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OS PROCESSOS GRUPAIS EM SALA DE AULA
Adriana J. F. Chaves1
Unesp – Universidade Estadual Paulista
Introdução
Dentre os elementos que constituem a prática pedagógica, a relações interpessoal de
professores e alunos é um dos aspectos mais difíceis e conflituosos. Isto porque, além de sua
capacidade de liderança, do domínio técnico-pedagógico dos conteúdos e da própria natureza
do trabalho pedagógico, exige-se do professor o domínio dos processos de interação que
perpassam toda ação educativa no processo ensino-aprendizagem.
A Psicologia do desenvolvimento humano explica de um lado, a natureza da infância e
da adolescência, bem como as complexas relações dos fatores sociais ambientais e familiares
do processo de crescimento e desenvolvimento do ser humano nos vários períodos da vida, do
nascimento até a maturidade. Por outro lado, a educação formal, que se realiza na instituição
escolar, acontece em grupos ou classes: aglomerado de crianças e/ou de jovens e adultos que
com a convivência diária se transformamem grupos, manifestando através desses grupos (no
espaço da sala de aula) fenômenos que só se explicitam quando as crianças e/ou jovens
quebram a barreira do anonimato recíproco e iniciam um processo de interação que leva à
coesão grupal. Enfim, os processos que os estudiosos da psicologia social, chamam de
processos grupais ou dinâmica dos grupos, conforme os denominou em seus estudos Kurt
Lewin (1940).
O professor desavisado ou despreparado no domínio das relações interpessoais ou o
professor inseguro, tímido, que não superou seus limites emocionais e afetivos ou o professor
equivocado, pensando que com atitudes autoritárias em relação à classe (ao grupo) irá
conseguir disciplina ou resultados no controle da classe ou no produto da aprendizagem dos
alunos, terá grandes dificuldades de ensinar, de lidar com a classe, isto é, com o grupo que
será tanto mais coeso, quanto mais ameaçado pelo professor.
1
Docente aposentada da UNESP. Professora voluntária da Faculdade de Ciências. UNESP, campus de Bauru.
Doutora em Filosofia da Educação pela PUC de São Paulo. Email: adri.chaves@terra.com.br
2
É preciso observar também que o professor trabalha com uma classe, turma, grupo, mas
ensina para cada aluno individualmente: a argüição é individual, a avaliação (a prova) é
individual, a nota é individual...
A aula, a exposição é coletiva: essa contradição atinge diretamente o processo de
ensino-aprendizagem: o ensino é coletivo, a aprendizagem é individual. Os fenômenos que
ocorrem na sala de aula, no grupo: cooperação, coesão, comunicação, interação, simpatia,
antipatia, empatia, competição, organização, amizade, etc, não são aproveitados para a
aprendizagem, não só do conteúdo, mas da própria vida: ética, cidadania, participação,
liderança, compromisso, responsabilidade social, cooperação, etc. É em função da
especificidade da educação escolar que o domínio das processos grupais é tão importante na
formação do professor.
A seguir são apresentados alguns temas teórico-práticos que contribuem para o para
conhecimento de grupos:
1 Algumas precisões terminológicas e conceituais.
2 Conceito e abrangência da Dinâmica de Grupo.
3 Os princípios básicos dos processos grupais.
5 Papéis no grupo.
6 Técnicas de grupo.
7 Uso das técnicas de dinâmica de grupo.
8 Avaliação grupal.
1 Algumas precisões terminológicas e conceituais
Quando no convívio humano fala-se em “trabalho em ou de grupo”, “Dinâmica de
Grupo”, “técnicas grupais”, “animação de grupos”, “reunião em ou de grupos”, etc, trata-se
de expressões relacionadas com a vivência grupal; embora sejam denominações semelhantes
entre si, elas contêm diferenças, mas passam muitas vezes a ser usadas indiscriminadamente
como se significassem a mesma coisa. No campo do Serviço Social, da Psicologia Social,
Pedagogia, Psicologia Escolar, Educação Popular, Administração e em qualquer área teórico-
prática das Ciências Humanas, onde o desenvolvimento e a animação de grupos podem
ocorrer, os estudiosos voltam-se muito mais para a aplicação da Dinâmica de Grupo e muito
pouco para os esclarecimentos necessários sobre o alcance da terminologia científica dos
processos grupais. A confusão generalizou-se devido às várias tendências no campo da
Psicologia, bem como devido à bibliografia existente sobre os temas grupais, principalmente
3
propostas e sugestões das chamadas técnicas de Dinâmica de Grupo. Há contradições internas
na área de aplicação da Dinâmica de Grupo quando psicólogos, pedagogos, professores,
assistentes sociais, animadores de grupos, ou principalmente, quando leigos nestas áreas
aplicam as técnicas, a maioria das vezes sem o embasamento teórico mínimo para a
compreensão dos fenômenos que ocorrem nos grupos. É o que se quer evitar, oferecendo o
mínimo de embasamento no que se refere aos processos grupais.
Algumas terminologias e conceitos a esclarecer – trabalho de, em, com grupos:
São todas as ações e atividades que são realizadas de maneira coletiva. Para que possa
existir trabalho grupal (em grupos, de grupos, com grupos, expressões equivalentes) é
necessário que as ações se desenvolvam coletivamente, isto é, se realizem mediante a
interação de pessoas de, em, com grupos (IDÁÑEZ, 2004).
Para desenvolver um trabalho em grupo não é necessário a existência de um animador
ou coordenador, nem a aplicação e o uso de técnicas elaboradas, o que é fundamental é a
intencionalidade, a interação mútua e o resultado da ação coletiva. A reunião de um grupo de
pessoas num ônibus para uma viagem a São Paulo, por exemplo, não é uma ação grupal, mas
se for com a finalidade de uma excursão para visitar o Museu de Arte Moderna (MAM) e
dessa visita resultar um estudo, essa atividade caracteriza-se como um trabalho grupal,
coletivo. Para se fazer um trabalho eficaz em Dinâmica de Grupo, é preciso saber que existem
teorias, pesquisas, técnicas, procedimentos que facilitam a compreensão dos objetivos, das
ações e relações da vida grupal.
Técnicas grupais: conjunto de procedimentos que, aplicados a uma situação de grupo,
favorece a consecução dos objetivos grupais: coesão, interação, produtividade e gratificações
grupais. O uso das técnicas grupais facilita e estimula a ação de grupos, possibilitando o
alcance de objetivos, metas, projetos e/ou programa propostos pelo grupo. As técnicas não
operam por si mesmas. Supõem uso adequado e oportuno aos objetivos do grupo.
Dinâmica de Grupo: entre os vários autores da teoria da Dinâmica de Grupo, tal
expressão tem alcances e significados diferentes, embora em todos eles, há elementos
comuns. Assim, para o criador da expressão, Kurt Lewin, a Dinâmica de Grupo como teoria
estuda cientificamente o conjunto de fenômenos psico-sociais que se desenvolvem nos grupos
primários e as leis que os produzem e regulam. A partir das pesquisas de Kurt Lewin
estudiosos desenvolveram um sistema aprofundado, na base da pesquisa empírica, dos
aspectos estruturais e funcionais dos chamados processos grupais.
Essas elaborações teóricas constituem um dos principais aspectos da Psicologia Social,
cujo objeto de estudo são os grupos humanos e os processos gerados como conseqüência de
4
sua existência; o estudo dos fenômenos psico-sociais constitui a teoria da Dinâmica dos
Grupos e sua experimentação prática evidencia-se mediante as chamadas técnicas de
Dinâmica de Grupo. Tanto as técnicas (prática), quanto a teoria orientam o modo de atuar em
grupo expressando, conforme alguns autores, o espírito grupal: regras do jogo, participação
democrática, papéis e diferenciação dos papéis e tarefas grupais, avaliação grupal etc,
elementos que constituem a base dos grupos de formação.
A Dinâmica de Grupo constitui um campo de pesquisa voltado ao estudo da natureza do
grupo, das leis que regem o seu desenvolvimento e das relações indivíduos-grupo, grupo-
grupo, instituições-grupo.
O pioneiro da Dinâmica de Grupo foi Kurt Lewin que, com seus seguidores (Schultz,
Bavelas, Berne, Bradford, Lippitt, etc) e seus estudos e pesquisas sobre a Psicologia Social
(teoria do campo) praticamente marcou o aparecimento da Dinâmica de Grupo nas primeiras
décadas do século XX. Lewin trabalhou com a dinâmica dos fenômenos grupais a partir das
condições concretas da existência dos indivíduos (experiência de Bethel), buscando uma
orientação mais experimental, funcional e criativa das relações interpessoais no interior dos
grupos. Dedicou muitos anos de sua vida à pesquisa dos pequenos grupos (psico-grupos e
sócio-grupos), aplicando técnicas de análise científica aos grupos, principalmente as das
instituições educativas. Fundou o Centro de Pesquisa em Dinâmica de Grupo, onde aplicava
os princípios de sua teoria grupal, aferia os resultados e elaborava teoria, testava hipóteses,
reformulava as leis grupais e analisava os problemas de comunicação verificando e avaliando
as interações grupais, nas situações criadas em laboratórios de Psicologia Social.
2 Conceitos e abrangência da dinâmica de grupo
A Dinâmica de Grupo é um vasto campo de conhecimentos da realidade e abrange um
conjunto de fenômenos psico-sociais e de leis naturais que regem tais fenômenos.
Esses fenômenos (coesão, coerção, pressão social, simpatia, conflito, atração, rejeição,
resistência à mudança, dependência, interdependência, equilíbrio, liderança, hegemonia,
antipatia, amor, amizade etc) são objeto de pesquisa e base para a elaboração de teorias no
campo da Psicologia Social. O objeto de estudo da Dinâmica de Grupo são os psico-grupos
(grupos de formação estruturados, orientados e dirigidos em função dos próprios membros
5
que os constituem) e os sócios-grupos, (grupos de tarefas organizados, orientados e dirigidos
em função de uma tarefa2
).
A Dinâmica de Grupo abrange também um conjunto de métodos e técnicas de
orientação didática e/ou psicoterapêutica que permitem atuar com pequenos grupos dentro de
organizações e instituições. Portanto, em sentido amplo a Dinâmica de Grupo é a ciência dos
fenômenos de grupo e no sentido restrito é um método de ação com pequenos e grandes
grupos. A expressão “dinâmica de grupo” tem vários significados conforme sua aplicação e é
mais usualquando se trata dos processos grupais:
a) quando acentua a importância da liderança democrática, a participação dos membros de um
grupo nas decisões e soluções dos problemas políticos e sociais... a expressão adquire
conotação ideológica, porque supõe participação militante na verificação da eficácia dos
dirigentes face aos programas de um partido político;
b) quando visa ao estudo e prática de trabalhos técnicos em grupos, num processo de sala de
aula, cursos, treinamentos etc, a Dinâmica de Grupo é um conjunto de métodos e técnicas que,
organizados num plano de ação, orientam os membros de um grupo no desempenho de
papéis, discussão, interação etc, sob a direção de um coordenador, animador ou tutor etc;
c) quando se refere à pesquisa sobre a natureza dos grupos, seu funcionamento, as relações
interpessoais indivíduo-grupo, grupo-sociedade, a Dinâmica de Grupo significa ciência
empírica que depende da observação, mensuração, quantificação, experimental, análise
quantitativa e qualitativa dos fenômenos
3 Os princípios básicos dos processos grupais
A maioria dos estudiosos da área define grupo como um conjunto de pessoas
interdependentes entre si que se reúnem buscando realizar objetivos comuns; estas mesmas
pessoas visam estabelecer um relacionamento interpessoal satisfatório enquanto estão
envolvidos na vivência grupal.
A busca de realização de objetivos comuns cria no grupo um processo de interação e faz
com que as pessoas se influenciem reciprocamente, expressando por palavras, gestos etc, os
elementos de sua identidade com o outro no grupo. Este movimento em direção do outro
favorece o auxílio e o apoio mútuos, mas também gera dificuldades porque o processo de
comunicação não é natural nem espontâneo, mas exige esforço e aprendizagens; quanto mais
2
Classificação de K. Lewin citada por Minicucci, p. 25 (1991)
6
autênticas são as relações interpessoais no grupo, maior maturidade social o grupo revela: não
temos obrigação de amar todas as pessoas do grupo, mas temos obrigação de compreendê-las
e de sermos empáticas a todas.
Para participar e trabalhar com grupos que se reúnem para cumprir uma tarefa (grupo de
trabalho) é fundamental ter o domínio dos princípios básicos que orientam a ação grupal.
Segundo Idáñez (2004), para que um grupo seja capaz de resolver problemas de modo efetivo
e satisfatório é preciso estabelecer algumas condições:
• Ambiente ou clima grupal favorável ao trabalho coletivo.
• Relações interpessoais que permitam reduzir a intimidação (medo do outro) e facilitem a
confiança e a comunicação no grupo.
• Estabelecimento de acordos sobre a forma como serão resolvidos os problemas.
• Liberdade do grupo para definir seus objetivos e estratégias e tomar decisões.
• Aprendizagens das formas mais adequadas para adotar as melhores decisões.
Chegar a essas condições não é só questão de decisão, é preciso considerar que o
trabalho de grupo ou em grupo é um processo, isto é, exige uma hierarquia de ações,
primeiramente voltadas para o conhecimento das pessoas entre si, depois para os objetivos do
grupo, para por último chegar-se aos papéis e às tarefas que cada membro do grupo poderá
desenvolver no coletivo grupal.
Neste sentido, é extremamente útil para coordenadores de grupos ou para qualquer ação
que se desenvolva em grupos, ter presente os princípios básicos que orientam a ação grupal
visando à criação de grupos participativos e operativos. Ao reuni-los neste texto, pretende-se
esclarecer o rol de ações que facilitam o processo grupal: atmosfera grupal; comunicação no
grupo; participação e espírito de grupo; liderança distribuída; formulação de objetivos;
flexibilidade; consenso; compreensão do processo; avaliação contínua.
3.1 Atmosfera grupal
É um fenômeno psico-sociológico que ocorre na vida grupal – é disposição, ânimo, tom
emocional ou sentimento de bem-estar ou desconforto que se difunde no grupo em relação às
pessoas e aos acontecimentos. O clima ou a tonalidade emocional faz com que a atmosfera
grupal seja hostil ou amistosa, calorosa ou fria, rígida ou flexível, cordial, harmoniosa,
equilibrada ou irritadiça ou agressiva. É o que alguns autores chamam “espírito de grupo”. O
grupo só produz em atmosfera favorável. Caso contrário geram-se “ruídos”, manifestações
constantes de insatisfação “o ambiente fica pesado”, “atmosfera carregada”, o grupo está
7
pronto para explodir. O que interessa do ponto de vista do trabalho grupal são os fatores que
podem criar uma boa atmosfera grupal que desenvolva um trabalho de grupo produtivo e
satisfatório. São eles: a) ambiente físico; b) sentimento de igualdade e redução da
intimidação; c) forma de iniciar a reunião.
a) Ambiente físico: o ambiente físico ou as condições materiais nas quais o grupo atua, influi
positiva ou negativamente na atmosfera grupal. Esse ambiente se configura pela iluminação,
ventilação, tamanho do local em relação ao número de participantes, disposição das cadeiras,
tipos de cadeiras etc.
Exemplo: sala com iluminação insuficiente, ventilação precária, temperatura acima de 30
graus, ambiente sem nenhum atrativo ou conforto são fatores desfavoráveis ao bom clima
grupal. Uma reunião que se realiza num ambiente abafado, enfumaçado, depois de um certo
tempo provoca embotamento mental. As pessoas se tornam inquietas, irritadiças, agressivas,
prejudicando o bom funcionamento grupal.
Outro aspecto do ambiente físico que é preciso estar atento é a disposição das cadeiras.
Sentar em forma de círculo é o ideal: não há posição dominante de ninguém e revela que
todos são importantes no grupo. Isso favorece um ambiente de amizade e integração grupal.
Outro aspecto do ambiente físico que precisa ser considerado é o tamanho da sala em relação
ao número de participantes do grupo.
• Local muito grande gera distração e dissipação, reduz a participação e leva a pouco
compromisso com o grupo.
• Local muito pequeno gera a sensação de “lata de sardinha”, traz desconforto do grupo,
aborrecimentos na locomoção, problemas de nervosismo etc.
Se o grupo se reúne para estudo, o ambiente físico adequado gera produtividade; se as
reuniões são recreativas, o ambiente físico adequado leva à expansão, animação, cordialidade;
se as reuniões são de reflexão, planejamento e decisões, o ambiente físico favorece a
seriedade dos resultados.
b) Sentimento de igualdade e redução do medo do grupo: é preciso que as pessoas no
grupo se sintam em clima de igualdade. Tudo o que intimida as pessoas no grupo deve ser
evitado: a posição das cadeiras (conforme já discutido aqui); o uso do nome, sem títulos,
apelidos; a recepção informal sem excessos de espontaneidades. É preciso que as pessoas se
sintam à vontade, com expectativas positivas. O número de participantes é muito importante
no favorecimento da atmosfera grupal: no máximo 25 e no mínimo 15 pessoas para facilitar a
interação grupal.
8
c) A primeira reunião e seu início: é fundamental para definir a atmosfera grupal; a maneira
como o coordenador, animador, tutor, mediador ou líder apresenta os objetivos do encontro,
reunião, curso, etc, o modo como fala, a forma que se dirige aos participantes, define a futura
organização grupal. Um coordenador, animador, tutor, mediador ou líder (o nome que se
queira dar) não é um professor, chefe, mas alguém que emerge do grupo, cuja função é
coordenar as “regras do jogo” grupal e não dominar, ensinar, mandar no grupo. Se mudar sua
função não forma o grupo.
3.2 Comunicação no grupo
a) O processo de comunicação é algo contínuo e constante em nossas vidas. Como
participantes de vários grupos o processo de comunicação também é diferente. Sem
comunicação o grupo não pode surgir. A comunicação é comparável ao sistema nervoso do
processo grupal. Assim, a coesão, cooperação e decisões coletivas dependem em grande parte
da existência ou não da comunicação.
b) Princípios básicos da comunicação: para manter boa comunicação interpessoal no grupo é
preciso:
• Capacidade de diálogo: ouvir o outro antes de responder, não falar ao mesmo tempo em
que o outro; analisar o problema e/ou a situação antes de julgar ou dar opiniões.
• Capacidade de questionar-se e retificar suas posições ou pontos de vista, pedir e aceitar
desculpas diante dos possíveis equívocos ou mal entendidos.
• Procurar melhorar a comunicação grupal, criando um clima favorável, sem cochichos,
conversas paralelas, falando alto para que todos ouçam (sem gritar), com linguagem clara
(sem modismos ou estrangeirismos).
• Estar atento às barreiras que dificultam a comunicação, como:
Ø falta de clareza nas expressões;
Ø falar em códigos, linguagem com subterfúgios, com sujeitos ocultos, verborréia;
Ø incapacidade de concretizar idéias e ter coerência na linguagem;
Ø criticar e reprovar outras pessoas diminuindo sua auto-estima, humilhando, “jogando
indiretas”, “jogando verde para colher maduro”;
Ø abusar dos tímidos, dos que possuem dificuldades na linguagem ou não dominam toda sua
forma culta;
Ø abusar da retórica fora de hora e sem ser convidado pelo grupo;
9
Ø vasculhar a vida dos outros para expô-los ao ridículo, às gozações e piadas sem graça às
custas de defeitos e falhas das quais o outro não tem responsabilidade ou culpa.
• Buscar meios para superar as barreiras à comunicação:
Ø ouvir e respeitar os outros;
Ø respeitar profundamente as diferenças das pessoas (gênero, raça, religião, classe social,
cultura, defeitos, qualidades);
Ø receber as pessoas com calor humano, favorecendo sua liberdade de ser, pensar, querer;
Ø fomentar a verdade e a sinceridade sem grosseria de jogar na cara das pessoas a primeira
impressão que se tem delas;
Ø ultrapassar a antipatia: se não for possível a simpatia, desenvolver a empatia (se colocar
no lugar do outro).
Ø compreender que um problema não tem só um ponto de vista e uma solução:
compreender, aceitar provisoriamente o ponto de vista do outro até que todos possam chegar
ao consenso;
Ø não condenar o outro em face de possibilidade de mudanças (pontos de vistas, atitudes,
comportamento etc). Quando ele mudar não cobrá-lo a contradição; saber que tudo na vida é
um processo;
Ø buscar no outro sempre algo novo, positivo, que favoreça seu crescimento e auto-estima;
não destacar nada que o diminua em face de si próprio e aos demais.
3.3 Participação e espírito de grupo
Participar de um grupo é muito mais do que intervir pela palavra. É sentir o grupo como
algo próprio: inclusão pessoal e psicológica de cada pessoa na vida grupal é estar presente,
querer estar presente, sentir-se dentro do grupo, co-participante da vida grupal.
Por isso é muito importante para o tutor (mediador, coordenador, líder etc) conseguir a
efetiva participação de todos no processo grupal. Para isso há algumas regras:
a) Disposição das cadeiras para que todos se vejam. O ideal é o círculo, ninguém tem
destaque. Todos são importantes.
b) Integração do grupo: olhe para todos, não se fixe numa pessoa só; diga sempre “nós”,
nunca “vocês”, excluindo-se do grupo quando tiver que fazer críticas ou sugestões. Lembre-se
que a responsabilidade é de todos; não forme sub-grupos; não se sente perto daqueles que
você gosta ou tem afinidades. Procure fazer novos amigos, sente-se perto de quem você não
conhece; evite cochichos – falar baixinho com a pessoa ao lado. Você corre o risco de
desqualificar a intervenção de algum membro do grupo que estiver com a palavra; dirija-se
10
sempre a todos, esperando sempre a sua vez de falar – não fale em cima da fala dos outros...
além de ser falta de educação, ninguém entenderá o que você diz. Ouça, entenda o argumento
do outro para concordar ou discordar.
c)Respeito ao grupo: gerando coesão
Mantenha-se atento e interessado à evolução da reunião; não se aliene e nem se isole;
seja tolerante às intervenções, mesmo daquelas que parecem inadequadas; aceite as diferenças
de idéias e propostas, mesmo que não sejam melhores que as suas; intervenha
construtivamente, procurando encadear as idéias e referindo-se sempre às intervenções
anteriores às suas. Não discorde só para contrariar... discorde quando tiver de fato argumentos
que sustentem a opinião contrária, sem abatê-la ou eliminá-la... buscar compreender o
argumento do outro e o que o leva a pensar de tal modo; nunca perder os objetivos da reunião,
da discussão ou do encontro grupal. Não faça digressões desnecessárias, nem dê conselhos a
quem não lhe pediu, principalmente em grupo; procure ir ao cerne da discussão, concretize, dê
fatos, exemplos etc, não descambe para pormenores, nem exemplos pessoais, nem divague
trazendo assuntos inadequados... restrinja-se ao tema.
Lembre-se que uma discussão é uma operação mental: tem que ter introdução, análise
(desenvolvimento) e conclusão – síncrese, análise e síntese. Não monopolize a palavra, como
se fosse dono da verdade; lembre-se que você não é professor do grupo.
d)Estimule o grupo: ajude todos a crescerem.
• Manifeste a sua concordância, quando você concordar com alguém;
• Estimule a participação dos outros, com gestos e palavras favoráveis, realçando o que
cada um tem de positivo;
• Não destrua a imagem do outro destacando erros, falhas e incongruências; não o deixe
sem saída numa discussão (derrotado) pois é muito difícil reconstruir a auto-estima das
pessoas. Ás vezes, há no grupo os mais lentos, os que menos intervêm, os mais tímidos, não
os menospreze, nem faça de conta que não ouviu suas contribuições; dê atenção a eles, peça
para os mais falantes calarem para todos ouvirem suas palavras e participações; não deixe
ninguém falar por eles.
e) Ajude o amadurecimento do grupo – os passos da autonomia (amadurecimento / auto-
gestão) do grupo:
Anomia: início; sem regras, falta de clareza dos objetivos, falta de participação e
coesão. Não há grupo, mas um bando comandado por alguém.
Heteronomia: o grupo busca organização, objetivos, mas ainda precisa de comando.
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Autonomia: grupo maduro, auto-gestão. O grupo se comanda, as chefias tornam-se
lideranças.
Regras para se chegar à autonomia:
• Se a reunião vai mal, faça uma parada, peça um tempo para examinar o que está
acontecendo: o que está impedindo o progresso do grupo no assunto: planejamento,
organização, participação, decisão etc;
• Não deixe para depois, para analisar e criticar quando todos se dispersam: isto não serve
para melhorar a reunião que terminou e nem garante as melhorias futuras;
• Não considere a sua competência acima da competência do grupo (o conhecimento e a
experiência servem para ajudar a todos) Não fique ansioso, louco para colocar seu ponto de
vista, sua compreensão do problema. Espere com paciência a sua vez de intervir, não atropele
a fala dos outros. Favoreça e colabore para que todos no grupo possam se expressar (opinar,
analisar, sugerir, criticar, avaliar etc). É preciso que todos conheçam a posição, idéias, visão
de mundo de todos os participantes do grupo. Isto ajuda a coesão e o amadurecimento grupal.
Lembre-se que pode existir no grupo pessoas socialmente imaturas, emocionalmente frágeis,
dependentes, desconfiadas, enciumadas, invejosas, que se negam muitas vezes a despojar-se
de seus mitos, estereótipos, preconceitos, dificultando as trocas, a coesão, a transparência,
autenticidade e autonomia grupal. O processo grupal precisa ser um processo educativo que
paulatinamente conduz todos à participação homogênea, madura e produtiva.
3.4 Liderança distribuída no grupo
A liderança é um fenômeno estreitamente ligado à estrutura grupal e às formas de
organização de papéis e tarefas no grupo. Liderança diferencia-se de chefia. Um chefe pode
ser ou não ser líder, assim como um líder pode ou não ser chefe.
A chefia está ligada a papéis de comando organizacional atribuído sempre de fora para
dentro do grupo; a liderança emerge do grupo, portanto nasce no grupo conforme a situação,
circunstâncias, objetivos e tarefas atribuídas ao grupo. O chefe autoritário, paternalista,
permissivo não é líder e não ajuda o amadurecimento do grupo. A liderança deve ser
essencialmente democrática para favorecer o planejamento e decisão de um grupo e por este
motivo ela deve ser distribuída ou revezada para que todos no grupo se exercitem em função
de (comando) coordenação ou monitoramento do grupo, tendo em vista a autonomia e auto-
gestão grupal.
Esta liderança “compartilhada”, distribuída, consiste na co-responsabilidade de todos os
membros do grupo: as tarefas de coordenação, animação, moderação serão rotativas. Em cada
12
reunião as pessoas do grupo poderão exercer papéis diferentes, favorecendo a participação de
todos os papéis no grupo.
3.5 Formulação dos objetivos do grupo
Desde os primeiros encontros, reuniões é necessário que haja uma clara definição dos
objetivos do grupo. Reunir-se várias vezes sem saber “por que”, “para que” e “o que fazer” é
motivo de sobra para debandada geral do grupo.
Um grupo não se constitui para ser simplesmente grupo, mas para alguma finalidade. É
em função dos objetivos, dos programas, enfim, das ações que as pessoas se unem com o
sentido de pertencer a algo, o sentimento do “nós”, motivados à participação onde todos dão
sua colaboração e se sentem membro de uma estrutura maior, mais eficaz e produtiva.
3.6 Flexibilidade
Além da clareza de objetivos, é necessário que haja a definição de um programa de ação
e uma agenda que permita ir conquistando as metas e os objetivos propostos. Um programa
definido com rigidez não significa que o grupo funcione, mas sim que à medida que as metas
(quantitativas e qualitativas) forem atingidas, sejam realizadas avaliações constantes tendo em
vista as adequações a situações novas. Programa, métodos e estratégias de ação devem ser
flexíveis. Como refere Gibb (1963)
o estabelecimento dos objetivos, a avaliação contínua e a flexibilidade são as
chaves de um planejamento efetivo. Quando a comunicação é livre e rápida,
os planos flexíveis e a avaliação eficiente, os membros podem proceder a um
efetivo estabelecimento dos objetivos e uma acertada escolha de atividade.
3.7 Consenso
O consenso é a melhor forma de decisão grupal, pois é a decisão, negociada e
compartilhada. É um tipo de solução onde cada um do grupo ganha alguma coisa porque abre
mão de alguma coisa. Na decisão por votação (eleição), uma parte triunfa sobre a outra. O
consenso é um tipo de solução mista, onde cada parte cede alguma coisa. É a verdadeira
democracia grupal de uma sociedade pluralista, onde a unidade se dá pela pluralidade.
3.8 Compreensão do processo
O que é processo grupal? É um conjunto de fatores que constitui a natureza do grupo:
• A forma de trabalhar do grupo;
• As atitudes e reações de seus membros;
• O tipo de comunicação existente;
13
• Os papéis;
• A participação e o tipo de interação;
• Os fenômenos e situações que se produzem.
O grupo deve estar atento ao que faz e a forma de fazê-lo, porque a compreensão de
como se desenvolve cada um dos fatores do processo grupal, aumenta ou diminui a
produtividade ou a eficácia grupal para todos os seus membros.
3.9 Avaliação contínua
A avaliação contínua, tanto da produtividade, quanto da eficácia grupal, é um dos
fatores do processo grupal, que permitirá introduzir as mudanças necessárias e oportunas no
desenvolvimento grupal. É a avaliação que mede o grau de avanço do grupo em relação às
suas metas e objetivos.
4 As técnicas de grupo
As técnicas grupais são um conjunto de meios e procedimentos, que aplicados numa
situação de grupo tem finalidade de conseguir produtividade, maior participação e satisfação
grupal.
É preciso ter clareza na aplicação das técnicas grupais:
• porque não existe uma técnica ideal, mais eficaz e/ou mais adequada;
• conforme o objetivo que o grupo se propõe é preciso selecionar as técnicas;
• é preciso dominar os passos e instruções das técnicas evitando o “fetichismo
metodológico” no sentido de que as técnicas são meios para alcançar fins e nunca um fim em
si mesmas;
• as técnicas só podem ser aplicadas em situação grupal.
Como escolher adequadamente as técnicas nos cursos, treinamentos, encontros e/ou grupos
de formação.
Não existe nenhuma técnica que possa ser aplicada sempre e em qualquer circunstância,
seja qual for o tipo de grupo ou a finalidade que se tem em vista. Jamais se encontrará a
técnica ideal aplicável a todo ou qualquer grupo.
14
As técnicas podem ser criadas, recriadas, combinadas, adaptadas em qualquer ocasião e
objetivos grupais: depende muito da sensibilidade, flexibilidade e competência do animador
do grupo.
Como procedimentos da ação grupal, cada técnica tem potencial definido de
mobilização das forças individuais e grupais, daí o cuidado na escolha adequada,
estabelecendo critérios que permitam escolher as técnicas, conforme o tipo de grupo e de ação
grupal: estudo, reflexão, sensibilização, recreação, avaliação, etc.
Alguns critérios para escolha das técnicas:
• os objetivos que o grupo tem em vista;
• maturidade e treinamento do grupo;
• tamanho do grupo: 10 a 20 participantes – grupos pequenos; 30 ou mais participantes –
grupos médios ou grandes.
É muito difícil a aplicação das técnicas em grupos muito grandes; não costuma produzir
os mesmos resultados do que nos grupos pequenos.
• Ambiente físico: é preciso reforçar que o espaço físico, a atmosfera grupal, a iluminação,
ventilação, número de participantes, favorece ou dificulta a aplicação das técnicas.
Quando numa reunião, encontro, curso, não se tem condição de definir o local ideal, é
preferível usar técnicas mais adequadas ao ambiente físico do que porventura aplicar as
escolhidas no planejamento do treinamento.
• Características do meio externo: grupos institucionais (escolas, igrejas etc) são diferentes de
grupos formados na sociedade civil; um ambiente físico distante do ambiente do cotidiano das
pessoas. Este distanciamento favorece a reflexão, evita faltas e saídas constantes das pessoas
nas atividades grupais.
• Características dos membros: as técnicas grupais devem ser selecionadas considerando a
particularidade de cada grupo. Características culturais, sociais e de classe; idade, de
instrução, de domínio da linguagem culta etc.
• Capacidade do animador ou coordenador do grupo: as técnicas necessitam de destreza,
habilidade, flexibilidade para a aplicação. Há técnicas de fácil aplicação e técnicas que
exigem grande preparo por parte do coordenador. O coordenador nunca deve se colocar no
grupo sem se preparar e ter clareza dos passos que a técnica exige.
15
O uso das técnicas grupais
a) Algumas orientações para o coordenador e/ou animador de grupos, quanto ao uso das
técnicas:
• a técnica não deve ser usada como um “manual de instruções” ao pé da letra, isto
empobrece seus resultados;
• conforme o grupo e o objetivo do encontro deve-se adaptar a técnica que se quer usar ou
aplicar a técnica escolhida sem prejudicar o conteúdo;
• o mero formalismo na aplicação das técnicas esvazia o significado do encontro grupal;
• é preciso saber adequar a técnica ao conteúdo da reunião (estudo, sensibilização, reflexão
etc);
• é preciso ter clareza que um curso de Dinâmica de Grupo não se reduz à aplicação de
técnicas.
b) Como aplicar as técnicas:
• Comece por dar uma definição da técnica;
• Faça comentários sobre os elementos importantes da dinâmica interna esperada dos
componentes do grupo e do desempenho da liderança;
• Dê uma visão das probabilidades de êxito na utilização da técnica;
• Considere os propósitos e objetivos pelos quais se escolheu a técnica;
• Enumere os passos da aplicação;
• Procure verificar se a aplicação da técnica responde às perguntas: o quê? Por quê? Quando?
Como?
• Alerte os participantes a respeito das dificuldades que a técnica pode apresentar.
c) Tipos de técnicas:
Técnicas de iniciação grupal – com finalidade de propiciar:
• conhecimento mútuo;
• Integração grupal;
• desinibição do grupo;
• atmosfera grupal de confiança, comunicação, sensibilização em relação ao outro. Exemplos:
primeiras impressões, expectativas grupais, auto-conhecimento etc.
Técnicas de produção grupal – orientadas a organizar o grupo para uma tarefa específica, de
forma eficaz e produtiva (estudos, reflexões, reuniões de planejamento, organização –
exemplos: Painel aberto, Painel integrado, Painel progressivo etc).
16
Técnicas de mediação e avaliação grupal – para avaliar permanente ou periodicamente os
processos grupais, seja para aferir resultados obtidos pelo grupo, seja para verificar a eficácia
dos métodos e procedimentos empregados pelo grupo. Exemplos: questionários de avaliação
do clima grupal, do coordenador do grupo, da maturidade grupal, participação, papéis,
impressões, relatórios de observação grupal, etc.
Técnicas de coesão grupal – para serem aplicadas em cursos (laboratórios de Dinâmica de
Grupo) especificamente para psico-sociólogos, profissionais que querem se capacitar como
formadores ou condutores de “grupos de formação” (LAPASSADE, 1989).
Técnicas que reforçam os valores e a ideologia grupal3
.
Técnicas de construção da estrutura operacional e funcional do grupo (papéis, liderança,
rede de comunicação etc).
Técnicas de projeção grupal – permitem ao grupo conhecer a própria consciência grupal;
situa o grupo face o contexto de outros grupos dentro da sociedade.
5 Papéis no grupo
5.1 Por que papéis no grupo?
Quando o grupo se reúne, principalmente se for um grupo de longa duração, é
necessário que cada membro assuma um papel, através do qual definirá a sua participação e
ajudará por sua vez a manutenção da coesão grupal. São os participantes do grupo que
desenvolvem a reunião, não precisam do coordenador, se todos exercerem seus papéis.
5.2 Quando o grupo for duradouro (grupo de formação), os papéis tem a função de
comprometer cada participante com as funções grupais, assim:
• Tomada de consciência grupal – grupo analista
• História do grupo – repórter do grupo
• Organizador do grupo – programador
• Despertar para o grupo – fotógrafo
• Degelo do grupo – animador
• Produtividade do grupo – avaliador
• Melhoria da imagem do grupo – incentivador
• Nivelamento grupal – desobstrutor
3
Cf. as aplicações de Kurt Lewin em Mailhiot, 1970.
17
• Operacionalidade do grupo – logicizador
• Quebra do formalismo grupal – criptólogo
• Aplicação de técnicas grupais – tecnólogo
• Feedback grupal – comunicólogo
• Afeto ou amorização grupal – relações humanas
• Tipologia do grupo – sociometrista
• Expõe as teorias dos processos grupais: professor
• É vigilante pela coesão e interação grupal: super-ego do grupo
• Busca de autonomia e desmistifica o coordenador – super-ego do coordenador
5.3 Quando se usar a “técnica dos papéis”, os participantes assumem o compromisso com o
grupo de cumprir enquanto durar o grupo o seu papel. É no final da reunião, na hora da
avaliação do encontro que se avalia também o desempenho dos papéis. Os papéis no grupo
medem a maturidade grupal, porque quando alguém não cumpre seu papel, surgem os
dominadores que neutralizam a participação daqueles que por imaturidade social,
negligenciam os próprios papéis, prejudicando o grupo.
5.4 Para desempenhar seu papel, você precisa:
• Levar a sério seu papel;
• Ser criativo – cada dia fazer seu papel com atividades diferentes;
• Peça ajuda aos companheiros;
• Torne seu papel importante no grupo;
• Não desculpe quando seu desempenho for medíocre. Aceite críticas;
• Não seja prolixo no desempenho de seu papel.
5.5 Lembre-se que o grupo caminha:
• Da síncrese pela análise até chegar na síntese.
• Da anomia para a heteronomia até chegar na autonomia.
• Do mero movimento, para a regulação até chegar na equilibração.
• Da anarquia para a disciplina até chegar na liderança.
• Da aproximação física, ao bando até chegar no grupo.
18
6 Avaliação grupal
Nenhuma reunião, encontro de um grupo pode terminar sem avaliação (verificar
objetivos, integração, organização, planejamento etc). Avaliar é a melhor forma de melhorar a
participação e a produtividade grupal, estabelecendo bases sólidas para o progresso grupal.
O que se avalia?
• O processo grupal – o funcionamento do grupo, relações/interações no interior do grupo;
• O nível de conquista dos objetivos do grupo – quais as conquistas grupais?
• Avaliar não é estabelecer mecanismos de controle, mas é ajudar o grupo a reavaliar
permanentemente objetivos e metas para atingir os objetivos com rapidez, eficácia e
produtividade;
• Não é difícil avaliar. Os manuais de Dinâmica de Grupo trazem inúmeros exercícios e
técnicas: questionários, fichas, testes etc.
Referências
IDANEZ, M. J. A. Como animar um grupo: princípios básicos e técnicos. Petrópolis: Vozes,
2004.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. São Paulo: Duas Cidades, 1970.
MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo: teorias e sistemas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
GIBB, J. R. Manual de dinâmicas de grupos. Buenos Aires: Humanitas, 1963.
Bibliografia
AMADO, G. e GUITTET, A. A Dinâmica da comunicação dos grupos. Rio de Janeiro:
Zahar, 1980.
ANDREOLA, B. A. Dinâmica de grupo: jogo da vida e didática do futuro. 17. ed. Petrópolis:
Vozes, 1999.
ANTUNES, C. Manual de técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de
ludopedagogia. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1987.
BAREMBLITT, G. (org). Grupos - teoria e técnica. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
FRITZEN, S. J. Dinâmicas de recreação e jogos. Petrópolis: Vozes, 1991.
19
_________. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. v. 1. 20. ed. Petrópolis: Vozes, 1994ª.
_________. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. v. 2. 15. ed. Petrópolis: Vozes, 1994b.
KLEIN, J. O trabalho de grupo. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1968
LAPASSADE, G. GRUPOS, organizações e instituições. Rio de janeiro: Francisco Alves,
1977.
LIMA, L.O. Treinamento em dinâmica de grupo no lar, na empresa, na escola. 3. ed.
Petrópolis: Vozes, 1971.
MARTÍN-BARÓ, I. Sistema, grupo y poder. San Salvador: UCA, 1989.
MATTA, J. E. Dinâmica de grupo e desenvolvimento de organização. São Paulo: Pioneira,
1975.
MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo - manual de técnicas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1980.
MOSCOVICI, F. Desenvolvimento interpessoal. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos Editora, 1985.
MUCHIELLI, R. Dinâmica de grupo – conhecimento do problema. São Paulo: Livros
Técnicos e Científicos, 1979.
PEREIRA, W. C. C. Dinâmica de grupos populares. Petrópolis: Vozes, 1982.
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
ZIMERMAN D. E.; OSORIO, L. C. (orgs.). Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1997.

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Processos grupais em sala de aula

  • 1. OS PROCESSOS GRUPAIS EM SALA DE AULA Adriana J. F. Chaves1 Unesp – Universidade Estadual Paulista Introdução Dentre os elementos que constituem a prática pedagógica, a relações interpessoal de professores e alunos é um dos aspectos mais difíceis e conflituosos. Isto porque, além de sua capacidade de liderança, do domínio técnico-pedagógico dos conteúdos e da própria natureza do trabalho pedagógico, exige-se do professor o domínio dos processos de interação que perpassam toda ação educativa no processo ensino-aprendizagem. A Psicologia do desenvolvimento humano explica de um lado, a natureza da infância e da adolescência, bem como as complexas relações dos fatores sociais ambientais e familiares do processo de crescimento e desenvolvimento do ser humano nos vários períodos da vida, do nascimento até a maturidade. Por outro lado, a educação formal, que se realiza na instituição escolar, acontece em grupos ou classes: aglomerado de crianças e/ou de jovens e adultos que com a convivência diária se transformamem grupos, manifestando através desses grupos (no espaço da sala de aula) fenômenos que só se explicitam quando as crianças e/ou jovens quebram a barreira do anonimato recíproco e iniciam um processo de interação que leva à coesão grupal. Enfim, os processos que os estudiosos da psicologia social, chamam de processos grupais ou dinâmica dos grupos, conforme os denominou em seus estudos Kurt Lewin (1940). O professor desavisado ou despreparado no domínio das relações interpessoais ou o professor inseguro, tímido, que não superou seus limites emocionais e afetivos ou o professor equivocado, pensando que com atitudes autoritárias em relação à classe (ao grupo) irá conseguir disciplina ou resultados no controle da classe ou no produto da aprendizagem dos alunos, terá grandes dificuldades de ensinar, de lidar com a classe, isto é, com o grupo que será tanto mais coeso, quanto mais ameaçado pelo professor. 1 Docente aposentada da UNESP. Professora voluntária da Faculdade de Ciências. UNESP, campus de Bauru. Doutora em Filosofia da Educação pela PUC de São Paulo. Email: adri.chaves@terra.com.br
  • 2. 2 É preciso observar também que o professor trabalha com uma classe, turma, grupo, mas ensina para cada aluno individualmente: a argüição é individual, a avaliação (a prova) é individual, a nota é individual... A aula, a exposição é coletiva: essa contradição atinge diretamente o processo de ensino-aprendizagem: o ensino é coletivo, a aprendizagem é individual. Os fenômenos que ocorrem na sala de aula, no grupo: cooperação, coesão, comunicação, interação, simpatia, antipatia, empatia, competição, organização, amizade, etc, não são aproveitados para a aprendizagem, não só do conteúdo, mas da própria vida: ética, cidadania, participação, liderança, compromisso, responsabilidade social, cooperação, etc. É em função da especificidade da educação escolar que o domínio das processos grupais é tão importante na formação do professor. A seguir são apresentados alguns temas teórico-práticos que contribuem para o para conhecimento de grupos: 1 Algumas precisões terminológicas e conceituais. 2 Conceito e abrangência da Dinâmica de Grupo. 3 Os princípios básicos dos processos grupais. 5 Papéis no grupo. 6 Técnicas de grupo. 7 Uso das técnicas de dinâmica de grupo. 8 Avaliação grupal. 1 Algumas precisões terminológicas e conceituais Quando no convívio humano fala-se em “trabalho em ou de grupo”, “Dinâmica de Grupo”, “técnicas grupais”, “animação de grupos”, “reunião em ou de grupos”, etc, trata-se de expressões relacionadas com a vivência grupal; embora sejam denominações semelhantes entre si, elas contêm diferenças, mas passam muitas vezes a ser usadas indiscriminadamente como se significassem a mesma coisa. No campo do Serviço Social, da Psicologia Social, Pedagogia, Psicologia Escolar, Educação Popular, Administração e em qualquer área teórico- prática das Ciências Humanas, onde o desenvolvimento e a animação de grupos podem ocorrer, os estudiosos voltam-se muito mais para a aplicação da Dinâmica de Grupo e muito pouco para os esclarecimentos necessários sobre o alcance da terminologia científica dos processos grupais. A confusão generalizou-se devido às várias tendências no campo da Psicologia, bem como devido à bibliografia existente sobre os temas grupais, principalmente
  • 3. 3 propostas e sugestões das chamadas técnicas de Dinâmica de Grupo. Há contradições internas na área de aplicação da Dinâmica de Grupo quando psicólogos, pedagogos, professores, assistentes sociais, animadores de grupos, ou principalmente, quando leigos nestas áreas aplicam as técnicas, a maioria das vezes sem o embasamento teórico mínimo para a compreensão dos fenômenos que ocorrem nos grupos. É o que se quer evitar, oferecendo o mínimo de embasamento no que se refere aos processos grupais. Algumas terminologias e conceitos a esclarecer – trabalho de, em, com grupos: São todas as ações e atividades que são realizadas de maneira coletiva. Para que possa existir trabalho grupal (em grupos, de grupos, com grupos, expressões equivalentes) é necessário que as ações se desenvolvam coletivamente, isto é, se realizem mediante a interação de pessoas de, em, com grupos (IDÁÑEZ, 2004). Para desenvolver um trabalho em grupo não é necessário a existência de um animador ou coordenador, nem a aplicação e o uso de técnicas elaboradas, o que é fundamental é a intencionalidade, a interação mútua e o resultado da ação coletiva. A reunião de um grupo de pessoas num ônibus para uma viagem a São Paulo, por exemplo, não é uma ação grupal, mas se for com a finalidade de uma excursão para visitar o Museu de Arte Moderna (MAM) e dessa visita resultar um estudo, essa atividade caracteriza-se como um trabalho grupal, coletivo. Para se fazer um trabalho eficaz em Dinâmica de Grupo, é preciso saber que existem teorias, pesquisas, técnicas, procedimentos que facilitam a compreensão dos objetivos, das ações e relações da vida grupal. Técnicas grupais: conjunto de procedimentos que, aplicados a uma situação de grupo, favorece a consecução dos objetivos grupais: coesão, interação, produtividade e gratificações grupais. O uso das técnicas grupais facilita e estimula a ação de grupos, possibilitando o alcance de objetivos, metas, projetos e/ou programa propostos pelo grupo. As técnicas não operam por si mesmas. Supõem uso adequado e oportuno aos objetivos do grupo. Dinâmica de Grupo: entre os vários autores da teoria da Dinâmica de Grupo, tal expressão tem alcances e significados diferentes, embora em todos eles, há elementos comuns. Assim, para o criador da expressão, Kurt Lewin, a Dinâmica de Grupo como teoria estuda cientificamente o conjunto de fenômenos psico-sociais que se desenvolvem nos grupos primários e as leis que os produzem e regulam. A partir das pesquisas de Kurt Lewin estudiosos desenvolveram um sistema aprofundado, na base da pesquisa empírica, dos aspectos estruturais e funcionais dos chamados processos grupais. Essas elaborações teóricas constituem um dos principais aspectos da Psicologia Social, cujo objeto de estudo são os grupos humanos e os processos gerados como conseqüência de
  • 4. 4 sua existência; o estudo dos fenômenos psico-sociais constitui a teoria da Dinâmica dos Grupos e sua experimentação prática evidencia-se mediante as chamadas técnicas de Dinâmica de Grupo. Tanto as técnicas (prática), quanto a teoria orientam o modo de atuar em grupo expressando, conforme alguns autores, o espírito grupal: regras do jogo, participação democrática, papéis e diferenciação dos papéis e tarefas grupais, avaliação grupal etc, elementos que constituem a base dos grupos de formação. A Dinâmica de Grupo constitui um campo de pesquisa voltado ao estudo da natureza do grupo, das leis que regem o seu desenvolvimento e das relações indivíduos-grupo, grupo- grupo, instituições-grupo. O pioneiro da Dinâmica de Grupo foi Kurt Lewin que, com seus seguidores (Schultz, Bavelas, Berne, Bradford, Lippitt, etc) e seus estudos e pesquisas sobre a Psicologia Social (teoria do campo) praticamente marcou o aparecimento da Dinâmica de Grupo nas primeiras décadas do século XX. Lewin trabalhou com a dinâmica dos fenômenos grupais a partir das condições concretas da existência dos indivíduos (experiência de Bethel), buscando uma orientação mais experimental, funcional e criativa das relações interpessoais no interior dos grupos. Dedicou muitos anos de sua vida à pesquisa dos pequenos grupos (psico-grupos e sócio-grupos), aplicando técnicas de análise científica aos grupos, principalmente as das instituições educativas. Fundou o Centro de Pesquisa em Dinâmica de Grupo, onde aplicava os princípios de sua teoria grupal, aferia os resultados e elaborava teoria, testava hipóteses, reformulava as leis grupais e analisava os problemas de comunicação verificando e avaliando as interações grupais, nas situações criadas em laboratórios de Psicologia Social. 2 Conceitos e abrangência da dinâmica de grupo A Dinâmica de Grupo é um vasto campo de conhecimentos da realidade e abrange um conjunto de fenômenos psico-sociais e de leis naturais que regem tais fenômenos. Esses fenômenos (coesão, coerção, pressão social, simpatia, conflito, atração, rejeição, resistência à mudança, dependência, interdependência, equilíbrio, liderança, hegemonia, antipatia, amor, amizade etc) são objeto de pesquisa e base para a elaboração de teorias no campo da Psicologia Social. O objeto de estudo da Dinâmica de Grupo são os psico-grupos (grupos de formação estruturados, orientados e dirigidos em função dos próprios membros
  • 5. 5 que os constituem) e os sócios-grupos, (grupos de tarefas organizados, orientados e dirigidos em função de uma tarefa2 ). A Dinâmica de Grupo abrange também um conjunto de métodos e técnicas de orientação didática e/ou psicoterapêutica que permitem atuar com pequenos grupos dentro de organizações e instituições. Portanto, em sentido amplo a Dinâmica de Grupo é a ciência dos fenômenos de grupo e no sentido restrito é um método de ação com pequenos e grandes grupos. A expressão “dinâmica de grupo” tem vários significados conforme sua aplicação e é mais usualquando se trata dos processos grupais: a) quando acentua a importância da liderança democrática, a participação dos membros de um grupo nas decisões e soluções dos problemas políticos e sociais... a expressão adquire conotação ideológica, porque supõe participação militante na verificação da eficácia dos dirigentes face aos programas de um partido político; b) quando visa ao estudo e prática de trabalhos técnicos em grupos, num processo de sala de aula, cursos, treinamentos etc, a Dinâmica de Grupo é um conjunto de métodos e técnicas que, organizados num plano de ação, orientam os membros de um grupo no desempenho de papéis, discussão, interação etc, sob a direção de um coordenador, animador ou tutor etc; c) quando se refere à pesquisa sobre a natureza dos grupos, seu funcionamento, as relações interpessoais indivíduo-grupo, grupo-sociedade, a Dinâmica de Grupo significa ciência empírica que depende da observação, mensuração, quantificação, experimental, análise quantitativa e qualitativa dos fenômenos 3 Os princípios básicos dos processos grupais A maioria dos estudiosos da área define grupo como um conjunto de pessoas interdependentes entre si que se reúnem buscando realizar objetivos comuns; estas mesmas pessoas visam estabelecer um relacionamento interpessoal satisfatório enquanto estão envolvidos na vivência grupal. A busca de realização de objetivos comuns cria no grupo um processo de interação e faz com que as pessoas se influenciem reciprocamente, expressando por palavras, gestos etc, os elementos de sua identidade com o outro no grupo. Este movimento em direção do outro favorece o auxílio e o apoio mútuos, mas também gera dificuldades porque o processo de comunicação não é natural nem espontâneo, mas exige esforço e aprendizagens; quanto mais 2 Classificação de K. Lewin citada por Minicucci, p. 25 (1991)
  • 6. 6 autênticas são as relações interpessoais no grupo, maior maturidade social o grupo revela: não temos obrigação de amar todas as pessoas do grupo, mas temos obrigação de compreendê-las e de sermos empáticas a todas. Para participar e trabalhar com grupos que se reúnem para cumprir uma tarefa (grupo de trabalho) é fundamental ter o domínio dos princípios básicos que orientam a ação grupal. Segundo Idáñez (2004), para que um grupo seja capaz de resolver problemas de modo efetivo e satisfatório é preciso estabelecer algumas condições: • Ambiente ou clima grupal favorável ao trabalho coletivo. • Relações interpessoais que permitam reduzir a intimidação (medo do outro) e facilitem a confiança e a comunicação no grupo. • Estabelecimento de acordos sobre a forma como serão resolvidos os problemas. • Liberdade do grupo para definir seus objetivos e estratégias e tomar decisões. • Aprendizagens das formas mais adequadas para adotar as melhores decisões. Chegar a essas condições não é só questão de decisão, é preciso considerar que o trabalho de grupo ou em grupo é um processo, isto é, exige uma hierarquia de ações, primeiramente voltadas para o conhecimento das pessoas entre si, depois para os objetivos do grupo, para por último chegar-se aos papéis e às tarefas que cada membro do grupo poderá desenvolver no coletivo grupal. Neste sentido, é extremamente útil para coordenadores de grupos ou para qualquer ação que se desenvolva em grupos, ter presente os princípios básicos que orientam a ação grupal visando à criação de grupos participativos e operativos. Ao reuni-los neste texto, pretende-se esclarecer o rol de ações que facilitam o processo grupal: atmosfera grupal; comunicação no grupo; participação e espírito de grupo; liderança distribuída; formulação de objetivos; flexibilidade; consenso; compreensão do processo; avaliação contínua. 3.1 Atmosfera grupal É um fenômeno psico-sociológico que ocorre na vida grupal – é disposição, ânimo, tom emocional ou sentimento de bem-estar ou desconforto que se difunde no grupo em relação às pessoas e aos acontecimentos. O clima ou a tonalidade emocional faz com que a atmosfera grupal seja hostil ou amistosa, calorosa ou fria, rígida ou flexível, cordial, harmoniosa, equilibrada ou irritadiça ou agressiva. É o que alguns autores chamam “espírito de grupo”. O grupo só produz em atmosfera favorável. Caso contrário geram-se “ruídos”, manifestações constantes de insatisfação “o ambiente fica pesado”, “atmosfera carregada”, o grupo está
  • 7. 7 pronto para explodir. O que interessa do ponto de vista do trabalho grupal são os fatores que podem criar uma boa atmosfera grupal que desenvolva um trabalho de grupo produtivo e satisfatório. São eles: a) ambiente físico; b) sentimento de igualdade e redução da intimidação; c) forma de iniciar a reunião. a) Ambiente físico: o ambiente físico ou as condições materiais nas quais o grupo atua, influi positiva ou negativamente na atmosfera grupal. Esse ambiente se configura pela iluminação, ventilação, tamanho do local em relação ao número de participantes, disposição das cadeiras, tipos de cadeiras etc. Exemplo: sala com iluminação insuficiente, ventilação precária, temperatura acima de 30 graus, ambiente sem nenhum atrativo ou conforto são fatores desfavoráveis ao bom clima grupal. Uma reunião que se realiza num ambiente abafado, enfumaçado, depois de um certo tempo provoca embotamento mental. As pessoas se tornam inquietas, irritadiças, agressivas, prejudicando o bom funcionamento grupal. Outro aspecto do ambiente físico que é preciso estar atento é a disposição das cadeiras. Sentar em forma de círculo é o ideal: não há posição dominante de ninguém e revela que todos são importantes no grupo. Isso favorece um ambiente de amizade e integração grupal. Outro aspecto do ambiente físico que precisa ser considerado é o tamanho da sala em relação ao número de participantes do grupo. • Local muito grande gera distração e dissipação, reduz a participação e leva a pouco compromisso com o grupo. • Local muito pequeno gera a sensação de “lata de sardinha”, traz desconforto do grupo, aborrecimentos na locomoção, problemas de nervosismo etc. Se o grupo se reúne para estudo, o ambiente físico adequado gera produtividade; se as reuniões são recreativas, o ambiente físico adequado leva à expansão, animação, cordialidade; se as reuniões são de reflexão, planejamento e decisões, o ambiente físico favorece a seriedade dos resultados. b) Sentimento de igualdade e redução do medo do grupo: é preciso que as pessoas no grupo se sintam em clima de igualdade. Tudo o que intimida as pessoas no grupo deve ser evitado: a posição das cadeiras (conforme já discutido aqui); o uso do nome, sem títulos, apelidos; a recepção informal sem excessos de espontaneidades. É preciso que as pessoas se sintam à vontade, com expectativas positivas. O número de participantes é muito importante no favorecimento da atmosfera grupal: no máximo 25 e no mínimo 15 pessoas para facilitar a interação grupal.
  • 8. 8 c) A primeira reunião e seu início: é fundamental para definir a atmosfera grupal; a maneira como o coordenador, animador, tutor, mediador ou líder apresenta os objetivos do encontro, reunião, curso, etc, o modo como fala, a forma que se dirige aos participantes, define a futura organização grupal. Um coordenador, animador, tutor, mediador ou líder (o nome que se queira dar) não é um professor, chefe, mas alguém que emerge do grupo, cuja função é coordenar as “regras do jogo” grupal e não dominar, ensinar, mandar no grupo. Se mudar sua função não forma o grupo. 3.2 Comunicação no grupo a) O processo de comunicação é algo contínuo e constante em nossas vidas. Como participantes de vários grupos o processo de comunicação também é diferente. Sem comunicação o grupo não pode surgir. A comunicação é comparável ao sistema nervoso do processo grupal. Assim, a coesão, cooperação e decisões coletivas dependem em grande parte da existência ou não da comunicação. b) Princípios básicos da comunicação: para manter boa comunicação interpessoal no grupo é preciso: • Capacidade de diálogo: ouvir o outro antes de responder, não falar ao mesmo tempo em que o outro; analisar o problema e/ou a situação antes de julgar ou dar opiniões. • Capacidade de questionar-se e retificar suas posições ou pontos de vista, pedir e aceitar desculpas diante dos possíveis equívocos ou mal entendidos. • Procurar melhorar a comunicação grupal, criando um clima favorável, sem cochichos, conversas paralelas, falando alto para que todos ouçam (sem gritar), com linguagem clara (sem modismos ou estrangeirismos). • Estar atento às barreiras que dificultam a comunicação, como: Ø falta de clareza nas expressões; Ø falar em códigos, linguagem com subterfúgios, com sujeitos ocultos, verborréia; Ø incapacidade de concretizar idéias e ter coerência na linguagem; Ø criticar e reprovar outras pessoas diminuindo sua auto-estima, humilhando, “jogando indiretas”, “jogando verde para colher maduro”; Ø abusar dos tímidos, dos que possuem dificuldades na linguagem ou não dominam toda sua forma culta; Ø abusar da retórica fora de hora e sem ser convidado pelo grupo;
  • 9. 9 Ø vasculhar a vida dos outros para expô-los ao ridículo, às gozações e piadas sem graça às custas de defeitos e falhas das quais o outro não tem responsabilidade ou culpa. • Buscar meios para superar as barreiras à comunicação: Ø ouvir e respeitar os outros; Ø respeitar profundamente as diferenças das pessoas (gênero, raça, religião, classe social, cultura, defeitos, qualidades); Ø receber as pessoas com calor humano, favorecendo sua liberdade de ser, pensar, querer; Ø fomentar a verdade e a sinceridade sem grosseria de jogar na cara das pessoas a primeira impressão que se tem delas; Ø ultrapassar a antipatia: se não for possível a simpatia, desenvolver a empatia (se colocar no lugar do outro). Ø compreender que um problema não tem só um ponto de vista e uma solução: compreender, aceitar provisoriamente o ponto de vista do outro até que todos possam chegar ao consenso; Ø não condenar o outro em face de possibilidade de mudanças (pontos de vistas, atitudes, comportamento etc). Quando ele mudar não cobrá-lo a contradição; saber que tudo na vida é um processo; Ø buscar no outro sempre algo novo, positivo, que favoreça seu crescimento e auto-estima; não destacar nada que o diminua em face de si próprio e aos demais. 3.3 Participação e espírito de grupo Participar de um grupo é muito mais do que intervir pela palavra. É sentir o grupo como algo próprio: inclusão pessoal e psicológica de cada pessoa na vida grupal é estar presente, querer estar presente, sentir-se dentro do grupo, co-participante da vida grupal. Por isso é muito importante para o tutor (mediador, coordenador, líder etc) conseguir a efetiva participação de todos no processo grupal. Para isso há algumas regras: a) Disposição das cadeiras para que todos se vejam. O ideal é o círculo, ninguém tem destaque. Todos são importantes. b) Integração do grupo: olhe para todos, não se fixe numa pessoa só; diga sempre “nós”, nunca “vocês”, excluindo-se do grupo quando tiver que fazer críticas ou sugestões. Lembre-se que a responsabilidade é de todos; não forme sub-grupos; não se sente perto daqueles que você gosta ou tem afinidades. Procure fazer novos amigos, sente-se perto de quem você não conhece; evite cochichos – falar baixinho com a pessoa ao lado. Você corre o risco de desqualificar a intervenção de algum membro do grupo que estiver com a palavra; dirija-se
  • 10. 10 sempre a todos, esperando sempre a sua vez de falar – não fale em cima da fala dos outros... além de ser falta de educação, ninguém entenderá o que você diz. Ouça, entenda o argumento do outro para concordar ou discordar. c)Respeito ao grupo: gerando coesão Mantenha-se atento e interessado à evolução da reunião; não se aliene e nem se isole; seja tolerante às intervenções, mesmo daquelas que parecem inadequadas; aceite as diferenças de idéias e propostas, mesmo que não sejam melhores que as suas; intervenha construtivamente, procurando encadear as idéias e referindo-se sempre às intervenções anteriores às suas. Não discorde só para contrariar... discorde quando tiver de fato argumentos que sustentem a opinião contrária, sem abatê-la ou eliminá-la... buscar compreender o argumento do outro e o que o leva a pensar de tal modo; nunca perder os objetivos da reunião, da discussão ou do encontro grupal. Não faça digressões desnecessárias, nem dê conselhos a quem não lhe pediu, principalmente em grupo; procure ir ao cerne da discussão, concretize, dê fatos, exemplos etc, não descambe para pormenores, nem exemplos pessoais, nem divague trazendo assuntos inadequados... restrinja-se ao tema. Lembre-se que uma discussão é uma operação mental: tem que ter introdução, análise (desenvolvimento) e conclusão – síncrese, análise e síntese. Não monopolize a palavra, como se fosse dono da verdade; lembre-se que você não é professor do grupo. d)Estimule o grupo: ajude todos a crescerem. • Manifeste a sua concordância, quando você concordar com alguém; • Estimule a participação dos outros, com gestos e palavras favoráveis, realçando o que cada um tem de positivo; • Não destrua a imagem do outro destacando erros, falhas e incongruências; não o deixe sem saída numa discussão (derrotado) pois é muito difícil reconstruir a auto-estima das pessoas. Ás vezes, há no grupo os mais lentos, os que menos intervêm, os mais tímidos, não os menospreze, nem faça de conta que não ouviu suas contribuições; dê atenção a eles, peça para os mais falantes calarem para todos ouvirem suas palavras e participações; não deixe ninguém falar por eles. e) Ajude o amadurecimento do grupo – os passos da autonomia (amadurecimento / auto- gestão) do grupo: Anomia: início; sem regras, falta de clareza dos objetivos, falta de participação e coesão. Não há grupo, mas um bando comandado por alguém. Heteronomia: o grupo busca organização, objetivos, mas ainda precisa de comando.
  • 11. 11 Autonomia: grupo maduro, auto-gestão. O grupo se comanda, as chefias tornam-se lideranças. Regras para se chegar à autonomia: • Se a reunião vai mal, faça uma parada, peça um tempo para examinar o que está acontecendo: o que está impedindo o progresso do grupo no assunto: planejamento, organização, participação, decisão etc; • Não deixe para depois, para analisar e criticar quando todos se dispersam: isto não serve para melhorar a reunião que terminou e nem garante as melhorias futuras; • Não considere a sua competência acima da competência do grupo (o conhecimento e a experiência servem para ajudar a todos) Não fique ansioso, louco para colocar seu ponto de vista, sua compreensão do problema. Espere com paciência a sua vez de intervir, não atropele a fala dos outros. Favoreça e colabore para que todos no grupo possam se expressar (opinar, analisar, sugerir, criticar, avaliar etc). É preciso que todos conheçam a posição, idéias, visão de mundo de todos os participantes do grupo. Isto ajuda a coesão e o amadurecimento grupal. Lembre-se que pode existir no grupo pessoas socialmente imaturas, emocionalmente frágeis, dependentes, desconfiadas, enciumadas, invejosas, que se negam muitas vezes a despojar-se de seus mitos, estereótipos, preconceitos, dificultando as trocas, a coesão, a transparência, autenticidade e autonomia grupal. O processo grupal precisa ser um processo educativo que paulatinamente conduz todos à participação homogênea, madura e produtiva. 3.4 Liderança distribuída no grupo A liderança é um fenômeno estreitamente ligado à estrutura grupal e às formas de organização de papéis e tarefas no grupo. Liderança diferencia-se de chefia. Um chefe pode ser ou não ser líder, assim como um líder pode ou não ser chefe. A chefia está ligada a papéis de comando organizacional atribuído sempre de fora para dentro do grupo; a liderança emerge do grupo, portanto nasce no grupo conforme a situação, circunstâncias, objetivos e tarefas atribuídas ao grupo. O chefe autoritário, paternalista, permissivo não é líder e não ajuda o amadurecimento do grupo. A liderança deve ser essencialmente democrática para favorecer o planejamento e decisão de um grupo e por este motivo ela deve ser distribuída ou revezada para que todos no grupo se exercitem em função de (comando) coordenação ou monitoramento do grupo, tendo em vista a autonomia e auto- gestão grupal. Esta liderança “compartilhada”, distribuída, consiste na co-responsabilidade de todos os membros do grupo: as tarefas de coordenação, animação, moderação serão rotativas. Em cada
  • 12. 12 reunião as pessoas do grupo poderão exercer papéis diferentes, favorecendo a participação de todos os papéis no grupo. 3.5 Formulação dos objetivos do grupo Desde os primeiros encontros, reuniões é necessário que haja uma clara definição dos objetivos do grupo. Reunir-se várias vezes sem saber “por que”, “para que” e “o que fazer” é motivo de sobra para debandada geral do grupo. Um grupo não se constitui para ser simplesmente grupo, mas para alguma finalidade. É em função dos objetivos, dos programas, enfim, das ações que as pessoas se unem com o sentido de pertencer a algo, o sentimento do “nós”, motivados à participação onde todos dão sua colaboração e se sentem membro de uma estrutura maior, mais eficaz e produtiva. 3.6 Flexibilidade Além da clareza de objetivos, é necessário que haja a definição de um programa de ação e uma agenda que permita ir conquistando as metas e os objetivos propostos. Um programa definido com rigidez não significa que o grupo funcione, mas sim que à medida que as metas (quantitativas e qualitativas) forem atingidas, sejam realizadas avaliações constantes tendo em vista as adequações a situações novas. Programa, métodos e estratégias de ação devem ser flexíveis. Como refere Gibb (1963) o estabelecimento dos objetivos, a avaliação contínua e a flexibilidade são as chaves de um planejamento efetivo. Quando a comunicação é livre e rápida, os planos flexíveis e a avaliação eficiente, os membros podem proceder a um efetivo estabelecimento dos objetivos e uma acertada escolha de atividade. 3.7 Consenso O consenso é a melhor forma de decisão grupal, pois é a decisão, negociada e compartilhada. É um tipo de solução onde cada um do grupo ganha alguma coisa porque abre mão de alguma coisa. Na decisão por votação (eleição), uma parte triunfa sobre a outra. O consenso é um tipo de solução mista, onde cada parte cede alguma coisa. É a verdadeira democracia grupal de uma sociedade pluralista, onde a unidade se dá pela pluralidade. 3.8 Compreensão do processo O que é processo grupal? É um conjunto de fatores que constitui a natureza do grupo: • A forma de trabalhar do grupo; • As atitudes e reações de seus membros; • O tipo de comunicação existente;
  • 13. 13 • Os papéis; • A participação e o tipo de interação; • Os fenômenos e situações que se produzem. O grupo deve estar atento ao que faz e a forma de fazê-lo, porque a compreensão de como se desenvolve cada um dos fatores do processo grupal, aumenta ou diminui a produtividade ou a eficácia grupal para todos os seus membros. 3.9 Avaliação contínua A avaliação contínua, tanto da produtividade, quanto da eficácia grupal, é um dos fatores do processo grupal, que permitirá introduzir as mudanças necessárias e oportunas no desenvolvimento grupal. É a avaliação que mede o grau de avanço do grupo em relação às suas metas e objetivos. 4 As técnicas de grupo As técnicas grupais são um conjunto de meios e procedimentos, que aplicados numa situação de grupo tem finalidade de conseguir produtividade, maior participação e satisfação grupal. É preciso ter clareza na aplicação das técnicas grupais: • porque não existe uma técnica ideal, mais eficaz e/ou mais adequada; • conforme o objetivo que o grupo se propõe é preciso selecionar as técnicas; • é preciso dominar os passos e instruções das técnicas evitando o “fetichismo metodológico” no sentido de que as técnicas são meios para alcançar fins e nunca um fim em si mesmas; • as técnicas só podem ser aplicadas em situação grupal. Como escolher adequadamente as técnicas nos cursos, treinamentos, encontros e/ou grupos de formação. Não existe nenhuma técnica que possa ser aplicada sempre e em qualquer circunstância, seja qual for o tipo de grupo ou a finalidade que se tem em vista. Jamais se encontrará a técnica ideal aplicável a todo ou qualquer grupo.
  • 14. 14 As técnicas podem ser criadas, recriadas, combinadas, adaptadas em qualquer ocasião e objetivos grupais: depende muito da sensibilidade, flexibilidade e competência do animador do grupo. Como procedimentos da ação grupal, cada técnica tem potencial definido de mobilização das forças individuais e grupais, daí o cuidado na escolha adequada, estabelecendo critérios que permitam escolher as técnicas, conforme o tipo de grupo e de ação grupal: estudo, reflexão, sensibilização, recreação, avaliação, etc. Alguns critérios para escolha das técnicas: • os objetivos que o grupo tem em vista; • maturidade e treinamento do grupo; • tamanho do grupo: 10 a 20 participantes – grupos pequenos; 30 ou mais participantes – grupos médios ou grandes. É muito difícil a aplicação das técnicas em grupos muito grandes; não costuma produzir os mesmos resultados do que nos grupos pequenos. • Ambiente físico: é preciso reforçar que o espaço físico, a atmosfera grupal, a iluminação, ventilação, número de participantes, favorece ou dificulta a aplicação das técnicas. Quando numa reunião, encontro, curso, não se tem condição de definir o local ideal, é preferível usar técnicas mais adequadas ao ambiente físico do que porventura aplicar as escolhidas no planejamento do treinamento. • Características do meio externo: grupos institucionais (escolas, igrejas etc) são diferentes de grupos formados na sociedade civil; um ambiente físico distante do ambiente do cotidiano das pessoas. Este distanciamento favorece a reflexão, evita faltas e saídas constantes das pessoas nas atividades grupais. • Características dos membros: as técnicas grupais devem ser selecionadas considerando a particularidade de cada grupo. Características culturais, sociais e de classe; idade, de instrução, de domínio da linguagem culta etc. • Capacidade do animador ou coordenador do grupo: as técnicas necessitam de destreza, habilidade, flexibilidade para a aplicação. Há técnicas de fácil aplicação e técnicas que exigem grande preparo por parte do coordenador. O coordenador nunca deve se colocar no grupo sem se preparar e ter clareza dos passos que a técnica exige.
  • 15. 15 O uso das técnicas grupais a) Algumas orientações para o coordenador e/ou animador de grupos, quanto ao uso das técnicas: • a técnica não deve ser usada como um “manual de instruções” ao pé da letra, isto empobrece seus resultados; • conforme o grupo e o objetivo do encontro deve-se adaptar a técnica que se quer usar ou aplicar a técnica escolhida sem prejudicar o conteúdo; • o mero formalismo na aplicação das técnicas esvazia o significado do encontro grupal; • é preciso saber adequar a técnica ao conteúdo da reunião (estudo, sensibilização, reflexão etc); • é preciso ter clareza que um curso de Dinâmica de Grupo não se reduz à aplicação de técnicas. b) Como aplicar as técnicas: • Comece por dar uma definição da técnica; • Faça comentários sobre os elementos importantes da dinâmica interna esperada dos componentes do grupo e do desempenho da liderança; • Dê uma visão das probabilidades de êxito na utilização da técnica; • Considere os propósitos e objetivos pelos quais se escolheu a técnica; • Enumere os passos da aplicação; • Procure verificar se a aplicação da técnica responde às perguntas: o quê? Por quê? Quando? Como? • Alerte os participantes a respeito das dificuldades que a técnica pode apresentar. c) Tipos de técnicas: Técnicas de iniciação grupal – com finalidade de propiciar: • conhecimento mútuo; • Integração grupal; • desinibição do grupo; • atmosfera grupal de confiança, comunicação, sensibilização em relação ao outro. Exemplos: primeiras impressões, expectativas grupais, auto-conhecimento etc. Técnicas de produção grupal – orientadas a organizar o grupo para uma tarefa específica, de forma eficaz e produtiva (estudos, reflexões, reuniões de planejamento, organização – exemplos: Painel aberto, Painel integrado, Painel progressivo etc).
  • 16. 16 Técnicas de mediação e avaliação grupal – para avaliar permanente ou periodicamente os processos grupais, seja para aferir resultados obtidos pelo grupo, seja para verificar a eficácia dos métodos e procedimentos empregados pelo grupo. Exemplos: questionários de avaliação do clima grupal, do coordenador do grupo, da maturidade grupal, participação, papéis, impressões, relatórios de observação grupal, etc. Técnicas de coesão grupal – para serem aplicadas em cursos (laboratórios de Dinâmica de Grupo) especificamente para psico-sociólogos, profissionais que querem se capacitar como formadores ou condutores de “grupos de formação” (LAPASSADE, 1989). Técnicas que reforçam os valores e a ideologia grupal3 . Técnicas de construção da estrutura operacional e funcional do grupo (papéis, liderança, rede de comunicação etc). Técnicas de projeção grupal – permitem ao grupo conhecer a própria consciência grupal; situa o grupo face o contexto de outros grupos dentro da sociedade. 5 Papéis no grupo 5.1 Por que papéis no grupo? Quando o grupo se reúne, principalmente se for um grupo de longa duração, é necessário que cada membro assuma um papel, através do qual definirá a sua participação e ajudará por sua vez a manutenção da coesão grupal. São os participantes do grupo que desenvolvem a reunião, não precisam do coordenador, se todos exercerem seus papéis. 5.2 Quando o grupo for duradouro (grupo de formação), os papéis tem a função de comprometer cada participante com as funções grupais, assim: • Tomada de consciência grupal – grupo analista • História do grupo – repórter do grupo • Organizador do grupo – programador • Despertar para o grupo – fotógrafo • Degelo do grupo – animador • Produtividade do grupo – avaliador • Melhoria da imagem do grupo – incentivador • Nivelamento grupal – desobstrutor 3 Cf. as aplicações de Kurt Lewin em Mailhiot, 1970.
  • 17. 17 • Operacionalidade do grupo – logicizador • Quebra do formalismo grupal – criptólogo • Aplicação de técnicas grupais – tecnólogo • Feedback grupal – comunicólogo • Afeto ou amorização grupal – relações humanas • Tipologia do grupo – sociometrista • Expõe as teorias dos processos grupais: professor • É vigilante pela coesão e interação grupal: super-ego do grupo • Busca de autonomia e desmistifica o coordenador – super-ego do coordenador 5.3 Quando se usar a “técnica dos papéis”, os participantes assumem o compromisso com o grupo de cumprir enquanto durar o grupo o seu papel. É no final da reunião, na hora da avaliação do encontro que se avalia também o desempenho dos papéis. Os papéis no grupo medem a maturidade grupal, porque quando alguém não cumpre seu papel, surgem os dominadores que neutralizam a participação daqueles que por imaturidade social, negligenciam os próprios papéis, prejudicando o grupo. 5.4 Para desempenhar seu papel, você precisa: • Levar a sério seu papel; • Ser criativo – cada dia fazer seu papel com atividades diferentes; • Peça ajuda aos companheiros; • Torne seu papel importante no grupo; • Não desculpe quando seu desempenho for medíocre. Aceite críticas; • Não seja prolixo no desempenho de seu papel. 5.5 Lembre-se que o grupo caminha: • Da síncrese pela análise até chegar na síntese. • Da anomia para a heteronomia até chegar na autonomia. • Do mero movimento, para a regulação até chegar na equilibração. • Da anarquia para a disciplina até chegar na liderança. • Da aproximação física, ao bando até chegar no grupo.
  • 18. 18 6 Avaliação grupal Nenhuma reunião, encontro de um grupo pode terminar sem avaliação (verificar objetivos, integração, organização, planejamento etc). Avaliar é a melhor forma de melhorar a participação e a produtividade grupal, estabelecendo bases sólidas para o progresso grupal. O que se avalia? • O processo grupal – o funcionamento do grupo, relações/interações no interior do grupo; • O nível de conquista dos objetivos do grupo – quais as conquistas grupais? • Avaliar não é estabelecer mecanismos de controle, mas é ajudar o grupo a reavaliar permanentemente objetivos e metas para atingir os objetivos com rapidez, eficácia e produtividade; • Não é difícil avaliar. Os manuais de Dinâmica de Grupo trazem inúmeros exercícios e técnicas: questionários, fichas, testes etc. Referências IDANEZ, M. J. A. Como animar um grupo: princípios básicos e técnicos. Petrópolis: Vozes, 2004. MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. São Paulo: Duas Cidades, 1970. MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo: teorias e sistemas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. GIBB, J. R. Manual de dinâmicas de grupos. Buenos Aires: Humanitas, 1963. Bibliografia AMADO, G. e GUITTET, A. A Dinâmica da comunicação dos grupos. Rio de Janeiro: Zahar, 1980. ANDREOLA, B. A. Dinâmica de grupo: jogo da vida e didática do futuro. 17. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. ANTUNES, C. Manual de técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludopedagogia. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1987. BAREMBLITT, G. (org). Grupos - teoria e técnica. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986. FRITZEN, S. J. Dinâmicas de recreação e jogos. Petrópolis: Vozes, 1991.
  • 19. 19 _________. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. v. 1. 20. ed. Petrópolis: Vozes, 1994ª. _________. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. v. 2. 15. ed. Petrópolis: Vozes, 1994b. KLEIN, J. O trabalho de grupo. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1968 LAPASSADE, G. GRUPOS, organizações e instituições. Rio de janeiro: Francisco Alves, 1977. LIMA, L.O. Treinamento em dinâmica de grupo no lar, na empresa, na escola. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1971. MARTÍN-BARÓ, I. Sistema, grupo y poder. San Salvador: UCA, 1989. MATTA, J. E. Dinâmica de grupo e desenvolvimento de organização. São Paulo: Pioneira, 1975. MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo - manual de técnicas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1980. MOSCOVICI, F. Desenvolvimento interpessoal. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1985. MUCHIELLI, R. Dinâmica de grupo – conhecimento do problema. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos, 1979. PEREIRA, W. C. C. Dinâmica de grupos populares. Petrópolis: Vozes, 1982. PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. ZIMERMAN D. E.; OSORIO, L. C. (orgs.). Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.