Saúde do Homem: Principais Problemas e Política Nacional
1. Disciplina: Gênero e Saúde
Professor: Rodrigo Abreu
Aula 04
SAÚDE DO HOMEM
Com o objetivo de ampliar o acesso dos homens aos serviços de saúde, o Ministério da Saúde
criou a Política Nacional de Saúde do Homem, em 2009.
A iniciativa foca os homens de 20 a 59 anos de idade, que correspondem a 41,3 % da
população masculina ou 20% do total da população, totalizando 2,5 milhões de brasileiros.
Além de criar mecanismos para melhorar a assistência a essa população, a meta do governo
federal é incentivar que eles procurem o serviço de saúde ao menos uma vez por ano, nas UBS
e UPAS.
EPIDEMIOLOGIA
A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Quando comparado com as
mulheres, o tempo de vida deles é 7,6 anos menor.
As doenças isquêmicas do coração, como o infarto do miocárdio, seguida das moléstias
cardiovasculares (como o Acidente Vascular Cerebral, o AVC), outras doenças cardíacas,
pneumonia, cirrose e diabetes estão entre as principais causas de mortes do sexo masculino.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata também está entre as
causas mais frequentes de mortes. O crescimento de óbitos por esse tipo de câncer cresceu
120%, entre 1979 e 2006, segundo o instituto.
Estudos comprovam que os homens são mais vulneráveis às doenças, especialmente as
enfermidades graves e crônicas. Essa ocorrência está ligada ao fato de que eles recorrem
menos frequentemente doque as mulheres aos serviços de atenção primária e procuram o
sistema de saúde quando os quadros já se agravaram.
PROBLEMAS MAIS COMUNS NO HOMEM
Algumas doenças são características da condição masculina ou possuem uma incidência maior
em homens. Portanto, enumeramos os principais problemas que podem colocar em risco a
saúde do homem.
1- Andropausa
A Andropausa não é uma doença, mas sim uma fase onde surgem alterações na vida do
homem, na faixa etária dos 50 aos 70 anos de idade. Deve-se ao fato de uma redução na
2. produção dos hormônios masculinos, provocando alterações sexuais e físicas, como
diminuição do desejo sexual e flacidez muscular.
Para atravessar melhor esta fase, o homem deve ter uma boa alimentação, praticar esportes,
ter um repouso adequado e, em alguns casos, um apoio psicoterápico.
2- Balanopostite (inflamação da glande e prepúcio)
Balanopostite é uma inflamação conjunta da glande e prepúcio, desencadeada por diversos
fatores. Os mais comuns são consequências de fenômenos irritativos como hábitos higiênicos
inadequados dos genitais, principalmente quando o paciente for portador de fi mose, e
excesso do prepúcio (a pele que envolve a glande). Portanto, para prevenção desta
inflamação, é recomendável uma higiene adequada do pênis e uso do preservativo.
3- Câncer de próstata
O câncer de próstata atinge grande parcela do sexo masculino acima dos 50 anos. A consulta
com o urologista, a partir dos 40 anos, é de extrema importância e deve ser feito o
acompanhamento contínuo, anualmente.
As taxas de PSA total devem ser inferiores a 2,5ng/dl. Valores superiores devem ser analisados
pelo seu médico. Alguns fatores podem contribuir para a prevenção do câncer de próstata e
de outros tipos de câncer, como não fumar; manter uma dieta saudável, rica em frutas,
legumes e cereais; evitar o consumo de carne vermelha e de alimentos gordurosos; e não
ingerir bebidas alcoólicas.
4- Fimose
É uma anomalia comum, que impede em maior ou menor grau, a exteriorização da glande
(extremidade do pênis), impossibilitando a higiene adequada e, em alguns casos, dificultando
o ato sexual.
Quando necessário, o tratamento é cirúrgico e simples.
5- Ginecomastia
Consiste no desenvolvimento excessivo das mamas nos homens. A ginecomastia pode ter
outras causas, além das hormonais e glandulares. Pode ser decorrente do consumo excessivo
de álcool, drogas ou certos tipos de medicamentos, como os corticóides. É também um
problema comum entre os idosos, devido à diminuição da produção dos hormônios
masculinos.
3. Depois de analisadas as causas primárias desta alteração, o médico avalia a necessidade ou
não de cirurgia. Em geral, é a opção mais indicada devido aos problemas psicológicos e sociais
que a ginecomastia costuma acarretar para o homem.
6- Hipertrofia Benigna da Próstata (HBP)
É bastante comum em homens acima dos 50 anos, sendo que sua incidência aumenta
progressivamente com a idade. Representa o crescimento nodular da próstata, causando
obstrução mecânica ao fluxo da urina, o que leva à dificuldade para urinar.
A urina estagnada na bexiga favorece o surgimento de infecção urinária e formação de
cálculos.
O tratamento da HPB pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo da avaliação médica.
7- Orquiepididimite
É a inflamação do testículo e do epidídimo (conduto ligado ao testículo).
Pode ser causado por vários agentes infecciosos ou por traumatismo. Também pode ocorrer
como uma complicação da caxumba, pois o vírus causador, além de instalar-se na glândulas
salivares, pode alojar-se nos testículos.
8- Varicocele
É o processo de dilatação das veias do testículo, semelhante àquele que ocorre nas pernas
(varizes). A varicocele pode ocorrer em qualquer um dos testículos, ou mesmo em ambos. A
varicocele, em geral, é indolor, mas dependendo do seu volume, pode causar dor, além de
infertilidade.
O tratamento da varicocele é cirúrgico.
9- Violência
O homem é mais vulnerável à violência, seja como autor, seja como vítima. Os homens
adolescentes e jovens são os que mais sofrem lesões e traumas devido a agressões, e as
agressões sofridas são mais graves e demandam maior tempo de internação, em relação à
sofrida pelas mulheres (Souza, 2005).
10- Alcoolismo e Tabagismo
Homens e mulheres bebem com frequências diferentes.
4. Este fenômeno também se observa na América Latina, conforme Relatório do Banco Mundial
(2002). Mas há certas características a serem observadas: os homens iniciam precocemente o
consumo de álcool, tendem a beber mais e a ter mais prejuízos em relação à saúde do que as
mulheres.
A prevalência de dependentes de álcool também é maior para o sexo masculino: 19,5% dos
homens são dependentes de álcool, enquanto 6,9% das mulheres apresentam dependência.
Segundo estes dados, para cada seis pessoas do sexo masculino que faz uso de álcool, uma
fica dependente. Entre as mulheres, esta proporção é 10:1(CEBRID, 2005).
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL A SAUDE DO HOMEM
Um dos principais objetivos desta Política é promover ações de saúde que contribuam
significativamente para a compreensão da realidade singular masculina nos seus diversos
contextos socioculturais e político-econômicos; outro, é o respeito aos diferentes níveis de
desenvolvimento e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de gestão. Este conjunto
possibilita o aumento da expectativa de vida e a redução dos índices de morbimortalidade por
causas preveníveis e evitáveis nessa população.
Vários estudos comparativos, entre homens e mulheres, têm comprovado o fato de que os
homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas, e que
morrem mais precocemente que as mulheres .
A despeito da maior vulnerabilidade e das altas taxas de morbimortalidade, os homens não
buscam, como as mulheres, os serviços de atenção básica.
Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, com regularidade, as
medidas de prevenção primária. A resistência masculina à atenção primária aumenta não
somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico
e emocional do paciente e de sua família, na luta pela conservação da saúde e da qualidade de
vida dessas pessoas.
Tratamentos crônicos ou de longa duração têm, em geral, menor adesão, visto que os
esquemas terapêuticos exigem um grande empenho do paciente que, em algumas
circunstâncias, necessita modificar seus hábitos de vida para cumprir seu tratamento. Tal
afirmação também é válida para ações de promoção e prevenção à saúde que requer, na
maioria das vezes, mudanças comportamentais.
Os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, cultivando o pensamento
mágico que rejeita a possibilidade de adoecer. Além disso, os serviços e as estratégias de
comunicação privilegiam as ações de saúde para a criança, o adolescente, a mulher e o idoso.
A Política de Atenção Integral à Saúde do Homem deve considerar a heterogeneidade das
possibilidades de ser homem. As masculinidades são construídas historicamente e sócio-
culturalmente, sendo a significação da masculinidade um processo em permanente
5. construção e transformação. O ser homem, assim como o ser mulher é constituído tanto a
partir do masculino como do feminino.
PRINCÍPIOS
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem objetiva orientar as ações e
serviços de saúde para a população masculina, com integralidade e equidade, primando pela
humanização da atenção.
DIRETRIZES
Como formulações que indicam as linhas de ação a serem seguidas pelo setor saúde, as
seguintes diretrizes devem reger a elaboração dos planos, programas, projetos e atividades.
Elas foram elaboradas tendo em vista a integralidade, factibilidade, coerência e viabilidade,
sendo norteadas pela humanização e a qualidade da assistência, princípios que devem
permear todas as ações.
1- A integralidade pode ser compreendida a partir de uma dupla perspectiva:
a. trânsito do usuário por todos os níveis da atenção, na perspectiva de uma linha de cuidado
que estabeleça uma dinâmica de referência e de contrareferência entre a atenção primária e
as de média e alta complexidade, assegurando a continuidade no processo de atenção;
b. compreensão sobre os agravos e a complexidade dos modos de vida e situação social do
indivíduo, a fim de promover intervenções sistêmicas que abranjam inclusive as
determinações sociais sobre a saúde e a doença.
2- Em relação à factibilidade foram consideradas a disponibilidade de recursos, tecnologia,
insumos técnico-científicos e estrutura administrativa e gerencial de modo a permitir em todo
o país, na prática, a implantação das ações delas decorrentes.
3- No que tange a coerência, as diretrizes que serão propostas estão baseadas nos princípios
anteriormente enunciados, estando compatível com os princípios do SUS.
4- A viabilidade da implementação desta Política estará diretamente relacionada aos três
níveis de gestão e do controle social, a quem se condiciona o comprometimento e a
possibilidade da execução das diretrizes.