Revista Cozinha Profissional - A Força da Marca - Março 2012)
Diário do comércio - Como construir uma marca que seja lembrada pelos consumidores - 11 jun 15
1. IMPRIMIR
/ GESTÃO
Como construir uma marca que
seja lembrada pelos consumidores
SÃO PAULO, 11 DE JUNHO DE 2015 ÀS 06:00 POR ITALO RUFINO
As empresas precisam ter mais do que um bom discurso para
cativar os clientes
A Heineken, uma das maiores cervejarias do mundo, é reconhecida por
suas ações de marketing e peças publicitárias – em 2014, a empresa foi
uma das finalistas do prêmio Caboré, promovido pelo
jornal especializado Meio & Mensagem.
A cervejaria, que atua no Brasil desde 2010, tem como concorrentes
grandes companhias, como Ambev e Brasil Kirin. Para se diferenciar
das marcas rivais, a Heineken passou a investir em ações
que proporcionam boas experiências aos consumidores para
transmitir os ideais da marca.
No ano passado, por exemplo, a empresa foi responsável pela
revitalização do Beco das Garrafas, em Copacabana, no Rio de
Janeiro. O reduto, formado por dois bares tradicionais da bossa-nova
carioca, viveu momentos áureos na década de 60, com shows de
artistas como Elis Regina, Wilson Simonal, Nara Leão e Jorge Ben.
Porém, na década de 80, o local entrou em decadência – um dos bares
virou um prostíbulo e o outro fechou as portas.
Após a reinauguração (foto no início dessa reportagem), em setembro
de 2014, o local foi reconhecido como Patrimônio Cultural da cidade
do Rio de Janeiro. Além da reforma, a cervejaria ainda ajudou na
curadoria de artistas que se apresentaram nos bares nos meses
seguintes (veja um documentário sobre o Beco das Garrafas abaixo).
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2. CHIARA MARTINI, DA HEINEKEN: AS EMPRESAS
PRECISAM MOSTRAR O SEU PONTO DE VISTA
“A Heineken acreditou que, além do valor histórico e cultural, o Beco
das Garrafas tinha coerência com os valores da marca, como música e
entretenimento”, afirma Chiara Martini, gerente de mídia e conteúdo
da cervejaria.
A exposição também foi relevante para a empresa. A ação gerou o
equivalente a cerca de R$ 6,3 milhões em mídia espontânea e muitas
postagens, fotos e comentários positivos nas redes sociais.
“Oferecer uma boa experiência
com conteúdo relevante pode
ser tão ou mais interessante do
que fazer propaganda de
produtos”, diz Marcelo Lenhard,
diretor da agência de live
marketing Hands, que
desenvolveu a campanha da
Heineken.
Lenhard também afirma que os
consumidores que vivem as
experiências propagam os ideais
da marca em seu círculo social.
“O que é mais eficiente do que
anúncios tradicionais, pois o
elogio virá de um amigo e não da
própria empresa.”
ATITUDES VALEM MAIS DO QUE PALAVRAS
Nos últimos anos, ganhou força um conceito que afirmar que, além de
investir em propagandas que emocionem, as empresas precisam
transformar o seu discurso em realidade. Essa tendência foi batizada
de storydoing.
“As empresas precisam desenvolver marcas que refletem a sua razão
de existência, que vão além de apenas entregar produtos e serviços”,
afirma Rodrigo Puga, sócio da consultoria de branding Top Brands.
“Essas empresas têm mais chances de cativar os consumidores.”
O QUE É UMA MARCA CORPORATIVA
Muito mais do que um nome ou logotipo estampado em um produto
ou numa fachada de loja ou fábrica, a marca sintetiza a expectativa do
consumidor em relação à empresa e gera valor aos seus produtos e
serviços.
De acordo com especialistas, atualmente, pequenas e médias
empresas têm acesso a tecnologias e processos industriais para
produzir produtos tão bons quanto os de grandes companhias. No
entanto, o que separa os dois segmentos é a força de suas marcas.
“Empresas com uma identidade consolidada transmitem confiança e
vendem também a sua credibilidade”, diz Puga. “E o consumidor está
3 Rebelde, prestativa
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sua marca?
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3. vendem também a sua credibilidade”, diz Puga. “E o consumidor está
disposto a pagar a mais por isso.”
Esse conceito pode ser facilmente percebido no mercado de bens de
consumo, em que há predominância de marcas tradicionais que
parecem imbatíveis, como o sabão em pó Omo ou a lâmina de barbear
Gillette. A marca é uma vantagem competitiva.
COMO CONSTRUIR UMA IDENTIDADE
O empreendedor precisa pensar na cultura da sua empresa. “Toda
empresa tem uma cultura, mas empresas de menor porte podem ter
dificuldade para identificar e organizar os seus valores”, afirma
Giancarlo Meneghini, diretor da consultoria de branding Ghana.
Para identificar esses pontos, o empreendedor pode fazer uma
pesquisa com diretores, funcionários operacionais e clientes de longa
data. Como eles veem a empresa? É uma organização rígida, formal e
com competitividade interna? Ou é flexível, despojada e com clima de
cooperação.
SAIBA MAIS: Tendências para construir marca em 2015
A empresa pode alinhar seus valores internos as expectativas de seus
clientes e as demandas do mercado em que atua. Neste momento, deve
deixar transparecer os pontos positivos da empresa. Uma indústria de
máquinas agrícolas, por exemplo, pode se posicionar como uma
empresa que honra fielmente seus prazos de entrega. Uma loja de
eletrônicos pode buscar ser reconhecida por causa de um
ótimo serviço de pós-venda.
Após formatar uma identidade, o empreendedor deve comunicar todos
os públicos que se relacionam com a empresa, como clientes,
funcionários e fornecedores. Conforme experimenta e acumula boas
experiências de compra, o consumidor passa a construir uma
percepção positiva da empresa, que conquista uma boa reputação.
Há também empresas que vão ainda mais longe e alinham sua marca a
causas nobres. É o caso da americana Tom Shoes, que vende sapatos.
A empresa foi fundada em 2006 pelo jovem texano Blake Mycoskie,
que ficou sensibilizado ao conhecer bairros da perifeira da Argentina,
onde crianças pobres andavam descalças.
Mycoskie, então, elaborou um modelo de negócio para fabricar
alpargatas e, com as sobras de material, desenvolver novos produtos
para doar para crianças carentes. Desde a fundação, a Tom Shoes tem
como marca distintiva a doação.
Uma empresa brasileira que segue o mesmo conceito é a Lema 21, que
comercializa óculos pela internet. A cada óculos vendido, a Lema 21
doa o custo de uma armação simples (cerca de 15 reais) para a
Laramara, associação sem fins lucrativos que presta atendimento a
deficientes visuais.
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4. “O dinheiro é usado para comprar lupas, bengalas e equipamentos
usados no aprendizado e desenvolvimento das pessoas atendidas pela
associação”, afirma Naomi Arruda, sócia da Lema 21.
Para a empreendedora, que já realizou trabalho voluntário na China e
no Nepal, a assistência faz parte da responsabilidade social da
empresa e de seus clientes. É uma forma de alinhar a atuação da
marca com atitudes de filantropia.
EVENTO NA ASSOCIAÇÃO LARAMARA, QUE RECEBE DOAÇÕES DA EMPRESA LEMA 21 PARA
AJUDAR PESSOAS COM DIFICIÊNCIA VISUAL
SER TRANSPARENTE É FUNDAMENTAL
Um consenso entre os especialistas é que as empresas não devem
forjar histórias ou participar de ações que não condizem com suas
práticas somente para tornar a sua marca mais relevante ou simpática.
“Hoje, o consumidor confronta as marcas ao se sentir lesado por
propagandas falsas”, afirma Kito Mansano, diretor da agência de live
marketing Rock Comunicação e presidente da Associação de
Marketing Promocional.
Outro fator importante é que nem todas as empresas precisam ou
conseguem ter um propósito ou seguir uma causa. “O importante é
saber onde a marca pode atuar para mostrar seu ponto de vista”,
afirma Chiara Martini, da Heineken.
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5.
Cosméticos e roupas feitos por marcas de
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Heineken e Carlsberg mostram que empresas vendem
estilos de vida – e não produtos e serviços
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