada aos interesses políticos.
  • 6.
  • 7. Os céticos olham com desconfiança para a globalização enfatizando o predomínio do Estado nacional e do poder: “frequentemente associado a essa postura cética está um sólido apego a uma ontologia essencialmente marxista ou realista”. (Held e McGrew, 2002, p. 16). A ordem internacional - sob a égide cética -, ao estar associada à atuação das nações econômica e militarmente mais poderosa, dependeria das políticas e preferências das grandes potências. Os globalistas, por sua vez, salientam que, no novo cenário internacional, o conceito de soberania, autonomia e legitimidade do Estado está perdendo força. O Estado-nação está declinando em áreas do multilateralismo entre países: “três aspectos tendem a ser identificados na literatura globalista: a transformação dos padrões dominantes da organização socioeconômica, a do principio territorial e a do poder. Ao fazer desaparecer as limitações do espaço e do tempo nos padrões de interação social, a globalização cria a possibilidade de novas formas de organização social transnacional” (Held e McGrew, 2002, p. 21).
  • 8. O debate deverá continuar nas próximas décadas. A realidade mundial, entretanto, seguirá o seu curso, obrigando a repensar os conceitos teóricos e a reformular as teorias das relações internacionais, como de fato está ocorrendo desde o tristemente famoso 11 de setembro de 2001. O cenário atual, independentemente do que venha a ocorrer em um futuro mais ou menos próximo, é de um mundo construído com base em Estados-nações. Tal como comentava Fernando Henrique Cardoso, por ocasião da sua visita à Rússia em janeiro de 2002, “a economia está globalizada, mas a política não” (O Estado de S.Paulo, 16/1/2002, p.A3).
  • 9. A mesma opinião manifestou George Kennan, experiente diplomata americano ao ser indagado pela revista Veja (10/12/97) sobre o que significava globalização: “Para mim nada. No sentido comercial e financeiro hoje há comunicações mais eficientes entre países do que em outros tempos. No campo político, ainda estamos longe disso. Graças a Deus! É uma boa política temer qualquer tipo de arranjo que se pretenda global. Sou a favor dos arranjos regionais, porque são os que realmente funcionam. Portanto, não vejo nada de novo que justifique o uso e abuso de palavras pomposas para descrever a presente situação internacional”. Um último comentário de Joseph Nye, diretor da Kennedy School of Government, de Harvard, escrevendo a respeito do poderio americano no novo século, confirma os pontos de vista citados anteriormente: “A revolução na informação, a mudança tecnológica e a globalização não deverão substituir o Estado-nação, porém deverão contribuir para complicar os atores e questões no mundo político” (The Economist, 23/3/2002, p. 25).